Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Oficina de Textos em Português UNIDADE 1 2 oficina de textos em português unidade i para início de conversa Olá, meu caro (a) estudante! Seja bem-vindo (a). Sua disciplina de Oficina de textos em Português está começando agora e gostaria que você acompanhas- se cada passo deste material, e caso você precise de ajuda para tirar suas dúvidas, o seu tutor estará aguardando sua sinalização. Preparado (a)? Então, vamos lá. orientações da disciplina Antes de iniciarmos nosso percurso através da disciplina de Oficina de texto em português, quero lhe dar as boas vindas ao nosso material e discorrer aqui um pouco de como ele se estrutura e como é montado para fazer você compreender melhor o conteúdo que será abordado ao longo das nossas 04 unidades. Este é seu guia de estudos e, juntamente com seu livro texto, os recursos interativos da disciplina e os materiais extras sugeridos ao longo deste guia, compõe seu material didático da disciplina. Na sua bi- blioteca virtual você encontra uma gama de livros disponíveis para pesquisa e para leitura complementar. Lembre-se que a leitura é a base para todo e qualquer conhecimento e que uma sociedade não muda sua posição no mundo sem muita leitura. Este guia é montado de forma dinâmica e interativa para tornar mais prático o seu estudo e facilitar a sua absorção de conteúdo, apresentando de forma clara e objetiva os conceitos e assuntos trabalhados e você terá um para cada unidade. Ao longo deste material você irá se deparar com vários tópicos que têm função de separar e organizar o conteúdo trabalhado de forma mais prática e interativa, facilitando, desta forma, o seu aprendizado. Meu caro (a), como você pode ver, nosso guia de estudo é montado da forma mais lúdica, criativa e inte- rativa possível para que seu estudo não se torne algo cansativo e chato e sim algo prazeroso e agradável de se fazer. Nosso objetivo é não apenas fazer com que você aprenda, mas que esse aprendizado seja de fato absorvido e levado com você ao longo de toda a sua vida. 3 guarde essa ideia! Antes de iniciarmos a unidade 01, quero lembrá-lo que o conhecimento é construído de diversas formas e a leitura deste guia é apenas uma delas. Para que você possa absorver o conteúdo da melhor maneira possível, é essencial ler também o livro tex- to, os materiais de apoio, como os textos sugeridos ao longo deste guia, além da participação no desafio colaborativo da disciplina. Na modalidade EAD, o desafio colaborativo é o equivalente à sala de aula presencial. É lá que você deve participar, expor o que aprendeu ao longo da disciplina, o fruto das suas leituras e pesquisas e, também, interagir com seus colegas, mas lembre-se que esta interação precisa ser de forma crítica, somando con- teúdo ao comentário do seu companheiro de estudo. Quero também chamar a sua atenção para sempre citar a fonte da sua pesquisa, isto é essencial em toda e qualquer produção acadêmica, mesmo que seja na sua participação no desafio, tudo certo? Lembro mais uma vez que para qualquer dúvida, o seu tutor está a sua disposição para melhor compreen- são do assunto trabalhado. Aproveite este guia porque ele é feito especialmente para você! palavras do professor Vamos lá, esta é a primeira unidade da nossa disciplina e nela nos debruçaremos sobre assuntos intro- dutórios e básicos para qualquer pessoa que decide estudar a produção de texto em língua portuguesa. Iniciaremos abordando os processos de comunicação, desde a definição de comunicação e o surgimento da escrita até o modelo comunicativo elaborado pelo linguista estruturalista russo Roman Jakobson. Estudar o modelo de Jakobson é fundamental para compreender como a comunicação se estabelece e, principalmente, seus agentes. Antes de apresentar este modelo para você, caro (a) aluno (a), quero deixar claro que mesmo ele tendo sido elaborado por volta de 1960, ele ainda permanece atualizado e é o mo- delo que utilizamos para estabelecer a comunicação humana até os dias atuais. Após estudarmos o modelo de comunicação do russo, será o momento de nos adentrarmos nas chamadas funções da linguagem que tratam de recursos para dar ênfase em um dos elementos do modelo comuni- cativo de Jakobson, a intenção do autor na mensagem. Ao todo são 06 funções: a referencial, a emotiva, a conativa, a fática, a poética e a metalinguística. 