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Apostila Teoria do processo Civil

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TEORIA DO 
PROCESSO CIVIL 

 “sem juridiquês”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Responsável pelo conteúdo: Carlos Xavier. Confira o “Direito Sem Juridiquês” no YouTube, no 
Facebook e em www.direitosemjuridiques.com. 
https://www.facebook.com/carloserxavier
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
http://facebook/
http://www.direitosemjuridiques.com/
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 8 
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 10 
1 CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................... 11 
1.1 “Teoria Geral do Processo” ou “Teoria do Processo Civil”? ................................................. 11 
1.2 Direito material e direito processual. Autonomia do processo civil .................................. 12 
1.3 Pressupostos processuais e relação jurídica processual ................................................ 15 
1.4 Processo, procedimento e técnicas processuais ............................................................. 16 
1.5 Fases processuais ........................................................................................................... 17 
1.6 Graus de jurisdição .......................................................................................................... 22 
1.7 Decisão interlocutória e sentença. Agravo de instrumento e apelação ........................... 24 
1.8 Noções gerais sobre “sentenças” .................................................................................... 25 
1.8.1 Extinção do processo com solução do mérito (artigo 487 do novo CPC) .................... 25 
1.8.2 Extinção do processo sem solução de mérito (artigo 485 do novo CPC) – sentenças 
terminativas ............................................................................................................................. 26 
1.8.3 Coisa julgada material e coisa julgada formal .............................................................. 28 
1.8.4 Julgamento conforme o estado do processo e “sentença parcial” ............................... 29 
1.9 Procedimento comum e procedimentos especiais .......................................................... 31 
2 TEORIA ECLÉTICA DA AÇÃO E CONDIÇÕES DA AÇÃO .................................................... 34 
2.1 As condições da ação no CPC de 1973 .......................................................................... 38 
2.1.1 Possibilidade jurídica do pedido.................................................................................... 38 
2.1.2 Legitimidade das partes ................................................................................................ 39 
2.1.3 Interesse processual ..................................................................................................... 39 
2.2 As condições da ação no novo CPC ............................................................................... 40 
2.3 Regime processual de reconhecimento da ausência de condições da ação .................. 42 
2.3.1 Matéria de ordem pública .............................................................................................. 42 
2.3.2 Ausência de coisa julgada material............................................................................... 42 
2.4 Análise crítica. Teoria da asserção .................................................................................. 43 
3 O IMPACTO DO ESTADO CONSTITUCIONAL SOBRE O PROCESSO CIVIL ..................... 47 
3.1 O fim do Estado Legislativo e o início do Estado Constitucional ..................................... 47 
3.2 Neoconstitucionalismo ..................................................................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
3.3 Hermenêutica jurídica no Estado Constitucional ............................................................. 49 
3.3.1 Ideologia dinâmica da interpretação ............................................................................. 49 
3.3.2 Técnicas decisórias do controle de constitucionalidade ............................................... 50 
3.3.2.1 Interpretação de acordo com a Constituição ............................................................. 50 
3.3.2.2 Interpretação conforme à Constituição ...................................................................... 51 
3.3.2.3 Declaração de nulidade parcial sem redução de texto .............................................. 51 
3.3.2.4 Aplicação direta de um direito fundamental ao caso concreto .................................. 52 
3.4 Funções do Estado. Dar tutela aos direitos, especialmente aos fundamentais .............. 52 
3.5 Do princípio da inafastabilidade da jurisdição ao direito fundamental de acesso à justiça 
e ao direito fundamental à tutela jurisdicional efetiva ............................................................. 53 
3.6 Dizendo as coisas de outro modo. Três ondas renovatórias de acesso à justiça 
(Cappelletti e Garth) ................................................................................................................ 57 
4 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS (OU “NORMAS FUNDAMENTAIS” DO PROCESSO CIVIL) .. 59 
4.1 Introdução ........................................................................................................................ 59 
4.1.1 A importância dos princípios para o Direito contemporâneo ........................................ 59 
4.1.2 O novo Código de Processo Civil e as “normas fundamentais do processo civil” ....... 62 
4.2 Artigo 5º, LIV, da Constituição. Devido processo legal .................................................... 64 
4.3 Artigo 5º, LV, da CRFB. Princípios do contraditório e da ampla defesa .......................... 65 
4.3.1 Conteúdo do princípio do contraditório ......................................................................... 66 
4.3.2 A ampla defesa e os “meios e recursos a ela inerentes” .............................................. 66 
4.3.2.1 Possibilidade de restrição aos “meios” de defesa ..................................................... 67 
4.3.2.2 Possibilidade de restrição a “recursos” (ou: é o duplo grau de jurisdição, em matéria 
cível, um direito fundamental?) ............................................................................................... 67 
4.4 Artigo 5º, XXXV, da CRFB. Inafastabilidade da jurisdição, acesso à justiça e direito 
fundamental à tutela jurisdicional efetiva ................................................................................ 69 
4.4.1 Meios alternativos de solução de controvérsias: arbitragem, mediação e conciliação 70 
4.4.2 Direito fundamental à razoável duração do processo .................................................. 72 
4.4.2.1 Princípios da economia e da celeridade .................................................................... 72 
4.5 Princípios da publicidade do processo e da fundamentação das decisões .................... 73 
4.6 Inércia da Jurisdição: princípios dispositivo, da demanda e do impulso oficial ............... 74 
4.7 Princípios da boa-fé e da cooperação ............................................................................. 75 
4.8 Quadro Esquemático ....................................................................................................... 77 
 
 
 
 
 
 
5 JURISDIÇÃO ............................................................................................................................ 78 
5.1 Os conceitos de jurisdição formulados no contexto do Estado Legislativo ..................... 78 
5.2 Em busca de um conceito de jurisdição no Estado Constitucional .................................80 
6 TUTELA DOS DIREITOS. TUTELA JURISDICIONAL DOS DIREITOS. PROCESSO E 
PROCEDIMENTO. TÉCNICA PROCESSUAL ........................................................................... 82 
6.1 Introdução. Função do Estado Constitucional. Dar tutela aos direitos ............................ 82 
6.2 Compreensão do direito material no Estado contemporâneo. Estabelecimento de 
“posições juridicamente protegidas.” Formas de tutela .......................................................... 82 
6.3. Tutela declaratória........................................................................................................... 83 
6.4 Tutela constitutiva ............................................................................................................ 83 
6.5 Esclarecimento necessário. Diferença entre ilícito e dano .............................................. 84 
6.6 Formas de tutela que objetivam evitar o acontecimento do dano: tutelas inibitória e tutela 
de remoção do ilícito ............................................................................................................... 85 
6.7 Forma de tutela diante do dano já realizado. Tutela ressarcitória ................................... 86 
6.8 Um exemplo para ajudar a fixar os conceitos .................................................................. 87 
6.9 Processo, procedimento e técnica processual ................................................................ 88 
6.10 O estudo das classificações das ações (trinária e quinária) .......................................... 90 
6.10.1 Tutela declaratória ...................................................................................................... 93 
6.10.2 Tutela constitutiva ....................................................................................................... 93 
6.10.3 Tutelas inibitória e de remoção do ilícito ..................................................................... 94 
6.10.4 Tutela ressarcitória ...................................................................................................... 94 
6.11 Retomando o exemplo ................................................................................................... 95 
6.12 Um breve olhar sobre o Código de Processo Civil ........................................................ 96 
6.13 Algumas noções adicionais sobre as “tutelas provisórias” ............................................ 97 
6.13.1 Tutela antecipada ........................................................................................................ 98 
6.13.2 Tutela cautelar........................................................................................................... 100 
6.13.3 Tutela da evidência ................................................................................................... 103 
6.13.4 Tutela de urgência antecedente................................................................................ 105 
7 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS....................................................................................... 108 
7.1 Introdução ...................................................................................................................... 108 
7.2 Definição tradicional de pressupostos processuais ....................................................... 108 
7.3 Primeira aproximação legislativa e classificações ......................................................... 108 
 
 
 
 
 
