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Informativo 981-STF (18/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
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 Informativo 981-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Julgamento ainda não concluído em virtude de adiamento: ADPF 572 MC/DF. Será comentado assim que chegar ao fim. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
▪ É inconstitucional lei estadual que discipline a instalação de antenas transmissoras de telefonia celular. 
 
DIREITO PENAL 
CORRUPÇÃO PASSIVA 
▪ Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem indevida para interceder junto a diretor da 
Petrobrás com o intuito de que fazer com que a empresa faça acordo com empresa privada e pague a ela 
determinadas quantias em atraso. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
FIXAÇÃO DE VALOR MÍNIMO 
▪ A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados pela 
infração (art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao pagamento de danos morais coletivos. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
É inconstitucional lei estadual que discipline a instalação de antenas transmissoras de telefonia celular 
 
É inconstitucional Lei estadual que, a pretexto de proteger a saúde da população, estabelece 
limites de radiação para a instalação de antenas transmissoras de telefonia celular. 
Essa lei adentra na esfera de competência privativa da União para legislar sobre 
telecomunicações. 
A União, no exercício de suas competências (art. 21, XI e art. 22, IV, da CF/88), editou a Lei nº 
9.472/97, que, de forma nítida, atribui à ANATEL a definição de limites para a tolerância da 
radiação emitida por antenas transmissoras. 
A União, por meio da Lei nº 11.934/2009, fixou limites proporcionalmente adequados à 
exposição humana a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos. 
Dessa forma, a presunção de que gozam os entes menores para, nos assuntos de interesse 
comum e concorrente, legislarem sobre seus respectivos interesses (presumption against 
preemption) foi nitidamente afastada por norma federal expressa (clear statement rule). 
STF. Plenário. ADI 2902, Rel. Edson Fachin, julgado em 04/05/2020 (Info 981 – clipping). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
Em São Paulo, foi editada a Lei estadual nº 10.995/2001, que tratou sobre a instalação de antenas 
transmissoras de telefonia celular no Estado. Veja alguns dispositivos desta Lei: 
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Artigo 3º Toda instalação de antenas transmissoras deverá ser feita de modo que a densidade de 
potência total, considerada a soma da radiação preexistente com a da radiação adicional emitida 
pela nova antena, medida por equipamento que faça a integração de todas as frequências na faixa 
prevista por esta lei, não ultrapasse 435 uW/cm2 (quatrocentos e trinta e cinco microwatts por 
centímetro quadrado), em qualquer local passível de ocupação humana (Organização Mundial de 
Saúde). 
Artigo 4º - O ponto de emissão de radiação da antena transmissora deverá estar, no mínimo, a 30 
(trinta) metros de distância da divisa do imóvel onde estiver instalada. 
Artigo 5º - A base de sustentação de qualquer antena transmissora deverá estar, no mínimo, a 15 
(quinze) metros de distância das divisas do local em que estiver instalada, observando-se o 
disposto no artigo anterior. 
(...) 
 
Essa Lei é constitucional? 
NÃO. Essa lei é formalmente inconstitucional porque adentrou na esfera de competência privativa da União. 
Vamos entender com calma. 
 
Repartição de competências 
A repartição de competências é característica fundamental em um Estado federado (Federação) para que 
seja protegida a autonomia de cada um dos seus membros e, por conseguinte, a convivência harmônica 
entre todas as esferas, com o fito de evitar a secessão (separação). 
A Constituição Federal reparte as competências entre os entes afirmando as matérias que são de 
competência privativa da União (art. 22), as que são de competência concorrente (art. 24) e reservando 
para os Estados-membros as competências residuais (art. 25, § 1º). 
 
Lei que abrange mais de um assunto (multidisciplinariedade) 
Ocorre que algumas vezes uma lei trata sobre mais de um tema, abrangendo assunto que é de 
competência privativa e outro que é de competência concorrente. O que fazer nesses casos? 
Nos casos em que a dúvida sobre a competência legislativa recai sobre norma que abrange mais de um 
tema, deve o intérprete acolher interpretação que não tolha a competência que detêm os entes menores 
para dispor sobre determinada matéria. É o que a jurisprudência norte-americana denominou de 
presumption against preemption. 
Assim, por exemplo, se o Município possui competência para a matéria, ele detém primazia sobre os temas 
de interesse local, nos termos do disposto no art. 30, I, da CF/88. 
 
