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Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira 
Instituto de Ensino Luiz Flávio Gomes 
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2º CURSO DE ATUALIZAÇÃO 
LEGISLATIVA & JURISPRUDENCIAL 
 
LEI DE EXECUÇÃO PENAL E EXECUÇÃO CIVIL 
 
 
THALES TÁCITO PONTES LUZ DE PÁDUA CERQUEIRA 
Promotor de Justiça de Minas Gerais. 
Promotor Eleitoral. 
Professor de Ensino Superior Jurídico: 
Professor da Faculdade de Direito do Oeste de Minas – 
Divinópolis/MG(na graduação em Direito Processual 
Penal e na pós-graduação em Direito Eleitoral) 
Coordenador Regional, Professor de Direito Eleitoral, 
Processo Penal, Prática Forense e Estatuto da Criança 
e do Adolescente do Curso Preparatório para ingresso 
em carreiras jurídicas via Teleconferência do Instituto 
de Ensino Luiz Flávio Gomes(IELF) – São Paulo/SP -
Divinópolis/MG 
Professor de Pós-graduação(Direito Eleitoral) da 
Fundação Escola Superior do Ministério Público de 
Minas Gerais/Belo Horizonte-MG. 
Professor de Pós-graduação(Direito Eleitoral) do 
JUSPODIVM – Salvador/Bahia 
Professor Conferencista do Centro de Estudos e 
Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público do 
Estado de Minas Gerais(Direito Processual Penal e 
Direito Eleitoral) – Belo Horizonte/MG 
Examinador das provas de seleções de estagiários 
remunerados do Ministério Público do Estado de 
Minas Gerais – Direito Civil, Processo Civil e Legislação 
Orgânica do Ministério Público 
Ex-Professor de Processo Penal do Curso Preparatório 
para ingresso nas carreiras jurídicas federais 
(CEAJUFE), em Belo Horizonte/MG e Divinópolis/MG 
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira 
Instituto de Ensino Luiz Flávio Gomes 
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A MAGIA DA COMUNICAÇÃO 
 
Havia um cego que pedia esmola à entrada do 
Viaduto do Chá, em São Paulo. 
 
Todos os dias, passava por ele, de manhã e à 
noite, um publicitário que deixava sempre 
alguns centavos no chapéu do pedinte. 
 
O cego trazia pendurado no pescoço um cartaz 
com a frase: 
 
CEGO DE NASCIMENTO. UMA ESMOLA. POR 
FAVOR. 
 
Certa manhã, o publicitário teve uma idéia, 
virou o letreiro do cego ao contrário e escreveu 
outra frase. 
 
À noite, depois de um dia de trabalho, 
perguntou ao cego como tinha sido seu dia. 
 
O cego respondeu, muito contente: 
- Até parece mentira, mas hoje foi um dia 
extraordinário. Todos que passavam por mim 
deixavam alguma coisa. Afinal, o que é que o Sr. 
escreveu no letreiro ? 
 
O publicitário havia escrito uma frase breve, 
mas com sentido e carga emotiva suficiente 
para convencer os que passavam a deixar algo 
para o cego. 
 
 
A frase era: 
 
EM BREVE CHEGARÁ A PRIMAVERA E EU NÃO 
PODEREI VÊ-LA. 
 
Na maioria das vezes, não importa O QUE você 
diz, mas COMO você diz. Da mesma forma, se o 
pensamento e ações estão voltadas para o bem, 
para a paz de espírito, você terá grande chance 
de passar no concurso, de ser excelente 
profissional e de perceber o lado bom de viver. 
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira 
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A SEMANA É... 
 
Para um preso, menos 7 dias. 
Para um doente, mais 7 dias. 
 
Para os felizes, 7 motivos 
Para os tristes, 7 remédios. 
 
Para os ricos, 7 jantares. 
Para os pobres, 7 fomes. 
 
Para a esperança, 7 novas manhãs 
Para a insônia, 7 longas noites. 
 
Para os solitários, 7 chances. 
Para os ausentes, 7 culpas. 
 
Para um cachorro, 49 dias. 
Para uma mosca, 7 gerações. 
 
Para os empresários, 25% do mês. 
Para os economistas, 0,019 do ano. 
Para o pessimista, 7 riscos. 
Para o otimista, 7 oportunidades. 
 
Para a terra, 7 voltas. 
Para o pescador, 7 partidas. 
 
Para cumprir o prazo, pouco. 
Para criar o mundo, o suficiente. 
 
Para uma gripe, a cura. 
Para uma rosa, a morte. 
 
Para a história, nada. 
Para a vida, tudo. 
 
Aproveite a sua semana... 
(Padre Jesus Bringas, SM) 
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira 
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Sumário. 
Primeira Parte: I. Estabelecimentos Penais. II. II. 
Individualização da execução III. Remição IV. Prisão executada 
em outra unidade federativa V. Cumprimento de Pena no 
estrangeiro VI. Cumprimento de penas mais graves VII. 
Legislação especial VIII. Ministério Público na execução penal 
IX. Processo de execução: autos apartados ou continuação do 
processo de conhecimento ? X. Autorizações de saída(permissão 
de saída e saída temporária) XI. Existe contraditório na 
execução penal ? XII. Diferença entre Audiência Admonitória e 
Audiência de Justificação XIII. Direitos do preso XIV. Trabalho 
do preso. XV. Limite máximo de cumprimento da pena privativa 
de liberdade XVI. Prisão domiciliar(especial-domiciliar e 
albergue-domiciliar). XVII. Execução penal de condenados da 
Justiça Eleitoral, Justiça Federal e Justiça Militar. XVIII. 
Unificação de penas 
 
Segunda Parte: I. Regimes penitenciários II. Sistema 
progressivo e regressão de regime: 1. O art. 33 § 2º do CP. 2. 
formas distintas de progressão 3. Situações especiais 4. 
Progressão e regressão. 5. Requisitos para a progressão de 
regime. 6. Na segunda progressão 7. Progressão por salto (per 
saltum). 8. Progressão de Regime, inclusive com a Lei 
10763/03. 9. Estrangeiros e progressão de regime. 10. 
Progressão de regime e execução provisória. 11. Progressão de 
regime, execução provisória e prisão especial. 12. Progressão 
per saltum. 13. Progressão per saltum. 14. A Lei 10.792/03 e 
mudanças na progressão de regime 
 
Terceira Parte: Livramento Condicional 
Quarta Parte: Sursis 
Quinta Parte: Penas restritivas de direito 
Sexta Parte: Pena de multa 
Sétima Parte: Medida de Segurança 
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PRIMEIRA PARTE 
DA EXECUÇÃO DA PENA 
I. Estabelecimentos penais: 
 
Nota: O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de 
destinação diversa desde que devidamente isolados(artigo 82, § 2º da LEP) 
 Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de 
berçário, onde as condenadas possam amamentar seus filhos (Lei nº 9.046, de 
18.05.1995) 
 
 
(1) Cadeias Públicas = preso provisório(flagrante, preventiva, 
temporária, pronúncia ou sentença condenatória 
recorrível); 
 
(2) Penitenciárias = preso definitivo em regime fechado. 
 
São requisitos básicos da unidade celular: 
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores 
de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à 
existência humana; 
b) área mínima de 6 m2 (seis metros quadrados). 
 
Além dos requisitos acima, a penitenciária de mulheres 
poderá ser dotada de seção para gestante e parturiente e de 
creche com a finalidade de assistir ao menor desamparado 
cuja responsável esteja presa. 
(3) Colônias Agrícolas, Industriais ou Similares = preso 
definitivo em semi-aberto; 
 
(4) Casas do Albergado = preso definitivo em regime aberto e 
para pena restritiva de limitação de fim de semana; 
 
