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Determinação do Produto e da Renda Nacional

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Economia Aplicada
6º Aula
Determinação do produto e da renda 
nacional: Lado Real
Sabemos que o objetivo da Macroeconomia 
é estudar a determinação e o comportamento dos 
agregados macroeconômicos. Estudamos que os 
principais agregados macroeconômicos são o nível 
de produção e renda, o nível de preços e a taxa de 
desemprego. Nesta aula estudaremos a preocupação 
central da Macroeconomia: as flutuações do produto, ou 
ainda, por que o nível de produção flutua? Prontos para 
começar?
Boa aula!
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, o aluno será capaz de:
• Conhecer o modelo keynesiano de determinação do produto e da renda nacional;
• Compreender os conceitos de oferta e demanda agregada;
• Reconhecer as curvas de oferta e demanda agregada, bem como o equilíbrio macroeconômico da economia e analisá-los 
graficamente;
• Entender os efeitos das flutuações no nível de produto e de preços sobre a economia.
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1 – Modelo Keynesiano de Determinação do Produto e 
da Renda Nacional
2 – O Equilíbrio Macroeconômico
3 – Flutuações do Produto
Seções de estudo
1 Modelo Keynesiano de Determinação 
do Produto e da Renda Nacional.
Os indicadores de desempenho econômico estão cada 
vez mais tendo papel de destaque nos meios de comunicação 
em massa. Tanto é assim que a taxa de crescimento do 
PIB, a variação no nível de preços, a taxa de desemprego, o 
nível de renda e o saldo da balança comercial são assuntos 
constantemente noticiados como manchetes principais.
Além disso, o desempenho econômico de um país tem 
efeito direto na vida da sociedade. A maioria dos países altera 
períodos de crescimento e períodos de crise econômica. 
Em períodos favoráveis, chamados períodos de 
crescimento econômico, um país é capaz de registrar altos 
níveis de produção e consumo, os quais levam a baixos níveis 
de desemprego, aumento dos investimentos e, possivelmente, 
a pressões de alta no nível geral de preços. 
Por outro lado, em outros anos, o país registra baixos níveis 
de consumo e produção, consequentemente, há aumento nos 
níveis de desemprego e desestímulo aos investimentos. Estes 
períodos desfavoráveis são chamados crise econômica ou 
recessões, períodos de renda e produto em queda e desemprego 
crescente.
Os dois parágrafos acima expõem o principal problema 
ou preocupação da Macroeconomia: por que os níveis de 
produção e renda, de emprego e de preços flutuam?
Com toda a certeza, o objetivo de todos os países é o 
crescimento econômico, porém, os períodos de flutuações 
e instabilidade são mais comumente observados. É por isso 
que a preocupação principal da Macroeconomia é justamente 
estudar as flutuações econômicas. O próprio Keynes, em sua 
obra, buscou explicar as causas da Grande Depressão de 1929 
e propôs soluções para o fim da crise. 
Nesta seção analisaremos o Modelo Keynesiano de 
determinação do produto e da renda de um país. Estudaremos 
as hipóteses desse modelo e o que este considera como fator 
determinante do produto e da renda nacional. 
Podemos saber de antemão que o modelo Keynesiano é 
um modelo de curto prazo, quando os preços e salários são 
rígidos. Tal modelo estuda o comportamento da economia a 
mudanças na política econômica no curto prazo.
Nesse modelo, o objetivo principal é analisar como as 
flutuações econômicas afetam o produto efetivo da economia. 
E, principalmente, como a economia poderá atingir seu 
equilíbrio macroeconômico.
Modelo Keynesiano
 
1.1 Realidade Econômica na década 
de 30
Os países industrializados do mundo ocidental e muitos 
outros países viveram a Grande Depressão da década de 30 do 
século XX.
No mercado de trabalho, por exemplo, apesar de os 
salários estarem em queda, o desemprego atingira proporções 
alarmantes. Com o desemprego em alta e os salários em queda, 
o mercado de bens e serviços foi atingido fortemente; não 
havia demanda suficiente e as empresas, além de reduzirem a 
produção, se viam obrigadas a fazer mais demissões. 
