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Marina Cardoso Hematologia 1 Introdução A carência de ferro é mais comum é mais prevalente em países em desenvolvimento, onde a alimentação é pobre nesse metal e rica em cereais (dificultam a absorção de intestinal de ferro). Importante! Anemia ferropriva nunca deve ser o diagnóstico final. Quase sempre há uma doença de base que determina uma perda crônica de sangue de pequena intensidade: pode ser uma doença de pouca morbidade, como um leiomioma uterino ou uma hemorroida, mas pode se tratar de uma condição grave e de início insidioso como adenocarcinoma de cólon. Metabolismo do Ferro A quantidade total de ferro no organismo humano é de cerca de: Homem: 50mg/kg de peso corporal Mulher: 35mg/kg de peso corporal A divisão desse contingente de ferro no corpo ocorre em três grandes grupos e com as seguintes proporções: 75% Hemácias Ligado ao grupo heme da hemoglobina 25% Ferritina e Hemossiderina Formam os “compartimentos armazenadores de ferro” nas células da mucosa intestinal, nos macrófagos de baço e na M.O. 2% Transferrina Circulando no plasma ligado à molécula de transferrina sérica As três proteínas citadas (ferrina, hemossiderina e transferrína) são capazes de se ligar ao ferro e podem ser encontradas no plasma ou no meio intracelular. • Ferritina A apoferritina é sintetizada pelo fígado (reagente de fase aguda), quando ligada ao ferro recebe o nome de ferritina. Essa proteína é a principal responsável pelo armazenamento de ferro do organismo. Ela é capaz de armazenar, manter uma reserva para mais estoque e ainda mobiliza rapidamente grandes quantidades de ferro quando necessário. A ferritina que é medida no plasma na verdade é a apoferritina, “ferritina sérica”, sua concentração é diretamente proporcional às reservas de ferro do organismo e varia de 20 a 200ng/dl. • Hemossiderina É o derivado da ferritina após proteólise por enzimas lisossomais, também serve de “reserva de ferro”, mas de liberação mais lenta. • Transferrina Proteína sintetizada pelo fígado é a responsável pelo transporte de ferro no plasma. Apesar do pequeno percentual de armazenamento (2%) ela é muito importante pois age como “link” entre os depósitos armazenadores e o setor eritroide da MO, assim, às hemácias, como você vai entender adiante, no ciclo do ferro. Ciclo do Ferro • Na Mucosa Intestinal O ferro alimentar é absorvido apenas em duas regiões: duodeno e jejuno proximal. A absorção desse ferro, contudo, nunca ultrapassa 50% do ingerido, na prática, só 10-30%. Esse percentual de absorção sofre grande influência de três fatores: i. Do tipo de alimento que contém o ferro: 2 O ferro alimentar se apresenta em duas formas: Heme (própria molécula heme) e Não heme (íon ferroso Fe 2+). A forma heme vem dos alimentos de origem animal, enquanto a não heme, de origem vegetal. A forma heme, encontrada em alimentos como carne vermelha, frango, frutos do mar e miúdos é melhor absorvida que a forma não heme e não sofre influência de outras substâncias alimentares. ii. Dos outros alimentos que são ingeridos junto Como a absorção do ferro é altamente dependendo do pH ácido (conversão de Fe3+ em Fe2+, sendo o segundo melhor absorvido), ácidos como o ácido ascórbico (Vit C) e outros ácidos orgânicos melhoram sua absorção. As proteínas da carne também melhoram a absorção, mas o mecanismo não é conhecido. Os alimentos que prejudicam a absorção do ferro são listados a seguir: Fitatos (presentes em fibras dietéticas e cereais); - Compostos fenólicos (encontrados em bebidas como chá preto, mate, café e refrigerantes); - Fosfato (presente em ovos e leite); - Proteínas dos ovos (albumina) e leite (caseína); - Aditivos (EDTA); - Minerais (Ca, Zn, Cu, Co, Mn). iii. Da