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Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da “Odlo” Portugal, Têxteis Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do grau de Mestre em Gestão Desportiva, de acordo com o Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março Orientador: Prof. Doutor José Pedro Sarmento Autora: Joana Rita de Almeida Guedes Pinto Porto, Setembro de 2013 PINTO, J. (2013). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da ODLO Portugal Têxteis. Porto: J. Pinto, Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Palavras-chave: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, CAPITAL HUMANO, INCENTIVOS NÃO MONETÁRIOS, MOTIVAÇÃO NO TRABALHO, SATISFAÇÃO NO TRABALHO i ii iii Agradecimentos Ao Professor José Doutor Pedro Sarmento pelo apoio e paciência na orientação do presente trabalho. À “Odlo” Portugal Têxteis pela oportunidade de fazer parte de um projeto extraordinário. Pela consideração e amabilidade que sempre demonstraram para comigo. Ao Administrador da empresa, que mais do que entidade patronal, sempre foi uma figura paternal, que nos faz sentir como membros de uma grande família e que nos torna mais conscientes para com os outros. Pela pessoa que é, que nos permite saber e sentir que ainda existem pessoas com valores distintos, que sabe receber mas sabe ainda melhor dar, sempre atento às necessidades dos outros, família, funcionários, vizinhos, toda a comunidade. Aos colaboradores da Empresa pelo carinho e pela rapidez e solicitude demonstrada com que responderam ao questionário de satisfação, pela experiência única que viveram comigo. Obrigado por terem feito parte da minha vida. À FADEUP, escola que me fez a Profissional que sou hoje. Aos meus pais, irmã e cunhado pelo acompanhamento e paciência. Ao Miguel Rodrigues pelo apoio, carinho e compreensão nas horas mais complexas. iv v Índice Geral Agradecimentos iii Índice Geral v Índice de Quadros vii Índice de Gráficos ix Lista de Abreviaturas xi Resumo xiii Abstract xv Introdução 17 1.Enquadramento Conceptual 21 1.1.Gestão de Recursos Humanos 21 1.1.1.Capital Humano 31 1.2. Motivação no trabalho 46 1.3. Satisfação no trabalho 61 1.4. Incentivos não monetários 69 1.4.1. Atividade física/Exercício físico como Incentivo Não-monetário 82 2.Metodologia 95 2.1.Amostra 95 2.2.Instrumentos de avaliação 104 3.Apresentação e Discussão dos Resultados 109 3.1.Apresntação dos Resultados 109 3.2.Discussão e Análise dos dados 138 Conclusão 149 Bibliografia 151 vi vii Índice de Quadros Quadro 15 – Número de horas de Trabalho discriminadas Quadro 16 – Funções Quadro 17 – Questão 1 Quadro 18 – Questão 2 Quadro 19 – Questão 3 Quadro 20 – Questão 4 Quadro 21 – Questão 5 Quadro 22 – Questão 6 Quadro 23 – Questão 7 Quadro 24 – Questão 8 Quadro 25 – Questão 9 Quadro 26 – Questão 10 Quadro 27 – Questão 11 Quadro 28 – Questão 12 Quadro 29 – Questão 13 Quadro 30 – Questão 14 Quadro 31 – Questão 15 Quadro 32 – Questão 16 Quadro 33 – Questão 17 Quadro 34 – Questão 18 Quadro 35 – Questão 19 Quadro 36 – Questão 20 Quadro 37 – Questão 21 Quadro 38 – Questão 22 Quadro 39 – Questão 23 Quadro 1 – Evolução da Gestão de Recursos Humanos Quadro 2 – Capital Humano Quadro 3 – Modelo hard e soft Quadro 4 – Dimensões e subdimensões da Gestão de Recursos Humanos e sua importância para o Profissional de Recursos Humanos Quadro 5 – Fontes de satisfação no trabalho Quadro 6 – As três componentes da compensação Quadro 7 – Efeitos de Programas de Ginástica Laboral em diferentes empresas Quadro 8 – Género Quadro 9 – Idade Quadro 10 – Dados discriminatórios relativos à idade Quadro 11 – Escolaridade Quadro 12 – Tipo de Contrato Quadro 13 – Tipo de horário Quadro 14 – Número de horas de trabalho viii ix Índice de Gráficos Gráfico 1 – Género Gráfico 2 – Idade Gráfico 3 – Escolaridade Gráfico 4 – Tipo de Contrato Gráfico 5 – Tipo de horário Gráfico 6 – Número de horas de trabalho Gráfico 7 – Funções Gráfico 8 – Satisfação com a supervisão Gráfico 9 – Satisfação com o cumprimento das leis laborais Gráfico 10 – Satisfação com a justiça e igualdade Gráfico 11 – Satisfação com oportunidades de promoção e progressão na carreira Gráfico 12 – Satisfação com a formação proporcionada pela empresa Gráfico 13 – Importância dos prémios monetários como recompensa Gráfico 14 – Satisfação com a flexibilidade de trabalho Gráfico 15 – Impacto do reconhecimento comparativamente ao monetário Gráfico 16 – Importância exclusiva dos prémios monetários Gráfico 17 – Importância da compensação pelos anos de trabalho Gráfico 18 – Melhoria das relações com os colegas pelo convívio nas sessões de EF Gráfico 19 – Contributo das sessões de EF na melhoria da aptidão e eficácia nas tarefas laborais Gráfico 20 – Influência das sessões de EF no ambiente de trabalho x xi Lista de Abreviaturas GRH - Gestão de Recursos Humanos GP - Gestão de Pessoas RH - Recursos Humanos IM - Incentivos Monetários INM - Incentivos Não Monetários APG - Associação Portuguesa de Gestores e Técnicos de Recursos Humanos APDCP - Associação Portuguesa de Gestores e Chefes de Pessoal EAPM - European Association for Personnel Management WFPMA - World Federation of Personnel Management Associations RCRC’S – Rede de Centros de Recursos em Conhecimento http://www.eapm.org/ http://www.wfpma.com/ xii xiii Resumo Esta investigação nasceu da vontade de explorar a questão da atividade física/exercício físico como incentivo não monetário, como uma medida política inserida num sistema de recompensas de uma organização. Neste estudo será analisada em pormenora Empresa “Odlo” Portugal Têxteis, que usa vários incentivos não monetários, entre eles a prática gratuita de exercício físico. Os objetivos na aplicação deste incentivo e a perceção do mesmo pelos funcionários/colaboradores são alvo de estudo, sendo aplicado um questionário de satisfação no trabalho e uma entrevista ao Administrador da organização. Numa altura como a atual, da forma como a economia mundial vive (em crise), em que as empresas sentem a necessidade de reduzir aos salários pela falta de capital, tendo por vezes de diminuir ao número de colaboradores (recorrendo ao despedimento), é difícil manter os incentivos monetários. Poderão ser os incentivos não monetários um bom promotor do aumento da satisfação e motivação laboral com consequente aumento da produção e redução do absentismo? Palavras-chave: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, CAPITAL HUMANO, INCENTIVOS NÃO MONETÁRIOS, MOTIVAÇÃO NO TRABALHO, SATISFAÇÃO NO TRABALHO xiv xv Abstract This research has born from the need to explore how Physical Activity/Physical Exercise works has a non-cash incentive in Human Resource Management, included in a system of rewards in an organization. In this study, it will be analyzed in detail the “Odlo” Portugal Têxteis company