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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
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 Informativo 977-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PODER LEGISLATIVO 
▪ É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa convocar 
o Presidente do STJ ou o PGJ para prestar informações, sob pena de crime de responsabilidade. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
CONCURSO PÚBLICO 
▪ A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão funcional, vedada pelo art. 37, 
II, da CF/88. 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
▪ Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua, mas não pode exigir que ele peça autorização 
todas as vezes em que for sair da localidade. 
 
DIREITO ELEITORAL 
PRAZOS ELEITORAIS 
▪ Mesmo com a covid-19, foram mantidos os prazos para filiação partidária e desincompatibilização nas eleições 
municipais de 2020. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
DIREITO FINANCEIRO 
▪ As restrições impostas pelos arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF não se aplicam durante o estado de calamidade pública 
decorrente do coronavírus. 
 
DIREITO FINANCEIRO 
▪ Lei estadual não pode autorizar que o Estado utilize recursos de depósitos judiciais, em percentuais e para 
finalidades diferentes daquilo que é previsto na legislação federal 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
ACIDENTE DE TRABALHO 
▪ O art. 21-A da Lei nº 8.213/91 é constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
PODER LEGISLATIVO 
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia 
Legislativa convocar o Presidente do TJ ou o PGJ para prestar informações, sob pena de crime de 
responsabilidade 
 
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a 
Assembleia Legislativa convocar o Presidente do Tribunal de Justiça ou o Procurador-Geral de 
Justiça para prestar informações na Casa, afirmando que a sua ausência configura crime de 
responsabilidade. 
O art. 50 da CF/88, norma de reprodução obrigatória, somente autoriza que o Poder 
Legislativo convoque autoridades do Poder Executivo, e não do Poder Judiciário ou do 
Ministério Público. 
Não podem os Estados-membros ampliar o rol de autoridades sujeitas à convocação pelo 
Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade, por violação ao princípio da 
simetria e à competência privativa da União para legislar sobre o tema. 
STF. Plenário. ADI 2911, Rel. Carlos Britto, julgado em 10/08/2006. 
STF. Plenário. ADI 5416, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2020 (Info 977). 
 
Imagine a seguinte situação: 
A Constituição do Estado do Espírito Santo previu que a Assembleia Legislativa ou qualquer de suas 
comissões, através da Mesa, poderá convocar o Procurador-Geral da Justiça para prestar, pessoalmente, 
as informações sobre assunto previamente determinado, importando a ausência sem justificação 
adequada, crime de responsabilidade. 
 
Essa previsão é constitucional? 
NÃO. 
O Estado-membro, ainda que por meio de sua Constituição, não pode criar crime de responsabilidade: 
Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas 
normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União. 
 
++ (Juiz TJDFT 2016 CESPE) A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas 
normas de processo e julgamento são da competência legislativa concorrente da União e das unidades da 
Federação. (errado) 
 
O Poder Legislativo possui poder de convocar determinadas autoridades, mas autoridades integrantes do 
Poder Executivo, e não do Poder Judiciário ou do Ministério Público. Esse poder convocatório está previsto 
no art. 50 da CF/88: 
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão 
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à 
Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente 
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. 
 
++ (Juiz TJ/ES 2012 CESPE) Como auxiliares diretos do presidente da República, os ministros de Estado 
podem ser convocados para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado 
perante o plenário do Senado Federal e o da Câmara dos Deputados; contudo, no que diz respeito às 
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comissões, o comparecimento deles só pode ocorrer por sua própria iniciativa e mediante entendimento 
com a Mesa respectiva. (errado) 
 
As Constituições Estaduais ao tratarem sobre o tema, ou seja, ao disciplinarem o poder da Assembleia 
Legislativa para convocar autoridades, deverão seguir o mesmo modelo da Constituição Federal em 
atenção ao princípio da simetria. Nesse sentido: 
O art. 50, caput e § 2º, da Constituição Federal traduz norma de observância obrigatória pelos Estados-
membros, que, por imposição do princípio da simetria (art. 25, CF), não podem ampliar o rol de 
autoridades sujeitas à fiscalização direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade. 
STF. Plenário. ADI 5.300, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe 28/6/2018. 
 
Em suma: 
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia 
Legislativa convocar o Presidente do Tribunal de Justiça ou o Procurador-Geral de Justiça para prestar 
informações na Casa, afirmando que a sua ausência configura crime de responsabilidade. 
O art. 50 da CF/88, norma de reprodução obrigatória, somente autoriza que o Poder Legislativo 
convoque autoridades do Poder Executivo, e não do Poder Judiciário ou do Ministério Público. 
Não podem os Estados-membros ampliar o rol de autoridades sujeitas à convocação pelo Poder 
Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade, por violação ao princípio da simetria e à 
competência privativa da União para legislar sobre o tema. 
STF. Plenário. ADI 5416, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2020 (Info 977). 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
CONCURSO PÚBLICO 
A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior 
constitui ascensão funcional, vedada pelo art. 37, II, da CF/88 
 
A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão 
funcional, vedada pelo art. 37, II, da CF/88. 
STF. Plenário. ADI 3199, Rel. Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020 (Info 977). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
A Lei Complementar nº 98/2001, do Estado de Mato Grosso, unificou as carreiras de “Agente Arrecadador 
de Tributos Estaduais” e de “Agente de Fiscalização e Arrecadação de Tributos Estaduais” em uma carreira 
única denominada “Agente de Tributos Estaduais”. 
Vale ressaltar, no entanto, que, para ingresso na carreira de “Agente Arrecadador de Tributos Estaduais” 
exigia-se nível superior e para carreira de “Agente de Fiscalização e Arrecadação de Tributos Estaduais” 
bastava o “ensino médio”. 
Assim, unificou-se uma carreira de ensino superior com outra de ensino médio. 
 
Essa Lei complementar é constitucional? 
NÃO. Essa lei é inconstitucional porque promoveu uma hipótese clássica de “ascensão funcional”, violando 
a regra do concurso público, prevista no art. 37, II, da CF/88: 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
(...) 
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público 
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou 
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado 
em lei de livre nomeação e exoneração; 
 
A referida Lei estadual incluiu, na mesma carreira, cargo e funções com exigências para ingresso distintos, 
de modo que servidores com apenas ensino médio passaram a fazer parte de uma nova carreira de nível 
superior, com remuneração distinta da carreira para a qual fizeram concurso, em clara violação à exigência 
constitucional de concurso público. 
 
Em suma: 
A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão funcional, vedada 
pelo art. 37, II, da CF/88. 
STF. Plenário. ADI 3199, Rel. Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020 (Info 977). 
 
Vale ressaltar que, no caso concreto, como a lei vigorou por mais de 18 anos, o STF decidiu modular os 
efeitos da decisão de modo que a declaração de inconstitucionalidade produza efeitos somente a partir 
da data da publicação da ata de julgamento. 
 
DOD PLUS – INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES 
Ascensão funcional 
Ascensão funcional (também conhecida como acesso ou transposição) é a progressão funcional do 
servidor público entre cargos de carreiras distintas. Ocorre quando o servidor é promovido para um cargo 
melhor, sendo este, no entanto, integrante de uma carreira diferente. 
A ascensão funcional era extremamente comum antes da CF/88. Quando o servidor chegava ao último 
nível de uma carreira, ele ascendia para o primeiro nível de carreira diversa (e superior) sem necessidade 
de concurso público. 
Ex.1: o indivíduo é servidor público e ocupa o cargo de técnico judiciário; a lei previa que, se ele chegasse 
à última classe de técnico judiciário, poderia ser promovido à analista judiciário. 
Ex.2: o agente de polícia de último nível tornava-se delegado de polícia de nível inicial. 
Antes da CF/88, somente se exigia o concurso público para o ato da primeira investidura. 
 
