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TCC Metodologias SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 4 2 Pesquisa Científica e Classificação das pesquisas científicas 5 2.1. Métodos, técnicas e ferramentas................................................................5 2.2. Metodologia e pesquisa científica...............................................................6 2.2.1. Metodologia.............................................................................. .....6 2.2.2. A pesquisa cientifica.....................................................................6 2.2.3. Objetivos gerais............................................................................7 2.2.4. Finalidade................................................................................. ....7 2.2.5. Áreas do conhecimento................................................................8 2.2.6. Métodos empregados...................................................................8 2.3. Recursos necessários para realizar uma pesquisa científica.....................9 2.3.1. Características do pesquisador.....................................................9 2.3.2. Recursos humanos, financeiros e materiais.................................9 2.4. Projeto de Pesquisa.................................................................................. 10 2.4.1. Esquematização de uma pesquisa científica..............................10 3 Pesquisa Bibliográfica 11 3.1. Escolha do tema.......................................................................................1 2 3.2. Levantamento bibliográfico preliminar......................................................12 3.3. Formulação do problema..........................................................................13 3.4. Elaboração do plano provisório da pesquisa............................................13 3.5. Busca das fontes...................................................................................... 14 3.6. Leitura do Material.................................................................................... 15 3.7. Fichamento.............................................................................. .................15 3.8. Organização lógica do assunto................................................................16 3.9. Redação do texto.....................................................................................17 4 Pesquisa Documental.............................................................................. ...............17 4.1. Etapas da pesquisa documental..............................................................18 4.1.1. Formulação do problema............................................................18 4.1.2. Elaboração do plano de trabalho................................................18 4.1.3. Identificação de fontes................................................................18 4.1.4. Localização das fontes e obtenção do material..........................19 4.1.5. Análise e interpretação dos dados..............................................19 4.1.6. Redação do relatório...................................................................20 5 Pesquisa Experimental 20 5.1. Um exemplo de pesquisa experimental...................................................22 5.2. Experiência Hawthorne............................................................................22 6 Ensaio Clínico...................................................................................... ...................24 7 Estudo de Coorte...................................................................................... ...............27 8 Estudo de Caso de controle.................................................................................... 27 9 Levantamento.......................................................................... ...............................28 10 Estudo de campo...................................................................................... ............30 11 Estudo de caso.......................................................................................... ...........31 12 Pesquisa Etnográfica............................................................................... .............33 13 Pesquisa Fenomenológica....................................................................... .............34 13.1. Redução Fenomenológica...................................................................... 34 13.2. Redução eidética.................................................................................... 35 14 Teoria Fundamentada......................................................................... ..................35 15 Conclusão 36 16 Referências.............................................................................. .............................37 1 INTRODUÇÃO Conforme Gil (2010, p.1) “pode-se definir pesquisa como procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. O objetivo do livro é prepara-lo para a realização desse maravilhoso trabalho de contribuição para o bem comum: trazer à luz conhecimentos ainda ocultos para a humanidade. A metodologia do Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) apresenta os fundamentos teóricos para as diferentes formas de pesquisa e produção acadêmica, proporcionando condições ferramentais para que você elabore o TCC. Fornece instrumentos de análise para o desenvolvimento do TCC, oportunizando a escolha do tema e a sua pertinência e originalidade. Proporcionando estudos sobre técnicas de medidas e validação de instrumentos de pesquisas, auxiliando na formação de um sólido embasamento metodológico. Espero que você não só se sinta mais confortável para a realização de seu TCC, mas que também se sinta empolgado em realizar esse trabalho. Desejo que a realização do seu TCC não seja apenas o cumprimento de uma obrigação para obter o certificado de conclusão de seu curso, mas uma oportunidade de compartilhar, a fim de que possa construir um mundo melhor. Desejo sucesso nessa sua empreitada! 2 PESQUISA CIENTÍFICA E CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS CIENTÍFICAS A pesquisa científica é um processo sistematizado que tem por objetivo solucionar problemas propostos. A pesquisa científica se faz necessária quando não há informação suficiente para solucionar o problema proposto. Outra razão para a realização de uma pesquisa científica é quando, apesar da existência de informações suficientes para solucionar o problema proposto, tais informações não estão adequadamente ordenadas para responder ao problema. Portanto, uma pesquisa científica é um processo de coleta e ordenação de informações, realizada com o uso cuidadoso de métodos, técnicas e ferramentas de investigação científica. 2.1. MÉTODOS, TÉCNICAS E FERRAMENTAS O que é método? Um método é um caminho estruturado que se percorre para atingir um objetivo. É possível percorrer esse caminho sem um método, entretanto, sem ele, esse percurso será extremamente penoso e, muitas vezes, nos sentiremos perdidos e desanimados por não termos certeza de que chegaremos a bom termo. Assim, um método é como termos uma bússola que nos indica constantemente se estamos na direção correta. Ele nos alenta, nos dá conforto e segurança na execução do trabalho. O que é técnica? Uma técnica é uma melhor prática comprovada para se percorrer um caminho ou parte dele. A técnica nos dá segurança na execução do método, pois já deve ter sido exaustivamente executada com sucesso até ser alcunhada como sendo uma melhor prática. Dessa forma, a técnica nos libera energia para nos concentrarmos no que deve ser feito, sem que nos preocupemos com como fazê-lo, pois é isso que ela nos dá. O que é uma ferramenta? Uma ferramenta é um instrumento que automatiza uma ou mais técnicas possibilitando a execução delas de forma mais produtiva e precisa. Quando já executamos determinada técnica repetidavezes, podemos nos sentir seguros em executá-la, entretanto, isso não nos livra dos erros, pois somos humanos. O que uma ferramenta nos proporcionando é exatamente a garantia de que estaremos executando corretamente a técnica sem o risco da falha humana e com uma rapidez que, sem ela, de forma manual, dificilmente conseguiríamos. 2.2. METODOLOGIA E PESQUISA CIENTÍFICA 2.2.1. METODOLOGIA Uma metodologia é um estudo dos vários caminhos possíveis para se atingir um objetivo. É fundamental que entendamos que, se temos um único método, por mais completo e exaustivamente testado e comprovado que ele seja, ele é só um método, não uma metodologia. Para termos uma metodologia, é necessário que tenhamos alternativas para atingirmos o mesmo objetivo. Mais que isso, é necessário que tenhamos explorado cada uma dessas alternativas e saibamos exatamente seus pontos fortes e fracos. Pois somente com esse conhecimento, obtido através de minuciosos estudos, é que poderemos afirmar que temos uma metodologia. Uma verdadeira metodologia é aquela que, no início de uma jornada, nos auxilia e decidir qual será o melhor caminho a ser percorrido na busca do objetivo. Quanto mais amplo o leque de opções e recursos, como técnicas e ferramentas, melhor será nossa metodologia. 2.2.2. A PESQUISA CIENTÍFICA Como os objetos de pesquisa são diversificados e buscam objetivos distintos, os métodos a serem empregados nela variam. Assim, a classificação das pesquisas passa a ser um instrumento precioso para a escolha do método adequado para a realização da pesquisa. Ao classificarmos as pesquisas, buscamos o que há de comum e as diferenças entre as diversas modalidades de pesquisa científica. Não existem duas pesquisas científicas idênticas. Essa característica de ser um processo que resultará num produto final único enquadra as pesquisas científicas na categoria de projetos. Como as pesquisas científicas são projetos, para realiza-las temos que executar várias atividades previstas no processo de gestão de projetos. Algumas são fazer estimativas, previsões e provisões de recursos para a realização da pesquisa e, como cada uma delas é diferente das outras, torna-se imperioso definirmos a que classe a pesquisa pertence, pois assim saberemos em que etapas o projeto deverá realiza-las e estima-las, prevê-las e provisiona-las, com maior precisão. 