 
7.4 Menção aos pressupostos processuais em espécie ..................................................... 110 
7.5 Pressupostos processuais de existência ....................................................................... 111 
7.5.1 Pedido e investidura na jurisdição .............................................................................. 111 
7.5.2 Citação ........................................................................................................................ 111 
7.5.3 Capacidade postulatória ............................................................................................. 112 
7.6 Pressupostos processuais de validade .......................................................................... 115 
7.6.1 Aptidão da petição inicial ............................................................................................ 115 
7.6.2 Imparcialidade do juiz ................................................................................................. 117 
7.6.2.1 Impedimento (artigo 144 do novo CPC) .................................................................. 118 
7.6.2.2 Suspeição (artigo 145 do novo CPC) ...................................................................... 118 
7.6.2.3 Procedimento para verificação e consequências .................................................... 119 
7.6.3 Capacidade processual ............................................................................................... 121 
7.6.4 Validade da citação ..................................................................................................... 123 
7.6.5 Litispendência e coisa julgada .................................................................................... 123 
7.7 Vícios decorrentes da inobservância dos pressupostos processuais. Panorama geral 124 
7.8 Apreciação crítica ........................................................................................................... 125 
8 COMPETÊNCIA E ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ................................................................. 127 
8.1 Introdução ...................................................................................................................... 127 
8.1.1 Competência. Fundamentos e definição .................................................................... 127 
8.2 Classificações ................................................................................................................ 128 
8.2.1 Competência absoluta ................................................................................................ 128 
8.2.2 Competência relativa .................................................................................................. 130 
8.2.3 A competência no âmbito do microssistema dos Juizados Especiais ........................ 130 
8.3 Regime de reconhecimento de incompetência .............................................................. 131 
8.4 Conflitos de competência ............................................................................................... 132 
8.5 Organização Judiciária. Noções Gerais ......................................................................... 133 
8.5.1 O “duplo grau de jurisdição” e as competências dos tribunais ................................... 133 
8.5.2 Justiças Estadual e Federal, Comum e Especializada ............................................... 135 
8.6 Organização Judiciária e Competência ......................................................................... 136 
8.6.1 Justiça Comum Estadual ............................................................................................ 136 
8.6.1.1 Justiça Militar Estadual ............................................................................................ 137 
 
 
 
 
 
 
8.6.2 Justiça Comum Federal .............................................................................................. 137 
8.6.3 Justiça Eleitoral ........................................................................................................... 138 
8.6.4 Justiça Militar Federal ................................................................................................. 139 
8.6.5 Justiça do Trabalho ..................................................................................................... 139 
9 NOÇÕES SOBRE TEORIA DOS PRECEDENTES ............................................................... 142 
9.1 Introdução ......................................................................................................................142 
9.2 Aspectos preliminares de teoria do Direito. Ideologia estática X ideologia dinâmica da 
interpretação .......................................................................................................................... 144 
9.2.1 Ideologia estática da interpretação. Funções dos “Tribunais Superiores.” 
Jurisprudência e súmulas ...................................................................................................... 144 
9.2.2 Ideologia dinâmica da interpretação. Funções das “Cortes Supemas” ...................... 145 
9.3 Aproximação entre as tradições de civil law e de common law ..................................... 147 
9.4 Operacionalização de precedentes. Ratio decidendi e obiter dicta. Precedente X 
jurisprudência e súmula. Distinguishing e overruling ............................................................ 149 
9.5 Os precedentes no âmbito do controle de constitucionalidade brasileiro...................... 154 
9.5.1 O modelo de controle difuso de constitucionalidade brasileiro e a necessidade – que 
sempre existiu – de que os precedentes do Supremo Tribunal Federal fossem de 
observância obrigatória ......................................................................................................... 155 
9.5.2 A importação do modelo de controle concentrado e o papel que a “reclamação” 
passou a desempenhar a fim de tentar agregar coerência ao sistema misto de controle de 
constitucionalidade brasileiro ................................................................................................ 157 
9.6 A perspectiva de “racionalização da jurisdição” introduzida pelas alterações 
constitucionais e legislativas brasileiras mais recentes ........................................................ 160 
9.7 A forma como o novo Código de Processo Civil disciplina o assunto da “estabilidade, 
integridade e coerência da jurisprudência” (artigos 926 e 927) ............................................ 162 
9.8 “Julgamentos de casos repetitivos” (artigo 928 do NCPC) e incidente de assunção de 
competência .......................................................................................................................... 164 
9.8.1 Recursos especial e extraordinário repetitivos. Aspectos gerais ............................... 165 
9.8.2 Incidentes de resolução de demandas repetitivas e de assunção de competência. 
Aspectos gerais ..................................................................................................................... 167 
9.9 O papel conferido pelo novo Código de Processo Civil à reclamação .......................... 169 
9.10 Apreciação crítica final à disciplina dada pelo novo CPC aos precedentes em conjunto 
com a da reclamação ............................................................................................................ 171 
APÊNDICE I .............................................................................................................................. 176 
 
 
 
 
 
 
A) Introdução: apresentação da pergunta-chave ................................................................. 176 
B) Antecedentes históricos .................................................................................................. 177 
C) A controvérsia entre Windscheid e Muther ..................................................................... 177 
C.1) Tese. Windscheid. Actio romana = pretensão moderna .............................................. 177 
C.2) Antítese. Muther. Direito privado versus direito à fórmula ........................................... 179 
C.3) Síntese – Windscheid. Pretensão de direito material versus ação processual ........... 180 
APÊNDICE II ............................................................................................................................. 182 
A) Direito de agir “abstrato”. Degenkolb/Plósz, Mortara, Couture e Wach .......................... 182 
B) A teoria de Chiovenda ..................................................................................................... 184 
APÊNDICE III ............................................................................................................................ 186 
A) Mas o que a Revolução Francesa tem a ver com o processo civil mesmo? .................. 186 
B) Antecedentes históricos .................................................................................................. 186 
C) Teoria da separação de poderes estrita. Supremacia da lei. Juiz “boca da lei” ............. 187 
D) Liberdade como valor máximo. Limitação dos poderes executórios do juiz ................... 188 
E) O papel desempenhado pelo .......................................................................................... 189 
F) Correlação das ideias desenvolvidas ao longo deste apêndice com a noção de “processo 
civil autônomo” ...................................................................................................................... 190 
G) Conclusão ....................................................................................................................... 192 
APÊNDICE IV ............................................................................................................................ 194 
A) A escola austríaca de economia ..................................................................................... 194 
B) A “história libertária” norte-americana ............................................................................. 195 
C) Coletivismo X individualismo ........................................................................................... 197 
D) Fundamento do libertarianismo: o princípio da não agressão ........................................ 198 
E) O déficit ético do Estado em razão do “monopólio da violência” .................................... 198 
F) Uma questão mais profunda – o triunfo do iluminismo e a consequente idolatria do 
Estado ................................................................................................................................... 199 
G) A solução: uma sociedade libertária, ou “anarco-capitalista” ......................................... 200 
 
 
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
 8 de 200 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Esta apostila foi produzida originalmente para a disciplina de “Teoria 
Geral do Processo” do curso de Direito da Faculdade Educacional Araucária – 
FACEAR. 
Com o surgimento do canal “Direito Sem Juridiquês” no YouTube, seu 
conteúdo passou a ser divulgado por ali. Assim, a apostila já vem servindo para 
ajudar várias pessoas que procuram estudar o processo civil “sem juridiquês.” 
Esta versão da apostila mescla o conteúdo original com aquele 
produzido para o YouTube, o que inclui o conteúdo dos vídeos e dos resumos 
disponibilizados no google drive. 
Assim, seu conteúdo vai além do mero “programa” da disciplina de 
Teoria Geral do Processo para a qual originalmente foi concebida. Mas isso de 
maneira nenhuma é um problema, porque o objetivo do documento é ajudar na 
compreensão do processo civil e de seus conceitos gerais (aliás, é isso mesmo 
o que procuramos fazer em sala de aula). E isso deixando o “juridiquês” de 
lado, trabalhando de forma objetiva e direta com os termos técnicos, 
imprescindíveis para o aprendizado do Direito. 
Essa proposta está exposta nos dois primeiros vídeos do “Direito Sem 
Juridiquês” no YouTube: o vídeo “piloto” do Canal e “ajuizar ou interpor?”. 
Portanto, a apostila abordará tanto o conteúdo básico de Teoria Geral do 
Processo ou de Teoria do Processo Civil (para a discussão específica desse 
problema terminológico, ver o item 1.1, abaixo) quanto noções básicas. Aliás, é 
mesmo um tanto difícil tentar estudar a teoria de uma determinada matéria sem 
a compreensão de certos conceitos básicos. 
Por isso, a Lição 1, abaixo, tratará destes conceitos básicos, que podem 
ser relativosapenas à estrutura e desenvolvimento do processo (como o 
estudo das fases processuais ou a diferença entre uma sentença e uma 
decisão interlocutória), ou mesmo teóricos, como a diferença entre direito 
material e direito processual, que é uma premissa básica para compreensão do 
processo civil e da teoria do processo. 
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
http://www.facear.edu.br/
http://www.facear.edu.br/
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://goo.gl/08IFJt
https://goo.gl/4DLgWZ
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
 9 de 200 
 