A ascensão funcional é compatível com a CF/88? 
NÃO. A promoção do servidor por ascensão funcional constitui uma forma de “provimento derivado 
vertical”, ou seja, a pessoa assume um outro cargo (provimento) em virtude de já ocupar um anterior (ou 
seja, derivado do primeiro), subindo no nível funcional para um cargo melhor (vertical). 
A ascensão funcional é inconstitucional porque a CF/88 afirma que a pessoa somente pode assumir um 
cargo público após aprovação em concurso público (art. 37, II), salvo as hipóteses excepcionais previstas 
no texto constitucional. Desse modo, a ascensão viola o princípio do concurso público. 
Veja esta ementa bem elucidativa: 
(...) O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de banir o acesso ou ascensão, que 
constitui forma de provimento de cargo em carreira diversa daquela para a qual o servidor ingressou no 
serviço público. (...) 
STF. 2ª Turma. RE 602795 AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 16/03/2010. 
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A fim de deixar muito explícito seu entendimento sobre o tema, o STF editou o seguinte enunciado: 
Súmula vinculante 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a 
carreira na qual anteriormente investido. 
 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua, mas não pode exigir que 
ele peça autorização todas as vezes em que for sair da localidade 
 
A regra que estabelece a necessidade de residência do servidor no município em que exerce 
suas funções é compatível com a Constituição de 1988, a qual já prevê obrigação semelhante 
para magistrados, nos termos do seu art. 93, VII. 
Por outro lado, viola a Constituição a lei estadual que proíba a saída do servidor do Município 
sede da unidade em que atua sem autorização do superior hierárquico. Essa previsão 
configura grave violação da liberdade fundamental de locomoção (art. 5º, XV, da CF/88) e do 
devido processo legal (art. 5º, LIV). 
STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020 (Info 977). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
O art. 244 do Estatuto dos Policiais Civis do Estado do Estado do Espírito Santo (LC estadual 3.400/81) 
previu que as autoridades policiais, seus agentes e auxiliares: 
• são obrigados a residir no Município onde prestam serviços ou outro local onde tenha sido permitido; e 
• não podem afastar-se do Município sem prévia autorização superior, salvo para atos e diligências de sua 
função. 
 
Essa previsão é compatível com a CF/88? 
Em parte. 
 
Dever de residir no local em que exerce suas atribuições 
Essa previsão é compatível com a Constituição Federal. 
Vale ressaltar, inclusive, que a CF/88 possui uma obrigação semelhante dirigida aos magistrados, no art. 
93, VII: “o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal”. 
Desse modo, se o constituinte entendeu compatível com as liberdades fundamentais a exigência de 
moradia onde são exercidas as atribuições profissionais, não há motivos para vedar que o legislador amplie 
a regra para abranger outros servidores públicos. 
 
Dever de não se ausentar do município sede da unidade policial sem prévia autorização superior 
Essa previsão viola a Constituição Federal. 
Submeter ao crivo da Administração superior a possibilidade de saída do município sede da autoridade 
policial equivale a estabelecer, em desfavor do servidor, grave medida restritiva de liberdade, sem razões 
válidas que a amparem. 
A proibição de ausentar-se da Comarca é medida cautelar penal prevista no art. 319, IV, do CPP, que 
apenas pode ser decretada em caráter excepcionalíssimo, quando: 
a) a permanência for conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; e 
b) a medida for adequada à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado 
ou acusado (art. 282, II, CPP). 
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Considerando que mesmo durante a persecução penal a proibição de deixar a Comarca assume caráter 
extraordinário, deve-se concluir que essa intervenção drástica na liberdade ambulatorial não pode ser 
imposta no regime jurídico dos servidores públicos. 
O art. 5º, XV, da Constituição assegura a liberdade de locomoção. A investidura em cargo público não tem 
o condão de fazer com que o servidor perca essa garantia constitucional. Assim, o agente público não pode 
ficar confinado aos limites do Município no qual exerce suas funções, submetido à autorização de seus 
superiores para transitar pelo território nacional. 
O STF já declarou inconstitucionais, em diversas oportunidades, normas que proibiam o afastamento de 
juízes de suas comarcas, podendo esse mesmo raciocínio ser aplicado ao caso concreto. 
 
Em suma: 
A regra que estabelece a necessidade de residência do servidor no município em que exerce suas 
funções é compatível com a Constituição de 1988, a qual já prevê obrigação semelhante para 
magistrados, nos termos do seu art. 93, VII. 
Por outro lado, viola a Constituição a lei estadual que proíba a saída do servidor do Município sede da 
unidade em que atua sem autorização dosuperior hierárquico. Essa previsão configura grave violação 
da liberdade fundamental de locomoção (art. 5º, XV, da CF/88) e do devido processo legal (art. 5º, LIV). 
STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020 (Info 977). 
 
 
 
DIREITO ELEITORAL 
 
PRAZOS ELEITORAIS 
Mesmo com a covid-19, foram mantidos os prazos para filiação partidária e 
desincompatibilização nas eleições municipais de 2020 
 
Covid-19 
Mesmo com a situação de calamidade pública decorrente da covid-19, são constitucionais e 
devem ser mantidos os prazos para filiação partidária e desincompatibilização previstos na 
legislação para a as eleições municipais de 2020. 
STF. Plenário. ADI 6359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2020 (Info 977). 
 
O presente julgado envolve dois prazos eleitorais: 
1) o prazo para que o candidato tenha domicílio eleitoral na circunscrição onde será candidato (art. 9º, da 
Lei nº 9.04/97); 
2) o prazo para desincompatibilização em relação a determinados cargos e funções (art. 1º, IV, V e VII, da 
LC 64/90). 
 
Domicílio eleitoral 
Uma das condições para que a pessoa possa concorrer nas eleições é que ela tenha domicílio eleitoral na 
circunscrição (art. 14, § 3º, IV, da CF/88). 
Assim, o candidato deve possuir domicílio eleitoral no local onde quer se candidatar pelo período mínimo 
previsto na legislação infraconstitucional. 
 
 
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Conceito de domicílio eleitoral: 
Domicílio eleitoral é o lugar onde a pessoa tem vínculos políticos (ex: participa do diretório do partido no 
local), sociais (ex: é líder comunitário), profissionais (ex: trabalha na cidade), econômicos (ex: possui 
empresa no Município) ou até mesmo afetivos. 
Enfim, mesmo que a pessoa não more naquele Município ou Estado, ela, em tese, pode ter domicílio 
eleitoral ali, desde que possua um dos vínculos acima expostos. 
Trata-se de uma interpretação bem mais ampla que o domicílio civil. 
Nesse sentido: 
Para o Código Eleitoral, domicílio é o lugar em que a pessoa mantém vínculos políticos, sociais e 
econômicos. A residência é a materialização desses atributos. Em tal circunstância, constatada a 
antiguidade desses vínculos, quebra-se a rigidez da exigência contida no art. 55, III. 
TSE. Ac. 4.769, 2.10.2004 
 
Prazo mínimo de domicílio eleitoral necessário: 6 meses, nos termos do art. 9º, da Lei nº 9.504/97: 
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva 
circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo 
prazo. 
Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no caput, 
será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido de 
origem. 
 
Desincompatibilização 
A lei prevê que a pessoa que quiser concorrer nas eleições precisará deixar de exercer determinados 
cargos, empregos ou funções alguns meses antes do pleito. Isso é chamado de desincompatibilização. 
O art. 1º, IV, V e VII, da LC 64/90 prevê prazos de desincompatibilização: 
Art. 1º São inelegíveis: 
(...) 
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: 
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para os cargos de 
Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito 
Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompatibilização; 
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) 
meses anteriores ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais; 
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no Município, nos 4 (quatro) meses 
anteriores ao pleito; 
V - para o Senado Federal: 
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República especificados na 
alínea a do inciso II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição 
pública, associação ou empresa que opere no território do Estado, observados os mesmos prazos; 
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para os cargos de Governador e Vice-
Governador, nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; 
(...) 
VII - para a Câmara Municipal: 
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal e 
para a Câmara dos Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização; 
b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo 
de 6 (seis) meses para a desincompatibilização. 
 
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A LC 64/90 tem como fundamento o § 9º do art. 14 da CF/88: 
Art. 14 (...) 
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, 
a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato 
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a 
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na 
administração direta ou indireta. 
 