Para piorar, não havia indicação alguma de que tal situação 
estivesse se autocorrigindo. As ideias defendidas pelos Clássicos 
não eram capazes de explicar o que estava acontecendo no 
mundo nessa época (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 
48).
A partir de então, inicia-se uma nova corrente do 
pensamento econômico, o Keynesianismo. John Maynard 
Keynes, principal pensador dessa corrente, tinha como 
principal preocupação explicar as causas da Grande Depressão 
de 1929 e, mais ainda, propor soluções para o fim da crise.
Para Keynes, a crise que assolava o mundo tinha suas 
causas na insuficiência de demanda agregada. Para explicar 
as causas e propor soluções para os problemas econômicos 
da época Keynes formula o que ficou conhecido como 
Modelo Keynesiano Simples, também conhecido como teoria 
da determinação do equilíbrio da renda nacional e que foi 
difundido a partir da década de 30. 
O objetivo principal é explicar as flutuações econômicas, 
basicamente, flutuações do produto, renda e emprego. Mais 
ainda, o Modelo Keynesiano Simples busca soluções para 
os problemas econômicos, visando a alcançar a estabilidade 
econômica e a prosperidade. Para isso, o modelo propõe a 
atuação do Estado nas questões econômicas e enfatiza o papel 
das políticas macroeconômicas.
1.2 Hipóteses do Modelo Keynesiano 
Simples
1.2.1 Equilíbrio com desemprego de 
recursos produtivos
O modelo supõe que a economia pode estar em equilíbrio 
(demanda e oferta equilibradas), mesmo havendo recursos 
produtivos (mão de obra, capital, matéria-prima, tecnologia, 
etc.) desempregados, ou seja, mesmo sem estar produzindo 
em sua máxima capacidade produtiva (WONNACOTT, 
1994, p. 176).
Em outras palavras, o modelo defende que toda a 
demanda pode estar sendo completamente atendida, isto 
é, não há excessos de demanda nem de oferta, mesmo se a 
economia estiver produzindo com capacidade ociosa.
Isso pode ser explicado se considerarmos que a 
produção é realizada somente para atender à demanda 
vigente, consequentemente, se para suprir toda a demanda 
da economia, as empresas não precisam operar em máxima 
capacidade produtiva, então é possível que haja equilíbrio com 
desemprego.
1.2.2 Nível geral de preços constantes
Como existem recursos produtivos desempregos, ou 
ainda, como a economia pode estar em equilíbrio mesmo 
com capacidade ociosa, se houver alguma expansão no nível 
de demanda agregada as empresas irão responder apenas 
Economia Aplicada 52
com aumentos no nível de oferta agregada, sem aumentar os 
preços (VASCONCELLOS, 2008, p. 153).
Se a economia estivesse operando em máxima capacidade 
produtiva, o aumento da demanda agregada não poderia ser 
acompanhado de um aumento na produção, pois a economia 
já está utilizando todos os recursos produtivos que possui. 
Então, haveria um excesso de demanda agregada em relação 
à oferta, portanto, faltariam produtos no mercado refletindo 
em um aumento do nível de preços da economia e inflação.
O fato explicado acima não é o que acontece no Modelo 
Keynesiano. Como nesse modelo há desemprego de recursos 
produtivos, os excessos de demanda poderão ser supridos 
mediante aumento da produção, já que a economia possui 
recursos produtivos esperando para serem empregados na 
produção, e manter os preços constantes.
1.2.3 Preços e salários fixos no curto 
prazo
O curto prazo diz respeito ao período em que alguns 
preços, entre eles os preços dos bens e serviços, salários, 
aluguéis de máquinas e fábricas e juros pagos a empréstimos 
não podem ser alterados. Eles não variam no curto prazo 
talvez porque os trabalhadores, por exemplo, têm contratos 
de trabalho com as firmas que não são fáceis de alterar.
Em outras palavras, no curto prazo, esses preços e 
custos de produção ficam “emperrados” em algum nível e 
não podem variar ou se ajustar livremente quando ocorrem 
mudanças na demanda agregada. Falamos, nesse caso, em 
rigidez de preços.
