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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 MÓDULO III 11 MÉTODO MÉZIÈRES – INÍCIO DO CONCEITO DE CADEIAS MUSCULARES No final da década de 40, Françoise Mézières, fisioterapeuta corporal, através de uma observação cuidadosa, desenvolveu uma teoria sobre os desequilíbrios corporais, segundo a qual todos os desvios de postura são causados pela hiperlordose (encurtamento anormal da coluna vertebral), afetando toda a “cadeia muscular posterior” responsável pelo equilíbrio. (Andrei, 2001) Mademoiselle Françoise Mézières, que nasceu na França em 1909, ensinou o seu método do fim dos anos 50 até sua morte em 1991, somente para os fisioterapeutas diplomados. Mézières acabou influenciando alunos que vieram a criar suas próprias técnicas, como Philippe-Emmanuel Souchard, que ensinou o método Mézières durante dez anos no centro Mézières, no sul da França, e criou o método conhecido como Reeducação Postural Global (RPG). FRANÇOISE MÉZIÈRES FONTE: Disponível em: < http://www.pucrs.br>. Acesso em: 18.12.2009. Françoise Mézières dedicou-se intensivamente ao estudo da mecânica muscular. Suas descobertas levaram-na concluir que a cadeia muscular posterior, que interliga os pés à cabeça, trabalha como um só músculo, obrigando os demais, AN02FREV001/REV 4.0 4 menos potentes, a seguir seus “comandos”; e que o deslocamento das massas do corpo (cabeça, barriga e costas) faz com que as curvas vertebrais se acentuem, obrigando os músculos ligados às vértebras a tomarem uma posição de arco côncavo; e que essa curva e o achatamento da musculatura posterior só tendem a agravar-se com o decorrer dos anos. A essa curvatura dá- se o nome de lordose. A partir dessas descobertas, Mézières afirmou que as alterações provinham do excesso de força da cadeia posterior, sugerindo então que a solução seria soltar os músculos posteriores para que eles libertassem as vértebras mantidas no arco côncavo. Concluiu também que não é somente o esforço para ficar em equilíbrio que encurta os músculos posteriores, mas, também todos os movimentos de média e grande amplitude executados pelos braços e pernas, que estão ligados pela coluna vertebral. Mézières observou que cada vez que tentava tornar menos acentuada a curva de um seguimento da coluna vertebral, a curva era deslocada para outro seguimento. Desta forma era necessário considerar o corpo em sua totalidade e cuidar dele como um todo. Então, seguindo as observações e princípios de Françoise Mézières, em 1947, nascia o método Mézières, através da observação de uma paciente afetada de hipercifose e de uma grave forma de artrite escapuloumeral bilateral que limitava quase que totalmente o movimento natural da articulação superior. Através de seus estudos e descobertas, Mézières aplicou as melhores formas possíveis de posturas corrigidas cuidadosamente de maneira ativa e com longa duração, obtendo assim excelentes resultados. Na publicação com o título “Revolução na Ginástica Ortopédica”, Françoise afirmou que as lordoses estão na origem de todas as deformações, as afecções decorrentes da lordose são devidas as compensações musculares causadas por esta curvatura. Mademoiselle Françoise Mézières propôs então, um tratamento com base no alongamento dos músculos que causam a lordose e músculos rotadores internos (músculos posteriores), por manutenção postural prolongada a fim de obter um efeito corretivo das massas musculares. O Método Mézières buscou tratar as causas e não os sintomas, o físico e o emocional, proporcionando o bem-estar dos pacientes através de um método completo de aplicação dos princípios das cadeias musculares. AN02FREV001/REV 4.0 5 Seu conceito sobre cadeias musculares: “É um conjunto de músculos de mesma direção e sentido que trabalham como um só músculo. São geralmente poliarticulares e se recobrem como telhas de um telhado” (Andrei, 2001). 