ADI 
No dia 31/03/2020, o Partido Progressistas (PP) ajuizou ADI contra os dispositivos acima listados. 
O autor pediu para ser declarada a inconstitucionalidade progressiva/provisória dos preceitos normativos 
impugnados “ante os potenciais impactos nas Eleições de 2020 decorrentes da continuidade do cenário 
de calamidade ocasionado pela pandemia da COVID-19, que poderá inviabilizar a observância e 
cumprimento dos prazos de filiação partidária, domicílio eleitoral e de desincompatibilização”. 
Sustentou que tais normas traduzem “leis ainda constitucionais”, em transição para a 
inconstitucionalidade, e que a pretensão deduzida tem o objetivo de “evitar que o conjunto normativo 
impugnado transite completamente para um estado absoluto de inconstitucionalidade, acarretando uma 
série de prejuízos à democracia brasileira, à igualdade política e à soberania popular”. 
Em palavras mais simples, o partido alegou que, diante das inúmeras dificuldades decorrentes do 
coronavírus, não seria possível cumprir os prazos previstos na legislação. Logo, na ADI pediu para que o 
STF suspendesse, por 30 dias, o termo final para a filiação partidária e o prazo para desincompatibilização. 
 
O STF concordou com o pedido do autor? 
NÃO. O STF, por maioria, indeferiu pedido de medida cautelar. 
O Tribunal reputou ausentes, na hipótese, as circunstâncias excepcionais justificadoras da suspensão da 
eficácia dos preceitos normativos impugnados. 
 
Não há situação de inconstitucionalidade 
Considerou inadequada a aplicação da técnica da lei ainda constitucional, conforme pretendido pelo 
autor, para a solução da problemática sob análise. 
Em primeiro lugar, porque não se demonstrou que os fatos vivenciados (medidas de enfrentamento da 
pandemia da Covid-19) sejam justificativa idônea para o afastamento dos prazos. 
As medidas de distanciamento social provocam transtornos para as atividades de caráter político-
partidário. Entretanto, não é possível vislumbrar que isso esteja inviabilizando os princípios democrático 
e da soberania popular. 
Em segundo lugar, a imediata suspensão dos prazos previstos nos atos normativos impugnados teria como 
inadmissível consequência o enfraquecimento das proteções contra o abuso do exercício de função, cargo 
ou emprego na Administração direta ou indireta. Isso aumentaria de modo desproporcional o risco para a 
normalidade e a legitimidade das eleições, violando o art. 14, § 9º da CF/88 e, consequentemente, 
produziria um estado de coisascom potencial ainda maior de vulneração ao princípio democrático e à 
soberania popular. Além disso, colocaria em risco a cláusula pétrea da periodicidade do sufrágio (art. 60, 
§ 4º, II, da CF/88 e, em consequência, a soberania popular e o Estado Democrático de Direito (art. 1º, 
parágrafo único). 
 
Normas que definem os ritos e procedimentos têm por objetivo garantir o regime democrático 
As regras que tratam sobre os ritos e procedimentos eleitorais estão diretamente relacionadas com a 
democracia e devem ser reverenciadas como o que são: garantias de existência perene do regime 
democrático. 
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Prazos como o de desincompatibilização não são meras formalidades. Têm por objetivo assegurar a 
preponderância da isonomia, expressão que é do próprio princípio republicano, na disputa eleitoral. Sua 
inobservância pode vulnerar a própria legitimidade do processo eleitoral, valor consagrado no art. 14, § 
9º, da CF/88. 
O acolhimento da pretensão cautelar representaria um risco de fragilização do sistema democrático e do 
próprio Estado de direito relacionado à perturbação dos prazos eleitorais. 
 
Mudança nas regras representaria afronta ao art. 16 da CF/88 
O art. 16 da CF/88 prevê o seguinte: 
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se 
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
 
A exigência da anterioridade da lei eleitoral (art. 16 da CF/88) consubstancia marco temporal objetivo que 
tem por escopo impedir mudanças abruptas na legislação eleitoral, como forma de assegurar o devido 
processo legal eleitoral, o direito das minorias e a paridade de armas na disputa eleitoral. Desdobramento 
do postulado da segurança jurídica, o princípio da anterioridade – ou da anualidade – da lei eleitoral tem 
sido consistentemente prestigiado pelo Supremo Tribunal Federal, que já assentou a sua extensão às 
decisões judiciais que impliquem alteração de jurisprudência. 
 
TSE já reconheceu que há possibilidade fática de serem mantidos os prazos impugnados 
Em face das medidas excepcionais de enfrentamento da pandemia da Covid-19, a ideia de ampliar prazos 
eleitorais, com a antecedência buscada, pode ser tentadora. Não obstante, a história constitucional 
recomenda que, especialmente em situações de crise, se busque, ao máximo, a preservação dos 
procedimentos estabelecidos de expressão da vontade popular, das instituições conformadoras da 
democracia, que, não obstante sua falibilidade, pode ser uma das poucas salvaguardas da normalidade. 
Obviamente, a inviabilidade de condições fáticas pode impor suspensão, prorrogações, adiamentos. No 
entanto, o TSE, em sessão administrativa de 19/3/2020, rejeitou requerimento de prorrogação do prazo 
de filiação partidária e registrou, à unanimidade, a plena possibilidade de os partidos adotarem meios 
outros para assegurar a filiação partidária. 
 
Em suma: 
Mesmo com a situação de calamidade pública decorrente da covid-19, são constitucionais e devem ser 
mantidos os prazos para filiação partidária e desincompatibilização previstos na legislação para a as 
eleições municipais de 2020. 
STF. Plenário. ADI 6359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2020 (Info 977). 
 
Voto vencido 
Vencido o Ministro Marco Aurélio que extinguiu a ação por julgá-la inadequada. Segundo o Ministro, a 
disciplina da matéria — adiamento de atos alusivos ao calendário eleitoral — cabe ao Poder Legislativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
DIREITO FINANCEIRO 
As restrições impostas pelos arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF não se aplicam durante 
o estado de calamidade pública decorrente do coronavírus 
 
Importante!!! 
Covid-19 
Os arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF exigem, para o aumento de gastos tributários indiretos e 
despesas obrigatórias de caráter continuado, as estimativas de impacto orçamentário-
financeiro e a compatibilidade com a LDO, além da demonstração da origem dos recursos e a 
compensação de seus efeitos financeiros nos exercícios seguintes. O art. 114 da LDO/2020 
também traz restrições nesse sentido. 
Durante a pandemia do coronavírus, o Governo precisava tomar uma série de medidas que 
implicariam renúncia de receita ou então criação ou aumento de despesas e isso ofenderia as 
regras acima listadas. Diante disso, o Presidente da República ajuizou ADI pedindo que o STF 
afastasse essas exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF 101/2000) e da LDO/2020 
em relação à criação e à expansão de programas de prevenção ao novo coronavírus e de 
proteção da população vulnerável à pandemia. 
O Min. Alexandre de Moraes, monocraticamente, deferiu medida cautelar concordando com o 
pedido. 
Depois da liminar foi editada a Lei nº Lei nº 13.983/2020 e a EC 106/2020, que excepcionaram 
a aplicação dessas regras durante o período de calamidade pública decorrente do 
coronavírus. 
Diante disso, o STF decidiu: 
• referendar a medida cautelar deferida, ou seja, dizer que foi uma decisão juridicamente 
correta e que seus efeitos deveriam ser confirmados, por questões de segurança jurídica; 
• mas, ao mesmo tempo, o STF decidiu extinguir a ADI por perda superveniente de objeto. 
Vale ressaltar que o art. 3º da EC 106/2020 é aplicável não apenas à União, mas também 
Estados, DF e Municípios. 
STF. Plenário. ADI 6357 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/5/2020 (Info 977). 
 
Restrições impostas pela LRF 
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000) estabelece diversas restrições para a realização de 
despesas públicas. 
A LRF exige, para o aumento de gastos tributários indiretos e despesas obrigatórias de caráter continuado, 
as estimativas de impacto orçamentário-financeiro e a compatibilidade com a LDO, além da demonstração 
da origem dos recursos e a compensação de seus efeitos financeiros nos exercícios seguintes. 
Irei destacar aqui quatro artigos nesse sentido: 
1) Restrições para a concessão ou ampliação de incentivos ou benefícios tributários que impliquem 
renúncia de receita: 
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra 
renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro 
no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de 
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da 
lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas 
no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; 
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio 
do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, 
majoração ou criação de tributo ou contribuição. 
(...) 
 
2) Restrições para a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que gere aumento de 
despesa: 
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento 
da despesa será acompanhado de: 
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos 
dois subsequentes; 
II - declaração do ordenador da despesa de queo aumento tem adequação orçamentária e 
financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de 
diretrizes orçamentárias. 
(...) 
 
