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AULA 01 - INTRODUÇÃO segunda-feira, 28 de agosto de 2017 18:44 Pressupostos do DiPri (Pierre Lavive) • Estado soberano: Estado que é fonte direta do direito – julga, legisla; • Relações multiconectadas/plurilocalizadas: contém elementos internacionais, elementos que tenham conexão interna e externa; • Aplicação do Direito Estrangeiro (pcp geral): casos em que aquela relação jurídica é mais intimamente ligada ao direito estrangeiro do que nacional; Objeto do DiPri (doutrina francesa) • Conflito de leis: quando dois diferentes ordenamentos jurídicos contém cada um uma regra própria para reger aquela relação. BR =LINDB; • Condição jurídica do estrangeiro: situação daquele que não é nacional: entrada, permanência e saída do estrangeiro; • Nacionalidade: vínculo jurídico-administrativo que liga um sujeito ao Estado; • Conflito de jurisdições. Jurisdição 1. Conceito: poder, atividade e função do Estado soberano de dizer o direito no caso concreto com força definitiva. • trata-se de atributo do Estado soberano; • compete ao próprio Estado definir. O conflito de jurisdições advém da soberania em sua vertente externa (não submissão à jurisdição de outros países) [há também a vertente interna da soberania: monopólio do uso da força]. • jurisdição simultânea; • jurisdição concorrente; • forum shopping (escolha da legislação mais favorável). • Jurisdição direta: aplicação do DIPRI diretamente pelas autoridades (BR: arts 21 a 25 CPC); • Jurisdição indireta: cooperação jurídica internacional (realização da justiça em Estado para que se produzam os efeitos em outro Estado – BR: arts 26 a 41 e 960 a 965, CPC + Tratados). 2. Princípio da territorialidade A autoridade judiciária deve sempre aplicar a lei processual do local que a rege (DIP). • ordinatoria litis (questões processuais) x decisoria litis (questões materiais); • lex fori; • via arbitra: trata-se de exceção. Não necessariamente decorre do pcp da territorialidade, pois nem sempre as questões processuais serão baseadas no ordenamento local, é possível escolher qual direito processual utilizar. 3. Extensão e limites da jurisdição nacional • Jurisdição x competência: A jurisdição possui o conceito acima mencionado e é atributo de todo membro do poder judiciário. Já a competência é uma faculdade para julgar determinada causa. Estabelecida pelo ordenamento interno de acordo com o princípio da efetividade - a decisão tomada pela autoridade judiciária deve ser efetivamente cumprida. Esse conceito de efetividade, inclusive, teve sua ideia ampliada: deve constituir real interesse pelo Estado que a julga; bem como deve ter real conexão com ele. OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 1 de 1 11-10-2017 20:36 AULA 02 - JURISDIÇÃO CONCORRENTE E EXCLUSIVA terça-feira, 8 de agosto de 2017 19:54 Jurisdição 1. Princípio da efetividade -> considerado o grande parâmetro para determinação das regras de alcance de jurisdição se divide em 2 aspectos: garantir que a decisão prolatada pelo juiz nacional possa ser executada e que o estado realmente tenha interesse em reger, em promover a justiça naquela situação. 2. Princípio da territorialidade -> faz com que a decisoria litis (questões de mérito) e a ordinatoria litis (matéria processual) não sejam sempre coincidentes. A regra de conexão indicando lei estrangeira ainda será aplicada a lei do foro, a lex fori. Também se aplica à arbitragem, mas não é obrigatório. Algumas questões processuais são consideradas tão próximas do mérito que a doutrina e a jurisprudência aplicam pacificamente não a lei do foro, mas a lei aplicável pelas regras de conexão. • Carmen Tiburcio -> princípios do acesso à justiça; soberania; autonomia da vontade. A professora coloca esses princípios de forma mais progressista, que se relaciona com a cooperação. Jurisdição é o poder, atividade é função do estado soberano de dizer o direito no caso concreto com força definitiva. Esse atributo é comunicado a todos os entes do PJ, sendo um atributo genérico e não se confundindo com a competência. Jurisdição concorrente É aquela na qual a autoridade brasileira é competente para decidir sobre determinada matéria, mas isso não afasta a competência de autoridades estrangeiras. Disso decorre a possibilidade ou não de uma sentença estrangeira ser homologada no Brasil. Na exclusiva, o direito brasileiro só reconhece a jurisdição brasileira pra decidir sobre aquelas matérias, disso decorre que uma sentença estrangeira não poderá ser homologada no Brasil. Na concorrente, portanto, o autor pode escolher aonde prefere propor a ação. A determinação do alcance da jurisdição nacional é sempre anterior a determinação da lei aplicável. 1. Domicílio do réu -> hipótese de competência geral. Art 21, I, CPC. Réu domiciliado no Brasil. Essa hipótese é considerada de competência geral porque autoriza que a autoridade brasileira aprecie o conflito qualquer que seja a natureza da matéria, desde que o réu esteja domiciliado no Brasil. 2. Pessoa jurídica -> Art 21, § único -> pessoas jurídicas. A regra geral de domicílio da pessoa jurídica é o Art 75, IV, CC. Tratando-se de subsidiária, não há problema, pois tem personalidade jurídica própria, mas tratando de sede, OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 1 de 3 11-10-2017 20:36 sucursal, etc., pela regra geral o domicílio seria no estrangeiro, mas pra evitar que ela não possa ser acionada, o legislador trouxe esse § único. 3. Obrigações que devem ser cumpridas no BR -> art 21, II, CPC. 4. Ato ou fato ocorrido no BR -> Art 21, III, CPC. Aqui podemos perceber que o PJ brasileiro é competente para julgar os casos de matéria contratual: réu domiciliado no Brasil, obrigação contratual realizada no Brasil e contrato celebrado no Brasil. Em matéria extracontratuais, ou seja, ações que versam sobre fato ilícito: réu domiciliado no Brasil ou se o fato tiver ocorrido no Brasil. Ainda sob a égide do CPC de 73, o STF entendeu que essas situações não são cumulativas, basta ocorrer uma delas pra que seja incluída na jurisdição nacional. 5. Alimentos -> Art 22, I, CPC. Inspirado no princípio de proteção da parte mais fraca da relação. É a manifestação do princípio da efetividade, especialmente na alínea b. 6. Consumo -> Art 22, II, CPC. Inspirado no princípio de proteção da parte mais fraca da relação. Domicílio do autor. 7. Eleição de foro -> Forma mais comum é a posição da cláusula de eleição de foro num contrato. Art 22, III (efeitos positivos - reconhecem a competência da autoridade brasileira, expressa ou tacitamente) c/c Art 25, CPC (efeitos negativos - denegam a competência da autoridade brasileira, apenas de forma expressa e vedado nos casos de competência exclusiva). • Protocolo de buenos Aires de 1994 -> era o que servia antes do NCPC, mas foi celebrado no âmbito do Mercosul e só vale para os países signatários. Coexiste com o NCPC, sendo aplicado às relações com os países signatários, e o NCPC aplicado às relações com os demais países. Jurisdição exclusiva Normalmente relacionadas às questões de soberania, questões caras ao estado. Pode acabar cerceando o acesso à justiça das partes e, portanto, são exceção e cada vez mais superadas, em vista da nova visão de soberania, que se preocupa mais com a promoção de direitos e com a realização de justiça no caso concreto. 1. Imóveis situados no BR -> Art 23, I, CPC. Não distingue ações fundadas em direitos reais de ações fundadas em direitos pessoais. O entendimento atual do STF, ainda sob a égide do CPC de 73, é de que essa hipóteses de jurisdição exclusiva somente se aplica aos direitos reais. 2. Inventários e partilhas de bens situados no BR -> causa mortis ou inter vivos. É uma novidade do NCPC tratar da partilha inter vivos (ex: ações de divórcio em que o casal tem bens de mais de um país. Importante dizer que a competência é pra tratar da PARTILHA, e não do DIVÓRCIO). • Unilateralidade -> as regras de jurisdição são necessariamente unilaterais, a lei brasileira deve se limitara OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 2 de 3 11-10-2017 20:36 dizer até onde vai sua própria jurisdição, não cabe a um estado dizer sobre a jurisdição de outro estado. Ver normas bilaterais e unilaterais (caderno de DiPri I). • Não taxatividade -> inicialmente, o STJ manteve a posição de que as hipóteses de concorrência exclusiva e concorrente seriam taxativas, mas essa posição foi recentemente mudada, passando a compreender que as hipóteses de jurisdição nacional são enumerativas, em conformidade com o princípio do acesso à justiça. Princípios da fixação e do exercício da jurisdição 1. Efetividade (X forum non conveniens) -> princípio basilar do Dipri. 2. Proximidade -> uma relação jurídica multiconectada deve ser regida pelo direito mais próximo, mais íntimo. Deve haver um real vínculo entre a questão que a norma tenta alcançar e o ordenamento jurídico brasileiro. 3. Soberania -> hoje a doutrina não vê apenas como interesse do estado, mas também dever do estado em prestar uma boa justiça, de forma efetiva. 4. Acesso à justiça -> novidade no dipri, vem da evolução do direito internacional dos direitos humanos. O Art 4º do NCPC vem consagrar esse princípio, com a primazia da decisão de mérito, uma necessidade de interpretação concreta do princípio do acesso à justiça. Um exemplo é a regra de competência do domicílio do réu; outro exemplo, a proteção da parte mais fraca da relação jurídica. 