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Economia Aplicada 6º Aula Determinação do produto e da renda nacional: Lado Real Sabemos que o objetivo da Macroeconomia é estudar a determinação e o comportamento dos agregados macroeconômicos. Estudamos que os principais agregados macroeconômicos são o nível de produção e renda, o nível de preços e a taxa de desemprego. Nesta aula estudaremos a preocupação central da Macroeconomia: as flutuações do produto, ou ainda, por que o nível de produção flutua? Prontos para começar? Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, o aluno será capaz de: • Conhecer o modelo keynesiano de determinação do produto e da renda nacional; • Compreender os conceitos de oferta e demanda agregada; • Reconhecer as curvas de oferta e demanda agregada, bem como o equilíbrio macroeconômico da economia e analisá-los graficamente; • Entender os efeitos das flutuações no nível de produto e de preços sobre a economia. 51 1 – Modelo Keynesiano de Determinação do Produto e da Renda Nacional 2 – O Equilíbrio Macroeconômico 3 – Flutuações do Produto Seções de estudo 1 Modelo Keynesiano de Determinação do Produto e da Renda Nacional. Os indicadores de desempenho econômico estão cada vez mais tendo papel de destaque nos meios de comunicação em massa. Tanto é assim que a taxa de crescimento do PIB, a variação no nível de preços, a taxa de desemprego, o nível de renda e o saldo da balança comercial são assuntos constantemente noticiados como manchetes principais. Além disso, o desempenho econômico de um país tem efeito direto na vida da sociedade. A maioria dos países altera períodos de crescimento e períodos de crise econômica. Em períodos favoráveis, chamados períodos de crescimento econômico, um país é capaz de registrar altos níveis de produção e consumo, os quais levam a baixos níveis de desemprego, aumento dos investimentos e, possivelmente, a pressões de alta no nível geral de preços. Por outro lado, em outros anos, o país registra baixos níveis de consumo e produção, consequentemente, há aumento nos níveis de desemprego e desestímulo aos investimentos. Estes períodos desfavoráveis são chamados crise econômica ou recessões, períodos de renda e produto em queda e desemprego crescente. Os dois parágrafos acima expõem o principal problema ou preocupação da Macroeconomia: por que os níveis de produção e renda, de emprego e de preços flutuam? Com toda a certeza, o objetivo de todos os países é o crescimento econômico, porém, os períodos de flutuações e instabilidade são mais comumente observados. É por isso que a preocupação principal da Macroeconomia é justamente estudar as flutuações econômicas. O próprio Keynes, em sua obra, buscou explicar as causas da Grande Depressão de 1929 e propôs soluções para o fim da crise. Nesta seção analisaremos o Modelo Keynesiano de determinação do produto e da renda de um país. Estudaremos as hipóteses desse modelo e o que este considera como fator determinante do produto e da renda nacional. Podemos saber de antemão que o modelo Keynesiano é um modelo de curto prazo, quando os preços e salários são rígidos. Tal modelo estuda o comportamento da economia a mudanças na política econômica no curto prazo. Nesse modelo, o objetivo principal é analisar como as flutuações econômicas afetam o produto efetivo da economia. E, principalmente, como a economia poderá atingir seu equilíbrio macroeconômico. Modelo Keynesiano 1.1 Realidade Econômica na década de 30 Os países industrializados do mundo ocidental e muitos outros países viveram a Grande Depressão da década de 30 do século XX. No mercado de trabalho, por exemplo, apesar de os salários estarem em queda, o desemprego atingira proporções alarmantes. Com o desemprego em alta e os salários em queda, o mercado de bens e serviços foi atingido fortemente; não havia demanda suficiente e as empresas, além de reduzirem a produção, se viam obrigadas a fazer mais demissões. Para piorar, não havia indicação alguma de que tal situação estivesse se autocorrigindo. As ideias defendidas pelos Clássicos não eram capazes de explicar o que estava acontecendo no mundo nessa época (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 48). A partir de então, inicia-se uma nova corrente do pensamento econômico, o Keynesianismo. John Maynard Keynes, principal pensador dessa corrente, tinha como principal preocupação explicar as causas da Grande