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TCC _ Metodologias - Pamella Silva

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TCC
 Metodologias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO
 
 
1 INTRODUÇÃO ... 4
2 Pesquisa Científica e Classificação das pesquisas
científicas 5
2.1. Métodos, técnicas e
ferramentas................................................................5
2.2. Metodologia e pesquisa
científica...............................................................6
2.2.1.
Metodologia..............................................................................
.....6
2.2.2. A pesquisa
cientifica.....................................................................6
2.2.3. Objetivos
gerais............................................................................7
2.2.4.
Finalidade.................................................................................
....7
2.2.5. Áreas do
conhecimento................................................................8
2.2.6. Métodos
empregados...................................................................8
2.3. Recursos necessários para realizar uma pesquisa
científica.....................9
2.3.1. Características do
pesquisador.....................................................9
2.3.2. Recursos humanos, financeiros e
materiais.................................9
2.4. Projeto de
Pesquisa..................................................................................
10
2.4.1. Esquematização de uma pesquisa
científica..............................10
3 Pesquisa Bibliográfica 11
3.1. Escolha do
tema.......................................................................................1
2
3.2. Levantamento bibliográfico
preliminar......................................................12
3.3. Formulação do
problema..........................................................................13
3.4. Elaboração do plano provisório da
pesquisa............................................13
3.5. Busca das
fontes......................................................................................
14
3.6. Leitura do
Material....................................................................................
15
3.7.
Fichamento..............................................................................
.................15
3.8. Organização lógica do
assunto................................................................16
3.9. Redação do
texto.....................................................................................17
4 Pesquisa
Documental..............................................................................
...............17
4.1. Etapas da pesquisa
documental..............................................................18
4.1.1. Formulação do
problema............................................................18
4.1.2. Elaboração do plano de
trabalho................................................18
4.1.3. Identificação de
fontes................................................................18
4.1.4. Localização das fontes e obtenção do
material..........................19
4.1.5. Análise e interpretação dos
dados..............................................19
4.1.6. Redação do
relatório...................................................................20
5 Pesquisa Experimental 20
5.1. Um exemplo de pesquisa
experimental...................................................22
5.2. Experiência
Hawthorne............................................................................22
6 Ensaio
Clínico......................................................................................
...................24
7 Estudo de
Coorte......................................................................................
...............27
8 Estudo de Caso de
controle....................................................................................
27
9
Levantamento..........................................................................
...............................28
10 Estudo de
campo......................................................................................
............30
11 Estudo de
caso..........................................................................................
...........31
12 Pesquisa
Etnográfica...............................................................................
.............33
13 Pesquisa
Fenomenológica.......................................................................
.............34
13.1. Redução
Fenomenológica......................................................................
34
13.2. Redução
eidética....................................................................................
35
14 Teoria
Fundamentada.........................................................................
..................35
15 Conclusão 36
16
Referências..............................................................................
.............................37
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO
Conforme Gil (2010, p.1) “pode-se definir pesquisa como
procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.
O objetivo do livro é prepara-lo para a realização desse
maravilhoso trabalho de contribuição para o bem comum: trazer à
luz conhecimentos ainda ocultos para a humanidade.
A metodologia do Trabalho de Conclusão do Curso
(TCC) apresenta os fundamentos teóricos para as diferentes formas
de pesquisa e produção acadêmica, proporcionando condições
ferramentais para que você elabore o TCC.
Fornece instrumentos de análise para o
desenvolvimento do TCC, oportunizando a escolha do tema e a sua
pertinência e originalidade.
Proporcionando estudos sobre técnicas de medidas e
validação de instrumentos de pesquisas, auxiliando na formação de
um sólido embasamento metodológico.
Espero que você não só se sinta mais confortável para a
realização de seu TCC, mas que também se sinta empolgado em
realizar esse trabalho.
Desejo que a realização do seu TCC não seja apenas o
cumprimento de uma obrigação para obter o certificado de
conclusão de seu curso, mas uma oportunidade de compartilhar, a
fim de que possa construir um mundo melhor.
Desejo sucesso nessa sua empreitada!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 PESQUISA CIENTÍFICA E CLASSIFICAÇÃO DAS
PESQUISAS CIENTÍFICAS
 
A pesquisa científica é um processo sistematizado que tem por
objetivo solucionar problemas propostos.
A pesquisa científica se faz necessária quando não há
informação suficiente para solucionar o problema proposto.
Outra razão para a realização de uma pesquisa científica é
quando, apesar da existência de informações suficientes para
solucionar o problema proposto, tais informações não estão
adequadamente ordenadas para responder ao problema.
Portanto, uma pesquisa científica é um processo de coleta e
ordenação de informações, realizada com o uso cuidadoso de
métodos, técnicas e ferramentas de investigação científica.
 
2.1. MÉTODOS, TÉCNICAS E FERRAMENTAS
 
O que é método?
Um método é um caminho estruturado que se percorre para
atingir um objetivo. É possível percorrer esse caminho sem um
método, entretanto, sem ele, esse percurso será extremamente
penoso e, muitas vezes, nos sentiremos perdidos e desanimados
por não termos certeza de que chegaremos a bom termo.
Assim, um método é como termos uma bússola que nos indica
constantemente se estamos na direção correta. Ele nos alenta, nos
dá conforto e segurança na execução do trabalho.
O que é técnica?
Uma técnica é uma melhor prática comprovada para se
percorrer um caminho ou parte dele. A técnica nos dá segurança na
execução do método, pois já deve ter sido exaustivamente
executada com sucesso até ser alcunhada como sendo uma melhor
prática.
Dessa forma, a técnica nos libera energia para nos
concentrarmos no que deve ser feito, sem que nos preocupemos
com como fazê-lo, pois é isso que ela nos dá.
O que é uma ferramenta?
Uma ferramenta é um instrumento que automatiza uma ou mais
técnicas possibilitando a execução delas de forma mais produtiva e
precisa.
Quando já executamos determinada técnica repetidavezes,
podemos nos sentir seguros em executá-la, entretanto, isso não nos
livra dos erros, pois somos humanos.
O que uma ferramenta nos proporcionando é exatamente a
garantia de que estaremos executando corretamente a técnica sem
o risco da falha humana e com uma rapidez que, sem ela, de forma
manual, dificilmente conseguiríamos.
 
 
2.2. METODOLOGIA E PESQUISA CIENTÍFICA
 
2.2.1. METODOLOGIA
 
Uma metodologia é um estudo dos vários caminhos possíveis
para se atingir um objetivo.
É fundamental que entendamos que, se temos um único
método, por mais completo e exaustivamente testado e comprovado
que ele seja, ele é só um método, não uma metodologia.
Para termos uma metodologia, é necessário que tenhamos
alternativas para atingirmos o mesmo objetivo. Mais que isso, é
necessário que tenhamos explorado cada uma dessas alternativas e
saibamos exatamente seus pontos fortes e fracos. Pois somente
com esse conhecimento, obtido através de minuciosos estudos, é
que poderemos afirmar que temos uma metodologia.
Uma verdadeira metodologia é aquela que, no início de uma
jornada, nos auxilia e decidir qual será o melhor caminho a ser
percorrido na busca do objetivo. Quanto mais amplo o leque de
opções e recursos, como técnicas e ferramentas, melhor será nossa
metodologia.
 
2.2.2. A PESQUISA CIENTÍFICA
 
Como os objetos de pesquisa são diversificados e buscam
objetivos distintos, os métodos a serem empregados nela variam.
Assim, a classificação das pesquisas passa a ser um instrumento
precioso para a escolha do método adequado para a realização da
pesquisa.
Ao classificarmos as pesquisas, buscamos o que há de comum
e as diferenças entre as diversas modalidades de pesquisa
científica.
Não existem duas pesquisas científicas idênticas. Essa
característica de ser um processo que resultará num produto final
único enquadra as pesquisas científicas na categoria de projetos.
Como as pesquisas científicas são projetos, para realiza-las
temos que executar várias atividades previstas no processo de
gestão de projetos. Algumas são fazer estimativas, previsões e
provisões de recursos para a realização da pesquisa e, como cada
uma delas é diferente das outras, torna-se imperioso definirmos a
que classe a pesquisa pertence, pois assim saberemos em que
etapas o projeto deverá realiza-las e estima-las, prevê-las e
provisiona-las, com maior precisão.
 
 
 
 
 
 
2.2.3. OBJETIVOS GERAIS
 
Existem vários critérios que podem ser adotados para classificar
as pesquisas científicas. Podemos usar múltiplos sistemas de
classificação das pesquisas científicas. De acordo com os objetivos
da pesquisa científica, ela pode ser classificada em:
Exploratórias: buscam maior familiaridade com o
problema para torna-lo mais explícito ou para construir
hipóteses sobre ele;
 
Explicativas: buscam identificar fatores que
determinam ou contribuem para a ocorrência de
fenômenos;
 
 
Descritivas: visam descrever as características de
determinada população. Algumas vão além da
identificação da existência de relações entre variáveis e
buscam determinar a natureza dessa relação. Estas se
aproximam das pesquisas explicativas.
 
 
2.2.4. FINALIDADE
 
De acordo com a finalidade das pesquisas, podemos classifica-
las da seguinte forma:
Pesquisa básica: estudos com o propósito de
preencher lacunas no conhecimento:
a) Pesquisa básica pura: destinadas
exclusivamente à ampliação do
conhecimento, sem se preocupar com os
benefícios decorrentes desse novo
conhecimento;
 
b) Pesquisa básica estratégica:
destinada à aquisição de conhecimento
direcionado à solução de reconhecidos
problemas práticos.
 