necessidade do organismo O ferro da dieta tem dois caminhos: (1) incorporado na ferritina das próprias células intestinais (2) transportado através da célula intestinal pela ferroportina (transportador da membrana basolateral) e se liga à trasferrina plasmática. Assim, o ferro absorvido só será repassado à trasferrina (e dela para todo o organismo) se houver necessidade corpórea desse metal. Caso não seja necessário, o ferro permanece no interior da célula intestinal e é eliminado no próprio processo de descamação e renovação celular, sendo eliminado pela via fecal. A regulação desse processo de transporte do ferro do enterócito à trasferrina é feita por um hormônio sintetizado no fígado, a hepcidina. Ela se liga à ferroportina inibindo o transporte de ferro pela membrana basolateral do enterócito. A hipóxia inibe a sítese de hepcidina, enquanto ferro e citocinas inflamatórias estimulam sua produção. • No Plasma A transferrina é a responsável pelo transporte de para praticamente todo o ferro plasmático. É ela que leva o ferro das células da mucosa intestinal para a medula óssea, chagando, assim, aos precursores eritroides, os quais possuem grande quantidade de receptores de transferrina em sua membrana. • Na Medula Óssea Ao chegar na medula óssea, a transferrina se liga aos receptores nas membranas dos eritroblastos. O complexo transferrina-ferro-receptor é internalizado, o ferro se dissocia e a transferrina é exocitada da célula para ser novamente aproveitada. O ferro incorporado pelas células medulares tem dois caminhos (1) armazena pela ferritina das próprias células da medula (2) captado pelas mitocôndrias dessas células e introduzido a uma protoporfirina, para formar o heme e tomar parte da composição da hemoglobina. • No baço Quando as hemácias se tornam senis são fagocitadas pelos macrófagos nos sinusoides do baço. Os fagócitos rompem a membrana das hemácias e as moléculas de hemoglobina são dissociadas em globina e heme. O heme é quebrado em ferro e biliverdina. O ferro dentro dos macrófagos do baço tem dos caminhos (1) estocado pela ferritina e hemossiderina dos próprios macrófagos (2) liberado no plasma associado à transferrina, sendo novamente captada pelos eritroblastos na M.O. Aqui, a hepcidina pode inibir a liberação de ferro dos macrófagos para a transferrina plasmática. Dessa forma, o baço também configura como um compartimento “armazenador” de ferro. Laboratório do Ferro Por ser muito comum em todas as idades e por poder se associar às demais anemias, a deficiência de ferro deve ser investigada em todo paciente anêmico. Os exames do “laboratório do ferro” estão associados às dosagens do ferro e de suas proteínas de ligação: transferrina e apoferritina (“ferririna sérica”). 3 • TIBC (“Capacidade total de ligação de ferro) Para a compreensão desse exame, dois pressupostos básicos são postos: (1) todo o ferro do sangue circula ligado à transferrina (2) a transferrina não é uma molécula única, mas um conjunto de moléculas contendo múltiplos “sítios ligados” ao ferro e múltiplos “sítios livres”. Desse modo, entendemos que o ferro sérico dosado (60-150 mcg/dl normalmente) reflete a concentração dos “sítios ligados” da transferrina. O TIBC, por sua vez, representa o somatório de todos os sítios de ligação de todas as moléculas de transferrina circulante, ou seja, o somatório dos “sítios ligados” + “sítios livres”. No fim das contas, TIBC traduz a capacidade que a massa total de transferrina sérica tem de abarcar o ferro. Um ponto importante é compreender que o TIBC não vai sofrer interferência direta das variações na concentração de ferro sérico (Eu entendi que é como se ele marcasse exatamente os sítios de ligação que existem, e não importa se o ferro estará