5. Boa fé processual -> também vem no Art 4º do NCPC e determina que às partes encarem o processo com honestidade, respeitando o legítimo interesse uma da outra. Podemos vê-la na presunção de veracidade na eleição do foro. 6. Autonomia da vontade (forum shopping) -> ainda tem uma aplicação bem complicada no tocante às regras de jurisdição nacional, pois ainda é muito relacionado com o direito privado. Disso decorre o forum shopping, que é quando temos jurisdição concorrente e o jurisdicionado escolhe o que é mais vantajoso pra ele (por exemplo, por critérios como a regra aplicável, os custos, a celeridade etc.). OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 3 de 3 11-10-2017 20:36 AULA 03 - IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO 07:48 1. Soberania: vertente interna X externa -> a jurisdição direta é decorrente de uma das vertentes da soberania, que é a interna (possibilidade de exercer jurisdição em seu território nacional). A externa é não estar submetido à jurisdição de outro país e é dessa vertente que retiramos a imunidade de jurisdição. 2. Igualdade: par in parem non habet jurisdictium -> a imunidade de jurisdição é um princípio do dip que advém da soberania em sua vertente externa e da igualdade, pois entre pares não há jurisdição. Hoje esse princípio já é flexibilizado pois a própria ideia de jurisdição é flexibilizada. Se não é possível que nenhum outro foro discuta a questão concreta de um estado soberano e ainda assim seja mantida a imunidade de jurisdição, ocorre a ausência de responsabilização do estado e a denegação do acesso à justiça (imunidade x arbitrariedade/denegação de justiça). A ideia da imunidade de jurisdição absoluta pra relativa está inspirada na ideia do princípio do acesso à justiça. 3. Imunidade de jurisdição propriamente dita X imunidade de execução -> a propriamente dita diz respeito ao processo de conhecimento e a de execução diz respeito à execução de bens, ou seja, atos de natureza constritiva sobre bens materiais ou imateriais de estado estrangeiro, abrangendo também medidas cautelares. Imunidade do Estado 1. Convenção da ONU de 2004 (não está em vigor) -> ainda não está em vigor por ausência de ratificações suficientes para tanto. Por enquanto, não há nenhum acordo internacional em vigor sobre o assunto. 2. Legislações nacionais (EUA, RU, Canadá, Austrália, Argentina) -> em alguns países, a ausência de legislação internacional fez com que alguns países adotassem legislações nacionais 3. Brasil: costume internacional, legislação e jurisprudência comparadas -> o Brasil, nos casos concretos, recorre ao direito consuetudinário e aos estudos de direito comparado. 4. Século XX (relativização) -> apesar de ser a imunidade que embasa as demais, não é a mais antiga, até porque o estado da imunidade é anterior ao conceito de estado. 5. Ius imperii X ius gestionis (renúncia tácita) -> principal forma de flexibilização da imunidade de jurisdição. O primeiro diz respeito aos atos praticados pelo estado no exercício de sua soberania, o segundo são os atos praticados pelo estado como se particular fosse. O fundamento é a renúncia tácita, o estado, ao praticar um ato de gestão estaria tacitamente renunciando à sua imunidade. 6. Finalidade X Natureza -> o critério da finalidade do ato diz que se o ato tem por objetivo cumprir uma função soberana, ele é ato de império. Se o objetivo não foi diretamente relacionado à soberania do estado, é um ato de gestão. O critério da natureza olha pra pessoa que praticou o ato: se ela estiver investida de função soberana e não poderia ser praticado por um particular, é um ato de império. Se poderia, é ato de gestão. O critério que prevalece hoje é o da finalidade. 7. Lista não exaustiva: • Ilícitos no foro; • Questões trabalhistas; • Atividades comerciais; • Bens situados no foro. 8. AC 9696/1990 (STF) - genny de Oliveira -> primeiro caso brasileiro em que houve flexibilização de jurisdição. Caso de aceitação de questões trabalhistas em que não foi aceito o princípio de imunidade de jurisdição. Renúncia à imunidade de jurisdição pelo Brasil A respeito do art. 109, I, CF há uma divergência doutrinária: 1. Doutrina tradicional (Haroldo Valladão, Pontes de Miranda) -> a doutrina tradicional, ao interpretar esse artigo, que prevê a competência da justiça federal pra tratar de ações que envolvam a união, identificavam nessa regra uma hipótese de jurisdição exclusiva da autoridade judiciária brasileira,não sendo possível ao estado brasileiro litigar diante de outra jurisdição. 2. Doutrina moderna (Jacó Dolinger, Carmen Tiburcio e A. Madruga) -> a doutrina mais moderna diz que há uma confusão no conceito de distribuição interna de competência e regas que fixam os limites da jurisdição nacional, podendo sim, como exercício de sua soberania, o estado brasileiro prenunciar à sua imunidade de jurisdição perante um estado estrangeiro. Imunidade de execução Ideias Iniciais OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 1 de 2 11-10-2017 20:37 Aqui não há uma flexibilização tão intensa quanto na de estado, mas isso não significa que o processo de conhecimento seja em vão. Inclusive é até surpreendente a quantidade de casos em que se dá o cumprimento voluntário pelo estado estrangeiro, por razões políticas e midiáticas. 1. RE 803804 (STF, Min. Luiz fux) -> verificou-se o afastamento da imunidade de execução da Arabia saudita para impedir a execução de um imóvel situado no Brasil. 2. Art 11, §§ 2º e 3º, LINDB -> os estados estrangeiros só estão autorizados a adquirir bens imóveis no Brasil afetados à sede dos representantes diplomáticos ou consulares. Se não for o caso, será alcançado pela jurisdição executiva brasileira. Quando tratamos de organizações internacionais e seus representantes consulares e diplomáticos, isso decorre de uma base sólida prevista nas convenções de Viena sobre relações diplomáticas (1961) e relações consulares (1863). As imunidades consulares e diplomáticas tem por objetivo garantir aos representantes do estado um círculo de independência que permita a eles cumprir suas funções oficiais com liberdade. Via de regra, é uma imunidade absoluta, muito menos flexível do que a do estado propriamente dito. Isso é muito criticado pela doutrina: se a imunidade de estado já afronta o princípio do acesso à justiça, imagina uma organização internacional que não possui PJ próprio. Em alguns casos, as questões podem ser aprovadas por tribunais administrativos da organização internacional, por tribunais internacionais ou por arbitragem. • Missãodiplomática e consular -> A missão diplomatica é chefiada pelo embaixador que tem o objetivo de representar o Estado em questões políticas no exterior. Já a consular representa os interesses privados dos nacionais no estado estrangeiro. A imunidade diplomática é mais ampla alcança o diplomata, seus familiares se não forem nacionais do estado que estão, seus funcionários se não forem nacionais nem residentes do Estado acreditado e os empregados dos agentes diplomáticos nas mesmas condições dos funcionários da missão. A imunidade de jurisdição e absoluta em matéria penal, e e m matéria civil comporta apenas três exceções, são elas: Art. 33 da Convenção de Viena de 1961 — ação que verse sobre imóvel particular que não esteja afeto as funções oficiais, ação sucessória na qual o agente figure de qualquer forma e ações referentes a profissões liberais ou atividades comerciais exercidas pelo agente diplomático, também não relacionadas a suas funções oficiais. No caso dos funcionários e empregados a imunidade só abrange os atos relacionados ao exercício de suas funções oficiais. A imunidade consular apenas abrange os atos praticados no exercício das funções oficiais e não abrange os familiares. OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 2 de 2 11-10-2017 20:37 AULAS 04/05 - JURISDIÇÃO INDIRETA 07:48 Cooperação jurídica internacional São meios que os estados usam para que um ato produzido em um estado possa ter valor em outro estado, por isso é chamada de aplicação indireta do direito estrangeiro. Não se usa o direito estrangeiro propriamente dito (aplicação direta), apenas se admite que produza efeitos, não é uma aplicação judiciária propriamente dita. Atos pré processuais também podem ser comunicados. Logo, a cooperação jurídica internacional é o conjunto de mecanismos e instrumentos por meio dos quais um estado solicita a realização de atos processuais pre processuais ou extra processuais no âmbito do território de outro estado por meio das instituições internas deste último. Esta matéria tem grande importância no DIPRI contemporâneo, há uma tendência de materialização das regras de direito de DIPRI, para a realização concreta de justiça, realização de direitos ao invés de apenas aplicar a lei estrangeira em uma relação muiti conectada, há uma preocupação nos aspectos processuais para a materialização da justiça. Temos a ideia do direito internacional da cooperação, mas não apenas jurídica. Isso é uma mudança de paradigma de um direito internacional de coexistência para um direito internacional de cooperação, voltado para os interesses comuns de todos os estados e visto o ser humano como o objeto central do dipri. Dentro da revolução da gramática dos direitos humanos, com os tratados, o ser humano passa a ocupar o centro dos interesses comuns dos estados e isso se transforma no elo entre os estados, contaminando todos os ramos do direito, não apenas do dipri. Nesse contexto, no âmbito do direito internacional, temos o conceito de Peter Haberle de um estado constitucional cooperativo, ou seja, um estado constitucional aberto ao direito internacional (Art 4º da Cf). Quanto maior a integração entre os países, passa a ser impossível para os estados realizarem justiça no caso concreto sem utilizar recursos da cooperação internacional, é o que se chama de soberania compartilhada. Em 2004, criou-se no âmbito do ministério da justiça, o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), que passou a tocar toda a atuação do estado brasileiro com relação à criação, discussão e atuação do Brasil em tratados de cooperação jurídica internacional. As fontes da cooperação jurídica internacional podem ser internas