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Info 2020

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DE JANEIRO a SETEMBRO 
(STF até info 989, STJ até info 674)
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lucrativos, em qualquer meio de comunicação, inclusive na
internet.
Lei de Direitos Autorais n° 9610/98
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Constitucional
MINISTÉRIO PÚBLICO
Ação Civil de perda de cargo de Promotor de Justiça cuja
causa de pedir não esteja vinculada a ilícito capitulado
na Lei nº 8.429/92 deve ser julgada pelo Tribunal de
Justiça. STJ. 2ª Turma. REsp 1.737.900-SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 19/11/2019 (Info 662). 
O art. 227, VIII, da LC 75/93 prevê que os membros do
MPU terão direito ao pagamento de auxílio-moradia,
desde que estejam em uma lotação considerada
particularmente difícil ou onerosa. Esse dispositivo legal
autoriza que ato do PGR imponha outras restrições ao
recebimento do auxílio-moradia, como é o caso de prazo
máximo de duração do benefício. Desse modo, a
estipulação de prazo de duração para o recebimento do
auxílio-moradia não ofende o princípio da legalidade e
está em harmonia com o regime de subsídio, em
parcela única, previsto no art. 39, § 4º e no art. 128, §
5º, I, “c”, da CF/88. A fixação de restrição temporal para o
recebimento do auxílio-moradia está de acordo com o
princípio da razoabilidade, pois o auxílio-moradia tem
caráter provisório e precário, não devendo se dilatar
eternamente no tempo. O recebimento do aludido
benefício sem limitação temporal configuraria
verdadeira parcela remuneratória. STF. 2ª Turma. MS
26415/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 17/3/2020 (Info 970) 
Lei Orgânica estadual do Ministério Público pode
atribuir privativamente ao Procurador-Geral de Justiça 
a competência para interpor recursos dirigidos ao STF e
STJ. 
Não há inconstitucionalidade formal nessa previsão. Isso
porque a Lei federal nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público - LONMP) não pormenoriza a atuação
dos Procuradores-Gerais de Justiça e dos Procuradores de
Justiça em sede recursal e, por expressa dicção do caput de
seu artigo 29, o rol de atribuições dos Procuradores-Gerais
de Justiça não é exaustivo, de forma que as leis orgânicas
dos Ministérios Públicos estaduais podem validamente
ampliar tais atribuições. Além disso, não há ofensa aos
princípios do promotor natural e da independência
funcional dos membros do Parquet, uma vez que: 
• se trata de mera divisão de atribuições dentro do
Ministério Público estadual, veiculada por meio de lei; 
• e não se possibilita a ingerência do PGJ nas atividades
dos Procuradores de Justiça, que conservam plena
autonomia no exercício de seus misteres legais. STF.
Plenário. ADI 5505, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020. 
É constitucional a Resolução 27/2008, do CNMP, que
proíbe que os servidores do Ministério Público exerçam
advocacia. O CNMP possui capacidade para a expedição
de atos normativos autônomos (art. 130-A, § 2º, I, da
CF/88), desde que o conteúdo disciplinado na norma
editada se insira no seu âmbito de atribuições
constitucionais. A Resolução 27/2008 do CNMP tem por
objetivo assegurar a observância dos princípios
constitucionais da isonomia, da moralidade e da eficiência
no Ministério Público, estando, portanto, abrangida pelo
escopo de atuação do CNMP (art. 130-A, § 2º, II). A
liberdade de exercício profissional não é um direito
absoluto, devendo ser interpretada dentro do sistema
constitucional como um todo. STF. Plenário. ADI 5454, Rel.
Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020 (Info 978). 
Os Ministérios Públicos dos Estados podem atuar,
diretamente, na condição de partes, perante os
Tribunais Superiores, em razão da não existência de
vinculação ou subordinação entre o Parquet Estadual e
o Ministério Público da União. Tal conclusão, entretanto,
não pode ser aplicada ao Ministério Público do Trabalho,
considerando que o MPT é sim órgão vinculado ao
Ministério Público da União, conforme dispõe o art. 128, I,
“b”, da Constituição Federal. O MPT integra a estrutura do
MPU, atuando perante o Tribunal Superior do Trabalho,
não tendo legitimidade para funcionar no âmbito do STJ,
tendo em vista que esta atribuição é reservada aos
Subprocuradores-gerais da República integrantes do
quadro do Ministério Público Federal. STJ. 1ª Seção. AgRg
no CC 122.940-MS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 07/04/2020 (Info 670).
A Constituição Estadual não pode determinar que membro
do Ministério Público participe de banca de concurso
público relacionado com cargos externos aos quadros da
instituição. Essa não é uma atribuição compatível com as
finalidades constitucionais do Ministério Público. Assim,
não pode o ato impugnado exigir a participação do
Ministério Público nas bancas de concursos para os cargos
e empregos públicos do Estado. STF. Plenário. ADI 3841,
Rel. Gilmar Mendes, julgado em 16/06/2020 (Info 985 –
clipping).
Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições
entre membros do MPF e de Ministérios Públicos
estaduais. STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020. STF.
Plenário. Pet 4891, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão
Alexandre de Moraes, julgado em 16/06/2020 (Info 985 –
clipping).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
É cabível ação direta de inconstitucionalidade contra
deliberação administrativa do Tribunal que determina o
pagamento de reajuste decorrente da conversão da URV
em reais (“plano real”) aos magistrados e servidores.
Depois que a ADI foi proposta, e antes que fosse julgada, o
TRT decidiu revogar essa deliberação administrativa.
Diante disso, indaga-se: o mérito da ação foi julgado?
 
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NÃO. Em decorrência da revogação da deliberação, o STF
julgou prejudicada a ADI, por perda superveniente de
objeto. STF. Plenário. ADI 1244 QO-QO/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 19/12/2019 (Info 964). 
Exige-se quórum de MAIORIA ABSOLUTA dos membros
do STF para modular os efeitos de decisão proferida em
julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com
repercussão geral, no caso em que NÃO tenha havido
declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato
normativo. 
Qual é o quórum para que o STF, no julgamento de recurso
extraordinário repetitivo, com repercussão geral
reconhecida, faça a modulação dos efeitos da decisão? 
• Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional: 2/3
dos membros. 
• Se o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional:
maioria absoluta. 
STF. Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 18/12/2019 (Info 964) 
Os Procuradores (do Estado, do Município, da ALE, da
Câmara etc.) possuem legitimidade para a interposição
de recursos em ação direta de inconstitucionalidade.
STF. 2ª Turma. RE 1126828 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em
4/2/2020 (Info 965). 
Ilegitimidade do amicus curiae para pleitear medida
cautelar 
O amicus curiae não tem legitimidade para propor ação
direta; logo, também não possui legitimidade para pleitear
medida cautelar. Assim, a entidade que foi admitida
como amicus curiae em ADPF não tem legitimidade
para, no curso do processo, formular pedido para a
concessão de medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 347
TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2020 (Info 970) 
Relator não pode, de ofício, na ADPF que trata sobre o
Estado de Coisas Inconstitucional dos presídios,
determinar medidas para proteger os presos do Covid-
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A decisão do Ministro Relator que, de ofício, na ADPF que
trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucionalno sistema
prisional, determina medidas para proteger os presos do
Covid19 amplia indevidamente o objeto da ação. É certo
que no controle abstrato de constitucionalidade, a causa
de pedir é aberta. No entanto, o pedido é específico.
Nenhum dos pedidos da ADPF 347 está relacionado com
as questões inerentes à prevenção do Covid-19 nos
presídios. Não é possível, portanto, a ampliação do
pedido cautelar já apreciado anteriormente. A Corte
está limitada ao pedido. Aceitar a sua ampliação
equivale a agir de ofício, sem observar a legitimidade
constitucional para propositura da ação. Ademais, em
que pese a preocupação de todos em relação ao Covid-19
nas penitenciárias, a medida cautelar, ao conclamar os
juízes de execução, determina, fora do objeto da ADPF, a
realização de megaoperação para analisar detalhadamente,
em um único momento, todas essas possibilidades e não
caso a caso, como recomenda o Conselho Nacional de
Justiça. O STF entendeu que, neste momento, o Poder
Judiciário deve seguir as recomendações sobre a questão
emitidas pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ e por
portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Justiça.
Para evitar a disseminação do novo coronavírus nas
prisões, o CNJ recomendou a análise de situações de risco
caso a caso. 
A Recomendação 62/2020 do CNJ traz orientações aos
Tribunais e aos magistrados quanto à adoção de medidas
preventivas contra a propagação do Covid-19 no âmbito
dos sistemas de justiça penal e socioeducativo. STF.
Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/3/2020 (Info 970). 
O advogado que assina a petição inicial da ação direta de
inconstitucionalidade precisa de procuração com
poderes específicos. A procuração deve mencionar a lei
ou ato normativo que será impugnado na ação. Repetindo:
não basta que a procuração autorize o ajuizamento de ADI,
devendo indicar, de forma específica, o ato contra o qual
se insurge. Caso esse requisito não seja cumprido, a ADI
não será conhecida. Vale ressaltar, contudo, que essa
exigência constitui vício sanável e que é possível a sua
regularização antes que seja reconhecida a carência da
ação. STF. Plenário. ADI 6051, Rel. Cármen Lúcia, julgado
em 27/03/2020. 
Lei estadual que dispõe sobre criação, incorporação, fusão
ou desmembramento de municípios possui natureza
normativa e abstrata, desafiando o controle
concentrado. STF. Plenário. ADI 1825, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 15/04/2020 (Info 978). 
Os procuradores públicos têm capacidade postulatória
para interpor recursos extraordinários contra acórdãos
proferidos em sede de ação de controle concentrado de
constitucionalidade, nas hipóteses em que o legitimado
para a causa outorgue poderes aos subscritores das peças
recursais. STF. Plenário. RE 1068600 AgR-ED-EDv/RN, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 4/6/2020 (Info 980) 
O aditamento à petição inicial da ação direta de
inconstitucionalidade para que sejam incluídos novos
dispositivos legais somente é possível nas hipóteses em
que a inclusão da nova impugnação: 
a) dispense a requisição de novas informações e
manifestações; e
 b) não prejudique o cerne da ação. 
Assim, por exemplo, se o autor, depois que o processo já
está em curso, pede a inclusão no objeto da ADI de novos
dispositivos legais que ampliam o escopo da ação, esse
aditamento deve ser indeferido porque isso exigiria que
novos pedidos de informações à Assembleia Legislativa ou
ao Congresso Nacional, bem como novas manifestações da
Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da
 