 
Pesquisa aplicada: estudos realizados para resolver
problemas identificados no âmbito dos ambientes
(sociedade) onde os pesquisadores vivem:
 
a) Pesquisa aplicada: destinada à
aquisição de conhecimentos para
aplicação numa situação específica;
 
b) Desenvolvimento experimental:
utiliza conhecimentos provenientes de
pesquisa ou experiência prática para a
produção de novos materiais,
equipamentos, políticas e
comportamentos ou para a instalação de
novos sistemas e serviços.
2.2.5. ÁREAS DO CONHECIMENTO
 
De acordo com a área do conhecimento, o CNPq classifica as
pesquisas da seguinte forma:
Ciências Exatas e da Terra;
Ciências Biológicas;
Engenharias;
Ciências da Saúde;
Ciências Agrárias;
Ciências Sociais Aplicadas;
Ciências Humanas.
 
2.2.6. MÉTODOS EMPREGADOS
 
As pesquisas cientificas são classificadas, segundo:
A natureza dos dados: pesquisa quantitativa ou
pesquisa qualitativa;
O ambiente no qual os dados são coletados:
pesquisa de campo ou pesquisa de laboratório;
O grau de controle sobre as variáveis: pesquisa
experimental e pesquisa não experimental, entre outros.
Nas pesquisas científicas podem ser empregados os seguintes
métodos:
Pesquisa bibliográfica;
Pesquisa documental;
Pesquisa experimental;
Ensaio clínico;
Estudo caso-controle;
Estudo de corte;
Levantamento de campo (survey);
Estudo de caso;
Pesquisa etnográfica;
Teoria fundamentada nos dados (grounded theory);
Pesquisa ação;
Pesquisa participante.
 
 
 
 
2.3. RECURSOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR
UMA PESQUISA CIENTÍFICA
 
Para a realização bem-sucedida de uma pesquisa científica,
necessitamos de um conjunto de recursos fundamentais e
indispensáveis, tais como:
Características do pesquisador;
Recursos humanos, financeiros e materiais;
Projeto de pesquisa.
 
2.3.1. CARACTERÍSTICAS DO PESQUISADOR
 
O pesquisador, sem dúvida, é o principal fator de sucesso de
uma pesquisa.
Assim, relacionamos de forma não exaustiva as características
que distinguem um pesquisador de sucesso:
Disciplina;
Motivação;
Confiança na pesquisa;
Criatividade;
Civismo;
Paciência;
Perfeccionismo;
Ética;
Imaginação;
Conhecimento do tema da pesquisa;
Honestidade;
Perseverança e;
Curiosidade.
É importante ressaltar que essas características não podem ser
classificadas, pois todas têm grau de importância muito similar.
 
2.3.2. RECURSOS HUMANOS, FINANCEIROS
E MATERIAIS
 
A genialidade não aparece na relação de características de um
pesquisador bem-sucedido, porque, apesar de ser uma
característica suficiente para o sucesso de uma pesquisa, ela não é
necessária. Se o pesquisador a possuir, será ótimo, pois poderá
economizar muitos recursos necessários ao projeto.
Porém, mesmo os gênios reconhecem a necessidade de
recursos humanos, financeiros e materiais, além da sua genialidade,
para o sucesso de suas pesquisas.
Assim, é fundamental que o pesquisador estime com a maior
precisão possível, os recursos humanos, financeiros e materiais de
que necessitará para a realização de uma pesquisa bem-sucedida.
 
2.4. PROJETO DE PESQUISA
 
Uma pesquisa é um empreendimento e deve ser tratada como
tal.
Todo bom investimento inicia-se como um Business Case que
nada mais é que a proposta detalhada da pesquisa a ser realizada.
Através desse instrumento é que o pesquisador fará a “venda” de
seu projeto a todos os stakeholders de sua pesquisa.
Um bom Business Case para um projeto de pesquisa deve
conter, no mínimo, o seguinte:
1. Síntese
1.1. Questão
1.2. Resultados Esperados
1.3. Justificativa
2. Definição do Problema
2.1. Declaração do Problema
3. Resumo do Projeto
3.1. Descrição do Projeto
3.2. Metas e Objetivos
3.3. Desempenho do Projeto
3.4. Premissas do Projeto
3.5. Restrições do Projeto
3.6. Principais etapas do Projeto
3.7. Recursos necessários para o Projeto
4. Aprovações
 
2.4.1. ESQUEMATIZAÇÃO DE UMA
PESQUISA CIENTÍFICA
 
Relacionamos na ordem de execução as etapas necessárias
para a realização de uma pesquisa científica:
1. Formulação do problema;
2. Construção da hipótese;
3. Determinação do plano;
4. Operacionalização das variáveis;
5. Elaboração dos instrumentos de coleta de dados;
6. Pré-teste dos instrumentos;
7. Seleção da amostra;
8. Coleta dos dados;
9. Análise e interpretação de dados;
10. Redação do relatório da pesquisa
3 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
 
Uma pesquisa bibliográfica é feitatomando-se como base o
material sobre o tema já publicado.
É importante ressaltar que, atualmente, a pesquisa bibliográfica
não se restringe ao material impresso, como livros, periódicos,
revistas, jornais, teses, dissertações, monografias, anais de eventos
científicos, etc. Hoje, com a evolução tecnológica, a pesquisa
bibliográfica passa a fazer uso também de outras mídias, além da
impressa, tais como CD, DVD, textos da internet, entre outros.
Outro ponto importante a ser ressaltado é que toda pesquisa
científica, em algum momento, realizará uma pesquisa bibliográfica.
Isso se comprova pela estrutura das teses e dissertações
atualmente feitas, que na sua maioria dedica um capítulo ou uma
seção à revisão bibliográfica com o objetivo de dar a fundamentação
teórica do trabalho. Além disso, parte desses trabalhos visa também
registrar o estágio atual de conhecimento sobre o tema.
Existem áreas do conhecimento em que o método de pesquisa
bibliográfica é preferencialmente utilizado por suas características.
São elas:
Literatura;
Filosofia;
Direito.
Além dessas áreas, quando a pesquisa foca o pensamento em
determinado autor ou relaciona várias versões sobre determinado
assunto, esse método é o mais utilizado.
A vantagem da pesquisa bibliográfica sobre uma pesquisa direta
é a amplitude dos fenômenos pesquisados. Isso se torna mais
evidente quando os dados do fenômeno pesquisado se encontram
espalhados por amplas regiões do espaço. Exemplificando: se a
pesquisa requer dados sobre pessoas ou objetos existentes em
todos os estados brasileiros, pode se tornar inexequível se exigir do
pesquisador a coleta desses dados em seu local de origem. Nesse
caso, a pesquisa bibliográfica poderá fornecer os dados necessários
ao pesquisador para realização de seu trabalho.
Como tudo, a pesquisa bibliográfica não apresenta apenas
aspectos positivos. Podemos ressaltar como um aspecto negativo
desse método de pesquisa, o esforço para assegurar a
fidedignidade das fontes bibliográficas e o esforço para minimizar o
viés da orientação dos autores das fontes.
Toda pesquisa é desenvolvida em etapas. Uma pesquisa
bibliográfica é realizada pela sequência das seguintes etapas:
1. Escolha do tema;
2. Levantamento bibliográfico preliminar;
3. Formulação do problema;
4. Elaboração do plano provisório de assunto;
5. Busca das fontes;
6. Leitura do material;
7. Fichamento;
8. Organização lógica do assunto;
9. Redação do texto.
 
A partir daqui, passamos a detalhar cada uma dessas etapas:
 
3.1. ESCOLHA DO TEMA
 
Apesar de parecer uma tarefa simples, a escolha do tema para
uma pesquisa bibliográfica exige muita energia e habilidade do
pesquisador.
Não raras vezes, o pesquisador se sente perdido na busca de
um tema para sua pesquisa. Sem dúvidas nesse momento, o
orientador assume o papel importantíssimo de apoiar o aluno na
escolha de seu tema.
O orientador pode sugerir temas e indicar leituras que auxiliarão
o aluno a dar os primeiros passos. Pode também advertir o aluno
das dificuldades que ele encontrará ao escolher determinados
temas.
Nunca é demais ressaltar que, apesar da importância do
orientador nessa etapa, a figura central nessa e em todas as demais
etapas da pesquisa é o aluno, o pesquisador.
É fundamental que a escolha do tema esteja relacionada ao
máximo com o interesse do aluno. O tema deve ser apaixonante
para o pesquisador. Deve estar vinculado ao que desperta no aluno
uma inquietação por uma questão ainda sem resposta.
Para nortear o pesquisador na escolha do tema, ele deve
procurar responder algumas questões:
Quais campos de sua especialidade que mais lhe
interessam?
Quais os temas que mais o instigam?
De tudo que estudou, o que mais lhe atrai em
aprofundar-se e pesquisar?
Finalizando, é fundamental que o pesquisador tenha bom
conhecimento na área de estudo em que se encontra o tema
escolhido. Se não for assim, o aluno encontrará muita dificuldade
nas etapas seguintes, principalmente no momento de redigir o texto.
 