ou externas. Tradicionalmente, as fontes internas da cooperação jurídica internacional estavam esparsas pelas leis brasileiras, mas recentemente passaram a ser aplicadas como fontes internas os regimentos internos do STJ e do STF. O novo CPC trouxe um verdadeiro sistema de direito processual civil interno, em seus arts 26 a 41 e 960 a 965. O NCPC da uma roupagem bem recente, bem nova a essa matéria. Os princípios, por exemplo, estão no Art. 26. Em especial o inciso IV do Art 26 é importante mencionar, que é o princípio do respeito às autoridades centrais: normalmente o tratado prevê qual é a autoridade central, mas no caso de não prever, segundo o parágrafo 4º do art. 26 do CPC , cabe ao Ministério da Justiça, que o faz por meio do DRCI. A ideia é que quando há uma autoridade especializada em determinado assunto, haverá maior celeridade. Mas esse dever de cooperação não impede ao Estado negar essa cooperação, quando considerado violador de preceitos fundamentais (princípio da ordem pública - art. 26, parágrafo 3º c/c art. 39 do CPC ). No entendimento da doutrina tradicional, o conceito de ordem pública deve ser amplo (enorme discricionariedade ao aplicador do direito). No legislador do NCPC, contudo, há um interesse em restringir a aplicação do princípio da ordem pública (esse OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 1 de 4 11-10-2017 20:38 princípio deve ser aplicado com parcimônia).O princípio da cooperação, para a doutrina moderna, portanto, só pode ser recusado se a ofensa for grave, contundente à ordem pública, e não a mera ausência de compatibilidade entre normas. Essa tendência também está presente em tratados mais recentes. O Art 27 do CPC é um rol não exaustivo de possíveis objetos da cooperação jurídica internacional. Rol expressamente enumerativo. Ainda assim, o CPC dedica seções específicas à carta rogatória, homologação de sentença estrangeira e ao auxílio direto. Nos 2 primeiros, existe a necessidade de prévio processamento do pedido de cooperação pelo STJ (juízo de delibação), que é um trâmite que prejudica a celeridade da cooperação. Por isso mesmo foi desenvolvido o auxílio direto. 1. Homologação de decisões estrangeiras Tratada a partir do Art 961 do CPC. Praticamente todos os estados aceitam esse instrumento. Existem 2 sistemas para analisar a compatibilidade com o direito interno: 1. Sistema difuso -> diversas autoridades possuem competência para homologação; 2. Sistema concentrado -> competência de um único órgão. É a tradição brasileira, conferindo ao STF em sua redação original essa competência. Com a EC 45/04, essa competência foi deslocada para o STJ. Art 105, I, i, CF. A homologação de decisão estrangeira possui natureza constitutiva, é ação judicial de natureza constitutiva, por meio da qual a decisão estrangeira adquire título executivo judicial, como se tivesse sido proferida no Brasil. Após a homologação, a execução compete aos juízes federais, conforme Art 109, X da CF. A ação de homologação é considerada um sistema de contenciosidade limitada (juízo de delibação), é uma análise meramente superficial daquela decisão que pretende verificar apenas requisitos formais, se aquela decisão é compatível com a ordem pública brasileira ou não. Não há a possibilidade de questionamento do mérito daquela decisão. Requisitos para a homologação de sentença estrangeira (art. 963, CPC) • Competência da autoridade que proferiu a decisão (Art. 963, I) -> Não é necessário que a decisão tenha sido proferida por uma autoridade judicial, basta que aquela autoridade que proferiu a sentença tenha competência para fazê-lo dentro da distribuição interna. Contudo, é necessário que a decisão, se fosse feita no Brasil, deveria ser feita por uma autoridade judicial brasileira. Caso contrário, a decisão não é considerada homologável. ATENÇÃO: art. 24, CPC. Ação judicial em trâmite no exterior não induz litispendência. Há entendimento jurisprudencial de que, havendo decisão brasileira, mesmo que não transitada em julgado, não é possível homologar decisão estrangeira sobre aquele mesmo assunto. Isso é uma exceção à possibilidade de jurisdição concorrente/concomitante. Para o NCPC, os títulos executivos extrajudiciais não dependem de homologação judicial. • Citação regular do réu (Art.963, II) -> É o grande obstáculo à HSE. O STJ entende que, para que a citação no estrangeiro seja considerada regular, ela deve obedecer aos preceitos internos de citação no exterior (citação por meio de carta rogatória). Logo, mesmo que a legislação interna do outro país preveja outros meios de citação, se não for por meio de carta rogatória, o STJ entende que houve violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa, não podendo tal decisão ser executada no Brasil. • Eficácia da decisão no país em que foi proferida (Art. 963, III) -> A decisão deve ser definitiva, apta a produzir efeitos para que se tenha certeza de OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 2 de 4 11-10-2017 20:38 que naquele processo foi garantido o contraditório e a ampla defesa. Nem o CPC nem a jurisprudência estabelecem uma forma específica pela qual deve ser aferida essa eficácia. Não é necessário que haja nenhum documento comprobatório específico, outros meios de comprovação que não a certidão de TJ (que não existe em todos os países) são aceitos pelo STJ. • Coisa julgada (Art. 963, IV) -> a decisão estrangeira não pode tratar de matéria acobertada pela coisa julgada no direito brasileiro. • Tradução oficial (Art. 963, V) -> Deve haver uma tradução juramentada da decisão estrangeira, ou seja, aquela feita por tradutor dotado de fé pública. Aqui, ele deve estar inscrito na junta comercial. Antigamente, a jurisprudência via esse requisito de maneira muito restrita, cheia de burocracias. Hoje, contudo, esse entendimento já mudou, até antes da entrada em vigor do NCPC. O STJ admitia que quando o pedido de homologação fosse transmitido por meio das vias diplomáticas, era dispensada a tradução juramentada da decisão, bem como a consularização. Com a entrada em vigor do NCPC, em seu Art 41, há a dispensa expressa da consularização em qualquer caso. São 2 as previsões que consolidam posicionamentos jurisprudenciais anteriores que são os parágrafos 2º e 3º do art. 961 -> a ideia é de que se aquela decisão estrangeira, de alguma maneira, ofende o princípio da ordem pública e por isso não pode ser homologada, não há porque recusar a homologação de toda a decisão. 2. Cartas rogatórias A autoridade judiciária nacional, vendo que será necessária determinada diligência fora de seu território, solicitará as diligências através da carta rogatória. Isso ocorre em todas as esferas. • Ativa -> estado brasileiro solicita; • Passiva -> estado brasileiro é solicitado. A primeira previsão das cartas rogatórias foi o aviso circular 1/1847. Art 26, CPC - a primeira fonte deve ser o direito internacional (tratados). Art 256, § 1º, CPC - citação por edital (ficta) de réu domiciliado no exterior. Exceção à regra de ser por carta rogatória. Normalmente ocorre em estados que não possuem a prática da carta rogatória. Art 960, § 1º, CPC - qualquer diligência solicitada por autoridade estrangeira, para ter validade no Brasil deve ser feita por meio de carta rogatória, exceto se houver previsão diversa em tratado. Art 7º da convenção interamericana sobre cartas rogatórias de 1975 - primeira mitigação do juízo de delibação de cartas rogatórias (na época pelo STF). No protocolo de ouro preto de 1994 (Art 19), havia a mesma previsão. É uma tendência o interesse em garantir a cooperação mais ágil entre países fronteiriços. Esse caso foi tratado na reclamação 717/97 - juiz do RS recebeu carta rogatória de um juiz uruguaio e deu cumprimento sem enviar pro STF. O STF julgou a decisão inválida por usurpar a competência do tribunal. Desde então, não houve qualquer julgamento a esse respeito. Desde a entrada em vigor do CPC, a tendência é acompanhar os tratados e alterar a jurisprudência. Logo, tal como na HSE, temos esse sistema de contenciosidade limitada, há o juízo de delibação. Na análise da carta rogatória, o conceito de ordem pública é alterado. Há uma interpretação de que deve ser ampliada porque se a ação versar sobre assunto que viola a ordem pública (ex: jogos de azar), não pode pra ser executada no Brasil. Contudo, essa interpretação é equivocada porque a carta rogatória é para mera diligência, que vai contribuir pra uma ação que poderá ser executada no OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 3 de 4 11-10-2017 20:38 exterior, ainda que não aqui. Requisitos: arts 963 e 964 do CPC. Art 8º do protocolo de las leñas de 1992. • Cartas rogatórias executórias -> aquelas que contém medidas constritivas de direitos. Ex: quebra de sigilo bancário. Tradicionalmente, não são aceitas no Brasil. Vedação prevista desde a lei 221/1894. É conceito aberto e a jurisprudência diverge sobre o que impõe ou não constrição de direitos. O dever de expedir e cumprir cartas rogatórias, ou seja, dever de cooperação, é resultado de uma nova ordem constitucional. A primeira noção de obrigação veio na convenção interamericana sobre cartas rogatórias de 2975 (Arts 2º e 3º), posteriormente incorporada à CF. Carta rogatória 999/05 - Leading case de medida restritiva de direitos por carta rogatória autorizada pelo STJ. Resolução 9/05 do STJ (natureza administrativa), Art 7º c/C Art 8º, § único. OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 4 de 4 11-10-2017 20:38 AULA 07 - SUBTRAÇÃO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS 07:48 Conceito Episódio em que uma criança é indevidamente transferida para fora do ambiente familiar e social em que sua vida se desenvolvia regularmente ou retida fora dele. Convenção da Haia sobre os aspectos civis e subtração internacional de crianças de 1983. Art 11 