Pela LEP, o prédio deve situar-se em centro urbano, 
separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela 
ausência de obstáculos físicos contra a fuga, devendo, em 
cada região, haver pelo menos, uma Casa de Albergado, a 
qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar os 
presos, local adequado para cursos e palestras. 
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(5) Hospitais de Custódia e Tratamento psiquiátrico = 
medida de segurança (inimputável ou semi-imputável ou 
por conversão durante a execução). A Exposição de 
motivos da LEP é taxativa ao impor que este hospital, de 
caráter oficial, não exige cela individual, logo, consagra 
os padrões de unidade hospitalar. Na falta de entidade 
oficial ou existência em condições inadequadas, a LEP 
prevê a prestação de serviços por entidades particulares, 
desde que ofereçam ampla possibilidade de recuperação. 
Se o fato praticado for apenado com detenção, ao invés de 
internação o juiz pode aplicar tratamento ambulatorial 
efetivado nos Hospitais de Custódia e Tratamento 
Psiquiátrico. 
Nota:Superveniência de doença mental 
 “O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro 
estabelecimento adequado” (CP, art. 41). 
Remoção para H.C.T.P. (LEP, art. 99). E se se trata de preso provisório? Do 
mesmo modo, ele é transferido. E se se trata de execução da pena de 
multa? Suspende-se a execução (até à prescrição). 
- O tempo de internação é computado como pena(detração), se o caso for 
de mera transferência. 
- É possível a substituição da pena em medida de segurança? Sim, se 
irreversível a doença (LEP, art. 183). 
(6) Centros de Observação = órgão que deveria existir em 
cada unidade federativa, autônomo ou anexo ao 
estabelecimento penal, para exames de 
personalidade(entre eles, o criminológico) para 
individualização da pena. Os resultados serão enviados 
para Comissão Técnica de Classificação, que por força da 
Lei 10792/03 apenas fará o programa individualizador da 
pena privativa de liberdade(não mais restritiva de direito). 
Faltando o Centro de Observação, tais exames serão 
realizados pelas Comissões Técnicas de Classificação que 
devem existir em cada estabelecimento penal(art.98 da 
LEP) 
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Nota: Conforme previsão legal, a Comissão Técnica de Classificação, que deveria 
existir em cada estabelecimento prisional, é presidida pelo diretor e composta, no 
mínimo, por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente 
social, quando se tratar de condenado à pena privativa da liberdade. Nos demais 
casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais 
do Serviço Social. 
O artigo 6º da LEP, antes da mudança, assim estabelecia as funções da CTC: 
“A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que 
elaborará o programa individualizador e acompanhará a execução das 
penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, devendo propor, à 
autoridade competente, as progressões e regressões dos regimes, bem como 
as conversões”- redação antiga 
Com a nova redação dada pela Lei 10.792/03: 
“A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que 
elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade 
adequada ao condenado ou preso provisório” 
Pela simples leitura, constata-se que a CTC elaborará apenas o programa 
individualizador (princípio da individualização da execução penal) de pena 
privativa de liberdade e não mais da restritiva de direito, aliás, o que realmente 
acontecia nos estabelecimentos dotados de CTC. 
Porém, em atenção ao artigo 2º da LEP, que manda aplicar ao preso provisório as 
normas pertinentes e adequadas a sua situação prisional, a CTC passou a ser 
responsável também, pelo programa individualizador da prisão provisória. 
A mudança, portanto, foi de logística: a CTC perde função de individualizar pena 
restritiva de direito, porém, ganha função de elaborar referido programa na prisão 
provisória(flagrante, preventiva, temporária, por pronúncia ou decorrente de 
sentença penal condenatória recorrível). 
Todavia, a função de propor à autoridade competente, as progressões e regressões 
dos regimes, bem como as conversões da pena, deixou de ser da CTC, ficando esta 
apenas com uma única função: classificar os condenados a pena privativa de 
liberdade ou prisão provisória, segundo os seus antecedentes e personalidade, 
para orientar a individualização da execução penal. 
Para tal mister, a comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da 
personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou 
informações do processo, poderá: 
a) entrevistar pessoas; 
b) requisitar, de repartições ou 
estabelecimentos privados, dados e 
informações a respeito do condenado; 
c) realizar outras diligências e exames 
necessários 
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II. Individualização da execução. 
Não se confunde com individualização da pena, exigência 
constitucional na fase do conhecimento, quando da dosimetria 
da pena(critério trifásico). 
Princípio-mor: judicialização da execução. 
Critérios: 
(1) situação processual: preso provisório ficará separado do 
preso definitivo(artigo 84 da LEP); 
(2) espécies de pena ou medida de segurança: a pena é 
cumprida em um local e a medida de segurança em 
outro; 
(3) grau de pena: estabelecimentos de segurança máxima(a 
União Federal poderá construir estabelecimento penal em 
local distante da condenação para recolher, mediante 
decisão judicial, os condenados à pena superior a 15 
anos, quando a medida se justifique no interesse da 
segurança pública ou do próprio condenado), média e 
prisão aberta(prisão albergue e prisão domiciliar); 
(4) sexo e idade: mulheres e pessoas com mais de 60 anos 
devem ser alojadas em estabelecimentos adequados às 
suas condições pessoais(redação dada ao parágrafo pela 
Lei nº 9.460, de 04.06.1997 – o Estatuto do Idoso não 
precisou alterar esta parte, pois já estava previsto desde 
1997). Os estabelecimentos penais destinados a mulheres 
serão dotados de berçário, onde as condenadas possam 
amamentar seus filhos (Lei nº 9.046, de 18.05.1995) 
(5) primariedade ou reincidência: O preso primário 
cumprirá pena em seção distinta daquela reservada para 
os reincidentes(artigo 84, § 1º da LEP); 
(6) funcionário da Justiça Criminal: o preso que, ao tempo 
do fato, era funcionário da administração da justiça 
criminal ficará em dependência separada(artigo 84, § 2º 
da LEP). Única exceção a regra do preso definitivo que, 
após a condenação, perde prisão especial no sentido de 
separado dos demais presos. Trata-se de “tratamento 
desigual aos desiguais, na medida de sua desigualdade”, 
tendo como suporte a segurança pessoal e vida do 
condenado; 
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III. Remição 
O trabalho no regime fechado ou semi-aberto, interno ou 
externo, dá ao condenado o direito à remição de parte da pena 
(LEP, arts. 126 a 130). 
Concessão ou revogação: somente pelo juiz das execuções 
penais(artigo 66, III, “c” e 126, parágrafo terceiro da LEP), sendo 
obrigatório a prévia oitiva do MP. 
Não há prazo para ser pleiteada, podendo ser declarada de ofício 
pelo juiz(sem provocação das partes), desde que ouvido o MP. 
Concedida a remição a guia de recolhimento da execução deve 
ser retificada, pois provoca a modificação do tempo de duração 
da pena. 
A remição não provoca “crédito de pena”, caso o tempo remido 
ultrapasse a pena a ser cumprida, em eventual excesso de 
execução. 
A remição não se aplica: 
(a) ao condenado em regime aberto; 
(b) ao beneficiário de sursis ou livramento condicional; 
(c) ao condenado a pena restritiva de direito de prestação de 
serviço à comunidade, já que o trabalho constitui 
essencialmente o cumprimento da pena e não o 
abatimento desta; 
(d) ao que se encontra submetido à medida de segurança de 
internação em hospital de custódia e tratamento 
psiquiátrico(apenas tem direito a detração, se a doença for 
reversível). 
Porém, a remição se aplica ao preso provisório, pois para o 
termo “condenado” deve ser feito interpretação extensivo in 
bonna partem(já que se lhe admite a detração – artigo 42 do 
CP). 
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Proporção: para cada três dias de trabalho, debita-se um da 
pena, excluídos os dias de descanso obrigatório, ou seja, 
domingos e feriados(artigo 33, caput, segunda parte) e os 
dias em que o condenado não desempenha a jornada 
completa de trabalho que seja inferior a seis horas( a lei 
exige jornada não inferior a 6 e nem superior a 8 horas 
diárias). Todavia, se o preso teve deferido trabalho fora dos 
horários normais, por determinação judicial, neste caso deve ser 
computado a remição. 
Remição pelo estudo:parte da jurisprudência vem aceitando, 
inclusive em locais fora da penitenciária ou da Colônia, salvo se 
o caso for de crime hediondo(cujo estudo deve ser interno). 
O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, 
continuará a se beneficiar com as remição, ou seja, não será 
interrompido, durante o período de afastamento do preso, a 
contagem de 3 dias de trabalho para a remição de um dia de 
pena, não se incluindo, evidente, domingos e feriados. A lei 
refere-se apenas ao acidente decorrente do trabalho do 
condenado, como analogia às normas de infortunística que já 
protegem, em leis próprias, o trabalhador acidentado no 
trabalho. 
Perda da remição: perderá a remição o condenado que for 
punido com falta grave(artigos 50 e 52 da LEP), perdendo o 
direito ao tempo remido, iniciando o novo período a partir da 
data da infração disciplinar. Assim: 
(a) praticada falta grave antes de decretada a remição, está 
será indeferida quanto ao tempo anterior à prática da 
infração; 
(b) praticada falta grave depois de decretada a remição, 
decreta-se a sua perda. Decretada a revogação da 
remição(sua perda), a partir da data da infração 
disciplinar começa o novo período em que o condenado 
tem possibilidade de obter a remição pelo trabalho 
desempenhado desta data por diante. 
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O tempo remido será computado para concessão: 
(a) de indulto(artigo 128 da LEP); 
(b) de livramento condicional(artigo 128 da LEP); 
(c) para progressão de regime(artigo 111 da LEP) 
A autoridade administrativa deve manter no estabelecimento 
penal o registro dos dias trabalhados de cada preso, anotadas 
as horas de trabalho diário(jornada mínima entre 6 e 8 horas) e 
mensalmente deve encaminhar ao Juízo das Execuções Penais a 
cópia desse registro 
Nota: a remição provoca uma injusta e desigual situação 
jurídica, em face de ausência de estabelecimentos prisionais 
para semi-aberto, pois neste caso, pela jurisprudência: 
a) ou o mesmo cumpre pena no regime aberto (progressão 
per saltum) – caso em que não terá direito a remição(e 
tampouco a saída temporária), ou 
b) o mesmo continua no regime semi-aberto, porém, 
cumprindo as regras do aberto – caso em que, terá direito 
a remição, porém, pode não pedir a progressão de regime 
para o aberto, para ter direito a remição e saída 
temporária. 
 
IV. Prisão executada em outra unidade federativa 
 A pena de prisão imposta em um Estado pode ser cumprida em 
outro Estado, desde que haja vaga (não é direito subjetivo). 
 
 
 
 
 
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V. Cumprimento de Pena no estrangeiro 
A sentença penal estrangeira somente precisa ser homologada 
para ser executada no Brasil, nos termos do artigo 787 do CPP 
c/c artigo 9º do CP1, para obrigar o condenado à reparar o 
dano, restituição e a outros efeitos civis ou para sujeitá-lo à 
medida de segurança. 
 
Portanto, de regra, não é possível o cumprimento de pena 
aflitiva no estrangeiro. 
 