4 Finalizados os estudos sobre as funções da linguagem, estudaremos sobre os recursos de produção do texto escrito, onde veremos a definição de texto, esta palavrinha tão comum no nosso dia a dia, mas que nunca paramos para, de fato entendê-la e compreendê-la. Também estudaremos como organizar um tex- to, os elementos básicos na hora de produzir um, como parágrafo, título, interpartes, intrapartes, início e fim e seu vocabulário crítico, por exemplo, a enunciação, o enunciado, o sema, o lexema, a macroestrutu- ra, a microestrutura, entre outros que juntos compõem os elementos básicos na hora de produzir um texto. Para finalizar a nossa primeira unidade, chegaremos aos nossos estudos sobre gêneros textuais, as dife- rentes formas em que eles se apresentam, sua divisão geral em primários e secundários de acordo com Bakhtin, e por fim, as sequências ou tipologias textuais, que podem ser narrativas, descritivas, injuntivas e argumentativas. Bom, meu caro (a), esta foi nossa introdução à disciplina de Oficina de textos em português e espero que ela tenha causado curiosidade e despertado em você, o interesse pelo assunto. Desejo a você um bom estudo e vamos juntos mergulhar neste universo maravilhoso que é a produção textual. processos de comunicaçÃo praticando Caro (a) estudante, iniciaremos agora nosso caminho pela produção de texto em língua portuguesa e, como primeiro tópico, veremos os processos de comunicação, mas antes quero trazer para você o que o nosso companheiro dicionário nos diz sobre esta palavri- nha tão habitual do nosso vocabulário. De acordo com o Michaelis, disponível na seguinte página da internet, comunicação significa: “1 Ato ou efeito de comunicar(- se); 2 LING Ato que envolve a transmissão e a recepção de men- sagens entre o transmissor e o receptor, através da linguagem oral, escrita ou gestual, por meio de sistemas convencionados de signos e símbolos; 3 O conteúdo da mensagem transmitida; 4 Transmissão de uma mensagem a outrem; 5 Exposição oral ou es- crita sobre determinado assunto, geralmente de cunho científico, político, econômico etc; 6 Ato de conversar ou de trocar informa- ções verbais; 7 Nota, carta ou qualquer outro tipo de comunicado através da linguagem escrita; 8 Comunicado oral ou escrito sobre algo; aviso; 9 Aquilo que permite acesso entre dois lugares; pas- sagem; 10 União ou ligação entre duas ou mais coisas”. http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=comunica%C3%A7%C3%A3o http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=comunica%C3%A7%C3%A3o 5 fique atento! Se você clicar no link do dicionário, meu caro (a), verá que a definição para comunica- ção é muito maior, mas que coloquei aqui para você a parte que nos cabe dentro do processo linguístico e comunicacional. Note também que das 10 definições para esta palavrinha quase mágica, diria eu, todos envolvem elementos aos quais você foi apre- sentado na introdução, como “transmissão”, “receptor”, “mensagem”, dentre outras palavras que formam e estabelecem o processo comunicativo. A comunicação é inerente ao homem, desde os primórdios, como já dizia o Grego Aristóteles “o homem é um animal político que produz linguagens”, como você pode ver na introdução do seu livro texto, especifi- camente na página 02. É preciso estabelecer que temos a comunicação oral, aquele presente na oralidade e onde as variações linguísticas devem ser respeitadas; e a comunicação escrita que deve obedecer a 03 regras básicas, conforme consta na página 05 do seu livro texto: • Obedecer às regras gramaticais, evitando erros de sintaxe, de pontuação, de ortografia, etc; • Procurarclareza, ao não utilizar palavras e frases obscuras e de duplo sentido; • Agradar ao leitor, empregando expressões elegantes e fugindo de um estilo muito seco. Precisamos, também, estabelecer querido estudante, que a comunicação oral é anterior, obviamente, à comunicação escrita e, para isto, veremos abaixo um apanhado histórico de como a escrita surgiu. o surgimento da escrita Bem, estudar o surgimento da escrita está intrinsecamente ligado a estudar o surgimento do alfabeto. A origem da palavra é grega e é