3) Restrições para a criação ou aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado: 
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida 
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua 
execução por um período superior a dois exercícios. 
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com 
a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. 
§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a 
despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo 
referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser 
compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. 
(...) 
 
4) Restrições para a criação, aumento ou extensão de despesas com seguridade social: 
Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou 
estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5º do art. 195 da 
Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17. 
(...) 
 
A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020 (Lei nº 13.898/2019) também trouxe previsões semelhantes em 
seu art. 114, caput e § 14. 
 
Medidas de combate à pandemia violariam esses dispositivos 
Durante a pandemia do coronavírus, o Governo precisava tomar uma série de medidas que implicariam 
renúncia de receita ou então criação ou aumento de despesas e isso ofenderia as regras acima explicadas. 
Diante disso, chegou-se em um conflito: ou se cumpria os artigos acima e várias medidas não poderiam 
ser adotadas ou, então, afastava-se temporariamente essas regras para a situação excepcional que 
vivíamos. 
 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
ADI proposta 
Em face desse cenário, em 27/03/2020, o Presidente da República ajuizou ADI pedindo que o STF afastasse 
essas exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF 101/2000) e da LDO/2020 em relação à criação e à 
expansão de programas de prevenção ao novo coronavírus e de proteção da população vulnerável à 
pandemia. 
A ADI foi distribuída ao Min. Alexandre de Moraes. 
 
Decisão monocrática 
Em 29/03/2020, o Relator, monocraticamente, deferiu medida cautelar. 
O Ministro atribuiu interpretação conforme a Constituição Federal aos dispositivos que preveem essas 
exigências, para afastá-las durante a emergência em saúde pública e o estado de calamidade decorrente 
do novo coronavírus. Ele considerou os princípios fundamentais de proteção da vida, da saúde “e da 
própria subsistência dos brasileiros afetados por essa gravíssima situação”. 
“O surgimento da pandemia de Covid representa uma condição superveniente absolutamente 
imprevisível e de consequências gravíssimas, que afetará, drasticamente, a execução orçamentária 
anteriormente planejada, exigindo atuação urgente, duradoura e coordenada de todos as autoridades, 
tornando, por óbvio, lógica e juridicamente impossível o cumprimento de determinados requisitos legais 
compatíveis com momentos de normalidade”. 
O excepcional afastamento da incidência dos arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF e do art. 114, caput, e § 14, da 
LDO/2020, “não conflita com a prudência fiscal e o equilíbrio orçamentário consagrados pela LRF”. Deve-
se proteger a vida, a saúde e a subsistência de todos os brasileiros, com medidas protetivas aos 
empregados e empregadores, razão pela qual o afastamento das regras está em absoluta consonância 
com o princípio da razoabilidade. 
A parte dispositiva de sua decisão ficou assim: 
“(...) CONCEDER INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO FEDERAL, aos artigos 14, 16, 17 e 
24 da Lei de Responsabilidade Fiscal e 114, caput, in fine e § 14, da Lei de Diretrizes 
Orçamentárias/2020, para, durante a emergência em Saúde Pública de importância nacional e o 
estado de calamidade pública decorrente de COVID-19, afastar a exigência de demonstração de 
adequação e compensação orçamentárias em relação à criação/expansão de programas públicos 
destinados ao enfrentamento do contexto de calamidade gerado pela disseminação de COVID-19. 
Ressalto que, a presente MEDIDA CAUTELAR se aplica a todos os entes federativos que, nos termos 
constitucionais e legais, tenham decretado estado de calamidade pública decorrente da pandemia 
de COVID-19.” 
 
Alteração na LDO 
No dia 03/04/2020, foi publicada a Lei nº 13.983/2020, que alterou o art. 114 da LDO/2020 incluindo o § 
16 ao art. 114 afirmando expressamente que, durante a situação de calamidade pública, não seria 
necessário cumprir a regra do caput do art. 114. Veja: 
Art. 114 (...) 
§ 16 Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, e durante sua 
vigência, fica dispensada a compensação de que trata o caput para proposições para atender as 
necessidades dela decorrentes. (Incluído pela Lei nº 13.983/2020). 
 
Desse modo, uma alteração legislativa posterior ao deferimento da liminar afastou a restrição que havia 
no art. 114 da LDO/2020 e que era questionada pelo Presidente da República na ADI. 
Faltava ainda resolver as restrições existentes na LRF. 
 
 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
EC 106/2020 
Quase um mês depois, em 08/05/2020, foi publicada a Emenda Constitucional nº 106, que instituiu regime 
extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento de calamidade pública nacional 
decorrente de pandemia (“Orçamento de Guerra”). 
O art. 3º da EC 106/2020 afastou as exigências da LRF para o período de calamidade pública decorrente 
do coronavírus: 
Art. 3º Desde que não impliquem despesa permanente, as proposições legislativas e os atos do 
Poder Executivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequências sociais 
e econômicas, com vigência e efeitos restritos à sua duração, ficam dispensados da observância 
das limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento de ação governamental 
que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à ampliação de incentivo ou benefício de 
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita. 
 
Assim, as limitações impostas pelos arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF – e que eram questionadas pelo Presidente 
na ADI – também foram afastadas com a EC 106/2020. 
 
Diante disso, o que aconteceu com a ADI proposta pelo Presidente? 
No dia 13/05/2020, o Plenário do STF se reuniu para apreciar a ADI e decidiu: 
• referendar a medida cautelar deferida pelo Min. Alexandre de Moraes, ou seja, dizer que foi uma decisão 
juridicamente correta e que seus efeitos deveriam ser confirmados; 
• mas, ao mesmo tempo, o STF decidiu extinguir a ADI por perda superveniente de objeto. 
 
Segurança jurídica 
Mesmo tendo havido a alteração legislativa na LDO/2020 e a edição da EC 106/2020, o STF decidiu 
referendar a liminar para garantir maior segurança jurídica. 
 
Fundamentos jurídicos da cautelar 
O pedido formulado na ADI tinha como objetivo afastar a aplicabilidade de restrições para fins de combate 
integral da pandemia na saúde pública e em seus reflexos, como a manutenção de emprego e de empresas 
e a subsistência dos seres humanos. 
O afastamento não afetaria de forma alguma o mandamento constitucional de transparência, de 
prudência fiscal, consubstanciado na LRF. Os dispositivos impugnados pretendem evitar gastos não 
previstos, a improvisaçãonas finanças públicas, e não vedar gastos orçamentários absolutamente 
necessários destinados à vida, à saúde, ao trabalho e à subsistência dos brasileiros. 
A única válvula de escape seria o art. 65 da LRF, que afasta alguns dispositivos. O mencionado artigo 
estabelece regime emergencial para casos de reconhecimento de calamidade pública, afasta a 
necessidade de contingenciamento de recursos e sanções pelo descumprimento de limites de gastos com 
pessoal. Contudo, não prevê expressamente a possibilidade de criação de novas despesas emergenciais e 
necessárias no combate a uma pandemia, sem que tenham sido previstas anteriormente no orçamento. 
O Ministro lembrou que o surgimento da pandemia do Covid-19 pode ser caracterizado como fato 
superveniente, imprevisível, cujas consequências gravíssimas eram impossíveis de serem programadas e 
exigem a atuação direta do Poder Público municipal, estadual e federal. Essa excepcionalidade foi 
considerada para a suspensão dos dispositivos questionados. Do ponto de vista jurídico e lógico, era 
impossível a previsão dos efeitos econômicos quando aprovadas as leis orçamentárias. 
A interpretação conforme dada na cautelar se baseou nos princípios da razoabilidade e da dignidade da pessoa 
humana, na valorização do emprego e na saúde pública. Esses preceitos e princípios constitucionais seriam 
totalmente afastados se não houvesse a possibilidade de os entes combaterem a pandemia, auxiliando a 
população, inclusive, com recursos públicos. Se os dispositivos adversados fossem aplicados rigidamente, por 
exemplo, não seria possível a concessão do auxílio emergencial de R$ 600,00 durante a pandemia. 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
 
Art. 42 da LRF não foi analisado pela ADI 
A respeito do art. 42 da LRF, o relator rejeitou o pedido formulado pelo amicus curiae no sentido de que 
o dispositivo fosse abrangido pela cautelar, haja vista não ter sido impugnado pelo autor da ação. Na ação 
direta de inconstitucionalidade, a causa de pedir é aberta, mas o pedido não. Portanto, eventual análise 
do art. 42 deve ser feita na via própria. 
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres 
do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro 
dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente 
disponibilidade de caixa para este efeito. 
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e 
despesas compromissadas a pagar até o final do exercício. 
 
