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3ºAula Ativos intangíveis Olá, pessoal! Nesta aula, estudaremos a respeito dos Ativos Intangíveis nas demonstrações financeiras. O ativo intangível é definido como um ativo não monetário identificável e sem substância física. Verificaremos que as práticas e normas contábeis internacionais International Accounting Standard (IAS), conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS), formam um conjunto de pronunciamentos publicados e revisados pelo International Accounting Standard Board (IASB), que tem por objetivo definir o tratamento contábil de ativos intangíveis, permitindo o reconhecimento de inúmeros ativos intangíveis, exigindo um maior grau de verificabilidade para seu reconhecimento quando comparada com a norma sobre ativos tangíveis. Vamos lá?! Bons estudos! Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • definir a norma internacional; • compreender as exigências da IAS 38; • reconhecer o ativo intangível resultante da pesquisa e desenvolvimento e avaliar sua vida útil. Contabilidade IV 16 1 - Resumo da Norma Internacional; 2 - As exigências da IAS 38; 3 - Como reconhecer um ativo intangível adquirido; Seções de estudo 1 - Resumo da Norma Internacional 2 - As Exigências da IAS 38 O que é ativo intangível? Outro aspecto importante é o reconhecimento de ativos intangíveis nas demonstrações financeiras sempre foi um tópico polêmico. A filosofia normativa tem sido a de delimitar o reconhecimento de certos ativos e, em troca, ampliar a divulgação (disclosure) de todos os elementos que ajudem os usuários a entender a posição patrimonial e suas mutações, a projetar para o futuro e a efetuar as suas próprias avaliações, em vez de colocar sobre a empresa a responsabilidade e autoridade para assumir essas tarefas. Por outro lado, é notório que em muitos segmentos dos negócios e maior parte da geração de valor esteja atrelada justamente à parcela intangível. Empresas farmacêuticas, companhias de alta tecnologia e websites são bons exemplos dessa realidade. Outro fato relevante é o de que, virtualmente, em todas as fusões e aquisições a diferença entre patrimônio líquido contábil e o custo de aquisição é bastante significativa, justamente em virtude dos intangíveis que possuem valor, mas que não são reconhecidos. Como consequência, a regulação relativa aos ativos intangíveis evoluiu ao longo do tempo, sempre buscando o equilíbrio entre duas características qualitativas que a informação contábil deve apresentar relevância e confiabilidade. Mas se esse objetivo é extremamente difícil de ser alcançado com relação a qualquer elemento patrimonial, imagine-se no caso do ativo intangível. A relevância consiste em promover uma informação com maior previsibilidade, auxiliando na projeção de fluxos de caixas futuros e no seu reconhecimento oportuno. Vejam no esquema abaixo os critérios para que as informações gerem a verificabilidade. Disponível em: <http://www.alfi nal.com/brasil/RESPONSABILIDADE.php>. Acesso em: 28 abr. 2012. Transparência Inclusão Verifi cabilidade Informações Informações Informações Q u a l i d a d e / confi abilidade das informações A c e s s i b i l i d a d e da informação transmitida (como, quando) Decisões sobre inclusão de informações Abrangência Relevância Contexto de sustentabilidae Periodicidade Clareza Comparabilidade Neutralidade Exatidão Já a confiabilidade está calcada no atributo da verificabilidade, sendo uma importante restrição ao conhecimento dos intangíveis, principalmente, os gerados internamente. Com base no parágrafo anterior, é possível perceber que a norma internacional sobre o tópico, a International Accounting Standard - IAS 38, ao mesmo tempo em que permite o reconhecimento de inúmeros ativos intangíveis, acaba por ser mais criteriosa, exigindo um maior grau de verificabilidade para seu reconhecimento quando comparada com a norma sobre ativos tangíveis. 