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República, o que violaria os princípios da economia e da
celeridade processuais. Ademais, a inclusão dos
dispositivos prejudicaria o objeto da ação direta, na
medida em que ampliaria o seu escopo. STF. Plenário. ADI
1926, Rel. Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020 (Info
980 – clipping). 
Cabe ADPF contra o conjunto de decisões judiciais que
determinam medidas de constrição judicial em desfavor do
Estado-membro, das Caixas Escolares ou das Unidades
Descentralizadas de Execução da Educação UDEs e que
recaiam sobre verbas destinadas à educação. STF. Plenário.
ADPF 484/AP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info
980). 
É recorrível a decisão denegatória de ingresso no feito
como amicus curiae. É possível a impugnação recursal por
parte de terceiro, quando denegada sua participação na
qualidade de amicus curiae. STF. Plenário. ADI 3396
AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/8/2020
(Info 985). 
Vale ressaltar que existem decisões em sentido contrário
e que o tema não está pacificado. Nesse sentido: Tanto a
decisão do Relator que ADMITE como a que INADMITE
o ingresso do amicus curiae é irrecorrível (STF. Plenário.
RE 602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018. Info 920). 
A pessoa física não tem representatividade adequada
para intervir na qualidade de amigo da Corte em ação
direta. STF. Plenário. ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso de
Mello, julgado em 6/8/2020 (Info 985).
A CF/88 e a lei preveem que a “entidade de classe de
âmbito nacional” possui legitimidade para propor ADI,
ADC e ADPF. A jurisprudência do STF, contudo, afirma que
apenas as entidades de classe com associados ou
membros em pelo menos 9 (nove) Estados da
Federação dispõem de legitimidade ativa para ajuizar
ação de controle abstrato de constitucionalidade.
Assim, não basta que a entidade declare no seu estatuto
ou ato constitutivo que possui caráter nacional. É
necessário que existam associados ou membros em
pelo menos 9 (nove) Estados da Federação. Isso
representa 1/3 dos Estados-membros/DF. Trata-se de um
critério objetivo construído pelo STF com base na
aplicação analógica da Lei Orgânica dos Partidos Políticos
(art. 7º, § 1º, da Lei nº 9.096/95). STF. Plenário. ADI 3287,
Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Ricardo
Lewandowski, julgado em 05/08/2020 (Info 988 – clipping) 
Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos
julgamentos de ações de controle concentrado, exceto
se o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo,
a sua não participação. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989)
ENTIDADES DESPORTIVAS 
A Lei 13.155/2015 institui o PROFUT (Programa de
modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do
futebol brasileiro). Essa lei alterou o Estatuto do Torcedor
(Lei nº 10.671/2003) para incluir entre os critérios técnicos,
além da colocação obtida em campeonato anterior, a
apresentação de Certidão Negativa de Débitos Federais, de
certificado de regularidade de contribuição ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e comprovação de
pagamentos de obrigações previstas nos contratos de
trabalho e nos contratos de imagem dos atletas. Assim, por
força da Lei nº 13.155/2015, um clube de futebol da série
“A” (“1ª divisão”) do Campeonato Brasileiro caso não
cumprisse os requisitos de regularidade fiscal, regularidade
com o FGTS e com os salários dos atletas seria rebaixado
para a série “B”. Para o STF, a exigência da regularidade
fiscal fere a autonomia das entidades desportivas em
relação à sua organização e seu funcionamento (art. 217 da
CF/88) e constitui forma indireta de coerção estatal ao
pagamento de tributos. A retirada do clube do
campeonato pelo não pagamento de tributos ou do FGTS
é medida gravíssima, que demonstra falta de
proporcionalidade e razoabilidade, além de configurar uma
sanção política. Com a exclusão automática do
campeonato, o clube jamais conseguiria pagar tributos e
refinanciamentos, trazendo prejuízos à União, aos atletas,
aos funcionários e à ideia de fomentar o desporto.
Resultado: foi declarada a inconstitucionalidadedo art. 40
da Lei nº 13.155/2015, na parte em que altera o art. 10, §§
1º, 3º e 5º da Lei nº 10.671/2003, mantendo-se a vigência
e eficácia de todos os demais dispositivos impugnados.
STF. Plenário. ADI 5450 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO 
O afastamento de norma legal por órgão fracionário,
de modo a revelar o esvaziamento da eficácia do
preceito, implica contrariedade à cláusula de reserva de
plenário e ao Enunciado 10 da Súmula Vinculante. 
Caso concreto: a 4ª Turma do TRF da 1ª Região, ou seja,
um órgão fracionário do TRF1, ao julgar apelação, permitiu
que uma empresa comercializasse determinada espécie de
cigarro mesmo isso sendo contrário às regras do Decreto
nº 7.212/2010. Embora não tenha declarado
expressamente a inconstitucionalidade do Decreto, a 4ª
Turma afirmou que ele seria contrário ao princípio da livre
concorrência, que é previsto no art. 170, IV, da CF/88. Ao
desobrigar a empresa de cumprir as regras do decreto
afirmando que ele violaria o princípio da livre iniciativa, o
que a 4ª Turma fez foi julgar o decreto inconstitucional.
Ocorre que isso deveria ter sido feito respeitando-se a
cláusula de reserva de plenário, conforme explicitado na SV
10: 
Súmula vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de
plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de
tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte. STF.
1ª Turma. RE 635088 AgR-segundo/DF, rel. Min. Marco
 
