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METODOLOGIAS ATIVAS E TAXONOMIA DE BLOOM W BA 05 73 _v 1. 0 © 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Camila Braga de Oliveira Higa Revisor Priscila Perez Domingos Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Hâmila Samai Franco dos Santos Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Aleixo, Tayra Carolina Nascimento A366m Metodologias ativas e taxonomia de bloom/ Tayra Carolina Nascimento Aleixo. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018. 118 p. ISBN 978-85-522-0817-4 1. Educação. 2. Tecnologia na Educação. I. Aleixo, Tayra Carolina Nascimento. II. Título. CDD 370 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject= http://www.kroton.com.br/ Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 3 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 04 Tema 01 – Teorias de aprendizagem 06 Tema 02 – Diferentes estilos de aprendizagem 21 Tema 03 – Inteligências Múltiplas de Gardner 37 Tema 04 – Metodologias ativas 52 Tema 05 – Metodologia da problematização e PBL 67 Tema 06 – Design instrucional 81 Tema 07 – Educação sob a ótica de Paulo Freire 93 Tema 08 – Taxonomia de Bloom 107 METODOLOGIAS ATIVAS E TAXONOMIA DE BLOOM 4 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Apresentação da disciplina A disciplina “Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom” busca nortear, através das teorias da aprendizagem, as estratégias adequadas para o contexto atual da educação. Para tanto, o primeiro capítulo busca traçar um breve histórico das prin- cipais teorias da aprendizagem, apontando as principais contribuições de behavioristas (como seu fundador no ocidente, John Watson, mas tam- bém Ivan Pavlov, Edward Thorndike e Burrhus Frederic Skinner), teóricos considerados de transição entre a perspectiva behaviorista e o cognitivis- mo (Robert Gagné e a própria Teoria da Gestalt), teóricos da linha cogni- tivista (como Jerome Bruner, Jean Piaget e David Ausubel), mas também sobre a linha humanista (Carl Rogers), e, por fim, escritores das teorias so- cioculturais (Lev Semionovitch Vygotsky, Paulo Freire e James V. Wertsch). Para cada tipo de estilo de aprendizagem, categorizado em binômios (FELDER; SILVEMAN, 1988), há também estratégias pedagógicas adequa- das que acabam potencializando o aprendizado grupal ou individual. É disso que trata o capítulo dois desta disciplina. Destrinchando as inteligências múltiplas do psicólogo Howard Gardner, o capítulo três, busca revelar o necessário desenvolvimento dos oito tipos de inteligências para a vida humana, em diferentes medidas. Já no capítulo quatro, a penetração das novas tecnologias da informação e comunicação na rotina das pessoas é discutida visando tencionar as práti- cas pedagógicas atuais. Além disso, estratégias de ensino híbrido, como a sala de aula invertida, serão descritos para enriquecer a discussão. Sobre a metodologia baseada em problemas, serão discutidas suas ca- racterísticas e aplicações no Brasil. Essa perspectiva pode ser alinhada com o capítulo sete sobre Paulo Freire, uma vez que este propõe uma Educação Problematizadora para libertar àqueles a quem o próprio au- tor chama de oprimidos. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 5 Em tempo, o capítulo seis visa identificar o enfoque construtivista no de- sign instrucional, articulando os benefícios da utilização de modelos que privilegiem a cognição do indivíduo no desenrolar do seu aprendizado. Enfim, o oitavo e último capítulo traz os objetivos da aprendizagem sob a organização da Taxonomia de Bloom. Posto de outra forma, através de objetivos gerais e específicos, a proposição de Bloom busca solucionar a seguinte questão: como formular estratégicas para o processo de apren- dizagem eficaz? Assim, a disciplina propõe um debate atual e crítico com relação à utiliza- ção de metodologias ativas, além de articular a metodologia proposta por Bloom. Vamos aos estudos, então. Boa leitura! Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 6 TEMA 01 TEORIAS DE APRENDIZAGEM Objetivos • Apresentar as principais vertentes teóricas que busca- ram explicar o processo de aprendizagem; • Delinear diferentes abordagens teórico-pedagógicas com base nessas teorias; • Refletir as atuais práticas escolares mediante referen- cial teórico. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 7 Introdução As teorias da aprendizagem buscaram, ao longo do tempo, explicar o fe- nômeno da aprendizagem, através da observação de comportamentos, como também através de estruturas mentais que organizam tal processo. A linha teórica que influenciou o mundo ocidental a partir dos anos 30, ficou conhecida como Behaviorismo (ou Comportamentalismo) e acredi- tava na credibilidade dos comportamentos observáveis. Já nas teorias cognitivistas, o comportamento cede lugar para o processo cognitivo, apesar de alguns teóricos serem considerados de transição en- tre uma vertente e outra, pois trabalhavam com observação de compor- tamentos como também explicando os caminhos pelos quais passam a cognição humana no processo de aprendizagem. As teorias humanistas, por sua vez, buscam reclamar a integralidade do in- divíduo enquanto sujeito inscrito na lógica social, cultural e histórica da hu- manidade. Aqui, o indivíduo educado seria aquele que aprendeu a apren- der e pode continuar desenvolvendo seu conhecimento autonomamente. Por fim, as teorias socioculturais trabalham com o âmbito da consciência em grande medida, uma vez que os processos educacionais visam locali- zar o indivíduo no contexto no qual encontra-se imerso. Os próximos itens descreverão, com maior detalhamento, as teorias apre- sentadas brevemente aqui, identificando, também, ao menos um teórico para cada vertente. 1. Teorias da aprendizagem O processo de aprendizagem parece ter despertado atenção da ciência logo nos primórdios da Era Antropocêntrica, época na qual o homem pas- sa a ser considerado o centro das coisas e o método científico começa a se desenvolver (MARCONDES, 2004). 8 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Atualmente, estaríamos vivendo a Era Tecnocêntrica, na qual a máquina passa a ocupar a posição de centralidade citada acima. Essa transição en- tre as duas épocas, antropocêntrica e tecnocêntrica, coincide com o surgi- mento da televisão, o terceiro meio de comunicação de massa, precedido pelo jornal e rádio (MARCONDES, 2004). Esses meios de comunicação de massa passam a pautar, segundo a hipó- tese do Agenda Setting, as conversas das pessoas, uma vez que o contato entre as pessoas passa a ser cada vez mais sistemático e randomizado (MARTINO, 2013). Em outras palavras, se nos tempos feudais as pessoas lidavam basicamente com algumas dezenas de pessoas ao longo de toda a vida, agora, nas grandes cidades, esbarramostodos os dias com pesso- as que não conhecemos. Ao ter o contato com a mídia ampliado por toda tecnologia à disposição, nosso processo de aprendizagem se torna cada vez mais mediado. Essa é uma constatação trabalhada, por exemplo, no conceito de Ensino Híbrido (metodologias que combinam sala de aula com ambientes virtuais). A pressuposição feita por Martín-Barbero acerca do aprendizado mediado vem a seguir: “A escola deixou de ser o único lugar de legitimação do saber, pois existe uma multiplicidade de saberes que circulam por outros canais, difusos e descentralizados. Essa diversificação e difusão do saber, fora da escola, é um dos desafios mais fortes que o mundo da comunicação apresenta ao sistema educacional”. (MARTÍN-BARBERO, 2011, p. 126) Levando a fundo a presente argumentação, a linha teórica chamada Conectivismo, considerada uma das perspectivas mais jovens para expli- car os processos de aprendizagem, chega a imprimir a estrutura reticular na estrutura cognitiva humana, reconhecendo a construção do conheci- mento como o estabelecimento de nós especializados através de fontes diversas de informação (jornais, sites, livros, pessoas, banco de dados, televisão ou qualquer outra fonte de informação) (SIEMENS, 2006). Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 9 PARA SABER MAIS O Conectivismo é sustentado por alguns princípios básicos. Segundo Siemens (2005), são eles: 1. A diversidade de opiniões sustenta a aprendizagem e o conhecimento. 2. A aprendizagem se dá através da conexão a nós especia- lizados e fontes de informação. 3. Dispositivos não-humanos podem ser fontes de aprendizagem. 4. A capacidade de adquirir novas aprendizagens é direta- mente proporcional à postura crítica. 5. Conexões devem ser feitas e mantidas para sustentar o processo de aprendizagem. Essas conexões servem para orientar o consumo de informações das pessoas. 6. Localizar interligações entre áreas do conhecimento, ideias e conceitos é fundamental para o processo de aprendizagem. 