Em obiter dictum, contudo, o Ministro Roberto Barroso sinalizou que a regra do art. 42 da LRF não deverá 
ser aplicada aos Prefeitos nos dois últimos quadrimestres, porque ainda coincidirão com a pandemia. Em 
outras palavras, os Prefeitos não precisariam cumprir a regra do art. 42 da LRF. 
 
Extinção da ação 
A despeito de a cautelar ter sido corretamente concedida, a ADI deve ser extinta em virtude da 
superveniência da EC 106/2020, que instituiu regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações 
para enfrentamento de calamidade pública nacional decorrente de pandemia. 
Houve prejuízo da ação considerando que no art. 3º da EC 106/2020 estão presentes os requisitos que 
conduziram à concessão da liminar. Os gastos não devem implicar despesas permanentes e objetivam 
enfrentar, durante a vigência da pandemia, a calamidade pública e as suas consequências. 
Assim, o art. 3º da EC substitui o próprio entendimento da cautelar deferida, valendo ressaltar, no entanto, 
que ele deve ser aplicado não apenas para a União, mas também paras os Estados-membros, Distrito 
Federal e Municípios. A perda de objeto se dá com a interpretação de que o art. 3º vale para os três entes 
da Federação. 
 
No caso concreto, pode-se dizer que a EC 106/2020 fez uma constitucionalização superveniente? 
NÃO. 
Constitucionalização superveniente (ou constitucionalidade superveniente) é a possibilidade de uma lei 
ou ato normativo inconstitucional ao tempo de sua edição se tornar constitucional a partir da promulgação 
de novo texto constitucional. A constitucionalidade superveniente não é aceita pelo STF. Isso porque a 
norma inconstitucional é nula desde o seu nascedouro, não podendo ser convalidada com a alteração do 
parâmetro constitucional. Adota-se o princípio da contemporaneidade para se analisar a 
constitucionalidade da norma: 
Em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da constitucionalidade superveniente. Mais 
relevante do que a atualidade do parâmetro de controle é a constatação de que a inconstitucionalidade 
persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da Constituição Federal que não se encontram mais 
em vigor. Caso contrário, ficaria sensivelmente enfraquecida a própria regra que proíbe a convalidação. 
STF. Plenário. ADI 2158, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/09/2010. 
 
O STF afirmou que não houve, na EC do “Orçamento de Guerra”, constitucionalização superveniente, e 
sim convalidação expressa dos atos praticados, conforme previu expressamente o art. 10 da EC 106/2020: 
Art. 10. Ficam convalidados os atos de gestão praticados a partir de 20 de março de 2020, desde 
que compatíveis com o teor desta Emenda Constitucional. 
 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
Os arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF exigem, para o aumento de gastos tributários indiretos e despesas 
obrigatórias de caráter continuado, as estimativas de impacto orçamentário-financeiro e a 
compatibilidade com a LDO, além da demonstração da origem dos recursos e a compensação de seus 
efeitos financeiros nos exercícios seguintes. O art. 114 da LDO/2020 também traz restrições nesse sentido. 
Durante a pandemia do coronavírus, o Governo precisava tomar uma série de medidas que implicariam 
renúncia de receita ou então criação ou aumento de despesas e isso ofenderia as regras acima listadas. 
Diante disso, o Presidente da República ajuizou ADI pedindo que o STF afastasse essas exigências da Lei 
de Responsabilidade Fiscal (LRF 101/2000) e da LDO/2020 em relação à criação e à expansão de 
programas de prevenção ao novo coronavírus e de proteção da população vulnerável à pandemia. 
O Min. Alexandre de Moraes, monocraticamente, deferiu medida cautelar concordando com o pedido. 
Depois da liminar foi editada a Lei nº Lei nº 13.983/2020 e a EC 106/2020, que excepcionaram a aplicação 
dessas regras durante o período de calamidade pública decorrente do coronavírus. 
Diante disso, o STF decidiu: 
• referendar a medida cautelar deferida, ou seja, dizer que foi uma decisão juridicamente correta e que 
seus efeitos deveriam ser confirmados, por questões de segurança jurídica; 
• mas, ao mesmo tempo, o STF decidiu extinguir a ADI por perda superveniente de objeto. 
Vale ressaltar que o art. 3º da EC 106/2020 é aplicável não apenas à União, mas também Estados, DF e 
Municípios. 
STF. Plenário. ADI 6357 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/5/2020 (Info 977). 
 
 
DIREITO FINANCEIRO 
Lei estadual não pode autorizar que o Estado utilize recursos de depósitos judiciais, em 
percentuais e para finalidades diferentes daquilo que é previsto na legislação federal 
 
A Lei estadual, ao permitir a utilização dos recursos de depósitos judiciais em percentual 
superior ao previsto na legislação nacional, e ainda para finalidades discricionárias, bem 
como ao estabelecer o repasse de rendimentos dos depósitos judiciais ao Fundo de 
Reaparelhamento do Poder Judiciário, contraria o art. 101, §§ 2º, I e II, e 3º, do ADCT e a Lei 
Complementar federal 151/2015,além de invadir a competência da União para legislar sobre 
direito processual (art. 22, I, da CF/88) e sobre normas gerais de direito financeiro (art. 24, I, 
da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/09/2016 (Info 841). 
STF. Plenário. ADI 5080, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020. 
 
Depósitos judiciais 
Todos os valores em dinheiro que ficam à disposição da Justiça enquanto o processo não se encerra são 
depositados em uma conta bancária em nome do Poder Judiciário. A isso chama-se de depósito judicial. 
Exs: João ingressa com ação de consignação em pagamento em face de Pedro, depositando em juízo R$ 
100 mil reais. Maria ajuíza execução contra Antônio e consegue a penhora on line de R$ 200 mil. Tais 
valores ficarão em depósito judicial e, quando o juiz autorizar, eles poderão ser levantados pela parte 
vencedora, devidamente atualizados. 
 
Lei complementar federal 151/2015 
Como se sabe, o Brasil vem passando por uma crise econômica e os Estados e Municípios têm enfrentado 
enormes dificuldades para pagar suas despesas, especialmente com precatórios. 
Diante disso, uma das medidas encontradas pelo Governo para contornar esse problema foi o de permitir 
que o Poder Executivo estadual utilize parte dos valores que estão nos depósitos judiciais. Para tanto, foi 
editada a LC 151/2015, que prevê, resumidamente, o seguinte: 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
• Dos valores que estão na conta do Poder Judiciário como depósito judicial, deve-se identificar aqueles 
que sejam oriundos de processos nos quais os Estados, o DF e os Municípios sejam parte. 
• Desses valores, 70% poderá ser transferido para a conta única do Tesouro do Estado, do Distrito Federal 
ou do Município. 
• Os 30% restantes ficarão como um fundo de reserva, a fim de serem utilizados para o pagamento dos 
valores devidos à outra parte, caso o Estado, o DF ou o Município perca a causa. 
 
Assim, em outras palavras, a LC 151/2015 autorizou que os Estados, o DF e os Municípios utilizem 70% dos 
valores que sejam objeto de depósitos vinculados a processos em que tais entes federados sejam parte. 
Segundo o art. 7º da LC 151/2015, esses recursos repassados ao Estado, ao Distrito Federal ou ao 
Município serão aplicados, exclusivamente, no pagamento de: 
I – precatórios judiciais de qualquer natureza; 
II – dívida pública fundada, caso a lei orçamentária do ente federativo preveja dotações suficientes para o 
pagamento da totalidade dos precatórios judiciais exigíveis no exercício e não remanesçam precatórios 
não pagos referentes aos exercícios anteriores; 
III – despesas de capital, caso a lei orçamentária do ente federativo preveja dotações suficientes para o 
pagamento da totalidade dos precatórios judiciais exigíveis no exercício, não remanesçam precatórios não 
pagos referentes aos exercícios anteriores e o ente federado não conte com compromissos classificados 
como dívida pública fundada; 
IV – recomposição dos fluxos de pagamento e do equilíbrio atuarial dos fundos de previdência referentes 
aos regimes próprios de cada ente federado, nas mesmas hipóteses do inciso III. 
 