12.1 PRECURSORES DAS CADEIAS MUSCULARES Therése Bertherat, fisioterapeuta, foi aluna de Françoise Mézières e ficou fascinada pelos seus conceitos assim como pelo rigor e pela precisão do seu método. Assim, criou a antiginástica nos anos 70, na França. Ela define a antiginástica como um trabalho de prevenção que se destina a todos e é praticada em grupo onde o valor está na conscientização do movimento. THERÉSE BERTHERAT FONTE: Disponível em: < http://www.pucrs.br>. Acesso em: 18.12.2009. Phillipe Souchard, fisioterapeuta francês, associou-se à Mézières e hoje é reconhecido mundialmente como o criador do RPG. Realizou profundos estudos sobre anatomia dos animais e dos humanos, chegando ao método do Campo Fechado, que analisa o movimento humano de forma global e holística. Seu conceito AN02FREV001/REV 4.0 6 sobre cadeias musculares: “Grupos musculares com as mesmas características histológicas e fisiológicas, interligadas por uma rede aponeurótica.” (Andrei, 2001). PHILLIPE E. SOUCHARD FONTE: Disponível em: <fotos.sapo.pt/nRgpdZM0hRgZsyrlv4E0/>. Acesso em: 17.12.2009. Godelieve Denys Struif, fisioterapeuta e retratista, concebeu um conjunto de posturas designativas de estados “psicofísicos” e personalísticos específicos. Desenvolveu o método GDS. “O indivíduo se estrutura sobre a sua história de vida. As cadeias musculares irão moldar o indivíduo de acordo com as suas necessidades de expressão corporal” (Andrei, 2001). GODELIEVE DENYS STRUIF FONTE: Disponível em: < www.methode-gds.com/images/equipe/godelieve.jpg>. Acesso em: 17.12.2009 Leopold Busquet criou o mais dinâmico dos métodos neo-mézièristas. Grande conhecedor da anatomia humana, Leopold Busquet concebeu um conjunto de várias cadeias dinâmicas (cadeias de flexão e extensão, cadeias cruzadas), para além de uma cadeia estática posterior. Para ele, as Cadeias Musculares baseiam-se em três princípios: equilíbrio, economia e conforto. O tratamento é feito de forma analítica (liberação de zonas chaves) e global para rearmonizar a fisiologia das cadeias musculares. AN02FREV001/REV 4.0 7 LEOPOLD BUSQUET FONTE: Disponível em: < www.methode-gds.com/images/equipe/godelieve.jpg>. Acesso em: 17.12.2009 Michael Nisand, responsável por um método criado nos anos 90, logo após a morte de Françoise Mézières; sendo este o mais “neurológico” dos métodos, pois valoriza todas as modalidades de trabalho postural que facilitem a “inibição tônica” da musculatura postural. MICHAEL NISAND FONTE: Disponível em: < www.methode-gds.com/images/equipe/godelieve.jpg>. Acesso em: 17.12.2009 11.2 DEFINIÇÃO DE CADEIAS MUSCULARES A noção de cadeias musculares vem, prioritariamente, da organização que unifica o sistema locomotor. Uma organização que unifica o corpo, da cabeça às mãos e aos pés. AN02FREV001/REV 4.0 8 Segundo definição de Busquet, as cadeias musculares são circuitos anatômicos onde se propagam as forças organizadoras do corpo, onde se estruturam as compensações. 11.3 MÉTODO RPG (REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL) É um método criado na França em 1980, pelo fisioterapeuta francês PhillipeEmanuel Souchard, que, com os conceitos iniciais de cadeias musculares aprendidos com Mézières, desenvolveu o método hoje conhecido como RPG. O RPG é um método manual para liberar pontos de tensão apresentados nas diferentes cadeias e dar nova função, preservando ou restituindo o equilíbrio estático e dinâmico. O tratamento pelo RPG visará reequilibrar as fontes de tensões musculares, articulares, viscerais, cranianas que estão na origem das compensações, das deformações. O tratamento com RPG é realizado através de posturas estáticas, com o objetivo de atuar neste conjunto de cadeias musculares, de modo que os músculos