formada através da junção das duas primeiras letras do alfabeto grego: o alfa (α) e o beta (β). De fato, um alfabeto significa um sistema de escrita formado por letras e/ou símbolos que procuram ter correspondência com um fonema específico. É bastante improvável determinar uma data específica para o surgimento deste primeiro sistema de es- crita, mas historicamente sabe-se que o primeiro código de grafia a surgir foi criado pelos fenícios, sendo adotado pelos gregos por volta de 900 a.C. Os fenícios eram um povo de origem semita que tinha como característica uma forte cultura de comércio marítima e com a necessidade de tornar a comunicação entre os comerciantes mais fácil, eles criaram, na cidade de Biblos. fica a dica As primeiras manifestações gráficas do que viria a ser um alfabe- to, conforme você pode ver neste artigo publicado na web, através do link. http://noblat.oglobo.globo.com/arte-hoje/noticia/2014/07/biblos-cidade-habitada-mais-antiga-do-mundo-542114.html 6 A cidade possuía esse nome devido aos gregos, uma vez que era de lá que saíam os byblos, ou papiros egípcios, antepassados do papel, onde eram escritos os documentos. O nome fenício da cidade era Ge- bal. Os fenícios organizaram um alfabeto com 22 letras, consoantes para ser mais exata, uma vez que as vogais foram incorporadas ao alfabeto pelos gregos. Abaixo você pode ver este alfabeto: Fonte: http://sereduc.com/vw2aEA Meu caro (a), depois que os gregos se apossaram do alfabeto fenício e incluíram as vogais, provenientes dos sons guturais, aqueles produzidos no fundo da garganta, o alfabeto grego ficou completo, como co- nhecemos hoje e de onde evoluiu para o alfabeto latino. Você provavelmente já deve ter visto esse alfa- beto grego ao longo da sua vida, principalmente nas aulas de matemática, quando você tinha que achar o valor de delta (Δ), ou na aula de física quando precisava usar o valor de pi (π) que é 3,14. Na figura abaixo você pode ver uma imagem com o alfabeto grego. Fonte: http://www.culturamix.com/cultura/escolar/alfabeto-grego Outra contribuição dos gregos para o alfabeto foi a direção da escrita que antes era da direita para a esquerda e após os povos helênicos passou a ser da esquerda para a direita. A partir do alfabeto grego e do etrusco (povos que habitavam a antiga Etúria, região a oeste dos Montes Apeninos e do Rio Tibre, ou a península Itálica, como você já viu na unidade passada, que dominaram por um certo período a região central da Itália, contribuindo para a cultura latina), surgiu o alfabeto latino. Bem, agora que nosso apanhado histórico sobre o surgimento da escrita e, consequentemente, do alfabe- to e de sua evolução dos fenícios, passando pelos gregos e etrusco, vamos nos debruçar sobre o ato de se comunicar, mais especificamente sobre o modelo comunicativo de Jakobson e seu agentes. http://www.culturamix.com/cultura/escolar/alfabeto-grego 7 modelo comunicativo de Jakobson Estudar o processo de comunicação está diretamente ligado a estudar as funções da linguagem. Na ver- dade um completa o outro, eles são partes de um todo, mas aqui neste guia eles serão explicados e de- talhados de maneira separada para que depois, você possa compreender o processo de uma forma geral. Como vimos um pouco na introdução, o modelo comunicativo foi criado por volta de 1960 pelo linguista russo Roman Jakobson. A teoria para explicar a comunicação humana foi uma adaptação do modelo cria- do para a matemática, desenvolvido pelo matemático e engenheiro elétrico Claude Shannon, com o nome de “Uma teoria matemática da comunicação” no ano de 1948. Jakobson recebeu um exemplar e decidiu adaptar a teoria para a comunicação humana e resultou no modelo que conhecemos hoje. leitura complementar Para ler mais sobre este assunto, você pode acessar o artigo “O modelo comunicativo de Jakobson” na seguinte link. Após adaptar a teoria matemática para o modelo que estudamos hoje, o linguista russo definiu que para estabelecer uma comunicação limpa e sem ruído, 06 agentes são necessários: • Emissor ou remetente: trata-se de quem está emitindo a mensagem e pode ser individual ou coletivo. É a primeira pessoa do processo comunicativo e cabe ao emissor a intenção da signi- ficação e a produção de uma série de