Vale acrescentar que, no curto prazo, o estoque de 
capital da economia é fixo. A quantidade física de fatores de 
produção,mão de obra, capital e matérias-primas, e o nível 
tecnológico só aumentam no longo prazo.
1.2.4 Oferta agregada potencial fixa 
no curto prazo
A oferta agregada expressa a quantidade total de bens e 
serviços finais (tanto bens e serviços de consumo duráveis e 
não duráveis como os bens de capital) que todas as empresas 
e famílias da economia estão dispostas a produzir e colocar 
no mercado a um determinado nível de preço durante certo 
período.
Resumidamente, a oferta agregada (OA) é o total de 
bens e serviços finais colocados à disposição no mercado 
a determinado nível de preço, em determinado período. 
Pode-se afirmar que esta é o próprio PIB da economia 
(VASCONCELLOS, 2008, p. 153).
Além disso, a oferta agregada depende do estoque de 
recursos produtivos da economia. Assim, a oferta agregada 
varia de acordo com a disponibilidade de mão de obra, capital, 
matérias-primas e o nível tecnológico.
Podemos distinguir a oferta agregada em dois tipos: 
potencial e efetiva. A oferta agregada potencial é representada 
pela produção ou PIB máximo que o país poderia atingir se 
estivesse trabalhando em pleno emprego, ou seja, se estivesse 
utilizando todos os fatores de produção disponíveis.
A oferta agregada efetiva seria o PIB corrente registrado 
no país, é aquele nível de produto que o país realmente obteve 
ou produziu em determinado período, mesmo sem utilizar 
todos os recursos produtivos que possui. 
Como o estoque de capital da economia é fixo no curto 
prazo, então, a oferta agregada potencial da economia também 
é fixa no curto prazo.
1.2.5 O Princípio da Demanda Efetiva
A demanda agregada (DA) é a quantidade total de bens 
e serviços (tanto bens e serviços de consumo duráveis e não 
duráveis como os bens de capital) que os agentes econômicos 
(consumidores, empresas, governo e setor externo) estão 
dispostos a consumir a um determinado nível de preço durante 
certo período.
Resumidamente, a demanda agregada é a quantidade 
total de produto demandado em uma economia ou país, a um 
determinado nível de preços, durante certo período de tempo. 
Em outras palavras, a demanda agregada é o total dos 
gastos de todos os agentes da economia com o produto 
nacional. Nessa soma estão incluídos os gastos das famílias 
com o consumo de bens e serviços, gastos das empresas com 
investimento, gastos do governo e, finalmente, as despesas 
líquidas do setor externo. 
Podemos, então, obter uma fórmula para a demanda 
agregada que será a mesma fórmula da despesa agregada já 
apresentada.
DA = C + I + G + (X – M)
A equação é uma identidade. Ela define a demanda 
agregada como a soma do consumo, investimento, gastos do 
governo e exportações menos as importações (BLANCHARD, 
2007, p. 48).
Como já sabemos, não ocorrem alterações na oferta 
agregada potencial da economia no curto prazo, pois o estoque 
de fatores de produção da economia são limitados. Assim, no 
curto prazo, qualquer alteração na renda, no produto e no 
emprego são resultado de variações na demanda agregada. 
Acabamos de definir o renomado Princípio da Demanda 
Efetiva.
Para completar, segundo Keynes, os empresários decidem 
quanto irão produzir e quantos trabalhadores irão contratar 
com base na demanda por seu produto (VASCONCELLOS, 
2000, p. 114). 
Assim, segundo o princípio da demanda efetiva, é a 
demanda que desencadeia a produção, a geração de emprego 
e de renda. Gerando renda haverá mais incentivo à demanda, 
que por sua vez incentiva a produção, emprego e gera mais 
renda e assim sucessivamente.
ATENÇÃO: Para os Clássicos, o produto e a renda eram determinados 
pela oferta agregada. Para Keynes, o produto e a renda são determinados 
pela demanda agregada.