2.1 Alcance e definições O objetivo da IAS 38 é definir o tratamento contábil de ativos intangíveis, exceto aqueles tratados expressamente em outra norma, e não se aplica (a) à contabilização de ativos financeiros, conforme definição contida na IAS 32 – Instrumentos Financeiros: Apresentação – e (b) aos gastos com o desenvolvimento e extração de minerais, petróleo, gás natural e recursos não renováveis similares e ao goodwill – ágio pago por expectativa de rentabilidade futura. A norma também é aplicável aos gastos com atividades de publicidade, treinamento, pré-operacionais e de pesquisa e desenvolvimento. A IAS 38 define ativo intangível como um ativo não monetário identificável e sem substância física. A definição de ativo pela norma é a mesma da estrutura conceitual, uma vez que um ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual são esperados benefícios futuros para a entidade. Os ativos intangíveis destinados à venda, contabilizados nos termos das IAS 2, IAS 11 ou IFRS 5 - International Financial Reporting Standards, são expressamente excluídos do alcance da IAS 38. As empresas frequentemente incorrem em gastos com todos os tipos de recursos intangíveis, tais como conhecimento científico ou técnico, projeto e implementação de novos processos ou sistemas, licenças, propriedade intelectual, conhecimento de mercado, marcas e títulos de publicações. Entre os exemplos incluídos estão certos softwares, patentes, direitos autorais, direitos de exibição de filmes, listas de clientes, licenças, cotas e muito outros. Para serem reconhecidos como ativo intangível, esses itens precisam atender aos critérios de identificação, de controle e da existência de benefícios econômicos futuros. Caso os gastos não atendam todos estes critérios, serão lançados como despesa quando incorridos, a menos que tenham sido adquiridos numa combinação de negócios. • Identificação - Para efeito de reconhecimento, é necessário que o ativo intangível seja identificável, de forma a distingui-lo do goodwill. A International Financial Reporting Standards - IFRS 3, define goodwill como os “benefícios econômicos futuros decorrentes dos ativos que não poderão ser 17 identificados individualmente e reconhecidos separadamente”. Por exemplo, benefícios econômicos futuros poderão resultar de sinergia entre os ativos identificáveis adquiridos ou de ativos que, individualmente, não se qualifiquem para reconhecimento nas demonstrações financeiras, mas que o adquirente se dispôs a adquirir numa combinação de negócios. Nos termos da IAS 38, o ativo intangível atende o critério de identificação quando: I - for separável da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou permutado, tanto individualmente como em conjunto com um contrato, ativo ou passivo relacionado; ou II - resultar de direitos contratuais ou de outros direitos legais, idependentemente de os direitos poderem ser transferidos ou separados da entidade ou de outros direitos e obrigações. • Controle - Controle é definido como o poder de obter os benefícios econômicos futuros a serem gerados pelo ativo intangível e a capacidade de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Embora o controle normalmente resulte de direitos previstos em lei, também poderá ser demonstrado por fatores como conhecimento de mercado e técnico. A existência de direitos legais sobre um ativo não é condição necessária ao seu controle, pois a entidade talvez possa de algum outro modo controlar os benefícios econômicos futuros. • Benefícios econômicos futuros - Benefícios econômicos futuros não incluem somente as receitas futuras da venda de produtos ou serviços, mas também economias de custo. Por exemplo, o uso de propriedade intelectual em processo de produção poderá reduzir custos futuros de produção em vez de aumentar as receitas futuras. 2.2 - Reconhecimento e mensuração inicial • Reconhecimento - Nos termos da IAS 38, o reconhecimentose baseia no princípio geral aplicável aos custos incorridos com aquisição ou geração interna de um ativo intangível e aos custos subsequentemente incorridos com sua complementação, manutenção ou substituição de parte. O item que atender à definição de ativo intangível somente deverá ser reconhecido se: a) for provável que os benefícios econômicos futuros atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e b) o custo do ativo puder ser mensurado com segurança. A entidade deve avaliar a probabilidade de geração dos benefícios econômicos futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis, que representem a melhor estimativa da administração em relação ao conjunto de condições econômicas que existirão durante a vida útil do ativo. Disponível em: <http://www.lbcontabil.com.br/>. Acesso em: 14 abr. 2012. • Mensuração inicial - Quando de seu reconhecimento inicial, o ativo intangível deverá ser mensurado pelo custo. A norma define custo como sendo o valor de caixa ou equivalentes de caixa pago ou o valor justo de qualquer outra atribuição dada (por exemplo, por meio de uma permuta de ativos) pela entidade para adquirir o ativo na sua aquisição ou construção. Exigências específicas de reconhecimento e mensuração - Ativos intangíveis adquiridos separadamente: a) Reconhecimento Ativos intangíveis adquiridos separadamente em geral deverão ser