2.2.3. OBJETIVOS GERAIS Existem vários critérios que podem ser adotados para classificar as pesquisas científicas. Podemos usar múltiplos sistemas de classificação das pesquisas científicas. De acordo com os objetivos da pesquisa científica, ela pode ser classificada em: Exploratórias: buscam maior familiaridade com o problema para torna-lo mais explícito ou para construir hipóteses sobre ele; Explicativas: buscam identificar fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência de fenômenos; Descritivas: visam descrever as características de determinada população. Algumas vão além da identificação da existência de relações entre variáveis e buscam determinar a natureza dessa relação. Estas se aproximam das pesquisas explicativas. 2.2.4. FINALIDADE De acordo com a finalidade das pesquisas, podemos classifica- las da seguinte forma: Pesquisa básica: estudos com o propósito de preencher lacunas no conhecimento: a) Pesquisa básica pura: destinadas exclusivamente à ampliação do conhecimento, sem se preocupar com os benefícios decorrentes desse novo conhecimento; b) Pesquisa básica estratégica: destinada à aquisição de conhecimento direcionado à solução de reconhecidos problemas práticos. Pesquisa aplicada: estudos realizados para resolver problemas identificados no âmbito dos ambientes (sociedade) onde os pesquisadores vivem: a) Pesquisa aplicada: destinada à aquisição de conhecimentos para aplicação numa situação específica; b) Desenvolvimento experimental: utiliza conhecimentos provenientes de pesquisa ou experiência prática para a produção de novos materiais, equipamentos, políticas e comportamentos ou para a instalação de novos sistemas e serviços. 2.2.5. ÁREAS DO CONHECIMENTO De acordo com a área do conhecimento, o CNPq classifica as pesquisas da seguinte forma: Ciências Exatas e da Terra; Ciências Biológicas; Engenharias; Ciências da Saúde; Ciências Agrárias; Ciências Sociais Aplicadas; Ciências Humanas. 2.2.6. MÉTODOS EMPREGADOS As pesquisas cientificas são classificadas, segundo: A natureza dos dados: pesquisa quantitativa ou pesquisa qualitativa; O ambiente no qual os dados são coletados: pesquisa de campo ou pesquisa de laboratório; O grau de controle sobre as variáveis: pesquisa experimental e pesquisa não experimental, entre outros. Nas pesquisas científicas podem ser empregados os seguintes métodos: Pesquisa bibliográfica; Pesquisa documental; Pesquisa experimental; Ensaio clínico; Estudo caso-controle; Estudo de corte; Levantamento de campo (survey); Estudo de caso; Pesquisa etnográfica; Teoria fundamentada nos dados (grounded theory); Pesquisa ação; Pesquisa participante. 2.3. RECURSOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR UMA PESQUISA CIENTÍFICA Para a realização bem-sucedida de uma pesquisa científica, necessitamos de um conjunto de recursos fundamentais e indispensáveis, tais como: Características do pesquisador; Recursos humanos, financeiros e materiais; Projeto de pesquisa. 2.3.1. CARACTERÍSTICAS DO PESQUISADOR O pesquisador, sem dúvida, é o principal fator de sucesso de uma pesquisa. Assim, relacionamos de forma não exaustiva as características que distinguem um pesquisador de sucesso: Disciplina; Motivação; Confiança na pesquisa; Criatividade; Civismo; Paciência; Perfeccionismo; Ética; Imaginação; Conhecimento do tema da pesquisa; Honestidade; Perseverança e; Curiosidade. É importante ressaltar que essas características não podem ser classificadas, pois todas têm grau de importância muito similar. 2.3.2. RECURSOS HUMANOS, FINANCEIROS E MATERIAIS A genialidade não aparece na relação de características de um pesquisador bem-sucedido, porque, apesar de ser uma característica suficiente para o sucesso de uma pesquisa, ela não é necessária. Se o pesquisador a possuir, será ótimo, pois poderá economizar muitos recursos necessários ao projeto. Porém, mesmo os gênios reconhecem a necessidade de recursos humanos, financeiros e materiais, além da sua genialidade, para o sucesso de suas pesquisas. Assim, é fundamental que o pesquisador estime com a maior precisão possível, os recursos humanos, financeiros e materiais de que necessitará para a realização de uma pesquisa bem-sucedida. 2.4. PROJETO DE PESQUISA Uma pesquisa é um empreendimento e deve ser tratada como tal. Todo bom investimento inicia-se como um Business Case que nada mais é que a proposta detalhada da pesquisa a ser realizada. Através desse instrumento é que o pesquisador fará a “venda” de seu projeto a todos os stakeholders de sua pesquisa. Um bom Business Case para um projeto de pesquisa deve conter, no mínimo, o seguinte: 1. Síntese 1.1. Questão 1.2. Resultados Esperados 1.3. Justificativa 2. Definição do Problema 2.1. Declaração do Problema 3. Resumo do Projeto 3.1. Descrição do Projeto 3.2. Metas e Objetivos 3.3. Desempenho do Projeto 3.4. Premissas do Projeto 3.5. Restrições do Projeto 3.6. Principais etapas do Projeto 3.7. Recursos necessários para o Projeto 4. Aprovações 2.4.1. ESQUEMATIZAÇÃO DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA Relacionamos na ordem de execução as etapas necessárias para a realização de uma pesquisa científica: 1. Formulação do problema; 2. Construção da hipótese; 3. Determinação do plano; 4. Operacionalização das variáveis; 5. Elaboração dos instrumentos de coleta de dados; 6. Pré-teste dos instrumentos; 7. Seleção da amostra; 8. Coleta dos dados; 9. Análise e interpretação de dados; 10. Redação do relatório da pesquisa 3 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Uma pesquisa bibliográfica é feitatomando-se como base o material sobre o tema já publicado. É importante ressaltar que, atualmente, a pesquisa bibliográfica não se restringe ao material impresso, como livros, periódicos, revistas, jornais, teses, dissertações, monografias, anais de eventos científicos, etc. Hoje, com a evolução tecnológica, a pesquisa bibliográfica passa a fazer uso também de outras mídias, além da impressa, tais como CD, DVD, textos da internet, entre outros. Outro ponto importante a ser ressaltado é que toda pesquisa científica, em algum momento, realizará uma pesquisa bibliográfica. Isso se comprova pela estrutura das teses e dissertações atualmente feitas, que na sua maioria dedica um capítulo ou uma seção à revisão bibliográfica com o objetivo de dar a fundamentação teórica do trabalho. Além disso, parte desses trabalhos visa também registrar o estágio atual de conhecimento sobre o tema. Existem áreas do conhecimento em que o método de pesquisa bibliográfica é preferencialmente utilizado por suas características. São elas: Literatura; Filosofia; Direito. Além dessas áreas, quando a pesquisa foca o pensamento em determinado autor ou relaciona várias versões sobre determinado assunto, esse método é o mais utilizado. A vantagem da pesquisa bibliográfica sobre uma pesquisa direta é a amplitude dos fenômenos pesquisados. Isso se torna mais evidente quando os dados do fenômeno pesquisado se encontram espalhados por amplas regiões do espaço. Exemplificando: se a pesquisa requer dados sobre pessoas ou objetos existentes em todos os estados brasileiros, pode se tornar inexequível se exigir do pesquisador a coleta desses dados em seu local de origem. Nesse caso, a pesquisa bibliográfica poderá fornecer os dados necessários ao pesquisador para realização de seu trabalho. Como tudo, a pesquisa bibliográfica não apresenta apenas aspectos positivos. Podemos ressaltar como um aspecto negativo desse método de pesquisa, o esforço para assegurar a fidedignidade das fontes bibliográficas e o esforço para minimizar o viés da orientação dos autores das fontes. Toda pesquisa é desenvolvida em etapas. Uma pesquisa bibliográfica é realizada pela sequência das seguintes etapas: 1. Escolha do tema; 2. Levantamento bibliográfico preliminar; 3. Formulação do problema; 4. Elaboração do plano provisório de assunto; 5. Busca das fontes; 6. Leitura do material; 7. Fichamento; 8. Organização lógica do assunto; 9. Redação do texto. A partir daqui, passamos a detalhar cada uma dessas etapas: 3.1. ESCOLHA DO TEMA Apesar de parecer uma tarefa simples, a escolha do tema para uma pesquisa bibliográfica exige muita energia e habilidade do pesquisador. Não raras vezes, o pesquisador se sente perdido na busca de um tema para sua pesquisa. Sem dúvidas nesse momento, o orientador assume o papel importantíssimo de apoiar o aluno na escolha de seu tema. O orientador pode sugerir temas e indicar leituras que auxiliarão o aluno a dar os primeiros passos. Pode também advertir o aluno das dificuldades que ele encontrará ao escolher determinados temas. Nunca é demais ressaltar que, apesar da importância do orientador nessa etapa, a figura central nessa e em todas as demais etapas da pesquisa é o aluno, o pesquisador. É fundamental que a escolha do tema esteja relacionada ao máximo com o interesse do aluno. O tema deve ser apaixonante para o pesquisador. Deve estar vinculado ao que desperta no aluno uma inquietação por uma questão ainda sem resposta. Para nortear o pesquisador na escolha do tema, ele deve procurar responder algumas questões: Quais campos de sua especialidade que mais lhe interessam? Quais os temas que mais o instigam? De tudo que estudou, o que mais lhe atrai em aprofundar-se e pesquisar? Finalizando, é fundamental que o pesquisador tenha bom conhecimento na área de estudo em que se encontra o tema escolhido. Se não for assim, o aluno encontrará muita dificuldade nas etapas seguintes, principalmente no momento de redigir o texto. 