significantes; • Receptor ou destinatário: se o emissor é a primeira pessoa, o receptor é a segunda. É quem recebe a mensagem, a outra parte do processo e pode ser, também, individual ou coletivo. Ele recebe a mensagem e interpreta, partindo dos significantes até chegar à intenção de signifi- cação; • Mensagem: é o objeto da comunicação, o conjunto de informações que o emissor deseja trans- mitir; • Código: trata-se do sistema de signos que o emissor e o receptor precisam compartilhar para que a mensagem seja passada; • Canal ou contato: o meio físico, o suporte material ou sensorial pelo qual o emissor e o recep- tor se comunicam. O canal pode ser de diferentes formas, como: visual (gestos, expressões faciais), auditiva (tom da voz), verbal (palavras), sensorial (manipulação de objetos) e pictórica (figuras, gráficos). • Referente ou contexto: é o assunto ou situação a qual a mensagem se refere, pode se dar em circunstâncias de espaço e tempo onde o receptor se encontra. http://juarezfrmno2008sp.blogspot.com.br/2014/08/o-modelo-comunicativo-de-roman-jakobson.html 8 Fonte: Elaborada pelo autor. palavras do professor Que tal irmos aos exemplos para que possamos compreender melhor o modelo de Jakobson? Um exemplo básico e comum é o quase extinto meio de comunicação, a famosa carta. Ao escrevermos uma carta, o modelo comunicativo é bastante visível. Por exemplo, eu vou escrever uma carta para você, caro aluno (a). Como ainda não sei o seu nome, vou te nomear de “Querido aluno”, ok?! Seguindo nosso processo, eu quero te informar que é essencial fazer a leitura do guia de estudos e do livro texto e você receberá próximo a data da realização da prova presencial, a AV2. Aplicando o modelo do nosso amigo linguista russo, temos: • Remetente: Eu! Roberta Cavalcanti, sua professora conteudista desta disciplina; • Destinatário: Você! Querido aluno; • Mensagem: É preciso fazer a leitura do guia de estudo e do livro texto; • Código: A língua portuguesa; • Canal: Verbal, através da escrita da carta; • Contexto: O momento que você está ao receber a carta que, neste caso, é a proximidade com a data da prova. 9 Fonte: http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=geografia&a=2&u=3&t=imagem Caro (a) estudante, no envelope acima podemos ver claramente que 02 dos agentes de Jakobson já explícitos, o remetente, também chamado de emissor, e o destinatário, também conhecido por receptor. Você conseguiu entender através do exemplo da carta como o modelo comunicacional é simples, atual e bastante eficaz ao realizar a comunicação? Espero que sim, meu caro, mas ainda não terminamos sobre este assunto. Outros estudiosos acrescentaram 02 elementos a este processo, o ruído e o feedback: • Ruído: diz respeito à barreira de comunicação que pode distorcer a clareza da mensagem. Pode ser física, como barulhos, psicológico, falta de interesse, por exemplo, e cultural, como falta de conhecimento sobre o que está se abordando; • Feedback: trata-se da verificação de sucesso no envio da mensagem, uma espécie de intercâm- bio entre o emissor e o receptor. acesse o ambiente virtual Para que se aprofunde mais no assunto,meu caro (a), sugiro que faça a leitura das páginas 06 a 11 do seu livro texto. funções de linguagem Como vimos anteriormente, estudar as funções da linguagem está diretamente ligado a estudar a teoria da comunicação de Jakobson. São 06 agentes da comunicação e são 06, também, o número de funções, onde cada uma terá uma relação direta e próxima com um determinado agente. Quero deixar claro, querido (a) aluno (a), que um mesmo texto pode apresentar uma ou mais funções, mas sempre haverá uma em destaque, a qual poderemos classificar o texto. Aproveito também para indicar um livro básico para quem quiser se aprofundar neste assunto, trata-se do “Funções da Linguagem”, de http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=geografia&a=2&u=3&t=imagem 10 Samira Chalhub, pertencente a séries princípios da Editora Ática. Este capítulo do nosso guia será escrito tomando como base este livro, ok?! Bem, agora que já esclarecemos tudo, vamos às funções. Abaixo vamos falar um pouco de cada função da linguagem. função emotiva Estudamos acima que o primeiro agente da comunicação é o emissor, aquele que emite a