da convenção da ONU sobre os direitos da criança de 1989. Motivação do genitor abdutor Geralmente a intenção é levar a criança para longe do genitor abandonado e o genitor abdutor tem uma ideia de levar a criança pra um país em que a lei vai ser mais favorável a eles, em termos de guarda, direito de visita etc. (situação jurídica da criança). Consequência fática e consequência jurídica A conseguimentos fática é a carga emocional e impacto psicológico pra criança. A consequência jurídica é que a criança tem sua situação jurídica decidida por um juiz que não é seu juiz natural, e a convenção de Haia busca combater isso, porque a criança deve ser julgada pelo seu juiz natural, ou seja, aquele do estado mais próximo de sua residência habitual. A intenção do Abdutor é que o país de estado de refúgio de aparência de legalidade àquela situação ilícita. Essas preocupações começaram com a expansão da doutrina dos direitos humanos, em que a criança começou a ser vista como sujeito de direitos, a parti da década de 60, e não como mero objeto do poder parental. O primeiro março nesse sentido foi o uniform child custody jurisdiction Act (1968), que combateu o legalized kidnapping. Título da convenção • Aspectos civis -> Quando a convenção da Haia fala sobre aspectos civis do sequestro, ela se preocupa com um problema específico de sequestro de crianças, que é o familiar. Não foram previstas consequências penais, pois considera-se prejudicial, uma vez que o genitor abdutor fica mais resistente a cooperar se ele souber que haverá consequência penais. • Sequestro -> apenas usado no título e não foi tradução literal, quando promulgado no Brasil. Requisitos (Art 3º da convenção de Haia) • Violação do direito de guarda -> atribuído por juiz estrangeiro reconhecido pela lei do estado de residência habitual ou por juiz do local de residência habitual; • Exercício efetivo de retenção -> a transferência pode ter sido lícita, mas a retenção ilícita. Direito de guarda (Art 5º da convenção de Haia) Quando há a atribuição do direito de guarda a determinada pessoa, há uma presunção relativa do exercício dessa guarda e cabe à parte que não tem a presunção a seu favor o ônus da prova. O conceito de direito de guarda, assim como outros conceitos da convenção, é um conceito autônomo da convenção, pois não guarda correspondência necessária a nenhum direito interno. Nesse sentido, difere do Art 33 do ECA.A convenção se aplica até os 16 anos de idade (Art 4º) e o ECA, até os 18. Além disso, o conceito de guarda é diferente em cada um deles. Retorno imediato da criança (Art 1º) É a solução da convenção, sob a ideia de que quanto menos tempo aquela criança passar longe de se local de residência habitual, menores serão as consequências fáticas e jurídicas. É uma solução emergencial, que desincentiva novos episódios. A convenção também tem um caráter preventivo, primeiro no retorno imediato, pois o fato do abdutor saber que existe essa convenção, o desincentiva a praticar OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 1 de 3 11-10-2017 20:41 novos episódios. Além disso, a convenção auxilia os estados na organização dos direitos de guarda e visita, criando ambientes familiares mais sadios, evitando episódios de subtração. Mecanismo cooperacional (arts 8º em diante) O genitor abandonado vai à autoridade central de seu estado e informa o sequestro, a autoridade central entra em contato com a autoridade central do estado em que a criança se encontra. Primeiramente, a autoridade central tenta uma solução amigável e, se não der certo, ela deve entrar com a ação de busca e apreensão do menor (Art 109, Cf). Ela vai acionar a AGU, que tem legitimidade para entrar com a ação. O objeto dessa ação não é discutir guarda, mas levar a criança a seu estado de residência habitual par que sua situação jurídica seja discutida lá. Mas isso não tira a legitimidade do genitor abandonado para entrar direto com a ação, mas geralmente é difícil porque ele mora em outro país. Então a legitimidade e o interesse de agir são tanto da união federal quanto do próprio interessado. • Natureza mista -> prevê obrigações tanto para as autoridades centrais quanto para as autoridades internas de cada país (administrativas ou judiciais). • Competência -> Justiça federal. Vedação à tomada de decisões sobre o mérito (arts 16 e 17 da convenção) O estado que avalia o retorno da criança não pode decidir sobre a guarda pois isso da aparência de legalidade àquela situação ilícita e, se mesmo assim houver essa decisão, isso não pode impedir que a criança seja levada de volta pro seu estado de residência habitual. Exceções ao retorno (arts 12, 13 e 20) O juiz não está obrigado a conceder o retorno. Ainda que haja as hipóteses abaixo, ele não é obrigado a determinar o retorno. • Adaptação da criança ao novo meio (Art 12.2) -> o juiz pode entender que a criança já está adaptada ao novo meio. O juiz pode entender nesse sentido quando já estiver ocorrido no mínimo 1 ano da subtração ilícita e mediante comunicado à autoridade central do estado requerido. Na prática, se dá pouca atenção a esses requisitos, em especial o temporal. • Inexistência de exercício efetivo do direito de guarda (Art 13.1) -> na denegação do retorno, cabe ao genitor abdutor comprovar que ele tinha o direito de guarda no momento da retirada da criança de seu ambiente habitual. • Concordância prévia ou posterior do genitor abandonado (Art 13.1) -> a ideia é evitar que essa concordância se torne um objeto de barganha (prova cabe ao genitor abdutor). • Risco de exposição a perigos de ordem física ou psíquica ou a situação intolerável (Art 13.2) -> mais utilizada, porque é um conceito muito aberto. Por isso, há uma orientação nos documentos da conferência da Haia de que haja uma interpretação limitada dessa hipótese. • Incompatibilidade com princípios fundamentais (Art 20) -> essa convenção é um dos raros tratados que não tratam do princípio da ordem pública, pois é antiga. Então entende-se que aqui seria violação grave à ordem pública. Prestação de alimentos no exterior • Império -> • Constituição de 1891 -> • CC de 1916 -> • EC n. 9/77 -> • CF/88 -> • EC n. 66/2009 -> • Convenção de NY de 1956 -> Autoridade central: PGR • Convenção interamericana de 1989 -> • Convenção da Haia de 2007 -> CJI em matéria penal OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 2 de 3 11-10-2017 20:41 • Extradição -> entrega: submissão a processo e execução da pena • Pré-Estado de Direito-> crimes militares, políticos, religiosos • Final do século XVII -> crimes comuns (instrumento da política criminal repressiva) • Base -> tratado e declaração de reciprocidade • Não extradição -> Brasileiro nato (Art 5º, LI, CF): Crime político ou de opinião (Art.5º, L, II, CF): OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 3 de 3 11-10-2017 20:41 AULA 06 - COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL quarta-feira, 20 de setembro de 2017 18:44 ESTRUTURA GERAL DA COOPERAÇÃO JURIDICA INTERNACIONAL 1. Sujeitos: são os atores envolvidos • Diretos/imediatos: são aqueles formalmente responsáveis por promove-la: Estados • Indiretos/Mediatos: os indivíduos que tem seus interesses envolvidos (os beneficiados ou prejudicados pelo fato jurídico a ser buscado pela cji) Há também que se ressaltar que o direito pós moderno trouxe a problemática de que no âmbito dos direitos humanos também existem conflitos, como por exemplo, negar o acesso à justiça (sempre que um pedido de cooperação for denegado fere o acesso à justiça, acesso ao poder judiciário propriamente dito) 1. Vias: caminho pela qual transita a cooperação • Diplomática: a tradicional, cujas características são a preexistência e a permanência • Autoridades centrais: tem como características a adequação (faz apenas juízo de delibação); celeridade; eficiência (os países vão sempre buscando treina-las, portanto cada vez mais se tem autoridades mais aptas a cooperar); expertise (por ser um órgão especializado) • Contato direto: âmbitos regionais em que há forte integração (ex. zonas de fronteira) Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen- ALE e BENELUX • Formas simplificadas: como via postal 1. Veículos: carregam o pedido de CJI • Carta rogatória • Ações: ação de homologação de sentença; ação de auxílio direto; ação de alimentos • Pedidos: transferência de processo; transferência de sentenciado etc PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA CRIANÇA - Conv. De Haia Relativa à Adoçao = evolução da estrutura familiar (relação fática) Identificação da criança como sujeito de direitos; perspectiva atual em que a criança é vista com a condição de ser em desenvolvimento. Assim, devido a essa condição especifica/especial o tratamento desigual se justifica (prioridade) – exceção ao pcp da igualdade Cada Tratado que versa sobre o tema estabelece a faixa etária especifica para proteção – cada um traz seu conceito de criança 1924: Decl Genebra (1º instrumento, 5 pcps) 1946: criação da UNICEF 1948: DUDH – traz entre eles a proteção à criança 1959: outro instrumento declaratório – Haia (1º vez que traz a CJI) • Os dois últimos são tidos como soft Law, ou seja, não houve procedimentos formais de celebração de tratados 1989: Conv. ONU para direitos da Criança Pcp: proteção ao melhor interesse da criança (prevê expressamente a necessidade de CJI) 1996: previsão de que o Estado de residência habitual da criança é o que decidirá as questões OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 1 de 1 11-10-2017 20:41 AULAS 08/09 - PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS NO EXTERIOR, ADOÇÃO INTERNACIONAL, CIJ PENAL 08:18 Prestação de alimentos no exterior • Império -> noção unitária de vínculo familiar, modelo familiar único (vínculo matrimonial entre homem e mulher tendente a permanência); • Constituição