ou não ligado) de modo que, ele representa de forma indireta a concentração de transferrina sérica (e foi para isso que ele foi criado, é mais barato dosar o TIBC do que a transferrinasérica). Você entendeu, então, que o TIBC = “Sítios ligados” + “Sítios livres”. Sabendo que o ferro sérico dosado representa o total dos “Sítios ligados” temos como é calculado o TIBC: TIBC = (Ferro Sérico) + (Capacidade de ligação ao ferro) O valor normal do TIBC é de 250-360mcg/dl • Saturação de transferrina Sabendo que o dado de saturação de transferrina representa o percentual de todos os sítios da massa total de transferrina que estão ligados ao ferro, de posse do valor do TIBC fica fácil calcular a saturação de transferrina: 𝑆í𝑡𝑖𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟𝑟𝑖𝑛𝑎 𝑙𝑖𝑔𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑆í𝑡𝑖𝑜𝑠 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟𝑟𝑖𝑛𝑎 Ou seja: 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑠é𝑟𝑖𝑐𝑜 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑠é𝑟𝑖𝑐𝑜 + 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑥𝑎çã𝑜 Isso é, a saturação de transferrina = 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑠é𝑟𝑖𝑐𝑜 𝑇𝐼𝐵𝐶 • Ferritina É a grande proteína de depósito de ferro, quanto maior a quantidade de ferro nos estoques celulares, maior será o valor da ferritina sérica. O quadro a seguir traz os valores de referência e as situações clínicas de alteração dos exames laboratoriais relacionados ao ferro: Ferro Sérico Valor normal 60-150mcg/dl Quando aumenta Hemocromatose Talassemia Hepatite aguda grave Uso de ACO a base de progesterona Quando diminui Anemia ferropriva Anemia de Doença Crônica Síndrome nefrótica Transferrina Sérica Valor normal 200-400mg/dl Quando aumenta Anemia ferropriva Gestação Uso de ACO a base de progesterona Quando diminui Anemia de doença crônica Hemocromatose S. nefrótica Hipertireoidismo Desnutrição TIBC Valor normal 250-360mcg/dl (para alguns 300- 400) Quando aumenta = transferrina sérica Quando diminui =transferrina sérica 4 Saturação de Transferrina Valor normal 30-40% Como calcular Ferro sérico/TIBC Quando aumenta Hemocromatose Talassemia ACO de progesterona Ingesta excessiva de ferro Quando diminui Anemia ferropriva Anemia de doença crônica S. urêmica Ferritina Sérica Valor normal 20-200ng/ml Quando aumenta Condições que cursam com aumento de ferro corporal total: Ingesta excessiva Hemocromatose A. de doença crônica Quando diminui Condições que cursam com esgotamento de ferro corporal total: Anemia ferropriva (<15ng/ml) Etiologia das Anemias Ferroprivas • Em adultos Nos adultos, os que desenvolvem carência de ferro são principalmente: Mulheres que menstruam e indivíduo com perda sanguínea crônica. Além desses, ainda há os casos em que há má absorção desse metal. Má Absorção de ferro - Após gastrectomia subtotal com anastomose a Bilroth II: há o “by-pass” do duodeno, importante sítio de absorção de ferro. 50% desenvolve ferropenia em alguns anos. - Enteropatias que acometem jejuno proximal e duodeno (principal: Doença Celíaca). - Populações com baixa ingesta de ferro. Perdas de ferro - Hipermenorreia: uma das causas mais comuns. Lembre de encaminhar ao GO para investigar presença de leiomioma ou pólipo uterino - Gestação: a perda média de ferro pode chegar a 4mg/dia = aumento da massa de hemácias, perda para o feto, perdas durante o parto (rotina de suplementação com sulfato ferroso durante a gestação). - Hemodiálise e exames frequentes de sangue (internações longas) - Vermes: Necatur americanus e Ancylostoma duodenale (Mais comuns do Basil) habitam o duodeno e se alimentam de sangue. - Hemorragia crônica pelo TGI: homens e indivíduos >50anos, as causas são: 1º Hemorroida, 2º Ulcera