mensagem e a função referente a este elemento é a função emotiva. Marcada comumente pela 1ª pessoa, que, ao mes- mo tempo, envia seu “sentir” para a 2ª pessoa, o receptor. Outra característica marcante desta função é a utilização de interjeições, adjetivos, advérbios e pontuação, especialmente exclamações e reticências. A função emotiva, meu caro, carrega sempre a marca da subjetividade, a marca de quem fala, o emissor. Um exemplo de texto cuja função emotiva se destaca é a canção Detalhes de Roberto Carlos: “(...) Eu sei que um outro deve estar falando Ao seu ouvido Palavras de amor como eu falei Mas eu duvido Duvido que ele tenha tanto amo, E até os erros do meu português ruim E nessa hora você vai Vai lembrar de mim (...)” função conativa Esta função está orientada para o destinatário ou receptor e apresenta como marca gramatical o uso do imperativo, do vocativo e da 2ª pessoa do verbo. Também conhecida por função apelativa, a função co- nativa vem do latim “conatum”, cujo significado é tentar influenciar alguém através de um esforço, onde o verbo apresenta uma ação verbal do emissor de se fazer notar pelo destinatário, seja através de uma ordem, exortação, chamamento ou invocação. A linguagem da propaganda, cujo objetivo é convencer o destinatário, é um exemplo claro de função conativa, como podemos ver na imagem abaixo: Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/funcao-conativa.html http://portugues.uol.com.br/redacao/funcao-conativa.html 11 função poética Até agora vimos a função focada no emissor, a emotiva, no receptor, a conativa e agora chegou o momen- to de vermos a função poética cuja enfoque encontra-se na mensagem. Nesta função a mensagem está voltada para si mesma: as características físicas do signo são privilegiadas. A poesia exibe, no sintagma, não o acaso, mas a necessidade, como podemos ver no poema de Leminsk abaixo: eu quando olho nos olhos sei quando uma pessoa está por dentro ou está por fora quem está por fora não segura um olhar que demora de dentro do meu centro este poema me olha função metalinguística A função metalinguística apresenta como enfoque o código. Uma mensagem metalinguística implica que a seleção operada no código combine elementos que retornem ao próprio código. A função metalinguísti- ca é uma equação: a linguagem-objeto (tema) é tratada com a linguagem do tema. É necessário observar que o termo código sai do seu território linguístico e assume, livremente, conotações mais amplas – alia- da à noção de linguagem. Abaixo podemos ver um exemplo desta função. Fonte: CHALUB, Samira. Funções da Linguagem. Editora Ática: São Paulo, 2002. Pg. 53. função fática É o tipo de função que se suporta no físico, no canal, e que tem por objetivo testar o canal, interromper ou reafirmar a comunicação. De acordo com Jakobson “O empenho em iniciar e manter a comunicação é típico das aves falantes; dessarte, a função fática da linguagem é a única que partilham com os seres hu- manos. É também a primeira função verbal que as crianças adquirem; elas têm tendência a comunicar-se antes de serem capazes de ouvir ou receber comunicação informativa” (CHALUB, pg. 28). Abaixo podemos ver um exemplo de texto cuja função é fática: 12 Silêncio silêncio silêncio Silêncio silêncio silêncio Silêncio silêncio Silêncio silêncio silêncio Silêncio silêncio silêncio (Eugen Gom ringer) função referencial A última função que estudaremos é a referencial que fala sobre o objeto referido e tem como tarefa organizar os signos em função do referente, produzindo informações em ambiguidade. Esta linguagem de primeiro grau se manifesta através da relação de co-realidade do signo, dirigindo-se ao significado no objeto. A função referencial está focada em enviar a mensagem de maneira direta, clara e objetiva e está diretamente ligada à linguagem denotativa. recursos de produçÃo de texto Prezado (a) aluno (a), agora iremos nos debruçar sobre este elemento tão importante da comunicação escrita e oral, o texto. Antes, como de costume vamos defini-lo e, para tal, que tal darmos uma olhada no que o nosso amigo dicionário nos diz sobre ele? De acordo com o Michaelis, disponível on-line através da página, texto significa “1 Sequência de frases de um autor, em um documento, folheto, livro