3.2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
PRELIMINAR
 
Normalmente, o tema é formulado de maneira ampla,
dificultando a formulação de um problema em condições de
pesquisa.
O levantamento bibliográfico preliminar se destina a facilitar a
formulação do problema que será foco da pesquisa. Ele pode ser
visto como sendo um estudo exploratório, uma vez que dará ao
aluno a familiaridade e delimitação necessárias para que o problema
seja formulado de forma clara e precisa.
Geralmente, nessa etapa, o aluno seleciona uma subárea de
estudo bem mais restrita que possibilitará uma visão mais clara do
tema e aprimorará o problema de pesquisa.
O levantamento pode também determinar a mudança dos
propósitos iniciais da pesquisa, pois pode deixar claro ao
pesquisador as dificuldades de condução adequada da pesquisa.
3.3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
 
Nessa etapa, o pesquisador deve estar em condições de
formular o problema de forma clara, precisa e suficientemente
delimitada. Apesar disso, é necessário ter consciência de que isso
não significa que esse problema seja mantido até o fim da pesquisa.
No decorrer das etapas seguintes, fatos podem ocorrer que
sinalizem para o pesquisador a necessidade de reformular o
problema, antes de elaborar um plano de trabalho.
Não existem regras claras que se aplicam sempre no processo
de formulação do problema. Porém, algumas perguntas que devem
ser respondidas pelo pesquisador podem ajudá-lo a ficar mais
seguro de que a formulação do problema está adequada. São elas:
O tema é do seu interesse?
O problema é relevante teórica e praticante?
Sua qualificação é adequada para solucionar esse
problema?
Existe material bibliográfico suficiente e disponível para
o equacionamento e solução do problema?
O problema está formulado de forma clara, precisa e
objetiva?
Você dispõe de tempo e outras condições de trabalho
necessária ao desenvolvimento da pesquisa?
O problema deve ser colocado sob a forma de uma pergunta:
Por exemplo:
1. O tema é requisito de software e para determinar o
problema formula-se a seguinte questão: “Como
melhorar o levantamento de requisitos para produzir
softwares de qualidade e que atendam às
necessidades de negócio?”;
 
2. O tema é gestão de RH nos sindicatos: “Como são
gerenciados os RH nos sindicatos brasileiros?”;
 
 
3. O tema são as características dos movimentos sociais:
“Por que a maioria dos movimentos sociais é mais
defensiva que ofensiva?”.
 
 
 
3.4. ELABORAÇÃO DO PLANO PROVISÓRIO DA
PESQUISA
 
Uma vez formulado e delimitado o problema, o plano provisório
da pesquisa deve ser elaborado.
Esse plano determina a estrutura lógica do trabalho, ordenando
as partes desse trabalho. Ele é provisório porque, nesse momento,
ainda não temos todas as informações necessárias para elaborar
um plano definitivo. A rigor, em momento algum temos todas as
informações necessárias para a elaboração desse plano. Assim,
devemos buscar nesse instante montar o melhor plano possível com
as informações que possuímos e devemos ter a serenidade para
aceitar que esse plano deve ser revisado em todo o decorrer do
projeto de pesquisa, podendo sofrer alterações até nas etapas mais
avançadas da pesquisa.
Segue um exemplo de um plano para uma pesquisa que tenha
por objetivo analisar a profissão de analista de negócios de
empresas no Brasil:
1. A profissão de analista de negócios:
1.1. Características da profissão
1.2. Requisitos pessoais e técnicos para o
exercício da profissão
1.3. Formação profissional do analista de
negócios
1.4. Regulamentação da profissão
2. Áreas de atuação do analista de negócios:
2.1. No setor público
2.2. Em empresas industriais
2.3. No comércio
2.4. Em bancos
2.5. Em serviços
2.6. Em atividades de consultorias
3. A remuneração do analista de negócios:
3.1. Formas de remuneração
3.2. Níveis de remuneração
4. Perspectivas de trabalho do analista de negócios:
4.1. Alterações estruturais no mercado de
trabalho
4.2. Interfaces do analista de negócioscom
outros profissionais
4.3. O papel do analista de negócios num
“mundo sem empregos”
 
 
3.5. BUSCA DAS FONTES
 
De posse do plano de trabalho, o pesquisador deve identificar as
fontes capazes de fornecer as informações necessárias para
solucionar o problema proposto.
Aqui o pesquisador realiza um trabalho similar ao da revisão
bibliográfica preliminar, com a diferença de que agora essa
bibliografia será definitiva.
Nessa etapa, o apoio do orientador é fundamental. Porém, não
raro, será necessário recorrer também à consulta de especialistas
ou de pessoas que já fizeram pesquisas na área. Todos esses
apoios poderão não apenas sugerir a bibliografia a ser pesquisada,
como também sua visão crítica sobre o material que será
pesquisado.
As fontes bibliográficas podem ser:
Obras de referência;
Livros de leitura corrente;
Teses e dissertações;
Anais de encontros científicos;
Periódicos de indexação e resumo;
Periódicos científicos;
Essas fontes podem ser localizadas em diversos lugares, a
saber:
Bibliotecas convencionais;
Bases de dados;
Sistemas de buscas.
Uma vez identificadas as fontes, passa a ser necessária a
obtenção do material. Isso pode ser feito de várias formas. Algumas
mais práticas, outras mais trabalhosas.
 
3.6. LEITURA DO MATERIAL
 
Ler é algo corriqueiro no mundo moderno. Praticamente todo
cidadão está apto a ler. Porém, se lê com objetivos diversos. Você
pode ler por simples distração. Pode ler visando aprender algo para
aplicar de forma prática, ou para avaliar a aplicabilidade. Você pode
ler para obter a solução de problemas.
Como variam os objetivos da leitura, também variam os
procedimentos e atitudes necessárias à leitura.
Quando se lê para fazer uma pesquisa bibliográfica, devemos ter
os seguintes objetivos:
Identificar as informações e os dados do material lido;
Estabelecer relações entre as informações e dados
identificados com o problema da pesquisa;
Analisar a consistência das informações e dados
apresentados pelos seus autores.
Na pesquisa bibliográfica podemos classificar os seguintes tipos
de leitura:
Leitura exploratória;
Leitura seletiva;
Leitura analítica;
Leitura integra;
Identificação das ideias-chave;
Hierarquização das ideias;
Sintetização das ideias;
Leitura interpretativa;
 
3.7. FICHAMENTO
 
Nossa memória retém apenas parte do que lemos. Isso é uma
limitação significativa, pois exige que façamos anotações do que
lemos para auxiliar a retenção do conteúdo.
Apesar das anotações serem uma das soluções para a retenção
de conteúdo, elas nos remetem a outro problema que é o de quanto
devemos anotar. Uma medida para decidirmos sobre isso é levar em
consideração os objetivos da pesquisa. Outra é a natureza da obra
pesquisada e sua importância em relação aos objetivos
mencionados.
Não é conveniente acumular um grande volume de anotações.
Foque em suas anotações apesar das ideias principais e os dados
importantes. As formas de ligações entre as ideias devem ser
deixadas de lado, a não ser que sejam importantes para situar as
ideias num contexto geral, como as pesquisas de natureza filosófica.
Um instrumento atual que pode ser muito útil para as anotações
do que lemos são os mapas mentais. Existe farta literatura a
respeito dessa técnica. Também existem muitas ferramentas
gratuitas que podem ser utilizadas na elaboração desses mapas
mentais. Considerem esse recurso para suas anotações.
 
3.8. ORGANIZAÇÃO LÓGICA DO ASSUNTO
 
A organização lógica do assunto inicia-se com o fichamento de
tudo que foi lido e anotado.
Sugerimos um sistema de fichamento com os seguintes
objetivos:
Identificação das obras consultadas;
 
Anotação das ideias que surgiram durante a leitura;
 
Registro dos conteúdos relevantes das obras
consultadas;
 
Registro dos comentários acerca das obras;
 
Organização das informações para a organização lógica
do trabalho
 
Uma ficha funcional deve ter três partes, a saber:
Identificação;
Referência e
Texto
Aqui também sugerimos considerar o uso de mapas mentais
para o fichamento de sua pesquisa.
É bastante corriqueiro ir diretamente do fichamento para a
redução do relatório.
Entretanto, alertamos que, entre essas duas etapas, existe a
construção lógica do trabalho que nada mais é que a organização
das ideias para atingir ou testar as hipóteses formuladas no início da
pesquisa.
Nessa etapa, estrutura-se logicamente o trabalho para que ele
possa ser entendido como uma unidade que faz sentido.
Na verdade, essa organização já foi pensada quando da
elaboração do plano provisório do projeto. Entretanto, aquela
estrutura original sofreu diversas modificações no decorrer das
atividades da pesquisa e nem sempre essas alterações foram
refletidas no plano provisórios do projeto. Portanto, esse é o
momento ideal de revisitar aquele plano provisório e transformá-lo
no plano definitivo do projeto.
Apesar das fichas serem o material mais importante nessa
etapa, também é indispensável que toda a documentação
selecionada ao longo do processo de pesquisa (recortes de jornais e
revistas, cópias de textos consultados, folhetos, anotações, etc.)
esteja disponível e organizada.
Sugestão: criar uma pasta para cada capítulo do trabalho e em
cada uma dessas pastas deve ser armazenada toda documentação
pesquisada.
 
3.9. REDAÇÃO DO TEXTO
 
Nesse ponto, estamos prontos para executar a última etapa da
pesquisa.
Não há regras fixas para essa redação, pois essa redação
depende fundamentalmente do estilo do autor.
Mesmo assim, existem alguns aspectos relativos à estruturação
do texto, estilo e aspectos gráficos que precisam ser considerados.
 
