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TCC RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO

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19
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso de Direito
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DO ABANDONO AFETIVO.
EMANOEL DA MOTTA DOS SANTOS
Niterói
2020.1
EMANOEL DA MOTTA DOS SANTOS
RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DO ABANDONO AFETIVO.
Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.
 
Orientador (a) Prof. (a). Thiago Serrano Pinheiro de Souza
				
Niterói
Campus Niterói – Oscar Niemeyer
2020.1
RESUMO: O presente artigo trata da Responsabilidade Civil decorrente do Abandono Afetivo. Verificou-se que o ponto principal deste trabalho é o abandono afetivo e a responsabilização civil do genitor pelo abandono moral ou psicológico, além dos danos causados a formação do indivíduo. Este estudo visa abranger as inúmeras transformações que as relações familiares passaram com o decorrer do tempo para atender as necessidades da sociedade em um todo e visa conceituar os principais princípios norteadores do direito de família, bem como destacar doutrinas e jurisprudências favoráveis a respeito deste tema. Utilizou-se na produção deste TCC o método da referência bibliográfica científica.
Palavras-Chaves: Responsabilidade Civil. Família. Afeto. Abandono Afetivo.
SUMÁRIO
1- Introdução. 2. Desenvolvimento: 2.1- A Evolução do Conceito de Família no Direito Brasileiro; 2.2- Princípios do Direito de Família Aplicáveis ao Poder Familiar; 2.2.1- Princípio da Dignidade da Pessoa Humana; 2.2.2- Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente; 2.2.3- Princípio da Afetividade; 2.2.4- Princípio da Convivência Familiar; 2.3- Conceito de Responsabilidade Civil; 2.4- Da Responsabilidade Civil decorrente do Abandono Afetivo; 2.5- Da Análise dos Tribunais acerca da Responsabilidade Civil por Abandono Afetivo. 
INTRODUÇÃO
O referido trabalho tem por objetivo a análise da discussão sobre a possibilidade de indenização por danos morais, sofridos em decorrência do abandono afetivo, tendo como base as normas vigentes em conjunto com os princípios norteadores do ordenamento jurídico brasileiro, baseando-se no direito de família e responsabilidade civil. O desenvolvimento do presente trabalho foi através de revisão de diversos artigos bibliográficos científicos, com citações de juristas de grande relevância para o tema, dentre eles, Paulo Luiz Netto Lobo e Maria Berenice Dias.
No primeiro capítulo deste trabalho será apresentado o conceito de família e a as grandes evoluções desta instituição no decorrer dos anos, trazendo à tona as comparações dos modelos familiares antigos e suas transformações contemporâneas as quais buscam sempre acompanhar a dinâmica social.
Em seguida, no segundo tópico deste trabalho será abordado os princípios do direito de família aplicáveis ao poder familiar, sendo este um dos tópicos mais importantes para este trabalho, uma vez que todo o ramo do direito de família é baseado em princípios norteadores, estes que por sua vez tem como função basilar as discussões.
O terceiro capítulo versa sobre o conceito de responsabilidade civil, onde vincula-se diretamente a noção de justiça, uma vez que a responsabilidade civil nada mais é que a proteção dos direitos individuais e coletivos de uma forma geral, garante a todos o direito de proteção juntamente com o dever de cuidado.
Sobre a proposta do referido trabalho, o quarto capítulo trata do núcleo desta discussão, pois traz à tona a questão do dano causado a quem sofreu o abandono afetivo e todos os princípios feridos pela conduta de quem pratica o abandono, buscando apresentar fatos e argumentos científicos que justifiquem o cabimento da indenização e a relação da conduta do autor e os danos sofridos pela vítima. Haja vista que a responsabilidade civil em decorrência do abandono afetivo é um assunto recente na jurisprudência, e o seu reconhecimento trará uma grande revolução jurisprudencial na justiça brasileira deve-se sempre zelar pelo cuidado de cada passo nessa caminhada, mas garantindo, ainda assim, a evolução da jurisprudência de forma responsável. 