Depressão de 1929 e, mais ainda, propor soluções para o fim da crise. Para Keynes, a crise que assolava o mundo tinha suas causas na insuficiência de demanda agregada. Para explicar as causas e propor soluções para os problemas econômicos da época Keynes formula o que ficou conhecido como Modelo Keynesiano Simples, também conhecido como teoria da determinação do equilíbrio da renda nacional e que foi difundido a partir da década de 30. O objetivo principal é explicar as flutuações econômicas, basicamente, flutuações do produto, renda e emprego. Mais ainda, o Modelo Keynesiano Simples busca soluções para os problemas econômicos, visando a alcançar a estabilidade econômica e a prosperidade. Para isso, o modelo propõe a atuação do Estado nas questões econômicas e enfatiza o papel das políticas macroeconômicas. 1.2 Hipóteses do Modelo Keynesiano Simples 1.2.1 Equilíbrio com desemprego de recursos produtivos O modelo supõe que a economia pode estar em equilíbrio (demanda e oferta equilibradas), mesmo havendo recursos produtivos (mão de obra, capital, matéria-prima, tecnologia, etc.) desempregados, ou seja, mesmo sem estar produzindo em sua máxima capacidade produtiva (WONNACOTT, 1994, p. 176). Em outras palavras, o modelo defende que toda a demanda pode estar sendo completamente atendida, isto é, não há excessos de demanda nem de oferta, mesmo se a economia estiver produzindo com capacidade ociosa. Isso pode ser explicado se considerarmos que a produção é realizada somente para atender à demanda vigente, consequentemente, se para suprir toda a demanda da economia, as empresas não precisam operar em máxima capacidade produtiva, então é possível que haja equilíbrio com desemprego. 1.2.2 Nível geral de preços constantes Como existem recursos produtivos desempregos, ou ainda, como a economia pode estar em equilíbrio mesmo com capacidade ociosa, se houver alguma expansão no nível de demanda agregada as empresas irão responder apenas Economia Aplicada 52 com aumentos no nível de oferta agregada, sem aumentar os preços (VASCONCELLOS, 2008, p. 153). Se a economia estivesse operando em máxima capacidade produtiva, o aumento da demanda agregada não poderia ser acompanhado de um aumento na produção, pois a economia já está utilizando todos os recursos produtivos que possui. Então, haveria um excesso de demanda agregada em relação à oferta, portanto, faltariam produtos no mercado refletindo em um aumento do nível de preços da economia e inflação. O fato explicado acima não é o que acontece no Modelo Keynesiano. Como nesse modelo há desemprego de recursos produtivos, os excessos de demanda poderão ser supridos mediante aumento da produção, já que a economia possui recursos produtivos esperando para serem empregados na produção, e manter os preços constantes. 1.2.3 Preços e salários fixos no curto prazo O curto prazo diz respeito ao período em que alguns preços, entre eles os preços dos bens e serviços, salários, aluguéis de máquinas e fábricas e juros pagos a empréstimos não podem ser alterados. Eles não variam no curto prazo talvez porque os trabalhadores, por exemplo, têm contratos de trabalho com as firmas que não são fáceis de alterar. Em outras palavras, no curto prazo, esses preços e custos de produção ficam “emperrados” em algum nível e não podem variar ou se ajustar livremente quando ocorrem mudanças na demanda agregada. Falamos, nesse caso, em rigidez de preços. Vale acrescentar que, no curto prazo, o estoque de capital da economia é fixo. A quantidade física de fatores de produção,mão de obra, capital e matérias-primas, e o nível tecnológico só aumentam no longo prazo. 1.2.4 Oferta agregada potencial fixa no curto prazo A oferta agregada expressa a quantidade total de bens e serviços finais (tanto bens e serviços de consumo duráveis e não duráveis como os bens de capital) que todas as empresas e famílias da economia estão dispostas a produzir e colocar no mercado a um determinado nível de preço durante certo período. Resumidamente, a oferta agregada (OA) é o total de bens e serviços finais colocados à disposição no mercado a determinado nível de preço, em determinado período. Pode-se afirmar que esta é o próprio PIB da economia (VASCONCELLOS, 2008, p. 153). Além disso, a oferta agregada depende do estoque de recursos produtivos da economia. Assim, a oferta agregada varia de acordo com a disponibilidade de mão de obra, capital, matérias-primas