de 1891 -> laicização do estado brasileiro; • CC de 1916 -> casamento passa a ser reconhecido como instituição civil, e não religiosa, mas ainda com influência dos dogmas religiosos; • EC n. 9/77 -> direito brasileiro passa a aceitar o divórcio, mas com requisito temporal; • CF/88 -> requisito temporal mitigado; • EC n. 66/2009 -> divórcio aceito de maneira direta; • Convenção de NY de 1956 -> convenção de nova york sobre prestação de alimentos no exterior. É antiga, mas é muito efetiva. Deve ser aplicada a regra mais benéfica para o credor de alimentos. Ver fixação de jurisdição para prestaçãode alimentos na convenção. O reconhecimento do direito da criança a alimentação acompanhou a evolução do divórcio. Autoridade central: PGR • Convenção interamericana de 1989; • Convenção da Haia de 2007 -> veio como uma nova convenção após a de NY. Foi ratificada no Brasil no final de 2016. Ainda não tem aplicação prática. Busca definir a atuação das autoridades centrais com maior cuidado;oferece formulários já prontos par se fazer pedidos com base no tratado, dando menor margem à denegação por forma. Adoção internacional É a colocação da criança em um lar jurídico e afetivo substituto à sua família natural ou biológica. Ela é internacional quando é dotada do que Jacó Dolinger chama de elemento de extraneidade, ou seja, vínculo que relacione aquela adoção a ordenamentos jurídicos diferentes. Há 2 fatores: • Nacionalidade dos envolvidos; • Estado de residência ou domicílio. Art. 226, § 6º da CF - parece que da preferência ao critério da nacionalidade e foi esse critério que foi transposto pro ECA (Art 31 do ECA). Em 2009, entrou em vigor a lei da adoção, que conformou o ECA à convenção da Haia de 1993 e seu sistema cooperacional, mas ainda prevalecem algumas coisas antigas. CJI em matéria penal • Extradição -> não vamos nos alongar muito nesse tema. Extradição é a entrega de um indivíduo, com ou sem seu consentimento, para fins de submissão a processo penal em curso ou cumprimento de sentença condenatória. Seu objetivo principal é evitar a impunidade. Entrega: submissão a processo de execução da pena. Art 5º, LII, CF. Estatuto do estrangeiro: arts 81 e ss. Caso Battisti: STF, 2011. Entendeu-se que ele não seria extraditado porque era uma condenação por crime político. • Pré-Estado de Direito-> crimes militares, políticos, religiosos. Crimes praticados contra o regime do soberano. • Final do século XVIII -> crimes comuns (instrumento da política criminal repressiva). Com a imposição de regras jurídicas para limitar a atuação do estado, esse instituto abandona a perseguição do indivíduo e passa a ser utilizado para crimes comuns, exceto os militares, políticas e religiosos. Sob a égide do estado de direito. Hoje é uma cláusula tradicional essa vedação a extradição por crimes de opinião, mas a doutrina diz que isso é desnecessário, porque os estados em si já preveem que isso não é permitido, sendo um resquício do passado. • Base -> tratado e declaração de reciprocidade OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 1 de 2 11-10-2017 20:42 • Não extradição -> por crimes políticos ou de opinião e por crimes cometidos por brasileiro nato. O naturalizado pode ser extraditado em 2 hipóteses. Brasileiro nato (Art 5º, LI, CF); Crime político ou de opinião (Art.5º, L, II, CF). Não confundir extradição com entrega ao TPI. Essa entrega ao TPI é a um órgão internacional, e não a outro estado. Isso é importante pois tornamos menos restrita a entrega ao TPI, conforme doutrina majoritária. Assistência jurídica internacional penal Conceito feito por exclusão: é tudo que não é extradição, HSPE e transferência de sentenciados. • Mutual legal agreement treaty (MLAT) -> formato básico de tratado celebrado pelos EUA para assistência jurídica internacional penal. Mais importante dos tratados nesse tema. • Acordo de Schengen (1985) -> âmbito europeu, que estabeleceu livre trânsito de pessoas, bens, mercadorias e pessoas. Trouxe cooperação em matéria policial e cooperação jurídica em matéria penal. • Convenção da ONU contra o crime organizado transnacional (2000) -> primeira convenção a nível mundial. Promulgada no Brasil em 2004. Homologação de sentenças penais estrangeiras De modo geral, os estados sempre tiveram resistência à HSE penais, pois a matéria penal está muito mais relacionada com a soberania do estado. Se desenvolveu principalmente a partir da década de 70, em razão dos obstáculos à extradição, que acabavam por gerar impunidade e por motivos de ordem humanitária. O Brasil só começou a aceitar com a celebração de tratados sobre a transferência internacional de presos. Aqui há uma dualidade de interesses: impedir a impunidade e resguardar a dignidade do condenado. Transferência internacional de presos Aqui o único fundamento é a dignidade do preso, para que ele cumpra a sentença perro da sua família. O tripé que sustenta esse instituto são os 3 princípios listados abaixo.m • Declaração de Caracas de 1980. • Princípio do Consentimento/Anuência prévia do condenado -> só será realizado se o preso requerer ou consentir, sempre sendo feita no seu interesse. Ele pode comparar as leis de execução penal dos países, inclusive. • Princípio do Respeito à sentença -> só o estado que enviou o indivíduo, que proferiu a sentença, pode comutar a pena, perdoar, alterar etc., como se ele estivesse cumprindo lá. • Princípio da Execução local -> será aplicada a lei do local em que ele estiver cumprindo. OneNote Online https://onenote.officeapps.live.com/o/onenotefr... 2 de 2 11-10-2017 20:42 ======= CADERNO P2 ======== Direito Internacional Privado II 13/03/18 Prof. Carlos Campos Prova escrita: 05/06 Resultados: 29/06 Os 3 fundamentos da disciplina Direito Internacional Privado são: 1)a existência de uma pluralidade de Estados soberanos 2)a existência de relações jurídicas multiconectadas 3)admissão da aplicação do Direito estrangeiro. -Estado soberano: aquele ente que se consolida la pelo século XVII, com base territorial fixa, comunidade humana fixada e um governo soberano sobre essa comunidade humana e base territorial (3 elementos do direito internacional privado) -Soberania tem duas vertentes, interna e externa. a)A jurisdição lato sensu corresponde a essa vertente interna da soberania. b)A vertente externa é a independência do exercício dessas competências, em razão dos demais Estados. -Há relações jurídicas de direito interno e uma relação de direito internacional publico, regida exclusivamente por suas regras. -Uma relação jurídica multiconectada é aquela que é gerada pelo fluxo de pessoas, bens ou atos entre Estados distintos; cada um desses Estados tem regras aptas a reger tais relações (pluralismo jurídico). -assim temos duas espécies de relações jurídicas, que são as Relações de direito interno e as relações de direito internacional (stricto sensu). Multiconectadas são as relações regidas pelo direito internacional privado. -São essas relações que o Direito Internacional Privado vaireger. Finalidade do Direito Internacional Privado: é gerir esse pluralismo jurídico (essa diversidade de ordem jurídica) e regular essas relações jurídicas multiconectadas, o que significa indicar a lei material aplicável a reger aquela relação jurídica multiconectada (conflito de leis) e determinar qual a jurisdição capaz de conhecer e julgar litígios relativos a essas relações (conflito de jurisdições). A determinação da jurisdição, na pratica, se dá da seguinte forma: -cada Estado determina o alcance da sua jurisdição, estudo que a doutrina chama de Jurisdição Internacional. Logo, há uma diferença de natureza entre as regras relativas ao conflito de leis e conflito de jurisdições: No conflito de leis, a maioria das regras tem natureza bilateral, enquanto que no conflito de jurisdições as regras têm natureza unilateral. • Valores que orientam a indicação da lei aplicável: Há a jurisdição direta e a indireta. a)direta: trata das regras de fixação da jurisdição nacional (autoridade brasileira, no caso). b)indireta: é quando o Estado admite a produção de feitos a atos jurisdicionais estrangeiros, em território nacional, indiretamente reconhecendo a autoridade da instituição que proferiu aquele ato. -Conflito positivo de jurisdições: é quando mais de um estado se considerar apto a julgar a processar determinada lide a uma relação jurídica multiconectada. -Conflito negativo: é quando nenhum Estado se julga apto para tanto. • Principais problemas relacionadosaos conflitos de jurisdição Ao negativo, é o risco de delegação da justiça (prejudica ou até impossibilita o direito de acesso à justiça). Por outro lado, há também o risco de uma jurisdição abusiva, como o chamado fórum shopping... Fórum shopping: possibilidade que a parte, vendo tantos ordenamentos jurídicos aptos, escolha aquela jurisdição que lhe seja mais favorável. Não tem um resultado necessariamente negativo ou um impacto negativo, mas pode haver um favorecimento em justiça material aos olhos da parte contraposta; que pode prejudicar o direito da outra parte, tendo uma justiça material realizada. Valor -O principal valor que rege as relações do direito internacional privado é a proteção dos direitos humanos. -Esse posicionamento se consolidou com o século XX., mas o DIPRI se formou com o século XVIII. O século XX, então, humaniza o DIPRI. -No caso brasileiro a incorporação dos direitos humanos aparece com a CF 1988 e a humanização de direitos com o artigo 5º. Vetores específicos do DIPRI relacionados ao conflito de jurisdições: -Igualdade material e acesso à justiça são alguns valores que passam a orientar as regras de fixação de jurisdição. Obs.: Competência internacional foi afastada como nomenclatura pela doutrina atual. Atualmente se utiliza o termo jurisdição internacional. Essa mudança já é evidenciada no NCPC. 20/03/18 Critérios