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r • ( - , SERVI 0 GEOLOGICO DE ANGOLA ::J 0' L 0' 5 I':. :J I':. \\J '7 0 co ~ , NOTICIA EXPLICATIVA , DA CARTA GEOLOGICA , A ESCALA 1 :1.000.000 • LUAN DA, 1992 • • • I • SERVI90 GEOLOGICO DE ANGOLA • , NOTICIA EXPLICATIVA , DA CARTA GEOLOGICA' A ESCALA 1 :1.000.000 , • Caordenada par A.G. de Araujo e Filomena Guimaraes - • • - .-- • o.v. Perevalov, A.S . Voinovsky, A.F. Tselikovsky. Y.L. Agueev, F.R. Polskoi, V.L. Kh6direv, A.1. Kondratiev • .- LUANDA, 1992 • - - . • • • I - - - _. • SERVI<;:O GEOLOGICO DE ANGOLA , PREFACIO Com a criac;ao da Direcc;ao Nacional de Geologia e Industria Mineira em Agosto de 1977, o entao Instituto Nacional de Geologia recebeu a incumbencia de elaborar a Cartografia Geologica do territorio de Angola e de promover a sua divulgaC;ao. A "Geologia de Angola ", redigida como a Notfcia Explicativa da Carta Geologica a escala 1:1-000.000, constitui um excelente trabalho de compilaC;ao, interpretac;ao e investigaC;80 da informac;ao geoiogico-mineira existente sabre 0 territorio de Angola assim -corlJ'o representa 0 cora/a rio da cooperac;ao existente entre os tecnicos nacionais e a assistencia tecnica estrangeira. A presente obra vai contribuir fundamentalmente para 0 conhecimento da geologia do territorio angolano neste momenta em que a sua grande parte ainda nao possui cartografia de detalhe. Ela representa, por isso, uma introduc;ao para um futuro trabalho mais profundo e completo a que nos proprios e os organismos de investigayao e pesquisa geologica se devem debruc;ar e dedicar nos proximos anos. Luanda, Agosto de 1992. • AUGUSTO GERMANO DE ARAUJO Director Nacional do Servic;;o Geol6gico de Angola • • • • i I , -- , • GEOLOGIA DE ANGOLA 3 Resumo Neste trabalho apresenta-se a constituiQ8.o geologica de Angola com base na Carta Geologica de Angola a escala 1: 1 000.000 elaborada da sintese da informaQ8.o existente e, parcialmente, da dos paises vizinhos. Procura-se caracterizar 0 nivel de conhecimento geologico do Pais e explicar os principios e metodos utilizados no trabalho; foi feita a analise da documentaQ8.o disponivel sabre a estratigrafia, as rochas intrusivas e ultrametamorficas, sobre a tectonic a, a geomorfologia, a historia geologica e a geologia economica. Este e 0 primeiro trabalho relativamente completo sobre a geologia e os recursos minerais de Angola. Introduy8o , A Carta Geologica de Angola a escala 1: 1.000.000, foi elaborada com base na compilaQ80 e analise de toda a informaQ80 geologica publicada e nao publicada dos trabalhos realizados no ter- ritorio do Pais no periodo antes da independencia, por vezes re interpretados de acordo com os novos conhecimentos das areas abrangidas, na interpretaQao de fotografias aereas e de satelite, nos dados dos levantamentos geologicos realizados no periodo entre 1978 e 1983 assim como na interpretaQ80 da documentaQ8.o geologica sobre os paises limitrofes. Oeste conjunto de documentos destacam-se os levantamentos geologicos realizados pelos ServiQos de Geologia e Minas de Angola, Instituto de InvestigaQ8.o Cientffica de Angola, Companhia E.J. Longyear e.0 , . Companhia de Oiamantes de Angola, Companhia Mineira do Lobito, Empresa de Cobre de Angola, Sonangol, Cabinda Gulf Oil, Total, as Cartas Geologicas de Angola de Heitor de Carvalho e do . Instituto Nacional de Geologia (metade oeste do Pais). A nova Carta Geologica de Angola e composta por 6 lolhas, representando a 3.a folha a legenda zonada (com traduQao em ingles) e a 6.0 lolha, uma informaQao suplementar a pequena escala, (esboQos das facies estruturais do territorio, tectonico-estrulllral e hipsometrico do relevo), um cartograma dos dados utilizados e cortes geologicos. Atendendo" ao interesse economico que olerecem as areas potenciais de petr61eo e gas da pla- taforma continental, achou-se por bem representar na Carta a cbnstituiQii.o geol6gica de algumas areas do lundo oceanica adjacentes ao continente. A Carta abrange areas de diversas dimensoes constando no total de 14 lolhas topogralicas a escala 1 :1.000.000. Na elaboraQao do presente trabalho foram utilizados todos os dados que serviram de base para a elaboraQEto da Carta Geologica assim como outra informaQao publicada e manuscritos que se encontram no Arquivo do I nstituto Nacional de Geologia. Mesmo que nem sempre tenha side posslvel encontrar a soluQii.o mais adequada para os problemas geo169iCOS, esta Carta Geol6gica vai permitir: A planilicaQEto dos trabalhos de levantamento cartogralico e de prospecQii.o geol6gica. - A elaboraQao de outras Cartas de caracter geol6gico (de recursos minerais, tect6nico- estrutural e metalogenica) que, partindo de uma base geologica cientilicamente estabelecida, vEto fundamentar as potencialidades em recursos minerais do Pais. - A definiQii.o das prioridades para 0 estudo dos problemas geol6gicos visando a confirmaQao da informaQEto basica da geologia e da metalogenia . • - . r • - 4 GEOLOGIA DE ANGOLA 1. GENERALIDADES o territorio de Angola, com uma area total de 1 246 700 Km', esta situado na parte ocidental da Africa Austral , sendo limitado pelas coordenadas 4° 21' e 18° 02' Sui e 11 ° 38' e 24° 03' Leste. A sua extensao Norte-Sui e de cerca de 1 300 Km, e de Oeste a Leste, aproximadamente de 1 250 Km. A Oeste con- tacta com 0 Oceano Atlantico, tendo como limite norte a Republica Popular do Congo, a Republica do Zaire a Norte e Leste, a Republica da Zambia a Leste, e a Namibia, a Sui . Todo 0 territorio do Pais e abrangido por 14 folhas da Carta Topografica do hemisferio sui a escala 1: 1 000 000, englobando areas de varias dimensoes (fig 1.1 ) Devido as caracteristicas especificas do relevo, 0 territorio do Pais e subdividido em duas partes Ocidental e Oriental (154), (fig. 1.2). As unidades morfologicas mais importantes da parte oeste sao 0 Planalto Central (com cotas maximas absolutas de 1100 a 1200 m), a planicie do Maiombe com relevo pouco acidentado, a zona em cordilheira d.o Zenza-Loge , a. planicie ondulada Cuanza-Longe e a plan icie de Cuango, fortemente acidentada. Na planicie de Cuango encontra-se "encaixada" a de- pressao de Cassanje, limitada em quase toda a sua extensao por degraus de denuda98.0 tectonica com altitudes de 200 m e mais, apresentando a sua superficie, levemente ondulada, cotas absolutas de 600 a 800 m, chegando a atingir por vezes, 1000 m. A caracteristica especial das referidas areas e a diminui<;ao das cotas absolutas a partir do Planalto Central para Norte, em direc9ao ao vale do rio Zaire (Congo), apresentando desniveis de 1500 m a 400-800 m. As referidas unidades geomorfol6gicas sobressaem numa fai xa relativamente estreita (de 15 a 30 Km) da planicie litoral que se alarga ate 80-140 Km nas areas deltaicas dos rios Cuanza e Zaire. As cotas absolutas da planicie litoral nao ultrapassam 300 m. Esta separada do Planalto Central por uma area com relevo escalonado, formado por uma serie de degraus provenientes de denuda<;ao tectoni ca. 0 degrau mais imponente , chamado "Grande Escarpa", encontra-se . fortemente dissecado pela rede hidrografica e e identificado como a "Cade ia de montanhas marginais " de Angola com 0 ponto mais alto do Pais ,no Morro de Moco (2610m) Regra geral, a fis iografia das unidades morfologicas referidas nao e uniforme, sen do variaveis 0 grau de disseca<;ao, a largura e a altitude dos interfluvios, a morfologia dos vales dos rios, 0 escarpado das vertentes, etc. Destacam-se serras isoladas , maci<;os montanhosos, "inselbergs" e planaltos que muitas vezes tem a sua propria designa<;ao locaL Na parte leste do Pais, sao caracteristicas as planicies extensas e de cotas elevadas: 0 "plateau" da Lunda (de 1400 a 1600 m a Sui e de 500 a 700 m a Norte), entalhado por vales de grandes rios e interf luvios de direc<;ao N-S; a planicie sudeste(com cotas absolutas ate 1600 m a Noroeste e de, aproximadamente, 1000m a Sui e Leste), com largos vales de declives suaves e interfluvios, orientados principalmente segundo ,.w~j: e · S-E. Nas proximidades da fronteira leste de Angola, fica . a depressao da Cameia-Lumbate de fundo achatado, com cotas de 1090m a 1140m; a Sui do Pais encontra-se a planicie proluvial do Cunene com cotas absolutas de 1100 a 1200 m. Na margem direita do rio Zambeze encontra-se a eleva<;ao de formas suaves e arredondadas do Alto Zambeze, de extensao relativamente pequena, com cotas absolutas de 1200 a 1600 m. Esta eleva<;ao fica delimitada na sua extremidade noroeste por uma escarpa ingreme de 200 m de altitude. A rede hidrografica de Angola e bastante densa. Predominam rios com rapidos, de escoamento impetuoso, muitas vezes apresentando quedas de agua Os rios distribuem-se por 4 sistemas de captura de agua: 0 Oceano Atlantico (os rio~ Cuanza, Cunene, Chiloango, M'Bridge, Cuvo e outros),o rio Zaire (Cuango, Cuilo, Cassai com os seus afluentes da margem esquerda), 0 rio Zambeze (Lungue-Bungo , Luanguinga e outros) e a bacia de recep<;ao do Kalahari (Cuito, Cubango e outros). _~="~ ________ ~~===~~_n_· .,,_- _=-~ .. ~_. ______ ~ _ _ • • , Divisao administrativa de Angola. - 0 territ6rio do Pais divide-se em 18 Provincias (fig. 1.1.) a Provincia de Luanda (com 0 centro administrativo em Luanda, capital da Republica), Cabinda, Zaire, Uige, Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malanje, Lunda-Norte, Lunda-Sui, Benguela, Huambo. Bie, Moxico, Namibe, Hufla, Cunene, Cuando- Cubango. A explorar;:ao mineira reveste-se de grande importancia para a economia nacional. No momenta actual, encontram-se em explorar;:ao jazigos de petr6leo, diamantes, rochas omamentais (anortositos, marmores, granitos vermelhos). Extraem-se em pequenas quantidades argilas, • caicarios, gesso, areias e burgaus para 0 fabrico de materiais de construr;:ao. Anteriormente, em diversos periodos estiveram em regime de mina activa em Angola 18 tipos de recursos minerais, 14 dos quais eram destinados a exportar;:ao (petroleo, diamantes, ferro, manganes, cobre, chumbo, zinco; quartzo cristalina e outros). 