 
O assunto da autonomia do processo civil também será abordado na 
Lição 1, da forma mais simples possível. 
Mas é evidente que há um aprofundamento teórico por trás desses 
conceitos básicos com os quais trabalhamos aqui. Eles são apenas a “ponta do 
iceberg.” Por isso, um maior aprofundamento teórico pode ser encontrado nos 
apêndices da apostila, que tratam da controvérsia entre Windscheid e Muther 
(Apêndice I, abaixo), das teorias da ação (Apêndice II, abaixo), e do impacto 
da ideologia pós-Revolução Francesa, sobre o processo civil (Apêndice III, 
abaixo). 
A própria apostila, portanto, conta com duas camadas: a primeira, 
composta pelas lições, que permite uma aproximação mais direta e objetiva 
aos conceitos básicos do processo e à teoria do processo civil, e a segunda, 
composta pelos apêndices, que permite um maior aprofundamento teórico, 
para quem necessitar ou tiver interesse em fazê-lo. 
Como já foi possível notar, as referências a sites da internet e, 
especialmente, aos vídeos do YouTube serão feitas diretamente no texto da 
apostila, por meio de hiperlinks. Por sua vez, as expressões “abaixo” e “acima”, 
quando fizerem menção ao conteúdo da apostila, trazem referências cruzadas 
(basta clicar sobre a palavra para ser remetido diretamente ao conteúdo em 
questão). Exatamente por isso recomenda-se que a apostila seja utilizada em 
meio eletrônico, para maior aproveitamento de todos os seus recursos.1 
Por outro lado, como se trata de uma apostila, não se tem qualquer 
pretensão de ineditismo ou inovação, e a sua disponibilização não tem 
qualquer finalidade comercial. Trata-se, apenas, de um resumo dos assuntos, 
com uma abordagem que – imagina-se – permitirá a melhor compreensão do 
conteúdo. 
 
 
 
1
 Nada impede, obviamente, que o material seja impresso por aqueles que têm preferência por 
ler em papel. A observação apenas destaca que a apostila tem o seu uso potencializado em 
meio eletrônico. 
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
http://wiki.fbits.com.br/o-que-e-link-e-hiperlink/
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
 10 de 200 
 
 
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 
 
Qualquer livro contemporâneo que trate sobre Teoria do Processo 
Civil, Processo de Conhecimento e Teoria dos Precedentes, qualquer obra 
de Comentários ao Novo Código de Processo Civil ou qualquer Novo 
Código de Processo Civil Comentado podem auxiliar no estudo, na 
compreensão e no acompanhamento da matéria. Recomendam-se, no entanto, 
os seguintes livros: 
- Marinoni, Arenhart e Mitidiero. Novo Curso de Processo Civil, 
volumes 1 (Teoria do Processo Civil) e volume 2 (Tutela dos 
Direitos Mediante Procedimento Comum) 
- Idem. O Novo Processo Civil 
- Idem. Novo Código de Processo Civil Comentado 
- Luiz Guilherme Marinoni. Precedentes Obrigatórios 
- Carlos Eduardo Rangel Xavier. Reclamação Constitucional e 
Precedentes Judiciais 
 
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.livrariart.com.br/produto/novo-curso-de-processo-civil-v-1-teoria-geral-do-processo-civil-3-edicao-48091
https://www.livrariart.com.br/produto/novo-curso-de-processo-civil-v-2-tutela-dos-direitos-mediante-procedimento-comum-3-edicao-48092
https://www.livrariart.com.br/produto/novo-curso-de-processo-civil-v-2-tutela-dos-direitos-mediante-procedimento-comum-3-edicao-48092
https://www.livrariart.com.br/produto/o-novo-processo-civil-3-edicao-78076
https://www.livrariart.com.br/produto/novo-codigo-de-processo-civil-comentado-3-edicao-48070
https://www.livrariart.com.br/produto/precedentes-obrigatorios-5-edicao-48032
https://www.livrariart.com.br/produto/reclamacao-constitucional-e-precedentes-judiciais-1-edicao-29564
https://www.livrariart.com.br/produto/reclamacao-constitucional-e-precedentes-judiciais-1-edicao-29564
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
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1 CONCEITOS BÁSICOS 
 
Como já mencionado, esta primeira lição será dedicada a lidar com 
conceitos básicos, necessários tanto para compreensão do processo civil e seu 
funcionamento quanto para uma primeira aproximação à teoria do processo. 
 
1.1 “Teoria Geral do Processo” ou “Teoria do Processo Civil”? 
 
Já podemos começar com uma pergunta: vamos estudar “Teoria Geral 
do Processo” ou “Teoria do Processo Civil”? 
A pergunta pode parecer sem maior sentido, mas há muita coisa por trás 
de uma simples terminologia. Como alguém já disse, “ideias têm 
consequências.” 
A ideia de desenvolver “teorias gerais” é típica do positivismo jurídico 
tradicional. Tratando o Direito como uma ciência exata, o jurista, descrevendo a 
ordem jurídica, poderia demonstrar a existência de categorias gerais nas quais 
enquadraria os diversos conceitos por ele também demonstrados. 
Essa peculiar forma de ver o Direito não se manteve após a segunda 
metade do século passado, mas grande parte da influência da ideologia 
positivista ainda se faz sentir nos dias de hoje. Esse assunto é melhor 
aprofundado no Apêndice III, abaixo, e na Lição 3, abaixo. 
Neste momento basta nós refletirmos que o abandono do positivismo 
jurídico tradicional e de suas pretensões de universalização, de generalidade e 
de abstração no campo científico deveria levar a abandonarmos, também, a 
terminologia que é própria a esse tipo de mentalidade. E esse já seria um bom 
motivo para deixarmos o adjetivo “geral” de lado. 
Mais especificamente, hoje, no Brasil, a ideia uma Teoria “Geral” do 
Processo está ligada à pretensão de demonstrar uma teoria que seja comum 
ao processo civil, criminal, trabalhista e administrativo. Não se tem, aqui, 
tamanha pretensão. 
Por isso ficamos com a ideia de uma “Teoria do Processo Civil” – 
somente isso. Mas não devemos esquecer que muitas disciplinas nas 
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https://goo.gl/tJ4Cu9
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TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
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Faculdades de Direito, inclusive aquela que adota esta apostila como “livro-
texto,” ainda usam a terminologia “Teoria Geral do Processo.” Esse é também 
o motivo pelo qual até mesmo em alguns vídeos do Canal no YouTube é 
utilizada a expressão “Teoria Geral do Processo.” 
 