etc.; redação original de uma obra escrita: “[…] joguei tudo de uma só vez, fazendo um texto com os poucos elementos que possuía, falando nas três mortes que, na realidade, pareciam só preocupar a mim” (CA); 2 Conjunto de palavras citadas com o intuito de provar determinada ideia, doutrina ou tese; 3 Trecho de obra de um autor: Para a introdução do nosso trabalho, escolhemos um texto do psicólogo americano Carl Rogers; 4 Passo da Bíblia que é citado para servir de assunto de um sermão; 5 GRÁF A parte principal de um periódico ou de um livro que apresenta a expo- sição da matéria; 6 O conteúdo de um telegrama ou telex; 7 RÁD, TV Qualquer nota escrita que é lida ou falada em voz alta”. fique atento! Note que as definições do dicionário estão sempre atreladas ao conceito de “escritu- ra”, ou seja, de que um texto precisa ser escrito, mas na verdade meu caro (a), o ato de proferir um discurso, por exemplo, também é constituído por um texto. Se eu, no lugar de lhes escrever isto, estivesse na sua frente numa sala de aula, eu estaria falando um texto. Na página 14 do livro “Articulação do texto”, de Elisa Guimarães e que encontra-se disponível na sua biblioteca virtual, você pode encontrar a seguinte definição para texto “São textos, portanto, uma frase, um fragmento de um diálogo, um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance, http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=texto 13 e até mesmo uma palavra-frase, ou seja, a chamada frase de situação e frase inarticulada, como a que se apresenta em expressões como “Fogo!” e “Silêncio!” situadas em contextos específicos”. Definido o sentido de texto, vamos aos elementos que o compõem e, para iniciar, temos a dupla latera- lidade: a microestrutura e a macroestrutura; em seguida os elementos textuais e estruturais e, por fim o vocabulário crítico. macroestrutura e microestrutura O prefixo macro é de origem latina e tem significado contrário ao de micro. Se micro significa pequeno e/ ou muito pequeno, macro significa grande, enorme, com grandes proporções. A macroestrutura correspon- de ao sentido global do texto, formado por uma sequência discursiva. Micro é um prefixo de origem grega, cujo símbolo é μ e que tem como significado uma medida de um milionésimo (10−6) e veio para o português com o sentido de pequeno e/ou muito pequeno, a exemplo de microscópio, aparelho sistema óptico utilizado na obtenção de imagens ampliadas de objetos de dimen- sões extremamente pequenas. Já a microestrutura diz respeito ao conjunto de frasesque são articuladas por meio dos mecanismos léxico-gramaticais, integrantes da superfície textual. acesse o ambiente virtual Sugiro que para se aprofundar mais no assunto, você leia as páginas 19 e 20 do seu livro texto, onde a autora explica de forma mais detalhada estes dois elementos. Elementos textuais e estruturais: • Título: parte extremamente importante da mensagem, apresenta um papel de fator estratégico no processo de articulação textual e funcionam como uma espécie de chave para a decodifica- ção da mensagem; • Parágrafo: elemento essencial para a demarcação das etapas de raciocínio. Sua presença está em relação direta e estreita com o raciocínio sustentado pelo autor, aquele que constroi o texto É ele que vai sustentar o texto, bem como a coesão e a coerência presente neste; • Inter e Intrapartes: um texto ao ser analisado e dividido em partes, deixando clara a diversidade de recursos que sustentam as suas articulações, articulações estas que podem tomar várias formas gramaticalizadas; • Início e fim: essas partes são diretamente ligadas e juntas comprometem a sequência do texto, tendo a parte inicial muito a ver com a parte final 14 acesse o ambiente virtual Então, aqui vemos um breve percurso dos elementos textuais e estruturais do texto, mas para que você se aprofunde mais no conteúdo trabalhado, sugiro a leitura das páginas 19 a 21 do livro texto e das páginas 50 a 64 do livro “Articulação do texto”, da autora Elisa Guimarães, disponível na sua biblioteca virtual. vocabulário crítico Meu caro (a), caminhando pelos nossos recursos de produção do texto, chegamos ao último item deste tópico, o vocabulário crítico. Para discorrer sobre este tema, usarei como base dois livros, o já