0 aumento do volume de extracr;:ao mineira e possivel quer pela reactivar;:ao das actividades nas areas dos jazigos ja conhecidos, como atraves do aproveitamento de novos tipos de recursos minerais (sal, fluorite, ii ian;o, f:, ;'u"v, ""'-- -I afJ6s 0 '· seu estudo complementar. ... FOLHA 1 FOLHA 1 ,. . " . "tr B .. J2It~~:::· .· B~3 3 .! --- - 1---'-, " . I I . . . . . . . .. . . . . , .' . . . I ' ~ .. " ., , ., . l • " ~ . .' , I .••• . , . . ~: . . . .... ". , t· i .1 ~';;,;~ ... 'r " , :' . , :: -i-, . I 'f"I"do .,t, .' " 7 " •• ,:,0,' : I " ",. \ " , C ·32 ,-' / \:-33\ ) C-34 ' : I " .~· o., ... ,', ,', " <;"35 '. '. . ' \' ' . . FDlHA 1 ', ' '. ,/Io~"_, I ~~,.=_"cb' "~OL~oA 4l; ~~~·~: _r Fo.LHA st~+F~"'F"O"""~''''' ". 1: ..:L ",- • • ! .__ c· . " --~ ... ~, 1l· •• • •• • ' . 2 ' .. 'I . .. ...... /': "'.' , I. 14 "·· •• r ,' "..... ., ~ . • • I ' • . 0-32 I I 0 ..... ;J3 ,.) i '" 0-3i. i 10-35 . .... , , ~ " '-- - .. -. .... ,. /", .. , , , 1 . -', • I . ' • t' ~" , ~ .... ' • • : . ,~..... ' ~ ' .'." ' " • ! • I ii' I . '" , .' r-t' ,.. "~- .. . " : ,. ' 11 , " ., . • ' 0";:" I If • , ., ,_. • I " E-32 ', . , ..... ~ ~;.~ .. . , ········E~·:i 4-.. · ::'1' E-35 ," II ' 1 " L....:.. __ _ ,.. I C~3' ,. .., " FOLHA' ". ; - 341 _I. :'l. '.:' ~.' l"o""o ·~ . ' .~ "u'6 I Fig. 1.1. indice de distribui<;ao das folhas da Carta Geol6gica de Angola a e5eala 1: t .000.000 e da divisa.o administrativa do Pais 1- limites das folhas da Carta Geo16gica e seus numeros; 2 - limites das folhas da Carta Topogralica de Angola a esca)a 1:1 .000.000; 3 - limites de fronteira: 4 - limites das Provincias. (1 - Luanda, 2 - Cabinda. 3 - Zaire, 4 - v ige, 5 - Bengo. 6 - Cuanza - Norte. 7 - Malanje. 8 - Lunda - Norte. 9 - Lunda - sur. 10 - Cuanza - Sui, 11 - Benguela, 12 - Huambo, 13 - Bie, 14 - Moxico, 15 - Namibe, 16 - Hulla, 17 - Cunene, 16- Cuando - Cubango); 5 .- capital da Republica; 6 - capitais das Provincias. • • - _. , • GEOLOGIA DE ANGOLA 5 o I - . '. . '-. . - - - - . . . . . . . . . . - - . . . - - - . . . , . '. -. . '_.-. _. _ . . _ . - . _ ._ .... • . _ -_. _ ._._ ... • ._ . _ .- . . _- ---.. h- . - . - . _. _"~ U _ _ ______ __ ~~::::- -- . --.: . ;-v .... :, 1 2 ~3 1\\\14 g s m6 [IT] 7 § a 09 1:-.::-:110 100°0° /12 13 y>'" 14 /" 15 Fig. 1.2. ESboc;o das unidades geomorfol6gicas do terr it6rio de Angola (154), adaptado pelos autores desta Carta. I. Parte Ocident.:ti. j - pii:llliiriu C"t:lnlral. '2 - c .. ti t::ia de mC!1tanhas marginais de Angola ; 3 - pJanicie do Maiombe com re i eva pouco acidentado; 4 - zona em cordi lheira do Zenza - Loge; 5 - planlcie ondulada do Cuanza - Longe: 6 - pJanicie fortemenle dissecada do Cuango; 7 - depressao de Cassanje; a - depressao litoral. II. Parle Oriental: 9 - -plaleau· da Lunda; 10 - planicie leste; 11 - pJanicie proluvionar do Cunene; 12 - depressao de Cameia - Lumbale ; 13 - eJevac;ao do Allo Zambeze . Ill. Qulras canvenyoes; 14 - os mais importantes degraus farmados por efeitos de tectonica e denudacao: 15 - limite entre as partes oriental e ocidental. , 2. NIVEL DE CONHECIMENTO GEOLOGICO DE ANGOLA A hist6ria de conhecimento geologico do terri torio de Angola pode ser convencionalmente dividida em tres grandes fases , conforme a natureza dos principais trabalhos executados, e a quantidade e a qualidade dos dados obtidos. 1. Primeira fase (inicio do secu lo XX - mead os dos anos 50) - recolha dos dados geol6gicos de caracter geral em larga escala (em geral, a esc ala 1:100.000). 2. Segunda fase (meados dos anos 50- 1975) - cartog rafia geologica as esc alas 1 :250.000 e 1: 1 00.000 de algumas regioes do Pais. • = ====---== = =====-==-==";/ , , 6 GEOLOGIA DE ANGOLA 3. Terceira lase (a partir do ano 1975) - trabalhos de sintese e cartas de pequena escala (1: 1.000.000), execu<;ao da carto- gralia lotogeol6gica a escala 1: 1 00.000 em algumas areas da metade oeste do Pais. Vejamos a seguir de lorma sucinta , a evolu<;:60 dos criterios lundamentais sobre a constitui<;:8.o geol6gica de Angola, conlorme as lases releridas. 2.1 . Primeira Fase A primeira lase compreende trabalhos realizados por varios geologos (J,B, Bebiano, JW. Gregori, P. Vasconcelos , F, Mouta, H. O'Donnel, CA Pereira, M.M . Andrade, C,F. Andrade, M.N. Wollace e E. Marchesini, L. Cahen, J. Lepersonne e outros), durante os quais foram obtidos os primeiros dados importantes sobre a estrati gral ia, 0 magmatismo e os recursos minerais do Pais, bem como foram colhidas valiosas colec<;:oes de amostras paleontologicas e petrologicas, Com base na sintese da informa<;:8.o obtida em diversas epocas, foram elaborados (6, 89, 90) Cartas e Esbo<;:os Geologicos a pequena escala (1 :2.000.000 e 1 :6.000.000) F. Mouta fez a sintese dos estudos realizados • no decorrer de quase 50 anos num Esbo<;:o Geologico de Angola a escala 1 :2.000,000. As ca racteris ti cas principais deste Esbo<;:o estao ilustradas na fi g. 2.1. No quadro 2 .1. , apresenta-se 0 esquema de rochas metamorficas e sedimentares e a sua correla<;:ao com as unidades de diversas reg ioes de Ango la, definidas por d iversos autores. No esbo<;:o de F. Mouta, as rochas mais antigas de Angola (precambricas, na concep<;:ao actual) sao divididas em tres grandes grupos (de baixo para cima): 1. Complexo de Base (Precambrico indiferenciado) rochas fortemen te metamorfizadas, muitas vezes granitizadas. 2. Sistema do Oendolongo (Precambrico Med io e Superior indilerenciados) - . conglomerados, gres . 3, Sistema do Bembe (Precambrico ou Cambrico-Devonico) rochas terrigeno- carbonatadas. Conforme se pode ver no quadro 2.1. , a legenda utilizada no Esbo<;:o de F. Mouta, diferesubstanc ialmente dos conceitos expressos nesta Carta e de outros autores acerca da importancia das sub -unidades estratigraficas locais para diversas regioes. Os Sistemas que constam desta legenda englobam, as vezes , varios "S istemas" (Grupos) da escala estrat igratica local (Noroeste e Leste de Angola). Algumas unidades estratigraticas do grupo Congo Ocidental , delinidas inicialmente no territorio do ex-Congo Belga e Noroeste de Angola (tilitos, Grupo Xisto-Calcario), foram aceites como divisoes unif icadas para todo 0 territ6rio do Pais. • E de assinalar 0 facto de varias unidades do grupo Congo Ocidental no Noroeste de Angola serem atribuidas a dois sistemas de idades dilerentes: a base do Grupo (Sistema do Sansikwa, Conglomerado Inferi or do Congo Inferior eo Sistema do Alto Chiloango) e atr ibuida ao Sistema de Oendolongo, sendo a parte superior (0 "Tili to Superior" do Congo Inferior e os Sistemas Xisto-Calcario e Xisto-Gresoso) considerada como pertencen- te ao Sistema do Bembe. Os Sistemas mais recentes que 0 Bembe, nomeadamente Karroo (Jurassico Triassico), Kalahari (Jurassico - Quaternario) e forma<;:oes superficiais (dep6sitos quaternarios) que tem largo desenvolvimento no Pais, foram classificados estrat igrafica- mente com base nos fosseis encontrados. Os depositos litorais do Cretacico, do Terciario (Inferior a Media), do Terciario Superior e do Quate rnario foram definidos com base no metodo bioestratigrafico. Noutros trabalhos, as referidas unidades apresentam-se com maior pormenor. Por exemplo, 0 Cretacico e subdividido nos seguintes andares: Apciano, Albiano, Cenomaniano-Turoniano, Senoniano e Maestrichtiano, os quais englobam diversas sub-unidades (fo rma<;:oes) estratigraficas locais de tres regioes (bacias dos rios Cuanza e Congo e a parte Sui de Angola). A pormenoriza<;:ao dos deposi tos meso-cenozoic os do litoral de Angola foi possivel devido a execu<;:8.o de trabalhos de pesquisa de petrol eo. Em 1952 , foram • • , , ! • , • · • , I : I , • • • • • • 11- - .-- -----... .. ! • I • A' + + • + + + + + + • • + I . ... t + • • , I , , , • • . ' I • • • • • • v v v o • • , . • • • . CV, . I '. . '. . . • • • I • I . • • . II' • • ~ ... , ',' .... ~" .f... . 1 1' \:1 . I • . • • • • • • • • • • • • • • • • , • • • I(IJ) • • • • • • • • • • • • • • • • • • • @) · , • • • • , • • • • • • , . • • I • • • , • t • ue • • • • • • • • • , • • • • • • • • • • , • • • • • • • • • • • • · . . ' • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • , • • • • ~ ........ ; •• +;I·,· .... + ••••• ..... f •• :\; • • • • , • • • • • • • 1 ." . . 2 I '" L.-.:l:.., lZ o so IbOk m • , \,.., , ,_ , . , ,oJ I • L..:~7 GEOLOGIA DE ANGOLA 7 ,. • • • • I • 9 Fig . 2.1. Constituio;:il.o geol6gica de Angola de acordo com 0 Esboo;:o Geol6gico de F. Mouta (1952), a esc ala 1 :2.000.000. simplifi cado pel os autores. 