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PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS Diante de um quadro clínico específico, teremos que analisar as possibilidades de tratamento, escolhendo aquele que melhor se enquadra naquela situação, correspondendo ao mais eficaz e seguro para aquele paciente. O tratamento poderá ser uma cirurgia, uma orientação ou uma prescrição de medicamento, por exemplo. Com o intuito de facilitar e padronizar a prescrição de medicamentos, criaram-se protocolos que devem ser seguidos para cada caso, tendo em mente, entretanto, que deve-se considerar o quadro clínico do paciente, como hepatopatias, insuficiência renal, outras interações com medicações em uso, a eficácia, as contraindicações, a posologia e dosagem, histórico de alergia pregressa, os efeitos adversos ou se é uma criança, idoso ou gestante, por exemplo. A droga de eleição para cada situação é aquela que apresenta maior segurança e o profissional deverá estar familiarizado com ela, prescrevendo sempre o nome genérico, orientação de dosagem e posologia adequada, esclarecendo as limitações e riscos da automedicação, permitindo incluir orientações e precauções. Além disso, deve estar escrito de forma legível, para evitar confusões na compra, servindo também como documento legal. Como escolher o melhor tratamento para determinado quadro? 1. Defino o problema : coleta-se informações do paciente na anamnese, investiga-se e interpreta sinais clínicos e sintomas apresentados, chegando ao diagnóstico. 2. Objetivos terapêuticos : o que eu quero para aquele paciente? Como alcançar? pode ser um tratamento cirúrgico, medicação ou ou orientação. 3. Selecionar o tratamento : o mais eficaz e seguro para aquele paciente. 4. Definir medidas medicamentosas e não medicamentosas : prescrever se for o caso e analisar qual é o melhor momento para aquela prescrição. 5. Informar o paciente : sobre a terapêutica selecionada e combinar retorno. 6. Monitoramento do tratamento proposto : acompanhamento. TERAPIA ANTIFÚNGICA Essa terapia poderá ser utilizada como diagnóstico terapêutico a fim de chegar a um diagnóstico conclusivo quando há dúvidas entre lesões, como uma candidíase e um trauma, por exemplo. 1º PASSO: corrigir os fatores predisponentes básicos que levaram a condição (principalmente candidíase). Fatores locais: uso de próteses (pede-se reembasamento, higienização mais eficiente). Fatores sistêmicos: pacientes imunodeprimidos (investigar HIV, diabetes, uso prolongado de antibiótico de amplo espectro). 1ª ESCOLHA: uso tópico . Vantagens: são mais efetivos e possuem menos efeitos adversos, excetuando ocasiões de interações medicamentosas. 2ª ESCOLHA ou CASOS MAIS GRAVES: uso sistêmico . Algumas vezes, são mais efetivos contra a Candida, porém pode estar associado aos efeitos adversos ou interações medicamentosas mais intensas. É utilizado em todos os tipos de candidíase (pseudomembranosa - junto com a raspagem, eritematosa, atrófica central e estomatite protética). Estomatite protética : é a candidíase associada ao uso de próteses removíveis mal higienizadas. Como eliminar esse fator predisponente? Misturar um copo de água filtrada com uma colher de sopa de água sanitária (hipoclorito de sódio) e imergir a prótese por no mínimo 30 minutos, duas vezes por semana. A água sanitária age sobre as hifas que estão impregnadas na próteses. Não tira a necessidade da escovação normal. Queilite angular : uso de miconazol 20mg (daktarin® ) em forma de gel ou creme oral por uso tópico, aplicando no local afetado quatro vezes ao dia durante 7 dias ou 10 dias. Deve-se limpar o local antes da aplicação. TERAPIA ANTIVIRAL Gengivoestomatite herpética : é a infecção primária pelo vírus HSV com apresentação de sintomas. Refere-se a um quadro bastante agressivo, devido a quantidade