7. Atualizar o conhecimento é primordial, uma vez que este não é estático. LINK Vale a pena conhecer um pouco mais sobre a teoria do co- nectivismo. Para tanto, assista ao vídeo “Overview of connec- tivism”, do Dr. George Siemens, disponível em: <https://youtu. be/yx5VHpaW8sQ>. É possível habilitar a tradução automática no canto inferior direito da tela. Acesso em: 29 out. 2017. Apesar de comentar alguns desdobramentos teóricos contemporâneos acerca do processo de aprendizagem, se faz necessário conhecer as ver- tentes teóricas que permitiram este caminho. Os próximos subitens se ocuparão de trazer detalhes sobre as principais delas. https://youtu.be/yx5VHpaW8sQ https://youtu.be/yx5VHpaW8sQ 10 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 1.1. Teoria Behaviorista Behaviorismo, ou Comportamentalismo, se refere aos estudos empíricos sobre o comportamento observável. Tal perspectiva se opunha, no pri- meiro momento, ao mentalismo predominante na época de sua concep- ção (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). PARA SABER MAIS Para o mentalismo europeu da época, os processos men- tais eram constituídos, exclusivamente, através dos âmbitos mental e psíquico do ser humano. Watson rejeitou os proces- sos mentais, alegando que o objeto de pesquisa deveria ser observável para alcance consensual (SÉRIO, 2005). Apesar de ainda serem empreendidas pesquisas behavioristas na acade- mia, o behaviorismo é encarado como fundamentação teórica ultrapassa- da. Ou seja, de nada adianta adotar novas tecnologias na educação se essas se baseiam em princípios behavioristas (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). O Behaviorismo Metodológico foi inaugurado por John Watson (1878- 1958) e ganhou popularidade ainda nos anos de 1930, no mundo oci- dental. Sua maior influência foi o cientista Ivan Pavlov (1849-1936) com seus estudos sobre condicionamento junto a cães (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Depois da vertente Metodológica, o Behaviorismo Radical, concebido por Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), resgatava alguns pressupostos da perspectiva mentalista, negando a face determinista do behavioris- mo metodológico. Para Watson, o homem funcionaria como uma “tábu- la rasa” ao nascer, sendo possível desenvolver qualquer competência ou habilidade através do processo de estímulos e respostas (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 11 Skinner atualiza a teoria behaviorista, acrescentando na equação estímu- lo-resposta, condicionantes que poderiam servir como balizadores do comportamento esperado. Ou seja, através de reforços ou punições seria possível condicionar o comportamento humano com base no mecanismo de novas escolhas a partir das consequências (SKINNER, 1972). ASSIMILE Controlando as variáveis do processo de aprendizagem, Skinner (1972) acreditava ser possível motivar, reter e trans- ferir conhecimento. Sua pedagogia tecnicista coincide com o industrialismo no mundo ocidental. No Brasil, essa visão emerge por volta dos anos 60. Por fim, vale relembrar o behaviorista Edward Thorndike (1874-1949). Sua contribuição para o terreno de estudos do comportamento se refere ao reforço. Através da Lei do Efeito, o comportamento poderia ser reforçado por meio de consequências satisfatórias, ao passo que, se o comporta- mento for seguido de estados chamados irritantes, o mesmo poderia ser levado à extinção (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Portanto, a principal característica que permeia os estudos behavioristas seria o objeto de pesquisa, no caso, o próprio comportamento observá- vel. E é exatamente nessa superficialidade que reside a maior crítica vol- tada para essa teoria. 1.2. Teorias de transição entre o behaviorismo clássico e o cognitivismo Para se desenvolver, a ciência trabalha com o resgate de autores e teo- rias para contrapor, ampliar ou corroborar suas visões. Nesse sentido, pode haver teorias entendidas como de transição entre uma linha e ou- tra de trabalho. 12 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom É o caso da transição entre as teorias behavioristas e cognitivistas. Os teó- ricos desse período tanto consideravam alguns pressupostos do compor- tamentalismo como também sugeriram novos olhares cognitivistas para entender o processo de aprendizagem. Talvez a primeira teoria de processamento de informações tenha sido for- mulada por Robert Gagné (1916-2002). Tal autor entendia que os estímu- los poderiam servir como inputs no processo de desempenho (output) do indivíduo (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Já o autor Edward Thorndike (1886-1959) traz uma abordagem intencional do behaviorismo. Em outras palavras, as intenções dos envolvidos no pro- cesso de aprendizagem poderiam servir como guia para estimular o desen- volvimento cognitivo dos envolvidos (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). A Teoria da Gestalt, por sua vez, foi concebida pelos psicólogos alemães Kurt Koffka (1886-1940), Max Wertheimer (1880-1943) e Wolfgang Köhler (1887-1967). Essa teoria recusa o estruturalismo da época e propõe que, ao contrário do que acreditava os estruturalistas, conhecer as partes não significa conhecer o todo (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). EXEMPLIFICANDO O chamado Pontilhismo é uma expressão artística na qual a pintura de vários tons de pontinhos numa tela daria a sen- sação de tonalidades, se vista de longe. Essa forma de arte pode servir como exemplo para a Teoria da Gestalt, na qual prevê que o todo é maior do que a soma de suas partes (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). A interpretação e a percepção são mecanismos básicos para a Teoria da Gestalt e acabam configurando o processo de aprendizagem. Por exemplo, mediante imagens com ilusões de ótica, a partir da percepção, o indivíduo empreende uma interpretação que pode escapar da realidade objetiva. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 13 O próximo subitem traz, finalmente, a teoria cognitivista após os desen- volvimentos de sua transição entre as vertentes behavioristas clássicas e o cognitivismo propriamente dito. 1.3. TeoriasCognitivistas São identificados três tipos de aprendizagens: afetiva, cognitiva e psico- motora. A maior parte das teorias de aprendizagem problematiza a apren- dizagem cognitiva, pois ela serve como base para o desenvolvimento dos outros dois tipos (MOREIRA, 1999). As teorias cognitivistas adentram o cenário educacional a partir dos anos 80. Para seus adeptos, o significado apreendido da realidade não corres- ponderia, necessariamente, à sua versão objetiva. Isso quer dizer que a subjetividade influencia, diretamente, na decodificação da realidade por parte do indivíduo (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Para Jean Piaget (1896-1980) o desenvolvimento cognitivo deveria ser considerado nos seguintes âmbitos: sensório-motor, pré-operacional e operacional-crítico. O indivíduo aprenderia através dos mecanismos de assimilação (recorrendo ao repertório já existente no sistema cognitivo) e de acomodação (na falta de elementos para assimilação, o cérebro busca acomodar as novas informações com outros elementos cabíveis que po- dem auxiliar no aprendizado) (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Desse modo, deve haver pontes entre o repertório do aluno e os novos saberes, provocando desequilíbrios dosados no sistema cognitivo do alu- no. No entanto, o autor adverte que esses desequilíbrios não podem ser tão grandes a ponto dos alunos recorrerem ao mecanismo de acomoda- ção (MOREIRA, 1999). Essas pontes, para o psicólogo estadunidense David Ausubel (1918-2008), devem ser expressas na utilização de subsunçores (estruturas de conhe- cimentos específicos), que poderiam auxiliar o indivíduo em seu processo de aprendizagem. Com o estabelecimento de hierarquias de conceitos, os subsunçores funcionariam como elementos introdutórios que pode- riam embasar o novo conhecimento a ser compreendido (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). 14 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Para concluir, o autor Jerome Bruner (1915) pauta sua argumentação na honestidade. Para ele, esse valor pode promover o aprendizado nas esco- las, em especial, quando o currículo propõe o contato com conceitos que, a todo momento, são resgatados em diferentes níveis de profundidade, fomentando a apreensão deste saber (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). 1.4. Teorias humanistas As teorias humanistas buscam reconhecer o ser humano em sua inte- gralidade. O objetivo da educação seria o desenvolvimento pessoal do indivíduo, tornando-o um ser atuante em sua realidade social e cultural (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Um dos expoentes dessa linha de pensamento é o psicólogo estaduni- dense Carl Rogers (1902-1987). O âmbito afetivo se relaciona diretamente com a capacidade de aprender, sendo que o ambiente escolar deve ser sustentado por uma postura essencialmente empática. Além disso, o pro- fessor deve se mostrar como uma pessoa real, como outra qualquer ali, em meio aos educandos (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). LINK Resenha do livro de Carl R. Rogers, “Liberdade para Aprender”: <http://www.revistas.usp.br/reaa/article/view/45615>. Acesso em: 29 out. 2017. Alinhada ao Conectivismo nesse determinado ponto, a teoria humanis- ta prevê que o sujeito educado é aquele que aprendeu a aprender. Em qualquer situação, poderá revestir seu conhecimento com novos sabe- res, independentemente a situação das circunstâncias (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Já para George Kelly (1905-1967), a realidade é construída através de construtos pessoais. Ou seja, mediante o mecanismo de antecipação, a pessoa já calçaria sua interpretação no momento seguinte, variando, http://www.revistas.usp.br/reaa/article/view/45615 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 15 individualmente, a permeabilidade desses construtos propriamente ditos (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). O próximo subitem traz a quinta e última grande teoria da aprendizagem aqui considerada. 