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Aurélio, julgado em 4/2/2020 (Info 965). 
DEFENSORIA PÚBLICA 
O STJ indeferiu pedido da DPU para, em substituição à
Defensoria Pública de Alagoas, atuar em recurso especial
sob o argumento de que a Defensoria Estadual não possui
representação em Brasília. Isso porque, embora a DPE/AL
não possua espaço físico em Brasília, ela aderiu ao Portal
de Intimações Eletrônicas do STJ e, portanto, pode atuar
normalmente no processo a partir de sua sede local. 
A DPU só pode atuar nos processos das Defensorias
Públicas estaduais se a respectiva Defensoria Pública
estadual: 
• não tiver representação em Brasília; e 
• não tiver aderido ao Portal de Intimações Eletrônicas
do STJ. STJ. 5ª Turma. PET no AREsp 1.513.956-AL, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 17/12/2019
(Info 664) 
O art. 15 do ADCT da CE/SE ampliou o limite temporal de
excepcionalidade previsto pelo art. 22 do ADCT da CF/88 e,
por essa razão, feriu a regra do concurso público (art. 37, II,
da Constituição Federal). O art. 22 do ADCT criou, de modo
excepcional, uma forma derivada de investidura em cargo
público. Trata-se de uma exceção à regra geral do
concurso público e, portanto, não pode ser ampliada
pelo constituinte estadual. STF. Plenário. ADI 5011, Rel.
Edson Fachin, julgado em 08/06/2020 (Info 984)
O Governador do Estado é obrigado a efetuar o
repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de
cada mês, da integralidade dos recursos orçamentários
destinados à Defensoria Pública estadual pela Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício
financeiro, inclusive quanto às parcelas já vencidas, assim
também em relação a eventuais créditos adicionais
destinados à instituição. STF. Plenário. ADPF 384
Ref-MC/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2020
(Info 985).
É dever constitucional do Poder Executivo o repasse, sob a
forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês (art. 168
da CRFB/88), da integralidade dos recursos orçamentários
destinados a outros Poderes e órgãos constitucionalmente
autônomos, como o Ministério Público e a Defensoria
Pública, conforme previsão da respectiva Lei Orçamentária
Anual. STF. Plenário. ADPF 339/PI, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 18/5/2016 (Info 826).
Caso concreto: advogado atuou como defensor dativo em
ação de alimentos. Esse advogado atuou porque na
localidade não há Defensoria Pública e existe um convênio
com a OAB para que esse serviço seja realizado por
advogados que receberão honorários pagos pelo Estado.
Na sentença, o magistrado arbitrou a verba honorária
conforme disposto na tabela do convênio. Porém, o Estado
pagou só uma parte. Neste caso, o STJ afirmou que o
advogado poderá executar (cobrar) os honorários do
Estado, nos próprios autos, mesmo o Estado não tendo
participado da ação de conhecimento. Se for exigido que
os advogados promovam uma ação específica contra a
Fazenda Pública para poderem receber seus
honorários, isso fará com que eles sejam muito
resistentes em aceitar a função de advogado dativo,
porque terão de trabalhar não só na ação para a qual
foram designados, mas também em outra ação que
terão de propor contra a Fazenda Pública. O fato de o
Estado não ter participado da lide na ação de
conhecimento não impede que ele seja intimado a
pagar os honorários, que são de sua responsabilidade em
razão de convênio celebrado entre a Defensoria Pública e a
Ordem dos Advogados do Brasil, em cumprimento de
sentença. STJ. Corte Especial. EREsp 1.698.526-SP, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 05/02/2020 (Info 673).
PODER LEGISLATIVO 
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que
preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa
convocar o Presidente do Tribunal de Justiça ou o
Procurador-Geral de Justiça para prestar informações
na Casa, afirmando que a sua ausência configura crime
de responsabilidade. O art. 50 da CF/88, norma de
reprodução obrigatória, somente autoriza que o Poder
Legislativo convoque autoridades do Poder Executivo, e
não do Poder Judiciário ou do Ministério Público. Não
podem os Estados-membros ampliar o rol de autoridades
sujeitas à convocação pelo Poder Legislativo e à sanção
por crime de responsabilidade, por violação ao princípio da
simetria e à competência privativa da União para legislar
sobre o tema. STF. Plenário. ADI 2911, Rel. Carlos Britto,
julgado em 10/08/2006. STF. Plenário. ADI 5416, Rel.
Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2020 (Info 977). 
IMUNIDADE PARLAMENTAR 
O então Deputado Federal Wladimir Costa (SD-PA)
proferiu discurso no Plenário da Câmara dos Deputados no
qual afirmou que determinados artistas seriam “bandidos”,
“membros de quadrilha”, “verdadeiros ladrões”,
“verdadeiros vagabundos da Lei Rouanet”. Esses artistas
ingressaram com queixa-crime contra o então Deputado
afirmando que ele teria cometido os crimes de difamação
(art. 139) e injúria (art. 140 do Código Penal). O STF
recebeu esta queixa-crime. O fato de o parlamentar estar
na Casa legislativa no momento em que proferiu as
declarações não afasta a possibilidade de cometimento
de crimes contra a honra, porque ele depois divulgou
essas ofensas na Internet. Outro argumento está no fato
de que a inviolabilidade material somente abarca as
declarações que apresentem nexo direto e evidente com o
exercício das funções parlamentares. No caso concreto,
embora tenha feito alusão à Lei Rouanet, o parlamentar
nada acrescentou ao debate público sobre a melhor forma
de distribuição dos recursos destinados à cultura,
 
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limitando-se a proferir palavras ofensivas à dignidade dos
querelantes. A liberdade de expressão política dos
parlamentares, ainda que vigorosa, deve se manter nos
limites da civilidade. STF. 1ª Turma. PET 7174/DF, rel. Min.
Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,
julgado em 10/3/2020 (Info 969). 
CNJ 
O Conselho Nacional de Justiça pode proceder à
revisão disciplinar de juízes e membros de tribunais
desde que observado o requisito temporal: processos
disciplinares julgados há menos de 1 ano (art. 103-B, §
4º, V, da CF/88). Vale ressaltarque, depois de instaurada a
revisão, não existe prazo para que o CNJ julgue o
procedimento. A Constituição Federal e o Regimento
Interno do CNJ conferem legitimidade universal para
propositura da revisão disciplinar, que pode ser instaurada
por provocação de terceiros e até mesmo de ofício. As
hipóteses de cabimento da revisão estão elencadas no art.
83 do Regimento Interno do CNJ. O inciso I prevê que cabe
a revisão quando a decisão for contrária a texto expresso
da lei. Se o Tribunal aplica a pena de censura para um
magistrado que praticou conduta grave, essa decisão
enseja revisão disciplinar por ser contrária ao texto
expresso da lei. Isso porque, segundo o art. 44 da LC 35/79
(LOMAN) a pena de censura será aplicada “se a infração
não justificar punição mais grave”. STF. 2ª Turma. MS
30364/PA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/3/2020
(Info 970) 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
A omissão injustificada da Administração em
providenciar a disponibilização de banho quente nos
estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos
sob sua custódia. A determinação de que o Estado
forneça banho quente aos presos está relacionada com a
dignidade da pessoa humana, naquilo que concerne à
integridade física e mental a todos garantida. O Estado tem
a obrigação inafastável e imprescritível de tratar
prisioneiros como pessoas, e não como animais. O
encarceramento configura pena de restrição do direito
de liberdade, e não salvo-conduto para a aplicação de
sanções extralegais e extrajudiciais, diretas ou
indiretas. Em presídios e lugares similares de
confinamento, ampliam-se os deveres estatais de
proteção da saúde pública e de exercício de medidas de
assepsia pessoal e do ambiente, em razão do risco
agravado de enfermidades, consequência da natureza
fechada dos estabelecimentos, propícia à disseminação
de patologias. STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 27/04/2017 (Info 666) 
No início da pandemia decorrente do covid-19 foi
proposta ADO pedindo que o Presidente da República e os
Presidentes da Câmara e do Senado editassem lei
instituindo o pagamento de um valor mínimo em favor dos
mais necessitados a fim de assegurar a alimentação, o
mínimo existencial e a dignidade da pessoa humana.
Alguns dias após o ajuizamento da ADO, foi publicada a
Lei nº 13.982/2020, que criou um benefício semelhante ao
que se pretendia na ação. A Lei nº 13.982/2020 instituiu o
“auxílio emergencial”, um benefício financeiro no valor de
R$ 600,00 por mês, pago pela União a trabalhadores
informais, microempreendedores individuais (MEI),
autônomos e desempregados, e que tem por objetivo
fornecer proteção emergencial, pelo prazo de 3 meses, às
pessoas que perderam sua renda em virtude da crise
causada pelo coronavírus. 
Diante disso, o STF decidiu: 
a) conhecer da ação (significa que o STF entendeu ser
cabível, em tese, ação direta de inconstitucionalidade por
omissão para discutir o tema); 
b) mas, quanto ao mérito, julgar o pedido prejudicado uma
vez que foi aprovado o auxílio emergencial (Lei nº
13.982/2020) e, consequentemente, foi satisfeito o objeto
da ADO. STF. Plenário. ADO 56/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/4/2020
(Info 975). 
A MP 954/2020 determinava que, durante a emergência de
saúde decorrente do covid-19, as empresas de telefonia
fixa e móvel deveriam fornecer ao IBGE os dados dos seus
clientes: relação dos nomes, números de telefone e
endereços. Segundo a MP, essas informações seriam
utilizadas para a produção das estatísticas oficial, com o
objetivo de realizar entrevistas não presenciais com os
clientes das empresas. As informações disciplinadas pela
MP 954/2020 configuram dados pessoais e, portanto,
estão protegidas pelas cláusulas constitucionais que
asseguram a liberdade individual (art. 5º, caput), a
privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade
(art. 5º, X e XII). Sua manipulação e tratamento deverão
respeitar esses direitos e os limites estabelecidos pela
Constituição. A MP 954/2020 exorbitou dos limites
traçados pela Constituição porque diz que os dados serão
utilizados exclusivamente para a produção estatística
oficial, mas não delimita o objeto da estatística a ser
produzida, nem a finalidade específica ou a sua amplitude.
A MP 954/2020 não apresenta também mecanismos
técnico ou administrativo para proteger os dados pessoais
de acessos não autorizados, vazamentos acidentais ou
utilização indevida. Diante disso, constata-se que a MP
violou a garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, da
CF), em sua dimensão substantiva (princípio da
proporcionalidade). STF. Plenário. ADI 6387, ADI 6388, ADI
6389, ADI 6390 e ADI 6393 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgados em 6 e 7/5/2020 (Info 976) 
Compete privativamente à União legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV, da
CF), de modo que os Municípios não têm competência
para editar lei proibindo a divulgação de material com
referência a “ideologia de gênero” nas escolas
municipais. Existe inconstitucionalidade formal. Há
também inconstitucionalidade material nessa lei. Lei
 