Exceção: a pena de prisão imposta no Brasil pode ser cumprida 
no estrangeiro, apenas quando há acordo de troca de presos. 
VI. Cumprimento de penas mais graves 
As penas mais graves devem ser cumpridas primeiro, logo: 
(a) havendo concurso de crimes, executa-se primeiro a pena 
mais grave (CP, art. 76); 
(b) quando são impostas as penas de reclusão e de detenção, 
executa-se primeiro aquela (CP, art. 69); 
(c) a pena privativa de liberdade antecede a pena de multa. 
VII. Legislação especial 
 “A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts. 38 e 
39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do 
preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e 
estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes 
sanções” (CP, art. 40). 
Esta Lei especial é a LEP – Lei 7210/84, com modificações, 
sendo a mais recente dada pela Lei 10792/03. 
 
1 Art. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas 
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo à medida de segurança. 
Parágrafo único. A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária 
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
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VIII. Ministério Público na execução penal 
(a) parte ou custus legis ou ambos ? Ambos, de regra atua 
como custus legis, manifestando-se por último; 
excepcionalmente pode atuar como parte, pleiteando o 
que for de direito ao preso(artigo 68, II, “a” da LEP). 
Art. 68 da LEP: 
Incumbe, ainda, ao Ministério Público: 
II - requerer: 
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento 
do processo executivo; 
(b) Prazo para manifestar ? 3 dias (art. 196 da LEP), quando 
for custus legis. 
Nota: embora a lei não distingue, a doutrina ensina que: 
(a) excesso de execução ocorre quando há extrapolação da 
punição pelo critério quantitativo(pena além do limite 
estabelecido em lei ou na sentença); 
(b) desvio na execução ocorre quando há extrapolação da 
punição pelo critério qualitativo(o condenado encontra-se 
num regime quando deveria já ter progredido para outro 
mais favorável; o condenado encontra-se em 
estabelecimento impróprio para sua condenação etc) 
IX. Processo de execução: autos apartados ou continuação 
do processo de conhecimento ? 
Regra: continuação do processo de execução 
Exceções legais: 
(a) quando na comarca possuir Vara de Execuções Penais, o 
juiz do conhecimento, após o trânsito em julgado, extrai 
cópia das principais peças e forma a guia de levantamento 
da execução, arquivando o processo de conhecimento e 
inaugurando o processo de execução na Vara específica; 
(b) quando houver possibilidade de cumprimento em outra 
unidade federativa; 
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(c) nas condenações a pena privativa de liberdade ou multa 
cumulada com pena privativa de liberdade ou restritivas 
de direito, em crimes de menor potencial ofensivo da Lei 
9.099/95(artigo execução das penas privativas de 
liberdade e restritivas de direitos, ou de multa cumulada 
com estas, será processada perante o órgão competente, 
nos termos da lei – artigo 86). 
Aplicação prática: em geral, os juízes determinam que os autos 
de execução tramitem apartados dos autos de conhecimento, 
arquivando este, para facilitação no manuseio e agilidade 
processual. 
X. Autorizações de saída(permissão de saída e saída 
temporária) 
Autorização de saída é gênero, da qual são espécies: 
(a) permissão de saída: constituem em assistência em favor 
de todos os presos(Direito Humanitário) 
A LEP não fala em condenado no regime aberto, mas deve ser 
feita interpretação extensiva, porquanto trata-se de hipóteses 
de direito humanitário. Os condenados que cumprem pena 
em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios 
poderão obter permissão para sair do estabelecimento, 
mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: 
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, 
ascendente, descendente ou irmão – a relação familiar deve 
estar comprovada e a duração será o término do funeral ou 
até que se possa tomar providências necessárias para 
normalizar a vida dos familiares 
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do 
artigo 14 da LEP) – somente no caso de não ser possível o 
atendimento no estabelecimento prisional e a duração será 
até a recuperação do preso, ao menos parcial, podendo a 
recuperação final ser feita no estabelecimentoprisional, se 
possível. 
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Competência: a permissão de saída será concedida pelo 
diretor do estabelecimento onde se encontra o preso, por 
tratar-se de medida administrativa, porém, o juiz das 
execuções, pelo princípio da jurisdicionalização das 
execuções, essa competência não exclui a do juiz das 
execuções, que lhe é originária(artigo 66, VI da LEP), e 
tampouco a intervenção fiscalizatória do MP. 
A permanência do preso fora do estabelecimento terá duração 
necessária à finalidade da saída. 
(b) saída temporária: consiste numa etapa na progressão de 
condenados em regime semi-aberto ou prêmio pelo mérito 
dos que progrediram do fechado para o semi-aberto. 
Considerada como “sala de espera do livramento 
condiconal”. 
Cabimento: somente para presos em regime semi-aberto, 
(jamais para fechado ou aberto ou preso provisório), nos 
seguintes casos: 
I - visita à família; 
II – frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como 
de instrução do segundo grau ou superior, na comarca do 
Juízo da Execução – esta autorização se limita ao território 
da comarca do Juízo da Execução, possibilitando o retorno 
do condenado após suas atividades 
III - participação em atividades que concorram para o retorno 
ao convívio social. 
Requisitos: um subjetivo e dois objetivos 
(a) subjetivo: comportamento adequado; 
(b) objetivos: comprimento mínimo de 1/6 da pena, se 
primário e 1/4 se reincidente e compatibilidade do 
benefício com os fins da pena 
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Nota: o cumprimento do prazo de 1/6 da pena pode ocorrer 
tanto para o preso que inicia cumprimento no regime semi-
aberto, como para o condenado que veio do regime fechado 
para o semi-aberto(valendo o tempo que cumpriu no 
fechado). Portanto, no caso do condenado que se encontrava 
no regime fechado e cumpriu 1/6 da pena e progrediu para o 
semi-aberto, não precisa cumprir mais 1/6 para que tenha 
direito à saída temporária – Súmula 40 do STJ 
A duração será: 
(a) no caso de visita à família: de 35 dias ao ano, dos quais 
são possíveis 5 saídas temporárias de no máximo 7 dias 
cada qual(sendo que o juiz pode reduzi-la em prazo 
inferior a 7 dias, dependendo das circunstâncias e desde 
que motive); 
(b) no caso de freqüência à curso profissionalizante, de 
instrução de segundo grau ou superior: o tempo 
necessário para o cumprimento das atividades discentes 
(saída para o período das aulas, provas, estágios etc). 
Revogação automática(ex vi legis): 
(a) prática de fato definido como crime doloso; 
(b) punição por falta grave; 
(c) desatendimento das condições impostas na autorização 
(d) revelar baixo grau de aproveitamento do curso. 
Recuperação do direito à saída temporária: dependerá da 
absolvição no processo penal, do cancelamento da punição 
disciplinar ou da demonstração do merecimento do 
condenado. 
 
 
 
Sinóptico das diferenças: 
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17 
Permissão de Saída Saída Temporária 
Cabimento: qualquer preso (provisório ou 
definitivo) 
Cabimento: somente condenado em regime 
semi-aberto 
Competência: do diretor do estabelecimento ou 
juiz das execuções penais 
Competência: somente do juiz das execuções 
penais 
Hipóteses: somente duas: 
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, 
companheira, ascendente, descendente ou 
irmão; 
II - necessidade de tratamento médico fora 
do estabelecimento prisional 
 
Hipóteses: três situações 
I - visita à família; 
II - freqüência a curso supletivo 
profissionalizante, bem como de instrução do 
segundo grau ou superior, na comarca do 
Juízo da Execução; 
III - participação em atividades que concorram 
para o retorno ao convívio social. 
Requisitos: não exige requisitos subjetivos, 
apenas escolta, em face de questão humanitária 
Requisitos: 
I - comportamento adequado; 
II - cumprimento mínimo de um sexto da 
pena, se o condenado for primário, e um 
quarto, se reincidente; 
III - compatibilidade do benefício com os 
objetivos da pena. 
Realizado mediante escolta policial Não ocorre escolta policial 
Pode o diretor do estabelecimento conceder sem 
permissão do juiz ou parecer prévio do MP 
Somente o juiz das execuções pode conceder, 
com parecer prévio do MP 
Duração: necessária à finalidade da saída. Duração: 35 dias ao ano, em 5 saídas de no 
máximo 7 dias cada, no caso de visita a 
família, e, o tempo necessário para o 
cumprimento das atividades discentes, no 
caso de estudo. 
Casos de revogação: não existe Casos de revogação: 
(a) prática de fato definido como crime 
doloso; 
(b) punição por falta grave; 
(c) desatendimento das condições impostas 
na autorização 
(d) revelar baixo grau de aproveitamento do 
curso. 
 