1.5. Teorias socioculturais O enfoque desta vertente teórica recai nos processos sociais e culturais nos quais os indivíduos estão submetidos. Esta linha de raciocínio pode ser aproximada da teoria das mediações de Martín-Barbero (1997). PARA SABER MAIS Jesús Martín-Barbero é um dos maiores pensadores atuais da América Latina. Seu livro “Dos meios às mediações” (1997) causou grande impacto nos estudos de comunicação, reve- lando-se como alternativa à perspectiva linear, que domina- va o pensamento científico da área até as décadas de 1960 e 1970. Tal perspectiva linear diz respeito ao paradigma emis- sor-receptor, no qual o poder de produção se concentra nas mãos de pequenos grupos da mídia, ao passo que o receptor recebe tal conteúdo de maneira passiva. LINK “Mediações & Midiatização” é um livro que reúne textos que trazem algumas definições acerca de termos como mediação, midiatização, medium e mídia ou meios. Os textos contribuem para melhor entendimento acerca dos fenômenos atuais vin- culados à internet e como suas consequências reverberam na vida real. Acessem o livro através do link: <https://static. scielo.org/scielobooks/k64dr/pdf/mattos-9788523212056. pdf>. Acesso em: 29 out. 2017. https://static.scielo.org/scielobooks/k64dr/pdf/mattos-9788523212056.pdf https://static.scielo.org/scielobooks/k64dr/pdf/mattos-9788523212056.pdf https://static.scielo.org/scielobooks/k64dr/pdf/mattos-9788523212056.pdf 16 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Não obstante, ao contrário do que defendem os teóricos cognitivistas, Vygotsky desconstrói o constante resgate de elementos conhecidos pelo indivíduo, pois entende que esta estratégia configura perda de tempo e pode impedir que o educando salte para novos patamares (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). O que o autor chama de zona de desenvolvimento proximal funcionaria como um auxílio mínimo necessário do professor junto à criança, para que este possa interiorizar novos signos ou instrumentos. A finalidade do aprendizado seria internalizar também as regulações externas como forma de autorregulação para uma vida em sociedade (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Os elementos voltados para a regulação estariam vinculados aos proces- sos histórico e cultural, alterando, de tempos em tempos, o conjunto de signos e instrumentos necessários para a sobrevivência em sociedade (MELLO, 2004). Ou seja, a cada nova geração são constituídas novas apti- dões que são inseridas no recorte temporal em questão. James V. Wertsch se aprofunda na teoria de Vygotsky e identifica três grandes subdivisões presentes em toda obra do autor: a) funções men- tais superiores derivam da vida social; b) confiança no método genético e evolutivo; c) ação humana mediada por signos e instrumentos. Apesar do segundo item ser o mais utilizado por cientistas no ocidente, Wertsch acredita que o elemento crucial se encontra no terceiro item, desenvol- vendo, daí, a zona de aproximação sociocultural, em 1995 (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). PARA SABER MAIS Paulo Freire (1921-1997) é um dos mais reconhecidos peda- gogos em todo o mundo. A sua obra é composta por diversos livros, mas desde 1960 o livro “Pedagogia do Oprimido” confi- gura um dos mais lidos e referenciados em diversos idiomas. No Brasil, a venda desse livro é permitida apenas a partir de 1974 (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 17 A imersão do educando no contexto próximo de sua realidade é um dos requisitos para o processo de alfabetização proposto por Paulo Freire. Seu programa não previa o estabelecimento prévio de conteúdos, mas era, sim, construído junto aos alfabetizandos, motivando-os a se torna- rem autores de suas próprias histórias (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011). A título de terminar o capítulo, independente da fundamentação teórica do programa educacional, o mais importante é que ele seja eficaz e traga um ensino de qualidade, e que seja coerente para o recorte temporal no qual os educandos estejam imersos. Relembrando alguns episódios de sua infância, em que medida o seu professor do ensino fundamental ancorava suas decisões na pers- pectiva behavioristada educação? QUESTÃO PARA REFLEXÃO 2. Considerações finais • A ciência requer a visita em diferentes referências para fazer o pen- samento caminhar de acordo com o contexto vigente. Por isso, vários teóricos podem se encontrar na transição entre uma teoria e outra. • A teoria behaviorista inaugura a lista de teorias que buscam ten- cionar o processo de aprendizagem a partir de métodos empiristas fundados na observação. • As teorias cognitivistas buscavam compreender o processo de aprendizagem a partir de estruturas cognitivas, propondo meios de organizar o conteúdo a ser ensinado. • As teorias humanistas deslocam o foco do aprendizado para o educando, valorizando as esferas de ação, sentimento e empatia humanas. 18 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom • Por fim, as teorias socioculturais promovem a compreensão do contexto social e cultural no qual os indivíduos estão imersos, pro- vocando uma ruptura no campo científico em questão. Glossário • Behavior: do inglês, comportamento. • Academia: no sentido de ambiente acadêmico, âmbito científico. • Input/output: do inglês, respectivamente, entrada(s) e saída(s) de determinado processo. • Empirista: voltado para pesquisa de campo. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 01 1. De acordo com Paulo Freire (1987), a pedagogia deve ser voltada para a do educando, conscientizan- do-o sobre o contexto no qual está inserido. Qual das alternativas completa adequadamente a frase acima? a) Libertação. b) Manipulação. c) Opressão. d) Vigilância. e) Reação. 2. Os subsunçores servem para organizar e introduzir novos saberes na estrutura cognitiva do educando. Qual dos au- tores propôs a utilização desses organizadores prévios? Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 19 a) Jean Piaget. b) David Ausubel. c) Paulo Freire. d) Lev S. Vygotsky. e) John Watson. 3. propõe a atualização da teoria behavioris- ta a partir da proposição de fatores condicionantes ao comportamento. Qual alternativa completa adequadamente o trecho acima? a) John Watson. b) Ivan Pavlov. c) Richard Siemens. d) Paulo Freire. e) Burrhus F. Skinner. Referências Bibliográficas MARCONDES FILHO, Ciro. Sociedade Tecnológica. 1. ed. São Paulo: Editora Scipione, 2004. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Desafios Culturais: da Comunicação à Educomunicação. In: CITELLI, Adilson Odair; COSTA, Maria Cristina Castilho (Orgs.). Educomunicação: Construindo uma Nova Área de Conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2011, p. 121-134. MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria da Comunicação: Ideias, Conceitos e Métodos. 4. ed. rev. e atual. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. MELLO, Suely Amaral. A Escola de Vygotsky. In: CARRARA, Kester (Org.). Introdução à Psicologia da Educação: Seis Abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004, p. 135-155. MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. OSTERMANN, Fernanda; CAVALCANTI, Cláudio José de Holanda. Teorias de Aprendizagem. Porto Alegre: Evangraf; UFRGS, 2011. 20 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom SÉRIO, T. M. D. A. P. The Radical Behaviorism and the Psychology as Science. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 247- 262, dez. 2005. SIEMENS, G. Learning Ecology, Communities, and Networks Extending the Classroom. 2003. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/Articles/learning_communities. htm>.Acesso em: 23 fev. 2014. SIEMENS, G. Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. In: International Journal of Instructional Technology & Distance Learning. 2005, v. 2, n. 1.. Disponível em: <http://www.itdl.org/Journal/Jan_05/article01.htm>. Acesso em: 23 fev. 2014. SIEMENS, G. Knowing Knowledge. 2006. Disponível em: <http://www.elearnspace. org/ KnowingKnowledge_ LowRes.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2014 SIEMENS, George. Connectivism: a Learning Theory for the Digital Age. Elearnspace, dez 2004. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm>. Acesso em 30 out. 2017. SKINNER, B. F. Tecnologia do Ensino. São Paulo: Herder, 1972. Gabarito – Tema 01 Questão 1 – Resposta: A Segundo o grande educador brasileiro, a pedagogia deve ser liberta- dora, pois somente desta forma poderia ser fomentada a consciên- cia nas pessoas. Questão 2 – Resposta: B David Ausubel propõe a utilização de subsunçores para introduzir novos saberes na estrutura cognitiva do educando, servindo como organizadores prévios no processo de aprendizagem. Questão 3 – Resposta: E Burrhus F. Skinner propõe a atualização da teoria do comportamen- to, visando negar a postura determinista de outrora e avançando na equação estímulo-resposta. http://www.elearnspace.org/Articles/learning_communities.htm http://www.elearnspace.org/Articles/learning_communities.htm http://www.itdl.org/Journal/Jan_05/article01.htm http://www.elearnspace.org/ http://www.elearnspace.org/ http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 21 TEMA 02 DIFERENTES ESTILOS DE APRENDIZAGEM Objetivos • Apresentar os diferentes estilos de aprendizagem, segundo categorias de Richard Felder e Linda K. Silverman (1988); • Propor metodologias ativas para cada estilo de aprendizagem; • Trazer tendências no ensino blended learning na dis- cussão contemporânea acerca da aprendizagem. 