péptica e 3º CA de cólon. • Em crianças (❤️) Ferropenia é a causa mais comum de anemia em crianças, em algumas populações, metade das crianças apresenta esse distúrbio. Crianças nascidas a termo e com peso normal, em geral tem reservas de ferro até os 6 meses de idade. É nesse período também que o aleitamento materno exclusivo é recomendado. Apesar de o leite materno não ter grande quantidade de ferro, a absorção é muito boa, de até 50% (diferente da do leite de vaca, que não chega a 10%). É por esses motivos que a anemia ferropriva é incomum nessa faixa de idade. Já os prematuros e bebês com baixo peso ao nascer (PIG) têm mais chances de desenvolver a carência de ferro, tanto porque eles não têm estoques, quanto pelo crescimento mais acelerado da massa de hemoglobina no primeiro ano de vida. Dos 6-24 meses o período de maior incidência de anemia ferropriva na infância, as causas são: (1) pico de crescimento (2) esgotamento dos estoques (3) desmame sem suplemento de ferro. 5 Além do déficit alimentar, a perda sanguínea crônica também pode causar ferropenia na infância: (1) uso de leite de vaca está associado a perda oculta de sangue nas fezes – enteroproctocolite por alergia ao leite (2) infestação por ancilostomídeos, tricocefalíase (3) gastroenterites e ITUs. Manifestações Clínicas Os achados clínicos na anemia ferropriva são de duas naturezas: (1) relacionados à anemia (2) relacionados à ferropenia em si. 1. Sinais e sintomas da anemia A anemia ferropriva é insidiosa, com isso, os sintomas demoram a aparecer. São eles: astenia, insônia, palpitações, cefaleia etc. Além disso, há descompensação de quadros de coronariopatias (causando angina), cardiopatias (insuficiência cardíaca), pneumopatias (dispneia) e cerebrovasculares (rebaixamento do nível de consciência). 2. Sinais e sintomas da ferropenia - Glosite. - Quelite angular. - Unhas quebradiças e coiloníquia (unhas em colher). - Escleras de coloração azulada. - Discreta esplenomegalia (em 15%). - Perversão do apetite (desejo de comer amido, gelo, terra são os mais comuns). - Síndrome de Plummer-Vinson: disfagia pela formação de uma membrana fibrosa na junção entre hipofaringe e esôfago. - Fraqueza muscular desproporcional ao grau da anemia. - Em crianças: anorexia e irriatabilidade (mais comuns) pode ocorrer prejuízos no desenvolvimento psicomotor que pode ser irreversível. Achados Laboratoriais e Diagnóstico O diagnóstico de anemia ferropriva dele ser sempre suspeitado em vigência de anemia. Hemograma e esfregaço de sangue periférico ajudam, mas o diagnóstico só é dado a partir dos exames do “laboratório do ferro”: ferro sérico, TIBC e ferritina sérica. 1. Hemograma As alterações da anemia ferropriva no hemograma tem duas fases: Na primeira fase: anemia leve a moderada com hemácias normocíticas e normocrômicas (sem alteração dos índices hematimétricos) Segunda fase: a anemia torna-se moderada a grave e passa a apresentar hemácias microcíticas e hipocrômicas. Hb= 4-11g/dl, VCM= 53-93fL e CHCM= 22-31g/dl. É comum na anemia ferropriva o aparecimento de trombocitose (500.000-600.000/mm³). O RDW está classicamente elevado >14%, em média, de 16%. Reticulócitos normais. 2. Hematoscopia Fases iniciais: Somente anisocitose. Fases mais tardias: Microcitose e hipocromia. Na anemia grave há poiquilocitose com presença de hemácias em forma de charuto e micrócitos bizarros. A anemia ferropriva é a que mais se relaciona ao achado de anisopoiquilocitose. 3. Ferro Sérico Encontra-se baixo, geralmente < 30mg/dl. 4. Ferritina Sérica É o teste indicado para documentar a deficiência de ferro! Níveis a baixo de 15ng/ml são típicos de anemia ferropriva, enquanto valores maiores que 60ng/ml praticamente afastam o diagnóstico. 