4 PESQUISA DOCUMENTAL
 
A pesquisa documental é amplamente utilizada em todas as
áreas das Ciências Sociais, mais enfaticamente nas áreas de
História e Economia.
Esse método de pesquisa é muito similar ao da pesquisa
bibliográfica, pois ambas se utilizam de dados já registrados. A
diferença essencial de ambas está na natureza das fontes.
A pesquisa bibliográfica baseia-se em obras cujo público-alvo é
específico, enquanto a pesquisa documental utiliza documentos de
todos os tipos, feitos para finalidades diversas. Por exemplo:
comunicação, autorização, assentamento, etc.
Existem fontes que podem ser classificados tanto como
bibliográficas, como documentais. Por exemplo: relatos de
pesquisas, relatórios, boletins e jornais de empresas, atos jurídicos,
compilações estatísticas, etc.
A regra usualmente aceita é de que o material obtido de
bibliotecas ou base de dados seja considerado de fonte
bibliográfica, enquanto todo o material interno às organizações é
considerado de fonte documental.
O conceito de documento é bastante amplo, uma vez que pode
ser qualquer objeto que comprove um fato ou acontecimento. Isso
nos remete não só aos instrumentos atualmente utilizados
comumente nas organizações, mas também a registros obtidos pela
arqueologia, como um caco de cerâmica reconhecido como um
importante documento de estudo da cultura de povos antigos.
Os registros em paredes também podem ser considerados
documentos nas pesquisas de campo da comunicação social.
Dentre as fontes documentais mais pesquisadas, destacamos:
Documentos institucionais: de organizações ou
órgãos públicos;
Documentos pessoais: cartas e diários;
Documentos iconográficos: fotografias, quadros e
imagens;
Registros estatísticos;
Documentos jurídicos: certidões, escrituras,
testamentos e inventários.
Como já dissemos, a pesquisa documental é muito semelhante à
pesquisa bibliográfica, porque livros, artigos periódicos e anais de
eventos podem ser considerados tipos especiais de documentos.
Existem pesquisas documentais que se assemelham a
pesquisas experimentais, como ocorre nas pesquisas ex-pos-facto
(“a partir do fato passado”), elaboradas com dados disponíveis, não
submetidos a tratamento estatístico e envolvendo teste de
hipóteses.
Há também pesquisas documentais que se assemelham a
levantamentos. A única diferença entre ambas é que a pesquisa
documental é elaborada com dados disponíveis, sem serem obtidosdiretamente de pessoas envolvidas na pesquisa.
 
4.1. ETAPAS DA PESQUISA DOCUMENTAL
 
Uma pesquisa documental geralmente segue as seguintes
etapas:
1. Formulação do problema;
2. Elaboração do plano de trabalho;
3. Identificação das fontes;
4. Localização das fontes e obtenção do material;
5. Análise e interpretação dos dados;
6. Redação do relatório
 
4.1.1. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
 
Uma pesquisa documental é geralmente descritiva ou
explicativa. Por isso requer um problema mais claro, preciso e
específico.
 
4.1.2. ELABORAÇÃO DO PLANO DE
TRABALHO
 
Na pesquisa documental, o plano de trabalho executado nessa
etapa é definitivo, apesar de que, como em qualquer plano, está
sujeito a alterações no decorrer do trabalho.
 
4.1.3. IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES
 
As fontes documentais são muito mais numerosas e
diversificadas, pois qualquer objeto portador de dados pode ser
considerado documento.
Fontes documentais clássicas: são arquivos públicos e
documentos oficiais; imprensa e arquivos privados (de igrejas,
empresas, associações de classe, partidos políticos, sindicatos,
associações científicas, entre outros).
Atualmente, o pesquisador também tem como fonte documental
os documentos contidos em fotografias, filmes, gravações de áudio
e vídeo, CD, DVD, etc. Pode contar também com documentos
obtidos pelas áreas de Arqueologia e Paleontologia, que podem ser
artefatos fósseis, ou documentos da Antropologia da Comunicação
que podem ser cartas, fotografias, até pichações em prédios
públicos e inscrições em banheiros públicos.
 
4.1.4. LOCALIZAÇÃO DAS FONTES E
OBTENÇÃO DO MATERIAL
 
Muito similar às etapas da pesquisa bibliográfica, pois as
bibliotecas convencionais ou eletrônicas costumam integrar centros
de documentação.
Os centros de documentação normalmente abrigam todos os
tipos de mídias que armazenam dados.
Isso tudo facilita a localização das fontes e obtenção do material.
Entretanto, quando a pesquisa documental tem como objeto de
pesquisa documentos pessoais, a obtenção desses documentos
pode ser extremamente difícil.
 
4.1.5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
DADOS
 
Os documentos fontes da pesquisa são extremamente variados.
Por essa razão, a análise e interpretação dos dados também podem
ser realizadas de diversas formas. Entretanto, o delineamento da
análise e interpretação dos dados, independem dos tipos de
documentos e geralmente seguem estes passos:
1. Definição dos objetivos ou hipóteses;
2. Constituição de um quadro de referência;
3. Seleção dos documentos a serem analisados;
4. Construção de um sistema de categorias e indicadores;
5. Definição de unidades de análise;
6. Definição de regras de enumeração;
7. Teste de validade e fidedignidade;
8. Tratamento de dados;
9. Interpretação dos dados.
 
 
 
 
4.1.6. REDAÇÃO DO RELATÓRIO
 
Nas pesquisas documentais de cunho quantitativo, a redação do
relatório se assemelha muito à da pesquisa experimental, enquanto,
nas pesquisas documentais de cunho qualitativo, o relatório pode
ser estruturado de diversas formas, similar ao que ocorre nos
estudos de caso.
 
5 PESQUISA EXPERIMENTAL
 
A pesquisa experimental é o tipo de pesquisa mais prestigiada
nos meios científicos. Ela visa identificar relações casuais entre
variáveis por meio do método experimental. Isso exige um intenso
trabalho para controlar a quantidade de variáveis envolvidas e para
mensurá-las (GIL, 2010).
A pesquisa experimental é menos complexa quando trata de
objetos físicos (objetos, substâncias, vegetais, animais, etc.) do que
quando trata de objetos psicológicos ou sociais (pessoas, grupos,
organizações, etc.). Além da complexidade do ser humano, outros
fatores, por exemplo, a ética, são componentes que dificultam muito
a pesquisa experimental. (GIL, 2010).
Na pesquisa experimental, o pesquisador assume papel de
agente ativo e não mero expectador, observador passivo no
processo.
Esse tipo de pesquisa não precisa ocorrer necessariamente em
um laboratório. Ela pode ser realizada em qualquer local, desde que
tenha as seguintes características, de acordo com Gil (2010):
Manipulação: pelo menos uma das variáveis deve ser
manipulada pelo pesquisador;
Controle: um grupo de controle deve ser introduzido
pelo pesquisador para controlar as manipulações e
resultados obtidos na pesquisa;
Aleatoriedade: os elementos que participam dos
grupos experimentais e de controle devem ser
designados de forma aleatória;
 
Na manipulação, o pesquisador deve provocar deliberadamente
estímulos em uma variável para verificar se ela é a causa de algum
efeito no objeto observado. Para se provocar esses estímulos, pode-
se utilizar um mesmo grupo de objetos de estudo e nele
introduzirmos o estímulo na variável manipulada. Em seguida, o
retiramos para verificar se sua presença produz um efeito e sua
ausência anula esse efeito no objeto observado. Variar ou manipular
esses estímulos significa dispor situações em que ele está presente
e situações em que está ausente. Em seguida, compará-las (GIL,
2010).
Outra maneira de provocar estímulos na variável manipulada é
utilizando dois grupos de objeto de estudo. Em um grupo, nós
provocamos a presença do estímulo na variável manipulada e em
outro grupo, nós o deixamos ausente. Assim, podemos verificar se a
sua presença em um grupo provoca um efeito e a sua ausência no
outro grupo não produz o efeito.
Quando podemos provar que a presença de um estímulo
provoca um efeito e que sua ausência é acompanhada da ausência
desse efeito, então estamos obtendo uma prova científica de que a
variável manipulada é a causa do efeito que estamos estudando.
Para provarmos cientificamente que a variável manipulada é a
variável responsável pelo efeito que notamos no objeto observado,
precisamos nos certificar de que não há outras variáveis presentes
que poderiam também ser a causa desse efeito. Ou seja,
precisamos provar que é realmente a variável manipulada a causa
mais provável do nosso fenômeno e não outra variável espúria.
Para isso, precisamos manter constantes outras variáveis que
poderiam interferir com o fenômeno. Ou seja, precisamos controlar
as demais variáveis, ou isolar seus efeitos, no momento da
introdução do estímulo na variável manipulada pelo pesquisador. A
pesquisa experimental permite o controle prévio dessas variáveis,
pelo fato de que é o pesquisador que introduz o estímulo na variável
manipulada.
Para controlar essas variáveis espúrias pode-se proceder
através da distribuição aleatória dos objetos nos grupos, o que serve
para distribuir igualmente os erros provocados pelas variáveis dos
objetos para um e outro grupo. Outra maneira de controlar as
variáveis interferentes é igualar os dois grupos com relação às
variáveis que acreditamos ser capazes de interferir nos resultados.
A pesquisa experimental possibilita maior controle de variáveis
pelo fato de podermos fazer isso antes da introdução do estímulo na
variável manipulada.
Além de variar a causa e manter constantes ou controlar as
variáveis interferentes, a pesquisa experimental inclui também medir
objetivamente, de maneira confiável e válida, o efeito da variável
manipulada sobre o objeto observado. Ou seja, precisamos medir o
fenômeno que estamos estudando com algum instrumento de
medida válido e confiável para verificarmos se houve realmente o
efeito estudado. Temos, portanto, que medir o objeto observado.
Quando não se tem perfeito controle sobre a aplicação dos
estímulos experimentais, ou da distribuição aleatória, a pesquisa é
classificada como sendo quase-experimental. Para exemplificar
esses casos podemos citar: a dificuldade de selecionar
aleatoriamente grupos para tratamento experimentais em
populações, sejam elas de grandes cidades ou em instituições
(organizações, escolas, etc.).
Nesses casos, é fundamental que o pesquisador registre o que
fugiu do controle na pesquisa.
Outras pesquisas que, a rigor, não podem ser classificadas
como experimentais, são os casos de estudos que envolvem um
único objeto de observação. Por sua fragilidade, tais pesquisas
devem serclassificadas como pré-experimentais.
Uma pesquisa experimental, é realizada pela sequência das
seguintes etapas, conforme Gil (2010):
1. Formulação do problema;
2. Construção de hipóteses;
3. Determinação do plano;
4. Operacionalização das variáveis;
5. Elaboração dos instrumentos de coleta de dados;
6. Pré-teste dos instrumentos;
7. Seleção da amostra;
8. Coleta dos dados;
9. Análise e interpretação dos dados;
10. Redação do relatório da pesquisa.
 
