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Esportes de combate ou lutas Esgrima Aula 5

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AULA 5 
ESPORTES DE COMBATE 
OU LUTAS – ENSINO – 
APRENDIZAGEM – 
TREINAMENTO
Profa. Tabea Epp Küster Alves 
 
 
2 
ESGRIMA 
A esgrima é uma luta que se vale de armas (espadas, floretes e sabres) 
para tocar o adversário, sem contato corporal. Tem como objetivo principal tocar 
sem receber um toque, utilizando técnicas ordenadas e regulamentadas. 
Por não ser um esporte muito conhecido no Brasil, serão abordados aqui 
temas e conceitos básicos. O intuito é levar os alunos a entenderem as principais 
características desse esporte e apresentar aspectos relevantes para seu ensino e 
treinamento. 
TEMA 1 – ELEMENTOS SÓCIO-HISTÓRICOS E CULTURAIS DA ESGRIMA 
Vários estudos afirmam que o início da esgrima pode ser remetido à 
Antiguidade, quando o ser humano usou pela primeira vez uma espada de metal 
para lutar (CRAMER, 1973; ANJOS, 2004; CRAMER; CAMPOS, 2007; 
CZAJKOWSKI, 2010). Alves (2018, p. 21) explica que as espadas “eram utilizadas 
principalmente em atividades bélicas e foram se modificando cada vez mais para 
poder suprir as necessidades militares nas guerras”. 
Porém, até o final da Idade Média, a luta com espadas era brutal, com 
armas pesadas e robustas. Elas tinham apenas a função de ataque e a defesa 
ficava por conta das armaduras, por isso autores como Castle (1885) e Anjos 
(2004) classificam essa luta como esgrima antiga. 
Para Castle (1885), Hergsell (1896) e Vigarello (2008), o combate de 
espadas começou a ter características da modernidade no período do surgimento 
das armas de fogo. As armaduras precisaram ser deixadas de lado, pois não 
defendiam os guerreiros das balas de fogo e eram pesadas para o momento em 
que a luta se tornava aproximada. Assim, a agilidade e a destreza se tornaram 
habilidades requisitadas, e as espadas ficaram mais leves para facilitar seu 
manejo, além de servirem tanto para o ataque quanto para a defesa, assumindo 
características mais próximas da esgrima moderna (CASTLE, 1885; VIGARELLO, 
2008). 
Não existe um consenso quanto ao país de berço da esgrima, mas sabe-
se que os primeiros a sistematizarem o ensino das rapieiras e publicarem tratados 
de esgrima foram os italianos e os espanhóis (CASTLE, 1885; HERGSELL, 1896). 
Os franceses, segundo Castle (1885) e Hergsell (1896), apropriaram-se da luta 
no século XVI e começaram a publicar vários tratados e manuais divulgando suas 
 
 
3 
próprias metodologias. Mais tarde, foram eles que começaram a utilizar o florete 
como arma de treino, para evitar acidentes durante os treinamentos militares, e 
também nas aulas dos nobres para os duelos. 
A esgrima, que era uma prática bélica, teve sua evolução técnica no auge 
dos duelos, sendo refinada para se tornar um divertimento. Após sua proibição, 
foi aplicada para a resolução de conflitos, até que no século XIX foi esportivizada 
(ALVES, 2018). Ela está presente nos Jogos Olímpicos desde a primeira edição, 
em 1896, e nunca deixou de ser incluída no programa dos jogos. Na primeira 
edição, houve combates de florete e sabre, e a espada foi incluída na segunda 
edição, em 1900. 
No Brasil, há vestígios da prática de esgrima desde o século XIX, com a 
vinda da família real para o país (ANJOS, 2004; CANTARINO FILHO, 2005). Em 
1927, é fundada a União Brasileira de Esgrima, que mais tarde se torna a 
Confederação Brasileira de Esgrima (CBE), oficializando a esportivização da 
modalidade também no Brasil. 
Apesar de hodiernamente ser praticada em clubes privados e associações, 
o desenvolvimento da esgrima brasileira esteve por muito tempo ligado ao meio, 
às instituições e aos mestres d’armas militares (ANJOS, 2004; ALMEIDA, 2010; 
BARSOTTINI; GÓIS JUNIOR; SILVA, 2013). Atualmente no Brasil, são 23 clubes 
filiados à confederação, e o número de praticantes tem aumentado 
significativamente nos últimos dez anos, revelando um campo próspero e amplo 
a ser explorado por profissionais na área. 
TEMA 2 – FUNDAMENTOS TÉCNICOS DA ESGRIMA 
2.1 O jogo 
A esgrima é jogada sobre uma pista metálica de 14 m de comprimento e 
1,5 m a 2 m de largura. Durante o combate, os atletas podem se deslocar por toda 
a pista, sem sair dela nas laterais e nas extremidades. No início e a cada toque 
ocorrido, eles devem se posicionar nas linhas de guarda que ficam a 2 m do centro 
da pista, uma para cada lado. 
Durante uma competição de esgrima, há uma fase classificatória e uma 
eliminatória. A classificatória (poules) é uma fase de grupos em que todos jogam 
contra todos do mesmo grupo e cada combate acaba quando alguém faz cinco 
pontos ou quando terminam três minutos jogados. Na fase eliminatória, os 
 