de lesões na cavidade oral. Deve ser acompanhado e direcionado para a regressão das lesões. Por se tratar de um processo sintomático em que poderá estar acompanhado de edema local, febre, prostração, linfadenopatia cervical e náuseas, precisa-se prescrever uma terapia de suporte com analgésicos, antitérmicos, antissépticos sem álcool para evitar acúmulo de placa, dieta fria, nutritiva, líquida e pastosa, hidratação além de anestésicos tópicos para aliviar a dor. O diagnóstico é clínico tendo como sinal prodrômico o ardor, prurido, calor, pontadas ou eritema na região onde aparecem vesículas que, após romperem, dão lugar a lesões ulceradas. Nesse primeiro momento, como o vírus já está disseminado, não há necessidade do uso de antivirais. Quando utilizado (atuam acelerando o ciclo viral, reduzindo o curso da doença e dar dor), o aciclovir é o antiviral indicado, sendo prescrito através de comprimido ou suspensão oral em pacientes saudável; em pacientes imunocomprometidos o uso é avaliado, podendo ser intravenoso. Herpes simples recorrente (labial) : assim como na gengivoestomatite herpética, o diagnóstico da herpes simples recorrente é clínico, apresentando um período prodrômico (dor, prurido, eritema etc) que refere-se ao melhor momento para indicar o uso de um antiviral, pois reduz o curso da doença, fazendo com que as vezes nem entre na fase ativa. Após isso tem o período clínico ativo que é o mais infeccioso com presença de vesículas) e o reparatório (crosta). A terapia indicada é o uso do creme de penciclovir (mais efetivo e barato que o aciclovir com biodisponibilidade maior, usado a cada 2 horas na região da lesão) ou aciclovir em suspensão oral ou comprimido. Uso sistêmico para pacientes imunocomprometidos. Herpes intrabucal : é comum em locais mais queratinizados, sendo eles: palato duro e gengiva. É comum confundir com as aftas, porém essas ocorrem em locais menos queratinizados. A história clínica é igual a da herpes labial.Há dificuldade de usar um gel ou pomadas na região, então pode-se usar a laserterapia com a aplicação de azul de metileno (terapia fotodinâmica) quando está na fase de bolhas. A maioria dos tratamentos alcança o benefício máximo quando usado no estágio precoce (período prodrômico) e a maioria das infecções virais agudas se resolvem naturalmente, mas nas pessoas imunocomprometidas podem ser severas, disseminadas, persistentes e mais graves que o normal. A resistência antiviral está se tornando um significativo problema para as pessoas imunocomprometidas, especialmente as com severo defeito imune. TERAPIA IMUNOCONTROLADORA: CORTICOIDES TÓPICOS Refere-se a uma terapia imunomoduladora, ou seja, os corticóides suprimem a resposta imunológica devido o excesso de medicamento no local. São indicados em lesões erosivas e ulceradas: aftas, líquen plano ( reticular, erosivo e bolhoso), lúpus eritematoso, pênfigo vulgar e penfigóide. Além disso, são divididos em média, alta e super potência, podendo ser localmente usados sobre uma lesão com spray, gel ou creme ou ainda como enxaguante bucal, se o sítio da lesão for extenso. Há necessidade de entrar em contato com a mucosa por alguns minutos para ter um efeito significante, então não deve comer nem ingerir líquidos por no mínimo 1 hora após o uso, a fim de prolongar o contato do remédio com a mucosa. Sempre começar com o de média potência e aumentar se necessário. Líquen plano : uso de elixir de dexametasona (bochecho de 5 ml de solução sem diluir - 0,5%) na região afetada durante 10 minutos, 3 vezes ao dia por 15 dias. Deve-se orientar para não engolir o medicamento, a fim de evitar os efeitos colaterais dos corticóides. Além disso, não deve ingerir alimentos ou líquidos até 1h para prolongar o contato do remédio com a mucosa. Ulcerações aftosas recorrentes : em um quadro