1.2 Direito material e direito processual. Autonomia do processo civil 
 
A compreensão da diferença entre direito material e direito processual 
está diretamente ligada à ideia de autonomia do processo civil. 
Na verdade, até a segunda metade do Século XIX, não fazia sentido 
falar na diferença entre direito material e direito processual, porque o processo 
era compreendido como um simples desdobramento do direito material. Em 
outras palavras, as pessoas não viam, até aquele momento, diferença entre 
direito material e direito processual. 
Foi a controvérsia entre Windscheid e Muther, entre os anos 1856 e 
1857, que marcou a separação entre o direito material e o direito processual. A 
esse assunto é dedicado o Apêndice I, abaixo.Posteriormente, 
desenvolveram-se as chamadas “teorias da ação,” que são tratadas no 
Apêndice II, abaixo. O fato de as pessoas agora teorizarem em cima do que 
acontece quando uma ação é proposta demonstra a autonomia do processo 
civil. 
Mas disso trataremos no momento próprio. Vamos avançar para 
compreendermos a diferença entre direito material e direito processual. 
Na verdade, já andamos metade do caminho, pois já compreendemos 
que só faz sentido falar nessa diferença a partir do momento em que 
compreendemos que o processo civil é autônomo em relação ao direito 
material. 
A primeira coisa que precisamos fazer para entender o que é o direito 
material é não confundir direito material com direito real. Os direitos reais são 
direitos que uma pessoa tem em relação a uma coisa, como o direito de 
propriedade. O direito real é apenas uma espécie de direito material. 
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https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://goo.gl/L3hc3M
https://goo.gl/ZAfMyz
https://goo.gl/L3hc3M
https://goo.gl/ZAfMyz
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
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Direito material, também chamado de direito substancial, é aquele direito 
que diz respeito aos bens da vida, ou, simplesmente, bens jurídicos. Se nós 
começarmos na Constituição, com os direitos fundamentais materiais, nós 
vamos pensar em direito à vida, direito à saúde, direito ao trabalho, e assim por 
diante. Se nós formos para o Código Civil, que é um exemplo de lei de direito 
material, nós vamos pensar no direito de família, nos direitos reais (sobre 
coisas), nos direitos de personalidade, nas obrigações, nos contratos, e assim 
por diante. 
Em resumo, o direito material trata do conteúdo dos direitos. Trata dos 
bens da vida, e da titularidade destes bens da vida por uma pessoa. 
Outra maneira de compreender, também, é que o direito material trata 
dos fatos jurídicos, que são aquelas situações que o Direito separa, dentre 
todos os fatos que ocorrem no dia-a-dia, para que sobre eles incidam normas 
jurídicas. 
O processo, por sua vez, é apenas um instrumento por meio do qual os 
bens da vida, os bens jurídicos, são protegidos. Grave isso, por favor: o 
processo é um instrumento do direito material. Na verdade, o processo é um 
dentre vários meios pelos quais os bens jurídicos são protegidos. Para 
entendermos melhor isso, devemos compreender o conceito de “jurisdição” (ver 
a Lição 5, abaixo). 
Já sabemos que o processo é esse instrumento de proteção do direito 
material. O direito processual é o conjunto de regras que regulamenta o 
processo. 
Já tratamos do Código Civil como uma lei de direito material. Podemos 
compará-lo, agora com o Código de Processo Civil para compreendermos que 
este último, o Código de Processo Civil, é uma lei de direito processual. 
Graficamente, então, podemos visualizar, de um lado, o direito material 
e, de outro, o processo e o direito processual. Já se mencionou que a 
controvérsia entre Windscheid e Muther foi o marco inicial da autonomia do 
processo, e ela fez isso ao permitir que se visualizasse, de um lado, a 
pretensão de direito material e, de outro, a ação processual. Novamente, 
remete-se ao Apêndice I, abaixo. 
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TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
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Direito material 
“conteúdo” do direito 
 
 
Direito processual 
instrumento do direito material 
 
Exemplo de lei de direito material: 
Código Civil 
 
 
Exemplo de lei de direito processual 
Código de Processo Civil 
 
Mas a melhor maneira de visualizarmos a autonomia relativa do 
processo civil é pensarmos na sentença de improcedência do pedido (e calma, 
se você já está se perguntando o que é isso, clique no hiperlink ou confira o 
item 1.8.1, abaixo), que é um dos alicerces das teorias da ação tratadas no 
Apêndice II, abaixo. 
Se o juiz pode julgar o pedido do autor improcedente (e isso acontece 
todos os diais), então é óbvio que o autor não precisa ter o direito material para 
ajuizar a ação. Isso nos demonstra que a ação é abstrata. “Abstrata” porque a 
sua existência não depende da existência do direito material. 
Se a ação é abstrata, então o processo civil é autônomo em relação ao 
direito material. Mas cuidado, essa autonomia é apenas relativa. Relativa, em 
primeiro lugar, porque toda autonomia científica, no Direito, é sempre relativa. 
E, em segundo lugar, porque o processo não pode ser um fim em si mesmo. 
Essa observação é importante porque a ideologia pós-Revolução 
Francesa (Apêndice III, abaixo) e o positivismo jurídico praticamente 
transformaram o processo num "fim em si mesmo”. 
Dizer que o processo é um “fim em si mesmo” é dizer que nós estamos 
apenas preocupados em estudar o processo e aplicar as normas processuais 
sem nos preocuparmos com o direito material, sem darmos importância para as 
necessidades do direito material. Isso é tratar o processo como um fim em si 
mesmo. 
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https://goo.gl/ZAfMyz
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https://goo.gl/4DLgWZ
https://goo.gl/6s2nkn
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TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
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O que permitiu que nós repensássemos o processo a partir das 
necessidades do direito material foi a chegada do Estado Constitucional, o que 
é considerado na Lição 3, abaixo. 
 
1.3 Pressupostos processuais e relação jurídica processual 
 
Em 1868, Oskar Büllow demonstrou, a partir da análise dos 
pressupostos processuais, a existência de uma relação jurídica processual, 
envolvendo autor, Estado e réu, e que é diferente do direito material. 
Registra-se que os sujeitos dessa relação jurídica processual seriam as 
partes (autor e réu) e o juiz. 
Não é nosso objetivo aprofundarmos a ideia de pressupostos 
processuais neste momento. Isso será feito na Lição 7, abaixo. Por ora, basta 
sabermos que Büllow demonstrou que o processo tem requisitos próprios para 
sua formação e desenvolvimento, e que estes requisitos, previstos na lei 
processual, não se confundem com o direito material. Novamente vemos, de 
forma gráfica, o direito material de um lado e o processo e o direito processual 
de outro. 
 
 
 
Direito material 
 
 
Direito processual 
 
 
 
Relação jurídica material 
 
 
Pressupostos processuais 
+ 
Relação jurídica processual 
 
 
 
Note-se que a tese de Büllow é de 1868, dez anos após a controvérsia 
entre Windscheid e Muther (Apêndice I, abaixo). Assim, os pressupostos 
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https://goo.gl/sVdo8C
https://goo.gl/N8rrCB
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TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
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processuais e a relação jurídica processual desempenharam um papel 
importante no desenvolvimento histórico da autonomia do processo civil. 
Ambas as ideias, tanto de pressupostos processuais quanto de relação 
jurídica processual, são muito questionadas hoje em dia, por estarem ligadas a 
uma visão excessivamente formalista do processo. Mas não é nosso objetivo 
aprofundarmos essa abordagem crítica neste momento, exatamente porque o 
assunto apenas foi mencionado para demonstrar o desenvolvimento histórico 
da noção de autonomia do processo civil e auxiliar na visualização gráfica da 
separação entre processo e direito material. 
 
1.4 Processo, procedimento e técnicas processuais 
 
É importante estudarmos ainda, neste início, os conceitos de processo, 
procedimento e técnica processual. 
Processoé uma sequência de atos ordenados visando a um fim. O fim 
de todo o processo é entregar aquilo que o direito material promete. Em outras 
palavras, o objetivo do processo é efetivar a tutela jurisdicional dos direitos (ou 
seja, possibilitar que as formas de tutela prometidas pelo direito material se 
concretizem processualmente). 
Procedimento é a forma em que o processo se estrutura. Normalmente, 
os diferentes procedimentos são previstos em lei, atendendo-se às 
peculiaridades do direito material. A lei prevê, por exemplo, o procedimento 
comum (ordinário e sumário) e diversos procedimentos especiais (como os 
procedimentos para tutela da posse, para a desapropriação, etc.). 
Técnicas processuais, por fim, são os mecanismos destinados à 
produção de resultados úteis por meio do processo. Ou seja, a maneira como o 
processo vai, efetivamente, alterar a realidade dos fatos. 
Esses assuntos serão retomados no item 6.9, abaixo, para maior 
aprofundamento. 
 