1 - Cenoz6ico; 2 - Cretacico continental; 3 - Cretacico marinho; 4 - Jurassico e Cretacico (Sistema do Kalahari) ; 5 -'- Carb6nico-Triassico (Sistema do Karroo); 6-9 - Precambrico-Dev6nico (Sistema do Bembe): 6 - Cambri co - Dev6nico: Serie Xisto-Gresosa (Congo Ocidental) e Serie do Kundelungu Inferior (Alto Zambeze) ; 7 - Cambrico e Si lurico (Grande Conglomerado e Serie de Mwashya); 8 - Cambrico ou Precam brico (Serie Xisto-Calcaria); 9 - Cambrico ou Precambrico (tilitos); 10 - Precambrico Superior e Medio indiferenciados (Sistema do Oendolongo); 11 - • Precambrico (Complexo de Base); 12-15 - rochas magmaticas: 12 - c retacicas e p6s-cretacicas; 13 - p6s-permicas; 14 - ante-permicas; 15 - precambricas e acidas (a) e basicas (b) nilo datadas . • , '" '" C D ~ ~ 0 (J) ~ '" 0 (J) '" (J) C (J) ~ '" ~ n 3 '" ~ no 0. '" < '" N '" ~ ~ ~ o 0 "' '" "' mo '" ~ ~ 0" ~ '" 0 (J) <D -_ . ...0 OJ Ot 0 -0 '" "" '" GlO Q. '" '" 0 0 '" - ~ "'D 0, ...... 0) (Q ~ - Equival encia Uni dade s l itoe s tratigrafi cas loc a is de Ango l a Car ta Esbo~o geo16gico de Angola a escala -Macic;:o ant i go e a cobertura Geologica 1 : 2 000 000 internacional tIorte de Arqola (CI~ Cen~I"1) de Angoh Syi de AAgol a Alto z...t>ebe Series IIor(Jeste de Angola de Africa Complexos continentais ~h.rinhas Ocidenta l{e . O. I (A. Z I Quaternario Forma.:;:i3es superficiais (Quaternari o) 01 igocenico .. \.XIatemuio II! - - Terciario SlIperior a Super ior Andar superior au das "a re i as ceres· 'l'erei4rlo Kedio -. - - "' 0<0 - 0 ~ "" Quaternario e Inferior Sistema '"' ~ - -0 • '" '" "' 0. 0 '" '" - u; '" do • Medi c Andar media QU dos ~gr~s polimorfos~ Jud.ssico Kalahari Cretacico e c - ~ ~ - - - -NO. e I nferior - '" °n 0", <:=,,,, Cretacico - Andar inferi or ou de Karnina 0'0 O ~ ° ~ - 0 ::;: -- 0'0 c '" ~en Tria.ssico - -- Superior Sistema Serie da Lunda Serie da Lunda - '1'rU.ssico Se r ie de ' Cassanje Infer ior do Seri~ de Ca~sanje '" (J) - ~o <Do <.n", N -- - if> 0 0. 0 0 3 -u ~ '" (J) if> 0 C Ill> => ~ ~ -- 0" Q. ~ '" 0 CLo (J) en <D 0...""11 (J) '" ~:::J ~ <D -- ~ no '" N (fJ Q: D 0 0 0 ~ 0. Carb6nicQSuperior Karroo Serie Lut6e Serie Lut8e e Penlico Serie C3.mhrico a Ser ie Xisto-Gresosa Sistema Kunde lungu Rachas Dev6nico Serie de Kundelungu essenci almente Inferior Sistema Inferior (A . Z) Xi sto " C!mbrico a siliciosas Serie do Grande Silurico Grande conglomerado, e Serie (gr~s , xiStos) comijlomerado do de Mwashya " Grenaso Serie HWb.shya ~ Brecha do Luide (C . o _ I rl • U Sistema ~serie de Calcario$ " CAmbrico ou Bembe serie Xisto - Calcaria • ista-calcaric olomiticos da H~pat ~ Serie superior " Serie de gr~s e PrecAmbrico rl • U '1'1 i to xistos da Chela I Tilitos 0 Superior do ~ Serie inferior serie do Tilito 0 Baixo Con 0 -" Medio e B Sis te Jl\1l. do Alto 0 g, Grupo • Series u Chilollngo 1:1 I:: Superior ". Superiores Superior If"'o '"'."OC ! ~ 1 ~ Sistemll de 0 lIndi feren- Sistema de Oendolonga 'tI do Alto Congo ~.g 'A Ki bdrll 0 U_rl _rl ciades Sistema. de .~ g Grupo "" Series l e ~ Sansil<::wa Ul 0 Inferior " Inferiores • 0 0 " ~ Sistelllb. D~ari'l • Complexo " Indiferen- Sistema do Gnllisses I Media d. • -cia.do Camplexo de base I'.aiomle pre-D.mIara " Inferior Base " ~ n(J) - " - -< }> (J) ~ ~ <D • if> 0 o _ if> '" - , Zona Li t oral Ca.pl exos Continentlis stries Marinhas }..luviOes- .... , T'Utiuio s~arior t- QlN.ttrnuio T'i!rcio!irio Hio cenico IEocenico, Paleoc.!mico s.non' .. no - Mau t r' chtJ.ano C.n~"i~no - Turoni~no 0 Albi~"o 0 rl 0 ~ U • " cu.a&u dQ D<.>OOo A\lic!~ u fOrm4C~$ lagunarls -j CD Gl 8 5 Gl ,. '" m ,. z Gl o Ij; - - realizadas na bacia do rio Cuanza as primeiras sondagens de pesquisa que ati ngiram profundidades superiores a 2000 m, tendo si do em 1955 detectadas nas roc has terrigeno-carbonatadas do Cretacico, a profundidades de 2560-2629 m, reservas in dustriais de petroleo. Em 1954, foram iniciados trabalhos de prospee<,;ao sismica. As rochas intrusivas sao divididas, cronologicamente, nos seguintes grupos: I - precambricas (granitos, gabro - anortositos, etc.) ocorrendo, exclusivamente, no Complexo de Base e nas roc has do Sistema Oendolongo; II ante-permicas (doleritos , granitos anfib6licos, p6rfiros, andesitos , dac itos, diabases); III p6s-perm icas (dole ritos, sienitos, traquiandesitos); IV - c retac icas e p6s-cretac icas (quimberlitos, basaltos). Fazend o 0 resumo dos estudos geol6gicos realizados na primeira metade do seculo XX, e de assinalar que estes servi ram de base para a elaborayao do Esboyo Estratigrafico de Angola. Muitas das unidades estratigraficas defin idas naquela allUr d '"dll [", ,, i u seusignificado ate a data, conforme poderemos ve r mais adiante. No entanto, muitos dos problemas geologicos do Pais so foram abordados em trayos muito . gerais. 2.2. Segunda Fase A partir de meados dos anos 50, foi iniciado um estudo sistematico de varias regioes do Pais atraves de trabalhos de cartografia geologica as escalas 1 :250.000 e 1: 1 00.000. Estes trabalhos foram realizados pela Direc<;:ao Provincial dos SeNiyos de Geologia e Minas de Angola e pelas Companhias Longyear Co. Mineira do Lobito, Empresa do Cobre de Angola, Diamang e empresas petroliferas. No total, foi cartografada uma area com cerca de 438.000 Km2, tendo side estudadas a parte oeste de Angola (a Oeste do meridiana 16°) e algumas areas do Nordeste (Lunda-Norte) e Leste (Alto Zambeze). As areas cobertas por levantamentos geol6gicos estao indicadas num esbo<;:o representado na parte direita inferior desta Carta Geologica de 1 :1.000.000. Vastas superficies do Centro, Sui e GEOLOGIA DE ANGOLA 9 Sudeste do Pais. ocupadas por uma possante cobertura de depositos desagregados do Meso- Cenozoico (fig. 3.2.) com uma area de. aproximadamente. 683 000 Km2 (cerca de 54.8% do total do territ6rio do Pais) praticamente nao foram estudadas. No periodo de 1961 a 1974, com base nos dados dos levantamentos geologicos executados, foram elaboradas e publicadas pel a Direo;:ao Provincial dos SeNiyos de Geologia e Minas, 9 folhas da Carta Geologica de Angola a escala 1 :250.000 e 28 folhas a escala 1: 100 000, acompanhadas de respectivas noticias explicativas. Alem disso, foram , elaborados 12 Esboyos Geologicos a esc ala 1:250.000 e 10 Esboyos, a esc ala 1:100.000 (0 territorio de Angola esta dividido, cartograficamente, em 136 folhas a escala 1 :250 000, ou em 472 folhas a escala 1: 100000). Durante 0 periodo em considerayao, diversas companhias petroliferas continuaram a realizar um intenso estudo da zona do litoral e da plataforma continental, utilizando metodos magnetometricos, prospecyao sismica e sondagens de pesquisa. Em varias areas do maciyo continental, foram executados trabalhos geofisicos aereos e lerrestres (Uiamang, Empresa do Cobre de Angola. Companhia Mineira do Lobito e outras), estudos geoquimicos (SeNi<;:os de Geologia e Minas, Companhia Mineira do Lobito, Empresa do Cobre de Angola e outras) . Foram tambem importantes os estudos geocronologicos para a defini<;:ao das idades das forma<;:oes geologica§ e trabalhos especificos da estratigrafia, tectonica e magmatismo (13, 14,23, 34,37,72.73. 143, 144). Os principais resultados dos trabalhos exe- cutados nessa altura resumem-se no seguinte: 1. Num periodo de tempo relativamente curto foi obtida uma informa<;:ao bastante valida sobre a constitui<;:8.o geologica das areas cartografadas; delimitados os afloramentos de forma<;:oes geologicas de idades diferentes (sedimentares, metamorficas, magmaticas); elaborados esb090s estratigraficos e magmaticos das areas estudadas; formuladas as caracteristicas gerais da tectonica e da historia geologica de Angola, bem como aumentou substancialmente 0 conhecimento sobre as principais ocorrencias minerai s (petroleo, d iamantes , ferro, cobre, polimetalicos e outros). 10 GEOLOGIA DE ANGOLA 2 . A cartogralia geologica real izada modificou por completo os conceitos sobre a composi<;:ao geol.ogica das areas de constitui<;:ao geologica antiga, englobadas anteriormente (90) no Complexo de Base, Sistema de Oendolongo e Sistema do Bembe. A maioria dos auto res atribuia as rochas em referencia ao Precambrico, tendo sido apenas a parte superior do corte considerada, as vezes, com reservas, como Paleozoico Inferior (149,150). A divisao das rochas precambricas de diversas regioes de Angola com base nos dados de cartogralia geologica reg ional , esta ilustrada no quadro 2.2 . Conforme se pode ver no quadro, as opi- ni6es dos diversos autores eram divergentes quanto a divisao das rochas precambricas. Os geologos que trabalharam no Noroeste do Pais, na zona de dobramentos do Congo Ocidental (66,129, 132,133), nao aceitaram as conclusoes de F. Mouta sobre a divisao do Precambrico de Angola em tres partes. lI-No Precambrico, indivi dualizaram 0 Complexo de Base e 0 Precambrico Superior, representado pe lo Sistema do Congo Ocidenta! · assentandc em discordancia estrutural sobre as rochas " subjacente~E importante a conclusao a que chegaram sobre a existenc ia de apenas duas fases tectogenicas, relacionadas com a estruturagao do Complexo de Base e do Sistema do Congo Ocidental. E de notar que foi atribuida uma importancia decisiva a tectogenese do Precambrico Tardio (620 m.a.), que condicionou os dobramentos e intense metamorfismo que atingiram tanto as rochas do sistema do Congo Ocidental como as do Complexo de Base e promoveram a instalagao de intrusoes basicas e graniticas, de extensos cavalgamentos na zona de contacto das referidas unidades precambricas. Os trabalhos realizados perm itiram pormenorizar a divisao dos depositos precambricos, sobretudo do Sistema do Congo Ocidental. Dentro dos Grupos ja delinidos pelos trabalhos ante rio res (90) foram individualizadas Formagoes (Andares). As discordancias verificadas nos Grupos nao foram cons ideradas de importancia regional. Os depositos precambricos cartogralados em outras regioes do Pais loram, reg ra geral, subdivididos em tres grandes unidades. A divisao do