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Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega Caso clínico: Mulher, 55 anos, obesa (IMC 32), branca. Iniciou dor precordial, constritiva, forte intensidade, há mais ou menos 2 horas. Dor tem irradiação para ombro esquerdo e região infra-espinhosa esquerda. Referiu também dispneia, palpitação e náuseas. Negou febre e tosse. Antecedentes: tabagismo, DPOC, diabetes, sedentária; negou HAS. Histórico familiar de DAC. REG, taquicárdica, PA: 100x 50 mmHg, sudoreica. RCR 2T, bulhas hipofonéticas. Qual HD? Cite 3 diagnósticos diferenciais nesse caso. Quais os fatores de risco para essa doença? Cite 3. Essa paciente tem síndrome metabólica? A obesidade é um fator de risco? A idade é um fator de isso? O tempo de início dos sintomas é importante para o prognóstico e evolução dessa doença? Quais medidas comportamentais podem ser indicadas para essa paciente? DEFINIÇÃO ● Cardiopatia isquêmica: distúrbio com suprimento inadequado de sangue e oxigênio para o miocárdio (desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio para o miocárdio). ✓ Infarto do miocárdio ✓ Angina pectóris (estável ou instável) ✓ Cardiopatia isquêmica crônica com IC ✓ Morte súbita cardíaca →Infarto do miocórido Consiste na morte do músculo cardíaco devido isquemia grave prolongada. EPIDEMIOLOGIA ✓ Infarto agudo do miocárdio é a primeira causa de mortes no Brasil (DATASUS, 2014). ✓ A maioria das mortes por IAM ocorre nas primeiras horas de manifestação da doença, sendo 40 a 65% na primeira hora e, proximamente, 80% nas primeiras 24h. ✓ IAM é uma das principais causas de óbitos, tanto em países desenvolvidos como subdesenvolvidos.. ✓ SP: 7,33 óbitos/100.000 hab (2ª maior taxa no Brasil/Estado). ✓ Incidência IAM (idade): menos de 40 anos (10%); menos de 65 anos (45%); mais de 65 anos (45%). Quanto maior idade, maior incidência. Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega ETIOLOGIA / FATORES DE RISCO ● Etiologia: →90% estão relacionados com oclusão arterial coronariana: aterosclerose. →10% a ausência de oclusão trombótica: sem aterosclerose. - Vasoespasmo; agregação de plaquetária (secundária a uso de drogas: cocaína ou edefrina). - Êmbolos provenientes do átrio esquerdos associados a FA, vegetações da endocardite infecciosa. - Isquemia sem aterosclerose e trombose coronária detectáveis, vasculites, anormalidades hematológicas (anemia falciforme); deposição de amiloide nas paredes vasculares; baixa pressão arterial sistêmica (choque), etc... ✓ Fatores de risco modificáveis (estilo de vida): - Tabagismo - HAS - Dislipidemia (HDL <40MG/dL) - Diabetes - Obesidade - Sedentarismo - Estresse - Dieta aterogênica ✓ Fatores de risco não modificáveis: - História familiar de DAC (doença arterial coronariana) prematura; DAC parente 1º grau, masculino < 55 anos. - Idade: homens > 45 anos; mulheres > 55 anos ✓ Fatores de risco emergentes: - Metabolismo da lipoproteína A - Fatores pró-trombóticos - Fatores pró-inflamatórios - Glicemia de jejum alterada - Aterosclerose subclínica - Deposição de hemocisteina Síndrome metabólica: Aumento de gordura abdominal: homens cintura ≥ 90 cm; mulheres > 80 cm. Baixo HDL: homens < 40mg/dL; mulheres < 50 mg/dL; Triglicerídeos elevados: ≥ 150mg/dL. HAS: ≥ 130/85 mmHg ou se está utilizando algum medicamento para reduzir a pressão. Glicose elevada em jejum ≥ 100mg/dL. →TER 2 OU MAIS DOS FATORES ACIMA É SINAL DA PRESENÇA DE RESISTÊNCIA INSULÍNICA BASE DA SÍNDROME METABÓLICA. Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega PATOGENIA ✓ Oclusão arterial coronariana ✓ Resposta do miocárdio ✓ Padrões de infarto (transmural, subendorcárdio, multifocal, reperfusão). ✓ Reperfusão miocárdica. ● Oclusão arterial: Placa ateromatosa na artéria coronária → Hemorragia intraplaca, erosão ou ulceração, ruptura ou fissura → Ativação de plaquetas → formação de microtrombo → Mediadores liberados das plaquetas → estimula VASOESPASMO → Ativação da via de coagulação = aumento do volume do trombo → OCLUSÃO COMPLETA DA LUZ DO VASO. IAM sem aterotrombose – 10% dos casos: -Considerar: vasoespasmo secundário a uso de cocaína, efedrina; êmbolos provenientes do átrio esquerdos secundários a FA; isquemia de pequenos vãos; secundárias: vasculites, doenças hematológicas (anemia falciforme), deposição de amiloides nos vasos (amiloidose), hipotensão (choque), hipertrofia acentuada (estenose aórtica). Observar na imagem área que não está sendo perfundida pelos vasos da coronária. ● Resposta do miocárdio: Obstrução da artéria coronária → Diminui o fluxo sanguíneo para o miocárdio, provocando isquemia e disfunção miocárdica → Comprometimento vascular prolongado (diminuição da oferta de oxigênio, acúmulo de lactato): morte miócitos (NECROSE). Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega Tempo aproximado até o início dos eventos-chave nos cardiomiócitos isquêmicos: ● Padrões de infarto: Infarto transmural Infarto subendocárdico Microinfarto multifocal ✓ Infarto transmural: um vaso no epicárdio que está demorando a ser tratado e não tem reperfusão, vai causando isquemia, incluindo todo o epicárdio e vai até o miocárdio. ✓ Infartos não trasnmurais: há obstrução de um vaso, mas ainda há a perfusão do miocárdio por alguns capilares, porém há mais obstrução do endocárdio. Se for mais difuso, pode pegar maior parte do endocárdio e ser mais grave. ✓ Microinfartos: obstrução de microvasos do miocárdio. Se for difuso, a isquemia pode ser mais grave. Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega →Reperfusão do miocárdio (área de infarto). ● Objetivo: restauração do fluxo sanguíneo ao miocárdio isquêmico e limitar a área de infarto. - Melhora a sobrevida a médio e longo prazo; melhor a função do miocárdio. Métodos: trombólise, angioplastia, instalação de stent ou cirurgia de enxerto de by-pass de artéria coronária. DIAGNÓSTICO ● História clínica ● ECG ● Curva enzimática ● História clínica: ✓ Dor torácica, retroesternal em aperto, de início agudo, com irradiação para membro superior esquerdo, pescoço (ou outro local), duração > 20 minutos; ✓ Sudorese e diaforese ✓ Taquicardia (palpitação) ✓ Náuseas e vômitos ✓ Dispneia Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega ✓ Tonturas e vertigens ✓ Astenia, desconforto de toda a região torácica. Mais comum em homens > 50 anos e mulheres > 60 anos. ● Avaliação laboratorial: Elevação de troponinas (cTNT e cTNI). Fração MB creatina-cinase (CK-MB). ● ECG: Principal alteração: presença de supradesnivelamento do segmento ST. Indica oclusão coronariana com alta morbimortalidade. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega ✓ Pneumotórax espontâneo; ✓ Esofagite (DRGE) ✓ Tromboembolismo pulmonar (TEP) ✓ Aneurisma de aorta ✓ Pericardite Aguda (viral) ✓ Angina instável ✓ Crise asmática ✓ Neuralgia intercostal / osteocondrite ✓ Tamponamento cardíaco ✓ Pneumonia TRATAMENTO ● Clínico: ácido acetilsalicílico (anticoagulante), oxigenoterapia (pacientes com queda de spO2), nitroglicerina sublingual, morfina, betabloqueadores, trombólise. ● Procedimentos intervencionistas/cirurgia: angioplastia (stents), cirurgia de enxerto by-pass de coronária (revascularização do miocárdio). Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega Patologia do Sistema Cardiovascular Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega COMPLICAÇÕES ✓ Disfunção contrátil ✓ Aneurisma ventricular✓ Pericardite ✓ Expansão da área de infarto ✓ Trombo mural ✓ Disfunção do músculo papilar ✓ Insuficiência cardíaca progressiva tardia Pontos chaves: Identificar pacientes com fatores de risco – intervenção clínica. Evitar ter o infarto – diminuir fator de risco. Orientar mudança de estilo de vida. Mecanismo da doença: obstrução de vasos. Diagnóstico clínico: tempo é fundamental. Saber indicar os procedimentos invasivos.
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