Obs: poderá o Estado, o Distrito Federal ou o Município utilizar até 10% da parcela que lhe for transferida 
para constituição de Fundo Garantidor de PPPs ou de outros mecanismos de garantia previstos em lei, 
dedicados exclusivamente a investimentos de infraestrutura. 
 
ADCT 
A matéria ganhou assento constitucional no art. 101, §§ 2º, I e II, e 3º, do ADCT (incluído pela EC 94/2016 
e alterado pela EC 99/2017), que permite a utilização de até 75% dos depósitos judiciais e administrativos 
em dinheiro referentes a processos judiciais e administrativos, tributários ou não tributários, nos quais 
sejam parte os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios, e as respectivas autarquias, fundações e 
empresas estatais, bem como de até 30% (trinta por cento) dos demais depósitos judiciais da localidade 
sob jurisdição do respectivo Tribunal de Justiça, para fins de pagamento de débitos vencidos de 
precatórios, mediante transferência para conta especial do Tribunal de Justiça local, sob única e exclusiva 
administração deste. 
 
Leis estaduais 
Ocorre que, antes da LC 151/2015, diversos Estados já haviam editado leis estaduais prevendo que o Poder 
Executivo poderia utilizar os valores constantes dos depósitos judiciais, não apenas relacionados com 
processos em que o Estado fosse parte, mas também oriundos de outros feitos em que estivessem 
litigando somente particulares. Em outras palavras, os Estados poderiam utilizar indistintamente os 
valores dos depósitos judiciais. 
Tais leis estão sendo questionadas por meio de ADIs propostas no STF. 
É o caso, por exemplo, da Lei 12.069/2004 (alterada pela Lei 14.738/2015), do Estado do Rio Grande do 
Sul, que determinou a disponibilização ao Estado, para utilização discricionária, de 95% dos recursos de 
todos os depósitos judiciais efetuados perante a Justiça estadual, com exclusão daqueles em que sejam 
litigantes os Municípios, bem como estabeleceu o repasse de rendimentos dos depósitos judiciais ao 
Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário. 
 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
O que o STF vem decidindo? 
O STF tem entendido que tais leis estaduais são inconstitucionais. 
 
Administração da conta dos depósitos judiciais e extrajudiciais 
A administração da conta dos depósitos judiciais e extrajudiciais, apesar de não configurar atividade 
jurisdicional, é tema de direito processual, de competência legislativa privativa da União (art. 22, I, da 
Constituição Federal): 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e 
do trabalho; 
(...) 
 
A matéria também tangencia o Direito Financeiro, uma vez que o enquadramento de depósitos judiciais 
como ingressos, por apenas transitarem pelos cofres públicos, ou receitas públicas impacta em sua 
utilização para o custeio de determinadas despesas. 
Por essa razão, leis estaduais que dispõem sobre a utilização de depósitos judiciais, tributários ou não 
tributários, devem observadas as normas gerais editadas pela União (art. 24, I, da Constituição): 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
(...) 
 
Inconstitucionalidade formal 
Verifica-se, portanto, que a legislação estadual impugnada extrapolou as normas federais de regência à 
época de sua edição, bem como permanece em desacordo com as normas federais em vigor, 
especialmente por permitir a utilização dos recursos de depósitos judiciais em percentual superior ao 
previsto na legislação nacional, e ainda para finalidades discricionárias. 
Conclui-se, portanto, que há uma inconstitucionalidade formal da Lei do Estado do Rio Grande do Sul, por 
invasão da competência da União para legislar sobre direito processual e normas gerais de direito 
financeiro (arts. 22, I, e 24, I, da Constituição Federal). 
 
Em suma: 
A Lei estadual, ao permitir a utilização dos recursos de depósitos judiciais em percentual superior ao 
previsto na legislação nacional, e ainda para finalidades discricionárias, bem como ao estabelecer o 
repasse de rendimentos dos depósitos judiciais ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, 
contraria o art. 101, §§ 2º, I e II, e 3º, do ADCT e a Lei Complementar federal 151/2015, além de invadir 
a competência da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I, da CF/88)e sobre normas gerais 
de direito financeiro (art. 24, I, da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/09/2016 (Info 841). 
STF. Plenário. ADI 5409 MC-Referendo/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/11/2015 (Info 809). 
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/09/2016 (Info 841). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
ACIDENTE DE TRABALHO 
O art. 21-A da Lei nº 8.213/91 é constitucional 
 
Atenção! Concursos federais 
É constitucional a previsão legal de presunção de vínculo entre a incapacidade do segurado e 
suas atividades profissionais quando constatada pela Previdência Social a presença do nexo 
técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, podendo ser elidida pela perícia médica 
do Instituto Nacional do Seguro Social se demonstrada a inexistência. 
STF. Plenário. ADI 3931, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 20/04/2020 (Info 977). 
 
Art. 21-A da Lei nº 8.213/91 
O art. 21-A da Lei nº 8.213/91 traz a seguinte regra: 
Art. 21-A. A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará caracterizada 
a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico 
epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa 
ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na 
Classificação Internacional de Doenças (CID), em conformidade com o que dispuser o 
regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150/2015) 
§ 1º A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a 
inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo. 
§ 2º A empresa ou o empregador doméstico poderão requerer a não aplicação do nexo técnico 
epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso, com efeito suspensivo, da empresa, do 
empregador doméstico ou do segurado ao Conselho de Recursos da Previdência Social. 
 
++ (Procurador Federal AGU 2007 CESPE) Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo 
quando se verifica nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida 
motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID). (certo) 
 
O que esse dispositivo criou foi uma presunção relativa de nexo entre a incapacidade do segurado e suas 
atividades profissionais quando constatado pela Previdência Social o nexo técnico epidemiológico entre o 
trabalho e o agravo. 
O Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99) detalhou o tema em seu art. 337, § 3º e 5º a 13. 
Obs: a redação atual do art. 21-A foi dada pela LC 105/2015, no entanto, esse dispositivo foi inserido na 
Lei nº 8.213/91 pela Lei nº 11.430/2006. 
 
Agravo 
A palavra “agravo” aqui significa a lesão, a doença, o transtorno de saúde, o distúrbio, a disfunção etc. que 
acomete o trabalhador. 
 
Nexo técnico epidemiológico (NTEP) 
Na prática, o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP está presente quando constatada 
significância estatística na associação entre determinado código da Classificação Internacional de Doenças 
– CID e determinado código da Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE. 
Em palavras mais simples, esse nexo ocorre quando as estatísticas demonstram que aquela determinada 
“doença” (CID) está relacionada a uma certa atividade econômica (CNAE). 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
Trabalhar para a empresa de um determinado segmento econômico (CNAE) constitui fator de risco para 
o trabalhador apresentar uma determinada patologia (CID-10). 
É uma relação entre a CID e a CNAE. 
Confira a lição de Fabio Zambitte Ibrahim sobre o tema: 
“(...) o NTEP permite o reconhecimento, de ofício, da incapacidade como derivada do trabalho, 
por meio de correlação entre a atividade econômica da empresa e da doença ocupacional - há 
correlação entre o CNAE e a tabela CID. Tal relação foi feita por meio de análises estatísticas, que 
expõe as doenças ocupacionais típicas em determinadas atividades econômicas. Naturalmente, a 
correlação não será verdadeira em todas as situações, mas o mérito da Lei nº 11.430/06, ao inserir 
o art. 21-A da Lei nº 8.213/91, é retirar o ônus da prova da parte mais frágil - o segurado, e 
impondo-o à empresa, que efetivamente assume o risco da atividade econômica.” (IBRAHIM, 
Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. Niterói: Impetus, 2011, p. 621) 
 
ADI 
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ajuizou ADI contra esses dispositivos. 
Afirmou que a lei não poderia criar uma presunção de que houve acidente de trabalho pelo simples fato 
de haver nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a moléstia que atingiu esse 
trabalhador. 
 