5.1. UM EXEMPLO DE PESQUISA EXPERIMENTAL
 
Com este exemplo, temos o objetivo de ir além de apresentar
como se realiza uma pesquisa experimental. Perceba como um
trabalho de pesquisa científica pode, além de trazer luz a um
conhecimento que a humanidade ainda não possui, modificar o
relacionamento e comportamento humano, fazendo-nos vivenciar
uma sociedade mais humana. Então vamos lá!
Elton Mayo realizou uma pesquisa experimental numa fábrica da
Western Electric Company, em Hawthorne, um bairro de Chicago. A
pesquisa foi caracterizada como um movimento de resposta
contrária à Teoria Clássica da Administração, considerada pelos
trabalhadores e sindicatos como uma forma de exploração do
trabalho dos operários exclusivamente para benefício do patrão.
Em 1927, época em que a pesquisa foi realizada nos Estados
Unidos, a necessidade declarada de se humanizar e tornar menos
autoritária a administração nas frentes de trabalho das indústrias,
aliada ao desenvolvimento das ciências humanas – psicologia e
sociologia, dentre outras – e as conclusões da experiência de
Hawthorne, fizeram brotar a teoria das relações humanas. (FARIA,
2002).
 
5.2. EXPERIÊNCIA HAWTHORNE
 
O objetivo inicial da pesquisa era estudar a fadiga, os acidentes,
a rotatividade de pessoal e o efeito das condições físicas do
trabalho sobre a produtividade dos empregados. Essa experiência
foi também motivada por um fenômeno grave apresentado na
fábrica: conflitos entre empregados e empregador, apatia, tédio,
alienação, alcoolismo, dentre outros fatores que tornavam difícil a
convivência no meio trabalhista.
A pesquisa, em sua primeira fase, buscava comprovar a
influência da iluminação sobre o desempenho dos operários. Nos
resultados, os observadores não encontraram correlação direta
entre as variáveis, implicando na não constatação do objetivo inicial.
O que se constatou foi uma preponderância da influência iluminação
no fator psicológico, muito maior do que no fisiológico.
Na segunda fase ocorreu o desenvolvimento dos seguintes
campos:
Social: gerado pelo trabalho em equipe;
Liderança: gerado pelos objetivos comuns
As condições da sala experimental permitiam que se trabalhasse
com liberdade e menor ansiedade: supervisão branda, sem que o
supervisor inspirasse temor, ele passou a desempenhar o papel de
orientador; ambiente amistoso e sem pressões excessivas,
proporcionou desenvolvimento social e integração do grupo.
Na terceira fase da pesquisa foi verificada por meio do programa
de entrevistas – que consistia em entrevistas com os empregados
para conhecer suas opiniões e sentimentos – a existência de uma
organização informal de operários em que foi observada a lealdade
e a liderança de certos funcionários em relação ao grupo; verificou-
se também, dentro dessa estrutura informal, regras próprias de
procedimento, que incluíam punições informais aplicadas pelo grupo
contra o membro infrator, como exemplo, a exclusão de eventos
sociais.
Pela grande aprovação desses resultados foi criada a divisão de
pesquisas industriais. Em consequência disso, realizou-se a quarta
fase da pesquisa, cujo foco de observação foi a igualdade de
sentimentos entre os membros do grupo e a relação entre a
organização formal e informal, cuja finalidade era a proteção contra
o que eram consideradas pelo grupo as ameaças da administração
da empresa na qual trabalhavam.
As conclusões da experiência foram as seguintes:
Nível de produção é resultante da integração social:
constatou-se a capacidade social do trabalhador que
estabelece o seu nível de competência e eficiência;
quanto mais integrado socialmente no grupo de
trabalho, tanto maior será a disposição de produzir;
Comportamento social dos empregados: verificou-se
que o comportamento do indivíduo está apoiado
totalmente no grupo. Os trabalhadores não agem ou
reagem individualmente, mas como membros de um
grupo. Amizade e agrupamento social devem ser
considerados aspectos relevantes para a administração;
Recompensas e sanções sociais: verificou-se que as
recompensas e sanções sociais são simbólicas e não
materiais, porém influenciam decisivamente a motivação
e a felicidade do trabalhador. As pessoas são motivadas
pela necessidade de “reconhecimento”, de “aprovação
social” e “participação”. Uma constatação muito
importante foi que a motivação econômica, apesar de
fundamental, é secundária na determinação da
produção do empregado;
Grupos informais: constatou-se que grupos informais
definem suas regras de comportamento, suas formas de
recompensas ou sanções sociais, punições, seus
objetivos, sua escala de valores sociais, suas crenças e
expectativas, que cada participante vai assimilando e
integrando em suas atitudes e comportamento;
As relações humanas: verificou-se que as relações
humanas são as ações e atitudes desenvolvidas pelos
contatos entre as pessoas e o grupo, de forma que haja
um ambiente onde cada pessoa é encorajada a
exprimir-se livre e sadiamente. Cada indivíduo procura
ajustar-se às demais pessoas do grupo para que seja
compreendido e tenha participação ativa, a fim de
atender seus interesses e aspirações;
A importância do conteúdo do cargo: constatou-se
que o conteúdo e a natureza do trabalho têm influência
decisiva sobre a moral do trabalhador, tornando-o
produtivo ou desmotivado; trabalhos repetitivos são
monótonos e maçantes, por isso, afetam negativamente
as atitudes do trabalhador e reduzem sua eficiência;
Ênfase nos aspectos emocionais: constatou-se a
ênfase nos aspectos emocionais que na essência, é a
preocupação com as emoções e sentimentos dos
funcionários. Elementos emocionais não planejados e
até mesmo irracionais do comportamento humano
devem ser considerados dentro da organização.
 
Após esse estudo, a empresa passou a ser visada também
como um conjunto de indivíduos e de relações de interdependências
que esses mantêm entre si, em função de normas, valores, crenças
e objetivos comuns e de uma estrutura tecnológica subjacente,
reforçando o discurso de que o homem social é um ser complexo,
que ao mesmo tempo é condicionado pelos sistemas sociais em que
se insere e também é motivado a agir por necessidade de ordem
biológica e psicossocial; e que os valores orientadores do
comportamento de cada indivíduo são, de um lado, derivados das
necessidades que constituem a fonte de valores sociais; de outro
lado, transmitidos ao indivíduo pelos sistemas sociais que participa.
Assim, concluiu-se que motivado pela organização mediante a
satisfação de suas necessidades, o indivíduo não focaliza o “salário
ou benefícios financeiros” como ponto central, mas a remuneração
no ciclo motivacional é um componente integrante.
Comprovada a existência de uma organização informal, a
experiência de Hawthorne demonstra que o comportamento do tipo
máquina proposto pela teoria clássica se contrapõe ao
comportamento social do empregado. Essa constatação descortina
um novo campo de abordagem da administração, tal que seja o das
relações humanas, que possibilitou o desenvolvimento de inúmeras
novas teorias administrativas que ainda hoje surgem na busca de
uma melhor relação entre o trabalho, produtividade e qualidade nas
organizações.
 
6 ENSAIO CLÍNICO
 
O ensaio clínico é um conjunto de procedimentos de
investigação e desenvolvimento de medicamentos, que é realizado
para permitir informações sobre reações adversas e efeitos
adversos de outros tratamentos (dados de segurança).
Normalmente, são objeto dos ensaios clínicos as intervenções
de saúde, por exemplo: drogas, diagnósticos, dispositivos,
protocolos de terapia. Tais ensaios só podemser realizados após o
fornecimento de informações sobre a qualidade da segurança não
clínica e serem aprovados pelas Autoridades de Saúde/Comissões
de Ética do país em que ocorrerão. (GIL, 2010).
Os pesquisadores inscrevem voluntários saudáveis e enfermos
em estudos-piloto, dependendo do tipo de produto e do estágio de
seu desenvolvimento. Os pacientes muitas vezes comparam o novo
produto com o tratamento prescrito até o momento. Com resultados
positivos e dados de eficácia reunidos, o número de pacientes vai
sendo gradativamente aumentado. Ensaios clínicos podem variar de
porte, desde aqueles realizados em um único centro em um país até
estudos multicêntricos em vários países. (GIL, 2010).
Devido aos custos, uma série completa de ensaios clínicos
normalmente exigem um patrocinador para pagar todas as pessoas
e serviços necessários. Esse patrocinador pode ser uma
organização governamental, uma indústria farmacêutica ou empresa
de biotecnologia. Por vezes, a diversidade de papéis excede os
recursos do patrocinador, nestes casos pode ser gerido por uma
organização de investigação por contrato ou uma unidade de
ensaios clínicos no setor acadêmico. (GIL, 2010).
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a
definição de ensaio clínico (estudo clínico) é:
Qualquer investigação em seres
humanos, objetivando descobrir ou
verificar os efeitos farmacodinâmicos,
farmacológicos, clínicos e/ou outros
efeitos de produto(s) e/ou identificar
reações adversas ao produto(s) em
investigação, com o objetivo de averiguar
sua segurança e/ou eficácia. (EMEA,
1997).
Ainda segundo a Agência, o ensaio clínico é realizado em fases,
a saber:
 
Fase pré-clínica:
Aplicação de nova molécula em animais, depois de identificada
em experimentações in vitro como tendo potencial terapêutico:
Informações preliminares sobre atividade farmacológica
e segurança;
 
Mais de 90% das substâncias estudadas nessa fase são
eliminadas: não demonstram suficiente atividade
farmacológica/terapêutica ou são demasiadamente
tóxicas em humanos;
 
Atividade farmacológica específica e perfil de toxicidade
aceitável = passam à fase seguinte.
 