estáticos sejam alongados, enquanto que os dinâmicos devem ser contraídos. As posturas são feitas em conjunto com exercícios respiratórios, no qual o paciente faz 80% do trabalho, seguindo orientação do fisioterapeuta. O tratamento pode durar de três meses a dois anos, com uma sessão semanal de 50/60 minutos. Sendo assim, partindo da consequência até a causa do problema, o RPG busca reencontrar a boa morfologia corporal e solucionar os problemas relacionados a ela. Segundo Souchard, cinco são as cadeias musculares que serão avaliadas e que poderão sofrer atuação: a inspiratória, a posterior, a anterointerna da bacia, a anterior do braço e a anterointerna do ombro. 11.3.1 Cadeia inspiratória AN02FREV001/REV 4.0 9 Compreende os músculos escalenos, peitoral menor, intercostais, diafragma e seu tendão. Em caso de encurtamento desta cadeia não mais será possível alongar a nuca, soltar os ombros ou corrigir a lordose lombar sem acarretar um bloqueio inspiratório. No caso de retração mais evidente dos escalenos e peitorais menores, a região superior do tórax será particularmente afetada. Quando da retração mais evidente do diafragma e seus pilares, as seis últimas costelas colocar-se-ão em posição de inspiração. Consequentemente, a expiração levará os ombros e a nuca para frente e então poderá realizar-se corretamente graças a uma compensação: a flexão dorsal anterior. Comprometimentos desta cadeia: protração dos ombros, tórax inspiratório, protração da cabeça e aumento da lordose lombar. 11.3.2 Cadeia posterior Compreende os músculos espinhais, glúteo máximo, isquiotibiais, poplíteo, tríceps sural e os da planta do pé. O encurtamento dos espinhais altera a harmonia das curvas vertebrais: nuca curta e cabeça elevada, ausência de cifose dorsal e/ou hiperlordose lombodorsal. O encurtamento dos músculos estáticos dos membros inferiores impede o bom posicionamento de diferentes segmentos: joelho varo ou valgo, calcâneo varo ou valgo, de acordo com a predominância da rigidez dos músculos da coxa, da panturrilha ou da planta do pé. Comprometimentos desta cadeia: elevação da cabeça, desequilíbrios das curvas vertebrais, coxofemural aberto, alterações do joelho e calcâneo (varo ou valgo), ângulo tíbiotársico aberto ou fechado. CADEIA MESTRA POSTERIOR AN02FREV001/REV 4.0 10 FONTE: Souchard: Reeducação postural global, 2007. ENCURTAMENTO CADEIA POSTERIOR AN02FREV001/REV 4.0 11 FONTE: Struyf: Cadeias musculares e articulares, 1995. 11.3.3 Cadeia anterointerna do ombro É constituída pelo subescapular, coracobraquial e peitoral maior. Prolonga- se pela cadeia anterior do braço. A perda de flexibilidade desta cadeia ocasiona adução e rotação medial do braço. Comprometimento desta cadeia: adução de ombros e rotação medial dos ombros. 11.3.4 Cadeia anterior do braço AN02FREV001/REV 4.0 12 Suspensores do braço, do antebraço, da mão e dedos. Trapézio superior, deltoide médio, coracobraquial, bíceps, braquiorradial, pronador redondo, palmares, flexores dos dedos e os músculos da região tenar e hipotenar. Comprometimento desta cadeia: ombros elevados, cotovelo fletido, pronação de antebraço e flexão de punhos e dedos. CADEIA ANTERIOR DO BRAÇO FONTE: Disponível em: <www.reeducacaopostural.blogspot.com>. Acesso em: 17.12.2009. 11.3.5 Cadeia anterointerna da pelve Iliopsoas, adutores pubianos (pectíneo, adutor curto, adutor longo, grácil e porção anterior do adutor maior). Em cima ela continua pelos espinhais graças à ação lordosante desses músculos sobre os ilíacos e a coluna lombar. Embaixo, sendo o psoas e adutores pubianos flexores e rotadores internos do fêmur, quando o indivíduo está em pé, ela prolonga-se com o poplíteo, a panturrilha e os músculos plantares. A retração desta cadeira acarreta uma adução rotação interna dos fêmures e uma hiperlordose lombar. Comprometimentos desta cadeia: aumento da lordose lombar, flexão de quadril, rotação medial e adução do quadril, joelhos valgos. AN02FREV001/REV 4.0 13 CADEIA ANTEROINTERNA DA PELVE Disponível em: <www.reeducacaopostural.blogspot.com>. Acesso em: 17.12.2009. AS CADEIAS MUSCULARES SEGUNDO SOUCHARD FONTE: Souchard: Reeducação postural global, 2007. 