Afastamento dessa presunção 
Por outro lado, se a lei federal ou estadual claramente indicar, de forma necessária, adequada e razoável, 
que os efeitos de sua aplicação excluem o poder de complementação que detêm os entes menores (clear 
statement rule), é possível afastar a presunção de que, no âmbito regional, determinado tema deve ser 
disciplinado pelo ente maior. 
 
Lei paulista é exemplo dessa situação 
A Lei estadual nº 10.995/2001 estipulou regras que têm por objetivo proteger a saúde da população contra 
a radiação. 
A defesa da saúde é matéria de competência concorrente (art. 24, XII, da CF/88). 
No entanto, esta Lei, a pretexto de proteger a saúde da população, traz regras sobre a instalação de 
antenas transmissoras. Esse assunto diz respeito aos serviços de telecomunicação, o que é de competência 
privativa da União, nos termos dos art. 21, XI e art. 22, IV, da CF/88: 
Art. 21. Compete à União: 
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(...) 
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de 
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de 
um órgão regulador e outros aspectos institucionais; 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
 
Com a finalidade de regulamentar os artigos supra mencionados, foi promulgada a Lei federal nº 9.472/97 
(Lei Geral das Telecomunicações), que estabelece, no seu art. 1º, parágrafo único, que compete à União 
organizar a exploração dos serviços de telecomunicações, incluindo disciplinamento e a fiscalização da 
execução, comercialização e uso dos serviços e da implantação e funcionamento de redes de 
telecomunicações, bem como da utilização dos recursos de órbita e espectro de radiofrequências. 
 
Além disso, a fim de disciplinar o funcionamento do “serviço de telecomunicações”, a lei federal criou a 
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) que detém, entre suas competências, a de “expedir 
normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no regime privado”, “expedir normas e padrões 
a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações quanto aos equipamentos que 
utilizarem” e “expedir normas e padrões que assegurem a compatibilidade, a operação integrada e a 
interconexão entre as redes, abrangendo inclusive os equipamentos terminais” (art. 19). 
 
Nesse contexto, a ANATEL editou a Resolução nº 303/2002, que trata da limitação da exposição a campos 
elétrico, magnéticos e eletromagnéticos de radiofrequências associados à operação de estações 
transmissoras de serviços de telecomunicações. 
Ademais, a União, por meio da Lei nº 11.934/2009, já fixou limites proporcionalmente adequadosà 
exposição humana a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos. 
Assim, deve-se reconhecer que: 
Ao estabelecer condições para a instalação de antenas transmissoras de telefonia celular no Estado de 
São Paulo, a Lei Estadual nº 10.995/2001, a pretexto de proteger a saúde da população, adentrou na 
esfera de competência privativa da União. 
Dessa forma, a presunção de que gozam os entes menores para, nos assuntos de interesse comum e 
concorrente, legislarem sobre seus respectivos interesses (presumption against preemption) foi 
nitidamente afastada por norma federal expressa (clear statement rule). 
STF. Plenário. ADI 2902, Rel. Edson Fachin, julgado em 04/05/2020 (Info 981 – clipping). 
 
Cuidado para não confundir com esse outro entendimento: 
É constitucional lei municipal que discipline o uso e a ocupação do solo urbano para instalação de torres 
de telefonia celular no respectivo município 
Os municípios possuem competência para legislar sobre a instalação de antenas de telefonia móvel 
celular, seja por considerar um assunto de interesse local, seja para disciplinar o uso da ocupação do solo 
urbano, nos termos do art. 30, I, II e VIII, da Constituição Federal. 
STF. 2ª Turma. ARE 1150575 AgR, Rel. Edson Fachin, julgado em 05/11/2019. 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA 
Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem indevida para interceder 
junto a diretor da Petrobrás com o intuito de que fazer com que a empresa faça acordo com 
empresa privada e pague a ela determinadas quantias em atraso 
 
Uma determinada empresa havia prestado serviços para a Petrobrás e não tinha recebido 
todo o valor que entendia devido. Essa empresa entrou em contato com determinado 
Deputado Federal para que ele resolvesse a situação. 
Este Deputado comprometeu-se a falar com o diretor de abastecimento da Petrobrás, mas 
exigiu o pagamento de vantagem indevida. 
O Deputado conseguiu que a Petrobrás pagasse, por meio de um acordo extrajudicial, R$ 69 
milhões para a empresa e, em troca, recebeu R$ 3 milhões de propina. 
O STF entendeu que esta conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). 
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981). 
 