e o nível tecnológico. Podemos distinguir a oferta agregada em dois tipos: potencial e efetiva. A oferta agregada potencial é representada pela produção ou PIB máximo que o país poderia atingir se estivesse trabalhando em pleno emprego, ou seja, se estivesse utilizando todos os fatores de produção disponíveis. A oferta agregada efetiva seria o PIB corrente registrado no país, é aquele nível de produto que o país realmente obteve ou produziu em determinado período, mesmo sem utilizar todos os recursos produtivos que possui. Como o estoque de capital da economia é fixo no curto prazo, então, a oferta agregada potencial da economia também é fixa no curto prazo. 1.2.5 O Princípio da Demanda Efetiva A demanda agregada (DA) é a quantidade total de bens e serviços (tanto bens e serviços de consumo duráveis e não duráveis como os bens de capital) que os agentes econômicos (consumidores, empresas, governo e setor externo) estão dispostos a consumir a um determinado nível de preço durante certo período. Resumidamente, a demanda agregada é a quantidade total de produto demandado em uma economia ou país, a um determinado nível de preços, durante certo período de tempo. Em outras palavras, a demanda agregada é o total dos gastos de todos os agentes da economia com o produto nacional. Nessa soma estão incluídos os gastos das famílias com o consumo de bens e serviços, gastos das empresas com investimento, gastos do governo e, finalmente, as despesas líquidas do setor externo. Podemos, então, obter uma fórmula para a demanda agregada que será a mesma fórmula da despesa agregada já apresentada. DA = C + I + G + (X – M) A equação é uma identidade. Ela define a demanda agregada como a soma do consumo, investimento, gastos do governo e exportações menos as importações (BLANCHARD, 2007, p. 48). Como já sabemos, não ocorrem alterações na oferta agregada potencial da economia no curto prazo, pois o estoque de fatores de produção da economia são limitados. Assim, no curto prazo, qualquer alteração na renda, no produto e no emprego são resultado de variações na demanda agregada. Acabamos de definir o renomado Princípio da Demanda Efetiva. Para completar, segundo Keynes, os empresários decidem quanto irão produzir e quantos trabalhadores irão contratar com base na demanda por seu produto (VASCONCELLOS, 2000, p. 114). Assim, segundo o princípio da demanda efetiva, é a demanda que desencadeia a produção, a geração de emprego e de renda. Gerando renda haverá mais incentivo à demanda, que por sua vez incentiva a produção, emprego e gera mais renda e assim sucessivamente. ATENÇÃO: Para os Clássicos, o produto e a renda eram determinados pela oferta agregada. Para Keynes, o produto e a renda são determinados pela demanda agregada. 2 O Equilíbrio Macroeconômico As definições de oferta e demanda agregadas estudadas acima trazem a necessidade de estudarmos também as curvas de oferta e demanda agregadas para então entendermos o ponto de equilíbrio macroeconômico. As curvas de oferta e demanda agregadas são de extrema importância para a Macroeconomia. Elas se assemelham em 53 muito com as curvas de oferta e demanda individuais vistas na Microeconomia. As curvas de demanda e oferta individuais mostram a relação entre a quantidade de determinado produto que um indivíduo está disposto a demandar em relação ao preço desse produto e a quantidade de determinado produto que uma firma está disposta a ofertar no mercado em função do preço desse produto, respectivamente. A diferença está no fato de que na macroeconomia, a quantidade no eixo horizontal mostra o produto total da economia (disponível para ser demandado e ofertado por todos os agentes econômicos), ou seja, o PIB da economia. E o preço representado no eixo vertical não é mais o preço de um produto apenas, mas sim o nível de preços vigente na economia. A seguir analisaremos graficamente cada uma das curvas para, então, entendermos o equilíbrio macroeconômico. Análise Gráfica 2.1 Curva de Demanda Agregada Iniciaremos nossa análise gráfica pela curva de demanda agregada que é formada a partir de combinações entre o nível geral de preços (eixo vertical) e a quantidade de demanda agregada (eixo horizontal). A figura abaixo ilustra a curva de demanda agregada. Figura 01: Curva de Demanda Agregada Repare que assim como na Microeconomia, a curva de demanda agregada possui inclinação negativa, sinalizando a relação inversa