that uses many non-cash incentives, such as the free practice of physical exercise. It will be also theme in this study, the objectives in this management practice, for the company and their members and how it’s perceived by them, it will be used a work satisfaction questioner applied to the workers included in this physical exercise project and an interview to the company Administrator. Nowadays, we live in a global crisis, and companies feel the need to reduce the salaries of their employees due to the lack of capital, even sometimes they feel the need to reduce their workers by dismissing some of them. Because of these reasons it is difficult to maintain cash-incentives. So this study pretend to understand if non-cash incentives can be an important promoter in the increase of work satisfaction and work motivation, and with this action if it can induce an increasing on production and an absenteeism reduction. Key-words: HUMAN RESOURCE MANAGEMENT, HUMAN CAPITAL, NON-CASH INCENTIVES, WORK MOTIVATION, WORK SATISFACTION xvi Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 17 Introdução O presente trabalho tem como objetivo a obtenção do grau de Mestre em Gestão Desportiva. O tema do mesmo deve-se a uma experiência pessoal com a empresa “Odlo” Portugal Têxteis. Ao longo de 5 anos, desenvolveu-se um projeto que envolvia a execução de três sessões de exercício físico semanais, com avaliação física trimestral. Este projeto enquadrava-se numa política de recompensas do tipo não monetário desenvolvido por esta empresa. Pretende-se analisar o Projeto de Exercício Físico aplicado nesta empresa como incentivo não monetário, entender o seu valor estratégico para o aumento da satisfação e motivação no trabalho, e verificar qual a sua influência no ambiente de trabalho e relação entre colaboradores. Nos últimos anos temos assistido a uma grande evolução e mudança na área da Gestão, assim como na área da Gestão de Recursos Humanos. Estas alterações devem-se à crescente evolução da sociedade, das exigências do mercado de trabalho e da especialização constante das áreas de trabalho. A evolução exponencial do mercado de trabalho, levou a um aumento da produtividade e das exigências no local de trabalho. Atualmente exige-se ao colaborador um aumento da produtividade, reduzindo o número de colaboradores necessários por empresa. Procuram-se cada vez mais, funcionários altamente eficazes, com elevadas taxas de produção e com uma taxa reduzida de absentismo. Atuamente no mundo empresarial vive-se um ambiente altamente competitivo, globalizado e em constante mudança, obrigando as empresas a uma maior adaptação, capazes de responder aos desafios com uma postura empreendedora e aberta para percecionar novas oportunidades (Palminha, 2009). Uma empresa ao exigir cada vez mais de um funcionário, acaba por provocar sentimentos de insatisfação, desmotivação e angústia, podendo afetar a produção dos funcionários. As empresas devem por em prática medidas para evitar este tipo de sentimentos. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 18 Num momento como o atual, em que a Economia Mundial sofre grandes alterações, atravessando uma época de crise, (onde o poder de compra reduziu em larga escala), as Empresas olham cada vez mais para a Recompensa não Monetária como um bom recurso para o incentivo à produção. Para além de ser um método com menos custos para a Empresa, este pode ser bastante motivador e importante para o colaborador. Se perguntássemos aos colaboradores se gostam de receber recompensas monetárias, com certeza que a resposta seria positiva, no entanto, esta recompensa por vezes é limitada e não satisfatória. Para conseguir uma recompensa monetária, normalmente o colaborador tem de produzir mais, isto envolve mais sacrifício, normalmente menos dispêndio de tempo com a família, menos horas de sono, mais inimizades no trabalho, reduzindo assim o espírito de equipa, e a qualidade do ambiente de trabalho. Alguns colaboradores após terem tido uma recompensa deste tipo sentem que o sacrifício não recompensa o trabalho e que para ganhar nova recompensa a dedicação ainda terá de ser maior. Este tipo de recompensas são normalmente postas em causa pois privilegiam a quantidade da produção em detrimento da qualidade. Por vezes os trabalhos de investigação (que privilegiam a qualidade) apesar de serem desgastantes e de exigirem um elevado empenho podem não surtir efeito (principalmente a curto prazo), não sendo recompensados pelo trabalho mesmo tendo sido despendidas inúmeras horas de dedicação. Outro dos problemas da aplicação dos Incentivos Monetários é que o valor dos prémios não pode aumentar de ano para ano, existe um limite, o capital de uma empresa não é ilimitado. Se no presente ano o valor do prémio for X, o colaborador para o ano espera que o valor do prémio seja X+Y. Estas falhas no Sistema de Recompensas Monetário podem ser colmatadas com o Sistema de Recompensas Não Monetário. Não se pode afirmar que se substituem, no entanto têm um efeito suerior quando aplicadas em simultâneo. Mais à frente neste trabalho pode-se perceber como funciona um sistema de recompensas. Os conceitos satisfação e motivação são muitas vezes confundidos, mas atuam de forma diferente na performance de um Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 19 indivíduo, neste trabalho será feita a separação destes conceitos e mostrada a relação destes com o comportamento, performance e produtividade de um indivíduo. Encontramo-nos numa época, em que o trabalhador qualificado espera mais da entidade empregadora, já não pensa num trabalho para a vida inteira, pondo a hipótese mesmo de ter várias carreiras; esta constatação leva a verificar que a arte da motivação é cada vez mais importante, para desta forma manter o profissional na empresa, permitindo a retenção de talentos. Empresas como a que este trabalho pretende analisar procuram redefinir esquemas de recompensas, ações que possam ir ao encontro das necessidades dos colaboradores, potenciando a motivação, satisfação, performance e produtividade. Formulação do problema Este trabalho procura analisar um Projeto de Exercício Físico como Incentivonão Monetário na Gestão de Recursos Humanos, no caso particular da “Odlo” Portugal Têxteis. Pretende-se compreender as razões que conduziram à sua utilização, fazer o seu enquadramento na política global de recompensas e saber qual a perceção que os colaboradores têm da mesma, e se este produziu satisfação nos mesmos. Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é perceber se a aplicação de um programa de exercício físico será uma boa estratégia de gestão de recursos humanos, sendo usada como incentivo não monetário num sistema de recompensas. Objetivo Específico Com os objetivos específicos pretende-se verificar se o Exercício Físico como Incentivo Não Monetário funciona como estratégia de Gestão de Recursos Humanos, diminuindo custos com os Incentivos Monetário, com os Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 20 acidentes de trabalho, diminuindo as ausências (absentismo), melhorando a qualidade de vida, bem estar e auto estima do colaborador, assim como o clima organizacional. Outro objetivo é saber se este tipo de incentivo motiva o colaborador para o trabalho, se o leva a uma satisfação no mesmo, podendo aumentar o seu nível de produtividade e consequente aumento na produção organizacional. Hipóteses Pretende-se com este trabalho estudar a influência do exercício físico como incentivo não monetário na satisfação no trabalho. Dentro desta temática vamos analisar com mais atenção o Exercício Físico como fator estratétigo numa política de Gestão de Recursos Humanos. A Empresa alvo é “Odlo” Portugal Têxteis que desenvolveu um Projeto de Exercício Físico, que consistia na realização de três sessões semanais com avaliação trimestral. Antes da aplicação de um questionário de satisfação no trabalho formularam-se as seguintes hipóteses: Um projeto de exercício físico influencia positivamente a motivação e satisfação dos colaboradores. Um projeto de exercício físico é uma boa alternativa aos incentivos monetários, quando existe pouco capital Estrutura do trabalho O presente trabalho está estruturado em introdução, enquadramento concetual, metodologia, apresentação e discussão dos resultados e conclusão. No enquadramento concetual pretende-se analisar a Gestão de Recursos Humanos, o seu surgimento, história, evolução e as suas dimensões. De seguida será explorado o Sistema de Recompensas como estratégia para o aumento da produção nos trabalhadores. Pretende-se estudar o processo motivacional relacionado com a satisfação e motivação no trabalho para consequente aumento de produção. Ainda neste capítulo serão analisados os Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 21 benefícios da Prática de Exercício Físico num ambiente laboral e da Ginástica Laboral tanto na perspetiva do colaborador como da empresa. No capítulo da Metodologia pretende-se analisar a Empresa em questão e os níveis de satisfação dos colaboradores relativamente à supervisão, ambiente de trabalho, condições de trabalho, aos incentivos monetários e não monetários. Para o efeito serão usados como instrumentos de avaliação, questionários de satisfação no trabalho aos colaboradores participantes no Projeto e uma entrevista ao Administrador da empresa para recolha de opinião e interpretação simples. No capítulo da apresentação e discussão dos resultados serão analisadas os questionários aplicados aos colaboradores e a entrevista ao Administrador, assim como as implicações teóricas deste estudo e as limitações do mesmo. Na conclusão iremos verificar quais os contributos do presente estudo para o estado da matéria. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 22 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 23 1.Enquadramento conceptual 1.1.Gestão de Recursos Humanos Ao longo dos tempos a Gestão de Recursos Humanos (GRH) tornou-se uma temática de maior interesse por parte dos profissionais graças à influência dos Recursos Humanos adequados, competentes e motivados para os resultados organizacionais (Caetano & Vala, 2007). Não existem dúvidas relativamente ao papel da gestão de pessoas numa organização, esta gestão constitui uma componente fundamental de qualquer estratégia organizacional (Bilhim 2001, 2002 e Caetano & Vala, 2007). São os conhecimentos, experiências e competências destas pessoas, a sua natureza e especificidade do elemento humano que constituem a base da competitividade de uma organização (Caetano & Vala, 2007), contribuindo para a prossecução dos objetivos das organizações (Bilhim 2001, 2002). A Gestão de Recursos Humanos, em suma, diz respeito a todas as decisões e ações que afetam a relação entre a organização e os seus empregados” (Bilhim, 2007, 2002, 2001 e Caetano & Vala, 2007), esta definição é a mais referida em publicações relativas a esta temática. Este tipo de Gestão envolve “todas as ações relativas à seleção, integração, formação, desenvolvimento e recompensas dos empregados, assim como o relacionamento com estes, tanto a um nível coletivo como individual” (Caetano & Vala, 2007). Apesar de se reconhecer a importância deste tipo de gestão a sua designação sofreu várias evoluções semânticas, por vezes referida como gestão de pessoal, outras como gestão de recursos humanos, de gestão de pessoas (Bilhim, 2001) e de capital humano. Segundo Bilhim (2007), a designação de gestão de recursos humanos descende do conceito de gestão de pessoal. Mas mais importante do que a questão da semântica é a questão da evolução desta área da gestão. Esta evoluiu ao longo do século XX, em Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 24 simultâneo e de forma articulada com as teorias organizacionais (taylorismo, burocracia, relações humanas, abordagens sistemáticas e contingenciais, etc) e as teorias comportamentais (motivação e satisfação, poder e liderança, trabalho de equipa e participação, etc) que por sua vez resultam do estudo das estruturas e dos processos organizacionais. Estas áreas pela sua justa relação partilham pontos positivos e negativos (Caetano & Vala, 2007 e Bilhim, 2007). Relativamente aos aspetos negativos temos o fato das abordagens clássicas do funcionamento organizacional, encararem o ser humano como uma máquina, desprovido da sua dimensão emotiva. No entanto esta insensibilidade é corrigida com a influência das teorias das relações humanas pertencentes às teorias organizacionais de índole sistémica e contingencial que consideram que “para além de um braço, o homem é também um coração e uma cabeça” (Caetano & Vala, 2007, Bilhim, 2007, 2002, 2001). Nas últimas décadas verifica-se um esforço para a compreensão, teorização e análise crítica do conjunto das práticas de gestão que se traduz (de uma forma objetiva) nos inúmeros cursos de formação de cariz académico que têm o fator humano como objeto de reflexões de natureza teórica. Assiste- -se a uma intenção de compreender e sistematizar em termos teóricos o conjunto de práticas de Gestão de Recursos Humanos (Caetano & Vala, 2007). Segundo Bilhim, (2007) a gestão de recursos humanos envolve “todas as ações relativas à seleção, formação, desenvolvimento, recompensas e relações com os empregados”. Este autor refere ainda que as ações relativas à negociação e gestão de equilíbrios precários devem ser foco de atenção neste tipo de gestão. A GRH é uma gestão depessoas que visa a atividade/negócio em que as pessoas são um valor acrescentado para a realização do sucesso organizacional. Os principais fatores da GRH são o sistema de gestão, adoção de