O pedido formulado na ADI foi julgado procedente? Essa previsão é inconstitucional? 
NÃO. O STF decidiu que: 
É constitucional a previsão legal de presunção de vínculo entre a incapacidade do segurado e suas 
atividades profissionais quando constatada pela Previdência Social a presença do nexo técnico 
epidemiológico entre o trabalho e o agravo, podendo ser elidida pela perícia médica do Instituto 
Nacional do Seguro Social se demonstrada a inexistência. 
STF. Plenário. ADI 3931, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 20/04/2020 (Info 977). 
 
Presunção relativa 
A presunção de nexo entre o trabalho e o agravo é relativa, não se aplicando se demonstrada sua 
inexistência. Ademais, pode a empresa ou o empregador doméstico requerer a não aplicação do nexo 
técnico epidemiológico, em procedimento administrativo estabelecido pelo art. 337 do Regulamento da 
Previdência Social, comprovando a ausência de nexo entre o trabalho e o agravo. 
Assim, verificado o nexo epidemiológico entre o trabalho e o agravo, a presunção da natureza acidentária 
da incapacidade é relativa, podendo ser elidida pela perícia médica do INSS se demonstrada a inexistência 
(§ 1º do art. 21-A da Lei nº 8.213/91) e em procedimento administrativo iniciado pela empresa ou pelo 
empregador doméstico com a finalidade de comprovar o caráter não ocupacional da incapacidade (§ 2º 
do art. 21-A da Lei nº 8.213/91). 
 
Não há ofensa ao § 1º do art. 201 da CF/88 
O art. 201, § 1º da CF/88 prevê o seguinte: 
Art. 201 (...) 
§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, 
ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de 
contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor 
dos segurados: 
I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe 
multiprofissional e interdisciplinar; 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos 
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria 
profissional ou ocupação. 
 
O autor da ADI alegava que esse art. 21-A violaria esse § 1º do art. 201 da CF/88. 
O STF, contudo, não acolheu esse argumento. 
Ao estabelecer o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP como forma de caracterização da 
incapacidade do segurado como acidentária, o art. 21-A não criou nova espécie de aposentadoria especial. 
O que ele fez foi apenas estabelecer um parâmetro para a concessão dos benefícios previdenciáriospor 
acidentes de trabalho, no exercício de competência expressa atribuída ao legislador ordinário pelo § 10 
do art. 201 da Constituição: 
Art. 201 (...) 
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios não programados, inclusive 
os decorrentes de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral de 
Previdência Social e pelo setor privado. 
 
Na verdade, o art. 21-A em nada repercute na concessão de aposentadorias especiais. Ele está relacionado 
unicamente com os benefícios de natureza acidentária, como o são o auxílio-doença, o auxílio-acidente e 
a aposentadoria por invalidez. 
 
Art. 21-A está de acordo com o art. 7º, XXVIII e art. 201, I 
Vale ressaltar, por fim, que o art. 21-A da Lei nº 8.213/91 está em harmonia com o art. 7º, XXVIII e art. 
201, I, da CF/88: 
Art. 7º (...) 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a 
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, 
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: 
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; 
 
Antes da vigência da Lei nº 11.430/2006, na ausência da expedição da Comunicação de Acidente de 
Trabalho – CAT pelo empregador, era comum atribuir-se ao segurado, a parte hipossuficiente da relação 
trabalhista, a responsabilidade por demonstrar que a doença que o acometia tinha nexo causal com a 
atividade desempenhada. Com o advento da nova legislação, esse nexo passou a ser presumido quando 
constatada relevância estatística no confronto entre a doença e a atividade econômica da empresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) É constitucional norma da Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa 
convocar o Presidente do Tribunal de Justiça ou o Procurador-Geral de Justiça para prestar informações 
na Casa, afirmando que a sua ausência configura crime de responsabilidade. ( ) 
2) (Juiz TJ/ES 2012 CESPE) Como auxiliares diretos do presidente da República, os ministros de Estado 
podem ser convocados para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente 
determinado perante o plenário do Senado Federal e o da Câmara dos Deputados; contudo, no que diz 
respeito às comissões, o comparecimento deles só pode ocorrer por sua própria iniciativa e mediante 
entendimento com a Mesa respectiva. ( ) 
3) A regra que estabelece a necessidade de residência do servidor no município em que exerce suas funções 
é compatível com a Constituição de 1988. ( ) 
4) Viola a Constituição a lei estadual que proíba a saída do servidor do Município sede da unidade em que 
atua sem autorização do superior hierárquico. Essa previsão configura grave violação da liberdade 
fundamental de locomoção (art. 5º, XV, da CF/88) e do devido processo legal (art. 5º, LIV). ( ) 
5) A Lei estadual, ao permitir a utilização dos recursos de depósitos judiciais em percentual superior ao 
previsto na legislação nacional, e ainda para finalidades discricionárias, bem como ao estabelecer o 
repasse de rendimentos dos depósitos judiciais ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, não 
contraria a Constituição Federal. ( ) 
6) É constitucional a previsão legal de presunção de vínculo entre a incapacidade do segurado e suas 
atividades profissionais quando constatada pela Previdência Social a presença do nexo técnico 
epidemiológico entre o trabalho e o agravo, podendo ser elidida pela perícia médica do Instituto Nacional 
do Seguro Social se demonstrada a inexistência. ( ) 
7) (Procurador Federal AGU 2007 CESPE) Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo 
quando se verifica nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida 
motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID). ( ) 
 
Gabarito 
1. E 2. E 3. C 4. C 5. E 6. C 7. C 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
CLIPPING DAS SESSÕES VIRTUAIS 
DJE DE 11 A 15 DE MAIO DE 2020 
 
ADI 6.222 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade do art. 3º, §§ 2º a 5º e § 8º; e do trecho "bem como a saída de massas e biscoitos derivados de farinha 
de trigo efetuada por indústrias pertencentes à produção integrada" do art. 6º do Decreto 31.109/2013, do Estado do Ceará, 
com as alterações dos Decretos 31.288/2013 e 32.259/2017, nos termos do voto do Relator. O Ministro Roberto Barroso 
acompanhou o Relator com ressalvas. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica no início da sessão, 
o Ministro Celso de Mello (art. 2º, § 5º, da Res. 642/2019). Plenário, Sessão Virtual de 10.4.2020 a 17.4.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. Tributário 2. Decreto 31.109/2013, do Estado do Ceará, com as alterações 
promovidas pelos Decretos 31.288/2013 e 32.259/2017. 3. ICMS. Produtos derivados do trigo. 4. Instituição de regime 
de substituição tributária com diferenciação da base de cálculo entre indústrias com produção no Estado do Ceará 
(indústria com produção integrada) e as demais indústrias. 5. Benefício fiscal. 6. Ausência de convênio interestadual, 
conforme exigido pelo art. 155, § 2º, XII, “g”, da Constituição Federal. 7. Tratamento diferenciado em razão da 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
procedência. Afronta ao art. 152 da Constituição Federal. 8. Ofensa ao princípio da neutralidade fiscal, previsto no art. 
146-A da Constituição Federal. 9. Ação direta julgada procedente. 
 
ADI 3.199 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade do art. 2º; do art. 5º; do art. 7º, parágrafo único e alínea “b”; do art. 10, II e XII; e do art. 11, todos 
da Lei Complementar do Estado de Mato Grosso nº 98/2001, com efeito ex nunc, fixando-se a seguinte tese de julgamento: 
“A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão funcional, vedada pelo art. 37, II, 
da CF/88”, nos termos do voto do Relator, vencido parcialmente o Ministro Marco Aurélio apenas quanto à modulação 
dos efeitos da decisão. Falaram: pelo amicus curiae Sindicato dos Profissionais da Tributação, Arrecadação e Fiscalização 
de Mato Grosso - SIPROTAF, o Dr. Cláudio Pereira de Souza Neto; pelo amicus curiae Sindicato dos Fiscais de Tributos 
Estaduais de Mato Grosso, o Dr. Marcus Vinicius Furtado Coêlho; e, pelo amicus curiae Assembleia Legislativa do Estado 
de Mato Grosso, o Dr. Francisco Edmilson de Brito Junior. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica 
no início da sessão, o Ministro Celso de Mello (art. 2º, § 5º, da Res. 642/2019). Plenário, Sessão Virtual de 10.4.2020 a 
17.4.2020. 
Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIFICAÇÃO DE 
CARREIRAS. PROVIMENTO DERIVADO. SÚMULA VINCULANTE Nº 43. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A 
Lei Complementar nº 98/2001, do Estado de Mato Grosso, unificou as carreiras de “Agente Arrecadador de Tributos 
Estaduais” e de “Agente de Fiscalização e Arrecadação de Tributos Estaduais” em carreira única denominada “Agente de 
Tributos Estaduais”, reunindo cargos com atribuições e requisitos de ingresso distintos emuma mesma carreira. 2. 
Hipótese de provimento derivado que viola a regra do concurso público para acesso a cargo efetivo (art. 37, II, CF/88 e 
Súmula Vinculante nº 43). 3. O art. 10 da referida lei, que atribui aos Agentes de Tributos Estaduais competências para 
constituição do crédito tributário viola o disposto nos arts. 37, II e XXII, da CF/88. 4. A lei em exame vigorou por mais 
de 18 (dezoito) anos, com presunção formal de constitucionalidade. Nesse contexto, atribuição de efeitos retroativos à 
declaração de inconstitucionalidade promoveria ônus excessivo e indesejável aos servidores admitidos com fundamento 
nas normas impugnadas. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade cujo pedido se julga procedente, com modulação de 
efeitos temporais a partir da publicação do acórdão. 6. Tese de julgamento: “A equiparação de carreira de nível médio a 
outra de nível superior constitui ascensão funcional, vedada pelo art. 37, II, da CF/88”. 
 