entre o nível geral de preços na economia e demanda agregada. Assim, tudo mais é mantido constante à medida que o nível geral de preços da economia cai, a demanda total de bens e serviços aumenta (ou ao contrário, à medida que o nível geral de preços sobe, a demanda total de bens e serviços diminui). Relembrando a equação da demanda agregada já apresentada, podemos compreender por que a curva de demanda agregada tem inclinação negativa ao analisarmos o efeito de um aumento no nível geral de preços sobre o consumo, o investimento e as exportações líquidas. A equação da demanda agregada é: DA = C + I + G + (X – M) Lembrando que a curva de demanda mostra a relação entre a demanda agregada e o nível geral de preços, essa relação é negativa, pois: • Um aumento do nível geral de preços diminui o poder de compra do consumidor e, consequentemente, o consumo agregado. • Um aumento no nível geral de preços aumenta a demanda por moeda, aumentando a taxa de juros e diminuindo o investimento. • Um aumento no nível de preços faz com que nossos produtos internos fiquem mais caros em relação ao produto estrangeiro, diminuindo as exportações, consequentemente, diminuindo as exportações líquidas. Perceba que, um aumento no nível de preços provoca efeito em três variáveis que compõem a demanda agregada, consequentemente, a demanda agregada diminui. 2.2 Curva de Oferta Agregada A curva de oferta agregada mostra a relação entre o nível de preços (eixo vertical) e a quantidade de oferta agregada da economia (eixo horizontal). Ela pode ser representada de duas maneiras diferentes, como mostrado na figura abaixo. Figura 02: Curva de Oferta Agregada Keynesiana Enquanto a economia estiver com recursos produtivos desempregados, as empresas não estarão produzindo o máximo que poderiam produzir caso a economia estivesse em pleno emprego de seus recursos produtivos. Podemos afirmar então que, quando existe desemprego de recursos produtivos, o patamar de produto da economia se encontrará abaixo de seu nível de produto potencial. As empresas e, consequentemente, o país poderia produzir mais já que existem recursos produtivos disponíveis, mas que ainda não estão sendo empregados. Nessa situação, se houver algum aumento da demanda as empresas responderão a este estímulo aumentando a produção, não aumentarão seu preço. Por isso, se houver desemprego de recursos, a economia pode produzir qualquer quantidade independentemente do nível de preços. Estamos nos referindo à parte horizontal da curva de oferta agregada (segmento keynesiano). À medida que a demanda continua a crescer,a economia aproxima-se de sua capacidade máxima. Nesse estágio haverá Economia Aplicada 54 Oferta agregada de bens e serviços (OA) Demanda agregada de bens e serviços (DA) Renda (Produto) Nacional Real Nível geral de preços Analisando a figura, pode-se concluir que, se a economia estiver com um nível de preços maior que o de equilíbrio, as firmas ficarão estimuladas a produzir mais e os consumidores demandarão menos. Dessa forma, haverá excesso de oferta em relação à demanda, as firmas não venderão toda sua produção e haverá formação de estoques. Elas reagirão produzindo menos e reduzindo os preços. Por outro lado, se o nível de preços vigente na economia for mais baixo que o de equilíbrio, a demanda agregada será maior que a oferta agregada, as firmas terão que disponibilizar seus estoques no mercado e/ou reagirão aumentando seus preços e sua produção. O equilíbrio macroeconômico corresponde a uma situação em que o nível de produto agregado e o nível geral de preços satisfazem tanto os compradores como os vendedores. No ponto de equilíbrio tanto os consumidores como os produtores estão satisfeitos com o nível de preços do mercado. Esse nível de preços será aquele capaz de igualar a oferta agregada e demanda agregada. Porém, uma vez alcançado o equilíbrio macroeconômico, este é estável? Ou seja, é possível que a economia se mantenha para todo o sempre em equilíbrio? Infelizmente, a realidade mundial prova que isto não é possível! É o que estudaremos na seção a seguir! 