12 POMPAGENS As cadeias de fáscias são virtuais, existem apenas na teoria fisiológica. Dizem respeito apenas à função mecânica que utiliza diversos órgãos. Esses órgãos encontram-se ligados entre si pelo tecido conjuntivo, das fáscias, das aponeuroses e etc. AN02FREV001/REV 4.0 14 As pompagens serão utilizadas dentro de uma posição precisa, que Françoise Mezières denominou “postura”. Esta posição é em decúbito dorsal, nuca em extensão. Os dois membros inferiores alongados fletidos a 90 graus sobre o quadril, os dois pés em talo. Esta posição coloca toda a musculatura posterior, antigravitacional, sob tensão. 12.1 APONEUROSE SUPERFICIAL Essa grande aponeurose é, seguramente, a mais importante de toda a anatomia, recobrindo toda a face externa do corpo. Por ser a maior e principal aponeurose, torna-se um órgão mecânico da coordenação motora, fazendo parte de várias cadeias igualmente, tornando-se assim foco principal nas intervenções posturais. A aponeurose superficial é composta por um conjunto de todas as aponeuroses; esta envolve o corpo e tem poucas inserções fixas; além disso, muitas dessas inserções ocorrem sobre ossos móveis, como por exemplo, a fíbula, e envolve profundamente todo o sistema contrátil muscular. Diante da visão deste conjunto membranoso, conseguimos compreender que uma falta de mobilidade em um local qualquer possa provocar uma lesão à distância. A aponeurose superficial apresenta-se como duas aponeuroses simétricas, recobrindo paralelamente cada hemilado corporal. Sua inserção ocorre na porção posterior, ao longo da coluna e, na frente, sobre o esterno e a linha alba. Essa visão de uma aponeurose única, sempre em conjunto com suas extensões, leva a uma noção fundamental da base dos métodos globais de alongamentos posturais. Não há deformidade ou correção única, isolada ou localizada. No tratamento de deformidades ou limitações com base nos princípios da reeducação postural, e tendo em vista a funcionalidade aponeurótica, observa-se que o mesmo deve ser realizado de forma global. AN02FREV001/REV 4.0 15 12.2 CADEIA PROFUNDA CERVICOTORACOABDOMINAL É considerada a mais sólida e mais volumosa fáscia da anatomia. Devido à união de três pontos de sustentação é chamada de cadeia dos três diafragmas, ao qual se unem os quatro membros. A porção superior suspende o diafragma na base do crânio e na coluna cervicodorsal alta que comanda os membros superiores; a porção inferior suspende os membros superiores ao diafragma e a coluna lombar. O diafragma é dessa forma, a ligação entre os dois níveis. O diafragma não é um músculo, e sim um conjunto tendinomuscular constituído por oito músculos digástricos e sendo o diafragma um conjunto membranoso, geralmente adapta-se aos movimentos do tronco e às deformidades torácicasque esses movimentos acarretam. A lâmina fibrosa pré-vertebral ocupa um lugar muito importante na evolução escoliótica por ser considerada o pilar central de sustentação. Ela se origina no occipital pela aponeurose cervical profunda. Na região do mediastino é constituído pelo espessamento posterior da fáscia endocárdica. Até T4 ela se encontra unida à coluna, em seguida, separa-se dela para com ela manter contato apenas por meio de pequenos tratos fibrosos ricos em receptores sensitivos. Na região abdominal e pélvica, ela se prolonga até o sacro pelo espessamento da fáscia parietal. Ao longo desse trajeto, ela volta a se colar à coluna lombar e sacra a partir de L1. Na porção