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Arrendamento Mercantil Aspectos Conceituais e Contábeis 1 Definição 2 Arrendamento mercantil (leasing) é o contrato, ou parte do contrato, que transfere o direito de usar um ativo (ativo subjacente) por um período de tempo em troca de contraprestação”. Essa prática contábil evidencia o cumprimento da característica da essência sobre a forma, pois, mesmo que o contrato de arrendamento não transfira a propriedade do bem, a empresa passou a registrá-lo como se tivesse sido transferido. Identificações importantes 3 ØArrendador = o cedente do direito de uso; ØArrendatário = o adquirente do direito de uso; e ØArrendamento = o contrato do direito de uso, O ativo de direito de uso é o ativo que representa o direito do arrendatário de usar o ativo subjacente durante o prazo do arrendamento, e o passivo de arrendamento representa a obrigação do arrendatário de pagar as prestações ao arrendador durante o prazo do arrendamento. Reconhecimento e Mensuração Inicial 4 O ativo de direito de uso deve ser mensurado inicialmente ao custo e deve compreender: • o valor da mensuração inicial do passivo de arrendamento; • quaisquer pagamentos de arrendamento efetuados até a data de início, menos quaisquer incentivos de arrendamento recebidos; • quaisquer custos diretos iniciais incorridos pelo arrendatário; e • a estimativa de custos a serem incorridos pelo arrendatário na desmontagem e remoção do ativo subjacente, restaurando o local em que está localizado ou restaurando o ativo subjacente à condição requerida pelos termos e condições do arrendamento, salvo se esses custos forem incorridos para produzir estoques. O arrendatário incorre na obrigação por esses custos seja na data de início ou como consequência de ter usado o ativo subjacente durante um período específico. Reconhecimento e Mensuração Inicial 5 O passivo de arrendamento deve ser mensurado inicialmente pelo valor presente dos pagamentos do arrendamento (exceto, é claro, aqueles já efetuados na data de início do arrendamento). O valor presente deve ser calculado a partir de fluxos de caixa futuros (que serão a seguir descritos) e uma taxa de desconto, que será, em princípio, a taxa de juros implícita no arrendamento. Mas se essa taxa não puder ser determinada imediatamente, deve ser utilizada a taxa incremental sobre empréstimo do arrendatário, ou seja, a taxa que o arrendatário teria de pagar ao pedir emprestado, por prazo semelhante e com garantia semelhante, os recursos necessários para obter o ativo com valor similar ao ativo de direito de uso em ambiente econômico similar. Exemplo 6 Para ilustrar a contabilização inicial, vamos admitir que a empresa A tenha contratado um leasing de uma máquina. As características do contrato são as seguintes: ü valor da contraprestação anual, vencível no final de cada ano = $ 10.000 ü prazo do arrendamento = 5 anos ü valor residual a ser pago no final do 5o ano para adquirir o ativo = $ 2.000 ü taxa de juros implícita no contrato = 12% ao ano Cálculo do valor presente: (na HP) 10000 PMT 5n 2000 FV 12 i PV 37.182,62 Exemplo – Mensuração inicial 7 Contabilização D – Direito de uso da maquina (ativo) .......... 37.182,62 C – Financiamento por arrendamento (PC) .... 10.000,00 D – Encargos financeiros a transcorrer (PC) .. 4.461,91 C- Financiamento por arrendamento (PNC) ... 42.000,00 D – Encargos financeiros a transcorrer (PNC) ..10.355,47 Cálculos dos encargos financeiros de curto e longo prazo É importante lembrar que, caso a empresa A tivesse incorrido em outros custos necessários para a aquisição do direito de uso do ativo, esses custos seriam também registrados no ativo, só que a contrapartida seria caixa, redução de algum outro ativo ou reconhecimento de algum outro passivo. Ano 37.182,62 taxa juros parcela Amortização 1,00 31.644,53 0,12 4.461,91 10.000,00 5.538,09 2,00 25.441,88 0,12 3.797,34 10.000,00 6.202,66 3,00 18.494,90 0,12 3.053,03 10.000,00 6.946,97 4,00 10.714,29 0,12 2.219,39 10.000,00 7.780,61 5,00 0,01 0,12 1.285,72 12.000,00 10.714,28 10.355,47 Mensuração Subsequente do Ativo 8 Uma vez realizado o registro inicial do ativo, a mensuração subsequente será feita com base no método de custo, que será descrito a seguir, a menos que sejam aplicáveis outros modelos de mensuração, como o de valor justo de propriedades para investimento ou o de reavaliação de ativo imobilizado. O método do custo faz que o arrendatário mensure o ativo de direito de uso ao custo inicial menos: (a) qualquer depreciação acumulada e perdas por impairment; e (b) corrigido por qualquer remensuração do passivo de arrendamento. Mensuração Subsequente do Passivo 9 O passivo de arrendamento deverá ir sendo: (a) aumentado para refletir os juros sobre o passivo; (b) irá sendo diminuído para refletir os pagamentos do arrendamento; e (c) remensurado para refletir qualquer reavaliação ou modificações do arrendamento (correção monetária, variação cambial, por exemplo), ou para refletir pagamentos fixos na essência revisados (pagamentos inevitáveis). O item (c), denominado remensuração, será aplicável em razão de mudanças que possam vir a ocorrer no contrato ao longo do tempo. Essas mudanças podem incluir alterações: I. no prazo do arrendamento; II. na avaliação da opção de compra do ativo subjacente; III.nos