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AULA 2 WEBWRITING E INBOUND MARKETING Profª Camila Matta 2 TEMA 1 – ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E USABILIDADE O crescimento e a popularização da internet fizeram com que o cenário on- line se consolidasse como um rico ambiente informacional. O conceito da arquitetura da informação descende dos pensamentos de Wurman, um famoso arquiteto que moldou o conceito de arquitetos da informação. O autor parte do princípio de que esse profissional é capaz de explicar a informação para terceiros. A essência da arquitetura da informação é tornar a informação clara, de fácil acesso e isso por meio de uma organização, que passa pela disposição e apresentação do conteúdo. O livro Information architecture for the world wide web (2002), publicação de referência no assunto, escrito por Rosenfeld e Morville, mostra que a arquitetura de informação não pode ser definida de forma simples, pois ela condensa algumas definições: 1. A organização de combinações, rotulações e esquemas de navegação dentro de um sistema de informação. 2. O desenho de estruturas para o espaço de informação, com o objetivo de promover o acesso intuitivo aos conteúdos. 3. A arte e a ciência de estruturação e classificação de sites web e intranets para auxiliar as pessoas a localizarem e a gerenciarem a informação. 4. Uma disciplina emergente e uma comunidade focada em trazer princípios do design e arquitetura para o cenário digital. (Rosenfeld; Morville, 2002, p. 4) Com os estudos dessa área avançando, esse tema foi ganhando corpo e sendo constituído por outros autores. Assim chegamos à seguinte definição, muito coerente, por mais que um tanto enxuta pela complexidade do assunto: “É a tarefa de estruturar e distribuir as seções principais e secundárias de um sítio, tornando suas informações facilmente identificáveis, sua organização bem definida e a navegação, intuitiva.” (Brasil, 2010, p. 39) Para Silva (citado por Rosenfeld; Morville, 2008), a arquitetura da informação é o fruto de um trabalho que busca entender e satisfazer três fatores: a. Usuários: é necessário satisfazer suas necessidades, entender seus hábitos e comportamentos b. Conteúdo: compreender e trabalhar as características da informação que será apresentada (Ex.: formato, objetivo, quantidade, estrutura, uso). 3 c. Contexto: as especificidades do contexto (levar em consideração as restrições tecnológicas, a cultura e política da marca – se for o caso, localização). O arquiteto da informação deve se valer da intersecção desses três fatores para constituir o seu trabalho, de forma a balancear para que a informação chegue na hora certa, de maneira certa e para a pessoa certa. O menu de um site é a principal forma de o usuário encontrar a informação de que necessita. O profissional que o desenha tem que ter a certeza de que ele está atuando de forma eficaz como um mecanismo de busca. Para tal, agrupe os assuntos por palavras-chave. Essas palavras devem ser muito bem pensadas e as escolhas pontuais e inteligentes para que o usuário possa associar com o seu conteúdo na hora da busca. Ainda falando sobre a ferramenta menu, tenha o cuidado para que ele não seja muito grande. Um menu extenso dá a sensação ao visitante de que o usuário nunca vai encontrar o que busca. Alguns estudos apontam que um menu não pode ter mais de nove itens. Um site com uma boa arquitetura de informação deve ter no máximo quatro camadas, o que faz com que qualquer conteúdo, por mais profundo que seja, possa ser acessado em, no máximo, três cliques. Essa forma de dispor e construir as informações em um website, de forma organizada, está profundamente alinhada com outro conceito essencial para o sucesso do webwriting: a usabilidade. Como visto na aula anterior, o conceito da usabilidade foi criado por Jakob Nielsen, no fim dos anos 1990. A usabilidade é um conceito misto, que engloba design e conteúdo e tem como objetivo criar um ambiente eficaz e acessível para o usuário. É por meio da usabilidade que, segundo Nielsen e Pernice (2010), é possível avaliar o quanto a interface de um site pode ser amigável para o