8
municipal proibindo essa divulgação viola: 
• a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber (art. 206, II, CF/88); e 
• o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (art.
206, III). 
Essa lei contraria ainda um dos objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil, que é a promoção do bem
de todos sem preconceitos (art. 3º, IV, CF/88). 
Por fim, essa lei não cumpre com o dever estatal de
promover políticas de inclusão e de igualdade,
contribuindo para a manutenção da discriminação com
base na orientação sexual e identidade de gênero. STF.
Plenário. ADPF 457, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
27/04/2020 (Info 980 – clipping). 
O parágrafo único do art. 4º da Lei 9.883/99 prevê que os
órgãos que compõem o SISBIN deverão fornecer
informações para a ABIN: Art. 4º (...) Parágrafo único. Os
órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência
fornecerão à ABIN, nos termos e condições a serem
aprovados mediante ato presidencial, para fins de
integração, dados e conhecimentos específicos
relacionados com a defesa das instituições e dos interesses
nacionais. 
O Plenário do STF afirmou que esse dispositivo é
constitucional desde que seja interpretado com base em
quatro critérios definidos pela Corte. Assim, o STF conferiu
interpretação conforme à Constituição Federal ao
parágrafo único do art. 4º da Lei 9.883/99, para estabelecer
que: 
a) os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de
Inteligência (Sisbin) somente podem fornecer dados e
conhecimentos específicos à Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) quando comprovado o interesse público
da medida, afastada qualquer possibilidade de esses dados
atenderem interesses pessoais ou privados; 
b) toda e qualquer decisão que solicitar os dados deverá
ser devidamente motivada para eventual controle de
legalidade pelo Poder Judiciário; 
c) mesmo quando presente o interesse público, os dados
referentes a comunicações telefônicas ou dados sujeitos à
reserva de jurisdição não podem ser compartilhados na
forma do dispositivo em razão daquela limitação,
decorrente do respeito aos direitos fundamentais; e d) nas
hipóteses cabíveis de fornecimento de informações e
dados à Abin, é imprescindível procedimento formalmente
instaurado e existência de sistemas eletrônicos de
segurança e registro de acesso, inclusive para efeito de
responsabilização, em caso de eventuais omissões, desvios
ou abusos. STF. Plenário. ADI 6529 MC/DF, rel.Min.
Cármen Lúcia, julgado em 13/8/2020 (Info 986).
É inconstitucional lei estadual que proíba que a
Administração Pública contrate empresa cujo diretor,
gerente ou empregado tenha sido condenado por
crime ou contravenção relacionados com a prática de
atos discriminatórios. Essa lei viola os princípios da
intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal
e do devido processo legal. STF. Plenário. ADI 3092, Rel.
Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 –
clipping). 
PODER JUDICIÁRIO
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o
servidor exonerado não possui o direito de reingresso
no cargo. Isso porque o atual ordenamento constitucional
impõe a prévia aprovação em concurso público como
condição para o provimento em cargo efetivo da
Administração Pública. O STF já declarou a
inconstitucionalidade de lei estadual que previa a
possibilidade de o magistrado exonerado reingressar
nos quadros da magistratura: ADI 2983, Rel. Min. Carlos
Velloso, julgado em 23/02/2005. O CNJ também já expediu
orientação normativa vinculante afirmando que não são
possíveis formas de provimentos dos cargos relacionados à
carreira da Magistratura que não estejam explicitamente
previstas na Constituição Federal nem na LOMAN. Assim, o
magistrado que pediu exoneração não tem direito de
readmissão no cargo mesmo que essa possibilidade esteja
prevista em lei estadual. STJ. 2ª Turma. RMS 61.880-MT,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
03/03/2020 (Info 666) 
Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor
do Foro da Comarca de Sete Quedas que restringiu o
ingresso de pessoas portando arma de fogo nas
dependências do Fórum. STJ. 1ª Turma. RMS 38.090-MS,
Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/03/2020 (Info
667). 
PRINCÍPIO DA IGUALDADE E SISTEMA DE COTAS 
É inconstitucional a lei distrital que preveja que 40%
das vagas das universidades e faculdades públicas do
Distrito Federal serão reservadas para alunos que
estudaram em escolas públicas do Distrito Federal. Essa
lei, ao restringir a cota apenas aos alunos que estudaram
no Distrito Federal, viola o art. 3º, IV e o art. 19, III, da
CF/88, tendo em vista que faz uma restrição injustificável
entre brasileiros. Vale ressaltar que a inconstitucionalidade
não está no fato de ter sido estipulada a cota em favor de
alunos de escolas públicas, mas sim em razão de a lei ter
restringindo as vagas para alunos do Distrito Federal, em
detrimento dos estudantes de outros Estados da
Federação. STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 27/03/2020. 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
A decisão judicial que proibiu a realização de entrevista
com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro,
não significa restrição indevida à liberdade de imprensa
nem representa censura prévia. Logo, essa decisão não
configura ofensa ao entendimento firmado pelo STF na
ADPF 130, que julgou não recepcionada a Lei de Imprensa
(Lei nº 5.250/67). A decisão judicial impediu a entrevista
 
9
com o objetivo de proteger as investigações e evitar
possíveis prejuízos processuais, inclusive quanto ao direito
ao silêncio do investigado. Além disso, a decisão teve
como finalidade proteger o próprio custodiado, que
autorizou a entrevista, mas cuja sanidade mental era
discutível na época, tendo sido, posteriormente, declarado
inimputável em razão de “transtorno delirante persistente”.
STF. 1ª Turma. Rcl 32052 AgR/MS, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973). 
A imprensa divulgou que o Ministério da Justiça estaria
investigando e elaborando dossiês sigilosos contra um
grupo de servidores públicos identificados como
integrantes do “movimento antifascismo”. Os principais
alvos da investigação seriam professores e policiais
autointitulados de “antifascistas”. Determinado partido
político ajuizou ADPF para que o STF declare que essa
investigação viola os preceitos fundamentais da liberdade
de expressão, reunião, associação, inviolabilidade de
intimidade, vida privada e honra. O STF deferiu medida
cautelar para suspender todo e qualquer ato do Ministério
da Justiça e Segurança Pública (MJSP) de produção ou
compartilhamento de informações sobre a vida pessoal, as
escolhas pessoais e políticas, as práticas cívicas de
cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e
municipais identificados como integrantes de movimento
político antifascista, professores universitários e quaisquer
outros que, atuando nos limites da legalidade, exerçam
seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e
associar-se. STF. Plenário. ADPF 722 MC/DF, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 19 e 20/8/2020 (Info 987) 
COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS 
A Lei nº 13.979/2020 prevê medidas que poderão ser
adotadas pelo Brasil para enfrentamento da emergência de
saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus. A MP 926/2020 alterou o caput e o inciso VI
do art. 3º da Lei nº 13.979/2020 e acrescentou os §§ 8º a
11 ao art. 3º da Lei nº 13.979/2020. Foi ajuizada uma ADI
contra esta MP. O STF, ao apreciar a medida cautelar,
decidiu: 
• confirmar a medida acauteladora concedida
monocraticamente pelo Relator para “tornar explícita, no
campo pedagógico e na dicção do Supremo, a
competência concorrente.” Em outras palavras, as
providências adotadas pelo Governo Federal “não
afastam atos a serem praticados por Estado, o Distrito
Federal e Município considerada a competência
concorrente na forma do artigo 23, inciso II, da Lei Maior.”
• dar interpretação conforme à Constituição ao § 9º do art.
3º da Lei nº 13.979/2020, a fim de explicitar que o
Presidente da República pode dispor, mediante
decreto, sobre os serviços públicos e atividades
essenciais, no entanto, esse decreto deverá preservar a
atribuição de cada esfera de governo, nos termos do
inciso I do art. 198 da Constituição Federal. STF. Plenário.
ADI 6341 MC-Ref/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Edson Fachin, julgado em 15/4/2020 (Info 973). 
É constitucional lei estadual que autoriza a
comercialização de bebidas alcoólicas nas arenas
desportivas e nos estádios. Trata-se de legislação sobre
consumo, matéria de competência concorrente (art. 24, V,
da CF/88). O art. 13-A, II, da Lei nº 10.671/2003 (Estatuto
do Torcedor) indica como “condições de acesso e
permanência do torcedor no recinto esportivo”, entre
outras, “não portar objetos, bebidas ou substâncias
proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática
de atos de violência”. Não há, contudo, uma vedação geral
e absoluta por parte do Estatuto do Torcedor, de modo
que o legislador estadual, no exercício de sua competência
concorrente complementar, observadas as especificidades
locais, pode regulamentar a matéria, autorizando, por
exemplo, a venda de cerveja e chope (bebidas de baixo
teor alcoólico) nos estádios. Vale lembrar que isso já é
autorizado nos grandes eventos mundiais de futebol e
outros esportes, inclusive na Copa do mundo organizada
pela FIFA e nas Olimpíadas. STF. Plenário. ADI 6195, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/03/2020 
Os Estados-membros não possuem competência
legislativa para determinar a microfilmagem de
documentos arquivados nos cartórios extrajudiciais do
Estado. Esse tema envolve registros públicos e
responsabilidade civil dos notários e registros, matéria que
é de competência privativa da União, nos termos do art.
22, XXV, da CF/88. STF. Plenário. ADI 3723, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 27/03/2020. 
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de
animais para desenvolvimento, experimentos e testes
de produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfumes
e seus componentes. A proteçãoda fauna é matéria de
competência legislativa concorrente (art. 24, VI, da CF/88).
A Lei federal nº 11.794/2008 possui uma natureza
permissiva, autorizando, a utilização de animais em
atividades de ensino e pesquisas científicas, desde que
sejam observadas algumas condições relacionadas aos
procedimentos adotados, que visam a evitar e/ou atenuar
o sofrimento dos animais. Mesmo que o tema tenha sido
tratado de forma mais restrita pela lei estadual, isso não se
mostra inconstitucional porque, em princípio, é possível
que os Estados editem normas mais protetivas ao meio
ambiente, com fundamento em suas peculiaridades
regionais e na preponderância de seu interesse, conforme
o caso. STF. Plenário. ADI 5996, Rel. Alexandre de Moraes,
julgado em 15/04/2020 (Info 975). 
A Lei nº 13.979/2020 previu, em seu art. 3º, um rol
exemplificativo de oito medidas que podem ser adotadas
pelo poder público para o combate ao coronavírus. O art.
3º, VI, “b”, e os §§ 6º e 7º, II, da Lei nº 13.979/2020
estabeleceram que os Estados e Municípios somente
poderia adotar algumas medidas se houvesse autorização
da União. O STF, ao apreciar ADI contra a Lei, decidiu: 
a) suspender parcialmente, sem redução de texto, o
 