 
4 
combates vão até 15 pontos, ou até três tempos de três minutos, com um minuto 
de intervalo entre cada tempo. 
2.2 As armas 
A esgrima pode ser jogada com três armas diferentes: a espada, o sabre e 
o florete. Elas se diferenciam por seu formato, modo como podem ser utilizadas 
para tocar, área válida para os toques e em algumas regras específicas para cada 
uma. Porém, a maior parte dos fundamentos técnicos (desenvolvidos mais 
adiante) é comum às três. 
2.2.1 Espada 
A espada é uma arma com a qual o praticante deverá tocar seu oponente 
pela ponta da lâmina, toque denominado estocada. Esse toque pode ser dado em 
qualquer lugar do corpo do adversário, de modo que cada toque 
(independentemente de onde tenha sido desferido) contabiliza um ponto. Quando 
os dois jogadores tocam ao mesmo tempo um no outro, cada um recebe um ponto. 
Todo o corpo é considerado superfície válida para o toque. 
 
 
Crédito: Mike Orlov/Shutterstock. 
 
 
 
 
5 
2.2.2 Florete 
Com o florete, o toque também deverá ser desferido com a ponta, mas só 
será considerado válido quando atingir o tronco do adversário. Os combatentes, 
portanto, usam um colete metálico por cima da roupa de esgrima, para que, a 
cada toque válido, o aparelho sinalize. Quando o toque é dado em qualquer outro 
lugar do corpo, o aparelho sinaliza com uma luz branca. 
O florete é considerado uma arma de convenção, o que quer dizer que é 
necessário obter a prioridade para poder tocar. Essa prioridade é conquistada 
quando o praticante inicia o ataque antes do adversário, quando para um ataque 
e responde, quando para uma resposta e contrarresponde, quando consegue se 
esquivar do ataque adversário ou quando contra-ataca antes que o adversário 
inicie sua última ação de ataque. O árbitro deve julgar os toques de acordo com a 
regra da prioridade. 
 
Crédito: alessandro guerriero/Shutterstock. 
2.2.3 Sabre 
O sabre é uma arma de estocada e corte, ou seja, pode ser usado com a 
ponta ou com as laterais da lâmina para dar um toque. A superfície válida é da 
cintura para cima, e é necessário utilizar uma jaqueta e uma máscara metálica 
para a sinalização do toque. Ele também é uma arma de convenção e suas regras 
são como as do florete em termos de prioridade. 
 
 
6 
 
Crédito: Levent Konuk/Shutterstock. 
2.3 A guarda 
De acordo com Castle (1885), a guarda antigamente era uma posição da 
qual o esgrimista poderia partir para o ataque com facilidade, mas que, adaptada 
às novas formas de lutar na esgrima moderna, também valorizava a defesa. 
Portanto, a guarda é definida, do século XVIII até hoje, como a posição que 
permite ao esgrimista estar apto tanto para o ataque quanto para a defesa. 
Para entrar em guardo, o esgrimista deve ficar com o corpo lateralizado 
para o adversário, direcionar a perna da frente, a cabeça e a mão armada para 
frente, estar com as pernas afastadas na largura dos ombros e semiflexionadas. 
O braço armado deve estar flexionado a aproximadamente 90º com o antebraço 
paralelo ao solo e o braço não armado flexionado para trás de seu corpo. É de 
praxe que os praticantes usem seu lado dominante voltado para o oponente – 
destros lutam com o braço direito armado, enquanto canhotos usam o lado 
esquerdo. 
 