22 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Introdução A cada momento, cada indivíduo pode apresentar características e prefe- rências distintas no processo de aprendizagem. Em contrapartida, repre- sentaria um enorme desafio se a educação buscasse atender a todos os tipos particulares de aprendizagem (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Por isso, a solução encontrada e apresentada no livro “EaD Virtual: en- tre teoria e prática”, dos autores Lucia R. H. R. Franco, Dilma Bustamante Braga e Alessandra Rodrigues (2010), busca identificar o perfil predomi- nante do público-alvo de determinado curso para, então, configurar as atividades virtuais e presenciais do curso propriamente dito. De uma outra perspectiva, mediante pesquisa de campo junto a alunos de um curso de Planejamento e Controle de Produção, os autores do estu- do propõem duas diretrizes para o desenho educacional: buscar atender os diferentes estilos de aprendizagem quando padronizado e, por outro lado, quando personalizado, que o desenho possa trazer atividades com- plementares que atendam as preferências dos aprendizes (DIAS; SAUAIA; YOSHIZAKI, 2013). Não obstante, independente se o curso for presencial, semipresencial ou totalmente a distância, o profissional conhecido como designer instru- cional deverá configurar pontos de contato virtuais junto aos alunos que atendam às necessidades previstas para atingir as competências almeja- das no curso em questão. Esse profissional deve, no entanto, se atentar para as possibilidades de acesso desse público-alvo, fazendo a composição das ferramentas de acordo com o perfil dos alunos. Em outras palavras, não adianta compor um curso com o que há de mais novo no mundo tecnológico, desconside- rando o acesso dos educandos (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Em meio a toda essa discussão acerca do chamado blended learning, os diferentes estilos de aprendizagem de Felder e Silverman (1988) são apre- sentados juntamente com estratégias de metodologias ativas coerentes a cada um deles. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 23 1. Enfoque contemporâneo da aprendizagem Mediante o enfoque humanista da educação, conforme você estudou no capítulo anterior, o ser humano é entendido em sua integralidade. Não há mais cisão entre sentimentos e ação, mas sim o respeito ao indivíduo em sua totalidade. Nesse sentido, a educação busca recursos para atender às demandas de cada aluno. De maneira pontual, portanto, o processo de ensino-aprendi- zagem vai se personalizando, considerando o ritmo e capacidade cogniti- va de cada um. “O aprendiz é um indivíduo que apresenta um perfil particular de inteligên- cia desde o momento em que nasce. É singular em sua morfologia, em sua anatomia, emsua filosofia, em seu temperamento, em seu comportamento e em sua inteligência. Todos esses aspectos são dimensões de uma indivi- dualidade viva, de um sistema aberto e que existe no mundo fenomênico. É um ser de qualidade, um ser de existência, que busca sua autonomia de ser e existir”. (GUERRA, 2001, p. 60) Não obstante, as pessoas compartilham cada vez mais conteúdo por meio da internet. Não faz sentido a educação ficar alheia a toda essa mudança pa- radigmática. De outro modo, cada vez mais o educando mostra desinteres- se pela forma tradicional de ensino (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Como resposta ao desinteresse identificado na postura do aluno, hoje existem duas grandes orientações que balizam o campo educacional: a orientação tradicional, baseada no modelo expositivista do conteúdo e em avaliações objetivas junto aos alunos, mas também a orientação co- laborativista da educação, com foco na aprendizagem e na autonomia do aluno (MORAN, 2007). Nessa segunda orientação, fundada na autonomia do aluno, existe um esforço maior em implementar recursos tecnológicos em prol do desen- volvimento crítico do educando. Ou seja, ferramentas do ambiente virtual podem servir para complementar ou protagonizar o processo de apren- dizagem, mas de maneira inovadora e integrada. 24 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom “Com esses dois modelos básicos, teremos inúmeras variações, modelos hí- bridos, que procurarão equilibrar transmissão de informação e colaboração, conteúdo e pesquisa, informação pronta e conhecimento construído. O que parece certo é que teremos cada vez menos aulas presenciais e mais com- partilhamento virtual das experiências de aprender com alguém mais prepa- rado (os professores) e de aprender juntos, em rede”. (MORAN, 2007, p. 143) No entanto, não vale somente transportar o material analógico para os suportes digitais, mas sim transformar o papel do educando no processo de aprendizagem. Agora ele deve tomar o protagonismo do professor. Com vistas nessa orientação mais inovadora da educação, o próximo item se concentra na definição de metodologia ativa para, em seguida, propor diferentes atividades a cada um dos diferentes estilos de aprendizagem propostos por Felder e Silverman (1988). 2. Uma breve discussão acerca das metodologias ativas As atividades que serão propostas para cada estilo de aprendizagem es- tão, nesta disciplina, alinhadas à noção de metodologia ativa. Vale desta- car que a utilização de metodologias ativas escapa da tecnologia, ou seja, as atividades que visam aumentar a autonomia e ampliar a capacidade crí- tica do aluno independem das tecnologias da informação e comunicação. EXEMPLIFICANDO Um professor pode aplicar uma metodologia ativa sem o apoio de suportes tecnológicos. Um exemplo seria estabelecer pon- tos relevantes para um debate intencionalmente dividido na sala de aula e, no momento seguinte, pedir que os alunos fa- çam a inversão das posições que ocuparam no primeiro mo- mento para tentar rebater os próprios argumentos utilizados até então. Trata-se, portanto, de uma metodologia ativa, que coloca o educando no centro do processo de aprendizagem. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 25 As metodologias ativas são assim chamadas porque privilegiam a autono- mia do aluno, permitindo a construção da capacidade crítica na intelectuali- dade do mesmo. Desse modo, essas metodologias promovem tanto a per- sonalização do ensino como também o papel mediador do professor que deve, por sua vez, ensinar o caminho para construção contínua do aprendi- zado, alinhado ao caráter conectivista das abordagens teóricas estudadas. PARA SABER MAIS Para se aprofundar ou mesmo resgatar a vertente teórica do Conectivismo, acesse o vídeo disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=MJDyX7_J51M>. Acesso em: 03 abr. 2018. É possível ativar a tradução automática no canto infe- rior direito da tela. Para melhor ilustrar a ideia de metodologia ativa, a seguir serão comenta- dos alguns exemplos ou caminhos que permitem suas aplicações no pro- cesso de aprendizagem. Essas explicações também servirão de insumo para os próximos itens, quando serão articuladas algumas metodologias ativas para cada binômio acerca dos diferentes estilos de aprendizagem (modelo Felder-Silverman). A primeira estratégia de metodologia ativa refere-se ao estudo de caso. Neste método, o aluno se defronta com diversas situações que competem à prática profissional em questão, promovendo a relevância dos concei- tos que serão estudados naquela determinada aula (BERBEL, 2011). Essa aplicação auxilia na manutenção do interesse do educando no que tange as escolhas curriculares do curso em questão. Outra atividade, parecida com o estudo de caso, é chamada de processo de incidente. No primeiro momento, o professor apresenta uma ocorrên- cia, com informações gerais e sucintas. Logo em seguida, coloca-se à dis- posição para esclarecer possíveis dúvidas, fornecendo maiores detalhes https://www.youtube.com/watch?v=MJDyX7_J51M https://www.youtube.com/watch?v=MJDyX7_J51M 26 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom aos alunos que as pedirem. Por fim, a classe é subdividida e é chegada a hora de apresentar as possíveis resoluções para o incidente em questão (GIL, 1990). O método de projetos, por sua vez, combina atividades de ensino, pes- quisa e extensão (BERBEL, 2011). Esse caminho é complexo em sua execu- ção, mas geralmente resulta em relatórios finais bem elaborados ou até mesmo projetos reais, como o que acontece nas incubadoras de empre- sas dentro das universidades. Essa metodologia ativa favorece, em gran- de medida, a capacidade criativa do aluno. A pesquisa científica também configura uma metodologia ativa e é ge- ralmente aplicada junto a alunos do ensino superior ou pós-graduação. Geralmente, a pesquisa científica é vinculada às atividades de iniciação cien- tífica e também junto aos trabalhos de conclusão de curso (BERBEL, 2011). EXEMPLIFICANDO Professores podem engajar alunos em projetos científicos já em andamento, apresentando-os a conhecimentos mais elaborados, como também a métodos que preveem maior embasamento. Por exemplo, uma professora de Publicidade e Propaganda, lecionando uma disciplina de Análise do Discurso, pode promover uma pesquisa científica em conjun- to com alunos interessados em conhecer as raízes do discur- so machista na sociedade brasileira e, como relatório final, publicar um artigo em parceria com esses alunos. Voltando a destacar a relevância de aplicar soluções pontuais, os alunos são convidados a resolver problemas nesta última metodologia ativa aqui apresentada. Problem Based Learning, ou simplesmente PBL, também co- nhecido como aprendizagem baseada em problemas, busca tirar o estu- dante da zona de conforto e desafiá-lo nas competências técnico-científicas, Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 27 fornecendo insumos para que o educando possa embasar decisões, não somente na sala de aula ou no laboratório, como também no exercício de sua profissão (BERBEL, 2011). ASSIMILE Antes de assumir a direção de um veículo, o aprendiz de au- toescola deve passar por uma série de aulas teóricas e tam- bém práticas. Nessas aulas práticas, o futuro motorista trei- na sob a supervisão de um instrutor que o estimula a passar por diversas situações típicas do trânsito, tais como: baliza, subidas íngremes, etc. Aproveitando essa analogia, a educa- ção deveria assumir o papel do instrutor, propondo metodo- logias que ensinem, na prática e de maneira autônoma, os “futuros motoristas” que pretendem assumir o comando de uma profissão. Dessa forma, a formação crítica sustenta o aluno a ponto de ele saber o que fazer em situações inéditas ou de contingência, na hora de atuar no mercado. Essa ana- logia foi feita pelo professor da USP José Moran (2015). As metodologias ativas possuem ainda o caráter formativo do educando, afastando a competição entre os alunos, como também as formas de ava- liação quebuscam ranqueá-los de acordo com notas. São promovidos, no lugar disso, o tipo e qualidade do aprendizado, preparando os alunos para o exercício da profissão escolhida (BERBEL, 2011). Além disso, algumas estratégias têm sido aplicadas com intuito de trazer equidade no processo de aprendizagem. Em outras palavras, a persona- lização do ensino liberta os alunos do ritmo dos colegas, possibilitando que cada um corra atrás das suas próprias dificuldades e aproveitem, também, suas facilidades e potencialidades. Tais estratégias são apresen- tadas nos tópicos seguintes, considerando cada binômio dos estilos de aprendizagem de Felder-Silverman (1988). 