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18 
XI. Existe contraditório na execução penal ? 
Sim, existe contraditório na execução penal, o que difere do 
Processo Civil, em face da liberdade do cidadão, salvo nos casos 
onde a lei restringe(cf. artigo 118, parágrafo segundo da LEP, a 
contrário sensu) 
XII. Diferença entre Audiência Admonitória e Audiência de 
Justificação 
Audiência Admonitória – realizada com o objetivo de perguntar 
ao preso se aceita a benesse(ninguém pode ser beneficiado 
contra sua própria vontade), informa-lo das condições da 
aceitação, bem como adverti-lo das causas de revogação. 
Nota: a diferença entre cassação de benesse e revogação de 
benesse é que a primeira ocorre por ausência de manifestação 
do condenado sobre a benesse na Audiência Admonitória, 
enquanto que a segunda ocorre quando o condenado aceita a 
benesse, porém, dá ensejo a sua revogação(o que é feito na 
Audiência de Justificação). 
Audiência de Justificação – realizada como expressão do 
contraditório e ampla defesa, em sede de execução, antes da 
revogação de alguma benesse ou regressão de regime. 
XIII. Direitos do preso 
 Por força do art. 38 do CP, “o preso conserva todos os direitos 
não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as 
autoridades o respeito à sua integridade física e moral” (cf. CF, 
art. 5º, inc. XLIX; LEP, art. 3º). 
Quanto aos direitos dos presos: LEP, art. 40 e ss.. 
Direito ao sexo? Sim, está assegurado (cf. Res. 1/1999, do 
C.N.P.P.C). 
Direito de votar? Está assegurado ao preso provisório. 
Direito ao sigilo de correspondência? Não é absoluto. 
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19 
Direito de expressão de pensamento? Livre. 
 O RDD(Lei 10792/03) trouxe algumas limitações aos direitos 
do preso, em face de que as garantias constitucionais não são 
absolutas, quando: 
(a) usadas contra a coletividade; 
(b) usadas como escudo para prática de crimes. 
XIV. Trabalho do preso. 
 “O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe 
garantidos os benefícios da Previdência Social” (CP, art. 39). 
O trabalho do preso, por comando constitucional(artigo 5º), não 
é obrigatório, portanto, ao contrário que sugere a LEP e sim 
facultativo, já que o Brasil não adotou a pena de trabalho 
forçado. O trabalho do preso não se rege pelas normas da 
CLT(sem vínculo). 
Apesar desta faculdade, há um bônus: o trabalho do preso, além 
de reinserção social(o condenado termina a pena e pode já se 
inserir no mercado de trabalho, tendo futuro profissional), dá 
ensejo a remição(a cada 3 dias de trabalho, desconta-se um na 
pena – artigo 126 da LEP). 
A remição é aplicável ao condenado em regime fechado ou semi-
aberto, além do preso provisório(artigo 2º da LEP). 
No regime fechado, o trabalho interno é a regra, sendo o 
trabalho externo uma exceção(somente em serviço ou obras 
públicas realizadas por órgãos da administração direta ou 
indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelascontra a fuga e em favor da disciplina). 
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20 
No regime semi-aberto o trabalho externo deveria ser também 
exceção, já que deveria internamente o preso trabalhar em 
Institutos Penais Agrícolas ou Industriais, o que no Brasil são 
poucos, de forma que na maioria das comarcas o regime semi-
aberto é cumprido nas regras do aberto por falta de Colônia 
Penal Agrícola e Industrial. A reforma do Código Penal, por força 
dessa realidade, pensa em abolir o regime semi-aberto. 
Certo porém é que o trabalho interno para presos provisórios e 
em regime fechado nunca foi muito difundido. O artigo 34 da 
LEP sempre buscou a captação de empresas para ajuda na 
prevenção especial do preso, dando-lhe as mãos quando se 
tornasse egresso. 
E agora, a Lei 10.792/2003 consagrou o que muitos juízes 
combativos da execução penal já faziam, a saber, a 
permissibilidade, respeitada a Lei de responsabilidade fiscal, dos 
governos federal, estadual e municipal poderem celebrar 
convênios com a iniciativa privada, para implantação de oficinas 
de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios, 
estimulando a remição e tornando menos hipócrita o 
princípio da prevenção especial. 
 
XV. Limite máximo de cumprimento da pena privativa de 
liberdade 
 O limite máximo de cumprimento de pena no nosso país é de 
30 anos (CP, art. 75: “O tempo de cumprimento das penas 
privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) 
anos)”. 
 Fundamento: proibição da prisão perpétua: CF, art. 5º, inc. 
XLVIII, “b”. 
O juiz pode fixar, na sentença, pena superior a 30 anos? 
Sim. Exceção: art. 9º, da Lei dos Crimes Hediondos. 
 
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21 
 
Quando a pena passa de 30 anos, o que deve ser feito? A 
unificação em trinta anos (CP, art. 75, § 1º) (“Quando o agente 
for condenado a penas privativas de liberdade cuja coma seja 
superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para 
atender ao limite máximo deste artigo”). Competência: juízo das 
execuções. 
 A pena unificada em trinta anos vale para todos os efeitos 
penais? Há polêmica, mas jurisprudência preponderante diz 
não. É a ilação extraída da Súmula 715 do STF. 
Súmula 715 do STF: 
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de 
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, 
não é considerada para a concessão de outros benefícios, 
como o livramento condicional ou regime mais favorável de 
execução. 
Réu extremamente perigoso que cumpre 30 anos de prisão: o 
que pode ser feito para evitar sua liberdade? 
Juridicamente, se o caso versar sobre interdição cível, o 
Ministério Público2 pode promovê-la, de forma a deixa-lo em 
Hospital de Tratamento Psiquiátrico até sua recuperação, pois 
não se trata de pena e sim medida cível protetiva da sociedade. 
Do contrário, a nível penal, o mesmo sairá por ter pagado a 
“dívida” com a sociedade, já que não existe pena de caráter 
perpétuo. 
 
 
2 Art. 1768 do Novo CC: A interdição deve ser promovida: 
I - pelos pais ou tutores; 
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente; 
III - pelo Ministério Público. 
 
Art. 1769 do Novo CC: O Ministério Público só promoverá interdição: 
I - em caso de doença mental grave; 
II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas nos 
incisos I e II do artigo antecedente; 
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas no inciso antecedente. 
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22 
 
 
Pode alguém cumprir mais de trinta de anos? 
Sim (CP, art. 75, § 2º). Se sobrevém condenação por fato 
posterior ao início da execução da pena. Nesse caso, é feita nova 
unificação de penas, desprezando-se o período de tempo já 
cumprido. Fatos anteriores ao início da execução: entram na 
unificação de trinta anos. 
Exemplo: se “A” cumpriu da pena unificada 29 anos e em 
seguida matou um companheiro de cela, sendo condenado a 
pena de 15 anos, como ficará a situação ? 
R: Com a nova unificação, somará 1 ano do restante da 
primeira unificação com mais 15 anos, totalizando 16 anos. 
Neste caso, cumprirá mais de 30 anos 
 
Nota: por força do artigo 75 do CP, pode ocorrer uma situação 
desproporcional: se “A” cumpriu da pena unificada apenas 1 ano(faltando 
portanto 29 anos) e em seguida matou um companheiro de cela, sendo 
condenado a 15 anos, como ficará essa situação ? 
Por incrível que pareça, apesar da pena da fase de conhecimento ter sido 
em 15 anos, na verdade, com a nova unificação, ou seja, 29 anos que 
restavam da primeira unificação com 15 anos da nova condenação, voltará 
ao limite de 30 anos, sendo que portanto, em sede de execução penal, 
aquela condenação da fase de conhecimento de 15 anos na verdade será 
de apenas 1 ano. Acreditem se quiser. 
 
 
 
 
 
 
 
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23 
XVI. Prisão domiciliar(especial-domiciliar e albergue-
domiciliar). 
 
A prisão domiciliar comporta três espécies: 
 
a) durante a fase de conhecimento: não havendo nenhum 
local destinado para o preso provisório com prisão 
especial(artigo 295 do CPP), tampouco cela separada em 
cadeia pública, aplica-se ao mesmo prisão domiciliar, ou 
seja, ficará o mesmo preso em sua residência, mediante 
escolta, de preferência, como foi o caso do juiz Nicolau dos 
Santos Neto, processado na época pelo escândalo dos 
desvios de verbas públicas do TRT, que inclusive, deu 
origem a Lei 10258/01, sendo o mesmo posteriormente 
condenado. Esta espécie de prisão domiciliar está prevista 
em lei especial – Lei 5.256/67. Assim, onde não houver 
estabelecimento adequado para se estabelecer a prisão 
especial, mediante autorização do juiz, ouvido o 
representante do Ministério Público, o preso com direito a 
ela poderá recolher-se em seu próprio domicílio. Trata-se 
da chamada “prisão especial-domiciliar”. 
 
Portanto, a prisão domiciliar foi introduzida no Brasil pela Lei 
nº 5.256/67, para recolher o preso provisório à própria 
residência, nas localidades onde não houver estabelecimento 
adequado ao recolhimento dos que têm prisão especial(artigo 
295 do CPP). 
 
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24 
 
b) durante a fase de execução: nesta fase, pode ocorrer a 
prisão domiciliar de duas formas, sendo ambas conhecidas 
como “prisão albergue-domiciliar”, já que decorrem do 
regime aberto: 
 
b.1 – por força de Jurisprudência dos Tribunais: os 
Pretórios brasileiros têm entendido que o sentenciado em 
regime aberto, sem que haja Casa do Albergado ou local 
adequado/vaga em Cadeia Pública, deve cumprir a pena no 
seu domicílio. Portanto, não tendo o Poder Público construído 
estabelecimentos destinados ao regime aberto em todas 
comarcas, Juízes e Tribunais passaram a conceder a 
chamada “PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR”. A prisão 
albergue domiciliar passou a ser forma velada de 
impunidade, quando em último recurso, era impossível de o 
beneficiário desfrutar a pena com dignidade em local 
adequado. Como “solução provisória”, a Jurisprudência 
entende que o condenado em regime aberto, deve ser 
recolhido à cadeia pública ou presídio comum, em local 
próprio e não ficando em inteira liberdade(JTACrSP 85/510; 
RT 650/302 e 303). Porém, não tendo solução, por falta de 
vaga(superlotação carcerária) é direito consagrado na 
Jurisprudência(STJ, RJSTJ 2/325; 3/201; 13/137; 17/208; 
20/202; 23/232; RT 610/367, 613/318; 644/296-7; 
645/269 e 283; 648/289; 650/278; 651/271; 652/364; 
653/315-6; 653/377; 654/286). 
 
b.2 - no caso do artigo 117 da LEP: As condições sine qua 
non para a prisão domiciliar são(hipóteses taxativas, salvo a 
hipótese Jurisprudencial de “prisão albergue domiciliar”, 
para o beneficiário em regime aberto,sem que haja Casa do 
Albergado ou local adequado): 
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25 
 
 
1) QUE O BENEFICIÁRIO ESTEJA CUMPRINDO 
PENA NO REGIME ABERTO 
 
 
 
RECURSO DE HABEAS CORPUS – REGIME 
PRISIONAL FECHADO – PRISÃO DOMICILIAR – 
IMPOSSIBILIDADE – 1. Fora das hipóteses 
estabelecidas no art. 117 da Lei nº 7.210/84, 
impossível se torna a concessão da prisão 
domiciliar ao fundamento de inexistência, no local 
de execução da pena, de estabelecimento penal 
adequado ao seu cumprimento. 2. Precedentes do 
STF e do STJ. (STJ – RHC 5.339 – 6ª T. – Rel. Min. 
Anselmo Santiago – DJU 10.06.1996) 
 
 
2) CASOS: 
 
A) SEJA ACOMETIDO DE DOENÇA 
GRAVE; 
 
B) SEJA CONDENADA COM FILHO MENOR 
OU DEFICIENTE FÍSICO OU MENTAL – 
tem se interpretado aqui a favor de 
condenadas e até condenados, por força 
do princípio constitucional da igualdade e 
por força do Poder Familiar(Lei 10406/02) 
ser igual para pai e mãe. 
 