3.2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO PRELIMINAR Normalmente, o tema é formulado de maneira ampla, dificultando a formulação de um problema em condições de pesquisa. O levantamento bibliográfico preliminar se destina a facilitar a formulação do problema que será foco da pesquisa. Ele pode ser visto como sendo um estudo exploratório, uma vez que dará ao aluno a familiaridade e delimitação necessárias para que o problema seja formulado de forma clara e precisa. Geralmente, nessa etapa, o aluno seleciona uma subárea de estudo bem mais restrita que possibilitará uma visão mais clara do tema e aprimorará o problema de pesquisa. O levantamento pode também determinar a mudança dos propósitos iniciais da pesquisa, pois pode deixar claro ao pesquisador as dificuldades de condução adequada da pesquisa. 3.3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Nessa etapa, o pesquisador deve estar em condições de formular o problema de forma clara, precisa e suficientemente delimitada. Apesar disso, é necessário ter consciência de que isso não significa que esse problema seja mantido até o fim da pesquisa. No decorrer das etapas seguintes, fatos podem ocorrer que sinalizem para o pesquisador a necessidade de reformular o problema, antes de elaborar um plano de trabalho. Não existem regras claras que se aplicam sempre no processo de formulação do problema. Porém, algumas perguntas que devem ser respondidas pelo pesquisador podem ajudá-lo a ficar mais seguro de que a formulação do problema está adequada. São elas: O tema é do seu interesse? O problema é relevante teórica e praticante? Sua qualificação é adequada para solucionar esse problema? Existe material bibliográfico suficiente e disponível para o equacionamento e solução do problema? O problema está formulado de forma clara, precisa e objetiva? Você dispõe de tempo e outras condições de trabalho necessária ao desenvolvimento da pesquisa? O problema deve ser colocado sob a forma de uma pergunta: Por exemplo: 1. O tema é requisito de software e para determinar o problema formula-se a seguinte questão: “Como melhorar o levantamento de requisitos para produzir softwares de qualidade e que atendam às necessidades de negócio?”; 2. O tema é gestão de RH nos sindicatos: “Como são gerenciados os RH nos sindicatos brasileiros?”; 3. O tema são as características dos movimentos sociais: “Por que a maioria dos movimentos sociais é mais defensiva que ofensiva?”. 3.4. ELABORAÇÃO DO PLANO PROVISÓRIO DA PESQUISA Uma vez formulado e delimitado o problema, o plano provisório da pesquisa deve ser elaborado. Esse plano determina a estrutura lógica do trabalho, ordenando as partes desse trabalho. Ele é provisório porque, nesse momento, ainda não temos todas as informações necessárias para elaborar um plano definitivo. A rigor, em momento algum temos todas as informações necessárias para a elaboração desse plano. Assim, devemos buscar nesse instante montar o melhor plano possível com as informações que possuímos e devemos ter a serenidade para aceitar que esse plano deve ser revisado em todo o decorrer do projeto de pesquisa, podendo sofrer alterações até nas etapas mais avançadas da pesquisa. Segue um exemplo de um plano para uma pesquisa que tenha por objetivo analisar a profissão de analista de negócios de empresas no Brasil: 1. A profissão de analista de negócios: 1.1. Características da profissão 1.2. Requisitos pessoais e técnicos para o exercício da profissão 1.3. Formação profissional do analista de negócios 1.4. Regulamentação da profissão 2. Áreas de atuação do analista de negócios: 2.1. No setor público 2.2. Em empresas industriais 2.3. No comércio 2.4. Em bancos 2.5. Em serviços 2.6. Em atividades de consultorias 3. A remuneração do analista de negócios: 3.1. Formas de remuneração 3.2. Níveis de remuneração 4. Perspectivas de trabalho do analista de negócios: 4.1. Alterações estruturais no mercado de trabalho 4.2. Interfaces do analista de negócioscom outros profissionais 4.3. O papel do analista de negócios num “mundo sem empregos” 3.5. BUSCA DAS FONTES De posse do plano de trabalho, o pesquisador deve identificar as fontes capazes de fornecer as informações necessárias para solucionar o problema proposto. Aqui o pesquisador realiza um trabalho similar ao da revisão bibliográfica preliminar, com a diferença de que agora essa bibliografia será definitiva. Nessa etapa, o apoio do orientador é fundamental. Porém, não raro, será necessário recorrer também à consulta de especialistas ou de pessoas que já fizeram pesquisas na área. Todos esses apoios poderão não apenas sugerir a bibliografia a ser pesquisada, como também sua visão crítica sobre o material que será pesquisado. As fontes bibliográficas podem ser: Obras de referência; Livros de leitura corrente; Teses e dissertações; Anais de encontros científicos; Periódicos de indexação e resumo; Periódicos científicos; Essas fontes podem ser localizadas em diversos lugares, a saber: Bibliotecas convencionais; Bases de dados; Sistemas de buscas. Uma vez identificadas as fontes, passa a ser necessária a obtenção do material. Isso pode ser feito de várias formas. Algumas mais práticas, outras mais trabalhosas. 3.6. LEITURA DO MATERIAL Ler é algo corriqueiro no mundo moderno. Praticamente todo cidadão está apto a ler. Porém, se lê com objetivos diversos. Você pode ler por simples distração. Pode ler visando aprender algo para aplicar de forma prática, ou para avaliar a aplicabilidade. Você pode ler para obter a solução de problemas. Como variam os objetivos da leitura, também variam os procedimentos e atitudes necessárias à leitura. Quando se lê para fazer uma pesquisa bibliográfica, devemos ter os seguintes objetivos: Identificar as informações e os dados do material lido; Estabelecer relações entre as informações e dados identificados com o problema da pesquisa; Analisar a consistência das informações e dados apresentados pelos seus autores. Na pesquisa bibliográfica podemos classificar os seguintes tipos de leitura: Leitura exploratória; Leitura seletiva; Leitura analítica; Leitura integra; Identificação das ideias-chave; Hierarquização das ideias; Sintetização das ideias; Leitura interpretativa; 3.7. FICHAMENTO Nossa memória retém apenas parte do que lemos. Isso é uma limitação significativa, pois exige que façamos anotações do que lemos para auxiliar a retenção do conteúdo. Apesar das anotações serem uma das soluções para a retenção de conteúdo, elas nos remetem a outro problema que é o de quanto devemos anotar. Uma medida para decidirmos sobre isso é levar em consideração os objetivos da pesquisa. Outra é a natureza da obra pesquisada e sua importância em relação aos objetivos mencionados. Não é conveniente acumular um grande volume de anotações. Foque em suas anotações apesar das ideias principais e os dados importantes. As formas de ligações entre as ideias devem ser deixadas de lado, a não ser que sejam importantes para situar as ideias num contexto geral, como as pesquisas de natureza filosófica. Um instrumento atual que pode ser muito útil para as anotações do que lemos são os mapas mentais. Existe farta literatura a respeito dessa técnica. Também existem muitas ferramentas gratuitas que podem ser utilizadas na elaboração desses mapas mentais. Considerem esse recurso para suas anotações. 3.8. ORGANIZAÇÃO LÓGICA DO ASSUNTO A organização lógica do assunto inicia-se com o fichamento de tudo que foi lido e anotado. Sugerimos um sistema de fichamento com os seguintes objetivos: Identificação das obras consultadas; Anotação das ideias que surgiram durante a leitura; Registro dos conteúdos relevantes das obras consultadas; Registro dos comentários acerca das obras; Organização das informações para a organização lógica do trabalho Uma ficha funcional deve ter três partes, a saber: Identificação; Referência e Texto Aqui também sugerimos considerar o uso de mapas mentais para o fichamento de sua pesquisa. É bastante corriqueiro ir diretamente do fichamento para a redução do relatório. Entretanto, alertamos que, entre essas duas etapas, existe a construção lógica do trabalho que nada mais é que a organização das ideias para atingir ou testar as hipóteses formuladas no início da pesquisa. Nessa etapa, estrutura-se logicamente o trabalho para que ele possa ser entendido como uma unidade que faz sentido. Na verdade, essa organização já foi pensada quando da elaboração do plano provisório do projeto. Entretanto, aquela estrutura original sofreu diversas modificações no decorrer das atividades da pesquisa e nem sempre essas alterações foram refletidas no plano provisórios do projeto. Portanto, esse é o momento ideal de revisitar aquele plano provisório e transformá-lo no plano definitivo do projeto. Apesar das fichas serem o material mais importante nessa etapa, também é indispensável que toda a documentação selecionada ao longo do processo de pesquisa (recortes de jornais e revistas, cópias de textos consultados, folhetos, anotações, etc.) esteja disponível e organizada. Sugestão: criar uma pasta para cada capítulo do trabalho e em cada uma dessas pastas deve ser armazenada toda documentação pesquisada. 3.9. REDAÇÃO DO TEXTO Nesse ponto, estamos prontos para executar a última etapa da pesquisa. Não há regras fixas para essa redação, pois essa redação depende fundamentalmente do estilo do autor. Mesmo assim, existem alguns aspectos relativos à estruturação do texto, estilo e aspectos gráficos que precisam ser considerados. 