 
7 
Como é uma posição para a qual os atletas precisamvoltar constantemente 
durante o combate e que devem manter durante deslocamentos para estarem 
prontos para atacar e defender o tempo todo, é importante ensinar e corrigir a 
guarda dos esgrimistas regularmente. 
 
Crédito: Gordana Sermek/Shutterstock. 
2.4 Deslocamentos 
Existem vários deslocamentos na esgrima, dos quais serão apresentados 
aqui os quatro principais, ou melhor, os mais utilizados pelos esgrimistas: 
marchar, romper, afundo e flecha. 
2.4.1 Marchar 
 
 
8 
O “andar” para frente na esgrima é denominado marchar. Um marchar 
consiste em um passo iniciado pelo pé da frente (sempre se desloca 
primeiramente o pé da frente), trazendo depois o pé de trás e finalizando com os 
pés na mesma posição da guarda ou na distância que se compreende sendo a 
melhor para o jogo tático de cada um. 
2.4.2 Romper 
Romper é o deslocamento realizado para trás. Esse movimento deverá ser 
iniciado com o pé de trás para depois levar o pé da frente, lembrando que o 
primeiro deve continuar perpendicular à pista e o segundo deve estar apontando 
para a frente. 
2.4.3 Afundo 
Um dos movimentos mais utilizados para o ataque é o afundo. Ele consiste 
na extensão do braço armado seguido, ou quase ao mesmo tempo, de um 
deslocamento da perna da frente em um passo largo, impulsionada pela perna de 
trás, finalizando com a perna de trás totalmente estendida, o braço armado 
estendido, o braço de traz estendido em direção à perna, buscando o equilíbrio e 
deixando o corpo lateralizado, e a perna da frente flexionada. 
 
Crédito: Mike Orlov/Shutterstock. 
 
 
9 
2.4.4 Flecha 
A flecha é iniciada também com a extensão do braço armado até que a 
mão atinja a altura do ombro. Em seguida, o esgrimista desloca seu centro de 
gravidade corporal para frente, colocando seu peso na perna dianteira e movendo 
seu corpo para frente até que seja alcançado um desequilíbrio total. 
Nesse momento, a perna da frente irá impulsionar o corpo e a perna de 
trás, ao mesmo tempo em que o braço desarmado é estendido, alcançando uma 
fase de voo até que a perna de trás toque novamente o solo, porém na frente do 
pé dianteiro (BONILLA, 1993). Após esse movimento, normalmente acontece uma 
corrida ultrapassando o adversário. 
 
Crédito: Master1305/Shutterstock. 
TEMA 3 – FUNDAMENTOS TÁTICOS DA ESGRIMA 
O jogo de esgrima exige muita preparação física, técnica e mental. O 
esgrimista deve estar o tempo todo buscando o melhor momento para desferir o 
golpe, seja em ações ofensivas ou defensivas. Para isso, é necessário que ele 
saiba induzir seu adversário ao erro, atacando em um momento de despreparo ou 
defendendo/contra-atacando um ataque mal executado ou realizado no tempo 
esperado. 
Construir o momento propício para o toque requer o conhecimento de suas 
capacidades e de uma “análise” do adversário para, então, preparar taticamente 
 
 
10 
seu combate. Os toques podem ser dados com ações simples, ou seja, com um 
movimento só no tempo adequado. Porém, o esgrimista pode também utilizar 
algumas preparações para depois efetivar o toque em ações compostas, como 
fintas e chamadas. 
3.1 Preparações 
Fintas são ações com a arma realizadas antes de um ataque, tendo como 
objetivo provocar uma reação defensiva ou contraofensiva para, então, realizar 
um ataque. Por exemplo: o esgrimista faz um falso ataque para que seu adversário 
procure se defender no lugar para onde o ataque está indo e, assim, executa o 
ataque em outro lugar do corpo/da área válida que ficou desprotegido. 
Já a chamada é uma ação com a arma ou o corpo que provoca o ataque 
do adversário, preparado para defender esse ataque e, em seguida, tocá-lo. As 
duas formas de preparação podem ser feitas com movimentos como ataques ao 
ferro adversário, tomadas de ferro, falsos ataques, entre outros. 
A complexidade está em criar o momento certo para o ataque e ao mesmo 
tempo não ser induzido ao erro pelo adversário, sabendo pressionar e receber 
pressão sem perder a paciência e a prontidão para as ações necessárias. 
3.2 Ações ofensivas e defensivas 
3.2.1 Ações ofensivas 
Segundo o regulamento de esgrima (FIE, 2017), as principais ações 
ofensivas são ataque, resposta e contrarresposta. O ataque consiste no 
alongamento do braço armado ameaçando o adversário com a arma e buscando 
a finalização na área válida, enquanto a resposta é a ação ofensiva realizada logo 
após uma parada (apresentada logo adiante) e a contrarresposta é a ação 
ofensiva executada após a parada de uma resposta. O regulamento apresenta 
mais tipos de ações ofensivas, que não serão desenvolvidos aqui. 
3.2.2 Ações defensivas 
 