reconhecidos como ativos. A IAS 38 determina que o preço pago para adquirir um ativo intangível separadamente em geral reflete a expectativa acerca da probabilidade de os benefícios econômicos futuros atribuíveis ao ativo serem gerados em favor da entidade. Ou seja, o efeito dessa probabilidade está refletido no custo da aquisição do ativo intangível. Por conseguinte, quando a entidade adquire um ativo intangível separadamente, a norma: (i) considera prováveis os benefícios econômicos futuros; e (ii) pressupõe que o custo de um ativo intangível adquirido separadamente em geral pode ser mensurado com segurança, sobretudo quando o valor pago é feito em espécie ou com outros ativos monetários. b) Componentes de custo O custo de um ativo intangível adquirido separadamente compreende: (i) seu preço de compra, inclusive impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, deduzido de descontos comerciais e abatimentos; e (ii) qualquer custo diretamente atribuível à preparação do ativo para a fi nalidade proposta, por exemplo: • benefícios aos empregados (conforme defi nição da IAS 19 – Benefícios a Empregados) incorridos diretamente para colocar o ativo em condição de funcionamento; • honorários profi ssionais diretos para colocar o ativo em funcionamento; e • custos com testes para verifi car se o ativo está funcionando adequadamente. Exemplos de gastos que não fazem parte do custo de um ativo intangível e devem ser lançados como despesa quando incorridos: (i) custos incorridos na introdução de um novo produto ou serviço ( incluindo propaganda e atividades promocionais); (ii) custo da transferência das atividades para um novo local ou para uma nova categoria de clientes (incluindo custos de treinamento); (iii) custos administrativos e custos indiretos em geral. Contabilidade IV 18 3 – Como Reconhecer um Ativo Intangível Adquirido Conceito A norma defi ne atividades de pesquisa e desenvolvimento da seguinte maneira: • Pesquisa é a investigação original, planejada e realizada com a perspectiva de aquisição de novo conhecimento e entendimentos científi cos ou técnicos. Ativos intangíveis adquiridos numa combinação de negócios - De acordo com a IFRS 3, na data da aquisição, o adquirente deve reconhecer, separadamente, um ativo intangível, se: a) atinge a definição de um ativo intangível; b) de acordo com a Norma IAS 38; e c) seu valor justo pode ser mensurado com segurança. Notem que para que tal item possa ser reconhecido como ativo intangível, deve ainda ser provável que os seus benefícios econômicos futuros fluirão para a entidade. O adquirente deve reconhecer um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios pelo seu valor de custo, que nesse caso representa o valor justo na data da aquisição. Um adquirente deve reconhecer, na data da aquisição, separadamente do ágio, um ativo intangível do adquirido se o seu valor justo puder ser mensurado com confiança, mesmo que esses ativos não tenham sido reconhecidos pelo adquirido como um ativo intangível antes da data da aquisição. A norma estabelece que não será possível mensurar, com segurança, o valor justo do ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios quando esse ativo for resultante de direitos legais ou contratuais e: a) não seja separável; ou b) seja separável, mas não exista histórico ou evidência de transações de troca para o mesmo ativo ou similar e, por outro lado, estimando o valor justo, possa ser dependente de variáveis não mensuráveis. O processo de identificação de ativos intangíveis adquiridos em uma combinação de negócios pode ser dividido em um número de passos conforme ilustrado a seguir: Ativos intangíveis obtidos por meio de subsídio governamental - Ativos intangíveis frequentemente obtidos por meio de subsídios governamentais incluem direitos de aterrissagem em aeroporto, licenças para operação de estações de rádio ou televisão, direitos de emissão, licenças ou cotas de importação. Os subsídios governamentais deverão ser contabilizados segundo a IAS 20 – Contabilização de Subvenções Governamentais -, que permite o reconhecimento inicial de ativos intangíveis: a) pelo valor justo; ou b) por valor nominal acrescido de qualquer gasto que possa ser diretamente atribuído à preparação do ativo para a finalidade proposta. Ativos intangíveis obtidos em permutas de ativos - A IAS 38 exige que todas as aquisições de ativos intangíveis em troca de ativos não monetários ou combinação de ativos monetários e não monetários sejam mensuradas pelo valor justo. O ativo intangível adquirido é mensurado pelo valor justo a menos que: a) a transação não tenha