4 PESQUISA DOCUMENTAL A pesquisa documental é amplamente utilizada em todas as áreas das Ciências Sociais, mais enfaticamente nas áreas de História e Economia. Esse método de pesquisa é muito similar ao da pesquisa bibliográfica, pois ambas se utilizam de dados já registrados. A diferença essencial de ambas está na natureza das fontes. A pesquisa bibliográfica baseia-se em obras cujo público-alvo é específico, enquanto a pesquisa documental utiliza documentos de todos os tipos, feitos para finalidades diversas. Por exemplo: comunicação, autorização, assentamento, etc. Existem fontes que podem ser classificados tanto como bibliográficas, como documentais. Por exemplo: relatos de pesquisas, relatórios, boletins e jornais de empresas, atos jurídicos, compilações estatísticas, etc. A regra usualmente aceita é de que o material obtido de bibliotecas ou base de dados seja considerado de fonte bibliográfica, enquanto todo o material interno às organizações é considerado de fonte documental. O conceito de documento é bastante amplo, uma vez que pode ser qualquer objeto que comprove um fato ou acontecimento. Isso nos remete não só aos instrumentos atualmente utilizados comumente nas organizações, mas também a registros obtidos pela arqueologia, como um caco de cerâmica reconhecido como um importante documento de estudo da cultura de povos antigos. Os registros em paredes também podem ser considerados documentos nas pesquisas de campo da comunicação social. Dentre as fontes documentais mais pesquisadas, destacamos: Documentos institucionais: de organizações ou órgãos públicos; Documentos pessoais: cartas e diários; Documentos iconográficos: fotografias, quadros e imagens; Registros estatísticos; Documentos jurídicos: certidões, escrituras, testamentos e inventários. Como já dissemos, a pesquisa documental é muito semelhante à pesquisa bibliográfica, porque livros, artigos periódicos e anais de eventos podem ser considerados tipos especiais de documentos. Existem pesquisas documentais que se assemelham a pesquisas experimentais, como ocorre nas pesquisas ex-pos-facto (“a partir do fato passado”), elaboradas com dados disponíveis, não submetidos a tratamento estatístico e envolvendo teste de hipóteses. Há também pesquisas documentais que se assemelham a levantamentos. A única diferença entre ambas é que a pesquisa documental é elaborada com dados disponíveis, sem serem obtidosdiretamente de pessoas envolvidas na pesquisa. 4.1. ETAPAS DA PESQUISA DOCUMENTAL Uma pesquisa documental geralmente segue as seguintes etapas: 1. Formulação do problema; 2. Elaboração do plano de trabalho; 3. Identificação das fontes; 4. Localização das fontes e obtenção do material; 5. Análise e interpretação dos dados; 6. Redação do relatório 4.1.1. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Uma pesquisa documental é geralmente descritiva ou explicativa. Por isso requer um problema mais claro, preciso e específico. 4.1.2. ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO Na pesquisa documental, o plano de trabalho executado nessa etapa é definitivo, apesar de que, como em qualquer plano, está sujeito a alterações no decorrer do trabalho. 4.1.3. IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES As fontes documentais são muito mais numerosas e diversificadas, pois qualquer objeto portador de dados pode ser considerado documento. Fontes documentais clássicas: são arquivos públicos e documentos oficiais; imprensa e arquivos privados (de igrejas, empresas, associações de classe, partidos políticos, sindicatos, associações científicas, entre outros). Atualmente, o pesquisador também tem como fonte documental os documentos contidos em fotografias, filmes, gravações de áudio e vídeo, CD, DVD, etc. Pode contar também com documentos obtidos pelas áreas de Arqueologia e Paleontologia, que podem ser artefatos fósseis, ou documentos da Antropologia da Comunicação que podem ser cartas, fotografias, até pichações em prédios públicos e inscrições em banheiros públicos. 4.1.4. LOCALIZAÇÃO DAS FONTES E OBTENÇÃO DO MATERIAL Muito similar às etapas da pesquisa bibliográfica, pois as bibliotecas convencionais ou eletrônicas costumam integrar centros de documentação. Os centros de documentação normalmente abrigam todos os tipos de mídias que armazenam dados. Isso tudo facilita a localização das fontes e obtenção do material. Entretanto, quando a pesquisa documental tem como objeto de pesquisa documentos pessoais, a obtenção desses documentos pode ser extremamente difícil. 4.1.5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Os documentos fontes da pesquisa são extremamente variados. Por essa razão, a análise e interpretação dos dados também podem ser realizadas de diversas formas. Entretanto, o delineamento da análise e interpretação dos dados, independem dos tipos de documentos e geralmente seguem estes passos: 1. Definição dos objetivos ou hipóteses; 2. Constituição de um quadro de referência; 3. Seleção dos documentos a serem analisados; 4. Construção de um sistema de categorias e indicadores; 5. Definição de unidades de análise; 6. Definição de regras de enumeração; 7. Teste de validade e fidedignidade; 8. Tratamento de dados; 9. Interpretação dos dados. 4.1.6. REDAÇÃO DO RELATÓRIO Nas pesquisas documentais de cunho quantitativo, a redação do relatório se assemelha muito à da pesquisa experimental, enquanto, nas pesquisas documentais de cunho qualitativo, o relatório pode ser estruturado de diversas formas, similar ao que ocorre nos estudos de caso. 5 PESQUISA EXPERIMENTAL A pesquisa experimental é o tipo de pesquisa mais prestigiada nos meios científicos. Ela visa identificar relações casuais entre variáveis por meio do método experimental. Isso exige um intenso trabalho para controlar a quantidade de variáveis envolvidas e para mensurá-las (GIL, 2010). A pesquisa experimental é menos complexa quando trata de objetos físicos (objetos, substâncias, vegetais, animais, etc.) do que quando trata de objetos psicológicos ou sociais (pessoas, grupos, organizações, etc.). Além da complexidade do ser humano, outros fatores, por exemplo, a ética, são componentes que dificultam muito a pesquisa experimental. (GIL, 2010). Na pesquisa experimental, o pesquisador assume papel de agente ativo e não mero expectador, observador passivo no processo. Esse tipo de pesquisa não precisa ocorrer necessariamente em um laboratório. Ela pode ser realizada em qualquer local, desde que tenha as seguintes características, de acordo com Gil (2010): Manipulação: pelo menos uma das variáveis deve ser manipulada pelo pesquisador; Controle: um grupo de controle deve ser introduzido pelo pesquisador para controlar as manipulações e resultados obtidos na pesquisa; Aleatoriedade: os elementos que participam dos grupos experimentais e de controle devem ser designados de forma aleatória; Na manipulação, o pesquisador deve provocar deliberadamente estímulos em uma variável para verificar se ela é a causa de algum efeito no objeto observado. Para se provocar esses estímulos, pode- se utilizar um mesmo grupo de objetos de estudo e nele introduzirmos o estímulo na variável manipulada. Em seguida, o retiramos para verificar se sua presença produz um efeito e sua ausência anula esse efeito no objeto observado. Variar ou manipular esses estímulos significa dispor situações em que ele está presente e situações em que está ausente. Em seguida, compará-las (GIL, 2010). Outra maneira de provocar estímulos na variável manipulada é utilizando dois grupos de objeto de estudo. Em um grupo, nós provocamos a presença do estímulo na variável manipulada e em outro grupo, nós o deixamos ausente. Assim, podemos verificar se a sua presença em um grupo provoca um efeito e a sua ausência no outro grupo não produz o efeito. Quando podemos provar que a presença de um estímulo provoca um efeito e que sua ausência é acompanhada da ausência desse efeito, então estamos obtendo uma prova científica de que a variável manipulada é a causa do efeito que estamos estudando. Para provarmos cientificamente que a variável manipulada é a variável responsável pelo efeito que notamos no objeto observado, precisamos nos certificar de que não há outras variáveis presentes que poderiam também ser a causa desse efeito. Ou seja, precisamos provar que é realmente a variável manipulada a causa mais provável do nosso fenômeno e não outra variável espúria. Para isso, precisamos manter constantes outras variáveis que poderiam interferir com o fenômeno. Ou seja, precisamos controlar as demais variáveis, ou isolar seus efeitos, no momento da introdução do estímulo na variável manipulada pelo pesquisador. A pesquisa experimental permite o controle prévio dessas variáveis, pelo fato de que é o pesquisador que introduz o estímulo na variável manipulada. Para controlar essas variáveis espúrias pode-se proceder através da distribuição aleatória dos objetos nos grupos, o que serve para distribuir igualmente os erros provocados pelas variáveis dos objetos para um e outro grupo. Outra maneira de controlar as variáveis interferentes é igualar os dois grupos com relação às variáveis que acreditamos ser capazes de interferir nos resultados. A pesquisa experimental possibilita maior controle de variáveis pelo fato de podermos fazer isso antes da introdução do estímulo na variável manipulada. Além de variar a causa e manter constantes ou controlar as variáveis interferentes, a pesquisa experimental inclui também medir objetivamente, de maneira confiável e válida, o efeito da variável manipulada sobre o objeto observado. Ou seja, precisamos medir o fenômeno que estamos estudando com algum instrumento de medida válido e confiável para verificarmos se houve realmente o efeito estudado. Temos, portanto, que medir o objeto observado. Quando não se tem perfeito controle sobre a aplicação dos estímulos experimentais, ou da distribuição aleatória, a pesquisa é classificada como sendo quase-experimental. Para exemplificar esses casos podemos citar: a dificuldade de selecionar aleatoriamente grupos para tratamento experimentais em populações, sejam elas de grandes cidades ou em instituições (organizações, escolas, etc.). Nesses casos, é fundamental que o pesquisador registre o que fugiu do controle na pesquisa. Outras pesquisas que, a rigor, não podem ser classificadas como experimentais, são os casos de estudos que envolvem um único objeto de observação. Por sua fragilidade, tais pesquisas devem serclassificadas como pré-experimentais. Uma pesquisa experimental, é realizada pela sequência das seguintes etapas, conforme Gil (2010): 1. Formulação do problema; 2. Construção de hipóteses; 3. Determinação do plano; 4. Operacionalização das variáveis; 5. Elaboração dos instrumentos de coleta de dados; 6. Pré-teste dos instrumentos; 7. Seleção da amostra; 8. Coleta dos dados; 9. Análise e interpretação dos dados; 10. Redação do relatório da pesquisa. 