10
disposto no art. 3º, VI, “b”, e §§ 6º e 7º, II, da Lei nº
13.979/2020, a fim de excluir estados e municípios da
necessidade de autorização ou de observância ao ente
federal; e b) conferir interpretação conforme aos referidos
dispositivos no sentido de que as medidas neles previstas
devem ser precedidas de recomendação técnica e
fundamentada, devendo ainda ser resguardada a
locomoção dos produtos e serviços essenciais definidos
por decreto da respectiva autoridade federativa, sempre
respeitadas as definições no âmbito da competência
constitucional de cada ente federativo. Assim, os
Estados/DF e Municípios podem, mesmo sem autorização
da União, adotar medidas como isolamento, quarentena,
exumação, necropsia, cremação e manejo de cadáver e
restrição à locomoção interestadual e intermunicipal em
rodovias, portos ou aeroportos. Vale ressaltar que Estados
e Municípios não podem fechar fronteiras, pois sairiam de
suas competências constitucionais. A adoção de medidas
restritivas relativas à locomoção e ao transporte, por
qualquer dos entes federativos, deve estar embasada em
recomendação técnica fundamentada de órgãos da
vigilância sanitária e tem de preservar o transporte de
produtos e serviços essenciais, assim definidos nos
decretos da autoridade federativa competente. STF.
Plenário. ADI 6343 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 6/5/2020 (Info 976). 
Padece de inconstitucionalidade formal lei de iniciativa
parlamentar que disponha sobre atribuições de órgãos da
Administração Pública (art. 61, § 1º, II, "e" e art. 84, VI, da
Constituição Federal). STF. Plenário. ADI 3981, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 15/04/2020 (Info 978). 
É inconstitucional lei estadual que afasta as exigências
de revalidação de diploma obtido em instituições de
ensino superior de outros países para a concessão de
benefícios e progressões a servidores públicos. Essa lei
invade a competência privativa da União para legislar
sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22,
XXIV, CF/88). STF. Plenário. ADI 6073, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 27/03/2020. 
É constitucional lei estadual que estabeleça que as
instituições de ensino superior privada são obrigadas a
devolver o valor da taxa de matrícula, podendo reter, no
máximo, 5% da quantia, caso o aluno, antes do início das
aulas, desista do curso ou solicite transferência. STF.
Plenário. ADI 5951, Rel. Cármen Lúcia, julgado em
16/06/2020 (Info 985 – clipping).
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual
que preveja que os serviços públicos de saneamento e
de abastecimento de água serão prestados por pessoas
jurídicas de direito público ou por sociedade de
economia mista sob controle acionário e
administrativo, do Poder Público Estadual ou
Municipal. Compete aos Municípios a titularidade dos
serviços públicos de saneamento básico. Assim, a eles
cabe escolher a forma da prestação desses serviços, se
diretamente ou por delegação à iniciativa privada
mediante prévia licitação. Isso é garantido pelo art. 30, I e
IV, da CF/88. Além disso, essa previsão da Constituição
Estadual também viola o art. 175 da Constituição Federal,
que atribui ao poder público a escolha da prestação de
serviços públicos de forma direta ou sob regime de
concessão ou permissão mediante prévia licitação. STF.
Plenário. ADI 4454, Rel. Cármen Lúcia, julgado em
05/08/2020 (Info 988 – clipping). 
O art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020
autoriza que os gestores locais de saúde (secretarias
estaduais e municipais, p. ex.), mesmo sem autorização do
Ministério da Saúde, façam a requisição de bens e serviços.
O STF afirmou que esses dispositivos são constitucionais.
Não se exige autorização do Ministério da Saúde para
que os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios
decretem a requisição administrativa prevista no art.
3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020, no
exercício de suas competências constitucionais. STF.
Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 2/9/2020 (Info 989). 
INTERVENÇÃO 
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de
intervenção estadual diferentes daquelas que são
previstas no art. 35 da Constituição Federal. As
hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da
CF/88 são taxativas. Caso concreto: STF julgou
inconstitucional dispositivo da Constituição de
Pernambuco que previa que o Estado-membro poderia
intervir nos Municípios caso ali ocorressem atos de
corrupção e improbidade administrativa. STF. Plenário. ADI
2917, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020 
Viola a Constituição Federal a previsão contida na
Constituição Estadual atribuindo aos Tribunais de Contas a
competência para requerer ou decretar intervenção em
Município. Essa previsão não encontra amparo nos arts. 34
e 36 da CF/88. STF. Plenário. ADI 3029, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 27/03/2020. 
ACESSO À INFORMAÇÃO 
É inconstitucional o art. 6º-B da Lei nº 13.979/2020,
incluído pela MP 928/2020, porque ele impõe uma série
de restrições ao livre acesso do cidadão a informações .
O art. 6º-B não estabelece situações excepcionais e
concretas impeditivas de acesso à informação. Pelo
contrário, transforma a regra constitucional de publicidade
e transparência em exceção, invertendo a finalidade da
proteção constitucional ao livre acesso de informações a
toda sociedade. STF. Plenário. ADI 6351 MC-Ref/DF, ADI
6347 MC-Ref/DF e ADI 6353 MC-Ref/DF, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgados em 30/4/2020 (Info 975). 
 
11
ADVOCACIA PÚBLICA 
As Procuradorias de Estado, por integrarem os
respectivos Poderes Executivos, não gozam de
autonomia funcional, administrativa ou financeira, uma
vez que a administração direta é una e não comporta a
criação de distinções entre órgãos em hipóteses não
contempladas explícita ou implicitamente pela
Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux,
julgado em 15/04/2020 
A garantia da inamovibilidade conferida pela
Constituição Federal aos magistrados, aos membros do
Ministério Público e aos membros da Defensoria
Pública (arts. 93, VIII; 95, II; 128, § 5º, b; e 134, parágrafo
único) não pode ser estendida aos procuradores de
estado. STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em
15/04/2020. 
Os princípios institucionais e as prerrogativasfuncionais do Ministério Público e da Defensoria
Pública não podem ser estendidos às Procuradorias de
Estado, porquanto as atribuições dos procuradores de
estado – sujeitos que estão à hierarquia administrativa –
não guardam pertinência com as funções conferidas aos
membros daquelas outras instituições. STF. Plenário. ADI
5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020. 
A Procuradoria-Geral do Estado é o órgão constitucional e
permanente ao qual se confiou o exercício da advocacia
(representação judicial e consultoria jurídica) do Estado-
membro (art. 132 da CF/88). A parcialidade é inerente às
suas funções, sendo, por isso, inadequado cogitar-se
independência funcional, nos moldes da Magistratura,
do Ministério Público ou da Defensoria Pública (art. 95,
II; art. 128, § 5º, I, b; e art. 134, § 1º, da CF/88). STF.
Plenário. ADI 1246, Rel. Roberto Barroso, julgado em
11/04/2019. 
É inconstitucional lei estadual que preveja que servidor de
autarquia (no caso, era Técnico Superior do DETRAN) será
responsável por: 
• representar a entidade “em juízo ou fora dele nas ações
em que haja interesse da autarquia”. 
• praticar “todos os demais atos de natureza judicial ou
contenciosa, devendo, para tanto, exercer as suas funções
profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela
Ordem dos Advogados do Brasil OAB”. Tais previsões
violam o “princípio da unicidade da representação judicial
dos Estados e do Distrito Federal”, insculpido no art. 132
da CF/88. 
A legislação impugnada, apesar de não ter criado uma
procuradoria paralela, atribuiu ao cargo de Técnico
Superior do Detran/ES, com formação em Direito, diversas
funções privativas de advogado. Ao assim agir, conferiu
algumas atribuições de representação jurídica do DETRAN
a pessoas estranhas aos quadros da Procuradoria-Geral do
Estado, com violação do art. 132, caput, da CF/88. O STF
decidiu modular os efeitos da decisão para: 
• manter os cargos em questão, excluídas as atribuições
judiciais inerentes às procuradorias; 
• declarar a validade dos atos praticados (ex: contestações,
recursos etc.) até a data do julgamento, com base na teoria
do funcionário de fato. 
ATENÇÃO. Por outro lado, é válido que esses servidores
façam a atuação jurídica no âmbito interno da autarquia,
sobretudo em atividades de compliance, tais como
conceber e formular medidas e soluções de otimização,
fiscalização e auditoria (exs: interpretar textos e
instrumentos legais, elaborar pareceres sobre questões
jurídicas que envolvam as atividades da entidade, elaborar
editais, contratos, convênios etc.). Essas atribuições podem
sim ser exercidas* pelos Técnicos Superiores do DETRAN,
sem que isso ofenda o princípio da unicidade da
representação judicial. O STF entendeu que não se pode
deslocar qualquer atuação técnico-jurídica da autarquia
para a PGE, porque esta não conseguirá fazer frente a essa
gama de trabalho, sob pena de ter suas atividades
inviabilizadas. STF. Plenário. ADI 5109/ES, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 13/12/2018 (Info 927). 
No dia 04/06/2020, o STF julgou embargos de declaração
opostos neste processo e fez os seguintes acréscimos: 
• também são inconstitucionais os dispositivos da lei que
preveem que o Técnico Superior do DETRAN possa
“apresentar recursos em qualquer instância”, “comparecer
às audiências e outros atos para defender os direitos do
órgão” e “promover medidas administrativas e judiciais
para proteção dos bens e patrimônio do DETRAN-ES”; 
• a declaração de inconstitucionalidade parcial do ato
normativo abrange as atribuições jurídicas consultivas do
cargo de Técnico Superior que sejam privativas de
Procurador do Estado. Assim, as atribuições de “elaborar
estudos de pareceres sobre questões jurídicas que
envolvam as atividades do DETRAN-ES; elaborar editais,
contratos, convênios, acordos e ajustes celebrados pela
autarquia, com a emissão de parecer” devem ser exercidas
sob supervisão de Procurador do Estado do Espírito Santo.
* Com base no que foi completado no julgamento dos
embargos, conclui-se que as atribuições jurídicas
consultivas dos ocupantes do cargo de Técnico Superior
devem ser obrigatoriamente exercidas sob a supervisão de
Procurador do Estado, por ser esta a interpretação que
melhor prestigia o art. 132 da CF/88 e a jurisprudência do
STF. STF. Plenário. ADI 5109 ED-segundos/ES, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980). 
A percepção de honorários de sucumbência pelos
advogados públicos não representa ofensa à
determinação constitucional de remuneração exclusiva
mediante subsídio (arts. 39, § 4º, e 135 da CF/88). 
O art. 39, § 4º, da Constituição Federal, não constitui
vedação absoluta de pagamento de outras verbas além do
subsídio. Os advogados públicos podem receber
honorários sucumbenciais, mas, como eles recebem os
valores em função do exercício do cargo, esse
recebimento precisa se sujeitar ao regime jurídico de
direito público. Por essa razão, mesmo sendo compatível
 