2 O Equilíbrio Macroeconômico
As definições de oferta e demanda agregadas estudadas 
acima trazem a necessidade de estudarmos também as curvas 
de oferta e demanda agregadas para então entendermos o 
ponto de equilíbrio macroeconômico.
As curvas de oferta e demanda agregadas são de extrema 
importância para a Macroeconomia. Elas se assemelham em 
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muito com as curvas de oferta e demanda individuais vistas na 
Microeconomia.
As curvas de demanda e oferta individuais mostram a 
relação entre a quantidade de determinado produto que um 
indivíduo está disposto a demandar em relação ao preço desse 
produto e a quantidade de determinado produto que uma 
firma está disposta a ofertar no mercado em função do preço 
desse produto, respectivamente.
A diferença está no fato de que na macroeconomia, 
a quantidade no eixo horizontal mostra o produto total da 
economia (disponível para ser demandado e ofertado por 
todos os agentes econômicos), ou seja, o PIB da economia. 
E o preço representado no eixo vertical não é mais o preço 
de um produto apenas, mas sim o nível de preços vigente na 
economia. 
A seguir analisaremos graficamente cada uma das curvas 
para, então, entendermos o equilíbrio macroeconômico. 
Análise Gráfica
2.1 Curva de Demanda Agregada
Iniciaremos nossa análise gráfica pela curva de demanda 
agregada que é formada a partir de combinações entre o nível 
geral de preços (eixo vertical) e a quantidade de demanda 
agregada (eixo horizontal). A figura abaixo ilustra a curva de 
demanda agregada.
Figura 01: Curva de Demanda Agregada
Repare que assim como na Microeconomia, a curva de 
demanda agregada possui inclinação negativa, sinalizando a 
relação inversa entre o nível geral de preços na economia e 
demanda agregada. 
Assim, tudo mais é mantido constante à medida que o 
nível geral de preços da economia cai, a demanda total de bens 
e serviços aumenta (ou ao contrário, à medida que o nível geral 
de preços sobe, a demanda total de bens e serviços diminui).
Relembrando a equação da demanda agregada já 
apresentada, podemos compreender por que a curva de 
demanda agregada tem inclinação negativa ao analisarmos 
o efeito de um aumento no nível geral de preços sobre o 
consumo, o investimento e as exportações líquidas.
A equação da demanda agregada é:
DA = C + I + G + (X – M)
 Lembrando que a curva de demanda mostra a relação 
entre a demanda agregada e o nível geral de preços, essa 
relação é negativa, pois:
• Um aumento do nível geral de preços diminui o poder 
de compra do consumidor e, consequentemente, o consumo 
agregado.
• Um aumento no nível geral de preços aumenta a 
demanda por moeda, aumentando a taxa de juros e diminuindo 
o investimento.
• Um aumento no nível de preços faz com que nossos 
produtos internos fiquem mais caros em relação ao produto 
estrangeiro, diminuindo as exportações, consequentemente, 
diminuindo as exportações líquidas. 
Perceba que, um aumento no nível de preços provoca 
efeito em três variáveis que compõem a demanda agregada, 
consequentemente, a demanda agregada diminui.
2.2 Curva de Oferta Agregada
A curva de oferta agregada mostra a relação entre o nível 
de preços (eixo vertical) e a quantidade de oferta agregada da 
economia (eixo horizontal). Ela pode ser representada de duas 
maneiras diferentes, como mostrado na figura abaixo.
Figura 02: Curva de Oferta Agregada Keynesiana
Enquanto a economia estiver com recursos produtivos 
desempregados, as empresas não estarão produzindo o 
máximo que poderiam produzir caso a economia estivesse 
em pleno emprego de seus recursos produtivos. Podemos 
afirmar então que, quando existe desemprego de recursos 
produtivos, o patamar de produto da economia se encontrará 
abaixo de seu nível de produto potencial.
As empresas e, consequentemente, o país poderia 
produzir mais já que existem recursos produtivos disponíveis, 
mas que ainda não estão sendo empregados. Nessa situação, se 
houver algum aumento da demanda as empresas responderão 
a este estímulo aumentando a produção, não aumentarão seu 
preço.