A situação concreta, segundo o MPF, foi a seguinte: 
Uma determinada empresa havia prestado serviços para a Petrobrás e não tinha recebido todo o valor 
que entendia devido. 
Essa empresa entrou em contato com “AG”, Deputado Federal, para que ele resolvesse a situação. 
“AG” comprometeu-se a falar com o diretor de abastecimento da Petrobrás, mas exigiu o pagamento de 
vantagem indevida. 
O ex-Deputado conseguiu que a Petrobrás pagasse, por meio de um acordo extrajudicial, R$ 69 milhões 
para a empresa e, em troca, recebeu, juntamente com um engenheiro civil que participou dos fatos, R$ 3 
milhões de propina. 
Para receberem a vantagem indevida sem chamar atenção, o ex-Deputado e o engenheiro simularam a 
aquisição de uma propriedade rural e repassaram parte do montante para pessoas ligadas a eles 
(“laranjas”). 
 
Quais foram os crimes praticados pelo ex-Deputado e pelo engenheiro? 
A 2ª Turma do STF condenou os réus por corrupção passiva (art. 317 do CP) e lavagem de dinheiro (art. 1º 
da Lei nº 9.613/98): 
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou 
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. 
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. 
 
Além disso, o STF: 
a) condenou os réus a pagarem danos morais coletivos; 
b) não acolheu o pedido de danos materiais; 
c) decretou, em favor da União, a perda dos bens, direitos e valores objeto da lavagem em relação a qual 
foram condenados, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; 
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d) decretou a interdição dos condenados para o exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza 
e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no 
art. 9º da Lei nº 9.613/1998, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade a eles aplicada. 
 
Corrupção passiva 
Ao tratar do crime de corrupção passiva cometido pelo ex-deputado, o STF afirmou que o tipo exige a 
demonstração de que o favorecimento negociado pelo agente público se encontre no rol das atribuições 
previstas para a função que exerce. 
 
O ex-deputado federal, ao interceder junto ao diretor da Petrobrás, praticou um ato que está no seu rol 
de atribuições? A vantagem indevida que ele recebeu estava relacionada com a sua função de 
parlamentar? 
O STF entendeu que sim. 
O regime presidencialista brasileiro confere aos parlamentares um poder que vai além da elaboração e 
votação de lei e outros atos normativos. Os parlamentares possuem intensa participação nas decisões de 
governo, inclusive por meio da indicação de cargos no Poder Executivo. Essa dinâmica é própria do sistema 
presidencialista brasileiro, que exige uma coalizão para viabilizar a governabilidade. Trata-se do chamado 
“presidencialismo de coalizão”. 
 
Presidencialismo de coalização 
“A expressão ‘presidencialismo de coalizão’ foi usada há 25 anos no título de um artigo acadêmico do 
cientista político Sérgio Abranches, ao qual se atribui a criação do termo. 
Ela designa a realidade de um país presidencialista em que a fragmentação do poder parlamentar entre 
vários partidos (atualmente, 23 têm representação no Congresso Nacional) obriga o Executivo a uma 
prática que costuma ser mais associada ao parlamentarismo. Para governar, ele precisa costurar uma 
ampla maioria, frequentemente contraditória em relação ao programa do partido no poder, difusa do 
ponto de vista ideológico e problemática no dia a dia, em razão do potencial de conflitos trazido por uma 
aliança formada por forças políticas muito distintas entre si e que com frequência travam violenta 
competição interna. 
Daí o que Abranches apresentou como o ‘dilema institucional’ brasileiro. Mesmo eleito diretamente (o 
que não ocorre no parlamentarismo, onde o Legislativo forma o gabinete governamental), o presidente 
da República, em uma nação presidencialista, torna-se refém do Congresso. Este, por outro lado, embora 
forte o bastante para azucrinar a vida do presidente de plantão, não possui musculatura suficiente para 
ditar o ritmo da política e enfrentar com razoável autonomia e celeridade as grandes questões nacionais.” 
(COSTA, Sylvio. O presidencialismo de coalizão. Disponível em: 
https://congressoemfoco.uol.com.br/eleicoes/o-presidencialismo-de-coalizao/) 
 