abordagens estratégicas, aquisição de valor acrescentado e obtenção do compromisso dos trabalhadores com as metas e objetivos da organização. Segundo Cunha et al (2012) a gestão de pessoas refere-se às políticas e sistemas que influenciam o comportamento, as atitudes e o desempenho dos Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 25 membros da organização no sentido de aumentar a competitividade e a capacidade de aprendizagem da organização. Mais à frente neste capítulo iremos explicar quais as dimensões da Gestão de Recursos Humanos no entanto de uma forma reduzida podemos dizer que este tipo de Gestão é responsável pela: Determinação das necessidades de Recursos Humanos (planeamento) Atração de potenciais novos membros (recrutamento) Escolha e contratação (seleção) Formação e desenvolvimento dos membros e gestão de carreiras Avaliação de desempenho Retribuição e motivação (Compensação) Clima organizacional, saúde ocupacional, estética e higiene no trabalho Para ser mais percetível a definição da Gestão Recursos Humanos seguem-se algumas transcrições que se completam: “O conjunto de políticas, práticas e sistemas que influenciam o comportamento, as atitudes e o desempenho dos empregados” (Noel et al cit Cunha et al, 2012) “Políticas e práticas relacionadas com o fornecimento e utilização do recurso laboral requerido para que a firma alcance os seus objetivos comerciais” (Purcell cit Cunha et al, 2012) “Um conjunto de práticas e processos que incluem, de forma não exclusiva, os seguintes: atração e seleção de empregados de forma alinhada com a direção e a intenção estratégica da organização; gestão e facilitação do avanço e desenvolvimento de carreira de empregados; estar a par ou além das regras e legislação de relações industriais e outras áreas de política laboral como a saúde e segurança ocupacionais, equidade, diversidade e não-discriminação; assegurar procedimentos uniformes e informação sobre as diversas dimensões do emprego e das Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 26 políticas de recursos humanos disponíveis para os empregados que as queiram consultar” (Clegg et al cit Cunha et al, 2012) “Uma extensão dos requisitos tradicionais da gestão de pessoal, que reconhece a interação dinâmica das atividades de pessoal entre si e com os objetivos e o planeamento estratégico da organização” (Sherman cit Cunha et al, 2012) “O sistema de GRH é uma abordagem global de gestão que inclui os aspetos de recrutamento/seleção, retenção, desenvolvimento, ajustamento e gestão da mudança” (Cascio cit Cunha et al 2012) “A gestão de recursos humanos é o processo global de gestão das pessoas nas organizações” (Kulik cit Cunha et al, 2012) “A estratégia de RH é usada deliberadamente por uma empresa para adquirir ou manter uma vantagem face aos seus concorrentes no mercado. Trata-se do grande plano ou abordagem que a organização adota para assegurar o uso efetivo das pessoas que a compõem para cumprir a sua missão” (Gomez-Mejia cit Cunhe et al, 2012) “A gestão de capital humano é uma abordagem estratégica da gestão das pessoas, centrada nas questões críticas para o sucesso da organização” (Baron e Armstrong cit Cunha et al, 2012) A GRH está relacionada com o conjunto total de conhecimento, capacidades e atitudes de que as organizações necessitam para competir, o que exige um conjunto de preocupações e ações em matéria de Gestão de pessoas – seleção, formação, desenvolvimento, relações de trabalho e compensação (Bilhim, 2007). No passado, a Gestão de Recursos Humanos era encarada como algo integrado nos processos de gestão, ninguém tinha um cargo específico de GRH. Esta gestão era vista como um custo, os funcionários eram entendidos como mão-de-obra, que deveria ser gerida a baixo custo e do qual se deveria obter o máximo rendimento. “A definição e as práticas de Recursos Humanos (RH) estavam marcadas pelos aspetos jurídico-administrativos” (Bilhim, 2002). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 27 A gestão de recursos humanos é uma gestão estratégica que sofre alterações mediante a organização em causa, cada organização deve analisar a especificidade dos seus consumidores, e deve articular as suas características com as necessidades dos clientes. Nos últimos 50 anos, a expressão Gestão de Recursos Humanos tem sofrido várias alterações semânticas (como já referido), no entanto, é consensual a importância dada à gestão de pessoas na estratégia organizacional. Esta importância provocou o aparecimento de novas conceções que por sua vez exigiram “maior aprofundamento e integração entre a gestão estratégica da organização e a gestão de recursos humanos” para que assim sejam atingidos os objetivos organizacionais (Bilhim, 2001 e 2002). Na Europa, mais especificamente em França é a partir de 1945 que a função pessoal começa a fixar-se e a crescer (Bilhim, 2007). Chiavenato (2000) fala de Administração de Recursos Humanos, e que esta surge com o crescimento e o aumento da complexidade das tarefas organizacionais. Quanto mais evoluída é uma sociedade, quanto mais industrializada, mais complexas e numerosas se tornam as organizações. A administração de RH surge no início do século XX através do impacto da Revolução Industrial, como uma espécie de atividade moderadora entre organizações e pessoas, tentando aproximar os objetivos pessoais e os objetivos da organização. A pessoa que fazia o intercâmbio entre a organização e pessoas (funcionários) era um interlocutor designado Relações Industriais, estranho a ambas as partes para não existir imparcialidades. As pessoas eram vistas como máquinas, equipamentos e capital (recursos de produção). Tudo servia a tecnologia, o homem era um apêndice da máquina (Era da Industrialização Clássica) (Chiavenato, 2000). Com o passar dos tempos, após o final da Segunda Guerra Mundial a mudança era constante pois o mercado ganhou maior amplitude passando de Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 28 local e regional para internacional. Em 1950, o conceito de Relações Internacionais passou a ser designado de Administração de Pessoal (Chiavenato, 2000). A sua função já não era somente o de reduzir os conflitos e desentendimentos entre as duas partes mas também tinha a função de administrar o pessoal de acordo com a legislação existente (o aparecimento de sindicatos leva ao aparecimento de legislação trabalhista). Bilhim (2007), menciona o Modelo de gestão pessoal de Henry Fayol, fundador da Teoria Clássica da Administração, que dizia que o trabalhador ideal era uma máquina, um robot sem necessidade de pensar, este era pago para trabalhar. O trabalhador era a força do trabalho em troca de remuneração. “Tudo quanto preciso são dois braços. Mas infelizmente com eles vem uma cabeça atrás”. Segundo Billhim (2007), de 1945 a 1975, a função de GRH