Precambrico e sobretudo bem representada nos trabalhos de F. da Silva (114, 116, 120), alguns dos quais foram publicados ja apos 0 periodo considerado. Na parte Oeste de Angola, nas proximidades da Vila do Cariango, este autor dividiu 0 Precambrico em Inferior, Medio e Superior, correspondendo a tres ciclos orogenicos: Limpopo-Liberiano (Grupos de Quitubia e Mussende-Haco - 2700 + 200 m.a.); Eburneano (Supergrupo Oendolongo, grauvaques metamorfizados e siltitos migmatizados, gnaisses ocelares, migmatitos e gnaisses migmatizados) - 2000 + 200 m.a.; Pan-Africano (Supergrupo Congo Ocidental, rep rese ntado somente pelo sub-Grupo M'Pioka) 650 + 200 m.a. De acordo com 0 referido geologo, a maior in tensidade de metamorfismo (ultrametamoriismo) e a actividade magmatica estao relacionadas com a orogenia do Precambrico Medio (Eburneana). Entre . " as " . ' ·l,-"j ::.:: ultrametamorficas e/ou metassomaticas .. B intrusivas desta idade, destaca-se a predominancia de granitoides variados, individualizados nas cartas sob designagoes petrograticas ou com nomes proprios (tonalitos, dioritos biotito-piroxenicos, granodioritos e dioritos quartzosos, granitos biotiticos, granitos Quibala, Chela, Quitemo e Quimbindo ). Os trabalhos de cartogralia geologica revelaram a existencia destas rochas noutras areas da parte oeste de Angola, entre os paralelos 10° e 13° (1,54-56,70,71,87,88, 94). Em rela<;:ao as roc has ultrametam6rficas e/ou metassomaticas ou intrusivas, as rochas metam6rficas que aq ui ocorrem loram dilerenciadas em duas sequencias. A sequencia inferior, migmatizada ou intrudida por granitoides do Precambrico Medio, esta representada p~los complexos gnaisso-migmatito-graniticos ou migma- titicos, as vezes com quartzitos, xistos moscoviticos ou porfiros graniticos na base. " E atribuida ao Precambrico Inferior e e - ( - ( GEOLOGIA DE ANGOLA 11 ~ :u .. ~ .so.~ t4 n-f 0 ~i°i!S qi l i' t 'f¥f ~ o ~. ,[hI lif f~: , j _ 0 • ;,H. . . - .. --;;~. ',-• ~ t· ~ , '. l - ~; tr r f J .1 f . f • · -• • - ~'i! • • • a , • f .~ t • • ~ • , ~j' ~ :":,'; .. ~1, ..... ) ~ '.~:: ~l " I • • if ; H q t " • ., F • • 1 ~ , .. H · ; r • ; I g f _ ~ " , f I " ..L ::I: ~ ~~ e ~ , .i' • if .~ Ii 0 H' I • i f H 1 .,';! ~ ~ ~ -70 •••• Pl'ot.ro.6loo " . J.;q;ue.dloo Oii :;;. • • C~«lI> U Bu. G:r<>l'" ... , r M.t ' dioM 44 [Ufll" • • -3<aa .... l& • {~ ~ f fof al H • ~ I • f r f • ~ • • -'-1 • ;;to; • ro.~ 00 " . :!rlM Ke te '.dl_ d ~rr i(itn l n HI·; I nff ;; if ;, i J':..L ~ , - i j' . j 8.~ ;- , ~ -, i (! ~ , . , '. . , ~,,~ H .. 0 i . r HII" ~! ' . 't' r H f • 1 ~ • ~ ,,.:T. ;;:-~ • • ~I •• ff: -.. WHm 'P 0 ,1 r! !. o. J "P' :,0{1 -, . . . , ~--- -- P -I 0 • 'H • • •• _ . ~w ~. . 1 ~ ~ 1) '-' • " • f g • f 'i • ~~ , .. ::if .-• · , h. 0_:;>1"- d. [1 ...... eo IJord_ • ~ .... "' h J.r.eo>l_ if 0 ~:> l ~h , .. r , 'J' ~ I I h · ' • , ~ .-• • • • • • • f I , ~ • • ~ ~ • • , ~ Ft 0 • " ...... ,- ,InH do l4&lc-b. Jf r~ '! n 0;:-- ~ I" • 0 r, " %~f • o. • • 0 • 0 • " 0 • 0 , • Ouadro 2.2. Esbo90 de divisao e correla98o das unidades estratigraficas precambricas. elaborado com base nos trabalhos geol6gicos realizados em diversas regioes em 1961 - 1975. • . .,. , • 12 GEOLOGIA DE ANGOLA facilmente correlacionavel pelas suas caracteristicas petrograficas e estruturais com 0 Complexo de Base do Noroeste de Angola. A sequencia superior de metassedimentos, ocorrendo sobre as rochas intrusivas, e constituida por camadas possantes de quartzitos, grauvaques e xistos cujos afloramentos estao representados nas cartas geol6gicas. Em algumas areas, os metassedimentos mostram-se migmatizados. Existem opinioes diferentes quanto a posiyao desta sequencia no corte do Precambrico, tendo side a mesma atribuida quer ao Precambrico Superior, quer ao Precambrico Medio (114,119). No Sudoeste do Pais, os dados mais representativos sobre 0 Precambrico (Paleoz6ico Inferior) foram obtidos nas areas cartografadas a Sui do paralelo 13° 30', nas proximidades de Lubango, Humpata-Cainde, Chibia, Macota, Quipungo (22, 23,149,150) Aqui, uma pequena area foi origem de divergencias importantes dos varios autores quanto a elaborar;;ao do esbor;;o estratigrafico. F. do Vale individualizou duas grandes unidades estratigraficas, nomeadamente o Precambrico e 0 Paleoz6ico Inferior. 0 Precambrico foi subdividido em Arcaic;o. - . - englobando 0 Complexo de Base (gnaisses, xistos, anfibolitos, migmatitos, mi.rmores), e Proteroz6ico, ao qual foram atribuidas as Series Metam6rficas do Sui de Angola (quartzitos, xistos diversos e marmores). 0 Paleoz6ico Inferior foi representado pelas formar;;oes da Chela: a inferior, conglomeratica; a media, xisto-quartzitica; e a superior, dolomitica com estromat6litos. Todas as unidades referidas da escala estratigrafica geral encontram-se, na opiniao de F. do Vale, separadas por superficies de discordancia estruturpl. Foram atribuidas ao Precambrico abundantes rochas intrusivas de composiyao basica a acida, assim como granit6ides metamorfizados que se prolongam desde as areas setentrionais da parte oeste do Pais, onde a sua idade e considerada do Precambrico Medio. · As unidades precambricas mencionadas correlacionam-se com os cortes de outras regioes do modo seguinte: 0 Complexo de Base, Inferior e Superior, e correlacionado com os Sistemas Pre-Damara e Damara do Sudoeste Africano, respectivamente, sen do as Series Metam6rficas do Sui de Angola correlacionaveis com 0 Sistema Oendolongo do Oeste de Angola. Ao contrario de F.S. do Vale, H. de Carvalho considerou as Series Metam6rficas do Sudoeste de Angola (complexo xisto-quartzitico - A1, calcarios cristalinos - A2, rochas gnaissicas e migmatiticas - A3, gnaisses - A4) como pertencentes ao Arcaico. Na opiniao de H. de Carvalho, as rochas gnaisso-migmatiticas (A3 e A4), consideradas por F.S. do Vale como as unidades arcaicas mais anti gas da regiao, resultam de metamorfismo e granitizayao das series A1 e A2 As Series Metam6rficas sao intrudidas por rochas basicas do complexo gabro-anortositico do Sui de Angola com uma idade de, apro- ximadamente, 2079 m.a. (metodo Rb-Sr, numa biotite de granodiorito) e por granitos ja releridos com as idades determinadas para algumas variedades pelo metoda Rb-Sr (rocha total) de 1700, 1370 e 1240 m.a. (23). Para 0 complexo gabro-anortositico loram tambem obtidas, pelo metoda Rb-Sr, idades de 1700 m.a. (numa biotite de noritos olivinicos). 0 corte dos dep6sitos proterozoicos e culminado pela Forrnayao Chela assentando sobre as rochas metam6rficas e magmaticas. Oeste modo, H. de Carvalho chegou a conclusao de que nao existem na regiao depOsitos doprecambrico Medio. De acordo com os dados dos levantamentos geol6gicos a escala 1 :250 000, realizados por ge610gos daCompanhia E.J. Longyear Co (D.S. Robertson, C.E. Eade, R. Douglas e outros, publicados em 1962), mais para Sui da regiao acima considerada, na margem direita do Cunene, as rochas precambricas e paleozoicas (conforme a classificayao antiga) sao divididas em tres partes (quadro 2.2.), separadas por superficies de grandes discordancias regionais. Sao correlacionaveis com as tres divisoes do Precambrico (Inferior, Medio e Superior) das areas situadas mais para Norte do Pais ou com as • unidades estratigraficas Iocais, nomeadamente 0 Complexo de Base, Sistema (Supergrupo) Oendolongo e 0 Sistema (Supergrupo) Congo Ocidental. Os autores assinalaram uma elevada intensidade dos fen6menos de metamorfismo e magmatismo no Precambrico Medio, caracteristica para muitas outras areas do Oeste de Angola. Quase todas as roc has intrusivas de composiyao basica a acida representadas nas cartas geol6gicas . dos referidos autores, estao relacionadas com a orogenese da parte media da , ! I • sequencia precambrica. J.R. Torquato (145), que efectuou estudos a Oeste das areas dos trabalhos da Companhia E.J. Longyear Co, individualizou no Precambrieo tres grupos de roehas metam6rficas, sedimentares, metassomaticas e/ou ultrameta- m6rfieas e magmaticas, separadas por superficies de diseordaneias regionais. Sao, de baixo para eima: - Complexo eri stalino (xistos e quartzitos, gnaisses, granulitos, granitos); - Formayao Nosib (arcoses e quartzitos, metariolitos, gabros, granitos); - Grupo Damara (ortoanfibolitos, ealcarios cristalinos, metassedimentos granitizados , pegmatitos, veriitos, dioritos, gabros, granitos). Com base nos dados geocronol6g icos largamente utilizados no seu trabalho, 0 referido autar relaciona a estruturayao do Complexo eristalino com 0 cicio Eburneano (2.000 + 200 ma.), a da Formayao Nosib, com os eventos de Namibe (1675 ± 72 ma.), Moende (1300 ± 100 ma.) e 0 cicio Kibariano (950 + 100 m.a.), e a estruturayao do Grupo Damara, com 0 Cicio Pan-Africano (550 ± 100 m.a.). A julgar pel a __ --"'_ 7:'::: C2S unidades estratigraficas ' representadas nas cartas elaboradas par J.R. Torquato e pelos geologos da Companhia E.J. Longyear Co, existem grandes divergencias quanto a vi sao da estratigrafia do Sudoeste de Angola. No Esboyo Tectonico de J.R. Torquato, estao representados 0 sOGO precambrico, as provincias Pan-African a e Eburneana (escudo de Angola), cinturoes de dobramentos e a cobertura da plataforma do cicio Pan-Africano, estruturas cambrico-ordovicicas da fase de transiyao (zonas de vulcanismo acido) , , estruturas ordovicico-triassicas da fase de estabiliiza<;:ao (sineclise paleozoica, aulacogeno de Cassanje, arcos de Mo<;:amedes e do Zaire, harst do Cuanza), bem como estruturas triassico-recentes da fase de reactivayao (coberturas pos-Karroo, bacias tectonicas costei ras, areas de magmatismo tipo "trapps", alcalino e acido). Este Esboyo Tectonico po de ser considerado como 0 primeiro documento que retrata 0 enquadramento das unidades geotectonicas no territorio de Angola, com . bastante pormenor. Nas areas orientais do Sudoeste do Pais ,-. -. . .. • GEOLOGIA DE ANGOLA 13 (povoayoes da Jamba e Cubango) foi atribuido ao Precambrico 0 Sistema de Cassinga, constituido por rochas vulcano-sedimentares com quartzitos ferruginosos (Series Jamba, Cuandja, Bale). A idade do Sistema, segundo as data<;:6es obtidas pelo metodo Rb-Sr nos granitoides "que Ihe sao intrusivos e > 1845 ± 45 ma. (68). No Nordeste e Este do Pais, de acordo com os dados dos levantamentos reg ionais (33, 101- 105, 110) 0 Precambricofoi dividido em tres grandes unidades da escala estratigrafica local: 1 - Complexo de Base (granito-gnaisses, gnaisses, anfibolitos); 2 - Grupo das Series Metamorficas xisto-gnaisso-quartziticas do Nordeste de Angola ou Series Inferior e Superior terrigeno-carbonatadas do Malombe (Leste do Pais); 3 - Sistema do Congo Ocidental (Noroeste) ou Series xisto-greso-calcarias do Macondo (Leste). . Estas unidades estratigraficas encontram-se separadas por superficies de discordancias estruturais regionais. Os processos de metamortlsmo e magmatismo estao relaciona- dos com a orogenese manifestada so nas duas ! u' lioaoes e~tt ....l ~ ;~1 ~~;(.,u.v ; ' I ; ~,·icres . A realizayao de sondagens profundas no ambito dos intensos trabalhos de pesquisa de petroleo (empresas petroliferas) possibilitou a obten<;:ao de uma rica e valiosa informayao acerca da estratigrafia e da estrutura dos depositos meso-cenozoicos do litoral e da plataforma continental do Pais. Com base nestes dados, foi ' possivel fazer uma divisao pormenorizada dos depositos meso-cenozoi- cos; correlacionar as unidades estratigraficas locais com a escala estratigrafica geral, definir as zonas das facies estruturais e elaborar a carta geologica da bacia do rio Cuanza (35), na qual incidiram, ate ao ana 1975, os principais trabalhos de pesquisa e explora<;:ao de petroleo, bem como elaborar os esbo<;:os estruturais tendo em conta a tectonica de sal (10,106). No entanto, 0 nivel de conhecimento dos depositos paleozoicos, mesozoicos e cenozoicos da parte continental do territ6rio de Angola continua a ser bastante baixo. Foram obtidas novas informa<;:oes sobre as rochas intrusivas de idade meso-cenozoica que ocorrem sob a forma de pequenos corpos - • r , • 14 GEOLOGIA DE ANGOLA intrusivos ou diques tanto no soco cristalino da plataforma como nas rochas da cobertu ra sedimentar. A sua composigao varia de ultrabasica a acida. Algumas destas rochas, nomeadamente quimberlitos e carbonatitos, revestem-se de grande importancia na prospecgao, reconhecimento e exploragao de varios recursos minerais (diamantes, fluorite, metais raros, etc.). 2.3. Terceira Fase A terceira fase compreendeu trabalhos de sintese, visandb a elaborayao de cartas geol6gicas a pequenas escalas. Por motivos conjunturais, as observagoes de campo foram executadas em volumes reduzidos, tendo geralmente por objectiv~ a soluyao dos problemas relacionados com a elaborayao da Carta Geol6gica de Angola a escala 1: 1 000.000, entre os quais 0 esclarecirnento de duvidas quanto a idade de diversas formagoes geologicas. A primeira Carta Geologica a escala 1: 1.000.000 da parte oeste de Angola foi e laborada em ' i980 no insti luto Nacional de Geologia da R .PA (19). Este trabalho, apresentado no XXVI Congresso Geol6gico Internacional em 1980 em Paris, foi de grande importancia para uma analise critica dos dados geol6gicos disponiveis. Os conceitos principais dos seus auto res acerca da consti tuiyao da reg iao estao representados na fig. 2.2. Pela primeira vez, as rochas precambricas foram nitidamente d iferenciadas em arcaicas e proterozoicas. No Arcaico , so foram individualizadas as unidades da parte superior. Embora tivesse side adoptada a divisao do eonotema proteroz6ico em tres partes, os auto res foram de opiniao que no territorio de Angola existiam apenas rochas do Proterozoico Inferior e Superior. o Proteroz6ico Inferior esta representado apenas pelo Supergrupo Oendolongo. Basea- ndo-se nos estudos geocronologicos efectuados por L. Cahen (15) sobre os granitos do plutao Vista Alegre (com Rb-Sr, idade superior a 1650 m.a., e com U-Pb, idade superior a 2000 m.a.), os autores atribuiram os Grupos Lulumba e Uonde do Supergrupo • Congo Ocidental, intrudidos por aqueles granitos, ao Supergrupo Oendolongo. Em todas as outras areas do Oeste do Pais foram individualizados dois grupos do Oendolongo - Inferior e Superior, ou roc has indiferenciadas deste Supergrupo. Nas areas de localizagao do Sistema de Cassinga, das Series Metam6rficas do Sui e Sudoeste de Angola e de rochas consideradas por muitos auto res como pertencentes ao Complexo de Base, Precam- brico Inferior ou Arcaico, foi individualizado 0 Supergrupo do Oendolongo. As roc has do Proteroz6ico Superior foram individualizadas em diversas regioes de forma tradicional, mantendo os nomes antigos, a excepgao do Supergrupo Congo Ocidental, representado sob uma forma incompleta (sem as formayoes inferiores Lulumba e Uonde). Nas areas do Sui foram individualizados os Grupos Chela (formagoes Inferior e Superior, isto e, Leba) e Damara. Os depositos fanerozoicos estao representados ' por Cretacico, Paleogenico, Necgenico e Quaternario. As rochas intrusivas, ultrametamorficas e/ou metassomaticas foram atribuidas a cinco intervalos de idade: .Arcaico (gabr.o-no~i t(' '') , Proterozoi co Precoce (granitos, granodioritos, . anortositos) , Proteroz6ico Medio (gabros e granitos alcalinos), Proter;9zoico Tardio (noritos, doleritos,granitos alcalinos e sub-alcalinos) e Cretacico (carbonatitos, sien itos, tonalitos, quimberlitos, basaltos). Comparando as ideias expressas na referida Carta Geol6gica da parte oeste do Pais com as concl usoes dos autores dos trabal hos antecedentes, pode-se assinalar 0 seguinte: 1. Reduziu-se muito a representag80 dos . afloramentos de rochas anti gas (Arcaico, Complexo de Base , Precambrico Infe rior), passando estas a se r ident ificadas predominantemente no Noroeste do Pais. Em. contrapartida, foram alargadas as areas de desenvolvimento do Proterozoico Inferior. 2. Pela primeira vez, foram individualizadas intrusoes do Proterozoico Medio, ocupando cerca de 70% da area de desenvolvimento das rochas magmaticas. 3 . Na op in iao dos autores, os carreamentos nao sao caracteristicos para a zona de dob ramentos do Congo Ocidental. .. • I , < I , i i I , , · - • - /oC:.~blnda • • Ambri "-!--- • • I i I · , • • • • • , " , , ' • -, -, • • .. .. -~.. . .. +-~~ ........ GEOLOGIA DE ANGOLA 15 '" n ' - '---~-------r'- . ----.---- .. .. ·,'-.7------ -·--··1 - ---·-+----------·f-'- oreo oMo!onje- -h." • • , • , , I 1 , • • oSourimo II· - ----- .. - -- ". , , Is c ng • , , • ! , I , • ; , , IS' -;.., ,,·-ml!, : , I • • • • I' . • • • 1 • • • " ------ -- --1 -----.----.- 9 FA1. .. - • o • I • • o'Luono I , i , , ---J---'; - --- .. ~"'----- r_' --~~-~ ,;,4,_,,_ -n- , • . + , + " . +' . ;tL~+ I ... I, ..... ~ • • • • • • • • • • • • • • C" 'iv:; • • • , . 1 • • • • • • • • • • • • • . . " . • • • I • • • • I • • .. • . , . . 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Esbo~o geologico da parte oeste de Angola (com base na Carta Geol6gica da parte oeste de Angola a escala de 1 :1000.000 (1980). muito simplificado: 1 - Cenoz6ico, 2 - Cretacico Superior, 3 - Cretacico Inferior. 4-7 - Proteroz6ico Superior: 4 - Supergrupo Congo Ocidental, 5 - GrupoSansikwa, 6 .- Supergrupo Damara, 7 - Grupo Chela, 8-10 - Proteroz6ico Inferior (Supergrupo Oendolongo); 8 - gnaisses e migmatitos, 9 - Grupos Uonde e Lulumba, 10 - Grupo Oendolongo, 11 - Arcaico, 12-15- rochas magmaticas: 12 - cretacicas, 13 - do Proteroz6ico Tardio, 14 - do Proteroz6ico Medio, 15 - do Proteroz6ico , Precoce de composi,30 acida (a) a basica (b); 16 - falhas : falhas normais, falhas inversas (a), carreamentos (b) . , . - "'"'-.• '. __ .c . ___ _ •• • ( ., , 16 GEOLOGIA DE ANGOLA No entanto, destacou-sea importancia da tectonica de falhas de forte inciinay8.o para toda a parte oeste de Angola, sendo a sua densidade varias vezes maior em comparay8.o com as cartas geologicas antecedentes. 4. Os autores optaram por um criterio de grande unificay8.o das rochas do Proterozoico Inferior. . Em 1982, foi publicado 0 trabalho de H. de Carvalho "Geologia de Angola" (escala 1: 1 000 000), elaborado no Laboratorio Nacional de In- vestigayao Cientffica Tropical de Portugal, com base nos levantamentos geologicos executados antes de 1974. 