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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL NELSON HENRIQUE DE ARAÚJO Disciplina: PROCESSO CIVIL NOVO CPC RESENHA CRÍTICA O Novo CPC e seu Impacto O novo Código de Processo Civil, inegavelmente, trouxe uma série de substanciais alterações no regular trâmite processual brasileiro. É de farta sabença que o Brasil adota o sistema “civil law” também chamado de sistema romano-germânico, ao qual a lei é a fonte imediata do direito, ou seja, há predominantemente a presença do positivismo nas relações jurídicas e sociais. Ocorre que com o advento do Novo Código de Processo Civil, um outro sistema de normas já presente em outros países inaugurou uma nova era no Brasil em relação às fontes do direito, qual seja o sistema Common Law. O referido sistema, de forte influência anglo-saxônica, baseia-se, fundamentalmente, no sistema de precedentes judiciais, base principiológica do NCPC, à medida que é possível verificar em vários de seus dispositivos, menções a esse tipo de fonte do direito. Em que pese a LINDB trazer em seu artigo 4ª outras fontes do direito diversa da lei, como a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, imperava até então no Brasil a norma jurídica positivada, vindo, portanto, o NCPC quebrar esse paradigma. Fato é que o NCPC, além de buscar efetivar a importância dos precedentes judicias a serem aplicados ao caso concreto, visto que norteia-se na tentativa de estabilização da jurisprudência, com o maior respeito aos precedentes por parte dos tribunais e juízes, intentou, ainda, dar mais segurança ao sistema, possibilitando a modulação dos efeitos das decisões judiciais, especialmente no caso de mudança de entendimento jurisprudencial, algo que já é realizado pelo STF em controle concentrado de constitucionalidade, mas que ainda encontra resistência nos demais tribunais, tratando- se, portanto, de uma saudável inovação. Ainda no campo dos precedentes, criação do incidente de resolução de demandas repetitivas, para que causas massificadas sejam julgadas pelos tribunais e, a partir disso, sirvam como precedente para os demais. Ademais, trouxe, ainda, outras ferramentas que materializam princípios constitucionais como a regular duração do processo e a efetividade da tutela jurisdicional. Pode-se citar, por exemplo, o princípio da cooperação entre as partes, o qual prescreve que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si, para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva, com fulcro no artigo 6º do NCPC. Tal princípio, indiscutivelmente, traz mais celeridade ao processo sendo um dos grandes pilares do Novo Código de Processo Civil, coadunando-se, outrossim, os ditames constitucionais dito alhures. Além disso, trouxe como inovação a unificação do processo cautelar e da tutela antecipada, com o fim do processo cautelar autônomo e de cautelares específicas, decerto que essas cautelares patrimoniais continuarão a ser utilizadas no cotidiano forense. Por outro lado, o NCPC também trouxe consigo empecilhos e certos retrocessos no regular trâmite processual. Um exemplo forte disso é a criação de uma audiência obrigatória de “conciliação e mediação” antes da apresentação de contestação pelo réu – o que pode resultar na efetivação de acordos; mas, também, propiciará uma ferramenta para protelar o processo, para o réu mal intencionado (o que não poderá ser presumido pelo magistrado, para fins de aplicação de penalidades. Outra grande inovação é o que diz respeito aos prazos processuais. Todos eles a partir de agora são contados em dias úteis e em sua grande maioria em 15 dias com exceção dos embargos de declaração que são contados em 5 dias. O artigo 219 do novo CPC estabelece que “na contagem de prazos em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis”. Em seguida, o parágrafo único desse dispositivo ainda dispõe que, somente aos prazos processuais se aplica essa contagem em dias úteis. Tais alterações vieram para facilitar o funcionamento do sistema de justiça e facilitar o trabalho dos operadores do direito, em especial dos advogados, decerto que há críticas quanto a essa alteração, notadamente no que atine a morosidade processual advinda da contagem em dias úteis. Ante todo o exposto, percebe-se que o NCP veio para trazer um sistema jurídico mais isonômico, bem como um ambiente de maior segurança jurídica, o que certamente constitui elemento relevante para a melhoria da tutela jurisdicional do estado. Portanto, pode-se concluir que os impactos do Novo Código de Processo Civil, seja pelos fatores positivos, seja pelos negativos, estão sendo e serão objetos de debates, estudos e possíveis discussões e polêmicas, que tanto fascinam os estudiosos do Direito, de modo que o desejo deste novo CPC é produzir bons resultados na prática, beneficiando o jurisdicionado e, por, conseguinte, a sociedade brasileira.
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