Por isso, se houver desemprego de recursos, a economia 
pode produzir qualquer quantidade independentemente do 
nível de preços. Estamos nos referindo à parte horizontal da 
curva de oferta agregada (segmento keynesiano).
À medida que a demanda continua a crescer,a economia 
aproxima-se de sua capacidade máxima. Nesse estágio haverá 
Economia Aplicada 54
Oferta agregada de bens e 
serviços (OA)
Demanda agregada de bens e 
serviços (DA)
Renda (Produto) 
Nacional Real
Nível geral de 
preços
Analisando a figura, pode-se concluir que, se a economia 
estiver com um nível de preços maior que o de equilíbrio, as 
firmas ficarão estimuladas a produzir mais e os consumidores 
demandarão menos. Dessa forma, haverá excesso de oferta 
em relação à demanda, as firmas não venderão toda sua 
produção e haverá formação de estoques. Elas reagirão 
produzindo menos e reduzindo os preços.
Por outro lado, se o nível de preços vigente na economia 
for mais baixo que o de equilíbrio, a demanda agregada será 
maior que a oferta agregada, as firmas terão que disponibilizar 
seus estoques no mercado e/ou reagirão aumentando seus 
preços e sua produção.
O equilíbrio macroeconômico corresponde a uma 
situação em que o nível de produto agregado e o nível geral de 
preços satisfazem tanto os compradores como os vendedores. 
No ponto de equilíbrio tanto os consumidores como 
os produtores estão satisfeitos com o nível de preços do 
mercado. Esse nível de preços será aquele capaz de igualar a 
oferta agregada e demanda agregada.
Porém, uma vez alcançado o equilíbrio macroeconômico, 
este é estável? Ou seja, é possível que a economia se mantenha 
para todo o sempre em equilíbrio? Infelizmente, a realidade 
mundial prova que isto não é possível! É o que estudaremos 
na seção a seguir!
3 Flutuações do produto
O equilíbrio macroeconômico ocorre em um nível geral 
de preços em que os consumidores desejam consumir as 
mesmas quantidades que os vendedores desejam produzir e 
vender. Dito de outra forma, o equilíbrio macroeconômico 
ocorre num nível geral de preços em que a demanda agregada 
é igual a oferta agregada.
Porém, flutuações são comuns em qualquer país. Nesta 
seção dedicaremos nosso estudo a análise dos fatores que 
provocam as flutuações econômicas, ou ainda, os deslocamentos 
da economia em relação ao seu ponto de equilíbrio.
Deslocamento do Ponto de Equilíbrio 
3.1 Deslocamento do Ponto de 
Equilíbrio – Expansão ou Retração da 
Demanda Agregada
Ainda levando em conta a equação da demanda agregada 
é de extrema importância conhecer os fatores que provocam 
deslocamento da curva de demanda: variações no consumo 
e no investimento agregado, nas exportações líquidas e nos 
gastos do governo. Perceba que todos esses são componentes 
da demanda agregada.
Podemos afirmar que o consumo agregado depende 
de uma série de fatores, entre eles a renda nacional, a 
disponibilidade de crédito, as expectativas em relação à renda 
futura, a rentabilidade das aplicações financeiras, etc.
Uma variação em algum desses fatores surtirá efeito no 
consumo agregado. Como o consumo é um dos componentes 
da demanda agregada, então, esta também sofrerá variação.
Suponhamos que o governo reduza algum imposto que 
recaia direta ou indiretamente sobre a renda do consumidor. 
Por exemplo, uma redução da alíquota do imposto de renda 
fará com que sobre mais renda aos consumidores em geral, 
aumentando a renda disponível para consumo. 
Mantendo o nível de preços constante em um primeiro 
momento, o aumento da renda disponível causará aumento 
no consumo agregado e na demanda agregada, deslocando a 
curva de demanda agregada para a direita. 
A figura abaixo mostra os efeitos de um aumento na 
demanda agregada e o consequente deslocamento da curva de 
demanda agregada para a direita (de DA para DA’). 
 ACOMPANHEM O RACIOCÍNIO!