0 autor apresentou uma legenda compacta, baseada, principalmente, nos dadas geocronologicos que permite representar prati- camente todas as formayoes geologicas de di- versas idades (sedimentares, vulcanicas e metamorficas - num total de 118 variedades) individualizadas nO' decorrer dos trabalhos cartograficos a escala regional. Quase todas as unidades estratigraficas e complexos intrusivos mantem os seus nomes antigos, uti lizados na nomenclatura dos Serviyos Geologicos de An- gola ate ao ana 1974. NaCarta, de acordo com . as divisoes das unidades estratigraficas do Precambrico Africano, propostas por Cahen (17) e utilizadas no Mapa Geologico Interna-, cional de Africa a escala 1 :5.000.000, estao representadas as seguintes rochas: do Arcaico I e/ou II (Inferior e/ou Medio) com a idade superi- or a 3000 m.a.; do Arcaico III (Superior) ou cicio Limpopo-Liberiano (2900-2500 m.a.); do Ar- caico III Proterozoi co I ou intervalo Limpopo- . Liberiano-Eburneano (2500-2200 rna.) ; do Pro- teroz6ico II ou cicio Eburneano (2200-1800 m.a); do Proteroz6ico II-III ou intervalo Eburneano-Kibariano (1800-1650 m.a); do Pro- teroz6ico II I ou cicio Kibariano (1650-1000 m.a) e do Proteroz6ico IV oU cicio Pan-Afri cano (1000-500 m.a.). Foram tambem individualiza- dos grupos de rochas predimbricas represen- tadas na legenda num intervalo cronologico muito extenso (fig. 2.3.). Na Carta "Geolog ia de Angola", sobre a constituiy8.o geologica do Precambrico de An- gola observa-se 0 seguinte: - As rochas arcaicas tem largo desenvol- vimento no Oeste e Sudoeste de Angola. Nestas regioes, loram atribuidas ao Arcaico extensas areas de rochas metam6rficas, identif icadas na Carta Geol6gica da parte oeste do Pais como pertencentes ao Proterozoi co Inferior (sequen- cia de migmatitos e gnaisses, Supergrupo Oen- dolongo). Como as rochas mais antigas (do Ar- caico Precoce) sao consideradas as rochas do Sudoeste de Angola; - A correlay8.o das unidades estratigra.ficas locais atribuidas ao Proterozoi co foi modilicada. Assim, os Supergrupos (Grupos) Chela e Con- go Ocidental, considerados da mesma idade segundo as concepyoes anti gas, loram atribui- dos a perfodos diferentes: Proterozoico III (cicio Kibariano) e Proterozoico IV (cicio Pan- Africano), respectivamente. - Foram atribufdas ao Proteroz6ico III, embo- ra sob reserva, os dep6sitos identificados no Noroeste de Angola (margem esquerda do rio Mepozo) como Grupos (ou formayoes) Lulumba e Uonde (66). Os mesmos depositos, allorando noutras areas do Noroeste do Pais, loram consid- erados como pertencentes ao Proterozoico II (ci- cio Eburneano). No Proterozoi co III foram, tam- bem sob reserva, englobados xistos e gres da Lunda," do Malombe Inlerior. 0 Proteroz6ico IV esta representado, para alem do Grupo Congo Ocidental, pelo Complexo de Espinheira (grupo Damara), metassedimentos de Ruacana no Su- doeste do Pais e pelo Grupo Malombe Superior, no Leste. As concepyoes sobre a localizayao e processo da instalagao dos complexos magmati- cos (ultrametamorlicos e/ou metassomaticos) mantem-se, em geral, sem modificagoes. A ex- tensao da representagao dos complexos migmatiticos e intrusivos (principaltnente de com- posigao acida) destaca nitidamente a importan- cia do cicio Ebumeano, do Proteroz6ico Precoce. , E de notar que 0 trabalho "Geologia de An- gola" de H. de Carvalho 13 caracterizado por uma representagao liel das cartas geol6gicas publicadas ou em esboyo, executadas antes de , 1975. E de realyar a contribuigao do autor para a primeira analise sistematica de dados geocronol6gicos obtidos no territ6rio de Angola e de outros paises da Africa Austral e Central. Contudo, a inexistencia de esbogos de corre- laQao e uma colorayao diferente dada as unidades geol6gicas da mesma idade dificul- tam a interpretay8.o da Carta . . - , , • . / , • • , • I I ! I , j ! I • I < f • • , , , ; ; I I • ! I i I • , I I I ! I , I i ! • , i • ., J r • I • • I • ! •• 1 1 I 1 -I ! :i -• i J 1 ., • J ., • a " i '. t -, , ,0 , • • , ! · i , \I' - _.-.. ----.-. . .. • • • I ; • i • , ! • • \5''''';' , \ o 0 o 0 o o • 0 • 0 • • • 0 • o I I o o • o • • GEOLOGIA DE ANGOLA 17 " , o o o 0 o o o • • • -_________ /_7' o o o o 0 • o • . ' . o o o 0 0 • 0 o 0 lonjc o o o o o 0 o~.O"o 0 0 o 0 • • • • o 0 o o o o • • o o A 0 10 • 0 A o o o , , o , 0'1 0 o o ~ • +-~. o o o -\_ .. _ ------!- ! ' o o o , o o :--:--:'0./ :.---'0 0 0 o o • o o Of 0 0 o • • • • • • o o o o 0 0 • o o 0 • o o o o~l' • • 0 . " . . o o o 0 ."-::.. • • • • o t..: o o o o o o o 0 o - o o 0 • o o 0 • o o , o o (3 I 0 0 0 , . . o o 0 0 o o ('. o • 010 +-_-'0t-<nO_n9~ .. U~C:..,_.:.o_~!~~o~ 0 o o • • 0 . . i . • • I • , 0 o -p, 0\": 0 o o o o • o o o o o o o o o o , 0 • o , • I 0 o o • . I 0 • • • I • • o o • o o • o o o • • • • o o • o • • - .:: .. _ •. _0"-- - - 0----=.0-0-_· :-C--'--r--- o 0 , o o , • • • • • o. , , • '" II . '. IC::'.;' .' I' . v:;; ~ ....... + .......... ~ .............. ... , , o o o , o o ~. , o o 80 160km , .. ' o ' I \...1 __ I ' - } _-I ,. , • o ~:: ~[), " 1 ,,, ~,Mll~ A ~13 '-.....J4 1 6 15 I 19 0111111] 10 Fig. 2.3. EsbD~O da constitui~ao geol6gica de Angola, elaborado com base no trabalho cartografk:o "Geologia de Angola" a escala 1: 1.000.000 (H. de Carvalho, 1982). muito simplificado. 1 - Faneroz6ico: rochas sedimentares (a) e mesoz6icas, geralmente magmaticas de idade cretacica (b); 2 - Proteroz6ico IV (500-1 000 m.a.): rochas metassedimentares (a) e magmaticas (b); 3 - Proteroz6ico IV (500-1 000 m.a.) ou Proteroz6ico III (1100-1750 m.a.) ou Proteroz6ico II (1750-2100 m.a.): rochas sedimentares (a) e magmaticas (b); 4 - Proteroz6ico III (1100-1650 m.a.): rochas metassedimentares (a) e magmaticas (b); 5 - Proteroz6ico III Inferior ou Proteroz6ico II Tardio (1650-1800 m.a.): rochas magmaticas; 6 - Proteroz6ico II (1800-2200 m.a.): roc has metassedimentares (a), granitos regionais (b) e granitos tipo Quibala e Vista Alegre (c); 7 - Proteroz6ico I (2200-2500 m.a.) ou Arcaico III (2500-2000 m.a.): roc has metassedimentares (a) e magmaticas (b); 8 - Arcaico indiferenciado; 9- Arcaico III (2500-2900 m.a.); 10 - Arcaico II e/ou Arcaico I (> 3000 ma.). - , , , 18 GEOLOGIA DE ANGOLA De acordo com H. de Carvalho (29) , a historia geologica do territorio de Angola e condicionada pela sua localizayao numa zona movel da bordadura oeste do Cratao Centro-Africano que sofreu reactivayoes sucessivas durante os mencionados ciclos orogenicos. No perfodo de 1978 a 1984, 0 Instituto Nacio- nal de Geologia realizou trabalhos de cartografia geologica e fotogeologica a escala 1: 1 00.000 em algumas areas consideradas de interesse para a soluyao de diversos problemas geologicos. Estes trabalhos compreendiam, entre outros objectiv~s, a colheita de dados complementares para a elaborayao da Carta Geologica de Angola a escala 1: 1.000.000, a definiyao de chaves fotogeologicas de unidades estratigraficas, a identificayao de complexos intrusivos e de zonas de fa lhas, visando a correlayao das areas anteriormente cartografadas. A cartografia geologica e fotogeologica foiexecutada no perfodo de 1978-84 na parte oeste do Pafs (bacias dos rios Cuanza, Zenza, Lucala) numa area de 28 700 Km' , na parte sudoeste (bacias dos rios Catarata, Chingo, Bentiaba) numa area cie" -17 500 '··Kril2·~ tf" ( ~Q- ~c..(lt:: icste. na area de Lucapa Nestes trabalhos, fez-se uma tentativa de individualizayao dos depositos rifeanos (Grupos Sansikwa, Alto-Chiloango, Xisto- Gresoso) e foram definidas as primeiras nOyoes sobre a estratigrafia das rochas arcaicas altamente metamoriizadas. 0 Arcaico Superior foi dividido em duas partes: a inferior, com quatro unidades, e a superior, com duas. Com base na interpretayao das fotografias aereas e dos trabalhos de confirmayao no campo, foram representados numerosos sistemas de falhas com diversas orientayoes. Eo de notar que as cartas geologicas antigas apresentavam apenas falhas isoladas, sem significado estrutural. Foram util izados os dados existentes dos estudos geologicos e geoffsicos realizados no litoral do Pafs, bem como na plataforma e no talude continentais. Os dados obtidos permitiram alcan9ar um alto nfvel de correla9ao dos cortes das facies diferentes do Meso-Cenozoico, tanto do maci90 continental como do espayo oceanica de Angola, tendo side elaborados esboyos estruturais suficientemente pormenorizados (45,85, 136). Esta informayao foi totalmente utilizada na elabora98.0 desta Carta Geologica e e referida nos capftulos correspondentes da presente Notfcia Explicativa. Os dados sobre os recursos minerais do Pafs que se citam, foram baseados num trabalho de sfntese de toda a informay8.o disponfvel publicada ou nao. Para a descri9ao da historia geologica de Angola foi utilizada informay8.o de trabalhos sobre a geologia do continente Africano (17, 36, 44,47,75,76,135,137,139,151). Apos esta breve revisao dos dados geologicos existentes, podemos tirar as seguintes conciusoes: 1. Os principais dados disponfveis para uti lizayao na elaborayao desta Carta sao resultados dos levantamentos geologicos as escalas 1 :250.000 - 1 :100.000 que abrangem cerca de 50% do territorio do Pafs. Os conhecimentos que se tem sobre 0 resto do territorio, encoberto por espessos sedimentos desagregados do Meso-Cenozoico, sao muito insuficientes. 2. Os dados obtidos no decurso dos trabalhos de cartografia geol6gica as escalas 1:100.000 e 1 :250.000 nao sao uniformes. As cartas geologicas eJaboradas par di\iersos' C!ULO!Hs;' :i,u[:Er2-:-"Zi:C: n2~ se correlacionam por ter sido diferente a .' interpretayao de questoes relacionadas com interrelayoes, nomenclatura e designa90es de varias unidades estratigraficas e dos complexos magmaticos. 