12
com o regime de subsídio, sobretudo quando estruturado
como um modelo de remuneração por performance, com
vistas à eficiência do serviço público, a possibilidade de
advogados públicos perceberem verbas honorárias
sucumbenciais não afasta a incidência do teto
remuneratório estabelecido pelo art. 37, XI, da
Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 6053, Rel. Marco
Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, julgado em
22/06/2020 (Info 985 – clipping). 
O entendimento acima vale tanto para os advogados
públicos federais como também para os Procuradores do
Estado, do DF e do Município. Nesse sentido: É
constitucional o pagamento de honorários
sucumbenciais aos advogados públicos, observando-se,
porém, o limite remuneratório previsto no art. 37, XI,
da Constituição. STF. Plenário. ADI 6159 e ADI 6162, Rel.
Min. Roberto Barroso, julgados em 25/08/2020.
Para que o Procurador do Estado possa propor ação
civil pública (ex: ação civil pública de improbidade
administrativa), não é necessária autorização do
Govenador do Estado. No entanto, é indispensável a
anuência do Procurador-Geral do Estado. STF. 1ª Turma.
ARE 1165456 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/9/2020 (Info
989). 
DIREITOS SOCIAIS
O art. 8º, VIII, da CF/88 prevê que os dirigentes sindicais
não podem ser demitidos, salvo se cometerem falta grave.
O art. 522 da CLT prevê um número máximo empregados
que podem ser dirigentes sindicais. Assim que a CF/88 foi
promulgada, alguns doutrinadores começaram a sustentar
a tese de que o art. 522 da CLT não teria sido recepcionado
pela Carta Constitucional. Isso porque o inciso I do art. 8º
da Constituição prevê que a liberdade sindical, ou seja,
proíbe que o poder público interfira na organização dos
sindicatos. O TST e o STF não concordaram com essa tese.
A liberdade sindical tem previsão constitucional, mas
não possui caráter absoluto. A previsão legal de
número máximo de dirigentes sindicais dotados de
estabilidade de emprego não esvazia a liberdade
sindical. Essa garantia constitucional existe para que possa
assegurar a autonomia da entidade sindical, mas não serve
para criar situações de estabilidade genérica e ilimitada
que violem a razoabilidade e a finalidade da norma
constitucional garantidora do direito. Logo, o art. 522 da
CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
STF. Plenário. ADPF 276, Rel. Cármen Lúcia, julgado em
15/05/2020 (Info 980 – clipping) 
TRIBUNAIS DE CONTAS 
A Constituição do Estado de São Paulo previu a seguinte
regra: 
Art. 151. O Tribunal de Contas do Município de São Paulo
será composto por cinco Conselheiros e obedecerá, no que
couber, aos princípios da Constituição Federal e desta
Constituição. 
Parágrafoúnico. Aplicam-se aos Conselheiros do Tribunal
de Contas do Município de São Paulo as normas
pertinentes aos Conselheiros do Tribunal de Contas do
Estado. 
Para o STF, essa previsão não ofende a autonomia
municipal nem viola o princípio da simetria. Se a
Constituição Federal prevê nove conselheiros para a
composição do TCU e sete para composição dos tribunais
de contas dos estados, é razoável que um tribunal de
contas municipal tenha um número inferior de
conselheiros. Desse modo, não se vislumbra nenhuma
ofensa ao princípio da simetria. Vale ressaltar que essa
norma da Constituição Estadual não equipara os
vencimentos dos conselheiros do Tribunal de Contas do
Município aos dos conselheiros do Tribunal de Contas do
Estado. A fixação da remuneração dos conselheiros cabe
ao Município (mesmo que em valor diverso do fixado para
os conselheiros estaduais). STF. Plenário. ADI 346/SP e ADI
4776/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/6/2020
(Info 980). 
É inconstitucional lei estadual, de origem (iniciativa)
parlamentar, que discipline a organização e o
funcionamento do Tribunal de Contas estadual (TCE). Isso
porque os Tribunais de Contas possuem reserva de
iniciativa (competência privativa) para apresentar os
projetos de lei que tenham por objetivo tratar sobre a sua
organização ou o seu funcionamento (art. 96, II c/c arts. 73
e 75 da CF/88)
Os Tribunais de Contas, conforme reconhecido pela CF/88
e pelo STF, gozam das prerrogativas da autonomia e do
autogoverno, o que inclui, essencialmente, a iniciativa
privativa para instaurar processo legislativo que pretenda
alterar sua organização e funcionamento. STF. Plenário.
ADI 4191, Rel. Roberto Barroso, julgado em 22/05/2020
(Info 986 – clipping).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
É inconstitucional Lei estadual que, a pretexto de
proteger a saúde da população, estabelece limites de
radiação para a instalação de antenas transmissoras de
telefonia celular. Essa lei adentra na esfera de
competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações. A União, no exercício de suas
competências (art. 21, XI e art. 22, IV, da CF/88), editou a
Lei nº 9.472/97, que, de forma nítida, atribui à ANATEL a
definição de limites para a tolerância da radiação emitida
por antenas transmissoras. A União, por meio da Lei nº
11.934/2009, fixou limites proporcionalmente adequados à
exposição humana a campos elétricos, magnéticos e
eletromagnéticos. Dessa forma, a presunção de que gozam
os entes menores para, nos assuntos de interesse comum e
concorrente, legislarem sobre seus respectivos interesses
(presumption against preemption) foi nitidamente afastada
por norma federal expressa (clear statement rule) 
 