5. TIBC e Saturação de transferrina TIBC encontra-se elevado, >360mg/dl, quase sempre passa de 400mg/dl. Quanto à saturação de transferrina, valores <15% são consistentes com o diagnóstico de anemia ferropriva. 6. Aspirado de medula óssea Exame de maior acurácia, mas só deve ser usado em casos duvidosos. A presença de qualquer ferro corável afasta a possibilidade de anemia ferropriva6 Tratamento Melhorar a dieta ou cozinhar em panela de ferro não são tratamentos eficazes para anemia ferropriva! A suplementação de ferro elementar deve ser prescrita em vigência desse achado. A dose recomendada para correção da anemia ferropriva é de 60mg de ferro elementar, equivalente a: 300 mg de Sulfato Ferroso de 3 a 4x ao dia E em crianças: 5mg/kg/dia dividido em 3 tomadas Devem ser tomados de 1-2 horas antes das refeições (absorve melhor de estômago vazio) de preferência acompanhado de vitamina C ou suco de laranja. Os efeitos colaterais são muito comuns e incluem náuseas, vômitos, desconforto epigástrico e diarreia. Somente em vigência desses sintomas a administração deve ser associada às refeições. A resposta ao tratamento deve ser observada avaliando-se a contagem de reiculócitos: ela aumenta nos primeiros dias de reposição com pico entre 5-10 dias. A Hb e o hematócrito começam a subir em 2 semanas e se normalizam em 2 meses. A reposição de ferro deve durar de 3-6 meses após a normalização do hematócrito (totalizando de 6- 12 meses), no intuito de repor os estoques. O controle deve ser feito com a ferritina sérica, que deve chegar a valores >50ng/ml. Em crianças, a terapia deve durar de 3-4 meses ou 2 meses após normalização da hemoglobina. As causas de falha no tratamento incluem (1) diagnóstico etiológico errado (2) anemia multifatorial (3) má adesão (4) ritmo de sangramento crônico > da reposição empregada (5) doença celíaca, quando o ferro não é absorvido. Nos dois últimos casos é preciso empregar a terapia de ferro via parenteral. São indicações de terapia de reposição de ferro por via parenteral: a. Síndromes de má absorção jejunoduodenais (ex: Doença celíaca) b. Intolerância a preparações orais c. Anemia ferropriva refratária ao tratamento oral apesar de boa adesão d. Necessidade imediata de reposição de ferro Ferro-dextran (mais antigo e menos seguro), Gluconato de ferro sódico e Ferro-sucrose são as formas de ferro empregadas em terapia parenteral. As vias de administração podem ser endovenosa (preferencial) ou intramuscular (pode manchar a pele). A dose requerida é proporcional ao déficit de ferro na hemoglobina + quantidade necessária para repor os estoques, que é de 1000mg no homem e 600mg na mulher. O déficit de ferro na Hb é calculado da seguinte maneira: (15 – Hb) x peso (kg) x 2,3 Dessa forma, para calcular o déficit TOTAL de ferro parenteral que deve ser administrada é só somar o déficit com a quantidade necessária para repor os estoques, assim: (15 – Hb) x peso (kg) x 2,3 + 1000 (Homem) (15 – Hb) x peso (kg) x 2,3 + 600 (Mulher) O déficit total de ferro pode ser administrado em dose única diluído em soro glicosado a 5%. Mas é preferível fracionar as doses. Quanto maior a carga férrica, mais lenta deve ser a infusão (>1hora). É comum o seguinte esquema: 100mg de ferro parenteral – 1x/semana – 10 semanas (Doses de até 100mg podem ser administrados IM sem prejuízos) O principal efeito colateral do ferro-dextran é a anafilaxia. Em vigência de dor torácica, sibilos, queda de PA etc. seu uso deve ser interrompido. Pode ocorrer febre baixa, artralgia e exantemas dias após a infusão, essas manifestações, contudo, não obrigam a interrupção do tratamento (trata- se apenas de uma intoxicação aguda ao ferro, benigna e autolimitada).
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