 
 
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TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
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1.5 Fases processuais 
 
Neste nosso estudo de conceitos básicos, chegamos agora ao momento 
de termos uma visão panorâmica do processo. Vamos ver o processo do início 
ao fim. Para isso, vamos estudar as chamadas fases processuais. 
Em outras palavras, nós estudamos as fases processuais para 
compreendermos o que é necessário, normalmente, para que um processo se 
desenvolva até o fim. 
Registra-se que quando um processo não se desenvolve até o seu fim, 
chamamos isso de “julgamento conforme o estado do processo.” Esse 
“julgamento conforme o estado do processo” pode resolver o mérito do 
processo ou não (veja-se o item 1.8, abaixo). Por ora, basta sabermos que 
a extinção sem solução de mérito ocorre quando acontece alguma coisa não 
esteja de acordo com as exigências da lei processual (como a falta de um 
pressuposto processual, assunto já mencionado). Quando um processo tem 
uma falha desse tipo e é encerrado, chamamos isso de extinção sem solução 
de mérito (artigo 485 do novo CPC).2 
O contrário da extinção sem solução de mérito, a extinção com solução 
de mérito, ocorre quando o juiz diz qual das partes tem razão (artigo 487, I, do 
novo CPC).3 Resolver o mérito da ação, então, é dizer quem tem razão, se o 
autor ou o réu. Aqui vamos considerar o que deve acontecer para que um 
processo chegue ao final e o juiz resolva o mérito, aprecie o conteúdo do direito 
material, embora seja possível, também, que haja o chamado “julgamento 
antecipado do mérito” (então aqui nós estamos tratando da regra geral, do 
 
2
 “Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo 
ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os 
atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular 
do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de 
existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; 
VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada 
intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código.” 
3
 “Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado 
na ação ou na reconvenção;” 
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https://goo.gl/s4DL05
https://goo.gl/2QlKxl
https://goo.gl/NYvPRA
https://goo.gl/N8rrCB
https://goo.gl/NYvPRA
https://goo.gl/NYvPRA
https://goo.gl/HZUBAI
https://goo.gl/HZUBAI
https://goo.gl/2QlKxl
https://goo.gl/2QlKxl
https://goo.gl/NYvPRA
https://goo.gl/Q7fAw8
https://goo.gl/HZUBAI
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
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desenvolvimento do processo por todas as suas fases; se você quiser saber 
como é possível o julgamento antecipado do mérito, basta clicar no hiperlink). 
Até aqui fizemos um parêntesis para mencionar o julgamento conforme o 
estado do processo e as ideias de resolver ou não o mérito. Agora vamos 
considerar, propriamente, as fases processuais. 
Um processo tem as seguintes fases: postulatória, organizatória (ou 
ordinatória),4 instrutória, decisória, recursal e executória (ou executiva), que 
hoje o pessoal gosta de chamar de fase de “cumprimento de sentença.” 
Na fase postulatória, o autor apresenta o seu pedido, o que ele faz na 
petição inicial. Na petição inicial o autor apresenta os fatos e os fundamentos 
jurídicos do pedido (ao que se dá o nome de “causa de pedir”), e formula o 
pedido. 
Após o protocolo da petição inicial pelo autor, o réu é citado. Citação é o 
ato processual que dá conhecimento do processo ao réu e o chama para 
apresentar defesa. A citação é um ato processual muito importante, porque 
está diretamente ligada aos direitos fundamentais à ampla defesa e ao 
contraditório. Para poder se defender adequadamente, o réu precisa tomar 
conhecimento da ação. 
Hoje, o novo CPC prevê, obrigatoriamente, a realização de uma 
audiência de conciliação (artigo 334),5 então o réu é citado para comparecer a 
esta audiência de conciliação. Assim, o prazo de 15 dias que o réu tem para 
contestar o pedido será contado em função da audiência de conciliação. 
Se ocorrer a audiência, mas não ocorrer a conciliação, o prazo de 15 
dias para a contestação do réu conta da data da audiência. Se a audiência não 
ocorrer porque ambas as partes expressaram manifestamente não terem 
 
4
 O primeiro vídeo do canal, sobre as fases processuais, não abordou a fase ordinatória, como 
forma de simplificar a exposição. Assim, posteriormente a fase ordinatória foi objeto de um 
vídeo específico. 
5
 “Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de 
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação 
com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 
(vinte) dias de antecedência.” 
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://goo.gl/s4DL05
https://goo.gl/8XzKSf
https://goo.gl/ckTvfy
https://goo.gl/sWUYQn
https://goo.gl/5ipfNH
https://goo.gl/s4DL05
https://goo.gl/8XzKSf
https://goo.gl/8XzKSf
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
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interesse na conciliação, então o prazo para contestação passa a contar da 
data em que o réu protocolou sua petição dizendo que não tinha interesse. 
A apresentação da contestação, pelo réu, encerra a fase postulatória. 
Entre a fase postulatória e a fase instrutória, é o momento de o processo 
ser organizado. Por isso, temos aquela que é chamada de fase organizatória – 
ou fase ordinatória. 
Após a organização do processo, temos, se for o caso (já que pode 
ocorrer o julgamento conforme o estado do processo), a fase instrutória, na 
qual os fatos delimitados pelo autor e pelo réu serão objeto de prova. 
Se a prova for documental, os documentos deverão ser juntados já com 
a petição inicial e com a contestação. Mas outros tipos de prova podem ser 
produzidos: podem ser ouvidas as partes e testemunhas (o que acontece numa 
outra audiência, chamada de audiência de instrução), pode ser necessária a 
realização de uma perícia, e assim por diante. 
Se os documentos juntados pelas partes já forem suficientes para provar 
os fatos, ou se não houver discordância das partesa respeito dos fatos, então 
não será necessário ingressar na fase instrutória e será proferida, 
imediatamente, a sentença. O nome disso, segundo o Código de Processo 
Civil, como já mencionamos é “julgamento antecipado do mérito,” uma das 
modalidades de “julgamento conforme o estado do processo.” 
Após a fase instrutória, vem a fase decisória. Na fase decisória, o juiz vai 
proferir a sentença, resolvendo o mérito do processo, dizendo quem tem razão. 
Como regra geral, o juiz apenas vai resolver o mérito após a observância da 
ampla defesa e do contraditório (quer dizer, o réu tem que ter tido a 
possibilidade de se defender e as partes devem debater a respeito dos fatos e 
do direito) e após a realização de provas. 
A isso se chama de cognição exauriente. Cognição exauriente porque 
houve toda a possibilidade de que as partes discutissem e que os fatos fossem 
provados. 
Mas o processo não termina na fase decisória. Após essa, vem a fase 
recursal. A parte prejudicada pode interpor recurso ao 2º grau de jurisdição. No 
processo comum, o nome do recurso interposto contra a sentença é apelação. 
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https://goo.gl/bSYuVm
https://goo.gl/2QlKxl
https://goo.gl/ch4tRC
https://goo.gl/ch4tRC
https://goo.gl/ch4tRC
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
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No 2º grau, os recursos são apreciados por Tribunais e, normalmente, sempre 
por mais de um juiz (nos tribunais de 2º grau, os juízes são chamados de 
“Desembargadores”). 
Mas a fase recursal não para por aí, pois pode haver recurso para as 
chamadas “cortes de sobreposição,” que no processo comum são o Superior 
Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. 
Para um maior aprofundamento do assunto dos graus de jurisdição, 
veja-se o item seguinte. 
Apenas após esgotarem-se todas as possibilidades de recurso é que 
ocorre o chamado “trânsito em julgado.” Trânsito em julgado é sinônimo da 
impossibilidade de interposição de recursos. 
Após o trânsito em julgado da sentença segue a fase de execução (ou, 
se preferir, o “cumprimento de sentença”), na qual a realidade fática vai ser 
alterada. É possível, no entanto, que seja feita a “execução provisória da 
sentença” (antes do trânsito em julgado), ou mesmo que a realidade fática seja 
alterada, pelo processo, antes da sentença, naquilo que chamamos 
de antecipação de tutela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp
https://goo.gl/6zRnyG
https://goo.gl/6zRnyG
https://goo.gl/8Z1DQX
 