3 Flutuações do produto O equilíbrio macroeconômico ocorre em um nível geral de preços em que os consumidores desejam consumir as mesmas quantidades que os vendedores desejam produzir e vender. Dito de outra forma, o equilíbrio macroeconômico ocorre num nível geral de preços em que a demanda agregada é igual a oferta agregada. Porém, flutuações são comuns em qualquer país. Nesta seção dedicaremos nosso estudo a análise dos fatores que provocam as flutuações econômicas, ou ainda, os deslocamentos da economia em relação ao seu ponto de equilíbrio. Deslocamento do Ponto de Equilíbrio 3.1 Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Expansão ou Retração da Demanda Agregada Ainda levando em conta a equação da demanda agregada é de extrema importância conhecer os fatores que provocam deslocamento da curva de demanda: variações no consumo e no investimento agregado, nas exportações líquidas e nos gastos do governo. Perceba que todos esses são componentes da demanda agregada. Podemos afirmar que o consumo agregado depende de uma série de fatores, entre eles a renda nacional, a disponibilidade de crédito, as expectativas em relação à renda futura, a rentabilidade das aplicações financeiras, etc. Uma variação em algum desses fatores surtirá efeito no consumo agregado. Como o consumo é um dos componentes da demanda agregada, então, esta também sofrerá variação. Suponhamos que o governo reduza algum imposto que recaia direta ou indiretamente sobre a renda do consumidor. Por exemplo, uma redução da alíquota do imposto de renda fará com que sobre mais renda aos consumidores em geral, aumentando a renda disponível para consumo. Mantendo o nível de preços constante em um primeiro momento, o aumento da renda disponível causará aumento no consumo agregado e na demanda agregada, deslocando a curva de demanda agregada para a direita. A figura abaixo mostra os efeitos de um aumento na demanda agregada e o consequente deslocamento da curva de demanda agregada para a direita (de DA para DA’). ACOMPANHEM O RACIOCÍNIO! Com base na figura, em um primeiro período, a economia se encontra em equilíbrio (ponto E) quando o nível de preços é igual a A e nível de oferta e demanda agregada igual a R. Agora, supondo que o governo reduziu algum imposto, vamos conhecer o efeito que essa medida terá na economia? Vamos lá! Mantendo o nível de preços constante, essa medida provocará um aumento no consumo agregado e, consequentemente, um aumento na demanda agregada. A curva de demanda agregada irá se deslocar para a direita. Perceba, no gráfico, que o nível de preços é mantido poucos recursos produtivos ociosos (desempregados), as empresas ainda serão capazes de aumentar sua produção. Se a demanda agregada continuar aumentando, as empresas ficarão incapazes de aumentar sua produção, pois já estarão operando em sua máxima capacidade e não terão condições de atender toda a demanda. A partir daí, as firmas começarão a aumentar os preços, mantendo o mesmo nível de produção. É a parte vertical da curva de oferta agregada (segmento clássico). A consequência dessa análise é que a partir do momento em que a economia está atuando em sua máxima capacidade, os aumentos na demanda agregada não causarão aumentos na produção, causarão apenas aumento no nível geral de preços. 2.3 Equilíbrio Macroeconômico O ponto de equilíbrio dessa economia ocorre quando a demanda agregada e a oferta agregada são iguais, graficamente, o equilíbrio ocorre no cruzamento das curvas de oferta agregada e demanda agregada, como mostrado na figura a seguir. 55 constante ou inalterado. Por isso, a curva de demanda se deslocou para a direita em resposta ao aumento da demanda agregada provocado pelo aumento do consumo. Na figura, esse efeito é mostrado pelo deslocamento da curva de demanda agregada de DA para DA’. Perceba que a oferta agregada e a curva de oferta agregada se mantiveram inalteradas. Veja na figura que depois do deslocamento da curva de demanda agregada para a direita, o equilíbrio macroeconômico também foi deslocado. Ao novo nível de demanda agregada, o equilíbrio ocorrerá no ponto F. No novo ponto de equilíbrio, tanto o nível de preços como o nível de produto serão maiores. Veja que o nível de preços de equilíbrio aumentou de A para B e o nível de produto de equilíbrio aumentou de R para S. Figura 06: Efeito de um Aumento da Demanda Agregada no Ponto de Equilíbrio Macroeconômico Você pode estar pensando: mas em quanto o nível de preços e de produto irão aumentar? Bom, isso depende de quão próxima da sua capacidade máxima a economia se encontrava antes do aumento da demanda agregada. Se antes do aumento da demanda agregada a economia estivesse perto de sua capacidade máxima de operação, os preços irão aumentar bastante