3. A documentayao cartografica a escala 1: 1.000.000, elaborada ate ao ana 1982 e que e uma sfntese' ' dos resultados dos estudos geologicos anteriormente executados, difere muito dos criterios de definiyao das unidades estratigraficas e complexos magmaticos e nao pode servir de base para a soluy8.o dos prctJennas pffiIica; dos ServK;x:s da RP A As conciusoes acima referidas sublinham a actualidade e a necessidade da elaborayao da Carta Geol6gica de Angola a escala 1: 1.000.000, executada com base em criterios que possibilitam 0 fornecimento de urna informayao mais completa sobre as caracterfsticas especfficas dos principais elementos geol6gico- estruturais do Pafs para a soluyao futura das questoes metalogenicas. I • _______________________________ ._ .... _._. ______ _ • , 3. PRINCIPIOS E METODOS -UTILIZADOS NA ELABORAC;AO DA CARTA GEOLOGICA DE ANGOLA o fraco nivel de conhecimento da geologia do Pais bem como limitagoes na execugao de trabalhos de campo, condicionaram muito 0 tipo de actividades relac ionadas com a elaborac;:ao da Carta. Em linhas gerais , a sua execuc;:ao compreendeu as seguintes fases: 1. Tratamento, analise e sintese de toda a documentac;:ao geologica disponivel, publicada ou nao, visando a elaboragao de uma maquete da Carta Geologica a esc ala 1: 1.000.000 e de uma primeira versao da sua legenda. Nesta lase, foi da maior importancia o estudo dos dados obtidos durante os trabalhos de campo realizados em varias regioes do Pais. Em primeiro lugar, loram utilizados os dados da cartografia geologica nas esc alas de 1: 1 00.000 e 1 :250.000 bem como os resultados dos traballios geologico- geofisicos de prospecgao e pesquisa de petroleo nas areas do litoral e da plataforma continental, entre os quais os das sondagens profundas (C:onE'flg0I Tot,,!. p",tr'1nonl. Agip). 2. Estudos petrogralicos das colecgoes de amostras e de laminas delgadas arquivadas no Instituto Nacional de Geologia. 3. Sistematiza980 e tratamento dos dados de interpretag80 fotogeo l6gica de diversos objectos geologicos (unidades estratigraticas, roclias magmaticas, lalhas) e a sua posterior identilicag80 noutras regioes do Pais. 4. Interpretag80 das lotogralias aereas e satelite de todo 0 territorio de Angola e tratamento dos resultados obtidos. Os autores , desta Carta trnham a sua disposigao lotogralias aereas a escala 1 :28.000, 1 :36.000, 1 :40.000, 1 :70.000, fotomosaicos, fotoesque- mas e lotogral ias satelite, as escalas 1: 1.000.000 e 1 :500.000. Foram elaborados, para diversas areas, esbogos de 1: 1.000.000 e 1 :500.000, bem como cartas lotogeol6gicas (parte nordeste do territorio) e utilizados dados de levantamentos geolis icos aereos (magnetometri a, radiometria), executados pela Diamang antes de 1975. Infelizmente, so foi possivel utilizar uma parte dos resultados destes levantamentos. GEOLOGIA DE ANGOLA 19 5. Trabalhos de campo de confirmag8.o, visando 0 esclarec imento e a solug8.o de alguns problemas respeitantes a estratigrafia, ao magmatismo e as interrelagoes entre as varias unidades. 6. Elaborag8.o da legenda zonada e de outras convengoes da Carta Geologica, assim como elabo ragEto dos esbogos tectonico- estrutural (a escala 1 :5.000.000) e das facies estruturais (a escala 1 :20.000.000) que constituem chaves para a compreensao da legenda. Este trabalho foi feito com base na anali se da documentagao geologica d isponivel sobre 0 territorio de Angola e, parcialmente, sobre o's paises vizinhos . Na solugao dos problemas da tectonica, algumas ideias foram expressas com base na Carta Cosmogeodinamica de Ang ol a, a escala 1 :2.000.000 (11). Nesta lase do trabalho, a procura da forma de apresentagao da constituigao geologica do lundo oceanica da parte sublitoral do Pais, constituiu um grande objectiv~. 7. Execugao, com base na legenda aprovada, da prova do autor da Carta Geologica de Angola. Na identificaQ8.0 '" n"1 correlagao das formagoes geologicas aflorantes, foram largamente utilizados os dados da fotointerpretag8o ja realizada e, em menor extens80, dos levantamentos geolisi - cos aereos. Estes dados loram de importElncia decisiva para a representag80, na Carta, da tectonica de lalhas. • E de assinalar -que os dados disponiveis pelos autores nem sempre permitiram uma SOlUg80 unica e adequada dos diversos problemas geologicos. Por isso, alguns conceitos da legenda e da Carta tem caracter liipotetico, tendo side deduzidos, necessitando ainda de uma comprovagao no terreno. A separagao entre as roc has metamorficas e intrusivas (metassomaticas), de acordo com a sua idade relativa, loi baseada, principalmente, em metod os geologicos. As correlagoes intraregionais e a divisao tectono-estratigralica do Precambri co loram baseadas numa analise liistorico-geologica dos dados existentes. " As rochas sedimentares, metamorficas e magmaticas, ja identilicadas nos trabalhos -, l~· ~====~============================ - , 20 GEOLOGIA DE ANGOLA anteriores, foram agrupadas em grandes complexos de composi9ao variada, correspondentes aos grandes ciclos da evolu9ao geologica de Angola. Os seus contactos sao evidenciados, geralmente, atraves de discordancias estruturais regionais. Os principios utilizados para 0 agrupamento das rochasprecambricas do Continente Africano e de Angola em particular, em grandes complexos, foram ja utilizados anteriormente por diversos autores. Estes individualizaram na coluna estratigrafica, as rochas correspondentes aos principais ciclos tectono- geneticos de orogeneses (29, 119), os complexos estratigraficos, os complexos litolog icos (46) , e importantes unidades estratigraficas locais, nomeadamente Supergrupos e Grupos (ver cap. 2); na divisao tectonica, individualizaram os complexos litologico-estruturais (11, 12, 46). ~ As unidades incluidas no Precambrico de fl:ngo la, sao designadas por "complexos litologico-estruturais" (grandes estruturas geologicas) que se dist inguem pelas suas caracteristicas estruturais e litologicas uniforme~ de assinalar que .a conCep92.0d0~ "complexos litologico-estruturais" foi utilizada na analise da evoluc;:ao geologica do Precambrico e, em menor grau, do Fanerozoico de Angola, sem 0 objectiv~ de dar uma visao global destes complexos. Esta tarefa deve ser um objectivo de futuros estudos do Instituto Nacional de Geologia. No presente trabalho, foi dada maior importancia a descric;:ao dos grandes complexos litologicos e das suas unidades constituintes de menor grandeza taxinomica, sendo estas individual izadas como divisoes e sub-divisoes das escalas estratigraficas geral e local e como complexos ultrametamorficos e/ou metassomaticos e intrusivos. A correlac;:ao dos complexos litologico-estruturais que afloram em diversas regioes afastadas tambem foi feita, prioritariamente, com base nos metodos ' geologicos. A utiliza9ao de outros metodos na defini9ao da idade das divisoes precambricas, nomeadamente 0 geocronologico e 0 bioestratigrafico, foi extremamente limitada. Existem cerca de 400 determina90es de idade isotopica das roc has do Precambrico de Angola, obtidas pelos metodos Rb-Sr, K-Ar em diversos laboratorios. Contudo, a qualidade dos estudos geocronologicos, bem como a analise e sintese dos resultados obtidos nao permite definir com certeza, as data90es que possam servir de pontos de referencla e, por consequencia, identificar as forma96es , geologicas respectivas. E conhecido que os complexos litologico-estruturais do Precambrico de Angola foram submetidos, varias vezes, a fenomenos tectono-termicos que actuaram durante os ciclos mais tardios da tectogenese (29). Por esta razao, e preciso tratar com reservas os dados geocronologicos utilizados, para que se evite datar-se nao as rochas propriamente ditas, mas sim os fenomenos'"que actuaram sobre elas posteriormente. A necessidade de tal atitude em re la9ao as data90es isotopicas e bem evidenciada nos trabalhos de J.R. Torquato (145) 0 qual, numa area relativamente reduzida do Sudoeste de Angola estabeleceu, para 0 Precambrico, 14 eventos num intervalo de 514 + 14 ma. a 2200 m.a. Estes eventos indicam (de acordo com os dados obtidos pelos metodos Rb-Sr e K-Ar) 0 •• . .!8'1'PO de forma98.0 das rochas analisadas ou 0 . · tempo do seu "rejuvenescimento" ou "aquecimento". Por estas razoes, os dados geocronol6gicos disponiveis apenas pod em ser utilizados como auxiliares. Na literatura consultada aparecem muitas vezes descric;:oes de estruturas estromatoliticas e, com menor frequencia, de microfitolitos nos depositos carbonatados do Precambrico (66, 90, 149). Contudo, 0 seu estudo sistematico nunca foi realizado. Estudos isolados existentes dos estromatolitos (grupos Conophyton, Collenia) e dos microfitolitos (Undoza), permitem apenas correla90es das sequencias carbonatadas de caracter muito geral. Na defini9ao das idades dos depositos fane- rozoicos, foram utilizados, principalmente, os metodos bioestratigrafico e lito-estratigrafico, dada a presen9a de quantidades consideraveis de fosseis e a inexistencia de altera90es metamorficas nas rochas sedimentares . . . originals. A escala geocronologica geral, adoptada para a correla9ao dos complexos litologico- estruturais do Precambrico e para a elabora98.0 • , , i , , • • i , , j 1 J · ! • 1 , 1 1 J I 1 I I j ~ ., j , 1 - ( - da presente Carta, corresponde, na sua globalidade, as recomenda<;oes da Sub- Comissao da estratigrafia do Precambrico da Uniao Internacional das Ciencias Geologicas, no que diz respeito a nomenclatura e a defini<;ao das gran des unidades. A mesma esc ala geocronologica foi anteriormente utilizada pelo Instituto Nacional de Geologia na elabora<;ao da Carta Geologica da parte oeste de Angola a escala 1:1 000000 (19). Na fig. 3.1. apresenta-se a compara<;ao da escala geocronologica geral, adoptada pelos autores, com a escala cronologica do Precambrico (61), a qual reflecte os sucessos dos recentes estudos cronoestratigraficos, bem como com as colunas das unidades precambricas sugeridas por diversos autores para Africa (134), Africa Austral (61) e para Angola (29). A ultima das coltmas citadas representa uma escala cronoestratigraiica e a