 
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 “sem juridiquês” 
 
 
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Fases Processuais 
 
 
 
 
 
1) Fase Postulatória 
 
 
Petição inicial 
+ 
Citação do réu 
+ 
Audiência de conciliação 
+ 
Contestação 
 
 
2) Fase Ordinatória 
 
 
“Organização” do processo, antes da 
produção de provas 
 
 
3) Fase Instrutória 
 
 
Produção de provas 
[audiência de instrução] 
 
 
4) Fase Decisória 
 
 
Sentença 
[cognição exauriente] 
 
 
 
 
5) Fase Recursal 
 
 
Recurso ao 2° grau 
(apelação) 
e aos “tribunais de sobreposição” 
(STJ – Recurso especial; 
STF – Recurso extraordinário) 
 
 
 
6) Fase Executória, ou Executiva 
(“cumprimento de sentença”) 
 
 
Alteração da realidade dos fatos, após 
o “trânsito em julgado” 
[exceções: “execução provisória” da 
sentença e antecipação de tutela] 
 
 
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https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://goo.gl/s4DL05
https://goo.gl/8XzKSf
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
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Essa é a visão panorâmica do processo. Mas esse estudo nos introduz a 
necessidade de considerarmos, ainda, algumas outras ideias básicas (você já 
assistiu aos vídeos sobre estes assuntos se clicou nos hiperlinks...). A primeira 
é a ideia de graus de jurisdição e é segunda é o conceito de sentença, com 
todas as implicações para sua melhor compreensão (diferença entre sentença 
e decisão interlocutória, solução ou não do mérito, julgamento conforme o 
estado do processo e coisa julgada material e formal). Vamos considerar esses 
assuntos logo na sequência do texto. 
Já a antecipação de tutela não será considerada especificamente neste 
momento, porque será estudada em conjunto com as demais “tutelas 
provisórias” no item 6.13, abaixo – no entanto, caso você esteja curioso(a), o 
hiperlink vai levá-lo(a) diretamente para a playlist do Canal sobre o tema. 
 
1.6 Graus de jurisdição 
 
O processo inicia no 1º grau de jurisdição, que é exercido por um único 
juiz (“juiz singular”). Os recursos contra as decisões de 1º grau (sentenças ou 
decisões interlocutória – ver o item seguinte) são apreciados pelos tribunais de 
2º grau. Para um maior detalhamento sobre o funcionamento do 1º e do 2º 
graus, ver o item 8.5, abaixo. 
No Brasil, a grande característica do 2º grau de jurisdição é que nele é 
possível não somente a revisão ampla do direito (tese jurídica) reconhecido 
pelo juiz de 1º grau, mas também o reexame dos fatos e das provas. É claro 
que isso depende de provocação da parte prejudicada em seu recurso, o que 
se chama de “efeito devolutivo.” “Devolutivo” porque o recurso “devolve” ao 
tribunal a matéria impugnada pela parte (“devolver” aqui funciona como 
“submeter à apreciação”). 
Isso significa que o juiz de 1º grau pode apreciar as provas de uma 
maneira, entendendo que a situação fática foi uma, e o tribunal de 2º grau 
pode, examinando as mesmas provas, entender que os fatos foram outros, ou 
mesmo considerar provas que não tenham sido avaliadas pelo juiz de 1º grau. 
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://www.youtube.com/watch?v=M4Blybl8Nfo&list=PLYXudd4-x8GijXB1zvy2CRpXCqNcBMs-r
https://www.youtube.com/watch?v=M4Blybl8Nfo&list=PLYXudd4-x8GijXB1zvy2CRpXCqNcBMs-r
 
 
TEORIA DO PROCESSO CIVIL 
 “sem juridiquês” 
 
 
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Por exemplo, numa ação que discute responsabilidade civil por acidente 
de trânsito o juiz de 1º grau pode entender que o réu é culpado pelo acidente e 
condená-lo a indenizar o autor e o tribunal de 2º grau, apreciando a apelação 
do réu, pode entender que a responsabilidade pelo acidente foi do autor e 
reformar a sentença para julgar improcedente o pedido. 
Nos tribunais, as decisões normalmente são colegiadas (quer dizer, 
tomadas por mais de um juiz, que nos tribunais de 2º grau são chamados de 
“desembargadores”, e nos “tribunais superiores,” de “ministros”). As decisões 
colegiadas dos tribunais são chamadas de “acórdãos”. Mas possível, em 
situações expressamente previstas na lei (artigo 932, III, IV e V, do novo 
CPC)6 que o recurso seja resolvido pelo próprio relator. Essa decisão do relator 
que resolve o recurso é chamada de “decisão monocrática” (“monocrática” 
porque é singular; não é colegiada). 
Após o julgamento pelo 2º grau, pode caber recurso aos tribunais de 
sobreposição. Esses tribunais, no processo comum, são o Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF). O recurso ao STJ é 
chamado de recurso especial (REsp) e o recurso ao STF é chamado de 
recurso extraordinário (RE). 
É importante sabermos que o STJ e o STF não funcionam (ao menos 
não na teoria) como 3º ou 4º graus de jurisdição. Por isso, é lamentável a 
cultura que há entre os advogados brasileiros de tentar levar, a todo custo, a 
sua causa a ser apreciada por estes tribunais. 
Se o STJ e o STF nãosão 3º e 4º graus de jurisdição, isso significa que 
eles não podem reexaminar, em recursos especial e extraordinário, os fatos e 
as provas do processo. Na verdade, estes recursos têm hipóteses de 
 
6
 “Art. 932. Incumbe ao relator: [...] III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou 
que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar 
provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal 
ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento 
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V 
- depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão 
recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de 
Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo 
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado 
em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;” 
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https://www.youtube.com/channel/UCRJooxeIg3O29IDIcPZPaCg
https://goo.gl/n8Aq5o
https://goo.gl/4DLgWZ
https://goo.gl/f1rhnn
https://goo.gl/ITgEhW
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp
https://goo.gl/n8Aq5o
 
 
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cabimento bem específicas. Não é nosso objetivo estudarmos cada uma delas 
aqui, mas, para termos uma noção geral, basta sabermos que a principal 
função do STJ é interpretar a lei federal e a principal função do STF é 
interpretar a Constituição. 
Assim, a principal hipótese de cabimento do recurso especial (STJ) é a 
contrariedade à legislação federal e a do recurso extraordinário (STF) é a 
contrariedade à Constituição. Para um maior aprofundamento do perfil atual 
destes tribunais, veja-se a Lição 9, mais especificamente, o item 9.2.2, abaixo. 
 
1.7 Decisão interlocutória e sentença. Agravo de instrumento e apelação 
 
Vamos retornar agora ao 1º grau de jurisdição para aprofundarmos a 
diferença entre os dois tipos de decisões que podem ser proferidas nesta fase 
do processo: decisões interlocutórias e sentenças. 
A sentença é o tipo de decisão que põe fim ao processo com base nos 
artigos 485 e 487 do novo CPC, hipóteses que serão estudadas no item 
seguinte. Outra hipótese de prolatação de sentença é a extinção da execução. 
A fase executória, portanto, também se encerra com uma sentença. O recurso 
cabível contra a sentença, no processo comum, é o recurso de apelação. 
As decisões interlocutórias são decisões que resolvem questões 
incidentais, mas que não implicam a extinção do processo. Exemplos de 
decisões interlocutórias são as decisões que concedem antecipação de tutela 
ou que indeferem produção de determinada prova. 
O recurso cabível contra decisões interlocutórias é chamado de agravo 
de instrumento. O novo Código de Processo Civil implementou sensíveis 
diferenças no assunto da recorribilidade das decisões interlocutórias 
(possibilidade de interposição de recurso contra decisões interlocutórias): ele 
acabou com um recurso chamado agravo retido, e limitou o agravo de 
instrumento a hipóteses taxativas. Isso significa que somente pode ser 
interposto agravo de instrumento contra as decisões previstas expressamente 
no artigo 1.015 do novo CPC. 
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http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ
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https://goo.gl/9DedDl
https://goo.gl/9DedDl
https://goo.gl/8Z1DQX
 
 
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Assim, nas situações que mencionamos antes como exemplo, a decisão 
que concede antecipação de tutela pode ser objeto de agravo de instrumento 
(artigo 1.015, I), mas a decisão que indefere a produção de determinada 
prova, não (não está prevista no artigo 1.015). Nessa última hipótese, caso a 
parte que teve a prova indeferida for sucumbente (quer dizer, derrotada), ela 
deverá levantar a questão no seu recurso de apelação, contra a sentença. 
A taxatividade das hipóteses de cabimento do agravo de instrumento é 
algo que tem sido muito discutido pelos autores de processo civil. Registra-se 
aqui, por parecer a mais ponderada, a corrente que defende admitir uma 
ampliação das hipóteses de cabimento do agravo de instrumento ao menos por 
analogia. 
 