visitante. O conceito de usabilidade foi definido por Shackel (1993): “Usabilidade é a capacidade, em termos funcionais humanos, de um sistema ser usado facilmente e com eficiência pelo usuário” e, no mesmo ano, definido por Scapin como: “Usabilidade está diretamente ligada ao diálogo na interface. É a capacidade do software em permitir que o usuário alcance suas metas de interação com o sistema” (Bastien; Scapin, 2006, p. 6) O que acontece quando um usuário tem dificuldade em navegar pelo seu site? Quando a página inicial não é clara em apresentar o que aquele ambiente realmente oferece? Ou ainda se o usuário se perder ou a página demorar para 4 carregar? São perguntas diferentes, mas com a mesma resposta: o usuário desiste do seu conteúdo e abandona o seu website. Desse jeito dá para entender a relevância que a usabilidade tem. Ela pode determinar muito do sucesso e acesso dos seus conteúdos. Uma boa usabilidade não só faz com que o usuário consiga usar o seu site mas também faz com que ele queira voltar e até mesmo compartilhar com o seu círculo social. Existem algumas técnicas que podem ser aplicadas e contribuem muito com a gestão da usabilidade de um website. O profissional deve se apoiar em três pilares básicos e tê-los em mente antes de cada ação: um website deve ter facilidade na utilização, ser de fácil aprendizagem e garantir a satisfação do usuário. Para atingir isso, tenha em mente sempre o foco no seu usuário, pense com a cabeça dele, desenhe o site para o consumidor. Não somente no design, mas também no conteúdo. Procure entender as reais necessidades do seu público e oferecer o que ele busca. Testar não é perder tempo e sim ganhar! Faça testes, pesquisas, peça feedback e faça atualizações constantemente. Só assim você consegue saber se está indo no caminho certo e o que precisa melhorar. Busque um design limpo, claro. Isso facilita que o usuário encontre o que busca e sinta-se confortável em seu ambiente, busque um layout intuitivo. Preocupe-se com a acessibilidade (pense em usuários que possuem necessidades especiais e tente ser inclusivo). Por fim, isto é muito importante: mensure. Colha dados e analise o desempenho do seu site. Quantidade de acessos, como está ocorrendo a navegação, comentários, compartilhamentos, eficiência na entrega das informações, aumento das vendas (quando for o caso). TEMA 2 – FOCO NO LEITOR Já aprendemos que escrever para a web é uma atividade distinta de escrever para outros meios. Agora vamos entender uma característica bem específica do webwriting, que faz toda a diferença para um trabalho em feito. Todo conteúdo produzido para a web precisa ter o seu foco projetado no leitor. De maneira geral, a máxima que mais funciona nesta área é: quanto mais você conhecer o seu usuário, melhor você escreve para ele. 5 Conhecer o perfil e as necessidades do seu leitor possibilita que seu texto seja construído para satisfazer o usuário. Se você o conhece bem, pode apresentar os assuntos que mais lhe interessam, usar um vocabulário que lhe seja familiar, ajustar o tom da escrita para que lhe soe agradável, organizar os conteúdos da forma como ele organiza em sua mente. Isso tudo possibilita que você desenvolva um relacionamento com o leitor. O perfil do consumidor de informações mudou muito. Hoje, as pessoas não somente consomem conteúdo mas também produzem e interagem com ele. Essas características – aliadas ao fato de que a interação que existe na web (entre humano e máquina) é diferente da interação realizada entre humanos (sem a máquina), pois não nos possibilita captar a reação do leitor – fazem com que o profissional de webwriting seja obrigado a desenvolver uma hipersensibilidade ao seuusuário. Aqui a dica é a seguinte: conheça profundamente não somente os nichos para quais escreve mas o usuário de forma individual. Parece uma tarefa complicada, não é mesmo? E realmente é, mas é isso que faz um conteúdo web ser bom, acessado e fidelizado pelo leitor. Para Price e Price (2002), não importa o objetivo (entretenimento, informação, compras etc.), o usuário percebe quando um site se preocupa e o conhece. E quando isso é feito de maneira