No último tópico deste trabalho será apresentado a análise dos tribunais acerca da responsabilidade civil decorrente do abandono afetivo, trazendo exemplos fáticos de casos concretos onde alguns tribunais apresentam disposição para o reconhecimento deste direito e a grande maioria ainda resiste quanto ao reconhecimento, mas em tratando-se de um movimento contemporâneo revolucionário tais perspectivas e divergências são esperadas e até que este assunto seja pacificado no ordenamento jurídico demandará tempo, por tanto, este trabalho busca apresentar, baseando-se na Constituição Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente, dentre outros, fatos que justificam o reconhecimento do direito a indenização de reparação por dano moral decorrente do abandono afetivo, protegendo assim os princípios norteadores do direito brasileiro, dentre eles o da dignidade da pessoa humana, princípio do melhor interesse do menor, princípio da afetividade, garantido por meio destes a proteção a princípios constitucionais.
2.1. A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA NO DIREITO BRASILEIRO
O conceito de família sofreu muitas alterações nos últimos anos, pois está ligado diretamente a formação da sociedade que por sua vez teve uma dinâmica muito acelerada nos últimos anos e por estar ligado diretamente as diferentes perspectivas intrínsecas a sociedade e todas as diferenças nela presente, que com o advento das transformações nos valores e práticas sociais no período do final do século XX ao início do século XXI, que vai desde a família tradicional, onde o casamento era a base para a construção familiar, até as modernas noções familiares apresentadas hoje em dia, como família unipessoal, que como próprio nome já diz é formada por uma única pessoa; União estável, esta, por sua vez é para ser formada basta que haja a união afetiva entre as partes dispensada a formalidade do casamento, tal modalidade tem previsão legal na Constituição Federal do Brasil em seu artigo 226 §3º[footnoteRef:1]; [1: BRASIL. Constituição Federal de 1988. In: Vade mecum21º Edição. São Paulo: Saraiva. 2019, p.78] 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
 Família monoparental que é aquela constituída pelo homem ou mulher juntamente com seus descendentes, esta pode vir a ser formada por diversos motivos, dentre eles, pais separados, viuvez ou pais solteiros; Pela família chamada anaparental que por sua vez é formada pela união afetiva de pessoas sem que a haja a configuração de pais e não havendo também conotação sexual entre os membros; dentre outras.
Atualmente, de modo geral a família passou a ser constituída com base no amor, relação de afeto e na vontade recíproca dos membros da família de estarem juntos, neste contexto afirma Paulo Lobo[footnoteRef:2]: [2: LÔBO, Paulo. Direito Civil-Familia.6. 11 ed. Saraiva. São Paulo,2011. p.18] 
A família sofreu profundas mudanças de função, natureza, composição e consequentemente de concepção, sobretudo após o advento do Estado social, ao longo do século XX. No plano constitucional, o Estado antes ausente, passou a se interessar de forma clara pelas relações de família, em suas variáveis manifestações sociais. Daí a progressiva tutela constitucional, ampliando o âmbito dos interesses protegidos, definindo modelos, nem sempre acompanhados pela rápida evolução social, a qual engendra novos valores e tendências que se concretizam a despeito da lei. Como a crise é sempre perdas dos fundamentos de um paradigma em virtude do advento de outro, a família atual está matrizada em paradigma que explica a sua função atual: a afetividade. Assim, enquantohouver affectio haverá família, unida por laços de liberdade e responsabilidade, e desde que consolidada na simetria, na colaboração, na comunhão de vida.
Com o reconhecimento jurisprudencial acerca do pluralismo das entidades familiares, por conta de toda a evolução no âmbito familiar na sociedade brasileira, em 2006, a Lei Maria da Penha (LMP) em seu artigo 5º, define o conceito de família, se limitando e informar à população que família é qualquer relação de afeto. Baseando-se nisso, fica evidente que a família moderna deve se basear no afeto, na boa relação e não nos componentes de sua formação mas sim o nível de relacionamento entre os entes familiares.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.[footnoteRef:3] [3: Lei 11.340 de 07 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 20/03/2020.] 