Diante disso, no “presidencialismo de coalização” o poder conferido aos parlamentares vai muito além da 
mera deliberação de atos legislativos. 
Os Deputados Federais e Senadores possuem grande poder nas decisões de governo por meio da indicação 
de quadros (nomes) para ocuparem os cargos no Poder Executivo. 
Entretanto, infelizmente, acaba ocorrendo um “mercadejamento” (comércio) da função parlamentar 
porque alguns Deputados Federais e Senadores cobram vantagens indevidas para dar sustentação política 
na nomeação ou manutenção de determinadas pessoas nos cargos públicos. 
Logo, os Deputados Federais e Senadores, mesmo não possuindo competência formalpara nomear ou 
exonerar pessoas de cargos públicos vinculados ao Poder Executivo, podem praticar corrupção passiva ao 
receberem vantagens indevidas para interferirem nesses atos. 
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Assim, é é plenamente viável a configuração do delito de corrupção passiva quando a vantagem indevida 
é solicitada, recebida ou aceita pelo agente público, em troca da manifestação da força política que este 
detém para a condução ou sustentação de determinado agente em cargo que demanda tal apoio. 
Vale ressaltar que não se trata de criminalizar a atividade político-partidária. O que se está fazendo é 
apenas responsabilizando os parlamentares que transbordam os limites do exercício legítimo da 
representação popular. 
Vencidos, no ponto, os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, que desclassificaram a infração 
para o crime de tráfico de influência. Para eles, a vantagem indevida teria sido recebida a pretexto de 
influir em ato praticado por funcionário público. 
 
Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem indevida para interceder junto a 
diretor da Petrobrás com o intuito de que fazer com que a empresa faça acordo com empresa privada e 
pague a ela determinadas quantias em atraso. 
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981). 
 
Danos morais coletivos 
O ordenamento jurídico tutela, no âmbito da responsabilidade, o dano moral não apenas na esfera 
individual como também na coletiva, conforme previsto no inciso X do art. 5º da Constituição Federal e 
no art. 186 do Código Civil. 
Destaque-se ainda a previsão do inciso VIII do art. 1º da Lei nº 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública): 
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de 
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: 
(...) 
VIII – ao patrimônio público e social. 
 
A doutrina admite, há muito tempo, a possibilidade de configuração da responsabilidade civil decorrente 
de dano moral coletivo com base na prática de ato ilícito. 
 
O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio processo penal, a pagar 
danos morais coletivos. 
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981). 
 
Danos materiais 
A 2ª Turma do STF não acolheu o pedido do Ministério Público para condenação do réu por danos 
materiais. No entanto, essa recusa ocorreu não por um impedimento jurídico, e sim por ausência de 
provas. Os Ministros entenderam que não havia elementos adequados nos autos para se mensurar o 
possível dano material advindo das condutas dos imputados. 
Ficou registrado que essa responsabilização pode ainda ser busca no juízo cível competente, mediante 
instrumentos próprios de definição de responsabilidade civil. 
 
Perda do mandato eletivo 
Na ação penal, o MPF pedia a perda do mandato eletivo do Deputado. 
A Turma julgou ter havido a perda do objeto. Isso porque com o término da Legislatura 2015-2019, 
encerrou-se o mandato político do denunciado. 
A despeito de ter reassumido o mandato de deputado federal na Legislatura 2019-2023, na qualidade de 
suplente, não mais se encontra no exercício desse cargo parlamentar. 
 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
FIXAÇÃO DE VALOR MÍNIMO 
A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo 
para reparação dos danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP) 
poderá condenar o réu ao pagamento de danos morais coletivos 
 
Importante!!! 
O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio processo 
penal, a pagar danos morais coletivos. 
O ordenamento jurídico tutela, no âmbito da responsabilidade, o dano moral não apenas na 
esfera individual como também na coletiva, conforme previsto no inciso X do art. 5º da 
Constituição Federal e no art. 186 do Código Civil. Destaque-se ainda a previsão do inciso VIII 
do art. 1º da Lei nº 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública). 
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981). 
 