subjetivos: nacionalidade das partes, domicílio das partes, residência, etc. Critérios objetivos: local onde a obrigação foi estabelecida, etc. Características: I) não são cumulativos II) especialidade, ou seja, os critérios fixados em tratados têm força de lei especial; III )não são exaustivos. Essa pluralidade de critérios pode causar certos problemas (como já discutido) como a denegação de justiça e a jurisdição abusiva (ex: forum shopping). Não há interesse de codificar DIPRI, então essas cortes fazem tratados para definir a jurisdição sobre matéria específica. Funcionam como lex especiali. Modos de fixação da jurisdição internacional cível: a)Direta: uma regra que expressamente estabelece até onde vai a jurisdição de determinado Estado. Seria o caso dos arts. 21 a 25 do CPC. b)Indireta: dedução dos limites da jurisdição nacional a partir das regras de distribuição interna de competência. As hipóteses de fixação podem ser de jurisdição: I) Concorrente: a questão pode ser decidida pela justiça brasileira ou por outra estrangeira II) Exclusiva: a questão só pode ser decidida pela justiça brasileira. Cabe à autoridade judiciária brasileira falar se cabe ou não aplicação do direito de outro país, na forma da jurisdição internacional concorrente. A jurisdição internacional exclusiva diz que a decisão de outra jurisdição que não seja a brasileira não será reconhecida nem aplicada no território brasileiro. Hipóteses gerais de jurisdição: hipóteses que são aplicáveis, qualquer que seja a natureza do litígio envolvido (art. 21, CPC). O CPC trouxe duas novas hipóteses de jurisdição concorrente (hipóteses especiais): ações que tratam de prestações de alimentos e relações consumeristas (art. 22, CPC). Obs.: REsp 1168547. Eleição do foro brasileiro (art. 22, III, CPC): é a possibilidade de as partes “decidirem” ser competente para solucionar seu litígio a autoridade brasileira. Jurisdição exclusiva da autoridade brasileira (art. 23, CPC). Caso europeu: decidiu-se pela limitação da jurisdição em âmbito consumerista pelo “direcionamento do serviço”. Isso significa que o fornecedor só pode ser demandado se o seu serviço/produto foi direcionado para o país demandante. Se fosse possível fazer irrestritamente, isso impediria o acesso a justiça do fornecedor. Essa observação é utilizada, principalmente, para os fornecedores de pequeno porte. No caso concreto se observa signos de correspondência desse serviço em âmbito internacional, demonstrando o animus de o fornecedor enviar esse produto para o país demandante. 27/03 Jurisdição Concorrente • Réu domiciliado no Brasil (21, I) “domicílio” (CC) Obs.: Pessoa jurídica estrangeira: 1. Subsidiária - 75, IV, CC 2. Agência/filial/sucursal -> 21, pú, CPC* 3. Grupos econômicos -> Caso Amoco Cadiz e Caso Panasonic (STJ) • Cumprimento de obrigações no Brasil (21, II) -> localização: lex fori • Fundamento em fato ocorrido ou ato praticado no Brasil (21, III) 1. Danos causados pela internet -> REsp nº 1.168.597 (o evento danoso praticado pela internet ocorre em todos os lugares em que se tem acesso àquele) • Alimentos (22, I) 1. Jurisdição protetora (proteção da parte vulnerável na relação jurídica multiconectada) 2. Aspectos subjetivos (domicílio/residência) e objetivos (vínculos econômicos que o réu possa ter) • Relações de consumo (22,II) 1. Qualificação: CDC 2. Acesso à justiça x regras processuais protetivas (a principal regra protetiva é a inversão do ônus da prova, prevista no CPC) Obs.: A atuação do fornecedor deve ser direcionada ao Estado do consumidor (tal questão fica complicada no caso dos danos causados pela internet; logo, entendeu-se que deve haver indícios de interesse transnacional do fornecedor; contudo, não é o que se aplica no Brasil) -> Regulamento nº 1.215/2012 da União Europeia • Submissão, pela vontade das partes, à jurisdição brasileira (22, III) 1. Expressa: cláusulas eleição de foro 2. Tácita: ausência de preliminar sobre pressuposto processual 3. Imunidade de jurisdição? (Estados e Organizações Internacionais, a principio, não são submetidos à jurisdição nacional de outro Estado) 4. Princípio da submissão As regras de fixação de jurisdição nacional possuem natureza unilateral. Limitação da Jurisdição Concorrente 964, CPC -> apenas concorrente • Eleição de foro estrangeiro (25, CPC) 1. Revogação tácita por ausência de contestação 2. Limitações domésticas (63, CPC) 3. “Contratos internacionais” - lato sensu (critérios objetivos e subjetivos) 4. Valorização da autonomia da vontade: ampliação da jurisdição (22, III) e limitação da jurisdição (25,CPC) 5. CPC/73 Súmula 335/STF 6. REsp nº 1.090.720/STJ boa-fé objetiva; segurança jurídica; vedação à torpeza 7. “Fórum shopping predeterminado” a escolha deve se dar de forma prévia 8. Autonomia da vontade x Proteção da parte vulnerável 9. Contratos de adesão 10. Inefetividade do 22, III 11. 24, §2º c/c 63, §3º e 4º (abusividade) 9. REsp nº 1.518.604/STJ (“Caso Robinho vs. Nike”) • Litispendência internacional 1. Interna x Internacional (24, CPC) - Interna: identidade entre ações em apreciação pelo judiciário, assim sendo o juiz deve julgar a ação posterior improcedente. Internacional: a existência de causa no exterior não obsta o ajuizamento de ação no Brasil Preferência da jurisdição nacional: segundo essa corrente, a jurisdição nacional só não poderia apreciar a causa se houvesse decisão transitada em julgado no exterior. VERSUS Indiferença/predomínio da coisa julgada: segundo essa corrente, havendo uma ação no Brasil e uma no exterior, aquela que transitar em julgado primeiro será válida* Esta última está expressamente estabelecida na legislação pátria (art. 24, CPC). *Exige-se o duplo trânsito em julgado, isto é, o trânsito em julgado no exterior e a homologação dessa sentença no Brasil (art. 24, CPC). 03/04 Jurisdição Exclusiva Art. 964, CPC/2015 • Imóveis situados no Brasil (23, I) 1. Fórum rei sitae: o Estado se considera exclusivamente apto a processar e julgar causas sobre imóveis situados em seu território 2. Regra unilateral 3. Interesse público estratégico: imóvel como fonte de produção de riquezas e como componente do território nacional; segurança nacional. 4. Tipos de ações relativas a imóveis (causa de pedir) jus in re: relativa a direitos reais; é a corrente restritiva, pois entende que apenas ações que versam exclusivamente sobre direitos reias estão abarcadas por essa hipótese de jurisdiçãoexclusiva jus ad REM: corrente que defende que essa hipótese de jurisdição exclusiva também alcança ações que versam sobre direitos pessoais relativos a imóveis Obs.: O STF entende pela corrente ampliativa, ou seja, qualquer ação que possa alterar a situação jurídica do imóvel deve ser hipótese de jurisdição exclusiva. Ag. Reg. Na . SEC 3.989 (1988); Ag. Reg. Na SEC 7.101 (2003). • Sucessão de bens no Brasil (23, II) causa mortis 1. CPC de 2015: “confirmação de testamento particular” 2. Inventário com bens no exterior: pluralidade jurisdicional: a doutrina majoritária entende que o juiz brasileiro deve tratar apenas dos bens situados no Brasil ,deixando os bens situados no exterior aos tratos da jurisdição estrangeira. • Partilha inter vivos (23, III) inovação do CPC/2015 1. 1º momento: homologação de sentença estrangeira 2. 2º momento: homologação de sentença estrangeira com solução idêntica 3. 3º momento: vedação absoluta à homologação Obs.: Sentença estrangeira que ratifica acordo entre as partes -> não há ato de soluçãode conflitos. • Art. 961, §5º, CPC: sentença estrangeira de divórcio consensual não necessita de homologação para produzir efeitos pessoais no Brasil; produz seus efeitos diretamente (tal regra só vale para efeitos pessoais; com relação aos efeitos patrimoniais, deve ser homologada) Declínio de Jurisdição • Jurisdição concorrente • Justificativas: litispendência e busca de foro apropriado • Forum non conveniens combate ao fórum shopping/exercício abusivo do direito (Princípio da proximidade) -Declínio de jurisdição é a possibilidade de o juiz, mesmo sendo competente, declinar dessa função. Não existe possibilidade de declínio de jurisdição se esta for exclusiva (pois haveria denegação de justiça); somente é possível em casos de jurisdição concorrente. -O Brasil não reconhece litispendência internacional; logo, o juiz não pode declinar de sua competência, com base em prevenção. -Existe uma posição doutrinária que defende que não é necessário que haja uma previsão legislativa específica para que o juiz possa declinar do foro brasileiro, em nome do combate ao fórum shopping e vedação ao direito abusivo de litigar. -A posição contrária ao declínio é aquela que entende que há uma violação ao direito de acesso à justiça, quando se permite que o juiz não cumpra uma hipótese de jurisdição concorrente prevista expressamente na legislação. Ampliação da Jurisdição brasileira pelo julgador • Natureza exemplificativa x exaustiva da jurisdição concorrente • Justificativas: 1. Presunção de soberania 2. Acesso à justiça • Características comuns: 1. Excepcionalidade: o juiz deve ampliar sua jurisdição apenas quando verificar a necessidade de que aquilo seja realizado para a promoção de direitos 2. Ausência de jurisdição 3. Conexão suficiente: crítica doutrinaria a essa exigência, no sentido de que a realização de direitos humanos deve ser garantida a todos os indivíduos, e não apenas àqueles que estão conectados ao foro • Ausência do devido processo legal 1. Elementos objetivos e subjetivos 2. Tratados/jurisprudência internacional sobre direitos humanos 3. a) aspectos procedimentais: acesso à justiça stricto sensu b) aspectos substanciais: ser capaz de prover uma decisão justa; realização de justiça • Vínculo suficiente vs. universalidade dos direitos humanos Aqui, o julgador se consideraria apto a julgar causas que não estivessem previstas na lei brasileira. Questiona-se se o rol de causas estabelecido na legislação brasileira é exemplificativo ou exaustivo. Um rol exaustivo remeteria a uma segurança jurídica(vedação ao decisionismo judiciário). Um rol exemplificativo preservaria a soberania e permitiria o acesso à justiça das partes. O julgador, ao decidir se vai ou não ampliar sua jurisdição, deve observar os parâmetros internacionais de devido processo legal, estabelecidos em tratados e jurisprudência internacionais, e não em sua legislação nacional. 