13
PODER JUDICIÁRIO
O art. 62 da Constituição do Estado de São Paulo, ao
restringir o universo dos possíveis candidatos aos órgãos
de cúpula do TJ/SP aos integrantes de seu órgão especial,
é inconstitucional porque desrespeitou a autonomia
administrativa dos tribunais, consagrada no art. 96, I, “a”, e
no art. 99 da CF/88. O art. 102 da LOMAN (LC 35/79) não
foi recepcionado pela CF/88, considerando que não é
compatível com a Constituição Federal a regra segundo a
qual apenas os Desembargadores mais antigos possam
concorrer aos cargos diretivos dos tribunais. Essa matéria,
em razão da autonomia consagrada no art. 96, I, “a”, e no
art. 99 da CF/88, deve ser remetida à disciplina regimental
de cada tribunal. STF. Plenário. ADI 3976/SP e MS
32451/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 25/6/2020
(Info 983). 
SEGURANÇA PÚBLICA 
Não é possível que os Estados-membros criem órgão
de segurança pública diverso daqueles que estão
previstos no art. 144 da CF/88. Os Estados-membros e o
Distrito Federal devem seguir o modelo federal. O art. 144
da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício
da segurança pública, sendo esse rol taxativo. Assim, a
Constituição Estadual não pode prever a criação de Polícia
Científica como órgão integrante da segurança pública.
Vale ressaltar que nada impede que a Polícia Científica,
criada pelo Estado-membro para ser o órgão responsável
pelas perícias, continue a existir e a desempenhar suas
funções, sem estar, necessariamente, vinculada à Polícia
Civil. No entanto, deve-se afastar qualquer interpretação
que lhe outorgue caráter de órgão de segurança pública.
STF. Plenário. ADI 2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 24/6/2020 (Info 983). 
A Constituição Federal, nos incisos do art. 144, estabelece
quais são os órgãos de segurança pública. Esse rol é
taxativo e de observância obrigatória pelo legislador
infraconstitucional. Como consequência, os Estados-
membros não podem atribuir o exercício de atividades
de segurança pública a órgãos diversos daqueles
previstos na Constituição Federal. Assim, a lei distrital, ao
estabelecer que os agentes de trânsito exercem atividades
de segurança pública, possui vício de inconstitucionalidade
material porque violou o rol taxativo dos órgãos
encarregados da segurança pública previsto no art. 144 da
CF/88. Compete aos órgãos e agentes de trânsito
estaduais, distritais e municipais o exercício da “segurança
viária”, que compreende a educação, engenharia e
fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas
em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
urbana eficiente (art. 144, § 10, da CF/88). As atividades de
segurança viária não se confundem com “segurança
pública”. Compete à União, nos termos do art. 21, VI; e 22,
I, da Constituição, a definição dos requisitos para a
concessão do porte de arma de fogo e dos possíveis
titulares de tal direito, inclusive no que se refere a
servidores públicos estaduais ou municipais, em prol da
uniformidade da regulamentação do tema no país, questão
afeta a políticas de segurança pública de âmbito nacional.
Desse modo, é inconstitucional a lei distrital que
disponha sobre porte de arma de fogo, criando
hipóteses não previstas na legislação federal de
regência, notadamente a Lei federal nº 10.826/2003
(Estatuto do Desarmamento). STF. Plenário. ADI 3996, Rel.
Luiz Fux, julgado em 15/04/2020 (Info 987 – clipping). 
SEGURIDADE SOCIAL 
Os Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte ajuizaram ação
cível originária, em face da União, com pedido de tutela
provisória, questionando a redução de recursos do
Programa Bolsa Família destinados à Região Nordeste. O
Min. Marco Aurélio (relator) deferiu medida cautelar
determinando que:
a) a União disponibilize dados que justifiquem a
concentração de cortes de benefícios do Programa Bolsa
Família na Região Nordeste, bem assim dispense aos
inscritos nos Estados autores tratamento isonômico em
relação aos beneficiários dos demais entes da Federação. 
b) não haja cortes no Programa enquanto perdurar o
estado de calamidade pública; 
c) a liberação de recursos para novas inscrições seja
uniforme considerados os Estados da Federação.
O Plenário do STF referendou a medida cautelar concedida.
STF. Plenário. ACO 3359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 5/8/2020 (Info 985)
ÍNDIOS 
A associação “Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
(APIB) e seis partidos políticos ajuizaram arguição de
descumprimento de preceito fundamental alegando que o
Poder Público estava falhando na proteção dos povos
indígenas com relação à pandemia da Covid-19. Os
autores apontaram uma série de atos comissivos e
omissivos do Poder Público que, segundo eles, estavam
causando alto risco de contágio e de extermínio dos povos
indígenas. Os requerentes apontaram que tais atos violam
a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), o
direito à vida (art. 5º,caput) e o direito à saúde (arts. 6º e
196), além do direito de tais povos a viverem em seu
território, de acordo com suas culturas e tradições (art.
231). Na ação, os autores pedem a realização de diversas
medidas necessárias para a proteção dos povos indígenas.
O Min. Roberto Barroso (relator) deferiu parcialmente a
medida cautelar para que a União implemente, em resumo,
as seguintes providências: 
Quanto aos povos indígenas em isolamento ou povos
indígenas de recente contato: 
1. Criação de barreiras sanitárias, que impeçam o ingresso
de terceiros em seus territórios; 
2. Criação de Sala de Situação, para gestão de ações de
combate à pandemia quanto aos Povos Indígenas em
 
14
Isolamento e de Contato Recente.
Quanto aos povos indígenas em geral: 
1. Inclusão de medida emergencial de contenção e
isolamento dos invasores em relação às comunidades
indígenas ou providência alternativa, apta a evitar o
contato.
2. Imediata extensão dos serviços do Subsistema Indígena
de Saúde.
3. Elaboração e monitoramento de um Plano de
Enfrentamento da COVID-19 para os Povos Indígenas
Brasileiros pela União.
O Plenário do STF referendou a medida cautelar concedida.
STF. Plenário. ADPF 709 Ref-MC/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 3 e 5/8/2020 (Info 985).
TRIBUNAL DE CONTAS 
O TCU, por força do art. 71, VI, da CF/88, tem
competência para fiscalizar o uso dos recursos federais
repassados a outros entes federados, como no caso de
verbas federais repassadas ao Distrito Federal. Vale
ressaltar, contudo, que, diante da autonomia própria dos
entes federados, a fiscalização, pelo TCU, dos recursos
federais repassados ao Distrito Federal não impede que o
TCDF também faça a fiscalização da aplicação desses
mesmos recursos, até porque ele tem pleno e legítimo
interesse na regular prestação dos serviços de saúde no
seu território. Assim, por força dos arts. 71 e 75 da
Constituição Federal e do art. 78 da Lei Orgânica do
Distrito Federal, o Tribunal de Contas do Distrito Federal
tem competência para fiscalizar a aplicação de recursos
federais repassados ao Distrito Federal. STJ. 1ª Turma. RMS
61.997-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
16/06/2020 (Info 674) 
 
15
Administrativo
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
Imóvel do particular foi incluído em unidade de
conservação. Houve, no caso, uma limitação administrativa.
Ele ajuizou ação de desapropriação indireta pedindo
indenização. Mesmo não tendo havido desapropriação
indireta, mas sim mera limitação administrativa, o juiz
deverá conhecer da ação e julgar seu mérito. Devem ser
observados os princípios da instrumentalidade das formas
e da primazia da solução integral do mérito. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.653.169-RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 19/11/2019 (Info 662) 
LICITAÇÕES
O CREDENCIAMENTO é uma hipótese de inexigibilidade
de licitação na qual “a Administração aceita como
colaborador todos aqueles que, atendendo as
motivadas exigências públicas, manifestem interesse
em firmar contrato ou acordo administrativo.” (TORRES,
Ronny Charles Lopes de. Leis de Licitações Públicas
comentadas. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 348). Desse
modo, o credenciamento é um procedimento por meio
do qual a Administração Pública anuncia que precisa de
pessoas para fornecer determinados bens ou para
prestarem algum serviço e que irá contratar os que se
enquadrem nas qualificações que ela exigir. Após esse
chamamento público, os interessados podem se habilitar
para serem contratados. Fala-se que é uma hipótese de
inexigibilidade de licitação porque não haverá
competição (disputa) entre os interessados. Todos os
interessados que preencham os requisitos anunciados
serão considerados “credenciados” e estarão aptos a serem
contratos. O Banco do Brasil publicou edital para
credenciamento de advogados para prestar serviços
advocatícios. Ocorre que o edital de credenciamento
publicado previu um critério de pontuação, de forma que
os advogados e escritórios que se inscrevessem iriam ser
avaliados e organizados segundo uma ordem de
classificação baseada no currículo, experiência etc. O TCU e
o STJ entendem que isso não é válido. O estabelecimento
de critérios de classificação para a escolha de licitantes
em credenciamento é ilegal. O credenciamento é
considerado como uma espécie de inexigibilidade de
licitação justamente pelo fato de não ser possível, em
tese, a competição entre os interessados. Logo, a
previsão de critérios de pontuação entre os interessados
contraria a natureza do processo de credenciamento.
Assim, no credenciamento só se admite a existência de
requisitos mínimos. Se o interessado preencher, ele está
credenciado; se não atender, encontra-se eliminado. Os
critérios permitidos são, portanto, meramente
eliminatórios (e não classificatórios). STJ. 1ª Turma. REsp
1.747.636-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
03/12/2019 (Info 662). 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Os servidores públicos federais, quando desempenhavam
funções gratificadas tinham direito de incorporar, em sua
remuneração, a vantagem decorrente do cargo em
comissão ou da função de direção, chefia e
assessoramento. Isso estava previsto na redação original
do art. 62 da Lei nº 8.112/90. Isso ficou conhecido como
incorporação de quintos em razão do exercício de funções
gratificadas. Houve uma discussão se os servidores
públicos federais tiveram direito à incorporação dos
quintos no período que vai de 08/04/1998 a 04/09/2001.
Após várias decisões favoráveis aos servidores, o STF
decidiu em sentido contrário. Em 2015, o STF decidiu que
não era permitida a incorporação dos quintos nesse
período e que essa possibilidade acabou com a edição da
MP 1.595-14 (convertida na Lei nº 9.527/97). Ocorre que
muitos servidores estavam recebendo os quintos
referentes ao período de 08/04/1998 a 04/09/2001 por
força de decisões judiciais ou administrativas. Como ficou a
situação dessas pessoas? O STF, em embargos de
declaração, decidiu modular os efeitos da decisão e
afirmou o seguinte: 
• é indevida a cessação imediata do pagamento dos
quintos quando houve uma decisão judicial transitada em
julgado em favor do servidor. Neste caso, o servidor já
incorporou definitivamente os quintos ao seu patrimônio
jurídico; 
• se o servidor estava recebendo os quintos em razão de
decisão administrativa ou de decisão judicial não definitiva,
o pagamento dos quintos é indevido. No entanto, os
efeitos da decisão foram modulados, de modo que aqueles
que recebem a parcela até a data de hoje terão o
pagamento mantido até a sua absorção integral por
quaisquer reajustes futuros concedidos aos servidores. Em
outras palavras, a remuneração ou os proventos não
diminuirão de valor imediatamente. No entanto, quando
houver um aumento, esse valor dos quintos sumirá, sendo
absorvido pelo aumento. STF. Plenário. RE 638115
ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/12/2019 (Info 964). 
Algumas leis municipais preveem que a pessoa que tiver
exercido o cargo de Vereador fará jus, após deixar o
mandato, a um subsídio mensal e vitalício. Alguns chamam
isso de representação, outros de pensão vitalícia e outros
de pensão civil. A previsão desse pagamento é compatível
com a CF/88? NÃO. O STF fixou a seguinte tese a respeito
do tema: Lei municipal a versar a percepção, mensal e
vitalícia, de “subsídio” por ex-vereador e a
consequente pensão em caso de morte não é
harmônica com a Constituição Federal de 1988. STF.
Plenário. RE 638307/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 19/12/2019 (Tema 672 – repercussão geral) (Info 964). 
 