substância comercial; ou b) nem o valor justo do ativo recebido nem do ativo entregue possam ser mensurados com segurança. Goodwill gerado internamente - A IAS 38 proíbe explicitamente o reconhecimento do goodwill gerado internamente como ativo, pois não é separável e tampouco decorre de direitos legais e, como tal, não constitui recurso identificável controlado pela entidade que possa ser mensurado com segurança. Ativos intangíveis gerados internamente - Por vezes, é difícil avaliar se um ativo intangível gerado internamente se qualifica ou não para o reconhecimento como ativo intangível devido a problemas: a) para identificar se e quando haverá um ativo identificável que gerará os benefícios econômicos futuros; e b) para determinar com segurança, o custo do ativo. Em alguns casos, não é possível distinguir o custo incorrido com a geração interna de um ativo intangível do custo da manutenção ou melhoria do ágio gerado internamente ou com as operações regulares da entidade. 3.1 - Pesquisa e desenvolvimento Tendo estabelecido o atendimento das exigências de reconhecimento e mensuração inicial da norma, a entidade classifica a geração do ativo desenvolvido internamente em fase de pesquisa e fase de desenvolvimento. Nenhum ativo intangível resultante de pesquisa (ou da fase de pesquisa de um projeto interno) deve ser reconhecido. Os gastos com pesquisa (ou na fase de pesquisa de um projeto interno) devem ser reconhecidos como despesa quando incorridos. • Desenvolvimento é a aplicação de resultados de pesquisa ou outro conhecimento a plano ou projeto para produção de materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou substancialmente aprimorados antes do início da produção de uso comercial. Observem que um ativo intangível resultante de desenvolvimento (ou da fase de desenvolvimento de um projeto interno) deve ser reconhecido somente se a entidadepuder demonstrar todos os aspectos a seguir: a) a viabilidade técnica de concluir o ativo intangível de forma que esteja disponível para uso ou venda; b) a sua intenção de concluir o ativo intangível e usá-lo ou vende-lo; c) a sua capacidade de usar ou vender o ativo intangível; d) a forma como o ativo intangível gerará prováveis benefícios econômicos futuros; e) a disponibilidade de recursos técnicos, financeiros e outros recursos adequados para concluir o seu desenvolvimento e usar ou vender o ativo intangível; f) a capacidade para mensurar com segurança o gasto atribuível ao período intangível durante a sua fase de desenvolvimento. Caso a entidade não consiga distinguir entre a fase de pesquisa e a de desenvolvimento de um projeto interno, o gasto total deve ser tratado como incorrido na fase de pesquisa e consequentemente reconhecido como despesa. • Marcas, nomes comerciais, títulos de publicações, listas de clientes e itens similares gerados internamente 19 - A IAS 38 proíbe o reconhecimento desses itens como ativos intangíveis, pois considera que eles, em substância, não são distinguíveis do curso de desenvolvimento de um negócio como um todo. O mesmo é aplicável para gastos subsequentes relacionados a esses itens. • Custos de website - De acordo com a interpretação SIC-32, um website originado de desenvolvimento deve ser reconhecido como um ativo intangível se atingir – adicionalmente aos requerimentos gerais para reconhecimento de ativos intangíveis – as seis condições para reconhecimento de custos de desenvolvimento. Segundo a interpretação, uma entidade não é capaz de demonstrar como um website desenvolvido, apenas e principalmente, para promover e publicar seus próprios produtos e serviços, gerará benefícios econômicos futuros e, consequentemente, todos os gastos no desenvolvimento desse website deverão ser reconhecidos como despesa quando incorridos. Um website que é reconhecido como um ativo intangível deve ser avaliado após o seu reconhecimento inicial pelo método de custo ou de reavaliação. A entidade deve ser prudente ao estabelecer a melhor estimativa para vida útil de um website, que geralmente deverá ser curta. • Reconhecimento de despesa - A IAS 38 fornece outros exemplos de gastos que devem ser reconhecidos como despesa quando incorridos: a) gastos pré-operacionais, a menos que se qualifi quem para reconhecimento como parte do custo de imobilizado nos termos da IAS 16 – Ativo Imobilizado. Esses gastos incluem os custos de estabelecimento, como custos incorridos para estabelecimento de pessoa jurídica, abertura de nova instalação ou negócio ou aqueles relativos ao início de novas operações ou lançamentos de novos produtos ou processos; b) custos de