superior, ela se liga ao membro superior até T4 pela aponeurose dos trapézios, em baixo ao membro inferior a partir de L1 pela aponeurose do psoas e a fáscia ilíaca. Ela se separa da coluna vertebral entre T4 e L1, zona de rotação do tronco para permitir a rotação do sistema cruzado. Assim ela forra a coluna óssea em todo o seu comprimento, mas tensiona a zona entre T4 e L1 como a corda de um arco. Marcel Bienfait recuperou esse procedimento para utilização em fisioterapia, sistematizando e classificando as diferentes manobras. As pompagens são realizadas em três tempos: AN02FREV001/REV 4.0 16 1) Tensionamento do segmento: deve ser feito até o limite da elasticidade fisiológica da estrutura musculoaponeurótica. Se esse tensionamento ultrapassá-la, haverá reação através de um reflexo miotático direto. O fisioterapeuta deve alongar de forma lenta, regular e progressivamente as fibras até o limite de sua elasticidade. A pompage é uma manobra simples e leve, porém, difícil de executá-la convenientemente. O tensionamento é mantido por 20 a 30 segundos, durante os quais o paciente realiza de três a quatro expirações relaxantes. Retorno lento e cuidadoso; 2) Manutenção do tensionamento, que será maior ou menor de acordo com o objetivo que se procura; 3) Retorno à posição inicial, que ocorrerá lentamente e cuja velocidade também será determinada de acordo com o objetivo perseguido; 4) Repetições: a manobra deve ser repetida de até 5 vezes. 13 OBJETIVOS DA POMPAGE 1) Relaxamento muscular: em casos de contratura e retrações, as moléculas de actina e miosina interpenetram-se excessivamente, havendo, assim, diminuição do comprimento muscular. A pompage, realizada no sentido das fibras musculares, promove o deslizamento dessas moléculas em sentido contrário e aumenta o comprimento total do músculo. No primeiro momento, de maneira lenta, regular e progressivamente, a estrutura muscular é tensionada até onde permitir, para não haver reflexo miotático. A forma de proceder nesse primeiro tempo é a mesma, seja qual for o tipo de pompage que se realize; No segundo momento, a tensão obtida deve ser mantida. Esse é o tempo principal da pompage muscular; No terceiro momento é o tempo de retorno, que deve ser realizado lentamente, uma vez mais, para não provocar um reflexo contrátil do músculo. Este tipo de pompage pode ser realizada isolada ou segmentarmente, preparando uma determinada região para a realização da postura; ou pode ser realizada dentro de AN02FREV001/REV 4.0 17 uma postura com objetivo corretivo, sendo que neste momento a retração será combatida, sem que haja compensações em outras regiões, através do relaxamento do músculo em questão durante um tensionamento geral. POMPAGE DE TRAPÉZIO FONTE: Disponível em: <www.centrodesaopaulo.com.br/fisioterapia>. Acesso em 17.12.2009 13.1 POMPAGENS PREPARATÓRIAS 13.1.1 Pompage global Esta manobra independente de qualquer mobilização global da fáscia, relaxando todas as tensões à distância. É agradável ao paciente e relaxa fisicamente. O paciente deve-se posicionar em decúbito dorsal, com os membros inferiores alongados e não cruzados, seus braços ao longo do corpo e relaxados, palmas das mãos voltadas para o teto; O fisioterapeuta senta-se à cabeceira do cliente, com os antebraços apoiados sobre a mesa. Escorrega suas duas mãos sob o occipital repousando em AN02FREV001/REV 4.0 18 suas palmas. Os polegares devem apoiar-se contra as têmporas, os indicadores sobre as apófises mastóideas, a extremidade dos outros dedos levemente fletidas ao longo da linha curva occipital superior; A pompage deve ser realizada de maneira suave e simétrica tensionando com as duas mãos simultaneamente. POMPAGE GLOBAL FONTE: Bienfait: Bases elementares: técnicas de terapia manual e osteopatia, 1997. 