citado aqui Articulação do texto”, da autora Elisa Guimarães, especificamente as páginas 81 a 83, e que se encontra disponível na sua biblioteca virtual; e o também já mencionado anteriormente “Funções da Linguagem”, de Samira Chalub, páginas 57 a 60. • Enunciação: o processo que define a interação entre o emissor, sujeito falante, e o receptor, aquele que recebe o discurso; • Enunciado: o significado de uma sequência de frases, ou uma frase. O resultado do ato de enunciar; • Isotopia: trata-se da propriedade característica de uma unidade semântica que permite apreen- der um discurso como um todo de significação; • Lexema: elemento da palavra que expressa sua significação externa. Apresenta como sinôni- mos, morfema lexical, semantema e monema lexical; • Paradigma: a seleção dos elementos que compõem um sistema no campo das significações; • Sintagma: combinação dos elementos do paradigma em uma mensagem, em um contexto; • Semântica: estudo sincrônico e diacrônico da significação como parte dos sistemas linguísti- cos, ou seja, estudo do componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados. gêneros e tipos textuais Chegamos agora ao nosso último tópico da disciplina de oficina de textos em português e iremos abordar agora os gêneros e a tipologia textual. Para iniciar nosso caminhar ao longo deste assunto, vamos ver primeiros os gêneros textuais, suas divisões e classificações. gêneros textuais De acordo com Marcuschi, gêneros textuais são “formas textuais estabilizadas, histórica e socialmente situadas. Sua definição não é linguística, mas de natureza sociocomunicativa, com parâmetros essencial- mente pragmáticos e discursivos”, conforme você pode ver na página 96 do livro “Práticas de escrita para o letramento no ensino superior”, de autoria de Schirley Hartman e Sebastião Santarosa, disponível na biblioteca virtual. 15 O linguista inglês John Swales, os gêneros textuais são “Um gênero compreende uma classe de eventos comunicativos cujos membros partilham um dado conjunto de propósitos comunicativos. Esses propósitos são reconhecidos pelos “experts” membros da comunidade de discurso e com isso constituem a base lógica para o gênero. Essa base modela a estrutura esquemática do discurso, influencia e condiciona a escolha do conteúdo e do estilo. [...] Em aditamento ao propósito, os exemplares de um gênero exibem vários padrões de similaridade em termos de estrutura, estilo, conteúdo e audiência pretendida. Se todas as expectativas de probabilidade mais altas forem realizadas, o exemplar será visto como prototípico pelos membros da comunidade de discurso. Os nomes dos gêneros herdados e produzidos pelas comunidades de discurso e importados de outras constituem valiosas comunicações etnográficas, mas que tipicamente necessitam de validação posterior (SWALES, 1990: 58, tradução e destaques nossos)”, conforme você pode ver no artigo “Gênero textual: uma jornada a partir de Bakhtin”, disponível na web no link. Bakhtin divide os gêneros textuais em 02 tipos: gêneros primários – são aqueles constituídos por situa- ções cotidianas de comunicação, como o diálogo, a carta, situações de face a face; e os gêneros secundá- rios – aqueles relacionados às esferas públicas e mais complexas de interação social. Não há como definir o quantitativo total de gêneros textuais existentes, uma vez que eles surgem para satisfazer as determinadas necessidades de comunicação da língua. Eles são analisados de acordo com a situação social em que são utilizados. São exemplos de gêneros textuais: Fonte: Tabela Elaborada pelo autor para refletir Para exemplificar, colocarei abaixo alguns trechos dos gêneros em questão: Diário: Com meu diário, quero dizer que pretendo ir mais adiante; não posso me imaginar vivendo como minha mãe ou a sra. Van Daan e todas aquelas mulheres que cumprem suas obrigações e mais tarde são esquecidas. Eu preciso ter algo mais que um marido e filhos, algo a que possa me devotar totalmente. Quero continuar vivendo depois da minha morte... (20 de junho de 1942) – Trecho do Diário de Anne Frank Poema: Os amarelos riem amarguras, / Os roxos dizem prantos e torturas, / Há-os também cor de fogo, sensuais... / Eu amo os crisântemos misteriosos / Por serem lindos, tristes e mimosos, / Por