A sentença penal condenatória, depois de transitada em julgado, produz diversos efeitos. 
Um dos efeitos é que a condenação gera a obrigação do réu de reparar o dano causado: 
Código Penal 
Art. 91. São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
 
A sentença condenatória, inclusive, constitui-se em título executivo judicial: 
Código de Processo Civil 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos 
previstos neste Título: 
(...) 
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
 
Assim, a vítima (ou seus sucessores), de posse da sentença que condenou o réu, após o seu trânsito em 
julgado, dispõe de um título que poderá ser executado no juízo cível para cobrar o ressarcimento pelos 
prejuízos sofridos em decorrência do crime. 
 
Qual era, no entanto, a dificuldade antes da Lei nº 11.719/2008? 
Apesar de ser reconhecida a obrigação de indenizar (an debeatur), não era possível que a vítima (ou seus 
sucessores) executasse imediatamente a sentença, porque não havia sido definido ainda o valor da 
indenização (quantum debeatur). Em outras palavras, a sentença condenatória reconhecia que a vítima 
tinha direito à indenização a ser paga pelo condenado, mas não dizia o quanto. 
Com isso, a vítima (ou seus sucessores) tinha ainda que tomar uma outra providência antes de executar: 
promover a liquidação. 
O legislador tentou facilitar a situação da vítima e, por meio da Lei nº 11.719/2008, alterou o CPP, 
prevendo que o juiz, ao condenar o réu, já estabeleça na sentença um valor mínimo que o condenado 
estará obrigado a pagar a título de reparação dos danos causados. Veja: 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
(...) 
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IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os 
prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719/2008) 
 
Desse modo, se o juiz, na própria sentença, já fixar um valor certo para a reparação dos danos, não será 
necessário que a vítima ainda promova a liquidação, bastando que execute este valor caso não seja pago 
voluntariamente pelo condenado. 
 
Veja o parágrafo único do art. 63 do CPP, que explicita essa possibilidade: 
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no 
juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus 
herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada 
pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da 
liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº 11.719/2008). 
 
Além dos prejuízos materiais, o juiz poderá também condenar o réu a pagar a vítima por danos morais? 
SIM. 
O juiz, ao proferir sentença penal condenatória, no momento de fixar o valor mínimo para a reparação 
dos danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto diante de um caso 
concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral sofrido pela vítima, desde que 
fundamente essa opção. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.585.684-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 9/8/2016(Info 588). 
 
Isso porque o art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos materiais e a legislação penal deve 
sempre priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os prejuízos sofridos. 
 
É possível que o réu seja condenado em danos morais coletivos? 
SIM. 
O ordenamento jurídico tutela, no âmbito da responsabilidade, o dano moral não apenas na esfera 
individual como também na coletiva, conforme previsto no inciso X do art. 5º da Constituição Federal e 
no art. 186 do Código Civil. 
Destaque-se ainda a previsão do inciso VIII do art. 1º da Lei nº 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública): 
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de 
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: 
(...) 
VIII – ao patrimônio público e social. 
 
A doutrina admite, há muito tempo, a possibilidade de configuração da responsabilidade civil decorrente 
de dano moral coletivo com base na prática de ato ilícito. 
Em um caso concreto envolvendo corrupção passiva cometida por Deputado Federal, o STF decidiu: 
O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio processo penal, a pagar 
danos morais coletivos. 
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981). 
 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) É inconstitucional lei estadual que discipline a instalação de antenas transmissoras de telefonia celular. ( ) 
2) (PGM Campo Grande 2019 CEBRASPE) Por ser competência privativa da União legislar sobre 
telecomunicações, é inconstitucional lei municipal que discipline o uso e a ocupação do solo urbano para 
instalação de torres de telefonia celular no respectivo município. ( ) 
3) Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem indevida para interceder junto a 
diretor da Petrobrás com o intuito de que fazer com que a empresa faça acordo com empresa privada e 
pague a ela determinadas quantias em atraso. ( ) 
4) A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados 
pela infração poderá condenar o réu ao pagamento de danos morais coletivos. ( ) 
 
Gabarito 
1. C 2. E 3. C 4. C 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
 
Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio 
eletrônico* 
 Em curso Finalizados 
Pleno 10.06.2020 — 1 — 117 
1ª Turma — — — — 216 
2ª Turma 09.06.2020 — — 1 126 
 
* Emenda Regimental 52/2019-STF. Sessão virtual de 5 a 15 de junho de 2019. 
 