valores que se espera sejam pagos em razão da garantia de valor residual; Exemplo – Mensuração subsequente 10 Em relação à depreciação do ativo, inicialmente a empresa A precisaria definir se há ou não certeza razoável de que irá ficar com o ativo subjacente no final do contrato. i. Se a resposta a essa questão for sim, então a depreciação do direito de uso do ativo respeitaria a vida útil do ativo subjacente. ii. Em caso negativo, o ativo deve ser depreciado pelo prazo do arrendamento, a menos que a vida útil do ativo seja inferior a esse prazo. No exemplo, devemos lembrar que a entidade registrou o valor residual no passivo, indicando claramente que há prévia intenção de aquisição do ativo no final do contrato. Exemplo – Mensuração subsequente 11 Porém, apenas para simplificação do período de depreciação, vamos considerar que a vida útil desse ativo é de 5 anos (coincidente ao período do contrato) e o valor residual é de $ 2.000,00 (coincidente ao valor residual do contrato). Com isso, o valor da despesa de depreciação anual seria de $ 7.036,52 (saldo contábil inicial de $ 37.182,62 menos o valor residual de $ 2.000,00, dividido por 5 anos). Logicamente, esse modelo de depreciação deve ser adequado a cada situação. Por exemplo, caso a empresa soubesse que a vida útil desse ativo fosse de 7 anos (sem valor residual relevante), então, mantendo o modelo da depreciação linear, a despesa de depreciação anual seria de $ 5.311,80. E também poderia haver a hipótese de não intenção de aquisição do ativo, o que nos levaria a calcular a depreciação com base no tempo do contrato ou na vida útil do ativo, dos dois o menor. 12 Exemplo – Mensuração subsequente Ano Saldo da dívida taxa juros parcela Amortização 0 37.182,62 1 31.644,53 0,12 4.461,91 10.000,00 5.538,09 2 25.441,88 0,12 3.797,34 10.000,00 6.202,66 3 18.494,90 0,12 3.053,03 10.000,00 6.946,97 4 10.714,29 0,12 2.219,39 10.000,00 7.780,61 5 0,01 0,12 1.285,72 12.000,00 10.714,28 O saldo da dívida no momento 0 (na contratação do leasing) já havia sido calculado e representa os pagamentos anuais trazidos a valor presente utilizando-se a taxa de 12% ao ano. Os valores dos pagamentos foram definidos em contrato. A despesa de juros é calculada aplicando-se 12% sobre o saldo da dívida. Exemplificando, $ 4.461,91 são obtido aplicando-se 12% ao saldo de $ 37.182,62. Nas demais linhas o procedimento é o mesmo, mas os valores de juros vão caindo, pois o saldo da dívida está sendo amortizado ao longo do tempo. Finalmente, o valor da redução da dívida é obtido a partir da diferença entre os $ 10.000,00 do pagamentoe o valor de juros do ano, $ 4.461,91. Ou seja, ao pagar $ 10.000,00, o arrendatário está pagando $ 4.461,91 de juros da dívida e o restante serve para amortizar o saldo da dívida. 13 Exemplo – Mensuração subsequente Contabilização Apropriação da despesa financeira D – Despesas financeiras – juros C – Encargos financeiros a transcorrer (PC) 4.461,91 4.461,91 Pagamento da parcela 1 D – Financiamento por arrendamento (PC) C - Bancos 10.000,00 10.000,00 Transferência da parcela de LP para CP D – Financiamento por Arrendamento (PNC) C - Financiamento por arrendamento (PC) 10.000,00 10.000,00 Transferência dos Juros a transcorrer do LP pra CP D - Encargos financeiros a transcorrer (PC) C - Encargos financeiros a transcorrer (PNC) 3.797,34 3.797,34 Isenção e reconhecimento 14 A primeira exceção diz respeito a arrendamentos de curto prazo, ou seja, arrendamentos que, na data de início, possuem prazo igual ou inferior a 12 meses. O IASB considerou que os benefícios advindos do reconhecimento como ativo e passivo desses tipos de contrato não superariam os custos. É importante destacar que se o arrendamento contiver opção de compra, ele não pode ser considerado arrendamento de curto prazo. Ressalta-se que o arrendatário pode ou não reconhecer arrendamentos de curto prazo na forma de ativos e passivos, ou seja, trata-se de uma escolha contábil. Porém, essa escolha deve ser feita por classe de ativo subjacente ao qual se refere o direito de uso. Portanto, se a empresa decidir não reconhecer, por exemplo, um arrendamento de curto prazo de uma máquina, não poderá reconhecer nenhum outro arrendamento de curto prazo de outras máquinas. Isenção e reconhecimento 15 A segunda exceção se refere a arrendamentos para os quais o ativo subjacente é de baixo valor. A avaliação em relação ao valor do ativo subjacente deve ser realizada em base absoluta e considerando o valor do ativo quando este é novo. Isso significa que a avaliação não é afetada pelo porte, natureza ou circunstâncias do arrendatário. Exemplos desses ativos subjacentes podem incluir computadores pessoais, tablets, pequenos itens de mobiliário de escritório e telefones. Isenção e reconhecimento 16 Caso as exceções sejam aplicáveis, o arrendatário não irá reconhecer o ativo decorrente do direito de uso nem o passivo decorrente da obrigação de pagar as prestações do contrato. Ao invés disso, os pagamentos associados ao contrato serão reconhecidos como despesa (ou custo de um produto ou de outro ativo, se for o caso) em base linear ao longo do contrato ou em alguma outra base sistemática que represente melhor o padrão do benefício do arrendatário. Exercícios ¡ Resolva os exercícios sobre arrendamento disponibilizados no moodle. 17