passou uma fase gloriosa devido à influência das teorias das relações humanas do desenvolvimento organizacional e do sócio-técnico, onde a pessoa é foco de atenção apesar do capital ser o mais importante dos fatores produtivos. Em 1960, o conceito evoluiu para Administração de RH, pois as pessoas passaram a ser consideradas recursos fundamentaispara o sucesso da organização. Esta visão é ainda redutora, pois a função do administrador ainda passa por administrar as pessoas e planeá-las como um recurso, hoje já entendemos a necessidade de planear com as pessoas. As pessoas são vistas não como máquina paga para trabalhar, mas sim um recurso estratégico, que constitui um fator de competitividade, com inteligência, criatividade, capacidades e habilidades mentais. Chiavenato (2000) fala de Administração de pessoas, pois tem uma perceção de que estas não são meros recursos e que devem ser vistos como parceiros. Numa Era como a nossa (da Informação), as pessoas devem ser vistas como seres humanos com personalidades diferentes, com histórias, habilidades e conhecimentos próprios. As pessoas não são meros recursos da organização, são elementos impulsionadores, que dotam a organização de inteligência, de talento e capacidades para que a organização possa renovar e manter-se competitiva num mundo em que a mudança é constante. As pessoas Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 29 investem na organização através do esforço, dedicação, responsabilidade, compromisso, na expectativa do retorno, compensação da qual salários, incentivos, crescimento profissional e progressão na carreira são exemplo. Aqui se vê o caráter recíproco na interação entre pessoas e organização. O seguinte quadro de Chiavenato (2000) ilustra a evolução da GRH ao longo dos tempos. Período Industrialização Clássica Industrialização Neoclássica Era da Informação 1900-1950 1950-1990 Após 1990 Estrutura Organizacional Predominate Funcional, burocrática, piramidal, centralizadora, rígida e inflexível. Ênfase nos órgãos Matricial enfatizando departamentalização por produtos/serviços ou unidades estratégicas. Fluída e flexível, totalmente descentralizada, redes de equipas multifuncionais Cultura Organizacional Teoria X Foco no passado, nas tradições e nos valores. Ênfase na manutenção do status quo. Valor à experiência anterior Transição. Foco no presente e no actual. Ênfase na adaptação ao ambiente. Teoria Y Foco no futuro destino Ênfase na mudança ena inovação Valor ao conhecimento e à criatividade Ambiente Organizacional Estático, previsível, poucas e gradativas mudanças. Poucos desafios ambientais. Intensificação das mudanças e com maior velocidade. Mutável, imprevisível, turbulento, com grandes e intensas mudanças Modo de lidar com as pessoas Pessoas como factores de produção inertes e estáticos, sujeitos a regras e a regulamentos rígidos para serem controlados. Pessoas como recursos organizacionais que precisam ser administrados Pessoas como sres humanos proactivos, dotados de inteligência e habilidades e que devem ser impulsionados Denominação Relações Industriais Administração de Recursos Humanos Administração de Pessoas Quadro 1 – Evolução da Gestão dos Recursos Humanos segundo Chiavenato (2000) A Gestão de Recursos Humanos apresenta grandes dificuldades em se afirmar como ciência, por ser um terreno em constante mudança (Cunha et al, 2012; Reilly & Williams, 2012 e Caetano & Vala, 2007). “As organizações, o mundo, a economia e a gestão são terrenos dinâmicos”(Cunha et al, 2012). As alterações nas estratégias, no design das organizações e das envolventes de Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 30 negócio ao longo do tempo contribuem também para esta dificuldade (Cunha et al 2012). Estas mudanças obrigam a rever e adaptar os conhecimentos e as funções da GRH. Cunha et al (2012), para validar a importância da GRH recorrem ao conhecimento científico empiricamente validado, a lógica da gestão baseada na evidência. A evidência muda com o tempo. “As próprias organizações vão mudando em resposta às novas faces das velhas contingências: dimensão, envolvente e tecnologia”, as “verdades fatuais de hoje poderão ser revistas amanhã” (Cunha et al, 2012). Infelizmente, algumas empresas não prestam atenção aos estudos relacionados com a GRH, por várias razões, apresentadas de seguida, mas exatamente por essas razões torna-se necessário ter em atenção os estudos nesta área. A maior parte dos gestores despendem o seu tempo com tarefas administrativas, como o pagamento de salários e a planificação de programas de formação, absorvidos pela pressão do quotidiano não reservam tempo para a reflexão. Para que o gestor obtenha benefícios para si próprio adota decisões que apesar de originarem bons resultados a curto prazo, comprometem os de longo prazo, diminuindo rapidamente as receitas da organização. Um gestor normalmente ocupa um lugar de chefia durante um curto período de tempo, por isso não pensa no futuro da organização, cingindo-se à procura de resultados imediatos. A maior parte dos gestores não têm formação na área dos Recursos Humanos e do comportamento organizacional, tendo uma formação nas áreas técnicas, financeiras e analíticas. A questão mais complexa da GRH é a existência de um desincentivo à transposição da ciência para a prática (Cunha et al 2012). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 31 1.1.1.Capital Humano No ponto anterior foi definido o conceito de Gestão de Recursos Humanos, torna-se importante antes de analisar as dimensões deste tipo de Gestão, entender o que são os Recursos Humanos. Os Recursos Humanos, as Pessoas, Pessoal são comumente definidos como capital humano. As frases que se seguem ilustram um pouco o conceito de Capital Humano. “Os trabalhadores são a oportunidade mais desperdiçada pelas empresas” (Cokins cit Cunha et al, 2012). “Levem as instalações, as máquinas, mas deixem as pessoas” (Carnegie cit Cunha et al, 2012). “O sucesso da organização é o sucesso dos seus membros”(Silva, 2009). “Uma organização é constituída por pessoas, que através de uma estrutura hierárquica, desenvolvem relações de cooperação e coordenação de tarefas para o alcance de objetivos comuns” (Silva, 2009). Ao conjunto de pessoas que fazem parte da organização dá-se o nome de Capital Humano, talentos que necessitam de ser mantidos e desenvolvidos. O capital humano tem um valor incalculável, visto ser o capital inteletual, aquele que é mais importante numa organização, o conhecimento. Nos dias de hoje a competitividade é tanta que a capacidade de trabalho não é suficiente, a capacidade de inovar e de usar a criatividade é a maior estratégia organizacional. Atualmente as empresas melhor sucedidas são as que investem na formação e que mais valorizam o capital inteletual, assim estarão mais preparadas para o futuro, estando mais preparadas para a mudança estão preparadas para as futuras alterações no mercado. Segundo Lengnick-Hall e Lengnick-Hall cit Cunha et al 2012) o capital humano é o Know how, as destrezas e as capacidades dos indivíduos de uma organização. Reflete as competências que as pessoas trazem para o trabalho.