 
Neste caso, Rolf Madaleno faz importante comentário acerca das mudanças ocorridas no conceito tradicional de família:
A família matrimonializada, patriarcal, hierarquizada, heteroparental, biológica, institucional vista como unidade de produção cedeu lugar para uma família pluralizada, democrática, igualitária, hetero ou homoparental, biológica ou socioafetiva, construída com base na afetividade e de caráter instrumental.[footnoteRef:4] [4: MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 6. ed. p.36. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
] 
Desta forma fica evidente toda a dinâmica presente na sociedade com relação a formação familiar, onde atualmente o afeto sobrepõem o casamento entre homem e mulher como requisito básico para a configuração da família e agrega uma grande importância para a relação de afeto na vida das pessoas com fundamento nos princípios constitucionais, englobados no ramo do direito de família, que são os princípios da dignidade da pessoa humana, o qual veremos nos tópicos a seguir.
2.2. PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMILIA APLICÁVEIS AO PODER FAMILIAR
Em tratando-se da área do direito, em que todas as suas especialidades são baseadas em princípios norteadores, que tem como função orientar a todos quanto a aplicação adequada das normas. Esses princípios são de grande importância para a matéria, pois as decisões jurisdicionais e a interpretação das normas jurídicas são tomadas com base na orientação contida neles, por tanto a importância de se trazer esta breve definição a respeito. Em tratando-se do âmbito familiar discutiremos a seguir sobre alguns dos principais princípios norteadores do direito de família;
2.2.1. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
 Este princípio é definido por alguns autores, citados a seguir, como o mais importante dentre todos os princípios e está vinculado diretamente aos direitos humanos e a justiça social, o reconhecimento de sua importância é explicita ao observar que ele é trazido pela própria Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 1º, é também é considerado como o princípio que é a base do estado democrático de direito. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
O princípio da dignidade da pessoa humana visa a valoração do indivíduo pela sua essência em si e o pleno desenvolvimento de todas as pessoas em âmbito familiar, neste caso, respeitando e abrangendo todos os tipos de famílias anteriormente citados, podendo assim considera-lo como base para uma vida em sociedade plena e desenvolvida de forma saudável para todos os seus membros, e através dele deu-se origem a outros novos princípios norteadores; 
Sobre o tema em questão, versa Maria Berenice Dias:
O princípio da dignidade humana é o mais universal de todos os princípios. É um macroprincípio do qual se irradiam todos os demais: liberdade, autonomia privada, cidadania, igualdade, uma coleção de princípios éticos[footnoteRef:5]. [5: DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª Edição. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p.62.] 
E também relata que:
Essa preocupação com os direitos humanos, bem como a paz social, conduziu o constituinte, a consolidar a dignidade da pessoa humana como valor supremo, identificado sob o status do primeiro princípio de manifestação dos valores constitucionais e do qual, decorrem todos os demais princípios.
Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana afirmam, Gagliano e Filho:
Princípio solar em nosso ordenamento, a sua definição é missão das mais árduas, muito embora arrisquemo-nos a dizer que a noção jurídica de dignidade traduz um valor fundamental de respeito à existência humana, segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas, indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade.[footnoteRef:6] [6: GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil. 2ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva. 2012.
] 
Portanto, baseando-se nas narrativas acima juntamente com as referidas citações, fica evidente o quão importante é o princípio da dignidade da pessoa humana para o direito de família, e também para o surgimento dos demais princípios que vem a seguir.
2.2.2. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Abordando o seguinte tema que é o princípio norteador do Direito da Criança e do Adolescente, onde são abordadas condutas de extrema importância para o desenvolvimento saldável das mesmas, pois tratam-se pessoas em fase de formação de caráter e amadurecimento, por tanto incapaz de tomar suas próprias decisões, este princípio coloca a criança como prioridade, sendo assim todas as decisões relacionadas a elas devem ser sempre em busca da melhor opção para o bem estar da criança em todos os aspectos. Este princípio garante ao menor um destaque, inclusive em âmbito familiar, uma vez que trata-se de uma pessoa incapaz de gerir sua vida por conta própria, e nesse momento que se revela a importância da família, pois inicialmente é quem recebe esta função de gerir e guiar o menor, conduzindo-o pelo melhor caminho independentemente do modelo e formação familiar de fato.
Paulo Luiz Netto Lôbo versa o seguinte a respeito do tema:
Diante da concepção da criança como sujeito de direito e da valorização jurídica do
afeto na estrutura familiar, decorre o princípio do Melhor Interesse da Criança e do
Adolescente, segundo o qual, por se encontrar o menor numa situação de
fragilidade, por conta do seu processo de amadurecimento e formação da
personalidade, merece destaque especial no ambiente familiar.[footnoteRef:7] [7: LÔBO, Paulo Luiz Netto. A Repersonalização das Famílias. Revista Brasileira de Direito de Família. Porto
Alegre: Síntese, v. 6, n. 24, jun/jul 2004, p.155.] 