 
11 
Para se defender de uma ação ofensiva, o esgrimista pode afastar a lâmina 
do adversário com a sua arma, desviando o ataque. Esse movimento com o 
contato entre as armas é chamado de parada. As paradas podem ser feitas em 
diversas posições, dependendo da área a ser defendida. Existem oito posições 
para a espada e o florete e seis posições para o sabre. 
3.2.3 Contra-ataque 
O contra-ataque é uma ação ofensiva-defensiva, ou seja, uma ação 
ofensiva realizada sobre o ataque do adversário, podendo ser feito com um 
movimento para frente ou para trás. 
TEMA 4 – PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA ESGRIMA 
A arte da esgrima é, sem dúvida, uma arte que demanda muito tempo 
para ser dominada; no entanto, seria difícil descobrir qualquer 
espadachim assumido que se arrependa do tempo dedicado a ela […]. 
Castle, 1885, p. 223. 
Conforme coloca Castle (1885), a arte da esgrima demanda bastante 
tempo para ser dominada. Na verdade, acredita-se que não haja quem a domine 
completamente. 
Esse esporte exige muita repetição e constante renovação do treinamento 
das suas técnicas, por isso é necessário que o professor, ao ensinar o manejo 
das armas, procure ser minucioso e paciente para dedicar tempo a cada técnica. 
O ensino da esgrima acontece, em geral, de três formas: atividades em grupo, 
trabalho em dupla e aulas individuais. 
4.1 Atividades em grupo 
São as atividades nas quais o professor ensina, desenvolve ou pratica 
alguma técnica de modo que todos os alunos possam participar sem a 
necessidade de tocar outra pessoa com a arma. Para iniciantes, esse modo é 
bastante eficiente ao trabalhar os fundamentos básicos como posições de 
esgrima, deslocamentos, manejos de arma, entre outros. 
Outra atividade que é comumente realizada em grupo com praticantes 
iniciante ou atletas de alto rendimento são as escolas de passos. Trata-se de 
sequências de deslocamentos que incluem diferentes variações, ritmos e 
amplitudes de movimentos possíveis com o marchar, romper, afundo, flecha, entre 
 
 
12 
outros deslocamentos. É importante que em quase todas as aulas se dedique um 
tempo às escolas de passos. 
A vantagem é poder trabalhar com um número maior de pessoas e incluir 
atividades lúdicas durante a aula, enquanto a desvantagem está na possibilidade 
de vários erros de execução passarem despercebidos. 
4.2 Trabalho em dupla 
Para trabalhar ações não muito complexas ou treinar diversas táticas, 
pode-se colocar os alunos de dois em dois, usando equipamento de esgrima para 
proteção. Desse modo, um auxilia o outro a executar a atividade requerida pelo 
professor e o trabalho possibilita o toque com a arma. 
Um ponto de dificuldade para esse trabalho é o fato de exigir um pouco de 
experiência dos praticantes, pois todos em algum momento precisam ser o 
professor do outro e facilitar o toque ou saber estabelecer o tempo e a medida 
apropriada para que o exercício transcorra com fluidez. 
Exemplo de trabalho em dupla para exercitar o ataque em desengajamento: 
A finta ao braço; B busca a parada; A desengaja (escapa da parada ou escapa do 
contato das lâminas) e toca B no ombro. 
4.3 Aulas individuais 
Nas aulas individuais, o mestre d’armas ou professor, com o equipamento 
adequado, realiza diversas ações com o aluno individualmente, corrigindodetalhes e ensinando de forma individualizada as diversas possibilidades de 
toques na esgrima. Como foi apresentado anteriormente, o esgrimista se 
aproveita do erro do adversário para buscar o toque, portanto o mestre d’armas, 
ao ministrar uma aula individual, executa o “erro” para que seu aluno o toque na 
sequência que ele deseja ensinar e treinar. Nessa forma de aula, o aluno recebe 
correções individualizadas e pode executar ações mais complexas. 
4.4 Considerações para o ensino da esgrima 
 