CLIPPING DAS SESSÕES VIRTUAIS 
DJE DE 8 A 12 DE JUNHO DE 2020 
ACO 3.068 
RELATOR: MIN. ALEXANDRE DE MORAES 
Decisão: O Tribunal, por maioria, entendeu não ser da sua competência a resolução do conflito, vencidos os Ministros 
Celso de Mello e Marco Aurélio, que entendiam pela competência do STF. Dentre os Ministros que não conheciam da 
ação, foi assentado, por maioria, que a competência para dirimir o conflito é do Procurador-Geral da República. Nesse 
sentido, votaram os Ministros Edson Fachin, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Roberto Barroso. Ficaram 
vencidos os Ministros Alexandre de Moraes (Relator), Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Luiz Fux, que entendiam 
pela competência do Conselho Nacional do Ministério Público. Redigirá o acórdão o Ministro Edson Fachin. Plenário, 
Sessão Virtual de 17.4.2020 a 24.4.2020. 
CONSTITUCIONAL. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE MINISTÉRIOS PÚBLICOS. MINISTÉRIO PÚBLICO 
FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. ALCANCE DO ARTIGO 102, 
INCISO I, ALÍNEA F DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DISPOSITIVO DIRECIONADO PARA ATRIBUIR 
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA AO STF EM CASOS DE CONFLITO FEDERATIVO. REVISITAÇÃO DA 
JURISPRUDÊNCIA ASSENTADA PELA CORTE (ACO 1.109/SP E PET 3.528/BA). MERO CONFLITO DE 
ATRIBUIÇÕES QUANTO À ATUAÇÃ ENTRE DIFERENTES ÓRGÃOS MINISTERIAIS DA FEDERAÇÃO. 
SITUAÇÃO INSTITUCIONAL E NORMATIVA INCAPAZ DE COMPROMETER O PACTO FEDERATIVO 
AFASTA A REGRA QUE ATRIBUI COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA AO STF. NÃO CONHECIMENTO DA AÇÃO 
CÍVEL ORIGINÁRIA E REMESSA DOS AUTOS AO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA (PGR) 
(PRECEDENTE FIXADO PELA ACO 1.394/RN). 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no 
sentido de que não mais cabe a esta Corte dirimir ordinariamente eventual conflito de atribuições entre Ministério Público 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 981-STF (18/06/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Federal e Ministério Público Estadual. Na mesma ocasião, foi assentado que competirá ao Procurador-Geral da República 
a tarefa de resolver esses conflitos de atribuições. 2. Ação cível originária não conhecida. Autos remetidos ao Procurador-
Geral da República, a quem pertence a atribuição para dirimir o conflito, nos termos da jurisprudência deste Supremo 
Tribunal Federal. 
 
ADI 1.485 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado na ação, mantido o entendimento ensejador 
do indeferimento da medida cautelar, nos termos do voto da Relatora, vencidos os Ministros Edson Fachin e Ricardo 
Lewandowski. O Ministro Roberto Barroso acompanhou a Relatora com ressalvas. Por fim, e tendo em vista ter o STJ 
suspendido o julgamento da AC 46 para que fosse aguardado o julgamento desta ação, foi determinado que se oficie 
àquela egrégia Corte de Justiça. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de 
Mello. Plenário, Sessão Virtual de 14.2.2020 a 20.2.2020. 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS. ATUAÇÃO REMUNERADA EM 
CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO E FISCAL DE EMPRESAS ESTATAIS. CONSTITUCIONALIDADE. 1. A 
autorização dada pela Lei 9.292/1996 para que servidores públicos participem de conselhos de administração e fiscal das 
empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como entidades sob controle 
direto ou indireto da União não contraria a vedação à acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas 
trazida nos incisos XVI e XVII do artigo 37 da Constituição, uma vez que essa atuação como conselheiro não representa 
exercício de cargo ou função pública em sentido estrito. 2. Não é objeto da ação saber se a remuneração por esse exercício 
poderia ser recebida por servidores remunerados em regime de subsídio ou estaria sujeita ao teto remuneratório 
constitucional. 3. Ação direta julgada improcedente, mantido o entendimento ensejador do indeferimento da medida 
cautelar. (Rel. Min. José Néri da Silveira, 07.8.1996, DJ de 05.11.1999) 
 