28 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom LINK Sobre a noção de metodologias ativas, bem como as implica- ções de sua implementação na educação, assista a Conexão sobre o tema através do Canal Futura, canal do youtube: <https://youtu.be/z0Y3BzUWnMI>. Acesso em: 10 abr. 2018. 3. Estilos de aprendizagem segundo o modelo Felder- Silverman Para o autor Richard M. Felder, a educação deve buscar sempre o de- senvolvimento de habilidades (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Desse modo, os estilos de aprendizagem desenvolvidos por ele e Linda K. Silverman (1988) articulam as habilidades que tornam o processo de aprendizagem mais confortável e eficiente, variando conforme a etapa de aprendizagem na qual o aluno se encontra. Os diferentes estilos de aprendizagem estão sob a designação de quatro dimensões que compreendem esse processo da aprendizagem em si: per- cepção, processamento, input e entendimento (FELDER; SILVERMAN, 1988). Cada um deles pode ser diretamente associado aos binômios, respectiva- mente, racional/intuitivo, ativo/reflexivo, visual/verbal e sequencial/global. 3.1. Aprendizes ativos/reflexivos Os aprendizes desse estilo de aprendizagem transitam entre a pragmá- tica e a abstração. Ou seja, enquanto o aprendiz ativo atribui mais valor às atividades práticas e aplicação de conceitos em situações concretas, o aprendiz reflexivo examina as informações a ele passadas, estabelecen- do análises mentais dos pontos teóricos ministrados (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). https://youtu.be/O4icT4Z8m6Q Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 29 Os alunos ativos gostam de trabalhar em grupos e geralmente são bas- tante comunicativos. Nesse caso, promover explicações mútuas na sala de aula pode resultar em aprendizagem eficaz. Por outro lado, o aluno reflexivo busca compreender o conteúdo sozinho, mediante reflexões, como o próprio nome sugere. Portanto, algumas pau- sas, até mesmo na fala do professor, podem contribuir com a apreensão da matéria por parte desses aprendizes. O método de projetos pode ser uma metodologia ativa trabalhada no sentido de dar oportunidade para ambos os aprendizes articularem suas ideias e fornecerem conhecimento compartilhado. Por exemplo, para uma exposição, um grupo de alunos de administração de empresas deci- de empreender uma enquete na própria faculdade para, depois, divulgar os resultados no dia da exposição. Para tanto, os alunos se dividem em dois subgrupos: uma parte (ativos) vai aplicar os questionários na pesqui- sa de campo, enquanto a outra metade (reflexivos) articulam as pergun- tas que irão compor este questionário. 3.2. Aprendizes racionais/intuitivos Os aprendizes racionais precisam sustentar a construção do seu conheci- mento em informações factíveis, dados e sustentação prática. Em contra- partida, os aprendizes intuitivos são mais espontâneos e, tanto por isso, conseguem ser mais criativo. PARA SABER MAIS Um dos testes mais utilizados no âmbito organizacional para conhecer a configuração da personalidade do indivíduo cha- ma-se Myers-Briggs Type Indicator (MBTI) ou Classificação Tipológica Myers-Briggs. Este teste foi baseado na tipologia proposta por Carl Jung e revela 16 tipos de personalidade do- minantes, incluindo o binômio racional-intuitivo. Acesse o site e conheça o seu tipo em um teste baseado no MBTI: <www. personality-types.org/pt/test.php>. Acesso em: 23 fev. 2018. http://www.personality-types.org/pt/test.php http://www.personality-types.org/pt/test.php 30 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Em outras palavras, os alunos racionais baseiam sua aprendizagem em situações reais, partindo de fatos para alcançar as teorias. Por outro lado, os aprendizes intuitivos preferem partir de ideias gerais para situações pontuais (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Trabalhos práticos, como os realizados em laboratório, privilegiam os aprendizes racionais, pois estes são geralmente mais detalhistas e bus- cam embasar o conhecimento em fatos. Já os aprendizes intuitivos pos- suem maior capacidade de abstração, trabalhando bem com fórmulas matemáticas, por isso podem ser estimulados através de explicações te- óricas antes de serem conduzidos para o laboratório (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). 3.3. Aprendizes visuais/verbais Existem dois tipos de linguagem: a linguagem verbal e a linguagem não- verbal. A primeira é expressa na língua, independente da manifestação discursiva desta (falada ou escrita). Já a segunda linguagem refere-se a todo e qualquer tipo de forma, figuras, fotos, gráficos, vídeos, imagens, símbolos, etc. Dito de outra maneira, o ser humano pode se expressar através da fala, mas também através de gestos, postura, toque, movimentos corporais e expressões faciais, além de uma série de outros recursos disponíveis na linguagem não-verbal, mesmo que inusitados. ASSIMILE Impossível dizer que o personagem Mr. Bean deixa de comu- nicar porque não faz uso da linguagem verbal. Por meio de gestos, expressões faciais, postura, movimentos corporais, o ator Rowan Atkinson consegue transmitir humor através do seu personagem mudo. Relembre ou conheça este persona- gem através do canal, disponível em: <https://www.youtube. com/channel/UCkAGrHCLFmlK3H2kd6isipg>. Acesso em: 03 abr. 2018. https://www.youtube.com/channel/UCkAGrHCLFmlK3H2kd6isipg https://www.youtube.com/channel/UCkAGrHCLFmlK3H2kd6isipg Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 31 Pensando no binômio visual-verbal aqui discutido, há aprendizes que pre- ferem ter amplo contato com imagens, gráficos, figuras e símbolos. Já os aprendizes verbais terão maior êxito no processo de aprendizagem se fizerem a leitura do material escrito, ouvirem o professor explicar a maté- ria, confeccionar sínteses das aulas, etc. Nesse caso, um material que busca combinar ambos os recursos de lin- guagem terá maior cobertura no que tange a esses estilos de aprendi- zagem. Agora, considerando a aplicação de uma metodologia ativa, os alunos poderiam ser convidados para solucionar incidentes com base em desenhos (não-verbal) e explicação oral (verbal). 3.4. Aprendizes sequenciais/globais Os aprendizes sequenciais, como o próprio nome já diz, preferem receber as informações de maneira sequenciada, ou seja, linear. Trabalhar com linha do tempo para descrever a história da China, por exemplo, poderia ser benéfico para a organização mental desse aprendiz (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Por outro lado, o aprendiz global não precisa desse encadeamento de informações requerido pelo aluno sequencial. Sua forma de organização mental é espraiada, ligando as informações através de insights (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Trabalhos interdisciplinares podem ser desafiadores aos alunos sequen- ciais. Já o aluno global pode levar algum tempo para conectar os temas de aula de uma mesma disciplina (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). A pesquisa científica pode auxiliar ambos os aprendizes. O primeiro, o aprendiz sequencial, poderá apresentar maior facilidade em conectar os parágrafos, mas também terá o desafio de elevar a discussão teórica atra- vés de insights de uma pesquisa de campo, por exemplo. Em contrapartida, o aprendiz global poderá apresentar dificuldades na hora de estabelecer uma espinha dorsal para seu texto acadêmico, no entanto, poderá enriquecê-lo com insights sobre o assunto trabalhado.32 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 3.5. Aprendizes indutivos/dedutivos Os aprendizes indutivos partem de situações particulares para chegar à compreensão de generalizações. Os aprendizes dedutivos, por sua vez, trabalham de maneira inversa, partindo das situações genéricas para os casos específicos (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). O professor ou o conteúdo pode conduzir a aprendizagem do aluno in- dutivo mediante situações reais, típicas de sua vivência, e depois fazer a correlação com a teoria em vista. Já para os alunos dedutivos, ao iniciar as explicações teóricas, esses alunos já conseguem imaginar as consequên- cias e possíveis aplicações (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). No entanto, as situações da rotina profissional nem sempre trazem ró- tulos ou filiações teóricas para que se possa depreender uma solução. Portanto, a dedução deve representar apenas parte do processo (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Aprendizagem baseada em problemas pode ser uma metodologia ativa utilizada para tencionar esse binômio. A diferença pode residir na exposi- ção do problema a ser resolvido pelo aluno, dando pistas gerais e especí- ficas em seu escopo. O aprendiz pode apresentar diferentes estilos em diferentes interva- los de tempo? Quais as habilidades que você, como aprendiz, possui hoje? Quais delas você deve exercitar? QUESTÃO PARA REFLEXÃO 4. Considerações finais • O enfoque contemporâneo da educação prevê um processo de aprendizagem mais inclusivo, respeitando as dificuldades e poten- cialidades de cada educando. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 33 • O ensino híbrido se refere à combinação do ensino presencial com o ensino virtual, independente da modalidade do curso. Em contra partida, as metodologias ativas podem compor tanto o âmbito pre- sencial como também o virtual do ensino. • Para cada estilo de aprendizagem, uma estratégia pode ser adotada. Vale ressaltar que a criatividade deve ser estimulada, considerando o foco da aprendizagem: a autonomia do aluno e sua capacidade crítica. • Os cinco estilos de aprendizagem são divididos em: ativo/reflexi- vo, racional/intuitivo, visual/verbal, sequencial/global e indutivo/ dedutivo. Glossário • Pesquisa de campo: o pesquisador vai a campo, ou seja, busca informações de fenômenos e mercados, analisando e tratando os dados coletados para articular, posteriormente e no âmbito acadê- mico, com a teoria. • Espraiada: espalhada, alastrada. • Insights: do inglês, intuições. Ainda cabe a definição de compreen- são repentina sobre determinado assunto. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 02 1. Mateus busca trabalhar com cronogramas e atividades en- cadeadas dentro de uma lógica no pro- cesso de aprendizagem. Qual das alternativas identifica o estilo de aprendizagem de Mateus e, ao mesmo tempo, completa adequadamente a lacuna? 34 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom a) Ativo. b) Racional. c) Sensorial. d) Global. e) Sequencial. 2. Isabele é bastante comunicativa e adora trabalhar em gru- po. Sua habilidade também auxilia na sua função de moni- tora da turma de ciências. Qual estilo de aprendizagem predominante no perfil de Isabele? a) Racional. b) Sensorial. c) Afetivo. d) Dedutivo. e) Ativo. 3. O desenho educacional da Faculdade Inova busca combi- nar aulas presenciais com interação virtual regadas a me- todologias ativas no ambiente do portal do aluno. Esse contato virtual serve como extensão dos encontros pro- movidos no espaço físico do campus e impactam direta- mente no desempenho do aluno. A faculdade citada acima está aplicando que tipo de estra- tégia pedagógica? a) Metodologia ativa. b) Ensino híbrido. c) Ensino mesclado. d) Estratégias pedagógicas ativas. e) Atividades laboratoriais. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 35 Referências Bibliográficas FELDER, Richard; SOLOMAN, B. A. Index of Learning Styles. Disponível em: <http:// www4.ncsu.edu/unity/lockers/users/f/felder/public/ILSpage.html>. Acesso em: 23 fev. 2018. FELDER, R. M; SILVERMAN, L. K. Learning and Teaching Styles in Engineering Education. 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Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 37 TEMA 03 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE GARDNER Objetivos • Articular o conceito de inteligência; • Apresentar a teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner; • Confrontar algumas práticas em detrimento das inteli- gências desenvolvidas no contexto escolar. 38 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Introdução Uma pessoa é geralmente julgada como inteligente se possui facilidade com competências cobradas no sistema escolar. Essa visão é compartilha- da por alguns cientistas que buscaram ou buscam medir a Inteligência dos indivíduos. Um exemplo dessa prática de psicometria seria o teste de QI. No entanto, a psicometria, ou seja, os estudos que tentam medir a inteli- gência humana negligenciam alguns princípios de equidade. Na opinião de Howard Gardner (2001), esses estudos expressão tendências que já circulam na sociedade em forma de discurso, no caso, sob o ponto de vis- ta da classe dominante. Na visão do psicólogo Howard Gardner (1993; 2001), a inteligência deve ser encarada como plural, ou seja, como inteligências que podem ser apli- cadas em mais de um âmbito da vida humana e não apenas aquelas pri- vilegiadaspelo ensino formal. Em outras palavras, um indivíduo não poderia ser julgado como “inteli- gente” ou, seu antônimo, “burro”. No lugar dessa visão reducionista, o ser humano poderia desenvolver inteligências que fogem daquelas desen- volvidas no sistema escolar (inteligência linguística e lógico-matemática), como a inteligência musical ou a Inteligência espiritual (GARDNER, 2001). Nesse sentido, o presente capítulo tenciona a noção de inteligência de- senvolvida por Gardner, bem como sua classificação, para, então, articu- lar algumas práticas e metodologias ativas propícias para trabalhar todos os potenciais que podem ser encontrados em uma turma de educandos. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 39 1. Inteligências múltiplas Seguindo a linha humanista, defensora do respeito ao ser humano em sua integralidade, as inteligências múltiplas de Gardner também buscam articular as interferências particulares, subjetividade e individualidade no processo de aprendizagem (FRANCO, BRAGA, RODRIGUES, 2010). Howard Gardner (1993) defende o aluno como um ser de múltiplas inteli- gências. Se consideradas no processo de ensino-aprendizagem, essas in- teligências podem resultar em melhor desempenho e, consequentemen- te, melhor aproveitamento e atuação em qualquer área. Nesse sentido, o aprendiz se apoiaria em uma ou mais inteligências, valendo-se delas para se expressar. A definição de inteligência de Gardner sofreu alterações desde a publica- ção do seu primeiro livro “Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas” (GARDNER, 1993). A princípio, inteligência seria “a habilidade para resolver problemas ou criar produtos valorizados em um ou mais cenários culturais” (GARDNER, 2001, p. 46). Duas décadas depois, Gardner reformula o conceito de inteligência no livro intitulado “Inteligência: um conceito reformulado”, apresentando-a como “um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar pro- dutos que sejam valorizados numa cultura” (GARDNER, 2001, p. 47). Em outras palavras, o potencial de entregar valor para sociedade, seja em forma de resolução de problemas ou criação de novos produtos, seria propriamente a inteligência. Essa inteligência, portanto, foge dos limites da linguística e da lógica matemática, ambas valorizadas na formação es- colar do educando. A inteligência é múltipla. Ela pode ser expressa em diversos âmbitos valo- rizados pela cultura. Se este cenário cultural busca respostas existenciais, um indivíduo que consiga proporcionar análises coerentes para sanar esta reflexão poderá ser considerado inteligente. 40 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom No entanto, as inteligências não podem ser banalizadas, entendidas como sinônimo de habilidades e competências, por exemplo. Desse modo, Gardner (2001) desenvolve diversos critérios para embasar sua classifica- ção que, agora, ganha três novas categorias. EXEMPLIFICANDO Um dos critérios de Gardner (2001) para identificar uma inte- ligência diz respeito à capacidade do ser humano de desem- penhar mais de uma função ao mesmo tempo. Caminhar e conversar são atividades possíveis de serem feitas simulta- neamente, pois são habilidades (ou subinteligências) subor- dinadas a diferentes inteligências. Escrever e conversar, por outro lado, não podem ser realizadas ao mesmo tempo, pois ambas fazem parte da inteligência linguística. A princípio, a classificação das inteligências identificou oito diferentes ti- pos de inteligência divididas em quatro categorias, são elas: abstratas, concretas, sociais e espirituais (GARDNER, 1993). As abstratas compreendem as inteligências lógico-matemática, linguística e musical; as concretas dizem respeito à espacial e físico-cinestésica; nas sociais tem interpessoal e intrapessoal, bem como a soma de ambas, cha- mada inteligência emocional (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). LINK Travassos (2001) explicou cada uma das sete inteligências propostas, a princípio, por Gardner, através de breves bio- grafias de pessoas excepcionais em cada uma delas. Vale a pena conferir o artigo disponível em: <http://www.redalyc. org/pdf/500/50010205.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2017. http://www.redalyc.org/pdf/500/50010205.pdf http://www.redalyc.org/pdf/500/50010205.pdf Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 41 Mais recentemente, Gardner reconheceu outras três inteligências: espiri- tual, naturalista e existencial. Estas estariam sob a categoria “espiritual”, citada anteriormente (GARDNER, 2001). Vale destacar que, para Gardner (2001), as inteligências não são, por si só, morais ou imorais, boas ou más. Nas palavras do autor: “As inteligências são estritamente amorais, e qualquer inteligência pode ser usada para construir ou destruir” (GARDNER, 2001, p. 61). ASSIMILE Para ilustrar a amoralidade das inteligências, Gardner (2001) dá dois exemplos. O primeiro compara indivíduos linguisti- camente inteligentes: o poeta Johann Wolfgang von Goethe e o ministro de Adolf Hitler, Josef Goebbels; enquanto o pri- meiro utilizou sua inteligência para compor uma grande obra artística, o segundo disseminou o ódio. Já no segundo exem- plo, o autor cita Gandhi e Maquiavel, ambos com inteligência interpessoal aflorada, mas o primeiro fomentava a empatia, enquanto o segundo a utilizava em proveito próprio, visando alcançar os fins independentemente dos meios. Os tópicos a seguir aprofundam a discussão acerca de cada uma das inte- ligências propostas por Gardner (1993; 2001), incluindo as mais recentes. Além disso, para cada uma das inteligências serão propostas práticas e metodologias ativas capazes de potencializar seu desenvolvimento e re- sultado em termos de aprendizagem. 