correta, até mesmo o usuário mais arrogante, impaciente e confuso se torna um fã e fiel. Segundo Price e Price (2002, p. 7), os consumidores esperam que o seu conteúdo: “Não desperdice o tempo dele; lembre-se dele a cada acesso; disponibilize respostas para as questões que possam aparecer; supere as suas expectativas; fale com ele em tempo real; o deixe customizar o conteúdo; o faça se sentir especial”. Cada visitante possui um objetivo quando procura algum conteúdo e cada webwriter também possui suas metas. Esses objetivos podem ser desde aprender/ensinar algo, até se entreter ou comprar/vender. Seja ele de que natureza for, o propósito aqui é satisfazer as necessidades de quem está consumindo. Para isso, é importante ter em mente que devemos escrever para o leitor, e não para a marca, agência ou chefe. Quem lê é o cliente. Algumas vezes as metas da empresa (aqui, leia-se chefe, marca etc.) se alinham com as do leitor, mas em outras não, e cabe ao profissional técnico achar o equilíbrio entre eles para alcançar sucesso para as duas pontas. Uma estratégia para acertar o foco no leitor é agrupar os usuários em nichos. Para isso é necessário identificar em quem seu conteúdo impacta e definir 6 os nichos. Quanto menor, e mais especificados, maior o sucesso da sua publicação, pois atinge exatamente o público focado. O nicho pode ser uma classificação de gênero, idade, escolaridade, comportamento de compra, comportamento na web, localização geográfica, profissão etc. Essa comunicação segmentada é uma vantagem da web. Não que isso não seja possível em outras mídias, mas certamente aqui é mais fácil. Criar uma persona é uma ferramenta interessante para se ter a certeza de que está escrevendo para o seu usuário. Esta estratégia, que é utilizada em várias áreas do marketing, pode ser aplicada cada vez que o webwriter identifica um objetivo. Crie uma pessoa, imagine que ela tem esse objetivo fixo, construa uma realidade social (nome, idade, gênero, gostos, hábitos etc.) e pense com essa cabeça. Personalizar e customizar o conteúdo é essencial quando se trabalha com o foco no leitor. Não existe mais espaço para um conteúdo genérico na web, pelo menos não para quem deseja um consumidor fidelizado. Os usuários gostam de ser conhecidos e reconhecidos, podendo acessar a conteúdos personalizados para atender às suas necessidades. Para produzir um conteúdo customizado e personalizado, é necessário organizá-lo da forma que o usuário gostaria de consumir e muitas vezes esconder os que ele não gostaria de ver. TEMA 3 – LEITURA ESCANEADA Aprendemos que escrever para a web é diferente e um dos grandes motivos desta diferenciação é a leitura. O processo de leitura no ambiente digital também é diferente do processo no ambiente físico. O primeiro fator é a tela. Ler em uma tela é diferente do papel. Mesmo com a alta tecnologia e qualidade dos monitores, tablets, smartphones etc., qualquer tela apresenta um prejuízo se comparado ao papel físico. E a máxima nesse assunto é: quanto mais longo o texto, maior o problema. Outro fator que contribui com a diferença de leitura é a não linearidade que a leitura na web apresenta. A dinâmica com que a informação é apresentada faz com o que o leitor seja o editor do texto e decida seu caminho de leitura. Segundo Ferrari (2002, p. 42), “Não nos comportamos como se estivéssemos lendo um livro, com começo, meio e fim. Saltamos de um lugar para outro – seja na mesma página, em páginas diferentes, línguas distintas, países distantes, etc.”. Pinho 7 (2003, p. 50) realça as diferenças de leitura na web e no impresso em papel da seguinte maneira: As diferenças entre o material que é impresso em papel e o que é visualizado na tela do monitor de um computador são grandes, afetando profundamente o modo como as pessoas absorvem e reagem às mensagens que se tenta transmitir. O papel é linear: um memorando, por exemplo, é lido a partir do canto superior esquerdo, palavra por palavra. Mesmo se o memorando tiver diversas páginas, o leitor começa pela primeira, pois não faz sentido nenhuma outra ordem de leitura. Estudos realizados por Nielsen e Pernice (2010) constataram que 