É a soma das competências, conhecimentos e experiência da força de trabalho de uma organização (CFO cit Cunha et al 2012). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 32 Nossa Organização Estrutura Interna Sistemas administrativos Conceitos Valores organizacionais Cultura, missão e visão Patentes Sistemas computacionais Capital intelectual Nossos clientes Estrutura externa Relações com clientes Relações com fornecedores Marcas Reputação Imagem Nossas pessoasCompetências individuais Habilidades das pessoas em agir em várias situações Educação Experiências pessoais Valores e habilidades sociais Envolvimento das pessoas Conhecimento Quadro 2 – Capital Humano (Chiavenato 2000) Como já referido anteriormente, as abordagens tradicionais de gestão de pessoal percecionam os recursos humanos como recursos e não como potenciadores de competitividade. É a partir dos anos 80 que a função dos Recursos Humanos se liberta da sua conotação tradicional e 1984 foi o ano de viragem. Foram publicados dois livros com modelos diferentes que serão sintetizados no quadro seguinte como base no Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humanos de Cunha et al (2012). Modelo Hard Modelo soft Modelo de Michigan Modelo de Harvard Livro - Strategic Human Resource Management Livro - Managing Human Assets Foco nos “recursos” Foco nos “humanos” Teoria X (as pessoas são preguiçosas e não gostam do trabalho, para que trabalhem devidamente, é necessário controlá-las) Teoria Y (as pessoas são proactivas e capazes de exercerem autocontrolo ao serviço dos objetivos de trabalho com que estão comprometidas: procuram realizar trabalho com significado para as suas vidas) Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 33 Controlo estreito (o comportamento deve ser controlado por sanções e pressões externas) Controlo através de empenhamento (o comportamento é estimulado pela auto- regulação) Homem económico Homem económico e social (Instrumentalismo utilitário) As pessoas são instrumentos ao serviço dos fins organizacionais e da sua vantagem competitiva. Devem ser geridas de forma desapaixonada e racional (Humanismo desenvolvimentista) As pessoas empenham-se no trabalho se se confiar nelas, se puderem trabalhar com autonomia e se forem apoiadas no seu desenvolvimento Os recursos humanos são um fator de produção cujos custos devem ser minimizados As pessoas devem ser apoiadas e o seu empenhamento fomentado Os recursos devem ser seleccionados e geridos de acordo com as necessidades estratégicas da organização A organização valoriza diversos stakeholders, sendo os colaboradores um dos tipos mais relevantes Mais importante do que reter colaboradores é contratar os que assegurem produtividade e eficiência A retenção dos colaboradores é procurada através da construção de redes sociais. O empenhamento e a identificação com a organização são cruciais A formação incide na função específica realizada pelo colaborador. A melhor formação deve ser usada com os melhores empregados O desenvolvimento pessoal e organizacional é crucial. Importa desenvolver o potencial humano para benefício da organização e dos colaboradores A avaliação de desempenho enfatiza no desempenho individual focalizado na função específica A avaliação de desempenho enfatiza a capacidade de trabalhar em equipa e de realizar outras atividades (exemplo: voluntariado em ações de cidadania empresarial) Ênfase: racionalidade, custos, controlo Ênfase: motivação, comunicação, liderança, confiança, envolvimento Quadro 3 – Modelo hard e soft As pessoas/humanos são na abordagem atual percecionadas como fonte de vantagem competitividade, principalmente porque as pessoas podem ter características difíceis de imitar, que podem ser raras e insubstituíveis. Por estas particularidades, é necessário atrair talento humano, selecionar pessoas talentosas de forma a integrarem a organização. No entanto, para manter estas Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 34 pessoas e mantê-las como potenciais de competitividade é necessário apostar no seu desenvolvimento, apostando na aprendizagem contínua, desenvolvendo competências que se ajustem às necessidades da organização. Para reter força de trabalho é necessário criar condições para que estes talentos não pensem em mudar de organização. “Uma das principais questões para garantir a competitividade é ter a capacidade de atrair pessoas talentosas” (Quadros cit Cunha et al, 2012). “A pedra angular do nosso sucesso tem sido sempre a nossa capacidade de atrair e reter os empregados mais talentosos em todo o mundo” (Microsoft cit Cunha et al, 2012). Estas frases ilustram a importância que as pessoas têm atualmente nas organizações, a forma como as pessoas são geridas é fundamental para o valor de longo prazo de uma empresa. Segundo Chiavenato (2000) a perspetiva do capital intelectual mostra que: 1. Para reter e desenvolver o conhecimento, as organizações devem oferecer um trabalho desafiante que agregue experiências e conhecimentos às pessoas. Também Cunha et al (2012) refere a importância de gerar ambientes de trabalho estimulantes e criadores. 2. O conhecimento proporcionado pelos seus funcionários constitui a riqueza mais importante das organizações. 3. As organizações precisam desenvolver estratégias claras de GRH para poderem conquistar, reter e motivar seus funcionários. 4. Os funcionários que detêm conhecimento são os principais contribuintes para o sucesso da organização. 5. As organizações precisam transformar-se rapidamente em organizações de aprendizagem, para poderem aplicar adequadamente o conhecimento. 