ser a flor de que tu gostas mais! – Trecho do soneto Crisântemos de Florbela Espanca. Artigo Resumo Crônica Diário Fábula Noticia Resenha Poema Relatório Carta Ofício Biografia Piada E-mail Reportagem http://www.filologia.org.br/xcnlf/3/09.htm 16 Reportagem: Era meia-noite e vinte em Cuba, três e vinte da manhã em Brasília, quando a programação da TV estatal cubana foi interrompida. “É com tristeza profunda”, disse o presidente Raúl Castro, “que estou aqui para informar: morreu o comandante e chefe da revolução cubana, Fidel Castro Ruz. Atendendo à vontade expressa do companheiro Fidel, seus restos mortais serão cremados.” E concluiu, como fazia Fidel em seus discursos: “Até a vitória, sempre” – Trecho da reportagem sobre a morte de Fidel Castro pelo Jornal Nacional. tipologia textual Complementando o que estudamos acima com os gêneros textuais, chegou o momento de estudarmos os tipos de texto, a tipologia. Antes quero deixar claro que um texto pode apresentar mais de uma tipologia, mas sempre terá uma em destaque, a que devemos “classifica-lo”. Os tipos textuais possuem diversas divisões dependendo do autor, mas os mais trabalhados serão os que trataremos aqui em conjunto com o livro texto: • Narrativos: apresenta como principal característica contar uma história, narrá-la e, normalmen- te, apresenta situada em um tempo e espaço definidos, com a presença de personagem, des- fecho, foco narrativo, etc. Caracterizado também, pela presença do discurso direto, indireto e direto livre. São exemplos de textos narrativos o romance, o conto, as notícias, a biografia, etc; • Descritivos: como o próprio nome já diz, tem como objetivo descrever, de maneira objetiva ou susjetiva, as coisas, os fatos, as pessoas, as situações. Caracteriza-se pela apresentação de propriedades, qualidades, elementos componentes de uma entidade, sua situação no espaço, entre outros fatores; • Argumentativos: possui comoobjetivo conquistar o leitor através dos argumentos e contra-ar- gumentos expostos. Apresenta como característica os modalizadores, os verbos introdutores de opinião e os operadores argumentativos São exemplos desta tipologia textual a carta argu- mentativa, editorial, etc; • Injuntivas: são aqueles textos que apresentam como finalidade instruir e orientar o leitor e uti- liza de verbos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente. São exemplos de textos injuntivos os editais, regulamentos, leis, bulas, receitas, etc; • Expositivas: textos expositivos apresenta informações acerca de um objeto ou fato específico. Por meio de uma linguagem clara e objetiva. Apresentam como exemplo a reportagem, o ficha- mento, o artigo científico, etc. palavras do professor Prezado (a) aluno (a), chegamos ao final da primeira unidade da nossa disciplina de Oficina de textos em português e espero que nossa caminhada por ela tenha sido prazerosa e esclarecedora para você. 17 Iniciamos nossos estudos sobre o surgimento da escrita e, consequentemente, do alfabeto, desde os fenícios até à atualidade. Em seguida, no nosso percurso vimos o modelo comunicativo de Jakobson, a adaptação que ele fez do modelo matemático para a comunicação e seus 06 agentes: o emissor, o recep- tor, a mensagem, o código, o canal e o referente. Depois dos estudos da teoria da comunicação, estudamos sobre as funções da linguagem e a referência que cada uma delas faz com os agentes da comunicação: a emotiva com o emissor, a conativa com o receptor, a poética com a mensagem, a metalinguística com o código, a fática com o canal e a referencial com o referente. Em seguida aprendemos sobre os recursos de produção do texto e, por fim, os gêneros textuais, de acordo com a divisão bakhtiniana e as tipologias textuais, elementos tão necessários na hora de produzirmos um texto. Bem, meu caro (a), esta foi a nossa disciplina e espero que você tenha gostado e aprendido bastante neste nosso início de caminhar. Aproveito para ressaltar a importância de você participar do Desafio Colabora- tivo da disciplina, é lá que você irá construir, junto com seus colegas, o conhecimento. Lembre-se de interagir, de forma crítica, somando conteúdo e trazendo para o debate o fruto da sua pes- quisa e do seu estudo. Bom estudo a até a unidade II.
Compartilhar