Fase I:
Avaliação inicial em humanos (20 a 100). Tolerância em
voluntários saudáveis:
Maior dose tolerável;
Menor dose efetiva;
Relação dose/efeito;
Duração do efeito;
Efeitos colaterais;
Farmacocinética no ser humano (metabolismo e
biodisponibilidade).
 
A Fase I é o primeiro estudo em seres humanos, em pequenos
grupos de pessoas voluntárias, em geral sadias, de um novo
princípio ativo, ou nova formulação pesquisados geralmente em
pessoas voluntárias. Essas pesquisas se propõem estabelecer uma
evolução preliminar da segurança e do perfil farmacocinético e
quando possível, um perfil farmacodinâmico.
 
Fase II (estudo terapêutico piloto):
Primeiros estudos controlados em pacientes para demonstrar
efetividade potencial da medicação (100 a 200):
Indicação da eficácia;
Confirmação da segurança;
Biodisponibilidade e bioequivalência de diferentes
formulações.
Na Fase II, também denominada estudo terapêutico piloto, os
objetivos visam demonstrar a atividade e estabelecer a segurança
do princípio ativo em curto prazo, em pacientes afetados por uma
determinada enfermidade ou condição patológica. As pesquisam
realizam-se em um número limitado (pequeno) de pessoas e
frequentemente são seguidas de um estudo de administração. Deve
ser possível também estabelecer as relações dose-resposta, com o
objetivo de obter sólidos antecedentes para a descrição de estudos
terapêuticos ampliados.
 
Fase III (estudo terapêutico ampliado):
 
Estudos internacionais, de larga escala, em múltiplos centros
com diferentes populações de pacientes para demonstrar eficácia e
segurança (população mínima aprox. 800):
Conhecimento do produto em doenças de expansão;
Estabelecimento do perfil terapêutico;
Indicações;
Dose e via de administração;
Contraindicações;
Efeitos colaterais;
Medidas de precaução;
Demonstração da vantagem terapêutica (exemplo:
comparação com competidores);
Farmacoeconomia e qualidade de vida;
Estratégia de publicações e comunicação (exemplo:
congressos e workshops).
 
Na Fase III, também denominada estudo terapêutico
ampliado, são realizados estudos em grandes e variados grupos de
pacientes, com o objetivo de determinar:
O resultado do risco-benefício a curto e longo prazos
das formulações do princípio ativo;
De maneira global (geral), o valor terapêutico relativo.
Exploram-se nessa fase o tipo e perfil das reações adversas
mais frequentes, assim como características especiais do
medicamento e/ou especialidade medicinal, por exemplo: interações
clinicamente relevantes, principais fatores que modificam o efeito,
tais como idade, etc.
 
Fase IV:
 
Após aprovação para comercialização do produto:
Detectar eventos adversos pouco frequentes ou não
esperados (vigilância pós-comercialização);
Estudos de suporte ao marketing;
Estudos adicionais comparativos com produtos
competidores;
Novas formulações (palatabilidade, facilidade de
ingestão).
Na Fase IV, são realizadas pesquisas depois de comercializado
o produto e/ou especialidade medicinal.
Essas pesquisas são executadas com base nas características
com que foi autorizado o medicamento e/ou especialidade
medicinal. Geralmente, são estudos de vigilância pós-
comercialização para estabelecer o valor terapêutico, o surgimento
de novas reações adversas e/ou confirmação de frequência de
surgimento das já conhecidas, e das estratégias de tratamento.
(GIL, 2010).
Nas pesquisas de fase IV devem-se seguir as mesmas normas
éticas e científicas aplicadas às pesquisas de fases anteriores.
 
7 ESTUDO DE COORTE
 
O estudo de coorte é constituído por uma amostra formada por
um grupo de pessoas com alguma característica comum, sendo que
essa amostra é acompanhada por um período de tempo para se
observar o que acontece com tais pessoas. (GIL, 2010).
Esse estudo é muito utilizado em pesquisas das ciências da
saúde.
De acordo com Gil (2010), os estudos de corte podem ser de
dois tipos:
Prospectivos: estudam casos contemporâneos,
realizados no presente, com previsão determinada de
acompanhamento, de acordo com o objeto estudo. A
principal vantagem dos estudos de coorte prospectivos
é que o planejamento rigoroso lhe confere um rigor
científico que o aproxima da pesquisa experimental;
 
Retrospectivos: estudam casos históricos. É realizado
baseando-se em registros do passado e permanecem
até o presente. Só é possível quando esse registro
histórico é constituído de arquivos com protocolos
completos e organizados.
 
Apesar do amplo reconhecimento pela comunidade científica, os
estudos de coorte apresentam várias limitações. A principal, é o fato
de não se utilizar o critério de aleatoriedade na constituição dos
grupos. Outra limitação importante, é a necessidade de uma
amostra bastante grande, resultando numa pesquisa onerosa. (GIL,
2010).
 
8 ESTUDO DE CASO DE CONTROLE
 
A tradução literal da expressão ex post facto é “a partir do fator
passado”, ou seja, nesse tipo de pesquisa, no curso natural dos
acontecimentos, o estudo foi realizado após a ocorrência de
alterações na variável dependente.
O propósito básico desse tipo de pesquisa é o mesmo da
pesquisa experimental: verificar a existência de relações entre
variáveis. Seu planejamento também ocorre de forma bastante
semelhante. A diferença mais importante entre as duas modalidades
está em que na pesquisa ex post facto, o pesquisador não dispõe de
controle sobre a variável independente, que constitui o fator
presumível do fenômeno, porque ele já ocorreu. O que o
pesquisador procura fazer nesse tipo de pesquisa é identificar
situações que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre
elas como se estivessem submetidas a controles. (GIL, 2010).
Uma importante modalidade de pesquisa ex post facto, muito
utilizada nas ciências da saúde, é a pesquisa caso-controle. É
baseada na comparação entre duas amostras: a primeira é
constituída por pessoas que apresentam determinada característica
– casos– e a segunda é selecionada de forma tal que seja análoga
à primeira em relação a todas as características, exceto a que
constitui objeto da pesquisa.
Por exemplo, numa pesquisa para verificar a associação entre
alcoolismo e cirrose hepática, um determinado número de pessoas
com diagnóstico de cirrose hepática é submetido a exames é
realizado com igual números de alcóolatras, sem cirrose hepática,
do mesmo sexo e idade, que funcionam como controle.
Apesar de muito similar à pesquisa experimental, o estudo ex
post facto não garante que suas conclusões relativas às relações de
causa-efeito sejam conclusivas. Essa modalidade de delineamento
pode servir à constatação da existência de relação entre variáveis.
Por isso que essa pesquisa muitas vezes é denominada
correlacional. (GIL, 2010).
O estudo de caso de controle também se assemelha com os
estudos de coorte, uma vez que também possibilita comparações
entre os grupos de estudo e de controle. A principal diferença entre
ambos está na maneira como os grupos são formados. Os
pesquisadores manipulam os dados de comparação nos estudos de
caso de controle, enquanto que nos estudos de coorte a constituição
dos grupos é feita por fatores naturais e sociais, sem que os
pesquisadores possam interferir. Com isso, apesar das
semelhanças, esses dois tipos de pesquisa são estruturalmente
inversos. Nos estudos de coorte buscam-se os efeitos de exposição,
enquanto que nos estudos de caso de controle, o que se busca são
as causas da doença.
A grande vantagem dos estudos de caso de controle é que tais
estudos são rápidos e relativamente baratos, além de gerar novas
hipóteses. Por essas razões, o estudo de caso de controle é o
preferido em doenças mais raras, sendo que em alguns casos, é o
único tipo de estudo possível.
Fatores éticos, muitas vezes, também direcionam para os
estudos de caso de controle, para evitar exposição prejudicial do
paciente.
 
9 LEVANTAMENTO
 
O levantamento é caracterizado pelas perguntas feitas às
pessoas cujo comportamento está em estudo. Solicita-se
informações a um grupo significativo de pessoas acerca do
problema estudado para, em seguida, por meio da análise
quantitativa, chegar-se às conclusões correspondentes aos dados
coletados.
Um censo caracteriza-se pela coleta de informações de todos os
integrantes do universo pesquisado. De modo geral, envolvem
dificuldades materiais para sua realização. Assim, os censos são
desenvolvidos pelos governos ou por instituições de amplos
recursos. São extremamente úteis, pois proporcionam informações
gerais acerca das populações, que são indispensáveis em boa parte
das investigações sociais.
Na maioria dos levantamentos não são pesquisados todos os
integrantes da população estudada. Antes, seleciona-se
adequadamente, por meio de procedimentos estatísticos, uma
amostra significativa de todo o universo que constitui o objeto de
investigação. As conclusões obtidas com base nessa amostra são
estendidas para a totalidade do universo, considerando-se a
margem de erro que se calcula estatisticamente.
Atualmente, os levantamentos por amostragem são, entre os
pesquisadores sociais, muitos populares, a ponto de muitos
considerarem pesquisa e levantamento social a mesma coisa.
Entretanto, o levantamento social é um dos vários tipos de pesquisa
social que, como tudo, apresenta vantagens e limitações. (GIL,
2010).
Entre as principais vantagens dos levantamentos estão:
Conhecer a realidade diretamente: na medida em que
as próprias pessoas informam seu comportamento,
crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de
interpretações subjetivas dos pesquisadores;
Agilidade e custo baixo: com uma equipe de
entrevistadores, codificadores e tabuladores treinados, é
possível coletar grande quantidade de dados
rapidamente. Quando os dados são obtidos por meio de
questionários, reduz-se significativamente os custos;
Quantificação: os dados coletados por levantamento
podem ser registrados em tabelas, possibilitando sua
análise estatística. As variáveis em estudo podem ser
quantificadas, permitindo o uso de correlações e outros
procedimentos estatísticos. Na medida em que os
levantamentos se valem de amostras probabilísticas,
torna-se possível saber a margem de erro dos
resultados obtidos.
 