5.1. UM EXEMPLO DE PESQUISA EXPERIMENTAL Com este exemplo, temos o objetivo de ir além de apresentar como se realiza uma pesquisa experimental. Perceba como um trabalho de pesquisa científica pode, além de trazer luz a um conhecimento que a humanidade ainda não possui, modificar o relacionamento e comportamento humano, fazendo-nos vivenciar uma sociedade mais humana. Então vamos lá! Elton Mayo realizou uma pesquisa experimental numa fábrica da Western Electric Company, em Hawthorne, um bairro de Chicago. A pesquisa foi caracterizada como um movimento de resposta contrária à Teoria Clássica da Administração, considerada pelos trabalhadores e sindicatos como uma forma de exploração do trabalho dos operários exclusivamente para benefício do patrão. Em 1927, época em que a pesquisa foi realizada nos Estados Unidos, a necessidade declarada de se humanizar e tornar menos autoritária a administração nas frentes de trabalho das indústrias, aliada ao desenvolvimento das ciências humanas – psicologia e sociologia, dentre outras – e as conclusões da experiência de Hawthorne, fizeram brotar a teoria das relações humanas. (FARIA, 2002). 5.2. EXPERIÊNCIA HAWTHORNE O objetivo inicial da pesquisa era estudar a fadiga, os acidentes, a rotatividade de pessoal e o efeito das condições físicas do trabalho sobre a produtividade dos empregados. Essa experiência foi também motivada por um fenômeno grave apresentado na fábrica: conflitos entre empregados e empregador, apatia, tédio, alienação, alcoolismo, dentre outros fatores que tornavam difícil a convivência no meio trabalhista. A pesquisa, em sua primeira fase, buscava comprovar a influência da iluminação sobre o desempenho dos operários. Nos resultados, os observadores não encontraram correlação direta entre as variáveis, implicando na não constatação do objetivo inicial. O que se constatou foi uma preponderância da influência iluminação no fator psicológico, muito maior do que no fisiológico. Na segunda fase ocorreu o desenvolvimento dos seguintes campos: Social: gerado pelo trabalho em equipe; Liderança: gerado pelos objetivos comuns As condições da sala experimental permitiam que se trabalhasse com liberdade e menor ansiedade: supervisão branda, sem que o supervisor inspirasse temor, ele passou a desempenhar o papel de orientador; ambiente amistoso e sem pressões excessivas, proporcionou desenvolvimento social e integração do grupo. Na terceira fase da pesquisa foi verificada por meio do programa de entrevistas – que consistia em entrevistas com os empregados para conhecer suas opiniões e sentimentos – a existência de uma organização informal de operários em que foi observada a lealdade e a liderança de certos funcionários em relação ao grupo; verificou- se também, dentro dessa estrutura informal, regras próprias de procedimento, que incluíam punições informais aplicadas pelo grupo contra o membro infrator, como exemplo, a exclusão de eventos sociais. Pela grande aprovação desses resultados foi criada a divisão de pesquisas industriais. Em consequência disso, realizou-se a quarta fase da pesquisa, cujo foco de observação foi a igualdade de sentimentos entre os membros do grupo e a relação entre a organização formal e informal, cuja finalidade era a proteção contra o que eram consideradas pelo grupo as ameaças da administração da empresa na qual trabalhavam. As conclusões da experiência foram as seguintes: Nível de produção é resultante da integração social: constatou-se a capacidade social do trabalhador que estabelece o seu nível de competência e eficiência; quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, tanto maior será a disposição de produzir; Comportamento social dos empregados: verificou-se que o comportamento do indivíduo está apoiado totalmente no grupo. Os trabalhadores não agem ou reagem individualmente, mas como membros de um grupo. Amizade e agrupamento social devem ser considerados aspectos relevantes para a administração; Recompensas e sanções sociais: verificou-se que as recompensas e sanções sociais são simbólicas e não materiais, porém influenciam decisivamente a motivação e a felicidade do trabalhador. As pessoas são motivadas pela necessidade de “reconhecimento”, de “aprovação social” e “participação”. Uma constatação muito importante foi que a motivação econômica, apesar de fundamental, é secundária na determinação da produção do empregado; Grupos informais: constatou-se que grupos informais definem suas regras de comportamento, suas formas de recompensas ou sanções sociais, punições, seus objetivos, sua escala de valores sociais, suas crenças e expectativas, que cada participante vai assimilando e integrando em suas atitudes e comportamento; As relações humanas: verificou-se que as relações humanas são as ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre as pessoas e o grupo, de forma que haja um ambiente onde cada pessoa é encorajada a exprimir-se livre e sadiamente. Cada indivíduo procura ajustar-se às demais pessoas do grupo para que seja compreendido e tenha participação ativa, a fim de atender seus interesses e aspirações; A importância do conteúdo do cargo: constatou-se que o conteúdo e a natureza do trabalho têm influência decisiva sobre a moral do trabalhador, tornando-o produtivo ou desmotivado; trabalhos repetitivos são monótonos e maçantes, por isso, afetam negativamente as atitudes do trabalhador e reduzem sua eficiência; Ênfase nos aspectos emocionais: constatou-se a ênfase nos aspectos emocionais que na essência, é a preocupação com as emoções e sentimentos dos funcionários. Elementos emocionais não planejados e até mesmo irracionais do comportamento humano devem ser considerados dentro da organização. Após esse estudo, a empresa passou a ser visada também como um conjunto de indivíduos e de relações de interdependências que esses mantêm entre si, em função de normas, valores, crenças e objetivos comuns e de uma estrutura tecnológica subjacente, reforçando o discurso de que o homem social é um ser complexo, que ao mesmo tempo é condicionado pelos sistemas sociais em que se insere e também é motivado a agir por necessidade de ordem biológica e psicossocial; e que os valores orientadores do comportamento de cada indivíduo são, de um lado, derivados das necessidades que constituem a fonte de valores sociais; de outro lado, transmitidos ao indivíduo pelos sistemas sociais que participa. Assim, concluiu-se que motivado pela organização mediante a satisfação de suas necessidades, o indivíduo não focaliza o “salário ou benefícios financeiros” como ponto central, mas a remuneração no ciclo motivacional é um componente integrante. Comprovada a existência de uma organização informal, a experiência de Hawthorne demonstra que o comportamento do tipo máquina proposto pela teoria clássica se contrapõe ao comportamento social do empregado. Essa constatação descortina um novo campo de abordagem da administração, tal que seja o das relações humanas, que possibilitou o desenvolvimento de inúmeras novas teorias administrativas que ainda hoje surgem na busca de uma melhor relação entre o trabalho, produtividade e qualidade nas organizações. 6 ENSAIO CLÍNICO O ensaio clínico é um conjunto de procedimentos de investigação e desenvolvimento de medicamentos, que é realizado para permitir informações sobre reações adversas e efeitos adversos de outros tratamentos (dados de segurança). Normalmente, são objeto dos ensaios clínicos as intervenções de saúde, por exemplo: drogas, diagnósticos, dispositivos, protocolos de terapia. Tais ensaios só podemser realizados após o fornecimento de informações sobre a qualidade da segurança não clínica e serem aprovados pelas Autoridades de Saúde/Comissões de Ética do país em que ocorrerão. (GIL, 2010). Os pesquisadores inscrevem voluntários saudáveis e enfermos em estudos-piloto, dependendo do tipo de produto e do estágio de seu desenvolvimento. Os pacientes muitas vezes comparam o novo produto com o tratamento prescrito até o momento. Com resultados positivos e dados de eficácia reunidos, o número de pacientes vai sendo gradativamente aumentado. Ensaios clínicos podem variar de porte, desde aqueles realizados em um único centro em um país até estudos multicêntricos em vários países. (GIL, 2010). Devido aos custos, uma série completa de ensaios clínicos normalmente exigem um patrocinador para pagar todas as pessoas e serviços necessários. Esse patrocinador pode ser uma organização governamental, uma indústria farmacêutica ou empresa de biotecnologia. Por vezes, a diversidade de papéis excede os recursos do patrocinador, nestes casos pode ser gerido por uma organização de investigação por contrato ou uma unidade de ensaios clínicos no setor acadêmico. (GIL, 2010). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a definição de ensaio clínico (estudo clínico) é: Qualquer investigação em seres humanos, objetivando descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos, farmacológicos, clínicos e/ou outros efeitos de produto(s) e/ou identificar reações adversas ao produto(s) em investigação, com o objetivo de averiguar sua segurança e/ou eficácia. (EMEA, 1997). Ainda segundo a Agência, o ensaio clínico é realizado em fases, a saber: Fase pré-clínica: Aplicação de nova molécula em animais, depois de identificada em experimentações in vitro como tendo potencial terapêutico: Informações preliminares sobre atividade farmacológica e segurança; Mais de 90% das substâncias estudadas nessa fase são eliminadas: não demonstram suficiente atividade farmacológica/terapêutica ou são demasiadamente tóxicas em humanos; Atividade farmacológica específica e perfil de toxicidade aceitável = passam à fase seguinte. Fase I: Avaliação inicial em humanos (20 a 100). Tolerância em voluntários saudáveis: Maior dose tolerável; Menor dose efetiva; Relação dose/efeito; Duração do efeito; Efeitos colaterais; Farmacocinética no ser humano (metabolismo e biodisponibilidade). A Fase I é o primeiro estudo em seres humanos, em pequenos grupos de pessoas voluntárias, em geral sadias, de um novo princípio ativo, ou nova formulação pesquisados geralmente em pessoas voluntárias. Essas pesquisas se propõem estabelecer uma evolução preliminar da segurança e do perfil farmacocinético e quando possível, um perfil farmacodinâmico. Fase II (estudo terapêutico piloto): Primeiros estudos controlados em pacientes para demonstrar efetividade potencial da medicação (100 a 200): Indicação da eficácia; Confirmação da segurança; Biodisponibilidade e bioequivalência de diferentes formulações. Na Fase II, também denominada estudo terapêutico piloto, os objetivos visam demonstrar a atividade e estabelecer a segurança do princípio ativo em curto prazo, em pacientes afetados por uma determinada enfermidade ou condição patológica. As pesquisam realizam-se em um número limitado (pequeno) de pessoas e frequentemente são seguidas de um estudo de administração. Deve ser possível também estabelecer as relações dose-resposta, com o objetivo de obter sólidos antecedentes para a descrição de estudos terapêuticos ampliados. Fase III (estudo terapêutico ampliado): Estudos internacionais, de larga escala, em múltiplos centros com diferentes populações de pacientes para demonstrar eficácia e segurança (população mínima aprox. 800): Conhecimento do produto em doenças de expansão; Estabelecimento do perfil terapêutico; Indicações; Dose e via de administração; Contraindicações; Efeitos colaterais; Medidas de precaução; Demonstração da vantagem terapêutica (exemplo: comparação com competidores); Farmacoeconomia e qualidade de vida; Estratégia de publicações e comunicação (exemplo: congressos e workshops). Na Fase III, também denominada estudo terapêutico ampliado, são realizados estudos em grandes e variados grupos de pacientes, com o objetivo de determinar: O resultado do risco-benefício a curto e longo prazos das formulações do princípio ativo; De maneira global (geral), o valor terapêutico relativo. Exploram-se nessa fase o tipo e perfil das reações adversas mais frequentes, assim como características especiais do medicamento e/ou especialidade medicinal, por exemplo: interações clinicamente relevantes, principais fatores que modificam o efeito, tais como idade, etc. Fase IV: Após aprovação para comercialização do produto: Detectar eventos adversos pouco frequentes ou não esperados (vigilância pós-comercialização); Estudos de suporte ao marketing; Estudos adicionais comparativos com produtos competidores; Novas formulações (palatabilidade, facilidade de ingestão). Na Fase IV, são realizadas pesquisas depois de comercializado o produto e/ou especialidade medicinal. Essas pesquisas são executadas com base nas características com que foi autorizado o medicamento e/ou especialidade medicinal. Geralmente, são estudos de vigilância pós- comercialização para estabelecer o valor terapêutico, o surgimento de novas reações adversas e/ou confirmação de frequência de surgimento das já conhecidas, e das estratégias de tratamento. (GIL, 2010). Nas pesquisas de fase IV devem-se seguir as mesmas normas éticas e científicas aplicadas às pesquisas de fases anteriores. 7 ESTUDO DE COORTE O estudo de coorte é constituído por uma amostra formada por um grupo de pessoas com alguma característica comum, sendo que essa amostra é acompanhada por um período de tempo para se observar o que acontece com tais pessoas. (GIL, 2010). Esse estudo é muito utilizado em pesquisas das ciências da saúde. De acordo com Gil (2010), os estudos de corte podem ser de dois tipos: Prospectivos: estudam casos contemporâneos, realizados no presente, com previsão determinada de acompanhamento, de acordo com o objeto estudo. A principal vantagem dos estudos de coorte prospectivos é que o planejamento rigoroso lhe confere um rigor científico que o aproxima da pesquisa experimental; Retrospectivos: estudam casos históricos. É realizado baseando-se em registros do passado e permanecem até o presente. Só é possível quando esse registro histórico é constituído de arquivos com protocolos completos e organizados. Apesar do amplo reconhecimento pela comunidade científica, os estudos de coorte apresentam várias limitações. A principal, é o fato de não se utilizar o critério de aleatoriedade na constituição dos grupos. Outra limitação importante, é a necessidade de uma amostra bastante grande, resultando numa pesquisa onerosa. (GIL, 2010). 8 ESTUDO DE CASO DE CONTROLE A tradução literal da expressão ex post facto é “a partir do fator passado”, ou seja, nesse tipo de pesquisa, no curso natural dos acontecimentos, o estudo foi realizado após a ocorrência de alterações na variável dependente. O propósito básico desse tipo de pesquisa é o mesmo da pesquisa experimental: verificar a existência de relações entre variáveis. Seu planejamento também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença mais importante entre as duas modalidades está em que na pesquisa ex post facto, o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do fenômeno, porque ele já ocorreu. O que o pesquisador procura fazer nesse tipo de pesquisa é identificar situações que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles. (GIL, 2010). Uma importante modalidade de pesquisa ex post facto, muito utilizada nas ciências da saúde, é a pesquisa caso-controle. É baseada na comparação entre duas amostras: a primeira é constituída por pessoas que apresentam determinada característica – casos– e a segunda é selecionada de forma tal que seja análoga à primeira em relação a todas as características, exceto a que constitui objeto da pesquisa. Por exemplo, numa pesquisa para verificar a associação entre alcoolismo e cirrose hepática, um determinado número de pessoas com diagnóstico de cirrose hepática é submetido a exames é realizado com igual números de alcóolatras, sem cirrose hepática, do mesmo sexo e idade, que funcionam como controle. Apesar de muito similar à pesquisa experimental, o estudo ex post facto não garante que suas conclusões relativas às relações de causa-efeito sejam conclusivas. Essa modalidade de delineamento pode servir à constatação da existência de relação entre variáveis. Por isso que essa pesquisa muitas vezes é denominada correlacional. (GIL, 2010). O estudo de caso de controle também se assemelha com os estudos de coorte, uma vez que também possibilita comparações entre os grupos de estudo e de controle. A principal diferença entre ambos está na maneira como os grupos são formados. Os pesquisadores manipulam os dados de comparação nos estudos de caso de controle, enquanto que nos estudos de coorte a constituição dos grupos é feita por fatores naturais e sociais, sem que os pesquisadores possam interferir. Com isso, apesar das semelhanças, esses dois tipos de pesquisa são estruturalmente inversos. Nos estudos de coorte buscam-se os efeitos de exposição, enquanto que nos estudos de caso de controle, o que se busca são as causas da doença. A grande vantagem dos estudos de caso de controle é que tais estudos são rápidos e relativamente baratos, além de gerar novas hipóteses. Por essas razões, o estudo de caso de controle é o preferido em doenças mais raras, sendo que em alguns casos, é o único tipo de estudo possível. Fatores éticos, muitas vezes, também direcionam para os estudos de caso de controle, para evitar exposição prejudicial do paciente. 9 LEVANTAMENTO O levantamento é caracterizado pelas perguntas feitas às pessoas cujo comportamento está em estudo. Solicita-se informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, por meio da análise quantitativa, chegar-se às conclusões correspondentes aos dados coletados. Um censo caracteriza-se pela coleta de informações de todos os integrantes do universo pesquisado. De modo geral, envolvem dificuldades materiais para sua realização. Assim, os censos são desenvolvidos pelos governos ou por instituições de amplos recursos. São extremamente úteis, pois proporcionam informações gerais acerca das populações, que são indispensáveis em boa parte das investigações sociais. Na maioria dos levantamentos não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. Antes, seleciona-se adequadamente, por meio de procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de todo o universo que constitui o objeto de investigação. As conclusões obtidas com base nessa amostra são estendidas para a totalidade do universo, considerando-se a margem de erro que se calcula estatisticamente. Atualmente, os levantamentos por amostragem são, entre os pesquisadores sociais, muitos populares, a ponto de muitos considerarem pesquisa e levantamento social a mesma coisa. Entretanto, o levantamento social é um dos vários tipos de pesquisa social que, como tudo, apresenta vantagens e limitações. (GIL, 2010). Entre as principais vantagens dos levantamentos estão: Conhecer a realidade diretamente: na medida em que as próprias pessoas informam seu comportamento, crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de interpretações subjetivas dos pesquisadores; Agilidade e custo baixo: com uma equipe de entrevistadores, codificadores e tabuladores treinados, é possível coletar grande quantidade de dados rapidamente. Quando os dados são obtidos por meio de questionários, reduz-se significativamente os custos; Quantificação: os dados coletados por levantamento podem ser registrados em tabelas, possibilitando sua análise estatística. As variáveis em estudo podem ser quantificadas, permitindo o uso de correlações e outros procedimentos