1.1. Inteligência lógico-matemática A inteligência lógico-matemática é uma das duas inteligências múltiplas agraciadas no processo escolar. Em outras palavras, o processo formal 42 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom da educação busca desenvolver o potencial dessa inteligência de maneira mais ampla do que as demais, muitas vezes até mesmo ignoradas pelas instituições escolares. A inteligência em questão é bastante desenvolvida para atividades profis- sionais, tais como engenharia, física, pesquisadores, etc. Sua habilidade se concentra na capacidade lógica, de raciocínio dedutivo, para solucionar problemas matemáticos (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Mediante essa estrutura mental lógica e matemática, os aprendizes com tal inteligência são estimulados largamente por comprovação dos fatos apresentados em sala de aula, bem como atividades práticas em labora- tório (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Projetos que envolvem pesquisas científicas e comportamento passível de observação e classificação são favoráveis para aprendizes que possuem essa inteligência desenvolvida (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). 1.2. Inteligência linguística A inteligência linguística diz respeito à capacidade de expressão do indi- víduo através da língua falada ou escrita. Professores, palestrantes, ad- vogados, publicitários, poetas, políticos, vendedores, por exemplo, são profissionais que geralmente desenvolvem e acabam dominando tal inte- ligência (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). A criatividade, clareza e objetividade na expressão, seja ela oral ou escri- ta, fazem parte dessa inteligência. Portanto, projetos literários, concursos que envolvam produção textual e até mesmo debates, estimulam esse aprendiz (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Na sala de aula é comum o professor pedir que os alunos apresentem temas relacionados à disciplina. Essa prática favorece os alunos cuja inte- ligência linguística é desenvolvida, ao passo que auxilia os demais, tam- bém, a construí-la. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 43 1.3. Inteligência musical A linguagem sonora sustenta a inteligência musical. De outro modo, a or- ganização de timbre, sons, ritmos faz parte da criação de novos produtos dessa inteligência, ou seja, a capacidadede identificar padrões sonoros ou mesmo criá-los (GARDNER, 2001). No entanto, essa inteligência é geralmente associada com a ideia de talen- to e faz parte do universo de músicos e compositores (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Gardner (2001) diz não fazer sentido chamar de talento algo relacionado com inteligência. Nas palavras do autor: “em minha visão, a inteligência musical tem uma estrutura quase paralela à da inteligência linguística, e não faz sentido científica e nem logicamente chamar uma de inteligência e a outra de talento” (GARDNER, 2001, p. 57). Interpretando Gardner, Travassos diferencia uma inteligência da outra: “o núcleo da inteligência musical está na sensibilidade para determinar relações, ao passo que um dos núcleos da inteligência linguística é a sen- sibilidade aos aspectos fonológicos” (TRAVASSOS, 2001, p. 4). Canto, interpretação e composição são atividades interessantes para aprendizes com tal inteligência. Ou seja, projetos musicais que possibi- litem a articulação da linguagem sonora auxiliam no desenvolvimento da aprendizagem para pessoas com tal inteligência (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). 1.4. Inteligência espacial A inteligência espacial dispõe de recursos mentais para translocar o indivíduo em termos espaciais, bem como a capacidade de organizar elementos dentro de um espaço predeterminado (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). 44 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Pilotos, cirurgiões, escultores, ilustradores são alguns dos profissio- nais que possuem inteligência espacial, ou seja, pessoas que apresen- tam facilidade para organizar elementos e ambientes (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Diagramas, apresentações multimídia, mapas e até mesmo apreciação de obras de arte são atividades possíveis de elevar o potencial de apren- dizagem de indivíduos com a inteligência em questão (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Pedir para que alunos desenhem um mapa mental acerca de determina- do tema de aula pode ser interessante para auxiliar aprendizes de inteli- gência espacial. LINK O mapa mental pode ser confeccionado através de recursos multimídia. Há diversos sites que fornecem tais recursos, até mesmo uma das ferramentas do Pacote Office traz esta so- lução, chamada OneNote. Um exemplo está disponível em: <https://www.mindmup.com>. Acesso em: 08 abr. 2018. 1.5. Inteligência físico-cinestésica Expressar sentimentos e ideias através de movimentos corporais, como também habilidades voltadas para coordenação, equilíbrio, velocidade, dentre outras, fazem parte da inteligência físico-cinestésica (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). No primeiro caso, é mais voltado para esfera artística e, no segundo, orientação técnica (caso de cirurgiões, escultores, artistas gráficos) (GARDNER, 2001). Bailarinos e atletas são exemplos de profissionais cuja inteligência em questão geralmente é predominante. Os aprendizes com tal inteligência podem ter seu processo de aprendizagem facilitado caso haja a proposta https://www.mindmup.com Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 45 de construir ou montar objetos ou fazer simulações (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). O movimento é muito importante para pessoas com inteligência físico-ci- nestésica. A habilidade física e a coordenação motora favorecem a apren- dizagem através do tato e este fato não pode continuar sendo negligen- ciado pela educação. PARA SABER MAIS Indivíduos cuja inteligência físico-cinestésica seja predomi- nante em sua estrutura mental passam a não pensar direito quando muito tempo parados. Portanto, a importância do movimento e do contato com objetos é crucial para facilitar o processo de aprendizagem desses educandos (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). 1.6. Inteligência interpessoal Interação e compreensão são habilidades de pessoas com inteligência in- terpessoal. A linguagem não verbal está presente em grande parte das expressões desses indivíduos, pois eles transmitem mensagens através de expressões faciais, postura, gestos corporais e até mesmo entonação da voz, respondendo sensivelmente às pessoas que estão no seu entorno (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Organização de eventos é uma prática comum de pessoas com tal inte- ligência. Sua capacidade de lidar com pessoas acaba gerando ótimos re- sultados quando trabalham em grupo, pois gostam de interagir, ouvir, explicar, ajudar e dar opiniões (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). A noção de liderança compreende basicamente duas orientações: inter- pessoal e por atividades. Portanto, um líder, podendo ser treinado para desempenhar tal função, deve apresentar um comportamento cuja inteli- gência interpessoal seja visível (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2016). 46 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom PARA SABER MAIS A liderança é um comportamento e, por ser um comporta- mento, pode ser aprendido. Dessa forma, um indivíduo pode desenvolver a habilidade de liderança para atuar na organi- zação da qual faz parte (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). 1.7. Inteligência intrapessoal Importante para todas as profissões, a inteligência intrapessoal é a ca- pacidade para lidar com as próprias frustrações, administrando os senti- mentos a favor de si mesmo. Essa inteligência compreende um trabalho interno de autoestima, auto- aceitação e disciplina. Ou seja, são habilidades favoráveis para qualquer exercício profissional ou mesmo se tratando de relacionamentos pesso- ais, como amizades e família (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). ASSIMILE A disciplina pode ser associada aos riscos da autosabota- gem. Um indivíduo pode sabotar seu próprio desempenho através de justificativas mentais que faz a si mesmo ao lon- go do dia, procrastinando, por exemplo, os deveres previstos anteriormente. Por serem bem resolvidas consigo mesmas, as pessoas com inteligência intrapessoal trabalham reflexivamente, com persistência, explorando di- versas soluções para um mesmo problema. Projetos independentes de pesquisa podem favorecer o processo de aprendizagem desses indivídu- os (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 47 PARA SABER MAIS Gardner (2001) articula ainda a inteligência emocional, enten- dida como a soma das duas anteriores (a inteligência inter- pessoal e a inteligência intrapessoal). Ou seja, a capacidade de interagir levando em consideração si próprio e os demais. 