 
O referido princípio tem sua previsão na Constituição Federal de 1988 no artigo 227 caput,
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiare comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.[footnoteRef:8] [8: BRASIL. Op cit., p.78] 
E também no Estatuto da Criança e do Adolescente no artigo 4º, caput e artigo 5º.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.[footnoteRef:9] [9: Estatuto da criança e do adolescente, lei 8.069 de 1990. In: Vade mecum21º Edição. São Paulo: Saraiva. 2019, p.1095] 
E também na Convenção Internacional dos Direitos da Criança, a qual o Brasil adotou, consagra esse princípio no seu artigo 3º, I. que aduz o seguinte: Todas as ações relativas à criança, sejam elas levadas a efeito por instituições públicas ou privadas de assistência social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar primordialmente o melhor interesse da criança.
Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições públicas ou
privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos
legislativos, devem considerar, primordialmente, o melhor interesse da criança.[footnoteRef:10] [10: SANCHES, Helen Crystine Corrêa; VERONESE, Josiane Rose Petry. Dos Filhos de Criação à Filiação
Socioafetiva. Editora Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2012, p.95.] 
Assim sendo, vemos o reconhecimento pacífico a respeito da proteção do menor e busca pelo melhor interesse da criança e adolescente como previsto neste princípio, como forma de garantir que estes tenham seus direitos resguardados, em regra pela família e excepcionalmente por uma família substituta como forma de resguardar também o princípio da afetividade como discutiremos a seguir.
2.2.3. PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
O princípio da afetividade advém das transformações sofridas pela entidade familiar nos últimos anos, onde foi deixado de lado o modelo patriarcal baseado em laços econômicos e deu-se espaço para afetividade entre as pessoas como base de formação. Paulo Luiz Netto Lôbo traz a seguinte afirmação a cerca deste assunto:
A realização pessoal da afetividade e da dignidade humana, no ambiente de
convivência e solidariedade, é a função básica da família de nossa época. Suas
antigas funções econômica, política, religiosa e procracional feneceram,
desapareceram, ou desempenham papel secundário. Até́ mesmo a função procracional, com a secularização crescente do direito de família e a primazia atribuída ao afeto, deixou de ser sua finalidade precípua. [footnoteRef:11] [11: LÔBO, Paulo Luiz Netto, Op cit., p.155.] 
Com o advento da afetividade como núcleo de formação familiar ocorreu em seguida o reconhecimento das diversas formas de formação de famílias, como narrado anteriormente neste trabalho a família passou a ser constituída com base no amor, relação de afeto e na vontade recíproca dos membros da família de estarem juntos
A autora Maria Claudia Cairo Chiletto define este princípio da seguinte forma:
Já o princípio da afetividade, é um princípio que se tornou o principal fundamento
das relações familiares, em virtude de profunda alteração da concepção jurídica de
família. A concepção de família não foi fundada no casamento, eleva-se às mesmas
dignidade da família concebida pelo matrimônio. O que existe de comum nessas
variadas concepções de família é a relação entre elas alicerçada no afeto. A
afetividade é elemento central e definidor da união familiar, onde a finalidade mais
relevante da família é a realização da personalidade de seus membros e a promoção
da dignidade de cada um de seus integrantes.[footnoteRef:12] [12: CHILETTO, Maria Claudia Cairo. União Homoafetivas: uma nova concepção de família na perspectiva do
direito civil-constitucional. Rio de Janeiro: Faculdade de Direito de Campos, 2007. p.86] 
Em concordância com o texto acima, fica claro a grande importância da afetividade, pois esta é um elo de suma importância para uma corrente onde a afetividade é a base familiar e a família o alicerce inicial para a boa formação e amadurecimento saudável das crianças e adolescentes, que por sua vez tem sua posição de destaque e proteção, tendo prioridade as crianças e os adolescentes, ou seja, uma instituição servindo como base para outra e todas voltadas para o melhor interesse do menor respeitando assim o princípio considerado por muitos autores como o princípio maior em nosso ordenamento jurídico, que é o Principio da Dignidade da Pessoa Humana em conjunto com outros princípios como o por exemplo o da convivência familiar que será discutido no próximo tópico.