 
C) SEJA CONDENADA GRÁVIDA. 
 
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26 
 
Assim, havendo outra forma para abrigar o preso 
do regime aberto(instalações adequadas ao seu cumprimento 
em cadeia ou presídios, como solução provisória) e não sendo o 
caso do artigo 117 da LEP, impossível a prisão domiciliar, para 
não quebrar o princípio da igualdade e as finalidades da pena. 
 
XVII. Execução penal de condenados da Justiça Eleitoral, 
Justiça Federal e Justiça Militar 
Os juízes estaduais ainda acumulam a função de execução 
penal de presos condenados pela Justiça Federal, Militar e 
Eleitoral, até que sejam construídos estabelecimentos prisionais 
federais, caso em que a execução será feita pela Justiça Federal: 
Súmula 192 do STJ – “Compete ao Juízo das Execuções Penais 
do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela 
Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a 
estabelecimentos sujeitos à administração estadual”). 
XVIII. Unificação de penas 
Art. 111 da LEP: 
Quando houver condenação por mais de um crime, no 
mesmo processo ou em processos distintos, a determinação 
do regime de cumprimento será feita pelo resultado da 
soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, 
a detração ou remição. 
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da 
execução, somar-se-á pena ao restante da que está sendo 
cumprida, para determinação do regime. 
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27 
Havendo concurso de crimes na fase de conhecimento, o juiz 
deve proferir sentença pela pena total, ainda que ultrapasse o 
limite legal do artigo 75 do CP(exceção feita na Lei dos Crimes 
hediondos). 
Quem fixa o regime ? 
Juiz do conhecimento, salvo no caso de sobrevir condenação no 
curso da execução, caso em que a nova fixação do regime será 
do juiz das execuções penais. 
Fixação do regime pelo juiz do conhecimento. 
Assim, caberá ao juiz do conhecimento, para fixar o regime 
inicial, a soma das penas impostas, sendo que o total será o 
norte para a determinação do regime: 
1) todas penas de detenção - regime semi aberto; 
2) todas penas de reclusão – o regime será fechado quando: 
 
(a) quando a pena for superior a 8 anos; 
(b) houver reincidência ou circunstâncias 
judiciais desfavoráveis(cf. artigo 33 do 
CP), ainda que a pena seja inferior a 8 
anos. 
 
* Em crime hediondo ou equiparado a pena 
fixada deve se ater, no máximo, ao limite legal de 
30 anos e deve ser expressamente colocado na 
sentença o regime integralmente fechado. 
 
3) várias penas de detenção, porém, uma pena de 
reclusão, pode ser determinado o regime 
fechado quando: 
(a) quando a pena for superior a 8 anos; 
(b) houver reincidência ou circunstâncias 
judiciais desfavoráveis(cf. artigo 33 do 
CP), ainda que a pena seja inferior a 8 
anos. 
 
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28 
* Em crime hediondo ou equiparado a pena 
fixada deve se ater, no máximo, ao limite legal de 
30 anos e deve ser expressamente colocado na 
sentença o regime integralmente fechado. 
 
Todavia, deve ser descontado na soma para a determinação do 
regime a detração(tempo de prisão provisória) e eventual 
remição(se o preso provisório chegou a trabalhar durante sua 
prisão processual). 
 
Fixação do regime pelo juiz das execuções penais. 
A fixação do regime, neste caso, somente ocorrerá: 
(a) quando o juiz do conhecimento omitir-se e tiver 
operado a coisa julgada, ou, 
(b) sobrevindo condenação no curso da execução 
 
Havendo novas condenações no curso da execução, o juiz 
também usa os critérios alhures para fixar novamente o regime. 
Todavia, deve ser descontado na soma para a determinação do 
regime, o tempo de pena já cumprido e a remição, ou seja, 
soma-se o restante da pena que estava sendo cumprida com a 
nova condenação, abate a remição e o resultado será o critério 
para fixar o regime. 
Compete também a unificação de penas de concurso formal 
próprio(artigo 70, primeira parte) e crime continuado, quando 
várias condenações distintas forem proferidas. O juiz fará novo 
cálculo da liquidação, fixará o regime e retificará a guia de 
levantamento da execução. 
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29 
 
SEGUNDA PARTE 
I. Regimes penitenciários 
 1. Três são os regimes penitenciários: (a) fechado; (b) semi-
aberto e (c) aberto. 
Nos termos do art. 33, § 1º, do CP, “considera-se regime fechado 
a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima 
ou média (presídios, penitenciárias etc.); regime semi-aberto a 
execução da pena em colônia agrícola, industrial ou 
estabelecimento similar; regime aberto a execução da pena em 
casa de albergado ou estabelecimento adequado”. 
 2. Regras do regime fechado (CP, art. 34): 
 (a) o condenado será submetido, no início do cumprimento da 
pena, a exame criminológico de classificação para 
individualização da execução; esse exame era obrigatório, antes 
do advento da Lei 10792/03 (LEP, art. 8º) e é realizado no 
Centro de Observação (LEP, art. 96). E onde não houver? É feito 
pela Comissão Técnica de Classificação (CTC) (LEP, art. 7º); 
 (b) o condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a 
isolamento durante o repouso noturno (cf. arts. 39 do CP e 28 a 
37 da LEP); 
 (c) O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na 
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do 
condenado, desde que compatíveis com a execução da pena; 
 (d) o trabalho externo é admissível, no regime fechado, em 
serviços ou obras públicas (e com vigilância) (CP, art. 34, § 3º e 
LEP, art. 36); competência para autorizar o trabalho externo: 
diretor do estabelecimento (LEP, art. 37). 
 Cursos externos: não é possível no regime fechado. 
 
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30 
3. Regras do regime semi-aberto (CP, art. 35): 
(a) exame criminológico de classificação para individualização 
da execução; esse exame é facultativo (LEP, art. 8º, parágrafo 
único); 
(b) o condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o 
período diurno, em colônia agrícola, industrial ou 
estabelecimento similar; 
(c) o trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a 
cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo 
grau ou superior; trabalho externo em obras públicas ou 
privadas e sem vigilância; competência: autoridade judiciária; 
Cursos externos: sim, é possível, a cursos profissionalizantes, 
de segundo grau ou superior. E a curso de primeiro grau? Não, 
porque é oferecido dentro do estabelecimento penitenciário. 
4. Regras do regime aberto (CP, art. 36): 
 (a) o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado. 
 (b) o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem 
vigilância, trabalhar, freqüentar cursoou exercer outra 
atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período 
noturno e nos dias de folga; o trabalho no regime aberto não dá 
direito à remição; 
 (c) O condenado será transferido do regime aberto, se praticar 
fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução 
ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. 
 O regime aberto é cumprido em casa do albergado ou 
estabelecimento adequado. E onde não houver? O condenado 
passa para o regime domiciliar (entendimento jurisprudencial 
pacífico, salvo STF). 
 