10/04 Princípios da Jurisdição Internacional Territorialidade -Conceito (J. Story): é a regência da conduta social no território (a autoridade, ao fixar os limites da jurisdição, está preocupada em reger as condutas ocorridas em seu território) -Extraterritorialidade: a) Princípios da proximidade/do interesse vínculo adequado b) Princípio da submissão autonomia da vontade das partes: admite a fixação da jurisdição nacional, decorrente da vontade das partes. c) Princípio do acesso à justiça necessidade de jurisdição: necessidade de provimento de jurisdição, para garantir o acesso à justiça das partes nas relações multiconectadas. d) Princípio da Jurisdição protetora Jurisdição razoável (tem vínculos adequados com o foro) x Jurisdição abusiva (não tem vínculos, ou há um vinculo não essencial): - nenhum vínculo/vínculo não essencial - desvantagem para algum dos envolvidos Ex.: Domicílio/residência/nacionalidade do autor direito à defesa/devido processo legal X proteção da parte vulnerável Efetividade 1. Possibilidade de execução da decisão “nulla jurisdictio sine imperium” 2. Função a posteriori x orientação ao legislador medidas judiciais coercitivas Imunidade de Jurisdição Decorre da vertente externa da soberania aspectos internos e externos • “par in paren non habet imperium”: “entre pares não há império”; não há jurisdição • Estados • OIs • Bens e representantes • Imunidade de jurisdição x acesso à justiça • Imunidade de Jurisdição lato sensu : envolve as funções legislativa, executiva e judiciária, ou seja, a não submissão do estado estrangeiro a qualquer uma dessas formas de jurisdição x stricto sensu: impossibilidade de submissão do estado estrangeiro ao poder judiciário. • Imunidade de Jurisdição propriamente dita. Diz respeito ao: processo de conhecimento x de execução (sentido amplo, pois envolve eventuais medidas cautelares realizadas na fase de conhecimento). • Imunidade de Jurisdição de Estado. É muito mais complexa de se delinear, pois está praticamente toda embasada no costume internacional X imunidades decorrentes dos Estados (via de regra, estão previstas em tratados; existe uma base mais segura para saber seu conteúdo) Até o século XIX, o principio da imunidade de jurisdição é considerado absoluto. Porém, ao longo do século XX, por conta de valores que vieram ganhando importância (humanização do direito internacional), foi relativizado. • Ius gestiones x Ius imperii: foi uma primeira doutrina criada para embasar a relativização da imunidade de jurisdição; 17/04 Cooperação Jurídica Internacional • Definição 1. Aplicação indireta do direito estrangeiro 2. “Jurídica”: atos pré e extraprocessuais Cooperação Jurídica Internacional pode ser definida como os mecanismos e instrumentos pelos quais as autoridades de um Estado solicitam a realização de atos processuais, pré processuais ou extraprocessuais, no âmbito da jurisdição de outro Estado, por meio das instituições deste último. Aqui, se aplica o produto de uma decisão proferida com base no direito estrangeiro, em ambiente jurídico estrangeiro; por isso se diz que há a aplicação indireta do direito estrangeiro. • Marco teórico 1. Direito internacional de cooperação (Friedman) interesses comuns transformação da soberania 2. Estudo Constitucional cooperativo (Haberle) 3. CF/88: princípios da República (art. 4º) “cooperação entre as partes” (IV) “comunidade latino-americana” (§ único) 4.Ordem pública: 26, §3º e 39, CPC - relatividade/instabilidade - porta para consideração de DH - “manifesta”: excepcionalidade O momento histórico de surgimento da cooperação jurídica internacional é o século XX, com a superação do direito internacional de coexistência, e sua substituição por um direito internacional de cooperação;ou seja, enquanto até a metade do século XX, as relações dos Estados eram voltadas à defesa de interesses individuais, essa virada histórica diz respeito à identificação de interesses comuns. O interesse comum que surge como orientador de todos os demais é da proteção da dignidade humana. Essa transição está diretamente relacionada à transformação do direito internacional de soberania, pois a postura do Estado com relação ao direito internacional muda, à medida que ele entende que aquilo que era considerado seu poder soberano, passa a ser considerado como um feixe de direitos e deveres voltados à concepção de interesses comuns. Com base nessa percepção, surge a ideia de uma soberania compartilhada, visando estes fins comuns. O Estado Constitucional cooperativo é o Estado que percebe essa necessidade de cooperar, de se abrir ao direito internacional, para a realização de seus interesses. Com relação à nossa Cooperação Jurídica Internacional, há alguns comandos constitucionais mais específicos (princípios). A cooperação funciona através de um pedido cooperacional de uma autoridade requerente, que deve ser realizado pela autoridade requerida do outro Estado. A autoridade requerida deve decidir sobre a concessão ou denegação deste pedido cooperacional. O principal instituto que influi na decisão de concessão ou denegação deste pedido é a ordem publica, que visa impedir que a lei estrangeira ofenda, manifestamente, a ordem pública do Estado requerido. A doutrina entende que o conceito de ordem pública vem acompanhado das normas fundamentais do Estado requerido. A ordem pública pode ser definida como um reflexo da moral básica de um Estado, que pode ser aferida pela sensibilidade média da ordem local. É um conceito sem definição, por definição, para permitir que o juiz, com seu contexto no momento de aferição do pedido cooperacional, verifique se há uma violação ou não à ordem pública. O problema é que o juiz acabe incutindo, nessa apreciação da moral básica, questões pessoais que não estejam relacionadas à proteção desses valores fundamentais. • Estrutura básica 1. Sujeitos: diretos (Estados, OIs) e indiretos (indivíduos) Obs: Ponderação de direitos: • Concessão: - acesso à justiça; -alimentos (saúde/vida digna); -subtração de criança (reunião familiar, juiz natural); -CJI penal (direito das vítimas) • Denegação: 2 Vias: 1) diplomáticas :morosidade, falta de especialização, economicidade; Autoridade Requerente Ministério das Relações Exteriores Autoridade Requerida 2) autoridades centrais (26, I, CPC): - celeridade - adequação - eficácia; Obs: designação MJ/MP/Poder Judiciário (art. 26, §4º, CPC) - DRCI - contato direto: Convenção De Aplicação de Ac... • via postal • próprio interesse - Convenção de Apostila de 1961 Os sujeitos envolvidos na cooperação podem ser classificados como diretos/imediatos ou indiretos/mediatos. 1) Os diretos: são aqueles efetivamente obrigados a promover a cooperação Jurídica Internacional, são os que estão obrigados; são os Estados e Organizações Internacionais, no caso de cooperação jurídica internacional vertical. 2) Os indiretos: são os indivíduos cujos direitos estão sendo afetados pela concessão ou denegação do pleito cooperacional; é essa análise de direitos que orienta a verificação para concessão ou denegação do pedido cooperacional, feita à luz dos direitos humanos. -O primeiro valor a ser ponderado, no pleito cooperacional, é o do acesso à justiça, em sentido amplo e estrito. Em alguns casos, podem-se apontar valores específicos, como o direito a prestação de alimentos, ou o direito do genitor abandonado voltar à convivência familiar com a criança subtraída. -A via é o caminho percorrido pelo pedido cooperacional. A mais tradicional dessas vias é a diplomática, onde o juiz do estado requerente transmite o pedido ao Ministério das Relações Exteriores, que será enviado à autoridade do Estado requerido, basicamente. Umas das características dessa via é a morosidade, devido à alta burocracia. Caracteriza-se também pela economicidade, ou seja, não necessita de estabelecimento de novas vias para a realização da cooperação. Para superar alguns problemas apresentados por aquela via, foi criada a via do auxílio direto, por meios das autoridades centrais. É expedida por meio de tratados, onde cada Estado designa, no âmbito de jurisdição interna, uma autoridade competente para os fins deste tratado, responsável por transmitir e receber pedidos de cooperação. A aceitação dessa modalidade de cooperação foi gradual no direito brasileiro, já estando estabelecida no art. 26, CPC. As vantagens dessa cooperação estão diretamente relacionas à funções dessas autoridades centrais, como a celeridade (autoridades especializadas no assunto), a adequação (função da autoridade de analisar os requisitos do pedido, de acordo com o tratado que a estabeleceu e de acordo com o direito interno do Estado requerido, analisando a adequação daquele pedido ao direito interno; não se trata de um juízo de admissibilidade administrativa, pois a responsabilidade final é sempre da autoridade requerente) e a eficiência da autoridade central. -Como aspectos negativos, há a possibilidade de prejuízo da xxx funcional e que haja a depreciação da autoridade central, por conta de indicação político-partidária. -No direito comparado, há 3 possibilidades de designação para a autoridade central: Ministério Público, Poder Judiciário e Ministério da Justiça. No Brasil, com o CPC, quando não há indicação expressa, o Ministério da Justiça, por meio do DRCI, deve exercer a função da autoridade central. Mas há outras autoridades centrais. 