 
13 
• Ao iniciar um aluno na esgrima, principalmente se for criança, é 
interessante começar com armas feitas de materiais adaptados, como 
jornal, plástico etc. 
• Deve-se ter cuidado para não querer ensinar todas as técnicas em uma 
aula só. Devido à complexidade da esgrima, é interessante escolher 
apenas algumas técnicas ou aspectos do esporte de cada vez para 
trabalhar nas aulas. 
TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS E ELABORAÇÃO DE TREINAMENTO PARA A 
ESGRIMA 
Para o Exército Brasileiro (2017, p. 7), a vitória na esgrima é resultado “da 
preparação física, técnica e tática somada às qualidades morais e intelectuais”. 
Portanto, ao periodizar um treinamento para um esgrimista, deve-se pensar no 
treinamento do atleta como um “todo”. 
A modalidade conta com várias provas durante o ano, e, quanto mais alto 
o nível do atleta, mais competições ele tem, por isso o plano de treinamento deve 
levar em consideração os objetivos principais de cada aluno/atleta. 
5.1 Preparação física 
A esgrima, segundo Civirny (1982) e o Exército Brasileiro (2017), é um 
esporte de velocidade, e os combates exigem dos atletas presteza, agilidade e 
prontidão para reagir e decidir nas situações precisas. Outras qualidades físicas 
necessárias são a resistência de força localizada, a potência, principalmente dos 
membros inferiores, e a coordenação. 
Segundo Turner et al. (2013, p. 1, tradução nossa), “[...] a esgrima envolve 
uma série de ataques explosivos, espaçados por movimentos de baixa 
intensidade e períodos de recuperação, onde prevalecem as habilidades 
perceptivas e psicomotoras [...]”1, ou seja, o esgrimista deve ter a capacidade de 
responder às ações dos adversários de forma rápida e apropriada. 
A preparação física deve seguir as características da esgrima, que, 
segundo White (1995) e Turner et al. (2013), é um esporte que se utiliza 
majoritariamente do sistema energético anaeróbico. Logo, treinamentos de força 
 
1 No original em inglês: “[…] fencing involves a series of explosive attacks, spaced by lowintensity 
movements and recovery periods, whereby perceptual and psychomotor skills prevail […]”. 
 
 
14 
e potência devem ser dominantes no planejamento, pois aumentam a velocidade 
e a eficiência dos ataques. Treinos de longa duração e baixa intensidade são 
desencorajados por Turner et al. (2013), que sugerem exercícios pliométricos e 
levantamentos olímpicos. 
Como na esgrima os atletas utilizam de formas diferentes os dois lados do 
corpo, existe a tendência de o lado dominante se mostrar mais forte depois de um 
tempo de treinamento. Por isso, é importante salientar o treinamento dos 
músculos antagônicos das principais ações e o fortalecimento bilateral, para um 
melhor equilíbrio muscular e de força. 
5.2 Preparação técnica 
Os exercícios técnicos, desde os mais básicos, precisam estar presentes 
constantemente nos treinamentos dos atletas, independentemente do nível em 
que se encontram. A repetição de ações e deslocamentos é extremamente 
importante para uma execução eficiente durante os combates. 
As escolas de passos, já citadas anteriormente, devem estar presentes nos 
treinamentos, variando os deslocamentos e sua sequência em ritmo e amplitude. 
Já as técnicas de manejo de arma, ataques, defesas e outras ações podem ser 
treinadas com um plastron (dispositivo colocado em uma parede que permite o 
toque da arma), em duplas, em movimentos na frente do espelho, entre outros. 
O trabalho individual com o mestre d’armas, entretanto, é importante para 
a correção dos detalhes e para o aprendizado de novas técnicas e novas 
sequências de ações. O trabalho técnico deve diminuir em volume no período pré-
competitivo, mas não ser totalmente esquecido. 
5.3 Preparação tática 
De modo bastante generalizado, há na esgrima duas formas de se jogar 
taticamente. Uma é jogar ofensivamente, pressionando o adversário e 
encontrando o momento correto para atacar ou provocar o ataque e então agir de 
acordo. Outra é jogar de forma mais defensiva, o que não quer dizer 
passivamente, recebendo a pressão com contrapressão e buscando o tempo 
certo de toque. 
 