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31 
5. Fixação do regime inicial: juízo do conhecimento, 
considerando a qualidade da pena(detenção ou reclusão), 
quantidade da pena, circunstâncias judiciais, reincidência e 
legislação(Lei dos Crimes Hediondos). 
As 9 etapas da sentença criminal, segundo o professor Luiz 
Flávio Gomes: 
1ª Etapa: escolha da pena (reclusão/detenção ou multa 
ou medida de segurança para o inimputável); 
 
2ª Etapa: fixação da pena de prisão(critério trifásico) 
 
3ª Etapa: fixação da pena de multa 
 
4ª Etapa: aplicação das penas específicas 
 
5ª Etapa: aplicação de penas substitutivas(multa 
vicariante ou restritivas de direito ou medida de 
segurança para o semi-imputável) 
 
6ª Etapa: sursis 
 
7ª Etapa: regime inicial de cumprimento da pena de 
prisão 
 
8ª Etapa: direito de apelar em liberdade 
 
9ª Etapa: determinações finais da sentença condenatória 
(outros comandos de sentença) 
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32 
 II. Sistema progressivo e regressão de regime 
1. O art. 33, § 2º do CP: “As penas privativas de liberdade 
deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito 
do condenado ...” (cf. no mesmo sentido o art. 112 da Lei de 
Execução Penal-LEP). 
2. O sistema progressivo brasileiro na atualidade compreende 
duas formas distintas de progressão: (a) uma se faz por meio 
dos regimes fechado, semi-aberto, aberto e, por último, do 
livramento condicional; (b) a outra acontece de modo direto para 
o livramento condicional. 
3. Situações especiais: (a) reincidente específico em crimes 
dessa natureza – CP, art. 83, V, in fine (que não tem direito a 
livramento condicional) e (b) crime de tortura. 
4. Progressão e regressão. O sistema vigente no nosso país (de 
cumprimento da pena privativa de liberdade) é o progressivo. 
Mas isso não impede que haja regressão. 
De acordo com a Lei de Execução penal (LEP, art. 118), “a 
execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma 
regressiva, com transferência para qualquer dos regimes mais 
rigorosos, quando o condenado: 
I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave – 
neste hipótese é obrigatória a Audiência de justificação 
(contraditório) 
II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao 
restante da pena em execução, torne incabível o regime (art. 
111)- neste hipótese não é obrigatória a Audiência de 
justificação (contraditório) 
 
O parágrafo primeiro da LEP(regressão de regime pelo não 
pagamento da multa) foi revogado pela nova redação do artigo 
51 do CP. 
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33 
Com a regressão do regime, a nova progressão somente será 
possível se cumprir 1/6 da pena restante, ou seja, 1/6 da pena 
que o condenado tem a cumprir no momento da regressão e não 
da pena total, diante do princípio geral de que pena cumprida é 
pena extinta. 
5. Requisitos para a progressão de regime. 
A progressão para regime menos severo requer: 
A progressão do regime será possível se cumprir os 
seguintes requisitos: 
a) cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior, que 
resta(e não do total); 
b) mérito 
Notas: 
Bom comportamento carcerário por si só não é suficiente, pois não se 
confunde com aptidão ou adaptação do condenado de se adaptar ao regime 
menos rigososo, principalmente da forma como é feito em muitos locais, sem 
qualquer critério. Assim, fugas, difícil convivência com os companheiros, falta 
de respeito com os serventuários, cometimento de faltas disciplinares, não 
aconselham a progressão. 
O STF e STJ divergiam sobre a obrigatoriedade do exame criminológico. 
Porém, a Lei 10792/03 tirou sua obrigatoriedade para progressão, porém, 
não a faculdade do juiz, em casos que julgar relevante, como nos crimes 
cometidos com violência ou grave ameaça a pessoa. A Lei 10792/03 também 
dispensou para a progressão de regime o parecer da Comissão Técnica de 
Classificação. 
c) para regime aberto, trabalho ou proposta deste. 
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34 
6. Na segunda progressão, quando o caso, deve-se cumprir um 
sexto da pena restante, não um sexto da pena total (inicial), 
partindo do princípio de que pena cumprida é pena extinta. 
 7. Progressão por salto (per saltum). Legalmente (e 
formalmente) não é possível a progressão por salto, isto é, o 
condenado não pode (formalmente) sair do regime fechado e ir 
direto para o regime aberto. 
Na prática, três situações ocorrem: 
(c) a progressão per saltum de regra não é 
possível, salvo quando não houver 
vaga em estabelecimento prisional 
adequado, caso em que dar-se-á; 
(d) admite a progressão por salto, na 
seguinte hipótese: o condenado 
cumpre 1/6 no regime fechado, mas 
não pode passar para o regime semi-
aberto por falta de vaga ou ausência 
deste. Daí, cumpre mais 1/6 no 
regime fechado – esta hipótese 
prejudica o preso e sua reinserção; 
(e) não se dá a progressão por salto, 
porém, os presos de regime semi-
aberto onde não tem na comarca 
Instituto(ou Colônia) Penal Agrícola 
ou Industrial, cumprem a pena neste, 
porém, com as regras do regime 
aberto – prevalece esta situação. 
 
 
 
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35 
8. Progressão de Regime, inclusive com a Lei 10763/03. 
Pode haver regime integralmente fechado em crime não 
hediondo ? 
A pergunta pode causar alguma perplexidade, pois a CF/88, 
artigo 5º, XLVI, determina que a lei regulará a individualização 
da pena. 
Muitos juízes entendem, ainda hoje, após 13 anos da Lei dos 
Crimes Hediondos(Lei 8.072/90) que a proibição de progressão 
de regime em crimes hediondos ou equiparados(tráfico, tortura 
e o terrorismo, este, sem lei especifica) viola o princípio 
constitucional da individualização da pena e ressocialização do 
indivíduo(prevenção especial da pena). 
Para dar um tempero ainda mais polêmico, a tortura é crime 
equiparado aos crimes hediondos por força do art. 5º, XLIII, da 
CF, e do art. 2º, da L. 8.072, de 25.07.1990. 
Porém, o § 7º do art. 1º da Lei de Tortura(Lei nº 9.455/97) 
difere do art. 2º, § 1º, da L. 8.072/90, que prevê o cumprimento 
da pena aplicada por crime hediondo ou equiparado 
integralmente em regime fechado. 
Assim, depois de muita discussão, os Pretórios brasileiros, 
liderados pelo STF e STJ, pacificam a constitucionalidade da Lei 
dos Crimes Hediondos no sentido de proibição de progressão de 
regime, não sendo porém, essa a solução para a Lei de Tortura, 
que permite o regime inicialmente fechado e conseqüentemente 
sua progressão(novatio legis in mellius). 
Portanto, os crimes hediondos e equiparados(leia-se apenas o 
tráfico, já que inexiste lei de terrorismo e considerado que a lei 
de tortura permite progressão de regime) o legislador e a 
jurisprudência em seguida, considerou-os de maior potencial 
ofensivo, decidindo apená-los mais severamente, inclusive, 
quando exasperou o regime carcerário para o integralmente 
fechado. 
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36 
Assim, observado o princípio da reserva legal (CF, art. 5º, 
XXXIX e CP, art. 1º), na falta de proibição expressa na norma 
incriminadora, não pode haver aproibição de progressão de 
regime, sob pena de afronta ao princípio constitucional da 
individualização da pena. 
E neste contexto, surge a Lei 10.743 de 12 de novembro de 
2003: 
LEI Nº 10.763, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2003 
 Acrescenta artigo ao Código Penal e modifica a pena cominada aos crimes de corrupção ativa e passiva. 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o 
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
 Art. 1o O art. 33 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 - Código Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte § 
4o: 
"Art. 33. 
........................................................ 
........................................................ 
§ 4o O condenado por crime contra a 
administração pública terá a progressão de 
regime do cumprimento da pena 
condicionada à reparação do dano que 
causou, ou à devolução do produto do 
ilícito praticado, com os acréscimos legais." 
(NR) 
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira 
Instituto de Ensino Luiz Flávio Gomes 
37 
 
 Art. 2o O art. 317 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940 - 
Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação: 
"Art. 317. 
........................................................ 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) 
anos, e multa. 
........................................................" (NR) 
 Art. 3o O art. 333 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940 – 
Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação: 
"Art. 333 
........................................................ 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) 
anos, e multa. 
 Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 Brasília, 12 de novembro de 2003; 182o da Independência 
e 115o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Márcio Thomaz Bastos 
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira 
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38 
Ao acrescentar o parágrafo quarto no artigo 33 do Código Penal, 
a citada lei proibiu a progressão de regime, seja do fechado para 
o aberto, ou do semi-aberto para o aberto, nos crimes contra a 
administração pública se não se operar a reparação do dano 
que causou ou à devolução do produto do ilícito praticado, com 
os acréscimos legais. 
 
Imagine que um réu tenha praticado crime contra a 
administração pública, portanto, crime não hediondo ou 
equiparado e, após o delito, tenha causado prejuízo ao Erário no 
qual não tem condição de reparar o dano. Se o juiz fixar a pena 
no regime inicialmente fechado, sendo que o condenado não 
tem condições de reparação dos danos, o seu regime passa a ser 
integralmente fechado. 
 
Ademais, parece um tanto utópico proibir a progressão de 
regime neste caso, quando, não tendo a Lei 10.763/03 alterado 
o artigo 83 do Código Penal, permitir que o condenado tenha 
Livramento Condicional com cumprimento de 1/3 da pena(se 
primário) ou 1/2(se reincidente) ou 2/3(se crime hediondo), 
presentes os requisitos, entre eles, a reparação dos danos, 
SALVO IMPOSSIBILIDADE EFETIVA DE FAZE-LO(artigo 83, IV 
do CP). 
 
Como pode o mais(Livramento Condicional sem a necessidade 
de reparação de danos, em caso de impossibilidade real e, 
também, dependendo do Decreto-Presidencial, indulto sem a 
necessidade de reparação dos danos), mas não pode o 
menos(progressão de regime quando não há possibilidade 
efetiva de faze-lo) ? 
 
O condenado esperará o Livramento Condicional e o dano não 
será reparado. Então porque não progredir o regime, já que o 
inevitável acontecerá(Livramento Condicional e dependendo da 
situação, até o indulto) ? 
 
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39 
Porém, a Lei não pensou que o juiz, antes de condenar e efetivar 
a pena aflitiva, em alguns crimes contra a administração 
pública, poderá dar pena alternativa: restritiva de direito(artigo 
44 do CP) ou sursis(artigo 77 do CP). 
Ademais, o artigo 33, parágrafo quarto é discriminatório, 
ofende o princípio da igualdade, pois somente proíbe a 
progressão de regime, onde não haja reparação dos danos, nos 
“crimes contra a administração pública”, leia-se, artigos 312 
e seguintes do CP(Título XI do Código Penal), já que a própria 
Lei 10.763/03, no seu artigo 2º, fez modificações nos artigos 
317(corrupção passiva) e 333(corrupção ativa) do CP. 
 