Entre as principais limitações dos levantamentos estão:
Foco na percepção: os levantamentos coletam dados
referentes à percepção que as pessoas têm acerca de
si mesmas. Essa percepção é subjetiva, o que pode
resultar em distorções. Há uma grande diferença entre o
que as pessoas dizem e o que realmente fazem ou
sentem. Existem recursos para minimizar este
problema, por exemplo: omitir perguntas que a maioria
das pessoas não sabe ou não quer responder; controlar
as respostas dadas por meio de perguntas indiretas.
Entretanto, em muitos dos casos, isto é insuficiente para
contornar os problemas;
Superficialidade no estudo da estrutura e dos
processos sociais: por meio de levantamentos, é
possível coletar grande quantidade de dados sobre
indivíduos. Entretanto, os levantamentos são poucos
adequados para a investigação profunda de fenômenos
sociais determinados por fatores interpessoais e
institucionais;
Processo de mudança captado de forma limitada:
em geral, o levantamento proporciona visão estática do
fenômeno em estudo. Mostra, metaforicamente, uma
espécie de fotografia de determinado problema, porém
não aponta suas tendências à variação e mudanças
estruturais. Para superar essas limitações, cada vez
mais se realizam levantamentos do tipo painel, que
consistem na coleta de dados da mesma amostra no
decorrer do tempo. Uma quantidade significativa de
informações importantes fora coletada por meio desses
procedimentos, em particular nos estudos sobre nível de
renda e desemprego. Entretanto, os levantamentos do
tipo painel apresentam seria limitação, que é a
progressiva redução da amostra por causas diversas
(os elementos da amostra mudam de endereço,
falecem, desistem, etc.).
Considerando essas vantagens e limitações, podemos afirmar
que os levantamentos se tornam mais adequados a estudos
descritivos que explicativos. São impróprios para o aprofundamento
de aspectos psicológicos e psicossociais complexos, porém eficazes
para problemas menos delicados, como preferência eleitoral e
comportamento do consumidor. São muito úteis para o estudo de
opiniões e atitudes, porém pouco indicados no estudo de problemas
referentes às relações e estruturas sociais complexas. (GIL, 2010).
 
10 ESTUDO DE CAMPO
 
O estudo de campo é semelhante ao levantamento, porém o
levantamento tem maior alcance e o estudo de campo tem maior
profundidade. As distinções essenciais entre os dois métodos são:
O levantamento é representativo do universo definido e
oferece resultados caracterizados pela precisão
estatística. Já o estudo de campo procura aprofundar as
questões propostas, não enfatizando a distribuição das
características da população segundo determinadas
variáveis. O resultado dessa diferença é que o
planejamento de estudo de campo é mais flexível, e
pode ser realizado mesmo com a reformulação de seus
objetivos ao longo da pesquisa.
 
O levantamento procura identificar as características
dos componentes do universo pesquisado, permitindo
uma caracterização precisa dos segmentos. O estudo
de campo em um único grupo ou comunidade em
termos de sua estrutura social, ressaltando a interação
entre seus componentes. Assim, no estudo de campo é
comum utilizar-se muito mais técnicas de observação do
que de questionamento.
Como já foi dito, o estudo de campo constitui o modelo clássico
de investigação na Antropologia. Entretanto, atualmente, sua
utilização tornou-se mais abrangente, aplicando-se também nos
domínios da Sociologia, da Educação, da Saúde Pública e da
Administração.
O estudo de campo focaliza tipicamente uma comunidade, que
não precisa estar localizada geograficamente próxima, mas que
esteja voltada para qualquer atividade humana comum, como por
exemplo o trabalho, o estudo, ou o lazer. Essencialmente, a
pesquisa se dápela observação direta nas atividades do grupo
estudado e de entrevistas com membros para coletar seus
esclarecimentos e visões do que ocorre na comunidade. Além
dessas duas técnicas, o estudo de campo se utiliza também das
técnicas de análise de documentos, filmagem e fotografias para
complementar a pesquisa.
No estudo de campo é enfatizada a importância de o
pesquisador experimentar diretamente a situação de estudo. Por
isso, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente.
O pesquisador também permanece o maior tempo possível na
comunidade, pois essa imersão na realidade é o que proporciona o
entendimento das regras, dos costumes e das convenções que
regem o grupo estudado.
Algumas vantagens do estudo de campo em relação
principalmente aos levantamentos são:
Por ser desenvolvido no próprio local dos fenômenos,
os resultados tendem a ser mais precisos;
Por não requerer instrumentos especiais para a coleta
de dados, tende a ser bem mais barato;
Pelo fato de o pesquisador participar mais de todo o
processo, é mais provável que os entrevistados
respondam com maior fidedignidade.
 
Algumas desvantagens que o estudo de campo apresenta são:
Realizar um estudo de campo, normalmente, é mais
demorado do que realizar um levantamento;
Existe risco de subjetivismo na análise e interpretação
dos resultados do estudo de campo, quando os dados
são coletados por um único pesquisador.
 
 
11 ESTUDO DE CASO
 
O estudo de caso é um método de pesquisa muito usado nas
ciências biomédicas e sociais. Como outros métodos, é uma
maneira de investigar um tópico empírico seguindo um conjunto de
procedimentos especificados previamente.
O estudo de caso é um exaustivo e profundo estudo de um ou
poucos objetos, que possibilita obter conhecimento detalhado e
abrangente. Raramente outros métodos de pesquisa obtêm o
mesmo resultado.
Os resultados dos estudos de caso, nas ciências biomédicas,
geralmente geram hipóteses, não conclusões, pois são muitos
utilizados como:
Estudos-piloto, para esclarecimento do campo da
pesquisa em seus múltiplos aspectos.
 
Descrição de síndromes raras.
 
Durante muito tempo, as ciências consideraram o estudo de
caso como procedimento pouco rigoroso, que só serviria para
estudos de natureza exploratória. Entretanto, atualmente, é
encarado como o método mais adequado para a investigação de um
fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, em que os
limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente
percebidos (Yin, 2010).
Nas ciências sociais, a distinção entre o fenômeno e seu
contexto é uma das grandes dificuldades que os pesquisadores
enfrentam. Não raras vezes, isso chega a impedir o tratamento de
determinados problemas mediante procedimentos caracterizados
por alto nível de estruturação, como os experimentos e
levantamentos. Essa é uma das razões que estão levando à
crescente utilização do estudo de caso no âmbito dessas ciências,
com diferentes propósitos, tais como:
Em situações muito complexas, que não possibilitam a
utilização de experimentos e levantamentos para
explicar as variáveis causais de um dado fenômeno;
Para desenvolver teorias;
Para formular hipóteses;
Para descrever a situação do contexto de uma
investigação específica;
Para preservar o caráter unitário do elemento estudado;
Para explorar situações da vida real cujos limites são
indefinidos.
 
Há muitas objeções ao seu uso, apesar de sua crescente
utilização nas Ciências Sociais. A mais significativa é quanto à falta
de rigor metodológico, uma vez que, diferente do que ocorre nos
experimentos e levantamentos, para se realizar estudos de caso
não são definidos procedimentos metodológicos rígidos. Como
resultado disso são frequentes os vieses nos estudos de caso, que
acabam comprometendo a qualidade dos resultados. Entretanto, os
vieses não são exclusividade dos estudos de caso; são
normalmente constatados em qualquer método de pesquisa. Assim,
a proposta é que o pesquisador, ao desenvolver um estudo de caso
redobre seus cuidados no planejamento, coleta e análise dos dados
para minimizar os possíveis vieses.
Outra crítica ao estudo de caso refere-se à limitação para a
generalização. A análise de um único ou de poucos casos é uma
base normalmente insuficiente para a generalização. Entretanto, as
finalidades do estudo de caso não são as de dar um conhecimento
exato das características de uma população, mas sim uma visão
geral do problema ou, mais ainda, identificar possíveis fatores que
são por ele influenciados ou o influenciam.
Também se critica o estudo de caso pelo tempo destinado à
pesquisa. Afirma-se que os estudos de caso levam muito tempo em
sua realização e que não raro seus resultados são inconsistentes.
Na realidade, no princípio, os estudos de caso realizados nas
Ciências Sociais foram desenvolvidos em longos períodos de
tempo. Entretanto, com a experiência acumulada, hoje é possível
realiza-los em prazos mais curtos e com resultados confirmáveis por
outros estudos.
Ressalto que um bom estudo de caso constitui tarefa difícil de
realizar. Mas é comum encontrar pesquisadores inexperientes,
entusiasmados pela flexibilidade metodológica dos estudos de caso,
que decidem adotá-lo em situações para as quais não é
recomendado, pensando que sua pesquisa será mais fácil. O
resultado é que, ao final da pesquisa, conseguem somente um
conjunto desestruturado de dados impossível de se analisar e
interpretar.
É necessário trabalhar muito para superar os problemas de
realizar a pesquisa de estudo de caso, incluindo o reconhecimento
de que alguns pesquisadores não são adequados, por
características próprias, a aplicar esse método de pesquisa. A
pesquisa de estudo de caso, apesar de ser considerada simples, é
extremamente difícil, por exigir de os pesquisadores executar
rigorosamente procedimentos sistemáticos.
 