2.2.4. PRINCÍPIO DA CONVIVÊNCIA FAMILIAR
Este tema entrou em evidência, ganhando destaque a partir da Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/1990), com as mudanças no paradigma no Direito de Família onde observou-se as novas características e modos de formação familiar. A partir deste momento ocorreu o enaltecimento do direito a convivência como base da relação familiar. Gerando a responsabilidade do Estado e da sociedade, em modo geral, de zelar por este princípio. O direito a convivência familiar tem sua capitulação na Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu artigo 227 que diz o seguinte:
Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.[footnoteRef:13] [13: BRASIL. Op cit, p.78] 
O Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe o referido tema no artigo 19:
Art. 19.  É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.[footnoteRef:14] [14: Lei n° 8.069 de, 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente Disponível em :http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm acessado em 30/03/2020] 
Chega-se à conclusão que é garantido as crianças e adolescentes o direito a convivência familiar e excepcionalmente com família substituta. Destaca-se o texto de Paulo Luiz Netto Lôbo a respeito deste assunto:
A convivência familiar é direito-dever de contato e convívio de cada pessoa com seu grupo familiar. É dever porque cada integrante do grupo familiar, ou cônjuge, ou companheiro, ou filho, ou parente está legalmente obrigado a cumpri-lo, além da família como um todo, ou ainda, a sociedade e o Estado. É dever de prestação de fazer ou de obrigação de fazer, configurando responsabilidade em sentido positivo.[footnoteRef:15] [15: LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias Contemporâneas e as dimensões da responsabilidade. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Família e responsabilidade: teoria e prática do direito de família. Porto Alegre: Magister/IBDFAM, 2010.] 
Vale ressaltar que o direito a convivência familiar deve ser preservado por todos os responsáveis pelo menor. A não observância por umas das partes responsáveis fere, por tanto, diretamente o Estatuto da Criança e do Adolescente. Independente do formato atual da família o convívio deve sempre ser preservado, principalmente em caso de divorcio pois nestes casos a relação parental não deve ser afetada com base no artigo 1.579 do Código Civil o divórcio não modificará os direitos e deveres dos paisem relação aos filhos.
2.3. CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil está vinculada a noção de proteção, para que uma pessoa não causa dano a outra seja por ação ou omissão e a obrigação de reparar dano causado a outrem em decorrência dessas condutas. Busca caracterizar quando há relação, nexo causalidade entre a ação/omissão de determinado indivíduo e o dano sofrido pelo terceiro e o quanto deve ser a reparação de forma justa, como definido por Rui Stoco:
A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana.[footnoteRef:16] [16: STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7 ed. São Paulo Editora Revista dos Tribunais, 2007.] 
De acordo com a definição de Plácido e Silva o termo responsabilidade civil significa que:
Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção.[footnoteRef:17] [17: SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico conciso. 1 ed. Rio de Janeiro. Forense, 2010. p.642] 
 
Sendo assim o tópico em discussão está diretamente atrelada a ideia de justiça, pois traz a necessidade de reparação, busca a restauração patrimonial e moral, sendo assim uma ferramenta essencial para a vida em sociedade onde deve haver respeito, direitos e responsabilidades recíprocas. Como explica Carlos Alberto Bittar:
O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a necessidade de reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de indenizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da ação violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado[footnoteRef:18] [18: BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. p.561] 
Ou seja, quando a conduta de ação ou omissão de determinada pessoa, que ao causar dano a outrem, gera consequências jurídicas quanto a esse entendimento Maria Helena Diniz diz que:
A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntario e objetivamente imputável do próprio agente ou de terceiros, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause danos a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.[footnoteRef:19] [19: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. VII p.43.] 
Sendo assim, a vida em sociedade presume que de fato ocorrerão conflitos entre as pessoas e a responsabilização civil resguarda a todos com seus direitos e deveres, garantindo o pleno desenvolvimento da sociedade impedindo a barbárie como a lei do mais forte como base para a decisão dos impasses, dentre estes impasses destaca-se o da responsabilidade civil por abandono afetivo quem vem ganhando força com a jurisprudência contemporânea, vejamos a seguir. 
