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Aula 10 - Ativo Imobilizado - Arrendamento mercantil

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Arrendamento Mercantil
Aspectos Conceituais e Contábeis
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Definição
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Arrendamento mercantil (leasing) é o 
contrato, ou parte do contrato, que 
transfere o direito de usar um ativo (ativo 
subjacente) por um período de tempo em 
troca de contraprestação”.
Essa prática contábil evidencia o
cumprimento da característica da essência
sobre a forma, pois, mesmo que o contrato
de arrendamento não transfira a
propriedade do bem, a empresa passou a
registrá-lo como se tivesse sido transferido.
Identificações importantes
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ØArrendador = o cedente do direito de uso;
ØArrendatário = o adquirente do direito de uso; e 
ØArrendamento = o contrato do direito de uso,
O ativo de direito de uso é o ativo que 
representa o direito do arrendatário de usar o 
ativo subjacente durante o prazo
do arrendamento, e o passivo de 
arrendamento representa a obrigação do 
arrendatário de pagar as prestações ao
arrendador durante o prazo do arrendamento.
Reconhecimento e Mensuração Inicial
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O ativo de direito de uso deve ser mensurado inicialmente 
ao custo e deve compreender:
• o valor da mensuração inicial do passivo de arrendamento;
• quaisquer pagamentos de arrendamento efetuados até a data de início, 
menos quaisquer incentivos de arrendamento recebidos;
• quaisquer custos diretos iniciais incorridos pelo arrendatário; e
• a estimativa de custos a serem incorridos pelo arrendatário na 
desmontagem e remoção do ativo subjacente, restaurando o local em 
que está localizado ou restaurando o ativo subjacente à condição 
requerida pelos termos e condições do arrendamento, salvo se esses 
custos forem incorridos para produzir estoques. O arrendatário incorre 
na obrigação por esses custos seja na data de início ou como 
consequência de ter usado o ativo subjacente durante um período 
específico.
Reconhecimento e Mensuração Inicial
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O passivo de arrendamento deve ser mensurado inicialmente 
pelo valor presente dos pagamentos do arrendamento
(exceto, é claro, aqueles já efetuados na data de início do 
arrendamento). 
O valor presente deve ser calculado a partir de fluxos de caixa 
futuros (que serão a seguir descritos) e uma taxa de desconto, que 
será, em princípio, a taxa de juros implícita no arrendamento. 
Mas se essa taxa não puder ser determinada imediatamente, deve 
ser utilizada a taxa incremental sobre empréstimo do arrendatário, 
ou seja, a taxa que o arrendatário teria de pagar ao pedir 
emprestado, por prazo semelhante e com garantia semelhante, os 
recursos necessários para obter o ativo com valor similar ao ativo de
direito de uso em ambiente econômico similar.
Exemplo
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Para ilustrar a contabilização inicial, vamos admitir que a empresa 
A tenha contratado um leasing de uma máquina. As características 
do contrato são as seguintes:
ü valor da contraprestação anual, vencível no final de cada ano = $ 
10.000
ü prazo do arrendamento = 5 anos
ü valor residual a ser pago no final do 5o ano para adquirir o ativo = $ 
2.000
ü taxa de juros implícita no contrato = 12% ao ano
Cálculo do valor presente: (na HP)
10000 PMT
5n
2000 FV
12 i
PV 
37.182,62
Exemplo – Mensuração inicial
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Contabilização
D – Direito de uso da maquina (ativo) .......... 37.182,62
C – Financiamento por arrendamento (PC) .... 10.000,00
D – Encargos financeiros a transcorrer (PC) .. 4.461,91
C- Financiamento por arrendamento (PNC) ... 42.000,00
D – Encargos financeiros a transcorrer (PNC) ..10.355,47
Cálculos dos encargos financeiros de curto e longo prazo
É importante lembrar que, caso a empresa A tivesse incorrido em outros custos necessários 
para a aquisição do direito de uso do ativo, esses custos seriam também registrados no ativo, 
só que a contrapartida seria caixa, redução de algum outro ativo ou reconhecimento de algum 
outro passivo.