ADPF 548 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, confirmando a medida cautelar referendada pelo Plenário, julgou procedente a 
presente arguição de descumprimento de preceito fundamental para: a) declarar nulas as decisões impugnadas na presente 
ação, proferidas pelo Juízo da 17ª Zona Eleitoral de Campina Grande/PB, pelo Juízo da 20ª Zona Eleitoral do Rio Grande 
do Sul, pelo Juízo da 30ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte/MG, pelo Juízo da 199ª Zona Eleitoral de Niterói/RJ e pelo 
Juízo da 18ª Zona Eleitoral de Dourados/MS; b) declarar inconstitucional a interpretação dos arts. 24 e 37 da Lei n. 
9.504/1997 que conduza à prática de atos judiciais ou administrativos pelos quais se possibilite, determine ou promova o 
ingresso de agentes públicos em universidades públicas e privadas, o recolhimento de documentos, a interrupção de aulas, 
debates ou manifestações de docentes e discentes universitários, a atividade disciplinar docente e discente e a coleta 
irregular de depoimentos desses cidadãospela prática de manifestação livre de ideias e divulgação do pensamento nos 
ambientes universitários ou em equipamentos sob a administração de universidades públicas e privadas e serventes a seus 
fins e desempenhos, nos termos do voto da Relatora. Falaram: pelo amicus curiae Confederação Nacional dos 
Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino - CONTEE, o Dr. Joelson Dias; pelo amicus curiae Federação de 
Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (FASUBRA - SINDICAL), o Dr. Claudio Santos da Silva; 
pelo amicus curiae Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES, a Dra. Monya Ribeiro 
Tavares; e, pelo amicus curiae Instituto Mais Cidadania, o Dr. Luiz Gustavo de Andrade. Plenário, Sessão Virtual de 
8.5.2020 a 14.5.2020. 
EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. DECISÕES DA JUSTIÇA 
ELEITORAL. BUSCA E APREENSÃO EM UNIVERSIDADES E ASSOCIAÇÕES DE DOCENTES. PROIBIÇÕES 
DE AULAS E REUNIÕES DE NATUREZA POLÍTICA E DE MANIFESTAÇÕES EM AMBIENTE FÍSICO OU 
VIRTUAL. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO E DA 
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA. ADPF JULGADA PROCEDENTE. 1. Nulidade das decisões da Justiça Eleitoral 
impugnadas na presente ação. Inconstitucionalidade de interpretação dos arts. 24 e 37 da Lei n. 9.504/1997 que conduza 
a atos judiciais ou administrativos que possibilitem, determinem ou promovam ingresso de agentes públicos em 
universidades públicas e privadas, recolhimento de documentos, interrupção de aulas, debates ou manifestações de 
docentes e discentes universitários, a atividade disciplinar docente e discente e coleta irregular de depoimentos pela prática 
de manifestação livre de ideias e divulgação de pensamento nos ambientes universitários ou equipamentos sob 
administração de universidades púbicas e privadas e serventes a seus fins e desempenhos. 2. Arguição de descumprimento 
de preceito fundamental julgada procedente. 
 