6. Para serem bem sucedidas na Era Informática, as organizações devem adoptar a perspetiva do conhecimento e investir nele. Cunha et al (2012) relativamente ao capital humano refere ainda a necessidade de controlar ou mesmo neutralizar comportamentos indesejados Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 35 do qual o absenteísmo é exemplo. Gerir pessoas não é o mesmo que gerir outros recursos, as pessoas não são um mero recurso para alcançar o lucro (Cunha et al, 2012). Na atualidade as empresas competem por talentos, onde quer que eles se encontrem geograficamente (Cunha et al 2012). Segundo Caetano & Vala (2007) e Bilhim (2001), a atenção prestada à temática da GRH deve-se a três fatores. O primeiro fator é de natureza social e deve-se ao fato de o objeto da GRH ser a gestão do emprego e deste ter um peso elevado no funcionamento de uma sociedade do ponto de vista individual e relacional. O fator político constitui o segundo fator devido às relações entre entidade empregadora e funcionários, que poderão ser relações de poder originando por vezes conflitos, de que são exemplo as paralisações e greves. O terceiro fator de natureza cultural, relativo à cultura organizacional, onde a GRH permite estabelecer e assegurar uma ordem simbólica que torna possível o exercício da autoridade, a definição de papéis de cada membro da organização para que sejam partilhados os objetivos da empresa/organização. Nesta perspetiva podemos entender melhor as diferentes designações de GRH e as suas dimensões. Caetano & Vala (2007) refere bastantes autores que contribuíram para a definição das diferentes dimensões da GRH e que a evolução da função da GRH ao longo dos tempos pode ser dividida em cinco fases. Entre o início do século XX e a primeira guerra mundial teve lugar a primeira fase que se caracteriza pela existência do serviço de recrutamento e de treino, onde as questões da disciplina, motivação, cumprimento de regras e pagamento são tratadas pela hierarquia. A designação era na altura Administração de Pessoal. A segunda fase decorre entre as duas grandes guerras mundiais, onde o conflito entre capital e o trabalho aumenta, aumentando também a complexidade das questões sociais. Sente-se então necessidade de criar uma função que permita assegurar e disciplinar a organizaçãodo trabalho, designada na altura de Direção das Relações Sociais e Industriais. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 36 Ao longo das décadas de 50 e 60, houve um grande desenvolvimento da legislação de natureza social, onde a motivação e satisfação no trabalho era importante. Nesta terceira fase, os dirigentes do pessoal designados por Direção de Relações Humanas, eram dotados de formação jurídica e tinham como preocupação a gestão de remunerações e promoções. De 1960 a meados de 1980, na quarta fase, dá-se uma rutura com as fases anteriores. A função da GRH era designada de Direção de Pessoal, a atenção dada aos funcionários, como pessoas foi enfatizada, através de uma maior gestão dos recursos a nível do emprego, remuneração, formação, higiene, segurança e regulamentos, permitindo uma maior motivação para o aumento da produtividade. Os próprios gestores passam a possuir instrumentos e consultadoria especializados. A última fase, dos finais dos anos 80 até aos dias de hoje, valoriza a pessoa como um recurso decisivo da competitividade e não como um custo. A designação mais comum é de Direção de Recursos Humanos (RH). Pode-se verificar que independentemente do autor ser mais ou menos contemporâneo, a evolução da função de GRH e do seu conceito é a mesma. As datas e as fases desta evolução podem não ser as mesmas, no entanto, sabe-se que se passa de uma visão do indivíduo como máquina para a visão do indivíduo como capital humano. De um custo, passa-se a um investimento. Com o tempo o ser humano passa a ser visto como um ser com capacidades de inovação, que faz aumentar a produtividade e a competitividade da empresa, e que estando motivado permite a obtenção dos objetivos organizacionais. Também em Portugal, o aumento da competitividade influenciou a evolução concetual da GRH e as suas práticas. Assim como em outros países, também no nosso país a GRH teve inicialmente o foco nas práticas administrativo-jurídicas. No entanto, tem-se verificado de forma progressiva a evolução da visão dos RH como fator estratégico (Caetano & Vala, 2007). Apesar de existir pouca informação e documentação quanto à evolução Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 37 da GRH em Portugal, existe uma Associação Portuguesa de Gestores e Técnicos de Recursos Humanos (APG), fundada em 1964 com a designação de Associação Portuguesa de Gestores e Chefes de Pessoal (APDCP). Através desta associação profissional de direito privado, de caráter cultural e científico, sem fins lucrativos, podemos perceber a evolução histórica da GRH em Portugal. Esta Associação é reconhecida pelo Governo como uma Pessoa Coletiva de Utilidade Pública e desde a sua criação realiza encontros nacionais, debates e palestras, o teor das mesmas permitem-nos ver a evolução desta temática em Portugal (APG, 2012). De seguida são referidas algumas datas marcantes na vida desta Associação. 1964: a APG é fundada em Outubro por 19 pessoas, sob a designação de Associação Portuguesa dos Directores e Chefes de Pessoal (APDCP). O seu primeiro presidente é Raúl Caldeira, à data Director de Pessoal da CUF. 1965: em Julho é admitida como membro de pleno direito da European Association for Personnel Management(EAPM), uma federação de associações de Recursos Humanos europeias criada um ano antes pelas associações de França, Alemanha, Suécia, Suiça e do Reino Unido. 1967: em Março realiza o seu 1º Encontro Nacional, no Hotel Praia Mar em Carcavelos, sob o lema “As Perspetivas da Direcção de Pessoal”, evento que desde então realiza todos os anos (com a única exceção do ano de 1973). 1968: é criado o Grupo Regional Norte da APG, com sede na cidade do Porto O seu primeiro presidente é Nuno Argel de Melo, Director de Pessoal da então Molaflex. 1969: dá-se início à publicação de um pequeno boletim datilografado “Comunicação/Informação” que em 1975 se transforma na revista “Pessoal”, hoje uma revista com mais de 70 páginas, integralmente a cores. http://www.eapm.org/ http://www.eapm.org/ http://www.apg.pt/index.php?id=177 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 38 1973: em Junho a APG organiza na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o 6º Congresso Europeu de Recursos Humanos que reúne cerca de 1.000 participantes oriundos de 22 países, fato que lhe deu um enorme prestígio internacional. Era então presidente da direcção Amadeu Castilho Soares. 1976: em Junho a associação altera o nome para a sua designação atual com o acrónimo APGTRH. No mesmo ano adere à World Federation of Personnel Management Associations (WFPMA). 1978: é criado o Grupo Regional Centro/Sul da APG. O seu primeiro presidente é João Perestrello de Vasconcelos. 1990: a Associação Portuguesa dos Gestores e Técnicos dos Recursos Humanos torna-se na APG, nome por que hoje é conhecida. 1992: é criado o Núcleo de Formadores da APG com Paulo da Trindade Ferreira como seu primeiro presidente. A 1ª Conferência Nacional de Formadores realizar-se-ia em 1995. 1994: dá-se início à publicação da newsletter “Pessoalmente”, um boletim interno dirigido apenas aos sócios. 1997: em Junho a APG organiza em Lisboa um dos maiores congressos europeus de recursos humanos de sempre com cerca de 1.200 participantes. Pedro Mendes é o presidente da direcção. No ano seguinte organiza o Congresso Iberoamericano de Formação e Desenvolvimento da FIACYD. 