Ano 37.182,62 taxa juros parcela Amortização 
1,00 31.644,53 0,12 4.461,91 10.000,00 5.538,09 
2,00 25.441,88 0,12 3.797,34 10.000,00 6.202,66 
3,00 18.494,90 0,12 3.053,03 10.000,00 6.946,97 
4,00 10.714,29 0,12 2.219,39 10.000,00 7.780,61 
5,00 0,01 0,12 1.285,72 12.000,00 10.714,28 
10.355,47
Mensuração Subsequente do Ativo
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Uma vez realizado o registro inicial do ativo, a mensuração 
subsequente será feita com base no método de custo, que
será descrito a seguir, a menos que sejam aplicáveis outros 
modelos de mensuração, como o de valor justo de
propriedades para investimento ou o de reavaliação de ativo 
imobilizado.
O método do custo faz que o arrendatário mensure o ativo de
direito de uso ao custo inicial menos: 
(a) qualquer depreciação acumulada e perdas por impairment; e 
(b) corrigido por qualquer remensuração do passivo de arrendamento.
Mensuração Subsequente do Passivo
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O passivo de arrendamento deverá ir sendo:
(a) aumentado para refletir os juros sobre o passivo; 
(b) irá sendo diminuído para refletir os pagamentos do 
arrendamento; e 
(c) remensurado para refletir qualquer reavaliação ou 
modificações do arrendamento (correção monetária, variação 
cambial, por exemplo), ou para refletir pagamentos fixos na 
essência revisados (pagamentos inevitáveis). 
O item (c), denominado remensuração, será aplicável em razão de 
mudanças que possam vir a ocorrer no contrato ao longo do tempo. 
Essas mudanças podem incluir alterações:
I. no prazo do arrendamento;
II. na avaliação da opção de compra do ativo subjacente;
III.nos valores que se espera sejam pagos em razão da garantia de 
valor residual;
Exemplo – Mensuração subsequente 
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Em relação à depreciação do ativo, inicialmente a empresa A 
precisaria definir se há ou não certeza razoável de que
irá ficar com o ativo subjacente no final do contrato. 
i. Se a resposta a essa questão for sim, então a depreciação do 
direito de uso do ativo respeitaria a vida útil do ativo 
subjacente. 
ii. Em caso negativo, o ativo deve ser depreciado pelo prazo do 
arrendamento, a menos que a vida útil do ativo seja inferior a 
esse prazo.
No exemplo, devemos lembrar que a entidade registrou o valor residual 
no passivo, indicando claramente que há prévia intenção de aquisição 
do ativo no final do contrato.
Exemplo – Mensuração subsequente 
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Porém, apenas para simplificação do período de depreciação,
vamos considerar que a vida útil desse ativo é de 5 anos (coincidente 
ao período do contrato) e o valor residual é de $ 2.000,00 
(coincidente ao valor residual do contrato). 
Com isso, o valor da despesa de depreciação anual seria de $ 7.036,52
(saldo contábil inicial de $ 37.182,62 menos o valor residual de $ 
2.000,00, dividido por 5 anos). 
Logicamente, esse modelo de depreciação deve ser adequado a cada 
situação. Por exemplo, caso a empresa soubesse que a vida útil
desse ativo fosse de 7 anos (sem valor residual relevante), então, 
mantendo o modelo da depreciação linear, a despesa de depreciação 
anual seria de $ 5.311,80. 
E também poderia haver a hipótese de não intenção de aquisição do 
ativo, o que nos levaria a calcular a depreciação com base no tempo do 
contrato ou na vida útil do ativo, dos dois o menor.