Todavia, e os crimes que afetam com mais intensidade o erário 
público, como os de lavagem de dinheiro, colarinho branco, 
evasão de divisas, contra o sistema financeiro em geral ? Por 
que o legislador não usou a expressão “nos crimes contra o 
erário público” ao invés “nos crimes contra a administração 
pública” ? 
 
Por todo o exposto, em face da quebra do princípio 
constitucional da igualdade, da individualização da pena, bem 
como quebra do princípio da proporcionalidade(Devido Processo 
Legal Substancial – uma lei não pode proibir progressão de 
regime em crime não hediondo), a Lei 10.763/03 é 
inconstitucional. 
 
E para reforçar nossa tese esposada, percebemos que a própria 
Lei 10.763/03 ampliou a pena mínima dos crimes de corrupção 
ativa(artigo 333 do CP) e passiva(artigo 317 do CP) de um ano 
para dois anos, com a nítida intenção de proibir a suspensão 
condicional do processo(artigo 89 da Lei 9.099/953). 
 
É como se o legislador assim dissesse para o réu que pratica 
crime contra a administração pública: 
 
3 O professor Thales Tácito defende tese de suspensão condicional do processo virtual, projetada, 
antecipada ou em perspectiva por 2 anos, de forma que o aumento nos crimes de corrupção ativa 
e passiva, para o professor, em nada altera a possibilidade de oferecimento da benesse do artigo 
89 da Lei 9.099/95(sobre o tema, vide artigo jurídico sobre a – suspensão condiconal do processo 
virtual, projetada, antecipada ou em perspectiva – no Instituto de Ensino Luiz Flávio 
Gomes(www.ielf.com.br - artigos jurídicos do professor Thales Tácito). 
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40 
 
- “No estado de inocência, enquanto você é processado, você não 
tem direito a reparar os danos causados e receber o benefício da 
suspensão condicional do processo; porém, em caso de 
condenação, poderá receber o artigo 44 do Código Penal, ainda 
que diferente de prestação pecuniária. Mas se não receber pena 
restritiva de direito, não pode progredir o regime se não reparar o 
dano. Porém, pode receber o benefício do Livramento 
Condicional(artigo 83, IV do CP), mesmo sem reparar os danos”. 
 
Só faltou o legislador perguntar: 
 
-Entendeu ? Você com isso vai ressocializar? 
 
A idéia de reparação de danos em crimes contra o Erário 
Público é interessante, porém, da forma feita acaba novamente 
virando uma turbulência legiferante de uma incongruência 
maior que o próprio crime. 
Para finalizar, no Brasil, a pena de concussão(2 a 8 anos), com 
a mudança da Lei 10.763/03, ficou menor que a pena da 
corrupção ativa(2 a 12 anos) e passiva(2 a 12 anos), uma vez 
que o grau máximo dos dois últimos crimes foi elevado, 
enquanto que a pena máxima do crime de concussão 
permaneceu intocado. 
 
 
Desta forma, a conduta típica de EXIGIR do funcionário 
público, por exemplo, passa a ser menor grave do que um 
particular OFERECER vantagem indevida a funcionário público. 
 
Portanto, após o advento da Lei 10.763/03 o juiz, em caso de 
condenação por crime de corrupção ativa ou passiva que se 
aproxime da pena máxima, terá que aplicar o princípio da 
proporcionalidade para julgar a pena da corrupção(ativa e 
passiva) inconstitucional, incidenter tantum(controle difuso de 
constitucionalidade), para entender que a pena desta é a mesma 
da concussão(2 a 8 anos e não 2 a 12 anos). 
 
 
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41 
Portanto, o Devido Processo Substancial é sinônimo de princípio 
da proporcionalidade ou razoabilidade, ou seja, todos os atospúblicos(sejam do Legislativo, Executivo e principalmente 
Judiciário) devem ser equilibrados ou proporcionais à ofensa. 
Conceitualmente possui 2 correntes: 
a) unitária: proporcionalidade e razoabilidade são 
sinônimos; 
b) dualista: enquanto a proporcionalidade se refere ao 
âmbito das penas, a razoabilidade refere-se para todos os 
demais atos públicos. 
 
 
Exemplo: a primeira aplicação do princípio da razoabilidade no 
Brasil ocorreu no Supremo Tribunal Federal(STF) em 1951, no 
Recurso Especial 18.331, relator Orozimbo Nonato. Nesta époc 
ao Rio de Janeiro adotou custas judiciais(taxa judiciária) em 
50% do valor da causa. O STF, por seu relator, entendeu que a 
lei não guardava razoabilidade, chegando o culto Ministro a 
afirmar que tal previsão não era de taxa e sim de ‘sociedade’(o 
Estado se tornava sócio). 
 Outros precedentes do princípio: ADIns 966-4 e 958-3, relator 
Ministro Moreira Alves(1994); ADIn 1.158-8, Ministro Celso de 
Mello(1994). 
 
Significado real: De origem Alemã, toda vez que houver restrição 
a direitos fundamentais, não poderá haver excesso 
 
Aplicação prática: é possível os órgãos do Judiciário julgar 
inconstitucional um ato do Legislativo, Executivo ou mesmo do 
próprio Judiciário, no controle difuso de constitucionalidade, se 
este não for proporcional ou razoável. 
 
Ex: beijo lascivo não pode ter pena de atentado violento ao 
pudor(6 anos), como é a pena do homicídio simples, mas sim, 
pena da contravenção de importunação ofensiva ao pudor, que 
cabe aplicação da Lei 9.099/95. 
 
 
 
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42 
Ex2: o juiz condena o agente por lesão corporal culposa no 
trânsito(art.303, CTB), porém, aplica a pena do crime de lesão 
corporal dolosa leve do art.129 do CP, já que o crime culposo 
não pode ter pena superior ao do crime da mesma espécie, 
porém doloso. Seria desproporcional a culpa ter pena maior do 
que o dolo, como o legislador brasileiro fez no exemplo citado, 
pois do contrário era melhor dizer que quis a lesão ao invés de 
sustentar a culpa. 
 
Ex3: a pena da corrupção ativa e passiva(2 a 12 anos) não pode 
ser superior a da concussão(2 a 8 anos), enquanto esta não for 
alterada, porquanto ofende a proporcionalidade o tipo da 
corrupção ter pena maior do que o tipo da concussão, cujos 
verbos são potencialmente mais ofensivos. 
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43 
9. Estrangeiros e progressão de regime. 
Os estrangeiros têm direito à progressão de regime ? 
a) se estiverem com expulsão ou extradição decretada, não é 
cabível a progressão para os regimes semi-aberto e aberto dos 
estrangeiros condenados (STF), devendo aguardar as 
providências de recambiamento internacional; 
b) se não estiverem com expulsão ou extradição decretada, é 
cabível a progressão de regimes, desde que não condenados por 
crime hediondo(corrente dominante), em face do princípio 
constitucional da isonomia(artigo 5º, caput da CF/88) que não 
distingue nacionais de estrangeiros. 
10. Progressão de regime e execução provisória. 
 
Execução penal provisória é a possibilidade da 
sentença penal condenatória produzir seus efeitos, mesmo 
antes do seu trânsito em julgado. 
 
Numa primeira visão poderíamos pensar que a figura 
da execução penal provisória violaria o princípio constitucional 
da presunção do estado de inocência (artigo 5º, LVII da Carta 
Magna). Mas tendo em vista que o artigo 617 do CPP veda 
expressamente a reformatio in pejus, o instituto da execução 
penal provisória se justifica apenas para beneficiar o réu, sendo 
que para sua incidência, segundo a jurisprudência dos 
Tribunais, se faz mister a presença de dois requisitos básicos: 
1) sentença penal condenatória transitada em julgado 
para acusação; e 
2) pendência de recurso exclusivo da defesa 
desprovido de efeito suspensivo. 
 
 
Nota do autor: nos preocupamos apenas em traçar linhas gerais sobre o instituto, bem como 
indicar a sua aceitação pelos Tribunais Superiores. Para uma leitura mais aprofundada do tema é 
imprescindível a leitura da obra “Direito Processual Penal”, Editora Forense, Professor Afranio Silva 
Jardim. 
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44 
Súmula 716 do STF: 
Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena 
ou a aplicação imediata de regime menos severo nela 
determinada, antes do trânsito em julgado da sentença 
condenatória. 
O artigo 105 da LEP exige trânsito em julgado da pena privativa 
de liberdade para efeito de iniciar a execução penal, com a 
expedição da guia de levantamento. 
Todavia, a doutrina e jurisprudência, diante do princípio do 
favor rei, começou a admitir a execução provisória da pena 
aflitiva, na medida em que, por força da demora no julgamento 
de recursos da sentença de conhecimento condenatória, o réu 
muitas vezes não tinha direito a benefícios da execução, como a 
progressão de regime, que lhe possibilitaria sair de um regime 
mais duro(fechado, por exemplo) para um mais brando(semi-
aberto, por exemplo). 
Assim, por força da LEP, onde somente o trânsito em julgado 
fazia iniciar a execução penal e seus benefícios(progressão, 
saída temporária, indulto, livramento condicional), muitos réus 
deixavam de recorrer, aceitando a sentença condenatória, o que, 
em muitos casos, violava por completo o princípio 
constitucional da inocência, já que o réu, por questão 
meramente processual, leia-se, para não se ver prejudicado, 
desistia do recurso ou aquiescia com a sentença, abrindo 
mão de discutir a sua inocência. 
 