13.1.2 Mobilização global da fáscia Esta manobra é uma excelente pompage linfática torácica. O paciente encontra-se em decúbito dorsal. O terapeuta encontra-se em pé à cabeceira, suas duas mãos colocadas uma sobre a outra sobre o esterno do cliente. O punho da mão inferior apoia-se sobre o manúbrio, o dedo médio da mão superior prende levemente o processo xifoide. Ao final da inspiração do paciente, o fisioterapeuta amplifica a descida do tórax por um leve empurrar sobre o manúbrio. No final da inspiração ele amplifica da mesma forma a elevação do tórax por uma pequena tração sobre o processo xifoide. Estas duas manobras devem ser realizadas sem quebrar o ritmo respiratório do paciente. MOBILIZAÇÃO GLOBAL DA FÁSCIA AN02FREV001/REV 4.0 19 FONTE: Bienfait: Bases elementares: técnicas de terapia manual e osteopatia, 1997. 14 AVALIAÇÃO DE ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS DAS CADEIAS Antes de iniciar o exame é preciso conhecer a zona de crédito. A zona de crédito está situada acima da lordose lombar ou, na junção da lordose lombar com a lordose diafragmática. É chamada lombodiafragmática e corresponde aproximadamente a L2-L3. A zona de crédito deve ser eficazmente controlada, durante o trabalho de correção, para que a lordose não aumente. Antes, porém, é importante identificar os músculos responsáveis pela manutenção da lordose. 14.1 ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS ANTERIORES Os músculos anteriores que fixam a lordose são: diafragma, iliopsoas e adutores pubianos. AN02FREV001/REV 4.0 20 São os músculos anteriores que empurram a coluna lombar para a frente, colocando a pelve em anteversão. Quando encurtado, o diafragma traciona o tórax para o alto e para frente, o iliopsoas leva a lombar para baixo e para frente, os adutores pubianos levam os ilíacos para anteversão. Quando se retifica a lordose lombar, a tendência é verticalizar o sacro. Para verificação de encurtamento dos músculos anteriores: 1) Colocar o indivíduo em pé, na posição anatômica. 2) O indivíduo mantém os pés juntos e alinhados. Retifica-se, então, a lordose lombar por meio de uma retroversão do quadril, que verticaliza o sacro. RETROVERSÃO DA PELVE FONTE: Marques: Cadeias musculares, 2000. AN02FREV001/REV 4.0 21 Esta manobra tem por objetivo concentrar a tensão nos músculos anteriores, que, quando encurtados, provocam uma flexão da coxofemural pela tensão dos músculos iliopsoas e adutores pubianos, levando o tórax à posição inspiratória pela tração exercida sobre os pilares do diafragma. Toda verticalização do sacro e anteversão da pelve são acompanhadas de uma retificação da curva lombar, o que se traduz fisiologicamente por flexão da coxofemural e acentuação do tórax em inspiração. 3) Frequentemente, em vez de suprimir a lordose, o indivíduo com encurtamento dos músculos inclina o tronco para trás. Essa atitude postural acaba levando a uma agravação da lordose, e não a sua supressão. FONTE: Marques: Cadeias musculares, 2000. AN02FREV001/REV 4.0 22 4) A leitura do encurtamento real dos músculos anteriores, nessa posição, será então impossível,havendo necessidade de colocar a coluna o mais reta possível, mesmo que para isso seja preciso uma anteriorização da região torácica a fim de recolocar a região lombar. FONTE: Marques: Cadeias musculares, 2000. Quanto maior a necessidade de fletir o quadril e os joelhos para retificar a coluna, maior será o encurtamento dos músculos anteriores. 14.2 ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS POSTERIORES A ação dos músculos espinhais posteriores empurra e comprime a coluna lombar para trás, levando a pelve à anteversão, com tendência à horizontalização do sacro. A fim de realizar um exame detalhado, é conveniente suprimir a lordose lombar, colocando a tensão nos músculos posteriores. Para verificação do encurtamento dos músculos posteriores devemos: AN02FREV001/REV 4.0 23 1) Colocar o indivíduo inclinado para frente, com os pés juntos, suprimindo a lordose lombar, uma vez que a região lombar se coloca em cifose. É importante que os joelhos estejam bem estendidos. VERIFICAÇÃO DE ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS POSTERIORES FONTE: Marques: Cadeias musculares, 2000. 