1.8 Noções gerais sobre “sentenças” 
 
Para que esta abordagem inicial faça total sentido, falta ainda aprofundar 
algumas outras ideias que estão ligadas ao conceito de “sentença” e que já 
foram mencionadas de passagem ao longo do texto. 
 
1.8.1 Extinção do processo com solução do mérito (artigo 487 do novo 
CPC) 
 
A ideia básica por trás da diferença entre resolver ou não o mérito é 
simples: quando o juiz resolve o mérito, ele diz quem tem razão, ele aprecia a 
relação de direito material. Se o autor tiver razão, o pedido será julgado 
procedente; se o réu tiver razão, o pedido será julgado improcedente; se cada 
uma das partes tiver um pouco de razão, o pedido será julgado parcialmente 
procedente. Essas hipóteses estão no inciso I do artigo 487 do novo CPC. 
Mas a solução do mérito não trata apenas de procedência do pedido. O 
reconhecimento da prescrição ou da decadência, o acordo realizado pelas 
partes, o reconhecimento da procedência do pedido pelo réu ou a renúncia do 
autor à pretensão são outras hipóteses de resolução do mérito. Elas estão nos 
incisos II e III do artigo 487 do novo CPC. 
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1.8.2 Extinção do processo sem solução de mérito (artigo 485 do novo 
CPC) – sentenças terminativas 
 
Por outro lado, quando o processo tem algum tipo de vício, algum tipo de 
defeito formal que não pode ser resolvido, temos então a extinção sem solução 
de mérito. Por causa de alguma falha processual o juiz não pode apreciar o 
mérito, não pode resolver a relação de direito material, e o processo precisa ser 
extinto. A extinção do processo sem solução de mérito está prevista no artigo 
485 do novo CPC. Os processualistas chamam a sentença que extingue o 
processo sem solução de mérito de sentença terminativa. 
Se for possível corrigir o defeito formal que levou à extinção do 
processo, então a ação pode ser proposta novamente (ver o item seguinte). 
Por exemplo, se o processo for extinto sem solução de mérito por falta de 
representação por advogado, esse vício pode ser corrigido. Mas se o processo 
for extinto por ofensa à coisa julgada (o que ocorre quando se repete uma ação 
que já foi encerrada), então é óbvio que este vício não tem como ser corrigido 
numa outra ação. 
A primeira hipótese de extinção sem solução de mérito ocorre quando o 
juiz indeferir a petição inicial (inciso I do artigo 485). As hipóteses de 
indeferimento da petição inicial estão previstas no artigo 330 do Código.7 
Neste momento destacamos a falta de legitimidade e de interesse (incisos II e 
III). Essas mesmas hipóteses estão previstas aqui no inciso VI do artigo 485, 
etratam daquelas situações que tradicionalmente são chamadas de “condições 
da ação.” A esse respeito, ver a Lição 2, abaixo. 
 
7
 Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente 
ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos 
arts. 106 e 321. § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa 
de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o 
pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver 
pedidos incompatíveis entre si. § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação 
decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob 
pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que 
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3º Na hipótese do 
§ 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.” 
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https://youtu.be/IuWa3bcN7pE
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https://goo.gl/hHR9GC
https://goo.gl/YKgsdJ
https://goo.gl/vxQSl7
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Os incisos II e III do artigo 485 tratam, respectivamente, da paralisação 
do processo por 1 ano por negligência das partes (e, preste atenção, é de 
ambas as partes, porque mesmo que o autor não faça mais nada para o 
processo andar o réu pode ter interesse na solução da causa, para obter uma 
sentença de improcedência) e por abandono da causa pelo autor (agora sim, 
só pelo autor). O abandono da causa acontece quando o autor, intimado para 
fazer algo no processo, fica inerte por 30 dias. A perempção, mencionada no 
inciso V e objeto de previsão expressa no artigo 486, § 3º, ocorre quando o 
autor abandonar a causa três vezes. Nessa hipótese ele não poderá propor 
novamente a ação, e é isso que é chamado de “perempção.” 
O inciso IV trata da falta dos pressupostos processuais, assunto objeto 
da Lição 7, abaixo. Por ora, é suficiente mencionar que os pressupostos 
processuais, tradicionalmente, são vistos como requisitos formais do próprio 
processo, mas já vimos que também essa compreensão tradicional é passível 
de críticas. 
Pense num exemplo simples. Para o autor promover a ação, como regra 
geral, ele precisa contratar um advogado. Isso está ligado ao pressuposto 
processual chamado de “capacidade postulatória.” Se o juiz verificar que o 
autor não está representado por advogado, ele vai intimar o autor para 
regularizar a situação. Mas, se o autor não regularizar essa situação, então o 
processo será extinto sem solução de mérito. 
O inciso V do artigo 485 também trata de pressupostos processuais, 
mas dos pressupostos processuais chamados negativos (que tem que estar 
ausentes para que o processo possa ser válido), a perempção, a litispendência 
e a coisa julgada. Note a diferença: o inciso IV fala da extinção do processo 
quando estiverem ausentes os pressupostos processuais e o inciso V fala da 
extinção do processo quando estiverem presentes a perempção, a 
litispendência e a coisa julgada. 
A “legitimidade e o interesse,” previstos no inciso VI do artigo 485, são 
as tradicionais condições da ação. Nós vamos estudar esse assunto na Lição 
2, abaixo, mas podemos notar desde já a conjugação desse inciso do artigo 
485 com os incisos II e III do artigo 330 nos aponta para a teoria da asserção 
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https://goo.gl/N8rrCB
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(segundo a qual a presença das condições da ação tem que ser verificada pelo 
juiz no começo do processo, a partir das afirmações do autor). 
A escolha das partes pela arbitragem, se o direito material for do tipo 
patrimonial e disponível, afasta a possibilidade de prestação jurisdicional a 
respeito do mérito do direito. Por isso nós temos o inciso VII do artigo 485. 
Sobre a arbitragem, ver o item 4.4, abaixo. 
O inciso VIII do artigo 485 trata da desistência da ação pelo autor. A 
respeito da diferença entre desistência da ação e renúncia a pretensão, veja, 
adiante, o item sobre coisa julgada material e coisa julgada formal. 
Se uma das partes morrer e a ação for intransmissível aos herdeiros, 
então o processo também deve ser extinto sem solução de mérito. É isso que 
diz o inciso VIII do artigo 485. A intransmissibilidade da ação é algo que tem 
que ser verificado no plano do direito material. Diz-se nesse caso o direito é 
personalíssimo. 
Um exemplo é a ação de divórcio. Se os pais estiverem no meio de uma 
ação de divórcio e um deles morrer, os filhos, que são os herdeiros, não vão 
poder dar continuidade à ação no lugar do pai que morreu. A ação tem que ser 
extinta. 
Por fim, o rol do artigo 485 não é taxativo, como nos demonstra o seu 
inciso X. Há, espalhados pelo Código, outras hipóteses de sentenças 
terminativas. A não inclusão de litisconsortes necessários no polo passivo, 
prevista no artigo 115, parágrafo único,8 por exemplo, é uma hipótese de 
extinção sem solução de mérito que não está contemplada expressamente no 
artigo 485. 
 