estatísticos. Na medida em que os levantamentos se valem de amostras probabilísticas, torna-se possível saber a margem de erro dos resultados obtidos. Entre as principais limitações dos levantamentos estão: Foco na percepção: os levantamentos coletam dados referentes à percepção que as pessoas têm acerca de si mesmas. Essa percepção é subjetiva, o que pode resultar em distorções. Há uma grande diferença entre o que as pessoas dizem e o que realmente fazem ou sentem. Existem recursos para minimizar este problema, por exemplo: omitir perguntas que a maioria das pessoas não sabe ou não quer responder; controlar as respostas dadas por meio de perguntas indiretas. Entretanto, em muitos dos casos, isto é insuficiente para contornar os problemas; Superficialidade no estudo da estrutura e dos processos sociais: por meio de levantamentos, é possível coletar grande quantidade de dados sobre indivíduos. Entretanto, os levantamentos são poucos adequados para a investigação profunda de fenômenos sociais determinados por fatores interpessoais e institucionais; Processo de mudança captado de forma limitada: em geral, o levantamento proporciona visão estática do fenômeno em estudo. Mostra, metaforicamente, uma espécie de fotografia de determinado problema, porém não aponta suas tendências à variação e mudanças estruturais. Para superar essas limitações, cada vez mais se realizam levantamentos do tipo painel, que consistem na coleta de dados da mesma amostra no decorrer do tempo. Uma quantidade significativa de informações importantes fora coletada por meio desses procedimentos, em particular nos estudos sobre nível de renda e desemprego. Entretanto, os levantamentos do tipo painel apresentam seria limitação, que é a progressiva redução da amostra por causas diversas (os elementos da amostra mudam de endereço, falecem, desistem, etc.). Considerando essas vantagens e limitações, podemos afirmar que os levantamentos se tornam mais adequados a estudos descritivos que explicativos. São impróprios para o aprofundamento de aspectos psicológicos e psicossociais complexos, porém eficazes para problemas menos delicados, como preferência eleitoral e comportamento do consumidor. São muito úteis para o estudo de opiniões e atitudes, porém pouco indicados no estudo de problemas referentes às relações e estruturas sociais complexas. (GIL, 2010). 10 ESTUDO DE CAMPO O estudo de campo é semelhante ao levantamento, porém o levantamento tem maior alcance e o estudo de campo tem maior profundidade. As distinções essenciais entre os dois métodos são: O levantamento é representativo do universo definido e oferece resultados caracterizados pela precisão estatística. Já o estudo de campo procura aprofundar as questões propostas, não enfatizando a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. O resultado dessa diferença é que o planejamento de estudo de campo é mais flexível, e pode ser realizado mesmo com a reformulação de seus objetivos ao longo da pesquisa. O levantamento procura identificar as características dos componentes do universo pesquisado, permitindo uma caracterização precisa dos segmentos. O estudo de campo em um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ressaltando a interação entre seus componentes. Assim, no estudo de campo é comum utilizar-se muito mais técnicas de observação do que de questionamento. Como já foi dito, o estudo de campo constitui o modelo clássico de investigação na Antropologia. Entretanto, atualmente, sua utilização tornou-se mais abrangente, aplicando-se também nos domínios da Sociologia, da Educação, da Saúde Pública e da Administração. O estudo de campo focaliza tipicamente uma comunidade, que não precisa estar localizada geograficamente próxima, mas que esteja voltada para qualquer atividade humana comum, como por exemplo o trabalho, o estudo, ou o lazer. Essencialmente, a pesquisa se dápela observação direta nas atividades do grupo estudado e de entrevistas com membros para coletar seus esclarecimentos e visões do que ocorre na comunidade. Além dessas duas técnicas, o estudo de campo se utiliza também das técnicas de análise de documentos, filmagem e fotografias para complementar a pesquisa. No estudo de campo é enfatizada a importância de o pesquisador experimentar diretamente a situação de estudo. Por isso, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente. O pesquisador também permanece o maior tempo possível na comunidade, pois essa imersão na realidade é o que proporciona o entendimento das regras, dos costumes e das convenções que regem o grupo estudado. Algumas vantagens do estudo de campo em relação principalmente aos levantamentos são: Por ser desenvolvido no próprio local dos fenômenos, os resultados tendem a ser mais precisos; Por não requerer instrumentos especiais para a coleta de dados, tende a ser bem mais barato; Pelo fato de o pesquisador participar mais de todo o processo, é mais provável que os entrevistados respondam com maior fidedignidade. Algumas desvantagens que o estudo de campo apresenta são: Realizar um estudo de campo, normalmente, é mais demorado do que realizar um levantamento; Existe risco de subjetivismo na análise e interpretação dos resultados do estudo de campo, quando os dados são coletados por um único pesquisador. 11 ESTUDO DE CASO O estudo de caso é um método de pesquisa muito usado nas ciências biomédicas e sociais. Como outros métodos, é uma maneira de investigar um tópico empírico seguindo um conjunto de procedimentos especificados previamente. O estudo de caso é um exaustivo e profundo estudo de um ou poucos objetos, que possibilita obter conhecimento detalhado e abrangente. Raramente outros métodos de pesquisa obtêm o mesmo resultado. Os resultados dos estudos de caso, nas ciências biomédicas, geralmente geram hipóteses, não conclusões, pois são muitos utilizados como: Estudos-piloto, para esclarecimento do campo da pesquisa em seus múltiplos aspectos. Descrição de síndromes raras. Durante muito tempo, as ciências consideraram o estudo de caso como procedimento pouco rigoroso, que só serviria para estudos de natureza exploratória. Entretanto, atualmente, é encarado como o método mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, em que os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos (Yin, 2010). Nas ciências sociais, a distinção entre o fenômeno e seu contexto é uma das grandes dificuldades que os pesquisadores enfrentam. Não raras vezes, isso chega a impedir o tratamento de determinados problemas mediante procedimentos caracterizados por alto nível de estruturação, como os experimentos e levantamentos. Essa é uma das razões que estão levando à crescente utilização do estudo de caso no âmbito dessas ciências, com diferentes propósitos, tais como: Em situações muito complexas, que não possibilitam a utilização de experimentos e levantamentos para explicar as variáveis causais de um dado fenômeno; Para desenvolver teorias; Para formular hipóteses; Para descrever a situação do contexto de uma investigação específica; Para preservar o caráter unitário do elemento estudado; Para explorar situações da vida real cujos limites são indefinidos. Há muitas objeções ao seu uso, apesar de sua crescente utilização nas Ciências Sociais. A mais significativa é quanto à falta de rigor metodológico, uma vez que, diferente do que ocorre nos experimentos e levantamentos, para se realizar estudos de caso não são definidos procedimentos metodológicos rígidos. Como resultado disso são frequentes os vieses nos estudos de caso, que acabam comprometendo a qualidade dos resultados. Entretanto, os vieses não são exclusividade dos estudos de caso; são normalmente constatados em qualquer método de pesquisa. Assim, a proposta é que o pesquisador, ao desenvolver um estudo de caso redobre seus cuidados no planejamento, coleta e análise dos dados para minimizar os possíveis vieses. Outra crítica ao estudo de caso refere-se à limitação para a generalização. A análise de um único ou de poucos casos é uma base normalmente insuficiente para a generalização. Entretanto, as finalidades do estudo de caso não são as de dar um conhecimento exato das características de uma população, mas sim uma visão geral do problema ou, mais ainda, identificar possíveis fatores que são por ele influenciados ou o influenciam. Também se critica o estudo de caso pelo tempo destinado à pesquisa. Afirma-se que os estudos de caso levam muito tempo em sua realização e que não raro seus resultados são inconsistentes. Na realidade, no princípio, os estudos de caso realizados nas Ciências Sociais foram desenvolvidos em longos períodos de tempo. Entretanto, com a experiência acumulada, hoje é possível realiza-los em prazos mais curtos e com resultados confirmáveis por outros estudos. Ressalto que um bom estudo de caso constitui tarefa difícil de realizar. Mas é comum encontrar pesquisadores inexperientes, entusiasmados pela flexibilidade metodológica dos estudos de caso, que decidem adotá-lo em situações para as quais não é recomendado, pensando que sua pesquisa será mais fácil. O resultado é que, ao final da pesquisa, conseguem somente um conjunto desestruturado de dados impossível de se analisar e interpretar. É necessário trabalhar muito para superar os problemas de realizar a pesquisa de estudo de caso, incluindo o reconhecimento de que alguns pesquisadores não são adequados, por características próprias, a aplicar esse método de pesquisa. A pesquisa de estudo de caso, apesar de ser considerada simples, é extremamente difícil, por exigir de os pesquisadores executar rigorosamente procedimentos sistemáticos. 