2) Enquanto o indivíduo fica inclinado à frente, pode-se observar o encurtamento dos músculos posteriores dos músculos inferiores (músculos curtos do pé, posteriores do joelho, isquiotibiais e glúteos) e também a liberdade deixados por esses músculos no quadril durante a flexão anterior. Esses encurtamentos se observam em uma abertura do ângulo tibiotarsico. 3) Mas essa posição não permite, em alguns casos, definir o encurtamento dos músculos da cadeia posterior no seu conjunto. Para isso, é necessário solicitar ao indivíduo inclinado para frente que realinhe as regiões lombar, escapular e cervical. Os indivíduos com músculos posteriores pouco encurtados, ao ficar nessa posição, apresentarão o ângulo coxofemural fechado, ou seja, de aproximadamente 90 graus, ficando a coluna quase na horizontal. AN02FREV001/REV 4.0 24 Ao contrário, um indivíduo com os músculos posteriores muito encurtados mostrará dificuldade em manter uma angulação próxima aos 90 graus, e seus músculos serão mais curtos no tronco com tendência à verticalização. ÂNGULO COXOFEMURAL FONTE: Marques: Cadeias musculares, 2000. 14.3 ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS DA CADEIA ANTERIOR DO BRAÇO Em geral, os trabalhos de reeducação têm como princípio atuar eficazmente nos membros inferiores (MMII) e frequentemente se esquecem dos membros superiores (MMSS), desprezando a importância de sua sintomatologia específica. O exame do indivíduo segue a ordem cronológica: em um primeiro momento, verifica-se qual dos dois grupos musculares (anterior ou posterior) é responsável pela lordose diafragmática; em um segundo momento, qual dos dois grupos musculares da cadeia anterior do braço ou anterointerna do ombro está mais comprometido. Dependendo do resultado da avaliação na primeira parte do exame (anterior ou posterior), a avaliação dos membros superiores vai ser realizada com o indivíduo em pé ou sentado. O indivíduo colocado em pé quando o comprometimento maior for o dos músculos anteriores, e sentado quando o comprometimento maior for o dos AN02FREV001/REV 4.0 25 músculos posteriores. Então, partindo-se do princípio de que um indivíduo não pode corrigir uma região com encurtamento muscular sem transferir a tensão muscular para outra região, analisa-se qual é a correção (abdução ou adução) do ombro que mais acentuará a lordose lombodiafragmatica. Com o indivíduo já na posição correta, deve-se realinhar corretamente os segmentos ósseos do membro superior na sua totalidade (cintura escapular, braço, antebraço, mão e dedos) e realizar o exame comparativo, para verificar qual das suas cadeias musculares está mais comprometida. As compensações mais comuns da cadeia anterior do braço são: ombros elevados e encurtados; escápulas elevadas e ligeiramente abduzidas; úmeros em rotação medial; cotovelos fletidos; antebraços em pronação; punhos em desvio ulnar e fletidos; mãos semifechadas; dedos fletidos. Para o exame de verificação do encurtamento dessa cadeia, executa-se o contrário das compensações mais comuns, desde a extremidade do membro até sua raiz (dedos até os ombros), procurando deslocar a tensão de fora para dentro. Assim, o realinhamento completo só será possível se todas as correções forem mantidas ao mesmo tempo em cada nível, o que deverá ser feito com a participação ativa do indivíduo. Portanto, com os braços colocados ao longo do corpo, o indivíduo deve: abrir as mãos e estender os dedos; alinhar