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Exemplo – Mensuração subsequente 
Ano 
Saldo da 
dívida taxa juros parcela Amortização 
0 37.182,62
1 31.644,53 0,12 4.461,91 10.000,00 5.538,09 
2 25.441,88 0,12 3.797,34 10.000,00 6.202,66 
3 18.494,90 0,12 3.053,03 10.000,00 6.946,97 
4 10.714,29 0,12 2.219,39 10.000,00 7.780,61 
5 0,01 0,12 1.285,72 12.000,00 10.714,28 
O saldo da dívida no momento 0 (na contratação do leasing) já havia sido calculado e 
representa os pagamentos anuais trazidos a valor presente utilizando-se a taxa de 12% ao 
ano. Os valores dos pagamentos foram definidos em contrato. A despesa de juros é calculada 
aplicando-se 12% sobre o saldo da dívida. 
Exemplificando, $ 4.461,91 são obtido aplicando-se 12% ao saldo de $ 37.182,62. Nas demais 
linhas o procedimento é o mesmo, mas os valores de juros vão caindo, pois o saldo da dívida 
está sendo amortizado ao longo do tempo. Finalmente, o valor da redução da dívida é obtido a 
partir da diferença entre os $ 10.000,00 do pagamentoe o valor de juros do ano, $ 4.461,91. 
Ou seja, ao pagar $ 10.000,00, o arrendatário está pagando $ 4.461,91 de juros da dívida e o 
restante serve para amortizar o saldo da dívida.
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Exemplo – Mensuração subsequente 
Contabilização
Apropriação da despesa financeira
D – Despesas financeiras – juros
C – Encargos financeiros a transcorrer (PC)
4.461,91
4.461,91
Pagamento da parcela 1
D – Financiamento por arrendamento (PC)
C - Bancos
10.000,00
10.000,00
Transferência da parcela de LP para CP
D – Financiamento por Arrendamento (PNC)
C - Financiamento por arrendamento (PC)
10.000,00
10.000,00
Transferência dos Juros a transcorrer do LP pra CP
D - Encargos financeiros a transcorrer (PC)
C - Encargos financeiros a transcorrer (PNC)
3.797,34
3.797,34
Isenção e reconhecimento
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A primeira exceção diz respeito a arrendamentos de curto 
prazo, ou seja, arrendamentos que, na data de início, possuem 
prazo igual ou inferior a 12 meses. O IASB considerou que os 
benefícios advindos do reconhecimento como ativo e passivo 
desses tipos de contrato não superariam os custos. É 
importante destacar que se o arrendamento contiver 
opção de compra, ele não pode ser considerado 
arrendamento de curto prazo.
Ressalta-se que o arrendatário pode ou não reconhecer arrendamentos de 
curto prazo na forma de ativos e passivos, ou seja, trata-se de uma escolha 
contábil. 
Porém, essa escolha deve ser feita por classe de ativo subjacente ao qual se
refere o direito de uso. Portanto, se a empresa decidir não reconhecer, por 
exemplo, um arrendamento de curto prazo de uma máquina, não poderá 
reconhecer nenhum outro arrendamento de curto prazo de outras máquinas.
Isenção e reconhecimento
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A segunda exceção se refere a arrendamentos para os quais o 
ativo subjacente é de baixo valor. 
A avaliação em relação ao valor do ativo subjacente deve ser 
realizada em base absoluta e considerando o valor do ativo quando 
este é novo. Isso significa que a avaliação não é afetada pelo 
porte, natureza ou circunstâncias do arrendatário. 
Exemplos desses ativos subjacentes podem incluir computadores 
pessoais, tablets, pequenos itens de mobiliário de escritório e 
telefones.
Isenção e reconhecimento
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Caso as exceções sejam aplicáveis, o arrendatário não irá 
reconhecer o ativo decorrente do direito de uso nem o
passivo decorrente da obrigação de pagar as prestações do 
contrato. 
Ao invés disso, os pagamentos associados ao contrato
serão reconhecidos como despesa (ou custo de um produto ou 
de outro ativo, se for o caso) em base linear ao longo do
contrato ou em alguma outra base sistemática que represente 
melhor o padrão do benefício do arrendatário. 
Exercícios
¡ Resolva os exercícios sobre 
arrendamento disponibilizados no 
moodle.
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