1.8.3 Coisa julgada material e coisa julgada formal 
 
As situações de extinção do processo com solução de mérito, previstas 
no artigo 487 do novo CPC, produzem aquilo que os processualistas chamam 
 
8
 “Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor 
que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob 
pena de extinção do processo.” 
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de coisa julgada material. Quando temos coisa julgada material, significa que a 
relação de direito material não pode mais ser discutida em outro processo. 
Assim, quando o juiz resolve o mérito em favor de uma das partes 
(inciso I do artigo 487), quando o juiz reconhece a prescrição ou a decadência 
(inciso II), ou quando as partes fazem um acordo, o réu reconhece o pedido do 
autor, ou o autor desiste da pretensão (inciso III), então a mesma relação de 
direito material não poderá ser discutida em outro processo. Teremos coisa 
julgada material. 
A extinção do processo sem solução de mérito, prevista no artigo 485 
do CPC não produz coisa julgada material. Diz-se que a extinção sem 
resolução de mérito produz apenas coisa julgada formal. Isso quer dizer 
apenas que, dependendo do tipo de problema processual, pode ser proposta 
uma nova ação, desde que corrigido o defeito. É disso que trata o artigo 486 
do CPC. 
E aqui nós precisamos diferenciar a renúncia à pretensão da simples 
desistência da ação. A pretensão é um instituto de direito material. Então, 
quando o autor renuncia a ela, ele abre mão de discutir a relação de direito 
material em outro processo. Por isso é que, neste caso, a sentença é de 
extinção com solução do mérito e será produzida coisa julgada material. 
Mas se o autor apenas desiste da ação, o processo é extinto sem 
solução de mérito, e isso não faz coisa julgada material, apenas faz coisa 
julgada formal. Quer dizer que a ação pode ser proposta novamente. 
 
1.8.4 Julgamento conforme o estado do processo e “sentença parcial” 
 
Comoregra geral, o julgamento conforme o estado do processo ocorre 
quando não é necessário entrar na fase instrutória (ver o item 1.5, acima), 
quando não é necessário produzir provas. A primeira situação, então, é 
quando, imediatamente após a fase postulatória, o processo é extinto. 
Mas pode ser que, simplesmente, o processo não se desenvolva até o 
final e, por um problema formal, pela vontade das partes, ou até mesmo porque 
o juiz se deu conta de algo que ele tinha deixado passar despercebido, o 
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processo não siga todas as suas fases. Aí nós também teremos julgamento 
conforme o estado do processo. 
O julgamento conforme o estado do processo está previsto nos artigos 
354 a 356 do novo CPC. 
A primeira hipótese de julgamento conforme o estado do processo está 
no artigo 354 do CPC,9 que une situações de extinção com solução de mérito 
com situações de extinção sem solução de mérito. As situações de extinção 
com solução do mérito previstas no artigo 354 são aquelas do artigo 487, II e 
III: prescrição ou decadência, acordo, reconhecimento do pedido pelo réu ou 
renúncia da pretensão pelo autor. As outras hipóteses do artigo 354 são as de 
extinção sem solução do mérito, previstas no artigo 485. 
O artigo 35510 trata do “julgamento antecipado do mérito,” que é 
exatamente a hipótese em que o juiz pode resolver a relação de direito material 
sem necessidade de produção de provas. Isso pode acontecer em duas 
situações: a primeira é quando a situação de direito material não comporta 
prova diferente da documental. A segunda é quando não existe controvérsia 
das partes a respeito dos fatos (diz-se que os fatos são incontroversos). 
Nós já vimos que o recurso cabível contra a sentença é a apelação. 
Acontece que o julgamento conforme o estado do processo pode ser apenas 
parcial: uma parte do processo é extinta e outra parte prossegue (artigos 354, 
parágrafo único11 e 356 do novo CPC).12 Por exemplo: o autor faz dois 
pedidos, e o juiz reconhece que a pretensão de um deles está prescrita. Nesse 
caso, teremos aquilo que é chamado de “sentença parcial:” uma decisão que 
tem natureza de sentença, mas forma de decisão interlocutória, porque o 
 
9
 “Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o 
juiz proferirá sentença. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito 
a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.” 
10
 “Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de 
mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel, 
ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.” 
11
 “Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do 
processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.” 
12
 “Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados 
ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, 
nos termos do art. 355.” 
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processo prossegue. Contra a “sentença parcial” o recurso cabível é o agravo 
de instrumento, exatamente porque o processo prossegue. 
 
1.9 Procedimento comum e procedimentos especiais 
 
Podemos encerrar esta nossa lição introdutória estudando a diferença 
entre o procedimento comum e os procedimentos especiais. A origem histórica 
da diferença é melhor explicada na letra F do Apêndice III, abaixo. Assim, aqui 
iremos nos ater aos aspectos práticos da distinção. 
O procedimento comum é o "procedimento padrão," o procedimento 
básico do processo civil. Ele é usado para a generalidade das situações de 
direito material – e aqui é interessante lembrar a diferença entre direito material 
e direito processual (item 1.2, acima). 
Agora, existem determinadas situações de direito material que, pela sua 
relevância, ou por alguma peculiaridade, foram escolhidas pelo legislador, ao 
longo da história, para serem objeto de procedimentos especiais. Então, o 
procedimento comum é a "regra geral" do processo civil, e os procedimentos 
especiais, como o próprio adjetivo já indica, dizem respeito a situações 
especiais 
E assim fica fácil saber quando usamos um ou outro: usamos o 
procedimento comum ou o especial de acordo com a situação de direito 
material. Na verdade, quando para aquela situação de direito material estiver 
previsto na legislação processual um procedimento especial, utilizamos o 
procedimento especial. Se não estiver previsto nenhum procedimento especial, 
usamos o comum. Podemos dizer que o procedimento comum é utilizado de 
forma "subsidiária": quando não for cabível um procedimento especial 
 Com exemplos fica mais fácil de verificar isso. Se a questão de direito 
material for a proteção da posse, será utilizada uma ação possessória 
(procedimento especial), e não o procedimento comum. O mesmo vale se for o 
caso, por exemplo, de interdição, ou de pedido de alimentos, de 
desapropriação pelo Poder Público, de mandado de segurança contra ato de 
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autoridade quando o direito admitir apenas prova pré-constituída (direito líquido 
e certo), e assim por diante. 
Note que todas essas situações, no plano material, têm uma 
peculiaridade que demanda uma resposta rápida ou uma simplificação no 
procedimento, e é isso que está na origem do estabelecimento de um 
procedimento especial pela legislação. 
O desenho, a estrutura de um processo, é chamado, pelos 
processualistas, de “módulo legal.” O módulo legal do procedimento comum é o 
mais amplo possível. Tudo o que pode acontecer num processo pode 
acontecer no procedimento comum. 
Já o módulo legal dos procedimentos especiais será determinado, como 
eu já mencionado, pelas peculiaridades da relação de direito material. 
Isso significa, basicamente, duas coisas. A primeira são os chamados 
“cortes cognitivos,” o que significa restrição à matéria que pode ser apreciada 
pelo juiz. Quando isso acontece, o nome que é dado é cognição parcial. 
Votemos aos exemplos: o mandado de segurança só admite prova documental; 
nas ações possessórias, você não pode discutir propriedade, e na ação de 
desapropriação, só pode discutir o preço do imóvel. 
A segunda são as chamadas técnicas processuais diferenciadas. No 
âmbito dos procedimentos especiais, normalmente são liminares. Mas temos 
que ter bem presente que isso vem de um tempo em que não existia a 
antecipação de tutela no procedimento comum, mas isso mudou com a reforma 
processual de 1994. 
Mas tudo isso, na verdade, é apenas um ponto de partida. Isso porque, 
como decorrência do direito fundamental à tutela jurisdicional efetiva (veja-se o 
item 3.5, abaixo), o juiz não está preso à letra da lei para prestar tutela 
jurisdicional aos direitos. 
 
 
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para a generalidade dos casos 
 
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