2.4. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DECORENTE DO ABANDONO AFETIVO
A possibilidade da responsabilização civil de quem abandona afetivamente um filho ganhou destaque na dinâmica jurisdicional brasileira atualmente, pois as grandes transformações pelas quais passou o direito de família, com a busca de uma família mais humanizada, baseada no afeto e na boa convivência entre seus entes, independentemente do formato familiar escolhido pelos pais, onde a proteção e a boa formação do menor, ou seja, o melhor interesse do menor deve ser preservado e priorizado quanto as discussões familiares, sendo, em regra, responsabilidade dos pais como garantidores do menor. Deste modo evidencia-se a importância fundamental da relação de afeto do menor com seus pais para o seu pleno desenvolvimento e em tratando-se de abandono afetivo fica evidente a relação de dano sofrido pelo menor em decorrência da conduta do autor. Como visto anteriormente a família é a base, em regra, para o pleno desenvolvimento do menor, que por sua vez é incapaz de gerir sua própria vida, pois este está ainda em processo de formação de seu caráter e amadurecimento pessoal, estes que serão gravemente prejudicados pela conduta praticada pelo autor, como narra Cavalieri Filho:
Só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo.[footnoteRef:20] [20: FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. 8° ed. São Paulo: Atlas, 2008. p.83.] 
A indenização neste caso não busca a reparação do dano, mas sim uma compensação com diz Paulo Nader:
A indenização por danos morais não visa à reparação, pois não há como a vítima se tornar indene; condena-se com dupla finalidade: a de proporcionar a vítima uma compensação e para se desestimular condutas dessa natureza.[footnoteRef:21] [21: NADER, Paulo. Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil. Vol.7. 3°ed. p.86. Rio de Janeiro: Forense, 2010.] 
Nesse contexto, Paulo Lôbo conceitua o abandono afetivo:
Portanto, o “abandono afetivo” nada mais é que inadimplemento dos deveres jurídicos de paternidade. Seu campo não é exclusivamente o da moral, pois o direito atraiu para si, conferindo-lhe consequências jurídicas que não podem ser desconsideradas.[footnoteRef:22] [22: LÔBO, Paulo. Direito Civil-Familia.6. 11 ed. Saraiva. São Paulo,2011. p.312] 
Ou seja, as citações acima já traziam o entendimento do dever de indenização pois fica explícito a conduta praticada pelo autor, que de acordo com os princípios norteadores do direito, deveria garantir a proteção para que o menor não sofra os danos citados causa efeito reverso pois o agente até então garantidor passa a ser o grande lesionador dos direitos do menor ao qual é responsável pela proteção, não restando dúvidas quanto ao risco de dano sofrido por um menor por sofrer o abandono afetivo por um dos pais.
2.5. DA ANÁLISE DOS TRIBUNAIS ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABANDONO AFETIVO
A sociedade em sua dinâmica acelerada está passando por um momento de mudanças de critérios e reconhecimento de novas tutelas a serem protegidas, como por exemplo o caso da responsabilidade civil por abandono afetivo. Muitos autores em suas obras já traziam textos que levavam ao entendimento acerca do reconhecimento desde tema, porém quando tratamos da jurisprudência essa que deve ser executada com mais cautela, pois geram precedentes, este tema começou a ser reconhecido após diversos julgados desfavoráveis onde podemos observar uma certa resistência jurisprudencial no que tange ao tempo deste tópico como a decisão a seguir:
RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ABANDONO AFETIVO. Ação ajuizada por filho em face do pai – Sentença de improcedência, com fundamento na ausência de previsão legal do dever de afeto – Inconformismo do autor– Improcedência mantida, com base em fundamento diverso – Prescrição da pretensão indenizatória – Reconhecimento de ofício (CPC, art. 219, § 5º) – Prazo trienal previsto no CC/2002, a partir do início de sua vigência (11/01/2003) (CC/2002, arts. 206, § 3º, V) – Termo inicial a partir da maioridade do autor – Pretensão prescrita aos 11/01/2006 – Ajuizamento da ação aos 12/04/2013 – Pedidos de concessão de justiça gratuita não conhecidos – Autor já beneficiário da gratuidade – Réu não sucumbente na ação – Recurso desprovido. (TJ-SP APL 30043663320138260533 SP 3004366-33.2013.8.26.0533, Relator Fábio Quadros, Data de julgamento 18 de fevereiro de 2016, 4ª Câmara de Direito Privado, Data da publicação: 23/02/2016)
Neste caso a fundamentação para o desprovimento foi ausência de previsão legal do dever de afeto, tal decisão é compreensível pois trata-se de um tema muito recente. Porém esse entendimento vem ganhando novos ares ao passo que alguns pedidos vêm sendo reconhecido através de uma nova forma de avaliação e reconhecimentos de direitos violados, como por exemplo a seguinte decisão traz uma avaliação positiva quando a reconhecimento da temática em discussão.
INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. RELAÇÃO PATERNO-FILIAL. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE. A dor sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito á convivência, ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no princípio da dignidade da pessoa humana. A relação paterno-filial em conjugação com a responsabilidade possui fundamento naturalmente jurídico, mas essencialmente justo, de se buscar compensação 46 indenizatória em face dos danos que pais possam causar a seus filhos, por força de uma conduta imprópria, especialmente quando a eles é negada a convivência, o amparo afetivo, moral e psíquico, bem como a referência paterna ou materna concretas, acarretando a violação de direitos próprios da personalidade humana, magoando seus mais sublimes valores e garantias, como a honra, o nome, a dignidade, a moral, a reputação social, o que, por si só, é profundamente grave.[footnoteRef:23] [23: BRASIL, Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apelação Cível nº 408.550.504, Rel. Des. Unias Silva. Data de julgamento 01/04/2004. Disponível em https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do;jsessionid=F2288723EEF993CE049D12EE330AC41E.juri_node2?numeroRegistro=1&totalLinhas=1&linhasPorPagina=10&numeroUnico=2.0000.00.408550-5%2F000&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar . Acessado em 30/03/2020] 
Em tratando-se de um assunto tão delicado e polêmico, onde ainda temos uma posição pacífica acerca da referida discussão fica evidente a direção para onde está caminhando a jurisprudência no ordenamento jurídico brasileiro que acompanha a dinâmica da sociedade e busca sempre se adequar as suas mudanças preservando direitos já reconhecidos juntamente com os novos direitos que surgem com a mudança de perspectiva de avaliação e valores atribuídos a sociedade. 
CONCLUSÃO
O presente artigo científico abordou a discussão sobre o dano moral sofrido em decorrência do abandono afetivo, trazendo no decorrer desde trabalho as grandes transformações sofridas pela entidade familiar no decorrer dos anos e com isso abrindo espaço para novas discussões e direitos conquistados. O foco deste trabalho é baseado no cabimento de indenização por dano moral sofrido decorrente do abandono afetivo, com base nos princípios norteadores do direito que na dinâmica social vem ganhando novas interpretações e assim abrangendo novos pontos de vista e reconhecendo novas perspectivas de direito. Vale ressaltar que este tema ainda não tem um ponto de vista pacífico na jurisprudência, porém, em tratando-se de um tema muito contemporâneo, vimos que com o tempo o referido tema encontrará na jurisprudência um posicionamento pacífico favorável. 
Como visto neste artigo, foram apresentados vários princípios fundamentais violados pela conduta do abandono afetivo e apresentamos também como consequência, os danos sofridos pelo polo passivo desta relação, causados justamente por quem deveria garantir a não ocorrência destes.
 A indenização por danos morais por abandono afetivo ainda gera muita polemica e divergências jurisprudenciais no sistema jurídico brasileiro, porém não devemos deixar de abordar esta discussão de forma responsável, tendo como base a opinião de diversos doutrinadores de referência juntamente com alguns posicionamentos jurisprudenciais favoráveis ao tema que começaram a surgir na medida em que a discussão toma força e ganha mais destaque.
Conclui-se que atualmente o direito em questão ainda não é reconhecido por muitos juristas e tribunais, porém, deixando claro que o posicionamento favorável vem ganhando força e com muitas interpretações favoráveis, graças as mudanças de interpretações e perspectivas vinculadas a dinâmica da sociedade.
REFERÊNCIAS
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