24/04 Estrutura básica da Cooperação Jurídica Internacional (cont.) • Vias 1. Contato direto - Convenção de Aplicação do Acordo de Schenger de 1985 -A via do contato direto é quando autoridades de Estados mantêm o contato diretamente, sem percorrer uma das vias estudadas; não há uma autoridade central “gerindo” a cooperação. O juiz pode executar diretamente a decisão prolata por outro juiz. 2. Via postal (correio) 3. Pelo próprio interessado -o próprio sujeito indireto leva ao juiz o pedido/ato/documento Obs.: legalização (art. 41, CPC) Convenção da Apostila de 1961 • Veículos: 1) Ação de Homologação de Sentença Estrangeira: trata da cooperação em reconhecimento de decisões transitadas em julgado 2) Carta Rogatória: trata da cooperação em reconhecimento de decisões interlocutórias 3) Ação de Auxílio Direto: é a cooperação pela via das autoridades centrais • Pedidos: 27, CPC Homologação de Sentença Estrangeira • Sistema difuso x concentrado - EC nº 45/2004: art. 105, I, “i”, CF • Execução: - juízes federais - 965, CPC c/c 109, XX, CF • Dispensa de homologação - 961, CPC divórcio consensual (963, §§ 5º e 6º) • Juízo de delibação - 963, CPC requisitos formais + ordem pública • Homologação parcial • Tutela de urgência - 961, § 3º • Requisitos: 1. natureza jurisprudencial - 963, § 1º; SE nº 884/2005 2. certidão de cartório estrangeiro 3. autoridade competente 4. citação regular 5. eficácia 6. tradução oficial salvo disposição expressa em tratado; deve ser feita pelo tradutor juramentado 7. respeito à ordem pública; SE nº 10.411/2014 - guarda exclusiva; SE nº 5.276/2010 - alteração do nome • Título executivo extrajudicial - 784, §§ 2º e 3º; Requisitos: a) negócio jurídico válido b) execução no Brasil No sistema difuso de homologação de sentença estrangeira, há diversos órgãos competentes para homologar a sentença estrangeira; no concentrado, há a indicação de apenas um. No Brasil, é de competência do STJ. Ao juízo de primeiro grau, cabe apenas a execução da decisão homologada (art. 965, CPC c/c art. 109, XX, CF). Na dispensa de homologação,ocorre um juízo de delibação (análise superficial; não chega a ingressar no mérito da sentença estrangeira), onde há uma análise dos requisitos formais da sentença e, superficialmente, seu mérito, para verificar se é cabível a concessão desse pedido cooperacional ou não. 15/05 Proteção Internacional de Crianças • Estrutura familiar: • Modelo patriarcal criança como objeto do poder patriarcal - Vetores de transformação (A. Bucher): valorização da mulher e pluralidade de modelos familiares. -A família é um conceito social, não jurídico. No começo do séc. XX, o modelo familiar vigente era o patriarcal (vínculo matrimonial entre homem e mulher, onde o homem exercia o poder de família); quaisquer deveres relacionados à criança, tinham seu fundamento nesse vínculo. Aqui, a criança não era vista como um sujeito autônomo de direitos. Isso foi sendo mitigado ao longo do séc. XX. Andreas Bucher apresenta dois vetores de modificação desse modelo rígido: a valorização da mulher, numa sociedade como um todo (e, consequentemente. Nas relações familiares), e a aceitação social/política/jurídica de outros modelos familiares, que não esse vínculo matrimonial restrito, como a união estável, a união e casamento homoafetivos, a monoparentalidade, aceitaçao do filho considerado antes bastardo, etc. • Categoria jurídica da criança: • Proteção jurídica diferenciada: equalização progressiva de sua situação jurídica da criança a medida em que ela se desenvolve. Sendo assim, uma obvia exceção do principio da igualdade sendo a criança merecedora de cuidados específicos em diferentes etapas da vida • Período de idade relativo: Quando se fala em período de idade relativo, remete-se ao fato de que o conceito de criança, em si, também não é fixo. Pode-se procurar o conceito de criança no direito interno nacional, em lei estrangeira (que pelas suas regras de DIPRI devam ser aplicadas àquele caso) e na Convenção da ONU. Instrumentos internacionais • OIT (1919/1921); Liga das Nações (1924) • Declaração de Genebra de 1924 - proteção integral/prioritária e meio para desenvolvimento • UNICEF (1946) • Declaração da ONU de 1959 - relação de direitos específicos, instituição de leis internas e “melhor interesse da criança” Obs: soft law e o opinio juris sive necessitatis: -natureza jurídica das declarações acima. Não são formalmente vinculantes. Não são tratados mas não significa que sua importância seja menor. A doutrina percebe a importância desses documentos para evolução do dir internacional porque eles podem gerar documentos com força vinculante posteriormente. Eles ajudam a denunciar e perceber conteúdo desses princípios. ·. Convenção da ONU de 1989 -essa convenção é um dos principais instrumentos de regulamentações referentes à criança • Relações familiares multiconectadas (8º): não se deve romper a relação familiar - separação: pode ser autorizada • Separação: - Previsão legal (9.1) -exemplo: maus tratos ou separação dos pais • Possibilidade de revisão judicial (9.2): essa separação deve poder ser questionada judicialmente • Manutenção de “relações pessoais” e “contato direto” (9.3 e 10.2) -a regra ainda é a manutenção do contrato com aquele genitor que a criança não vive (salvo se o contrário for o melhor para a criança) • Cooperação jurídica internacional: • Transferência ilícita p/ o exterior (11.2) • Adoção internacional (23, “e”) • Pagamento de pensão alimentícia (27.4) Um documento, em normativa internacional, que estabeleceu uma proteção mais ampla à criança foi a Declaração da ONU de 1959. As Declarações de Genebra (1924) e da ONU (1959) não são consideradas como tratados, portanto não são formalmente vinculantes (hard law), o que não significa que têm menor importância. A Convenção da ONU 1989 fixa o período de idade ao qual o termo criança se refere e a faculdade que esse conceito pode ter em cada Estado. Passa a ser o principal instrumento destinado a uma proteção ampla ao direito da criança. Conferência da Haia de DIPRI Na verdade, é uma organização internacional. Ela possui os papéis de, entre outros, assinatura de tratados e monitoração de como são aplicadas pelos Estados e formular recomendações, garantindo que o objetivo do tratado seja respeitado. Há uma Convenção da Haia sobre aspectos civis do sequestro internacional de criança (1980). Tal convenção trata da subtração internacional de crianças, que consiste na conduta de se retirar a criança de seu ambiente social e cultural habitual, quando ultrapassa a fronteira nacional de um Estado. Aqui, há o genitor abandonado e o genitor abdutor. Na maioria das vezes, o que motiva tal subtração é o afastamento da criança do outro genitor. Consequências da transferência ilícita: -afastar a criança do seu juiz natural -alem disso criam-se barreiras geográficas, culturais e sociais com o genitor abandonado •o remédio seria o pedido de retorno para que não haja consolidação da situação de subtração e consequentemente a devolução da criança para um local onde ha uma autoridade mais apta para resolver a questão. Tal pedido é visto como quase automático, para que não haja uma consolidação da nova condição da criança, para que esta se “acostume” ao novo meio e prejudique o retorno desta ao seu ambiente habitual. Convenção da Haia sobre aspectos civis do sequestro internacional de crianças (1980) -a convenção não quer tratar de eventuais consequências penais. Ela foca no ramo civil. -a posição é desencorajar a adoção de medidas penais contra o genitor abdutor. Por interesse do menor e pra facilitar os tramites -no português de Portugal eles usam o termo "rapta". Em inglês eles usam abduction. Palavras que fogem da referencia que tipifica o ato (criminalmente falando) 22/05 Subtração Internacional Os conceitos da convenção da Haia são autônomos. Eles não guardam correspondência necessária com o direito interno dos Estados. -Objeto ratiore personae (art 4º da Convenção de 1980 da Haia): pode ser o objetivo propriamente dito, aquele problema jurídico que a convenção quis enfrentar ou aquele indivíduo jurídico cuja proteção da convenção é direcionada. O individuo seria aquele que não completou ainda 16 anos de idade (cessaria a aplicação da convenção ele fazendo 16 anos de idade) -Transferência/Retenção ilícita (3º): a retenção ilícita é perpetuada com a violação de um direito de guarda atribuído pelo estado de residência habitual da criança. O juiz natural da criança é o juiz do seu estado habitual. Outro requisito para ilicitude, o exercício não efetivo do direito de guarda pelo genitor abandonado. -Direito de Guarda (5º): I) direitos relativos aos cuidados da criança II) direito de decidir sobre o local de sua residência Ha presunção de exercício efetivo do direito de guarda. Que cabe o genitor abdutor provar que durante a subtração não havia exercício efetivo do genitor abandonado -Retorno imediato (1º): melhor remédio. I)Porque garante que a criança tenha sua situação julgada pelo juiz natural de sua situação jurídica (repressiva). II) Uma questão de natureza preventiva, por saber que em uma situação de subtração pode ser revertida pela convenção, o genitor pode pensar duas vezes antes de o fazer (preventiva) -Funções de autoridade central (7): parte administrativa da cooperação mista ( adm+judi). Passo a passo: 1-genitor abandonado vai no centro de autoridade central que cuida de abdução de crianças. E esse centro entra em contato com a autoridade central do outro país. 2- localização da criança 3-tentativa de solução amigável da questão 4-acionar o poder judiciário 5-ação de busca e apreensão do menor -Transmissão de pedido de retorno (8º ss) -Ação de busca e apreensão do menor •legitimidade: União federal
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