1.8. Outras inteligências múltiplas As inteligências apresentadas neste subitem foram formuladas depois, por Gardner (2001). Portanto, ainda não foram claramente delineadas, apesar de serem latentes na realidade atual. Daí a decisão de agrupá-las em um único subitem. A primeira delas refere-se à sensibilidade acerca da natureza. Envolvendo a fauna e a flora, uma pessoa com inteligência naturalista pode identi- ficar mais facilmente diferentes espécies e aplicações (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Identificar plantas e animais se trata de uma atividade estimulante para esses aprendizes. Podem demonstrar destreza em apontar propriedades curativas de plantas. Em geral, possuem grande capacidade de observa- ção, portanto, atividades de pesquisa de campo podem ser benéficas ao processo de aprendizagem dos indivíduos em questão (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Já sobre a inteligência espiritual, perdas, fracassos e rompimentos são le- vados de maneira mais tranquila e serena por pessoas com tal inteligência desenvolvida. Em termos gerais, a capacidade de lidar com problemas coti- dianos, de maneira tranquila e serena, faz parte de pessoas que comparti- lham princípios e valores espirituais (FRANCO; BRAGA; RODRIGUES, 2010). Por fim, a inteligência existencial diz respeito à capacidade de encontrar respostas às reflexões mais profundas, ligadas a vida humana. Líderes espirituais geralmente apresentam essa inteligência (GARDNER, 2001). 48 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom Gardner (1993; 2001) acredita no desenvolvimento de inteligências múl- tiplas como forma de facilitar o processo de aprendizagem dos educan- dos.Nesse sentido, não existem pessoas mais ou menos inteligentes, mas sim pessoas com inteligências múltiplas diferentes, com gradações de desenvolvimento diferentes, que precisam ser respeitadas em sua individualidade. Qual seria a sua própria configuração de inteligências múltiplas? Reflita sobre suas habilidades e dificuldades e procure facilitar seu processo de aprendizagem à luz dessas novas informações. QUESTÃO PARA REFLEXÃO 2. Considerações finais • Gardner (2001) pluralizou o termo inteligência, construindo novo olhar sobre o processo de aprendizagem dos indivíduos. • As inteligências múltiplas estão agrupadas em quatro grandes cate- gorias: abstratas, concretas, sociais e espirituais (GARDNER, 1993). • Identificar as múltiplas inteligências desenvolvidas pelo educan- do permite a personalização do ensino, facilitando o processo de aprendizagem de maneira individual. • Diferentes metodologias ativas devem ser propostas no sentido de auxiliar os diferentes aprendizes. A aprendizagem não é um pro- cesso linear, tampouco genérico, funcionando de maneira diferen- te e complexa em cada indivíduo. Glossário • Atividades de pesquisa de campo: observação pontual e prática de determinado fenômeno a ser estudado. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 49 • Estrutura mental: esquema cognitivo. • Metodologias ativas: relembrando, são práticas pedagógicas que privilegiam o desenvolvimento crítico e autônomo do educando. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 03 1. José é um amante da botânica. Quando visita seus avós no interior, gosta de explorar a diversidade de plantas medi- cinais encontradas na localidade. Qual inteligência pode ser identificada em José? a) Botânica. b) Intrapessoal. c) Naturalista. d) Espiritual. e) Físico-cinestésica. 2. Um indivíduo pode apresentar comportamentos capa- zes de demonstrar determinadas inteligências múltiplas PORQUE a inteligência é um conceito abstrato, que expri- me a ausência de determinadas habilidades em detrimento de outras, levando à classificação de níveis de inteligência. Aprecie as asserções acima e assinale a alternativa correta: a) A primeira asserção está correta e a segunda está incorreta. b) A primeira asserção está incorreta e a segunda está correta. c) Ambas as asserções estão incorretas. d) Ambas as asserções estão corretas, mas não possuem relação entre si. e) Ambas as asserções estão corretas, sendo que a segun- da justifica a primeira. 50 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 3. Vitória é ótima em apresentações de seminários. Gosta de trabalhar em grupos e consegue exprimir opiniões de ma- neira agradável, sem ofender ninguém da turma. Sua ca- pacidade retórica é visível, bem como sua empatia. Assinale a alternativa correta: a) Vitória expressa duas inteligências: linguística e empática. b) Vitória expressa duas inteligências: interpessoal e empática. c) Vitória expressa duas inteligências: global e empática. d) Vitória expressa duas inteligências: linguística e inter- pessoal. e) Vitória expressa duas inteligências: cinético-espacial e corporal. Referências Bibliográficas FRANCO, Lucia Regina Horta Rodrigues; BRAGA, Dilma Bustamante; RODRIGUES, Alessandra. EaD Virtual: Entre a Teoria e a Prática. Porto Alegre: Ed. Premier; UNIFEI, 2010. GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: a Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 1993. . Inteligência: um Conceito Reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. TRAVASSOS, Luiz Carlos. Inteligências Múltiplas. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 1, n. 2, p. 1-13, 2001. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 51 Gabarito – Tema 03 Questão 1 – Resposta: C José expressa inteligência naturalista, pois apresenta interesse e des- treza por espécies de plantas. Questão 2 – Resposta: A A primeira asserção está correta e a segunda está incorreta. Gardner (1993; 2001) discorda da prática da psicometria, que busca medir a inteligência das pessoas. Para o autor, a inteligência é plural, e algu- mas delas são negligenciadas no processo de ensino formal. Questão 3 – Resposta: D Vitória expressa duas inteligências: linguística e interpessoal. Primeiro, a inteligência linguística é revelada na habilidade de apre- sentar seminários e, segundo, a inteligência interpessoal se encontra na capacidade de lidar com pessoas de maneira empática. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 52 TEMA 04 METODOLOGIAS ATIVAS Objetivos • Delinear as metodologias ativas dentro do atual con- texto educacional; • Apresentar a noção de ensino híbrido, inscrita na noção de aprendizagem ativa; • Articular as estratégias de aprendizagem ativa median- te aplicações tecnológicas na educação, como o caso da gamificação. Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 53 Introdução Com a rápida penetração das tecnologias da informação e comunicação, várias práticas foram gradativamente sendo modificadas inclusive no âmbito da educação. A literatura ainda não apresenta consenso peran- te a nomenclatura das novas formas de configurar o processo de ensi- no-aprendizagem. Mas este capítulo trará algumas proposições que vem sendo utilizadas. A implementação de ambientes virtuais para alunos, com diversidade de atividades e desafios, encontra-se inserida na noção de ensino híbrido (blended learning). Em outras palavras, ensino misturado que combina ati- vidades presenciais com atividades virtuais (MORAN, 2015). Essas práticas híbridas nascem circunscritas no cenário de valorização da autonomia e da crescente necessidade de fomentar o espírito crítico nos educandos. Dessa forma, metodologias ativas são cada vez mais presen- tes para atender às demandas do novo século. Por último, vale a pena adiantar que a ideia de sala de aula invertida (fli- pped classroom) é subproduto do ensino híbrido, configurando também um tipo de metodologia ativa. Uma vez que os alunos devem estudar os conteúdos através do ambiente virtual antes de ir para sala de aula, o tem- po presencial, por sua vez, tenta ampliar a reflexão crítica no educando. Você irá notar que a discussão gira em torno da necessária inovação pe- dagógica com vistas à democratização do ensino e, também, das compe- tências consideradas essenciais para a convivência social atual. 54 Metodologias Ativas e Taxonomia de Bloom 1. Metodologias ativas como estratégia de aprendizagem Mediante as leituras realizadas acerca dos diferentes estilos de aprendi- zagem (tema 2) ou mesmo das inteligências múltiplas de Gardner (tema 3), não resta dúvida quanto à complexidade do processo de aprendiza- gem. Nas palavras de Christensen, Horn e Johnson (2012, p. 4) “a maioria de nós sabe, intuitivamente, que todos aprendemos de forma diferente – por métodos diferentes, em diferentes estilos e com ritmos diferentes”. Sobre essa multiplicidade complexa, Rosini escreve: “O aprendiz é um indivíduo que apresenta um perfil particular de inteligên- cia desde o momento em que nasce. É singular em sua morfologia, em sua anatomia, em sua filosofia, em seu temperamento, em seu comportamento e em sua inteligência. Todos esses aspectos são dimensões de uma indivi- dualidade viva, de um sistema aberto e que existe no mundo fenomênico. É um ser de qualidade, um ser de existência, que busca sua autonomia de ser e existir”. (ROSINI, 2007, p. 60) Nesse sentido, a ampliação das possibilidades interativas acaba sendo encarada como uma possível solução para melhor atender o infinito nível de gradações das diferentes inteligências e estilos observados no proces- so de aprendizagem. Combinar ferramentas virtuais com encontros presenciais define, gros- so modo, o que significa ensino híbrido no contexto educacional atual. A ideia de híbrido refere-se propriamente ao novo desenho educacional: além de presencial, também conectado, atendendo à conectividade e à mobilidade tão presentes na rotina
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