Com base na figura, em um primeiro período, a economia 
se encontra em equilíbrio (ponto E) quando o nível de preços 
é igual a A e nível de oferta e demanda agregada igual a R. 
Agora, supondo que o governo reduziu algum imposto, 
vamos conhecer o efeito que essa medida terá na economia? 
Vamos lá!
Mantendo o nível de preços constante, essa medida 
provocará um aumento no consumo agregado e, 
consequentemente, um aumento na demanda agregada. A 
curva de demanda agregada irá se deslocar para a direita. 
Perceba, no gráfico, que o nível de preços é mantido 
poucos recursos produtivos ociosos (desempregados), as 
empresas ainda serão capazes de aumentar sua produção. 
Se a demanda agregada continuar aumentando, as 
empresas ficarão incapazes de aumentar sua produção, pois 
já estarão operando em sua máxima capacidade e não terão 
condições de atender toda a demanda. A partir daí, as firmas 
começarão a aumentar os preços, mantendo o mesmo nível 
de produção. É a parte vertical da curva de oferta agregada 
(segmento clássico).
A consequência dessa análise é que a partir do momento 
em que a economia está atuando em sua máxima capacidade, 
os aumentos na demanda agregada não causarão aumentos na 
produção, causarão apenas aumento no nível geral de preços.
2.3 Equilíbrio Macroeconômico
O ponto de equilíbrio dessa economia ocorre quando a 
demanda agregada e a oferta agregada são iguais, graficamente, 
o equilíbrio ocorre no cruzamento das curvas de oferta 
agregada e demanda agregada, como mostrado na figura a 
seguir.
55
constante ou inalterado. Por isso, a curva de demanda se 
deslocou para a direita em resposta ao aumento da demanda 
agregada provocado pelo aumento do consumo.
Na figura, esse efeito é mostrado pelo deslocamento da 
curva de demanda agregada de DA para DA’. Perceba que a 
oferta agregada e a curva de oferta agregada se mantiveram 
inalteradas.
Veja na figura que depois do deslocamento da curva de 
demanda agregada para a direita, o equilíbrio macroeconômico 
também foi deslocado. Ao novo nível de demanda agregada, o 
equilíbrio ocorrerá no ponto F. 
No novo ponto de equilíbrio, tanto o nível de preços como 
o nível de produto serão maiores. Veja que o nível de preços 
de equilíbrio aumentou de A para B e o nível de produto de 
equilíbrio aumentou de R para S.
Figura 06: Efeito de um Aumento da Demanda Agregada no Ponto de 
Equilíbrio Macroeconômico
Você pode estar pensando: mas em quanto o nível de 
preços e de produto irão aumentar? Bom, isso depende de quão 
próxima da sua capacidade máxima a economia se encontrava 
antes do aumento da demanda agregada.
Se antes do aumento da demanda agregada a economia 
estivesse perto de sua capacidade máxima de operação, os 
preços irão aumentar bastante e o nível de produto aumentará 
pouco. O contrário aconteceria se a economia estivesse longe 
de operar em sua máxima capacidade.
Poderá ocorrer também uma redução da demanda 
agregada. Suponhamos que os cidadãos de determinado 
país estejam incertos quanto à saúde da economia e por isso 
decidem reduzir seus gastos com consumo. 
Mesmo mantendo constante o nível de preços, a redução 
do consumo agregado irá provocar redução na demanda 
agregada e a curva de demanda agregada se desloca para a 
esquerda.
Suponhamos, então, que o país esteja vivendo um período 
de incerteza em relação ao andamento da economia e os agentes 
econômicos em geral temam por seus empregos. Esse fato 
tende a provocar uma redução no consumo agregado, mesmo 
mantendo constante o nível de preços, consequentemente, a 
demanda agregada irá diminuir e a curva de demanda agregada 
se desloca para a esquerda.
A figura abaixo mostra o deslocamento do ponto de 
equilíbrio macroeconômico.
Figura 07: Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Retração da Deman-
da Agregada
Na figura esse efeito é mostrado pelo deslocamento da 
curva de demanda agregada de DA para DA’. Perceba que a 
oferta agregada e a curva de oferta agregada, mais uma vez, se 
mantiveram inalteradas.