Portanto, a execução provisória da sentença condenatória, para 
doutrina e jurisprudência dominante dos Tribunais, ganhou 
corrente dominante, diante dos princípios do favor rei, da 
preservação do princípio da inocência até o julgamento final do 
recurso, sem que com isso o réu fosse prejudicado e também 
por força do artigo 2º parágrafo único da Lei nº 7.210/84, que 
permitia a execução penal para os presos provisórios(presos em 
flagrante, preventiva, temporária, pronúncia e sentença 
condenatória recorrível). 
 
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45 
Ora, se para o preso provisório era permitida a execução 
provisória da pena, permitindo o trabalho para o mesmo, para 
futura remição se a condenação se confirmasse com o 
respectivo trânsito, também era possível a execução provisória 
de réus soltos, ainda que durante a fase recursal. 
 
Nesse sentido: 
 
 
EXECUÇÃO PENAL – CUMPRIMENTO ANTECIPADO DA PENA – 
REQUERIMENTO DO CONDENADO – A execução penal 
pressupõe sentença condenatória trânsita em julgado. 
Conseqüência lógica do princípio da presunção de inocência. 
Não havendo recurso do Ministério Público, restando somente 
da defesa, a execução, uma vez requerido pelo condenado, pode 
ser antecipada. A condenação tornara-se definitiva para a 
acusação. Com isso, o condenado antecipa o cumprimento da 
pena. (STJ – HC 3.802 – 6ª T. – Rel. Min. Luiz Vicente 
Cernicchiaro – DJU 06.05.1996). 
 
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46 
SENTENÇA CONDENATÓRIA – RÉ PRESA – CONCESSÃO DE 
REGIME SEMI-ABERTO – REGIME QUE DEVE EFETIVAR-SE 
DE IMEDIATO – Após o trânsito em julgado, o réu deve ser 
removido, através de expedição de ofício, ao estabelecimento 
penal adequado, mas mesmo antes, a Lei de Execução Penal, 
em seu artigo 2º, parágrafo único, estabelece a sua aplicação ao 
preso provisório, expressão usada para o condenado, cuja 
sentença desfavorável, ainda não tenha transitado em julgado 
para ele. (TACrimSP – HC 217.902-7 – 11ª C. – Rel. Juiz Sidnei 
Beneti – J. 09.12.91 (RJ 176/137) 
 
Portanto, a Súmula 716 do STF veio consolidar uma situação já 
existente na prática forense, durante muitos anos. 
 
Importante destacar que a execuçãoprovisória sempre foi 
aplicada no caso de haver recurso exclusivamente da defesa, 
pois neste caso não poderia o réu ter sua situação 
agravada(proibição da reformatio in pejus). 
 
A Súmula 716 do STF, no entanto, não mencionou os casos em 
que a execução provisória pode ocorrer. Será que a mesma pode 
ocorrer havendo recurso Ministerial para alteração da pena ? 
Entendemos que não, baseado na jurisprudência atual, já que 
havendo recurso ministerial que pode agravar a situação 
prisional, se houvesse execução provisória, por exemplo, 
progressão de regime, como se faria no caso de provimento do 
recurso ? Haveria regressão do regime ? Evidente que nesta 
situação não se aplica a súmula 716 do STF, porquanto haveria 
cerceamento da acusação, em prejuízo ao princípio da igualdade 
entre as partes no Processo Penal. 
 
Concluímos que a Súmula 716 do STF somente pode ser 
aplicada no caso de não haver recurso do Ministério 
Público(recurso exclusivo da defesa sem efeito suspensivo) ou, 
havendo recurso ministerial, sem possibilidade deste alterar o 
quantum fixado no édito condenatório e desde que compatível 
com o pedido de execução provisória. 
 
 
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47 
 
11. Progressão de regime, execução provisória e prisão 
especial. 
 
Súmula 717 do STF: 
Não impede a progressão de regime de execução da pena, 
fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o 
réu se encontrar em prisão especial 
 
 
O artigo 295 do CPP enumera um rol4 de situações ligadas a 
cargo, curso superior, profissão etc. Nestas situações, se 
alguém responder preso a fase processual(flagrante, 
temporária, preventiva, prisão por pronúncia ou decorrente 
de sentença condenatória recorrível), deve ser recolhido à 
quartéis(no caso de militares) ou prisão especial. 
 
Mas o que se entende por prisão especial ? 
Atualmente, prisão especial consiste exclusivamente no 
recolhimento em local distinto da prisão comum (artigo 295, 
parágrafo primeiro, sendo que o este parágrafo foi 
acrescentado pela Lei nº 10.258, de 11.07.2001, DOU 
12.07.2001). 
 
4 O rol do artigo 295 do CPP que deve recolher-se a quartéis ou prisão especial, durante o 
processo de conhecimento é: 
I - os ministros de Estado; 
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus 
respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia(redação 
dada pela Lei nº 3.181, de 11.06.1957) 
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias 
Legislativas dos Estados; 
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito''; 
V - os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; 
(redação dada ao inciso pela Lei nº 10.258, de 11.07.2001, DOU 12.07.2001. Nota: Assim 
dispunha o inciso alterado:"V - os oficiais das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros") 
VI - os magistrados; 
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; 
VIII - os ministros de confissão religiosa; 
IX - os ministros do Tribunal de Contas; 
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos 
da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; 
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. 
(redação dada ao inciso pela Lei nº 5.126, de 29.09.1966) 
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48 
 
Desta forma, não havendo vagas nos quartéis ou não 
existindo unidades que se prestam para a guarda de presos 
especiais (ou se existindo, não havendo vagas), enfim, não 
havendo estabelecimento específico para o preso especial, a 
manutenção do acautelamento em acomodações que 
atendam os requisitos de salubridade do ambiente, com 
aeração, insolação e temperaturas adequadas à existência 
humana, devidamente separadas da prisão comum, cumpre 
as exigências legais, de forma que este poderá ser recolhido 
em cela distinta do mesmo estabelecimento como cadeia. 
 
A Lei nº 10.258, de 11.07.2001, DOU 12.07.2001 estabeleceu 
ainda que os direitos do preso especial serão apenas não ser 
transportado juntamente com o preso comum e ter cela 
distinta dos presos comuns, de forma que os demais direitos 
e deveres do preso especial serão os mesmos do preso 
comum, não podendo mais ter a regalia de visitas fora dos 
horários estabelecidos, alimentação especial trazida pela 
família etc. 
 
 
Assim, a Súmula 717 do STF, nesta primeira hipótese, deve 
ser combinada com a Súmula 716 do STF(execução 
provisória), também já estudada, uma vez que a Súmula 717 
consiste na fusão desta com a anterior. 
 
Exemplo: suponhamos que um magistrado(artigo 295, VII 
CPP) esteja respondendo processo preso, por força de prisão 
em flagrante por crime inafiançável, do qual não caiba 
Liberdade Provisória por falta de requisitos subjetivos e por 
estar presente um dos motivos da prisão preventiva(por 
exemplo, conveniência da instrução criminal). Por força do 
artigo 295 e seus parágrafos do CPP, este magistrado deve 
ser recolhido em prisão especial, sendo recolhido em cadeia 
pública em local distinto dos presos comuns. 
 
 
 
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49 
Após a instrução, o Tribunal de Justiça(em face do foro pela 
prerrogativa de função do magistrado) profere sentença 
condenatória, fixando o regime fechado como o regime inicial 
da pena. 
Suponhamos que, inconformado, o réu interponha recurso, 
porém, o processamento deste, pela demora no julgamento, 
permita que o mesmo tenha direito a progressão para o 
regime semi-aberto, por ter cumprido 1/6 da pena, bem 
como direito à saída temporária para visitar à família(artigos 
122 e 123 da LEP). Pode o mesmo ter essa progressão de 
regime, se presentes os requisitos objetivos e subjetivos, bem 
como a saída temporária ? 
 
Segundo as Súmulas 716 do STF o mesmo tem direito à 
execução provisória, logo, perfeitamente possível isto, sendo 
que pela Súmula 717 do STF, o fato do mesmo encontrar-se 
em prisão especial, não impede tal execução provisória, de 
forma que terá direito a saída temporária por 7 dias para 
visitar a família e depois retornar, bem como terá direito a 
progressão do regime, ou seja, sairá do regime fechado para o 
semi-aberto, continuando na prisão especial onde se 
encontre, até o trânsito em julgado, caso em que, perderá 
direito a cela especial, misturando-se com outros presos, 
salvo no caso do artigo 845, parágrafo segundo da LEP. 
 
Nota: Se este preso provisório com prisão especial estivesse 
no regime semi-aberto, por força de sentença condenatória 
ainda não transitada em julgado, poderia progredir para o 
regime aberto se cumprisse 1/6 da pena, ou seja, 
permaneceria na mesma cela especial, porém, trabalhando 
durante o dia e recolhendo-se aos sábados, domingos e 
feriados, sendo que, no caso de transitar em julgado a 
sentença, confirmando a condenação, passaria a misturar-se 
com os demais presos, salvo no caso do artigo 84, parágrafo 
segundo da LEP. 
 
 
 
5 “O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da administração da justiça criminal 
ficará em dependência separada” 
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira 
Instituto de Ensino Luiz Flávio Gomes 
50 
Nota: A Súmula 716 e 717 do STF podem encontrar obstáculo na Lei 
10763/03. Exemplo: suponhamos que no exemplo acima, o magistrado tenha 
sido preso em flagrante por crime contra o erário público(crime contra a 
administração pública). Com a nova redação do artigo 33, parágrafo quarto do 
Código Penal, conforme estudado acima, não seria possível haver a execução 
provisória deste réu, ou seja, não poderia o mesmo progredir de regime, salvo 
se o mesmo reparasse o dano

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