12 PESQUISA ETNOGRÁFICA A pesquisa etnográfica, originada na Antropologia, é usada para descrever os elementos de uma cultura específica, com base em dados coletados por meio de um trabalho de campo. A pesquisa etnográfica foi originalmente usada para descrever as sociedades sem escrita. Com isso, esse tipo de pesquisa foi muito difundido. Atualmente, também é utilizada no estudo de sociedades e organizações complexas. Vem sendo usada muito nos campos da Administração, Saúde Coletiva e Educação. O propósito da pesquisa etnográfica é o estudo das pessoas em seu ambiente, utilizando-se técnicas como entrevistas e observação. A Antropologia é uma disciplina holística, que estuda as diversas manifestações de uma comunidade no decorrer do tempo e no espaço onde vive. Por essa razão, a pesquisa etnográfica é considerada o método de pesquisa mais adequado para a Antropologia. A pesquisa etnográfica clássica descreve detalhadamente a cultura de uma comunidade como um todo. Para que isso seja possível, é necessário que os pesquisadores, em princípio indivíduos estranhos, permaneçam, por longos períodos, em campo. Há casos em que o trabalho leva anos para ser realizado. Isso possibilita aos pesquisadores descrever longa e detalhadamente a comunidade objeto da pesquisa. Atualmente, as pesquisas etnográficas não focam mais a cultura genericamente e também não são realizadas por pesquisadores estranhos à comunidade estudada. Normalmente essas pesquisas passaram a focar comunidades restritas, tais como: escolas, empresas, clubes, hospitais, etc. Além das técnicas de entrevistas e observação, também são utilizadas as de análise de documentos, fotografias e filmagens. Esse tipo de pesquisa é mais vantajoso do que outros métodos por ser realizada no próprio local em que o fenômeno ocorre. Por isso seus resultados são mais fidedignos. Tende a ser mais barata por não requerer instrumentos especiais para sua realização. Normalmente, as respostas da pesquisa são mais confiáveis pelo fato de os pesquisadores participarem mais do processo junto à comunidade. Como tudo, a pesquisa etnográfica também tem desvantagens, tais como: São pesquisas mais demoradas que outras, como o levantamento;Por fundamentar-se em poucos casos, ela não é mais apropriada para generalizações; Pelo fato da coleta dos dados ser realizada normalmente por um único pesquisador, existe um grande risco de subjetivismo na interpretação dos resultados da pesquisa. Esse talvez seja o problema mais crítico da pesquisa etnográfica. Tanto que a grande maioria dos antropólogos não considera esse tipo de pesquisa rigorosamente objetiva. A rigor, a etnografia está ligada ao paradigma interpretativista, segundo o qual a realidade não é aprendida, mas construída pelos sujeitos que se relacionaram com ela. Com isso, nesse tipo de pesquisa, se valoriza as relações influenciadas por fatores subjetivos que registram a construção dos significados que surgem ao longo de sua realização. 13 PESQUISA FENOMENOLÓGICA Esse tipo de pesquisa procura descrever experiências vividas conscientemente, das quais se expurga suas características experimentais e considerações no plano da realidade essencial. Assim, é um tipo de pesquisa que visa descrever e interpretar fenômenos perceptíveis. Seu objetivo é chegar ao âmago do objeto contemplado, chegando à sua essência, ou seja, conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos. Os fundamentos desse tipo de pesquisa encontram-se na Fenomenologia, movimento filosófico iniciado no século XX por Edmund Husserl (1859-1938), Martin Heidegger e Maurice Merleau- Ponty (1908-1961). A pesquisa fenomenológica visa interpretar o mundo por meio da formulação da consciência do indivíduo com base em suas experiências. O objeto da pesquisa fenomenológica é o próprio fenômeno, que pode ser algo concreto, uma sensação, uma recordação, independente do mesmo ser algo real ou imaginado. O foco do pesquisador, na pesquisa fenomenológica, está na relação sujeito-objeto. Por isso, sujeito e objeto são pesquisados como algo único. Por essa característica, a pesquisa fenomenológica é fundamentalmente diferente dos outros métodos de pesquisa que se baseiam em experimentos e levantamentos. Portanto, a Fenomenologia é mais uma postura, um modo de compreender o mundo, que uma teoria ou um modo de explica-lo. Essa maneira de conceber a realidade provoca a rejeição desse método por muitos pesquisadores. Nesse método de pesquisa, não se busca compreender os fatos sociais como coisas, nem usando procedimentos semelhantes aos das ciências naturais. A não ser pela leitura exaustiva das obras de seus diversos autores, não há um caminho sistemático de aprendizagem para a pesquisa fenomenológica. Essencialmente, o método de pesquisa fenomenológica apresenta dois momentos: Redução fenomenológica; e Redução eidética. 13.1. REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA A redução fenomenológica ou, em grego, epoché, significa “colocar entre parênteses” ou indicar que, embora não pertença propriamente ao discurso, esclarece o assunto. Consiste em desconsiderar o mundo real e restringir o conhecimento ao fenômeno da experiência da consciência. Nesse processo, a experiência de consciência pode alterar tudo o que é captado pelos sentidos. Exemplificando, coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, eventos, memórias e sentimentos são experiências de consciência. A redução não significa duvidar da existência do mundo, mas sim focar exclusivamente em como o conhecimento do mundo se dá e na visão de mundo do sujeito. 13.2. REDUÇÃO EIDÉTICA A redução eidética, do grego eidos, significa ideia ou essência. Consiste em capturar a essência do que foi percebido. Significa abstrair a existência de tudo que é fortuito, e intuir a essência. É a busca do verdadeiro significado, estando consciente de que tudo que nossa consciência captura é por meio de nossos sentidos e isso nos possibilita observar o mesmo objeto sob vários pontos de vista, embora seja algo essencialmente único. Essa essência é exatamente aquilo que não se altera no objeto, independentemente do ponto de vista que observamos. Exemplificando: um homem, seja ele alto ou baixo, gordo ou magro, branco ou negro, rico ou pobre, culto ou ignorante, tem uma essência humana imutável. 14 TEORIA FUNDAMENTADA A teoria fundamentada em dados, ou grounded theory, em inglês, é uma alternativa ao processo de geração dedutiva de teorias sociais. Foi originada nos trabalhos de Barney Glaser e Anselm Straus, nos anos 1960. O trabalho desses dois cientistas sociais foi o de desenvolver um método de pesquisa que explicasse a realidade social por meio de construção de teorias indutivas, baseadas em análise sistemática dos dados. Na teoria fundamentada, o pesquisador coleta, de diversas formas, dados sobre um fenômeno específico. Na sequência, realiza a análise dos dados coletados por meio de comparações, identificando a uniformidade dos mesmos. Dessas conclusões, elabora uma teoria fundamentada nos dados. Perceba que o propósito do pesquisador é entender o objeto estudado, identificar como os indivíduos agem nessas circunstâncias e as razões que levam a situação a se desenvolver da forma identificada. A teoria que é fundamentada nos dados mostra o comportamento dos indivíduos em determinadas circunstâncias. Com isso representa uma realidade subjetiva, pois considera o comportamento dos indivíduos. A teoria reconstrói a experiência e, pesquisador e pesquisados, recontam suas experiências por meio da teoria. Por essas razões, essa teoria é restrita e não pode ser considerada como um conjunto de preposições ou hipóteses que constituem um sistema dedutivo. Ela é específica para o grupo objeto de estudo e não pode ser generalizada. Não se constitui em verdade absoluta, mas em uma realidade que se concretiza no grupo pesquisado explicando seu comportamento. Em determinados aspectos, a teoria fundamentada é semelhante à pesquisa fenomenológica, uma vez que destaca a realidade criada pelo grupo pesquisado. Também como aquele método de pesquisa, pode ser definida como um método interpretativista. Distinguem-se da pesquisa fenomenológica fundamentalmente pelo fato de a teoria fundamentada ter sua base na análise dos dados coletados e não na experiência subjetiva dos indivíduos pesquisados. 16 CONCLUSÃO A metodologia do TCC permitirá a você obter um sólido embasamento metodológico que lhe terá sido proporcionado pelos estudos sobre técnicas de medidas e validação de instrumentos de pesquisas. Você possuirá os fundamentos teóricos para as diferentes formas de pesquisas e produção acadêmica, proporcionando condições ferramentais para o desenvolvimento do TCC e poderá, com segurança, escolher o tema, sua pertinência e originalidade. Com esse repertório, espero que possa entender o que Umberto Eco (2012, p. 5) quer dizer quando conclui sua obra afirmando que “[...] fazer uma tese significa divertir-se, e a tese é como um porco: nada se desperdiça”. Agora você possui conhecimento suficiente de como se realiza uma pesquisa bibliográfica ou uma pesquisa documental. É muito importante ressaltar que o que você está aprendendo, como afirma Gil (2010), não pode ser compreendido como um receituário, porque não se pode admitir que uma atividade complexa como a pesquisa científica seja entendida mediante uma sequência de etapas. Assim, mesmo que você tenha absorvido conhecimento significativo sobre esses dois métodos de pesquisa, irá precisar de muita orientação para percorrer qualquer um deles e, até que consiga percorrê-los com habilidade, serão necessárias algumas pesquisas em cada um deles, pois a habilidade só se conquista com a prática. Espero que o e-book tenha sido suficiente para despertar seu espírito investigativo e sua sede pelo aprofundamento de seus conhecimentos. Espero também que tenha sido suficientemente motivador para que você contribua para a humanidade com novos e significativos conhecimentos científicos no TCC que irá elaborar. Agora, você conhece os principais métodos de pesquisa científica e, com isso, pode escolher com propriedade o método mais adequado para sua pesquisa e que irá adotar para o desenvolvimento de seu TCC. Mãos à obra! Boa Sorte!
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