o punho desfazendo o desvio ulnar; colocar o antebraço em supinação (a palma da mão voltada a frente); manter os cotovelos estendidos; colocar o úmero em posição neutra em relação à rotação (frequentemente a correção da pronação leva o úmero a rotação lateral); deprimir os ombros, descendo e aduzindo as escápulas. AN02FREV001/REV 4.0 26 Somente depois que os membros superiores forem corretamente colocados e ombros e escápulas deprimidas será possível analisar os encurtamentos que se propagam no nível da lordose diafragmática. FONTE: Marques: Cadeias musculares, 2000. Para efetuar um trabalho global, qualquer que seja a postura escolhida, nosso maior recurso é o controle da lordose lombo-diafragmática e a tentativa de suprimir essa curva paralelamente à aproximação das extremidades. Assim, se o indivíduo apresentar maior encurtamento da cadeia anterior do braço, será conveniente trabalhar com os membros superiores em adução. AN02FREV001/REV 4.0 27 14.4 ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS DA CADEIA ANTEROINTERNA DO OMBRO Essa cadeia pode ser considerada uma continuação da cadeia anterior do braço. O encurtamento da cadeia anterointerna do ombro leva o braço à adução e rotação medial. Para realizar o exame dessa cadeia, o indivíduo coloca os braços em abdução de 90 graus, uma vez que o teste pretende revelar a tensão dos músculos rotadores mediais do braço (acima de 90 graus, a elevação dos braços é feita com uma abdução importante das escápulas). As compensações mais frequentes da cadeia anterointerna do ombro são: úmero em rotação lateral exagerada; antebraço em pronação; mãos semifletidas; ombros protraídos e elevados, e escápulas elevadas e em abdução. Todos os segmentos (da extremidade para a raiz do membro) são realinhados, a fim de se verificar as compensações locais na lordose lobodiafragmática. É necessário, portanto, colocar: úmeros em posição neutra (dobra do cotovelo voltado para frente); palma da mão para a frente para obter paralelismo entre os dois ossos do antebraço; realinhamento do punho em relação ao antebraço, mão aberta e dedos estendidos; alinhamento e depressão dos ombros, deprimindo e aduzindo as escápulas. AN02FREV001/REV 4.0 28 FONTE: Marques: Cadeias musculares, 2000. O indivíduo que, após os dois exames, mostrar maior agravamento da lordose lombodiafragmatica no teste da cadeia anterointerna do ombro deverá ser trabalhado com os braços em abdução e na posição de abertura ou fechamento do ângulo coxofemural, conforme definido na primeira parte do exame. 15 CONSIDERAÇÕES É necessário entender que o trabalho não pode ser realizado de forma isolada. Os músculos anteriores e posteriores formam um conjunto, e somente um dos dois grupos se mostrará mais comprometido durante a realização dos testes. O trabalho de reeducação deverá ser iniciado pelo grupo muscular mais comprometido. Se o grupo mais encurtado for o anterior, deve-se começar por esse grupo de músculos, o que não exclui a necessidade de intervir sobre o grupo muscular posterior, até como forma de evitar o encurtamento que pode ocorrer em função da correção do grupo anteriormentetrabalhado. Por outro lado, quando os músculos posteriores forem os responsáveis pela lordose, a postura de fechamento do ângulo coxofemural será a mais importante, visando desenvolver o comprimento dos músculos posteriores dos músculos inferiores e da coluna. AN02FREV001/REV 4.0 29 Já as posturas de abertura do ângulo coxofemural também são importantes para evitar o encurtamento dos anteriores em consequência da correção realizada nos posteriores. ------------- FIM DO MÓDULO III ------------- AN02FREV001/REV 4.0 30 AN02FREV001/REV 4.0 31 MÓDULO I FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FIM DO CURSO
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