 
 
 
12 PESQUISA ETNOGRÁFICA
 
A pesquisa etnográfica, originada na Antropologia, é usada para
descrever os elementos de uma cultura específica, com base em
dados coletados por meio de um trabalho de campo.
A pesquisa etnográfica foi originalmente usada para descrever
as sociedades sem escrita. Com isso, esse tipo de pesquisa foi
muito difundido. Atualmente, também é utilizada no estudo de
sociedades e organizações complexas. Vem sendo usada muito nos
campos da Administração, Saúde Coletiva e Educação.
O propósito da pesquisa etnográfica é o estudo das pessoas em
seu ambiente, utilizando-se técnicas como entrevistas e observação.
A Antropologia é uma disciplina holística, que estuda as diversas
manifestações de uma comunidade no decorrer do tempo e no
espaço onde vive. Por essa razão, a pesquisa etnográfica é
considerada o método de pesquisa mais adequado para a
Antropologia.
A pesquisa etnográfica clássica descreve detalhadamente a
cultura de uma comunidade como um todo. Para que isso seja
possível, é necessário que os pesquisadores, em princípio
indivíduos estranhos, permaneçam, por longos períodos, em campo.
Há casos em que o trabalho leva anos para ser realizado. Isso
possibilita aos pesquisadores descrever longa e detalhadamente a
comunidade objeto da pesquisa.
Atualmente, as pesquisas etnográficas não focam mais a cultura
genericamente e também não são realizadas por pesquisadores
estranhos à comunidade estudada. Normalmente essas pesquisas
passaram a focar comunidades restritas, tais como: escolas,
empresas, clubes, hospitais, etc. Além das técnicas de entrevistas e
observação, também são utilizadas as de análise de documentos,
fotografias e filmagens.
Esse tipo de pesquisa é mais vantajoso do que outros métodos
por ser realizada no próprio local em que o fenômeno ocorre. Por
isso seus resultados são mais fidedignos. Tende a ser mais barata
por não requerer instrumentos especiais para sua realização.
Normalmente, as respostas da pesquisa são mais confiáveis pelo
fato de os pesquisadores participarem mais do processo junto à
comunidade.
Como tudo, a pesquisa etnográfica também tem desvantagens,
tais como:
São pesquisas mais demoradas que outras, como o
levantamento;Por fundamentar-se em poucos casos, ela não é mais
apropriada para generalizações;
Pelo fato da coleta dos dados ser realizada
normalmente por um único pesquisador, existe um
grande risco de subjetivismo na interpretação dos
resultados da pesquisa. Esse talvez seja o problema
mais crítico da pesquisa etnográfica. Tanto que a grande
maioria dos antropólogos não considera esse tipo de
pesquisa rigorosamente objetiva.
A rigor, a etnografia está ligada ao paradigma interpretativista,
segundo o qual a realidade não é aprendida, mas construída pelos
sujeitos que se relacionaram com ela. Com isso, nesse tipo de
pesquisa, se valoriza as relações influenciadas por fatores
subjetivos que registram a construção dos significados que surgem
ao longo de sua realização.
 
13 PESQUISA FENOMENOLÓGICA
 
Esse tipo de pesquisa procura descrever experiências vividas
conscientemente, das quais se expurga suas características
experimentais e considerações no plano da realidade essencial.
Assim, é um tipo de pesquisa que visa descrever e interpretar
fenômenos perceptíveis. Seu objetivo é chegar ao âmago do objeto
contemplado, chegando à sua essência, ou seja, conteúdo inteligível
e ideal dos fenômenos.
Os fundamentos desse tipo de pesquisa encontram-se na
Fenomenologia, movimento filosófico iniciado no século XX por
Edmund Husserl (1859-1938), Martin Heidegger e Maurice Merleau-
Ponty (1908-1961).
A pesquisa fenomenológica visa interpretar o mundo por meio da
formulação da consciência do indivíduo com base em suas
experiências. O objeto da pesquisa fenomenológica é o próprio
fenômeno, que pode ser algo concreto, uma sensação, uma
recordação, independente do mesmo ser algo real ou imaginado.
O foco do pesquisador, na pesquisa fenomenológica, está na
relação sujeito-objeto. Por isso, sujeito e objeto são pesquisados
como algo único.
Por essa característica, a pesquisa fenomenológica é
fundamentalmente diferente dos outros métodos de pesquisa que se
baseiam em experimentos e levantamentos.
Portanto, a Fenomenologia é mais uma postura, um modo de
compreender o mundo, que uma teoria ou um modo de explica-lo.
Essa maneira de conceber a realidade provoca a rejeição desse
método por muitos pesquisadores.
Nesse método de pesquisa, não se busca compreender os fatos
sociais como coisas, nem usando procedimentos semelhantes aos
das ciências naturais. A não ser pela leitura exaustiva das obras de
seus diversos autores, não há um caminho sistemático de
aprendizagem para a pesquisa fenomenológica.
Essencialmente, o método de pesquisa fenomenológica
apresenta dois momentos:
Redução fenomenológica; e
Redução eidética.
 
13.1. REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA
 
A redução fenomenológica ou, em grego, epoché, significa
“colocar entre parênteses” ou indicar que, embora não pertença
propriamente ao discurso, esclarece o assunto.
Consiste em desconsiderar o mundo real e restringir o
conhecimento ao fenômeno da experiência da consciência. Nesse
processo, a experiência de consciência pode alterar tudo o que é
captado pelos sentidos. Exemplificando, coisas, imagens, fantasias,
atos, relações, pensamentos, eventos, memórias e sentimentos são
experiências de consciência.
A redução não significa duvidar da existência do mundo, mas
sim focar exclusivamente em como o conhecimento do mundo se dá
e na visão de mundo do sujeito.
13.2. REDUÇÃO EIDÉTICA
 
A redução eidética, do grego eidos, significa ideia ou essência.
Consiste em capturar a essência do que foi percebido. Significa
abstrair a existência de tudo que é fortuito, e intuir a essência. É a
busca do verdadeiro significado, estando consciente de que tudo
que nossa consciência captura é por meio de nossos sentidos e isso
nos possibilita observar o mesmo objeto sob vários pontos de vista,
embora seja algo essencialmente único. Essa essência é
exatamente aquilo que não se altera no objeto, independentemente
do ponto de vista que observamos. Exemplificando: um homem,
seja ele alto ou baixo, gordo ou magro, branco ou negro, rico ou
pobre, culto ou ignorante, tem uma essência humana imutável.
 
14 TEORIA FUNDAMENTADA
 
A teoria fundamentada em dados, ou grounded theory, em
inglês, é uma alternativa ao processo de geração dedutiva de
teorias sociais. Foi originada nos trabalhos de Barney Glaser e
Anselm Straus, nos anos 1960.
O trabalho desses dois cientistas sociais foi o de desenvolver um
método de pesquisa que explicasse a realidade social por meio de
construção de teorias indutivas, baseadas em análise sistemática
dos dados.
Na teoria fundamentada, o pesquisador coleta, de diversas
formas, dados sobre um fenômeno específico. Na sequência, realiza
a análise dos dados coletados por meio de comparações,
identificando a uniformidade dos mesmos. Dessas conclusões,
elabora uma teoria fundamentada nos dados.
Perceba que o propósito do pesquisador é entender o objeto
estudado, identificar como os indivíduos agem nessas
circunstâncias e as razões que levam a situação a se desenvolver
da forma identificada.
A teoria que é fundamentada nos dados mostra o
comportamento dos indivíduos em determinadas circunstâncias.
Com isso representa uma realidade subjetiva, pois considera o
comportamento dos indivíduos.
A teoria reconstrói a experiência e, pesquisador e pesquisados,
recontam suas experiências por meio da teoria.
Por essas razões, essa teoria é restrita e não pode ser
considerada como um conjunto de preposições ou hipóteses que
constituem um sistema dedutivo. Ela é específica para o grupo
objeto de estudo e não pode ser generalizada. Não se constitui em
verdade absoluta, mas em uma realidade que se concretiza no
grupo pesquisado explicando seu comportamento.
Em determinados aspectos, a teoria fundamentada é
semelhante à pesquisa fenomenológica, uma vez que destaca a
realidade criada pelo grupo pesquisado. Também como aquele
método de pesquisa, pode ser definida como um método
interpretativista.
Distinguem-se da pesquisa fenomenológica fundamentalmente
pelo fato de a teoria fundamentada ter sua base na análise dos
dados coletados e não na experiência subjetiva dos indivíduos
pesquisados.
 
 
16 CONCLUSÃO
A metodologia do TCC permitirá a você obter um sólido
embasamento metodológico que lhe terá sido proporcionado pelos
estudos sobre técnicas de medidas e validação de instrumentos de
pesquisas.
Você possuirá os fundamentos teóricos para as diferentes
formas de pesquisas e produção acadêmica, proporcionando
condições ferramentais para o desenvolvimento do TCC e poderá,
com segurança, escolher o tema, sua pertinência e originalidade.
Com esse repertório, espero que possa entender o que Umberto
Eco (2012, p. 5) quer dizer quando conclui sua obra afirmando que
“[...] fazer uma tese significa divertir-se, e a tese é como um porco:
nada se desperdiça”.
Agora você possui conhecimento suficiente de como se realiza
uma pesquisa bibliográfica ou uma pesquisa documental.
É muito importante ressaltar que o que você está aprendendo,
como afirma Gil (2010), não pode ser compreendido como um
receituário, porque não se pode admitir que uma atividade complexa
como a pesquisa científica seja entendida mediante uma sequência
de etapas.
Assim, mesmo que você tenha absorvido conhecimento
significativo sobre esses dois métodos de pesquisa, irá precisar de
muita orientação para percorrer qualquer um deles e, até que
consiga percorrê-los com habilidade, serão necessárias algumas
pesquisas em cada um deles, pois a habilidade só se conquista com
a prática.
Espero que o e-book tenha sido suficiente para despertar seu
espírito investigativo e sua sede pelo aprofundamento de seus
conhecimentos. Espero também que tenha sido suficientemente
motivador para que você contribua para a humanidade com novos e
significativos conhecimentos científicos no TCC que irá elaborar.
Agora, você conhece os principais métodos de pesquisa
científica e, com isso, pode escolher com propriedade o método
mais adequado para sua pesquisa e que irá adotar para o
desenvolvimento de seu TCC.
Mãos à obra! Boa Sorte!

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