mais pontual utiliza-se acetonida de triancinolona 0,1% (Omcilom) por se tratar de uma lesão única, aplicando-se com o dedo de uma a duas vezes na lesão, dando conforto ao paciente. Em casos generalizados, usa-se o elixir de dexametasona. Recomendar que não use soluções caseiras, pois podem aumentar e piorar a lesão. O elixir de dexametasona (forma de bochecho) é utilizado para lesões mais extensas e generalizadas, como múltiplas aftas recorrentes, líquen plano e pênfigo, por exemplo. Os efeitos negativos são mínimos para os pacientes que usam os corticóides tópicos, porque não entram na corre sanguínea. Porém, seu uso prolongado poderá resultar em uma pequena absorção sistêmica, sendo necessário alertar sobre essa possibilidade. Em casos mais avançados, pode ser aplicado com moldeira de plástico a noite para o tratamento de gengivites descamativas (pênfigo, líquen plano e o lúpus eritematoso). Em pacientes usando esteróides potentes, associa-se com um antifúngico, levando em consideração que um quadro de baixa imunidade poderia levar ao aparecimento de candidíase. TERAPIA IMUNOCONTROLADORA: CORTICOIDES SISTÊMICOS Usado para controle de casos mais graves, como: pênfigo com manifestação na boca e pele, ulcerações bucais severas e resistentes, em condições vesico-bolhosas e doenças autoimunes sistêmicas (líquen plano, eritema multiforme e penfigóide com envolvimento oral, genital e cutâneo). ANTICONVULSIVANTES: NEURALGIAS São usados para o tratamento de neuralgia trigeminal idiopática, usado de forma específica e pontual. A carbamazepina é o medicamento padrão, mas a fenitoína ou narcóticos podem ser requeridos se a dor não for controlada. Podem causar displasias sanguíneas e disfunções hepáticas . O medicamento vai sendo testado através de um diagnóstico terapêutico para poder aumentar a dose se a dor não resolver (até 1800 mg no máximo). HIPOSSALIVAÇÃO O diagnóstico clínico da hipossalivação é uma saliva espessa e espumosa (formando fios), lábios, língua e mucosa ressecados (a luva gruda na região), cáries atípicas e candidíase oral, podendo ser concluído pelo teste de sialometria. Sua causa é variada, podendo estar associado: a Síndrome de Sjogren, pacientes que usam três ou mais medicamentos associados ou que causem hipossalivação, radioterapia em região de cabeça e pescoço e Síndrome de ardência bucal. O protocolo terapêutico refere-se às recomendações para estimular a salivação, sendo elas o aumento da ingestão de líquidos, fazer refeições em horários regulares, mastigar bem os alimentos e entre as refeições usar um sialogogo (goma de mascar sem açúcar, gengibre). Deve-se evitar também bebidas com cafeína (café, refrigerante etc), bebidas alcoólicas e cigarro. O tratamento também poderá estar associado à prescrição de uma saliva artificial manipulada ou comercial. OUTROS PROTOCOLOS ESPECÍFICOS Queilite actínica (lábios ressecados) : deve-se evitar a exposição prolongado e constante ao sol, fazendo o uso de chapéus e bonés. O uso de protetor labial com FPS acima de 15 de 3 em 3 horas e sempre que sentir os lábios ressecados. Em casos de lábios muito ressecados, aplicar emoliente (vaselina ou bepantol associado ao protetor) durante o dia (caso não tenha exposição ao sol) e a noite, sempre se atentando a exposição aos raios solares. Lembrando que é uma lesão com potencial de malignização e devemos analisar a possibilidade de biópsia, sempre acompanhando o paciente e a progressão da lesão. Hemangioma : manobra de vitropressão e podemos usar o protocolo de escleroterapia com bom resultado de regressão da lesão, sempre reavaliando o caso até o final. O laser de baixa terapia poderá ser utilizado para tratamento de algumas condições, levando seu efeito analgésico, anti-inflamatório e bioestimulante.
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