treinamento; c) atividades de publicidade e promoção; e d) custos de recolocação ou reorganização. • Mensuração após o reconhecimento inicial - A IAS 38, a exemplo de várias outras normas internacionais, proporciona às entidades a opção de escolher entre dois tratamentos alternativos que podem ser resumidos como se segue: a) o modelo do custo, que requer mensuração pelo custo deduzido de amortização acumuladas e perdas por desvalorização; e b) o modelo da reavaliação, que requer mensuração pelo valor reavaliado (com base no valor justo) deduzido de amortização acumulada e perdas por desvalorização. A entidade poderá somente optar por aplicar o modelo da reavaliação caso o valor justo possa ser determinado por referência a um mercado ativo para o ativo intangível. Esse modelo não permite: a) a reavaliação de ativos intangíveis não reconhecidos anteriormente como ativos; ou b) o reconhecimento inicial de ativos intangíveis por valores que não sejam o de custo. 3.2 - Avaliação da vida útil de um ativo intangível A IAS 38 define a vida útil de um ativo intangível como sendo: a) o período no decorrer do qual se prevê que o ativo esteja disponível para uso por parte da entidade; ou b) o número de unidades de produção ou unidades similares que, segundo previsão, será obtido do ativo pela entidade. A norma exige que a entidade avalie se a vida útil de um intangível é definida ou indefinida. Se concluir que a vida útil do ativo intangível é finita, a entidade estimará a duração de sua vida útil ou o número de unidades de produção (ou unidades similares) que constituem a vida útil. O ativo intangível com vida útil definida é amortizado, e o ativo intangível com vida útil indefinida não. Para esse fim, o termo indefinida não significa “infinita”. A norma exige classificar o ativo intangível como tendo vida útil indefinida quando, com base em análise de todos os fatores pertinentes, não existir limite previsível ao período no decorrer do qual se prevê que o ativo gere entradas de caixa líquidas para a entidade. • Ativos intangíveis com vida útil definida, o período e método de amortização - O valor amortizável do ativo intangível com vida útil definida deverá ser alocado de forma sistemática no decorrer de sua vida útil da seguinte maneira: a) a amortização deverá começar quando o ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando estiver no local e condição necessários para que possa operar da maneira pretendida pela gerência. Por conseguinte, mesmo que a entidade não o esteja utilizando, o ativo deverá ainda assim ser amortizado, pois está disponível para uso; b) a amortização deverá cessar, na data que ocorrer primeiro entre: (i) a data da classifi cação do ativo como disponível para venda ou inclusão em um grupo de alienação classifi cado como disponível para venda,em conformidade com a IFRS 5 ; e (ii) a data em que o ativo for baixado; c) o método da amortização deverá refl etir a norma de consumo dos benefícios econômicos propiciados pelo ativo intangível. Caso essa norma não possa ser determinada de forma segura, deverá ser empregado o método da depreciação linear. • Análise do período e do método de amortização - A entidade deverá analisar o período e o método de amortização de um ativo intangível com vida útil definida pelo menos a cada encerramento de exercício financeiro. Caso a vida útil prevista do ativo tenha sido alterada, o período de amortização deverá ser alterado de modo correspondente. A entidade poderá, por exemplo, considerar inadequada a sua estimativa anterior da vida útil de um ativo Contabilidade IV 20 intangível do reconhecimento de perda por desvalorização. Caso o padrão de consumo previsto dos benefícios econômicos futuros inerentes ao ativo tenha sido alterado, o método de amortização deverá ser alterado. A norma fornece dois exemplos das circunstâncias em que isso poderia acontecer: a) caso se torne óbvio que o método do saldo decrescente de amortização é adequado, em vez do método da depreciação linear; e b) caso a utilização dos direitos representados por licença estejam pendentes de uma decisão judicial. Nesse caso, os benefícios econômicos gerados pelo ativo talvez sejam obtidos apenas em períodos posteriores. Isso sugere que poderão existir circunstâncias nas quais uma amortização não deve ser reconhecida, pois a entidade talvez não esteja pronta para utilizar o ativo intangível. Ambas as alterações do período de amortização e do método de amortização deverão ser contabilizadas como mudanças de estimativas contábeis em conformidade com a IAS 8 – Mudanças nas estimativas contábeis e Correções de Erros -, que requer que sejam reconhecidas prospectivamente. • Valor residual - A norma IAS 38 exige que as entidades suponham um valor residual igual a zero para ativo intangível com vida útil definida, a menos que haja, por parte de um terceiro, um compromisso de compra do ativo no término de sua vida útil ou haja um mercado ativo a partir do qual seja possível determinar seu valor residual. Dada a definição bastante restritiva de mercado ativo, parece altamente improvável – em não havendo, por parte de terceiro, compromisso de compra do ativo – quea entidade consiga provar que o valor residual é diferente de zero. Um valor residual deferente de zero sugere que a entidade pretende alienar o ativo antes do término de sua vida útil. • Adoção inicial IAS 38 - O saldo inicial do balanço patrimonial: a) exclui todos os ativos intangíveis e outros itens que não atingem os critérios de reconhecimento de acordo com a norma IAS 38 na data da transição para IFRS; e b) inclui todos os ativos intangíveis que atingem os critérios de reconhecimento de acordo com a norma IAS 38 naquela data, exceto para ativos intangíveis adquiridos em combinação de negócios que não foram reconhecidos no balanço patrimonial do adquirente de acordo com o princípio contábil anterior e também não seriam elegíveis para reconhecimento de acordo com a norma IAS 38 no balanço patrimonial da adquirida. De acordo com a IFRS 1, não é permitida a reconstrução retrospectiva dos custos de ativos intangíveis. Entidades que adotam a IFRS 1 pela primeira vez e que não capitalizaram anteriormente ativos intangíveis gerados internamente frequentemente não terão a documentação necessária e os sistemas requeridos pela IFRS 1 e, portanto, não serão capazes de capitalizar esses itens nos saldos iniciais de IFRS, a menos que tenham antecipado os requerimentos e estabelecido seus ativos intangíveis contemporaneamente. Porém, na sequência, deverão implementar sistemas internos e procedimentos que permitirão determinar se os ativos intangíveis gerados internamente poderão no futuro ser capitalizados ou não. A capitalização de ativos intangíveis adquiridos normalmente será mais fácil, devido a existência de documentação contemporânea que foi preparada para suportar a decisão de investimento. De acordo com a IRFS 1, a avaliação inicial de ativos intangíveis será determinada utilizando uma das seguintes alternativas: a) custo histórico determinado de acordo com a norma IAS 38; b) valor justo na data da transição para IFRS. Um valor reavaliado que seja igual ao: a) valor justo na data da reavaliação; b) custo ajustado por mudanças em índices gerais ou específicos; ou c) valor justo relacionado a um evento, por exemplo, na data de uma oferta pública inicial de ações ou privatização. d) O valor contábil será aquele determinado de acordo com o princípio contábil anterior, imediatamente após a aquisição; ou e) Se o item não foi reconhecido de acordo com o princípio contábil anterior, o valor contábil na base em que a IFRS requereria seu reconhecimento no balanço patrimonial individual da adquirida. • Divulgações - A entidade deve divulgar os seguintes aspectos para cada classe de ativos intangíveis, distinguindo entre os ativos intangíveis gerados internamente e outros ativos intangíveis: a) se a vida útil é indefi nida ou defi nida e, se for defi nida, a vida útil ou taxa de amortização usada; b) os métodos de amortização usados para ativos intangíveis com vida útil defi nida; c) o valor contábil bruto e qualquer amortização acumulada (agregada com as perdas de valor acumuladas) no começo e fi m do período; d) os itens de cada linha da demonstração dos resultados em que q u a l q u e r amortização de ativos intangíveis esteja concluída; e e) uma reconciliação do valor contábil no começo e fi m do período demonstrando (i) adições; (i) ativos classifi cados como mantidos para venda ou incluídos num grupo para alienação classifi cado como mantido para venda; (iii) aumentos ou diminuições durante o período resultantes de reavaliações e de perdas de valor reconhecidas ou revertidas diretamente no patrimônio líquido; (iv) perdas de valor reconhecidas nos resultados durante o período; (v) perdas de valor revertidas nos resultados durante o período; (vi) qualquer amortização reconhecida durante o período; (vii) diferenças cambiais líquidas de ativos intangíveis gerados pela conversão das demonstrações fi nanceiras 21 de operações no exterior para a moeda de relatório da entidade; e (viii) outras alterações no valor contábil durante o período. A entidade também deve divulgar: a) em relação a ativos