ADI 3.931 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou improcedente a ação direta de inconstitucionalidade, nos termos do voto da 
Relatora, vencido o Ministro Marco Aurélio. Falaram: pelo amicus curiae Associação Nacional dos Procuradores do 
Trabalho - ANPT, o Dr. Mauro de Azevedo Menezes; e, pelo amicus curiae Confederação Nacional do Sistema Financeiro 
- CONSIF, a Dra. Isabel Bueno. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica no início da sessão, o 
Ministro Celso de Mello (art. 2º, § 5º, da Res. 642/2019). Plenário, Sessão Virtual de 10.4.2020 a 17.4.2020. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 21- A DA LEI N. 8.213/1991 E §§ 3º E 5º A 13 
DO ART. 337 DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. ACIDENTE DE TRABALHO. 
ESTABELECIMENTO DE NEXO ENTRE O TRABALHO E O AGRAVO PELA CONSTATAÇÃO DE 
RELEVÂNCIA ESTATÍSTICA ENTRE A ATIVIDADE DA EMPRESA E A DOENÇA. PRESUNÇÃO DA 
NATUREZA ACIDENTÁRIA DA INCAPACIDADE. AUSÊNCIA DE OFENSA AO INC. XIII DO ART. 5º, AO INC. 
XXVIII DO ART. 7º, AO INC. I E AO § 1º DO ART. 201 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AÇÃO DIRETA 
DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. 1. É constitucional a previsão legal de presunção de 
vínculo entre a incapacidade do segurado e suas atividades profissionais quando constatada pela Previdência Social a 
presença do nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, podendo ser elidida pela perícia médica do Instituto 
Nacional do Seguro Social se demonstrada a inexistência. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. 
 
ADI 5.080 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
Decisão: O Tribunal, por maioria, conheceu da ação direta e julgou procedente o pedido formulado para declarar a 
inconstitucionalidade da Lei estadual 12.069/2004, em sua redação original, e do artigo 5º da Lei estadual 12.585/2006, 
todas do Estado do Rio Grande do Sul, com eficácia ex nunc a partir da data do presente julgamento, nos termos do voto 
do Relator, vencidos parcialmente os Ministros Edson Fachin e Marco Aurélio apenas quanto à modulação dos efeitos da 
decisão. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica no início da sessão, o Ministro Celso de Mello 
(art. 2º, § 5º, da Res. 642/2019). Plenário, Sessão Virtual de 3.4.2020 a 14.4.2020. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL 12.069/2004, EM SUA REDAÇÃO 
ORIGINAL, ARTIGO 5º DA LEI ESTADUAL 12.585/2006, AMBAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. 
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Informativo 977-STF (21/05/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
DISPONIBILIZAÇÃO AO ESTADO DE 85% DOS RECURSOS DE DEPÓSITOS JUDICIAIS PARA FINALIDADES 
DISCRICIONÁRIAS. DESACORDO COM AS NORMAS FEDERAIS DE REGÊNCIA. INVASÃO DA 
COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO PROCESSUAL E SOBRE NORMAS GERAIS 
DE DIREITO FINANCEIRO (ARTIGOS 22, I, E 24, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE CONHECIDA E JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO. MODULAÇÃO DOS 
EFEITOS DA DECISÃO. 1. A administração da conta dos depósitos judiciais e extrajudiciais, porquanto constitui matéria 
processual e direito financeiro, insere-se na competência legislativa da União. Precedentes: ADI 2.909, Rel. Min. Ayres 
Britto, Plenário, DJe de 11/6/2010; ADI 3.125, Rel. Min. Ayres Britto, Plenário, DJe de 18/6/2010; ADI 5.409-MC-Ref, 
Rel. Min. Edson Fachin, Plenário, DJe de 13/5/2016; ADI 5392-MC, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 19/9/2016; ADI 
5.072-MC, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 16/2/2017. 2. A iniciativa de lei visando a disciplinar o sistema financeiro 
de conta de depósitos judiciais não cabe ao Poder Judiciário, mercê de a recepção e a gestão dos depósitos judiciais terem 
natureza administrativa, não consubstanciando atividade jurisdicional. Precedente: ADI 2.855, Rel. Min. Marco Aurélio, 
Plenário, DJe de 12/5/2010. 3 In casu, a Lei 12.069/2004, do Estado do Rio Grande do Sul, em sua redação original e 
com as alterações da Lei estadual 12.585/2006, ao autorizar a disponibilização ao Estado de percentual dos recursos dos 
depósitos judiciais efetuados perante a Justiça estadual, bem como ao disciplinar sua utilização pelo Poder Executivo, 
usurpa competência da União para legislar sobre direito processual (artigos 22, I, da Constituição Federal). 4. As leis 
estaduais sub examine, ao permitirem a utilização dos recursos de depósitos judiciais em percentual superior ao previsto 
na legislação nacional, e ainda para finalidades discricionárias, bem como ao estabelecer o repasse de rendimentos dos 
depósitos judiciais ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, contrariam o âmbito normativo das normas em 
vigor (artigo 101, §§ 2º, I e II, e 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e Lei Complementar federal 
151/2015) e da Lei federal 10.482/2002, vigente à época da edição da Lei estadual impugnada, e invade a competência 
da União para legislar sobre direito processual e sobre normas gerais de direito financeiro (artigos 22, I, e 24, I, da 
Constituição Federal). 5. A segurança jurídica impe a modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade das 
leis estaduais objurgadas, a fim de que a sanatória de um vício não propicie o surgimento de panorama igualmente 
inconstitucional, máxime porque as normas possibilitaram ao Poder Executivo estadual a utilização de percentual dos 
recursos em finalidades não previstas na legislação federal, que poderiam ficar desamparadas pela aplicação fria da regra 
da nulidade retroativa. 6. Ação direta de inconstitucionalidade CONHECIDA e julgado PROCEDENTE o pedido, para 
declarar a inconstitucionalidade da Lei estadual 12.069/2004, em sua redação original, e do artigo 5º da Lei estadual 
12.585/2006, todas do Estado do Rio Grande do Sul, com eficácia ex nunc, a partir da data do presente julgamento. 
 
ADI 5.391 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta para conferir 
interpretação conforme a Constituição ao art. 5º da Lei n° 13.464/2017, para fixar a exegese de que os cargos de Analista 
Tributário e de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil configuram carreiras distintas que não se confundem, nos 
termos do voto da Relatora, vencido o Ministro Marco Aurélio. Falou, pelo amicus curiae Sindicato Nacional dos 
Analistas Tributários da Receita Federal do Brasil - SINDIRECEITA, o Dr. Antonio Nabor Areias Bulhões. Não 
participou deste julgamento, por motivo de licença médica no início da sessão, o Ministro Celso de Mello (art. 2º, § 5º, 
da Res. 642/2019). Plenário, Sessão Virtual de 10.4.2020 a 17.4.2020. 
EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDORES 
PÚBLICOS FEDERAIS. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. ART. 103, IX, DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

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