e o nível de produto aumentará pouco. O contrário aconteceria se a economia estivesse longe de operar em sua máxima capacidade. Poderá ocorrer também uma redução da demanda agregada. Suponhamos que os cidadãos de determinado país estejam incertos quanto à saúde da economia e por isso decidem reduzir seus gastos com consumo. Mesmo mantendo constante o nível de preços, a redução do consumo agregado irá provocar redução na demanda agregada e a curva de demanda agregada se desloca para a esquerda. Suponhamos, então, que o país esteja vivendo um período de incerteza em relação ao andamento da economia e os agentes econômicos em geral temam por seus empregos. Esse fato tende a provocar uma redução no consumo agregado, mesmo mantendo constante o nível de preços, consequentemente, a demanda agregada irá diminuir e a curva de demanda agregada se desloca para a esquerda. A figura abaixo mostra o deslocamento do ponto de equilíbrio macroeconômico. Figura 07: Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Retração da Deman- da Agregada Na figura esse efeito é mostrado pelo deslocamento da curva de demanda agregada de DA para DA’. Perceba que a oferta agregada e a curva de oferta agregada, mais uma vez, se mantiveram inalteradas. Veja na figura que depois do deslocamento da curva de demanda agregada para a esquerda, o equilíbrio macroeconômico também foi deslocado. Ao novo nível de demanda agregada, o equilíbrio ocorrerá no ponto G. No novo ponto de equilíbrio, tanto o nível de preços como o nível de produto será menor. Veja que o nível de preços de equilíbrio caiu de A para C e o nível de produto de equilíbrio caiu de R para T.3.2 Outros Fatores que Influenciam a Demanda Agregada Em geral, o investimento agregado depende da taxa de retorno esperada do investimento e também da taxa de juros praticada no mercado. Com relação à taxa de juros, esta pode representar quanto a empresa ganharia se aplicasse seu dinheiro no mercado financeiro ou na poupança, em vez de investi-lo na própria empresa. Ou ainda, se a empresa tiver que fazer um empréstimo para poder realizar o investimento, a taxa de juros será o custo do empréstimo. Assim, podemos afirmar que, quanto maior a taxa de juros do mercado, menor será o nível de investimento na economia. Suponhamos que ocorra uma redução na taxa de juros praticada no mercado, aumentando então os investimentos. Esse aumento terá impacto positivo sobre a demanda agregada, a qual sofrerá deslocamento para a direita. O contrário ocorre caso haja um aumento na taxa de juros de mercado. As exportações líquidas são o resultado das exportações menos as importações do país. A taxa de câmbio, o nível de renda, o nível de abertura comercial do país, entre outros, são fatores que influenciam as exportações líquidas. Suponhamos que haja um aumento na demanda de um país estrangeiro por produtos de outro país, o Brasil, Economia Aplicada 56 por exemplo. As exportações de produtos brasileiros irão aumentar, aumentando então as exportações líquidas. Como estas são componentes da demanda agregada, então, um aumento das exportações líquidas provocará um aumento da demanda agregada e a curva se desloca para a direita. Suponhamos que haja um aumento nas importações brasileiras. Qual será o impacto sobre a demanda agregada? A curva de demanda agregada se deslocará para a esquerda ou para a direita? Assim como o investimento agregado, os gastos do governo são um dos componentes da demanda agregada. Mas qual é a importância para o aumento da demanda agregada? Quando o governo realiza gastos ou investimentos em setores produtivos da economia, por exemplo, na construção de estradas, hospitais, escolas, haverá geração de renda e demanda agregada em toda a economia. Isso acontece, pois ao realizar tais investimentos haverá gastos com matérias-primas, equipamentos, capital, contratação de mão de obra, o que gera renda para os trabalhadores e empresários em todos os setores produtivos. Consequentemente, a maior parte da renda gerada será gasta em consumo, o que estimula as empresas a aumentarem a produção e investirem mais. Logo, mais trabalhadores serão contratados, aumentando a renda agregada, cuja maior parte será gasta em consumo. Enfim, esse ciclo não terminará. Tem-se aqui o efeito chamado de multiplicador keynesiano de gastos, defendido fortemente por Keynes e seus seguidores. Segundo Keynes, os gastos públicos e o investimento são os mais importantes componentes da demanda agregada. Multiplicador keynesiano de gastos: o aumento dos gastos de um agente da economia desencadeia um ciclo de aumento do consumo, da renda e do produto agregado. 