79% dos leitores da web leem apenas palavras soltas, palavras-chave e algumas frases, passando os olhos pelo texto como um scanner. Ou seja, somente 16% dos leitores consomem o texto na íntegra. Isto posto, é interessante pensar na produção de um texto que seja possível de escanear com os olhos, para que seja absorvido ao máximo pelo usuário. Para entender a dinâmica de leitura de um usuário web, foi desenvolvida a técnica eyetracking, definida por Nielsen e Pernice (2010, p. 3) da seguinte forma: Eyetracking é simplesmente seguir para onde a pessoa está olhando. Com uma certa tecnologia, é bastante fácil observar o caminho onde os usuários olham a tela do computador. O equipamento de eyetracking pode ser montado no monitor e o software é capaz de captar o que está sendo exibido na tela enquanto o usuário está olhando. Sabe-se que a leitura na web não é linear, como em um livro. Estudos realizados com base no eyetracking mostram que o leitor na web “varre” o texto em uma leitura em F. O que é isso? Os pontos de atenção, de maior concentração do leitor formam a letra F. Os três componentes principais determinam esse padrão de leitura. O primeiro movimento que o usuário faz em uma página web é horizontal, e ele se concentra no conteúdo que está no topo – formando a parte de cima da letra. Logo depois, os usuários descem um pouco o olhar em um segundo movimento horizontal, formando a parte do meio da do F. E, por último, eles passam os olhos, como um scanner, no conteúdo que está à esquerda e de forma vertical, de forma a completar a letra F. Observe na imagem: 8 Figura 1 – Movimento do escaneamento da leitura na web Fonte: Netvlies, 2018. Com base nessa tecnologia é possível acompanhar os movimentos dos usuários pelo conteúdo e com isso entender em que lugares se concentra a sua atenção. Com isso pode-se pensar em um texto que apresente as principais informações nos locais com maior concentração de atenção, por exemplo, apresentar as informações mais relevantes no topo da publicação, concentradas no título e nos dois primeiros parágrafos. Em suma, a forma como as pessoas leem na internet impacta diretamente na forma como devemos escrever para esse ambiente. Além da leitura na web ser mais lenta do que no papel, e as pessoas concentrarem suas atenções em pontos específicos e de forma não linear, ainda é necessário contar com as “tentações” que o ambiente oferta. Para driblar essa realidade é que entra a importância da técnica de redação, que veremos nas próximas aulas. TEMA 4 – HIPERTEXTO A simples transposição de um texto para o ambiente web não torna esse conteúdo apropriado para a internet; o que o faz isso é a não linearidade que ele apresenta e o uso do hipertexto. Certamente o hipertexto é uma das características mais marcantes do webwriting, um recurso importante e um grande aliado na construção de um texto e de uma leitura não linear, como é próprio do ambiente digital. Levy (1999, p. 33) sintetiza o conceito do hipertexto como os nós que têm a capacidade de conectar as informações em uma grande rede: Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras,páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em 9 uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira. Como explica Levy (1999), o hipertexto guia o leitor para uma navegação na qual ele mesmo tem o controle e decide quais, de que forma e por quanto tempo quer consumir aquela informação. O primeiro passo para entender e utilizar o recurso do hipertexto de forma eficaz é compreender que o controle da navegação está na mão do internauta. Faz parte do trabalho do profissional construir uma boa estrutura para que o usuário percorra o caminho, mas a escolha do caminho é sempre do usuário: “Portanto, toda história que contenha links para outras páginas da Web ou para tópicos dentro da mesma página modifica substancialmente a relação redator-leitor” (Pinho, 2003, p. 186). De forma prática, as conexões formadas pelo hipertexto são dadas por meio dos hiperlinks (ou links, na linguagem da web). Os links são elementos passíveis de cliques, que levam o usuário a outra página. Esses elementos podem ser, por