intangíveis avaliados como tendo uma vida útil indefinida, o seu valor contábil e os motivos que fundamentam essa avaliação, descrevendo os fatores mais importantes que levaram a essa definição; b) a descrição, o valor contábil e o prazo de amortização remanescente de qualquer ativo intangível individual importante para as demonstrações financeiras da entidade; c) em relação a ativos intangíveis adquiridos por meio de subvenção governamental e inicialmente reconhecidos ao valor justo; d) a existência e os valores contábeis de ativos intangíveis cuja titularidade é restrita e os valores contábeis de ativos intangíveis oferecidos como garantia de obrigações; e) o valor dos compromissos contratuais advindos da aquisição de ativos intangíveis. Espero que agora tenha fi cado mais claro o entendimento de vocês sobre os ativos intangíveis em relação às normas internacionais. Em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “Fórum” ou “Quadro de Avisos”. Leiam as recomendações postadas, acessem os sites recomendados para ampliar seus conhecimentos. Retomando a aula Vamos, então, recordar os pontos principais do que aprendemos. 1 - Resumo da Norma Internacional Vimos que a regulação relativa aos ativos intangíveis, que possuem valor, mas que não são reconhecidos evoluiu ao longo do tempo, sempre buscando o equilíbrio relevância e confiabilidade, sendo estas duas características qualitativas que a informação contábil deve apresentar. A relevância consiste em promover uma informação com maior previsibilidade, auxiliando na projeção de fluxos de caixas futuros e no seu reconhecimento oportuno. 2 - As exigências da IAS 38 Nessa seção, vimos que a IAS 38, International Accounting Standard, define ativo intangível como um ativo não monetário identificável e sem substância física. A IAS 38 objetiva definir o tratamento contábil de ativos intangíveis, exceto aqueles tratados expressamente em outra norma, e não se aplica (a) à contabilização de ativos financeiros, conforme definição contida na IAS 32 – Instrumentos Financeiros: - apresentação; - aos gastos com o desenvolvimento e extração de minerais, petróleo, gás natural e recursos não renováveis similares; e- ao goodwill – ágio pago por expectativa de rentabilidade futura. A norma também é aplicável aos gastos com atividades de publicidade, treinamento, pré-operacionais de pesquisa e desenvolvimento. 3 – Como reconhecer o ativo intangível adquirido Quanto às normas os ativos intangíveis podem ser: - adquiridos numa combinação de negócios; - obtidos por meio de subsídio governamental; - obtidos em permutas de ativos; - gerados internamente. Nenhum ativo intangível resultante de pesquisa (ou da fase de pesquisa de um projeto interno) deve ser reconhecido. Os gastos com pesquisa (ou na fase de pesquisa de um projeto interno) devem ser reconhecidos como despesa quando incorridos. Caso a entidade não consiga distinguir entre a fase de pesquisa e a de desenvolvimento de um projeto interno, o gasto total deve ser tratado como incorrido na fase de pesquisa e consequentemente reconhecido como despesa. A norma exige que a entidade avalie se a vida útil de um intangível é definida ou indefinida. A vida útil de um intangível é definida quando apresenta limite de existência, ou é indefinida, sem limite previsível para existir. O ativo intangível com vida útil definida é amortizado, e o ativo intangível com vida útil indefinida não. ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Normas Internacionais de Contabilidade: IFRS. São Paulo: Atlas, 2006. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicável às demais sociedades. Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras - FIPECAFI. 7. ed. 6. reimpr. - São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, AlexandreMartins Silva de [et al]. Contabilidade Internacional: Gestão de Riscos, Governança Corporativa, Contabilização de Derivativos. São Paulo: Atlas, 2008. SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P.; FERNANDES, L. A.. Contabilidade Internacional Avançada. São Paulo: Atlas, 2004. Vale a pena Vale a pena ler Comissäo de Valores Mobiliários - CVM. Disponível em: <www.cvm.gov.br> EVANGELISTA, Diego Teixeira. Revisão da vida útil do ativo imobilizado: impactos contábeis e tributários. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/27238/000763022.pdf ?sequence=1>. Acesso em: 10 abr. 2012. Fundação Brasileira de Contabilidade - FBC. Disponível em: <www.fbc.org.br/fbc.htm> Normas Internacionais IFRS. Disponível em: <www.ifrs. com.br> Vale a pena acessar
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