3.3 Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Expansão ou Retração da Oferta Agregada Já estudamos nesta aula que a oferta agregada depende do estoque de recursos produtivos disponíveis na economia. Em outras palavras, a oferta agregada depende da disponibilidade de mão de obra, capital, matérias-primas e o nível tecnológico. Vamos acrescentar aqui e com certeza você já sabe muito bem, que a produção depende também dos custos de produção, que englobam o preço dos fatores de produção e também a carga tributária que recai sobre o setor produtivo. Aumentos na oferta agregada é resultado de uma queda nos custos de produção, ou porque o preço dos fatores de produção caiu ou porque os impostos diminuíram ou ainda porque houve melhorias na tecnologia; tudo isso estimulando as firmas a produzirem mais. Suponhamos que as empresas atuantes na economia incorporaram uma nova tecnologia de produção. Essa inovação tecnológica trará melhorias na produção, seja pela redução nos custos de produção e consequente aumento na produção, ou pelo aumento da produção, mantendo os custos constantes. De qualquer maneira, a inovação tecnológica contribuirá para um aumento na produção e, consequentemente, a oferta agregada irá aumentar. Como o nível de preços não se altera, a curva de oferta será deslocada para a direita e o ponto de equilíbrio será alterado. Observe a figura a seguir. Figura 08: Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Expansão da Oferta Agregada Veja que, graças à inovação tecnológica, a curva de oferta agregada sofre deslocamento para a direita, o que sinaliza o aumento da oferta agregada. No novo ponto de equilíbrio (ponto K), o nível de produto será maior (ponto U) e o nível de preços será menor (ponto D). Inovações tecnológicas trazem muitos benéficos para o país, principalmente para os consumidores, pois terão acesso a uma maior quantidade de produtos no mercado a preços menores! É interessante analisarmos também as consequências negativas que uma redução da oferta agregada pode trazer para um país. Suponhamos que o governo aumente a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Essa medida terá impacto negativo para as empresas em geral, pois seus custos de produção irão aumentar e as empresas ficarão desestimuladas a produzir. Haverá, então, uma queda na produção e na oferta agregada da economia. Observe a figura abaixo. Figura 09: Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Retração da Oferta Agregada 57 Podemos analisar o que acontecerá com a economia, com base na figura acima. Com a queda na oferta agregada, a curva de oferta agregada será deslocada para a esquerda e a curva de demanda agregada permanece inalterada (pois, a demanda agregada continua a mesma). A economia irá atingir um novo ponto de equilíbrio macroeconômico (ponto H). Nesse ponto, o nível de preços vigente na economia será maior (ponto J) e o nível de produção (ponto V) será menor. Com certeza, essa medida é extremamente prejudicial para a economia como um todo. Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: 1 – Modelo Keynesiano de Determinação do Produto e da Renda Nacional Conhecemos e comparamos as ideias e hipóteses dos modelos Clássico e Keynesiano de determinação do produto nacional. Estudamos os conceitos de oferta e demanda agregada. 2 – O Equilíbrio Macroeconômico Analisamos graficamente as curvas de oferta e demanda agregada e definimos a teoria em torno do ponto de equilíbrio macroeconômico. 3 – Flutuações do Produto Estudamos os fatores que levam a flutuações do produto e ao deslocamento da economia de seu ponto de equilíbrio macroeconômico. http://www.economia.estadao.com.br/ http://www.bcb.gov.br/ http://bdadolfo.blogspot.com/ http://portalexame.abril.com.br/ http://economiaemdebate.blogspot.com/ Vale a pena acessar VASCONCELLOS, M. A. S. de; Lopes, L. M. Manual de Macroeconomia: básico e intermediário. 2ª edição. São Paulo: editora Atlas, 2000. PINHO, Diva Benevides & VASCONCELLOS, Marco A. Sandoval de. Manual de Economia. 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 2004. WESSELS, W. J. Economia. 2ª edição. São Paulo: editora Saraiva, 2003. Vale a pena Vale a pena ler Minhas anotações