exemplo, textos ou palavras, imagem ou banners. Para Xavier (2009), existem dois tipos de hipertexto: o exploratório e o construtivo. O exploratório guia o internauta em uma navegação de acordo com as suas necessidades, mas não abre a possibilidade de o usuário interferir no conteúdo. Um exemplo é um site de notícias, no qual o visitante pode escolher a quais notícias e mídias gostaria de ter acesso, mas não alterar o que está publicado. Já o segundo, o construtivo, oferece a possibilidade de o usuário alterar o seu conteúdo, de interagir com a informação, por exemplo, o site Wikipedia. Apesar de um forte aliado e de ser tecnicamente muito fácil de ser aplicado, esse recurso costuma ser pouco explorado, pois existe o medo de que o usuário se disperse, que interrompa a leitura, ou até mesmo que ele seja levado para fora do seu site. É claro que é necessário técnica para o uso, para que não vire algum prejuízo, mas, se bem utilizado, os benefícios são enormes e a dica para escrever para web é: use e, se possível, abuse dos links. A estratégia do uso de hiperlinks auxilia de forma considerável na indexação em sites de busca. Isso acontece, pois os buscadores usam como indicador a quantidade de vezes que uma página foi linkada, ou seja, quanto mais a sua página for linkada, melhor ela consegue se posicionar nas pesquisas. Outro ponto a ser considerado é que o uso de hiperlinks auxilia na retenção do tráfego. O interesse é que o leitor passe o maior tempo possível na sua página, consumindo os seus conteúdos. Os links guiam o leitor a outros conteúdos e isso faz com que ele permaneça mais tempo navegando pelo seu site. E, por fim, o 10 uso de hiperlinks é uma boa forma de reduzir a taxa de rejeição. A taxa de rejeição é um indicador que aponta quantos usuários visitaram apenas uma página do seu site, e saíram sem clicar em nenhuma outra. Com o uso do hiperlink, outros conteúdos se tornam mais atrativos para o leitor, que acabam navegando por outras páginas do seu ambiente digital. Em resumo, são características do hipertexto: a não linearidade, a navegabilidade e a interatividade. Isso ocorre porque a nova forma de escrita para a web veio junto com uma nova forma de leitura, que é não linear e leva em consideração a navegabilidade e a interação. Essa nova dinâmica, que se complementa entre si, trouxe a possibilidade de o leitor ser o editor das informações, guiar sua navegação pelos conteúdos de forma a adaptá-los para suas necessidades. Com o hipertexto o leitor é incentivado a tomar decisões e agir e não somente receber a informação. Ele é convidado a explorar o ambiente digital como um labirinto, que vai se desenhando de acordo com suas vontades. TEMA 5 – WEBWRITING PARA MÍDIAS SOCIAIS Antes de entendermos como escrever para as mídias sociais, precisamos compreender algumas características particulares desses ambientes, que impactam direta e indiretamente na forma de apresentação dos conteúdos. Para Recuero (2009, p.38), “as redes sociais na internet são constituídas de representações dos atores sociais e de suas conexões”. São ambientes mediados pela tecnologia nos quais os atores podem interagir e promover uma troca social. Nesse ambiente, as informações são disponibilizadas, compartilhadas e debatidas e, por conta disso, ele apresenta algumas características especiais (Recuero, 2009). A primeira dela, é a persistência, que é caracterizada pela própria persistência do conteúdo na rede, ou seja, uma vez que foi publicado, ele permanece na disponível no ciberespaço. A segunda é a capacidade de busca, que diz respeito à habilidade que esse ambiente tem em permitir que as informações e os atores sociais sejam rastreáveis. Outra característica é a replicabilidade, o que leva em conta a facilidade de compartilhamento de informação. O que está na rede pode ser replicado por terceiros de forma muito fácil, e isso pode dificultar a veracidade da informação e também o reconhecimento da autoria. Por fim, as audiências invisíveis. Em um ambiente mediado, nem sempre a audiência é integralmente visível. Você não sabe 11 exatamente quem teve acesso ao conteúdo publicado, porém a audiência