Veja na figura que depois do deslocamento da 
curva de demanda agregada para a esquerda, o equilíbrio 
macroeconômico também foi deslocado. Ao novo nível de 
demanda agregada, o equilíbrio ocorrerá no ponto G. 
No novo ponto de equilíbrio, tanto o nível de preços 
como o nível de produto será menor. Veja que o nível de 
preços de equilíbrio caiu de A para C e o nível de produto de 
equilíbrio caiu de R para T.3.2 Outros Fatores que Influenciam a 
Demanda Agregada
Em geral, o investimento agregado depende da taxa 
de retorno esperada do investimento e também da taxa de 
juros praticada no mercado. Com relação à taxa de juros, esta 
pode representar quanto a empresa ganharia se aplicasse seu 
dinheiro no mercado financeiro ou na poupança, em vez de 
investi-lo na própria empresa. Ou ainda, se a empresa tiver 
que fazer um empréstimo para poder realizar o investimento, 
a taxa de juros será o custo do empréstimo.
Assim, podemos afirmar que, quanto maior a taxa de 
juros do mercado, menor será o nível de investimento na 
economia.
Suponhamos que ocorra uma redução na taxa de juros 
praticada no mercado, aumentando então os investimentos. 
Esse aumento terá impacto positivo sobre a demanda agregada, 
a qual sofrerá deslocamento para a direita. O contrário ocorre 
caso haja um aumento na taxa de juros de mercado.
As exportações líquidas são o resultado das exportações 
menos as importações do país. A taxa de câmbio, o nível de 
renda, o nível de abertura comercial do país, entre outros, são 
fatores que influenciam as exportações líquidas.
Suponhamos que haja um aumento na demanda de 
um país estrangeiro por produtos de outro país, o Brasil, 
Economia Aplicada 56
por exemplo. As exportações de produtos brasileiros irão 
aumentar, aumentando então as exportações líquidas. 
Como estas são componentes da demanda agregada, 
então, um aumento das exportações líquidas provocará um 
aumento da demanda agregada e a curva se desloca para a 
direita. 
Suponhamos que haja um aumento nas importações 
brasileiras. Qual será o impacto sobre a demanda agregada? 
A curva de demanda agregada se deslocará para a esquerda 
ou para a direita?
Assim como o investimento agregado, os gastos do 
governo são um dos componentes da demanda agregada. Mas 
qual é a importância para o aumento da demanda agregada? 
Quando o governo realiza gastos ou investimentos em 
setores produtivos da economia, por exemplo, na construção 
de estradas, hospitais, escolas, haverá geração de renda e 
demanda agregada em toda a economia.
Isso acontece, pois ao realizar tais investimentos 
haverá gastos com matérias-primas, equipamentos, capital, 
contratação de mão de obra, o que gera renda para os 
trabalhadores e empresários em todos os setores produtivos. 
Consequentemente, a maior parte da renda gerada será gasta 
em consumo, o que estimula as empresas a aumentarem a 
produção e investirem mais.
Logo, mais trabalhadores serão contratados, aumentando 
a renda agregada, cuja maior parte será gasta em consumo. 
Enfim, esse ciclo não terminará. 
Tem-se aqui o efeito chamado de multiplicador 
keynesiano de gastos, defendido fortemente por Keynes 
e seus seguidores. Segundo Keynes, os gastos públicos e 
o investimento são os mais importantes componentes da 
demanda agregada. 
Multiplicador keynesiano de gastos: o aumento dos 
gastos de um agente da economia desencadeia um ciclo de 
aumento do consumo, da renda e do produto agregado.
3.3 Deslocamento do Ponto de 
Equilíbrio – Expansão ou Retração da 
Oferta Agregada
Já estudamos nesta aula que a oferta agregada depende do 
estoque de recursos produtivos disponíveis na economia. Em 
outras palavras, a oferta agregada depende da disponibilidade 
de mão de obra, capital, matérias-primas e o nível tecnológico. 