ADI 2.902 
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
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Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade total da Lei nº 10.995/2001 do Estado de São Paulo, nos termos do voto do Relator. Falou, pelo 
amicus curiae, o Dr. Felipe Monnerat Solon de Pontes. Afirmou suspeição o Ministro Roberto Barroso. Plenário, Sessão 
Virtual de 24.4.2020 a 30.4.2020. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL 10.995/2001 DE SÃO PAULO. 
INSTALAÇÃO DE ANTENAS TRANSMISSORAS DE TELEFONIA CELULAR. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA 
UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE TELECOMUNICAÇÕES. NORMA ESTADUAL EDITADA NO ÂMBITO DA 
COMPETÊNCIA ESTADUAL DE PROTEÇÃO À SAÚDE. LEI FEDERAL QUE CLARAMENTE REGULAMENTA 
A MATÉRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO DIRETA. 1. Nos casos em que a dúvida 
sobre a competência legislativa recai sobre norma que abrange mais de um tema, deve o intérprete acolher interpretação 
que não tolha a competência que detêm os entes menores para dispor sobre determinada matéria (presumption against 
preemption). 2. Porque o federalismo é um instrumento de descentralização política que visa realizar direitos 
fundamentais, se a lei federal ou estadual claramente indicar, de forma necessária, adequada e razoável, que os efeitos de 
sua aplicação excluem o poder de complementação que detêm os entes menores (clear statement rule), é possível afastar 
a presunção de que, no âmbito regional, determinado tema deve ser disciplinado pelo ente maior. 3. A União, no exercício 
de suas competências (art. 21, XI e art. 22, IV CRFB), editou a Lei 9.472/1997, que, de forma nítida, atribui à Anatel a 
definição de limites para a tolerância da radiação emitida por antenas transmissoras. Precedente. 4. A União, por meio da 
Lei 11.934, fixou limites proporcionalmente adequados à exposição humana a campos elétricos, magnéticos e 
eletromagnéticos. Precedente. 5. Dessa forma, a presunção de que gozam os entes menores para, nos assuntos de interesse 
comum e concorrente, legislarem sobre seus respectivos interesses (presumption against preemption) foi nitidamente 
afastada por norma federal expressa (clear statement rule) 6. É inconstitucional a Lei n. 10.995/2001 do Estado de São 
Paulo, pois, a pretexto de proteger a saúde da população, disciplinando a instalação de antenas transmissoras de telefonia 
celular, adentrou na esfera de competência privativa da União. 7. Ação direta julgada procedente. 
 
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS 
8 A 12 DE JUNHO DE 2020 
Medida Provisória nº 979, de 9.6.2020 - Dispõe sobre a designação de dirigentes pro tempore para as instituições federais 
de ensino durante o período da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia da 
covid-19, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. 
Medida Provisória nº 980, de 10.6.2020 - Altera a Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019, para criar o Ministério da 
Ciência, Tecnologia e Inovações e o Ministério das Comunicações. 
Lei nº 14.010, de 10.6.2020 - Dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito 
Privado (RJET) no período da pandemia do coronavírus (Covid-19). 
Lei nº 14.011, de 10.6.2020 - Aprimora os procedimentos de gestão e alienação dos imóveis da União; altera as Leis n 
os 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 9.636, de 15 de maio de 1998, 13.240, de 30 de dezembro de 2015, 13.259, de 16 
de março de 2016, e 10.204, de 22 de fevereiro de 2001, e o Decreto-Lei nº 2.398, de 21 de dezembro de 1987; revoga 
dispositivos das Leis n os 9.702, de 17 de novembro de 1998, 11.481, de 31 de maio de 2007, e 13.874, de 20 de setembro 
de 2019; e dá outras providências. 
Lei nº 14.013, de 10.6.2020 - Dispõe sobre o valor do salário-mínimo a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2020; e dá 
outras providências. 
Medida Provisória nº 981, de 12.6.2020 - Revoga a Medida Provisória nº 979, de 9 de junho de 2020, que dispõe sobre a 
designação de dirigentes pro tempore para as instituições federais de ensino durante o período da emergência de saúde 
pública de importância internacional decorrente da pandemia da covid-19, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro 
de 2020. 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
8 A 12 DE JUNHO DE 2020 
 
Resolução STF nº 686 DE 10.6.2020 - Prorroga a suspensão de prazos de processos físicos no Supremo Tribunal Federal. 
Supremo Tribunal Federal – STF 
Secretaria de Documentação 
Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência 
cdju@stf.jus.br 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Mpv/mpv979.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Mpv/mpv980.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Lei/L14010.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Lei/L14011.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Lei/L14013.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Mpv/mpv981.htm
https://www.stf.jus.br/arquivo/djEletronico/DJE_20200610_147.pdf
mailto:cdju@stf.jus.br

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