existe. Uma pesquisa da Universidade de Stanford constatou que os usuários acreditam que sua audiência seja apenas 27% do tamanho real. Ou seja, sua audiência pode ser até 4 vezes maior do que o constatado pelas interações (likes, compartilhamentos, comentários etc.). Analisando essas quatro características pelo olhar do webwriting, pode-se perceber que a escrita para as redes sociais precisam se adequar a elas para ter sucesso e eficácia. Quando pensamos na persistência, vale ressaltar o cuidado que o webwriter tem que ter ao publicar uma informação, seja pela veracidade da informação, seja pela qualidade. Já quando se pensa na informação pela capacidade de busca, é fundamental que o profissional saiba como escrever para os buscadores, que utilizam a linguagem empregue para promover as buscas dos usuários. Vamos nos aprofundar em como o webwriting pode ajudar na otimização das buscas em uma próxima aula. Escrever um conteúdo que atraia atenção do leitor e gere a replicabilidade é um desafio do webwriting, que deve se valer de técnicas e estratégias (das quais vamos nos aprofundar nas próximas aulas) para alcançar isso. Sobre a audiência invisível, ela deve ser interpretada como uma audiência em potencial, pois são pessoas que estão tendo acesso ao seu conteúdo e necessitam de engajamento para interagir com ele, e assim entrar nas estatísticas. A forma como o conteúdo é apresentado, pelos profissionais do webwriting, pode converter a audiência invisível em estatísticas palpáveis. Em suma, é necessário ter a ciência de que, uma vez publicada, a informação está para sempre no ambiente on-line, passível de ser encontrada, compartilhada e nem sempre o profissional sabe por quem, mas que todas as essas características podem ser aproveitadas de forma extremamente positiva se as habilidades de webwriting forem utilizadas corretamente. Com a popularização das redes sociais, e a facilidade de interação que ela apresenta, o leitor se acostumou a consumir a informação de uma outra forma. Hoje, por meio dessas plataformas, ele não consome apenas a informação que o autor publica, e sim as opiniões e informações que quem interagem com esse conteúdo, por meio de compartilhamentos, comentários, e likes, por exemplo. Essa nova forma de consumoda informação faz com que o conteúdo publicado na web tenha que ser extremamente bem produzido e persuasivo, para que atraia a atenção do leitor em meio a tantas opções e opiniões. 12 Os conteúdos para as mídias sociais passam por uma composição pensada das técnicas de redação do webwriting, com o comportamento do leitor na rede e funcionalidades da plataforma utilizada. Alguns pontos valem para todas, como por exemplo a importância de um título/chamada (ou headline) atrativo e intrigante, que leve o leitor ao seu conteúdo mais aprofundado e também a grafia correta. A relevância do conteúdo publicado também atinge o usuário: se esse conteúdo não foi importante para ele, não será acessado e certamente não terá interações positivas. Conteúdo relevante não é sinônimo de conteúdo extenso. Muito pelo contrário, nas redes sócias, os conteúdos devem ser objetivos e claros, para atrair os leitores. Evite os textos extensos, mas também não seja raso em suas publicações, pois conteúdos fracos afastam os leitores. O grande segredo de escrever para as redes sociais é o equilíbrio. 13 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, A. R. R.; MARQUES, M. L. Sobre os fundamentos da arquitetura da informação. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 1, p. 60-72, 2011. BASTIEN, C.; SCAPIN, D. Human factors criteria, principles, and recommendations for HCI: methodological and standardisation issues. INRIA, 1993. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação. Padrões web em governo eletrônico: Cartilha de Redação Web. Brasília: MP, SLTI, 2010. BUENO, W. C. Estratégias de comunicação nas mídias sociais. São Paulo: Manole, 2015. FERRARI, P. Jornalismo digital. Rio de Janeiro: Contexto, 2002. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: 34, 1999. MEMÓRIA, F. Design para a internet. 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