 
15 
A escolha entre esses dois formatos depende dos pontos fortes do atleta e 
da situação de jogo. Por exemplo: se um atleta está perdendo e o tempo está 
acabando, ele deve assumir uma postura mais ofensiva. 
Durante o combate de esgrima, o técnico pode ficar no fundo da pista para 
auxiliar os atletas nos intervalos e, nesse momento, ajustar as escolhas táticas. 
Por isso, é fundamental que conheça seus atletas e realize treinos táticos com 
eles na sala de esgrima. 
Esses treinos podem ser realizados em aulas individuais com o técnico ou 
em combates com colegas, sugerindo situações de jogo (por exemplo, 
predeterminar um placar de jogo para que um dos atletas tenha que buscar a 
inversão ou o empate), fazendo exercícios colocando ou recebendo pressão, 
entre outras atividades. 
5.4 Preparação psicológica 
O combate de esgrima demanda constantemente tomadas de decisão, 
imposição de jogo, frieza na construção de ações e alta competitividade, logo 
requer treinamento psicológico e emocional. Apesar de o técnico/professor ter um 
papel importante nessa preparação, deve-se considerar o treinamento psicológico 
com um profissional da área (principalmente no alto rendimento). 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, A. J. História da Educação Física no exército brasileiro: história do corpo 
e formação do Estado. Revista de História do Esporte, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 1-
16, 2010. 
ALVES, T. E. K. Entre espadas, floretes e sabres: uma história da civilização dos 
costumes na esgrima. 96 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – 
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018. Disponível em: 
<https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/57024>. Acesso em: 28 out. 2019. 
ANJOS, A. M. F. A inserção da esgrima no currículo da Escola Nacional de 
Educação Física e Desportos (1938-1974) – uma perspectiva histórica. 180 f. 
Dissertação (Mestrado em Ciência da Motricidade Humana) – Universidade Castelo 
Branco, Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://cev.org.br/biblioteca/a-
insercao-esgrima-curriculo-escola-nacional-educacao-fisica-desportos-1939-1974-
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BARSOTTINI, D.; GÓIS JUNIOR, E.; SILVA, S. A. P. S. A influência francesa na 
estruturação da escola de educação física da força pública de São Paulo, Brasil 
(1906-1914). Materiales para la Historia del Deporte, n. 11, p. 1-13, 2013. 
Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4458417>. 
Acesso em: 28 out. 2019. 
BONILLA, J. Florete. In: GRANDE, J. C.; NARANJO, V. S. Esgrima. Espanha: 
Comite Olímpico Español, 1993. p. 21-33. 
CANTARINO FILHO, M. R. A esgrima brasileira: 200 anos. In: DACOSTA, L. (Org.). 
Atlas do Esporte no Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2005. p. 253-256. 
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<www.cbesgrima.com.br>. Acesso em: 28 out. 2019. 
CIVIRNY, G. Modernes Fechten: Anleitungen für übubgsleiter. Bayern: 
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CRAMER, A. T. Esgrima. Revista Brasileira de Educação Física, Brasília, ano 5, 
n. 13, p. 56-69, 1973. 
 
 
17 
CRAMER, J. C.; CAMPOS, F. K.D. História da Esgrima, da criação à atualidade. 
Revista de Educação Física, n. 137, p. 65-69, 2007. 
CZAJKOWSKI, Z. Domenico Angelo – A great fencing máster of the 18th century 
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EXÉRCITO BRASILEIRO. Manual de Esgrima: volume 2 – Espada. Rio de 
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FIE – Federação Internacional de Esgrima. Regras para as competições. 2017. 
Disponível em: <http://cbesgrima.org.br/wp-content/uploads/2018/01/regulamento-
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HERGSELL, G. Die Fechtkunst im XV. und XVI. Jahrhunderte. Prag: 
Selbstverlag druck von Carl Bellmann, 1896. 
TURNER, A. et al. Strength and Conditioning for Fencing. Strength and 
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Acesso em: 28 out. 2019. 
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