16
Inexiste direito adquirido para os médicos cooperados
estrangeirosde permanecer nos quadros de agentes
públicos da saúde pública, ainda que já tenham sido
vinculados ao Projeto Mais Médicos para o Brasil. STJ. 2ª
Turma. RO 213-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 05/12/2019 (Info 663) 
Escrevente notarial do Estado de São Paulo que se
aposentou segundo as regras da Lei estadual nº 10.393/70
pode ser atingido pelas regras da Lei estadual 14.016/2010,
que alterou a forma de reajuste das aposentadorias e
aumentou as alíquotas da contribuição previdenciária. A
Lei estadual nº 14.016/2010 previu novos critérios para os
reajustes futuros da aposentadoria e, conforme
jurisprudência do STF, não existe direito adquirido à
manutenção de regime jurídico anterior. A Lei estadual
10.393/70 indexava a aposentadoria ao valor do salário-
mínimo, o que é expressamente vedado pelo art. 7º, IV, da
Constituição Federal. Nesse sentido também é a Súmula
Vinculante 4. A alíquota da contribuição previdenciária
também é perfeitamente possível considerando que não
existe direito adquirido a regime jurídico e, a contribuição
previdenciária possui natureza jurídica tributária, não
havendo norma jurídica válida que confira o direito ao não
recolhimento de tributo. Vale ressaltar que, na ADI 4420, o
STF garantiu a situação jurídica de quem já tinha se
aposentado ou preenchido os requisitos para a obtenção
do benefício. Não houve, contudo, a intenção de se
assegurar o direito à manutenção da indexação de
benefício de aposentadoria ao salário mínimo ou impedir a
majoração das alíquotas da contribuição previdenciária.
Esses assuntos não foram discutidos na ADI 4420. STF. 1ª
Turma. Rcl 37892 AgR/SP, rel. orig. Min. Alexandre de
Moraes, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 10/3/2020
(Info 969) 
A regra que estabelece a necessidade de residência do
servidor no município em que exerce suas funções é
compatível com a Constituição de 1988, a qual já prevê
obrigação semelhante para magistrados, nos termos do
seu art. 93, VII. Por outro lado, viola a Constituição a lei
estadual que proíba a saída do servidor do Município sede
da unidade em que atua sem autorização do superior
hierárquico. Essa previsão configura grave violação da
liberdade fundamental de locomoção (art. 5º, XV, da
CF/88) e do devido processo legal (art. 5º, LIV). STF.
Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020
(Info 977) 
FUNDEF 
O valor da complementação da União ao Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado
com base no valor mínimo nacional por aluno extraído da
média nacional. A complementação ao Fundef realizada a
partir do valor mínimo anual por aluno fixada em
desacordo com a média nacional impõe à União o dever
de suplementação de recursos, mantida a vinculação
constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção
do ensino. Em outras palavras, os Estados prejudicados
com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por
aluno deverão ser indenizados por conta do montante
pago a menor a título de complementação pela União no
período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios
financeiros de 1998 a 2007. O tema acima foi definido pelo
STJ (no REsp 1101015/BA) e pelo STF nas ACO 648/BA,
ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, jugadas em
6/9/2017. Diante disso, é possível que o Ministro do STF,
Relator de ações com pedidos semelhantes, decida
monocraticamente e julgue procedente os pedidos
formulados por outros Estadosmembros contra a União.
Não haverá, neste caso, violação ao princípio da
colegialidade. STF. Plenário. ACO 701 AgR/AL, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 18/12/2019 (Info 964) 
CONCURSO PÚBLICO 
Sem previsão constitucionalmente adequada e
instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de
concurso público que restrinja a participação de
candidato pelo simples fato de responder a inquérito
ou a ação penal. STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 (repercussão
geral – Tema 22) (Info 965) 
Compete à Justiça comum processar e julgar
controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de
seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade
do certame em face da Administração Pública, direta e
indireta, nas hipóteses em que adotado o regime
celetista de contratação de pessoal. STF. Plenário. RE
960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e
5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968). 
A exclusão do candidato, que concorre à vaga
reservada em concurso público, pelo critério da
heteroidentificação, seja pela constatação de fraude,
seja pela aferição do fenótipo ou por qualquer outro
fundamento, exige o franqueamento do contraditório e
da ampla defesa. STJ. 2ª Turma. RMS 62.040-MG, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 17/12/2019 (Info 666). 
Em regra, o STJ acompanha o entendimento do STF e
decide que é inaplicável a teoria do fato consumado aos
concursos públicos, não sendo possível o
aproveitamento do tempo de serviço prestado pelo
servidor que tomou posse por força de decisão judicial
precária, para efeito de estabilidade. Contudo, em
alguns casos, o STJ afirma que há a solidificação de
situações fáticas ocasionada em razão do excessivo
decurso de tempo entre a liminar concedida e os dias
atuais, de maneira que, a reversão desse quadro
implicaria inexoravelmente em danos desnecessários e
irreparáveis ao servidor. Em outras palavras, o STJ
entende que existem situações excepcionais nas quais a
solução padronizada ocasionaria mais danos sociais do
que a manutenção da situação consolidada, impondo-
 
17
se o distinguishing, e possibilitando a contagem do
tempo de serviço prestado por força de decisão
liminar, em necessária flexibilização da regra. Caso
concreto: determinado indivíduo prestou concurso para o
cargo de Policial Rodoviário Federal e foi aprovado nas
provas teóricas, tendo sido, contudo, reprovado em um
dos testes práticos. O candidato propôs mandado de
segurança questionando esse teste. O juiz concedeu a
liminar determinando a nomeação e posse, o que ocorreu
em 1999. Em sentença, o magistrado confirmou a liminar e
julgou procedente o pedido do autor. Anos mais tarde, o
TRF, ao julgar a apelação, entendeu que a exigência do
teste prático realizado não continha nenhum vício. Em
virtude disso, reformou a sentença. O servidor, contudo,
continuou cautelarmente no cargo até 2020, quando
houve o trânsito em julgado da decisão contrária ao seu
pleito. O STJ assegurou a manutenção definitiva do
impetrante no cargo. STJ. 1ª Turma. AREsp 883.574-MS,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
20/02/2020 (Info 666). STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp
1569719/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
08/10/2019 
Nos casos de preterição de candidato na nomeação em
concurso público, o termo inicial do prazo prescricional
quinquenal recai na data em que foi nomeado outro
servidor no lugar do aprovado no certame. STJ. 2ª
Turma. AgInt no REsp 1.643.048-GO, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 05/03/2020 (Info 668). 
A equiparação de carreira de nível médio a outra de
nível superior constitui ascensão funcional, vedada pelo
art. 37, II, da CF/88. STF. Plenário. ADI 3199, Rel. Roberto
Barroso, julgado em 20/04/2020 (Info 977). 
É inconstitucional lei estadual que afirma que “o servidor
público estadual à disposição do Tribunal de Contas em 30
de novembro de 1994 poderá requerer sua integração ao
Quadro Especial de Pessoal do referido Tribunal, no prazo
de 30 (trinta) dias contados da data da publicação desta
lei.” Essa lei viola o princípio do concurso público, previsto
no art. 37, II,

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