sucessao dos ciclos tectonicos mais importantes. De acordo com a col una adoptada, apresentamos nesta Carta as rochas metamorficas e magmaticas do Arcaico e do Proterozoico, separadas pelo limite de idade de ~f)00 + 100 m.a. 0 Arcaico esta dividido er.: duas partes, separadas pelo limite de idade de 3000 m.a. As roc has do Proterozoico (com limite superior de 570 ± 20 m a.) foram divididas em dois grupos, muito importantes para a com preen sao da historia da evolu<;ao geologica do Precambrico, nomeadamente, do Proterozoi co Precoce, e do Proteroz6ico Tardio (separados pelo limite de 1650 + 50 mal. A divisao do Proteroz6ico Inferior em grupos que correspondam as divisoes geocronologicas mais pequenas, isto e, Rifeano e Vendiano (separados pelo limite de 680 m.a.), bem como das rochas rifeanas (com limites de 1400 ± 50 e 1050 ± 50 m.a.), nao pode ser rigorosamente confirmada pelos dados disponiveis. No entanto, os autores empreenderam tentativas de utiliza<;ao de alguns limites geologicos bem expressos no corte do Proteroz6ico Superior, manifestados atraves das superficies de discordancias estratigraficas e angulares, para uma defini<;ao convencional dos dep6sitos do Rifeano Inferior, Rifeano Medio, Rifeano Medio a Superior, Rifeano Superior-Vendiano e das • roc has intrusivas do Rifeano Tardio. No J GEOLOGIA DE ANGOLA 21 Faneroz6ico, foram individualizadas rochas sedimentares e intrus ivas do Paleozoico Superior (Carbonico, Permico), do Mesoz6ico (Triassico , Jurassico, Cretacico) e do Cenoz6ico (paleogenico, Neogenico e dep6sitos quaternarios). A divisao tectonica foi baseada na analise das caracteristicas especificas da constitui<;ii.o e da sucessao de forma<;ao dos complexos litol6gico-estruturais do Precambrico e Faneroz6ico. A designa<;ao dos grandes ciclos tectono-magmaticos (tect6nicos) corresponde aos intervalos respectivos na col una geocronol6gica (Arcaico Precoce, Arcaico Tardio, etc.). A sua correla<;ao com os ciclos adoptados para 0 Continente Africano foi feita de acordo com os esbo<;os de H. de Carvalho (29) - para 0 eonotema Arcaico, e de acordo com V.A. Buch e de ED. Sulidi-Kondratiev (12) - para os eonotemas do Proterozoico e do Faneroz6ico. No sector angolano da plataforma africana destacam-se nitidamente dois andares estruturais: 0 inferior, istoe, 0 soco crista lino (complexos I itolog ico- , ·; :~:·_: ~ u~ :'_; : ~:; /\~::;ai .co e do Proterozoico Precoce) e 0 superior que e a cobertura da plataforma, constituida pelos complexos do Proteroz6ico Tardio, Paleoz6ico, Mesozoico e Cenoz6ico. No terri to rio de Angola, foram definidos os seguintes grandes elementos tec ton ico- estruturais que determinam 0 quadro geral da legenda zonada desta Carta Geol6gica (fig. 3.2.): I. Saliencias do soco, isto e, os Elscudos: do Maiombe (1)*, de Angola (2), do Cassai (3), do Bangweulo (4), horst do Cuanza (5) e afloramentos relativamente pequenos das rochas cristalinas no Nortee no Sudeste de Angola. Estruturas do Proteroz6ico Precoce dos escudos: - "troughs" de rochas verdes e depressoes; - arqueamentos regionais, englobando reli- quias das estruturas arcaicas (cinturoes de rochas verdes e blocos da crusta continental primitiva.) ObservaQao: Daqui em diante, as numeros entre par€mtesis correspodem aos numeros das estruturas no esboyo tect6nico (fig. 3.2.). --- ::P':7 :::> ~ <0 o - • 0 ., a _ '" 0<0 OJ (:) • o.O W o 0 :..... u () fi.i a () 0.30 OJ ~ C/J ru (D U (') m o ~ 0() ~ 0 OJ< 0. :::> 0 _. 0 < - 0. CD 0 ~ <0 '" u> _. o OJ () C/J Q. Q. OJ 0 C c -u ::> o ~ Q) ~CD<o CD () CD u> 0» 3 g 0' ~ ~ 0 _ . ::> <"> 0 o _ _ o· u> <O CD _ . <0 () c '" ::> c Q. =", o =: I il! '" 0. :;!. '" OJ ::> ::> o. OJ - ~ ~ """, 00 0' N O ~ ~ '" '" 0() 0. 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Onve-rVQc ht , , SeobakwlQno {prt:-- seb) (ZI mba b .. ~ ) " e o --a > III 3750 , ,.' o u .- '0 H o ~ • - o ~ a. PR 2 A N G 0 l A 0\ Carvalho . 1984 ' Q!)f:ro- ZO'ICO -500 o o . o IPon-At rleono o c " .. R3 : ~'Oso-j a: RZ H400' u .- '0 H o ~ • i pr.9t~ro%01 co IV < I- 1100 - - ! ~~8!!r:9.- '" c " • '0 o u -~ "' E t7 -100' tordio " ~ .-0. ~- -1300 " -1 f.. - 1600 R, o o:~ pr~co,e 1)":: _ ~ r' • . ' ''' -~ a. PR, • 17S0 - Prote-ro~ z6ico 11 f.. 2100 - iprQtl!'rQ. ZOltol o I .... ' '0 - ~ Eburn~QnQ -o .. Lim rHH)Q - I 2600 1 1 , 2S00 ~ ~~~.< ~b~u~r~n!.~o:o!n~o:""ll. ", c I 'limpopo-IArCQiCOlU ~ lliberiono AR2 o u .- o AR, u ~ " 1-2900-1;;1 1 o v !Arcaic.O - " -3S00- ... " " Arc.Qicol .- u " o '0 o 00 .. .. • u , '" Arcoi(o Ant i90 < '" '" '" ::s § » o m » z '" o <;; • I , , - - ._ . . • , ' - - -\- l--- -, • \- - - • - -- - - II" - . - ---.. .... -.'-- - - Sumb - I .. , " 1 GO k", , , , , • ' ",/ , • ". ". ... 3 , o , 9 .,.4" ..P"' 10 IZ Fig. 3.2. Esbo<;:o da divisao tect6nica de Angola , GEOLOGIA DE ANGOLA 23 - - - • , i • , , , , , , , "" - --8 >- - -" S' i • I , , I , I , '1 , I " L - Estruturas do Proteroz6ico Precoce dos escudos do Maiombe (I), de Angola (II), do Cassai (II I) e do 8angweulo (IV); do horst do Cuanza (V) e dos pequenos afloramentos de rochas cristalinas no Norte e no Sudeste do Pais : 1 - "troughs" de rochas verdes e depressOes. 2 - arqueamentos regionais com reliquias de estruturas arcaicas, II. - Estruturas da cobertura da plataforma: 3-5 - do Proteroz6ico Tardio: 3 - aulac6geno do Congo Ocidental, 4 - depressao riftogenica de Lutete, 5 - placas precambricas do Congo (a) e de Okavango (b); 6 - depress6es lineares do Paleoz6ico Tardio, geradas nas placas precambricas e pequenas depressiSes isoladas no escudo do Cassai; 7 - depressoes vulcano-terrigenas lineares do Mesoz6ico Precoce, geradas nas placas precambricas; 8-9 - do Mesozoico Precoce- Cenoz6ico: 8 - Oepressao Perioceanica, 9- depressoes continentais do Congo (a) e de Okavango (b). III. - Zonas de activa<;:ao tectono-magmatica da plataforma: 10 - do Rifeano Tardio. 11 - mesoz6icas (zona de Lucapa- A), 12 - meso-cenoz6icas. . IV - Perturbacoes tectonicas: 13 - falhas profundas continentais: Perioceanica (1), Maiombe (2), Cassanje Sui (3), Cassanje Leste (4). -- • , • 24 GEOLOGIA DE ANGOLA II. Estruturas da cobertura da plataforma. 1. Do Proterozoi co Tardio: - aulacogeno do Congo Ocidental; - depressao riftogenica de Lutete; - p lacas precambricas do Congo e de Okavango, representadas por depositos nao dobrados de pequena espessura. 2. Estruturas lineares do Paleozoico Tardio, geradas nas placas precambricas. 3. Depressoes lineares vulcano-terrfgenas do Mesozoico Precoce, geradas nas placas precambricas e pequenas depressoes terrigenas isoladas no escudo do Cassai. 4. Estruturas do Mesozoico Precoce- Cenoz6ico: - Depressao Perioceanica: - Depressoes continentais do Congo e de Okavango. III. Zonas de activac;:ao tectono-magmatica da plataforma: . - do Rifeano Tardio, com manifestac;:oes de magmatismo basico, acido e alcalino; - do Mesozoico com a instalac;:ao de uma grande diversidade de rochas intrusivas de composic;:ao ultrabasico-alcali na, basica e alcalina, quimberlitos e carbonatitos, '. . . . - do Meso-Cenozoico, com intrusoes de ba- saltoides, doleritos. p6rfiros graniticos. riolitos. A definic;:ao dos complexos litologico- estruturais no soco cristalino apresenta-se de grande dificuldade devido ao fraco conhecimento das rochas mais antigas de Angola. sobretudo das rochas arcaicas. nas quais nao foram identificados limites geologicos nitidos. Foram atribuidas ao comp!exo li tologico-estrutural do Arcaico Precoce (cicio Swazilandia-Limpopo- Liberiano com 0 limite superior de idade convencional de 3000 m.a.) as espessas sequencias das rochas metamorfizadas em cond ic;:oes de facies granulftica e anfibolftica (anfibolitos. orto e paragnaisses bipiroxenicos. piroxenicos e outros). cuja natureza primitiva e muitas vezes impossivel de identificar. Estao largamente representados os complexos migma- tito-enderbitico e migmatito-plagiogranitico. Por terem sido as roc has do Arcaico Precoce • Oserva9iio: 0 amplo leque de idade das referidas roc has. dada a sucessao dos ciclos tecl6nicos locais, . rea19a a imprecisao do seu limite superior de idade . • fortemente afectadas por dobramentos e fenomenos metamorfico-termicos dos ciclos tectonicos posteriores, e tambem diffcil a reconstituic;:ao da sua zonalidade estrutural pri- mitiva. No entanto, nos escudos do Maiombe e de Angola destacam-se extensas faixas de estruturas lineares que podem ser interpretadas como zonas primitivas negativas (de sutural. e blocos nao lineares de desenvolvimento de cupulas gnaissicas, granito-gnaissicas e de ovaloides de primeira fase. Estes podem ser, segundo parece, considerados como os nucleos mais antigos do Precambrico de Angola. , Os complexos litologico-estruturais do Arcaico Tardio (cicio Limpopo..Liberiano, 2900-2600 m.a) constituem fragmentos de cinturoes de roc has verdes no Noroeste de Angola (sequencias vulcano-sedimentares de Matadi, Gangila e Tchela). No S~oeste do Pais (margem direita do Cunene), as roc has destes complexos afloram numa grande estrutura negativa, atribuida por H. de Carvalho (29) tambem ao cinturao de roc has verdes (as mais antigas em Angola, com idade > 3000 m.a.). Esta estrutura e constituida por rochas sedimentares e metamorficas de c8mposic;:ao variada: marmores, quartzitos. fil ::;::,:;. orto e paraanfibol i to~K'sua estrutura intema nao ./ foi estudada. Os autores da presente Carta admitem que afloram aqui. provavelmente. tanto as sequencias do cinturao de rochas verdes como os
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