Vamos acrescentar aqui e com certeza você já sabe 
muito bem, que a produção depende também dos custos de 
produção, que englobam o preço dos fatores de produção e 
também a carga tributária que recai sobre o setor produtivo.
Aumentos na oferta agregada é resultado de uma queda 
nos custos de produção, ou porque o preço dos fatores de 
produção caiu ou porque os impostos diminuíram ou ainda 
porque houve melhorias na tecnologia; tudo isso estimulando 
as firmas a produzirem mais.
Suponhamos que as empresas atuantes na economia 
incorporaram uma nova tecnologia de produção. Essa 
inovação tecnológica trará melhorias na produção, seja pela 
redução nos custos de produção e consequente aumento na 
produção, ou pelo aumento da produção, mantendo os custos 
constantes. 
De qualquer maneira, a inovação tecnológica contribuirá 
para um aumento na produção e, consequentemente, a oferta 
agregada irá aumentar. Como o nível de preços não se altera, 
a curva de oferta será deslocada para a direita e o ponto de 
equilíbrio será alterado. Observe a figura a seguir.
Figura 08: Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Expansão da Oferta 
Agregada
Veja que, graças à inovação tecnológica, a curva de oferta 
agregada sofre deslocamento para a direita, o que sinaliza o 
aumento da oferta agregada. No novo ponto de equilíbrio 
(ponto K), o nível de produto será maior (ponto U) e o nível 
de preços será menor (ponto D).
Inovações tecnológicas trazem muitos benéficos para o 
país, principalmente para os consumidores, pois terão acesso 
a uma maior quantidade de produtos no mercado a preços 
menores!
É interessante analisarmos também as consequências 
negativas que uma redução da oferta agregada pode trazer para 
um país. Suponhamos que o governo aumente a alíquota do 
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Essa medida terá impacto negativo para as empresas 
em geral, pois seus custos de produção irão aumentar e as 
empresas ficarão desestimuladas a produzir. Haverá, então, 
uma queda na produção e na oferta agregada da economia. 
Observe a figura abaixo.
Figura 09: Deslocamento do Ponto de Equilíbrio – Retração da Oferta 
Agregada
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Podemos analisar o que acontecerá com a economia, com 
base na figura acima. Com a queda na oferta agregada, a curva 
de oferta agregada será deslocada para a esquerda e a curva 
de demanda agregada permanece inalterada (pois, a demanda 
agregada continua a mesma). 
A economia irá atingir um novo ponto de equilíbrio 
macroeconômico (ponto H). Nesse ponto, o nível de preços 
vigente na economia será maior (ponto J) e o nível de 
produção (ponto V) será menor. Com certeza, essa medida é 
extremamente prejudicial para a economia como um todo.
Retomando a aula
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar 
essa aula, vamos recordar:
1 – Modelo Keynesiano de Determinação do Produto 
e da Renda Nacional
Conhecemos e comparamos as ideias e hipóteses dos 
modelos Clássico e Keynesiano de determinação do produto 
nacional. Estudamos os conceitos de oferta e demanda agregada.
2 – O Equilíbrio Macroeconômico
Analisamos graficamente as curvas de oferta e demanda 
agregada e definimos a teoria em torno do ponto de equilíbrio 
macroeconômico.
3 – Flutuações do Produto
Estudamos os fatores que levam a flutuações do produto 
e ao deslocamento da economia de seu ponto de equilíbrio 
macroeconômico.
http://www.economia.estadao.com.br/
http://www.bcb.gov.br/
http://bdadolfo.blogspot.com/
http://portalexame.abril.com.br/
http://economiaemdebate.blogspot.com/
Vale a pena acessar
VASCONCELLOS, M. A. S. de; Lopes, L. M. Manual 
de Macroeconomia: básico e intermediário. 2ª edição. São Paulo: 
editora Atlas, 2000.
PINHO, Diva Benevides & VASCONCELLOS, Marco 
A. Sandoval de. Manual de Economia. 5ª edição. São Paulo: 
Saraiva, 2004.
WESSELS, W. J. Economia. 2ª edição. São Paulo: editora 
Saraiva, 2003.
Vale a pena
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