2000: em Janeiro é reconhecida como Pessoa Colectiva de Utilidade Pública por despacho do então Primeiro Ministro António Guterres. No mesmo ano passa a integrar a Rede de Centros de Recursos em Conhecimento (RCRC’S). A Sede Nacional muda da avenida do Brasil para as suas actuais instalações, na avenida António Augusto de Aguiar. 2003: em Maio organiza outro grande evento internacional - o Congresso http://www.wfpma.com/ http://www.wfpma.com/ http://www.crcvirtual.org/index.php/principal Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 39 Mundial de Recursos Humanos e Formação da IFTDO. Mais de 750 participantes reúnem-se em Lisboa oriundos de todo o mundo. Em colaboração com a Câmara Municipal de Oeiras, inicia a “Carta de Competências Profissionais do Concelho de Oeiras”, um instrumento de gestão autárquica da maior importância que revela o conhecimento do Capital Humano desse concelho. A APG integra o Observatório Nacional de Recursos Humanos juntamente com a APQ, a QMetrics e a Qual. 2004: comemora 40 anos de vida e para tal realiza várias ações nomeadamente a publicação de um livro alusivo à data. 2005: é criado o Núcleo de Jovens Gestores de Recursos Humanos. 2006: no sentido de valorizar a importância do papel do gestor do capital humano nas organizações e prestigiar o exercício da sua função, são lançados os “Prémios APG Recursos Humanos”. 2007: é criado um “Código de Ética na Gestão das Pessoas”. 2009: os estatutos são profundamente alterados. 2010: pela 1ª vez na sua história, elege uma mulher como Presidente da Direção Nacional. Caetano & Vala (2007), referem esta Associação. Os temas dos encontros nacionais organizados por esta Associação mostram a evolução da GRH em Portugal. 1967 - As perspetivas da Direção de Pessoal; 1968 - A formação do homem de pessoal; 1969 - Desenvolvimento do Pessoal; 1970 - Participação na empresa; 1971 - A função “Pessoal”; 1972 - Cultura e mudança cultural; 1974 -Reflexos sobre as lutas de classes e a Gestão dePessoal nas empresas; 1975 - As relações de trabalho numa sociedade em transição para o socialismo; 1976 - Problemas e tendências: conflitos sociais de trabalho em Portugal/76 e os http://www.iftdo.net/ http://www.onrh.org/ http://www.onrh.org/ http://www.apg.pt/index.php?id=123 http://www.apg.pt/downloads/file22_pt.pdf http://www.apg.pt/downloads/file26_pt.pdf Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 40 gestores no mundo do trabalho; 1977 - A responsabilidade social das empresas: objetivos sociais versus económicos; 1979 - A Gestão de Recursos Humanos na empresa em transformação; 1980 - A Gestão de Recursos Humanos e o desafio da integração europeia; 1981 - A Gestão De Recursos Humanos: tendências e condicionantes; 1982 - As novas perspetivas na Gestão dos Recursos Humanos; 1983 - A política de quadros na empresa e no país; 1985 - Integração Europeia, mudança da empresa e Gestão de Recursos Humanos; 1986 - Desenvolver homens, modernizar organizações, dinamizar a sociedade; 1987 - Reinventar a empresa, transformar o trabalho, satisfazer o homem; 1988 - Mercado único europeu/desafio à gestão do pessoal; 1989- A gestão de pessoal e o desenvolvimento mundial; 1990 - Horizonte 2000: emprego e formação; 1991 - Gestão dos homens e homens da gestão; 1992 - Recursos humanos, educação e desenvolvimento empresarial; 1993 - Da gestão de pessoal à gestão de pessoas; 1994 - A Gestão dos Recursos Humanos na viragem do século; 1995 - As pessoas: chave da revitalização das empresas; 1996 - Gerir pessoas e competências: uma questão estratégica; 1997 - Homens, valores e tecnologias; 1998 - Gerir pessoas: arte, ciência ou utopia?; 1999 - O trabalho em mutação: pessoas e organizações Segundo os mesmos autores (Caetano & Vala, 2007), existem três períodos de tempo com tendências distintas que refletem a evolução da designação da função de GRH em Portugal. Um primeiro período iniciado com ao primeiros encontros acima referidos até à década de 70, em que a designação de GRH era de Gestão de Pessoal, onde os temas centrais eram a função, a influência politico-social, visto esta fase ter sido influenciada pela Revolução de Abril (temas como: luta de classes, transição para o socialismo e conflitos sociais). Até à Revolução não existiam cursos de psicologia e sociologia em escolas públicas, só foram permitidos após Abril de 74. A formação superior nesta área era escassa e só existia no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Cunha et al (2012) refere que entre 1974 e 1980 criaram-se comissões de trabalhadores nas empresas, os sindicatos tinham agora um papel importante na resolução dos conflitos nas relações de trabalho, Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 41 afastando os donos e gestores das grandes empresas. As negociações eram coletivas, e os postos de gestão atribuídos com base em critérios políticos. A produtividade e rentabilidade eram baixas, a legislação proibia despedimentos e não existiam incentivos monetários à motivação, nem promoções. Os direitos sociais tinham agora uma atenção especial. Na década de 80, no segundo período é dada mais ênfase à problemática internacional, a expressão de GRH era usada para designar o “tratamento de assuntos de pessoal nas organizações, e por refletir nos temas, as ideias de modernização e da competitividade (transformação, desafio da fonte de preocupação em virtude da nova realidade que representava o Mercado Único Europeu e também, por questionar a exclusividade da função económica da empresa por oposição à nova função social” (Caetano & Vala, 2007). No final dos anos 80 inicia-se o terceiro período, utiliza-se tanto as designação de GRH e GP para referir os assuntos de pessoal. Com a aproximação do ano 2000, com “o aumento da pressão da competitividade e da globalização, os temas refletem as preocupações em desenvolver competências e formar o potencial humano, bem como a influência das preocupações sociais do momento: o desemprego e a formação profissional” (Caetano & Vala, 2007). Atualmente em Portugal é notória a evolução no sentido de uma maior componente estratégica da função de Gestão de Recursos Humanos. Existe uma utilização maioritária de sistemas de incentivos monetários relativos ao desempenho individual e organizacional, uma comunicação mais frequente com os empregados de forma individualizada e direta, com menor interferência dos sindicatos. As empresas investem mais em ações de formação e desenvolvimento de competências. Em Portugal, a função da GRH tem passado de uma função reactiva e administrativa/burocrática para um papel mais ativo na estratégia da organização. Os colaboradores passaram de empregados obedientes a ativos. Apesar desta evolução e aproximação com à visão anglo-saxónica da GRH, Portugal tem algumas práticas que não são tão contundentes com esta Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 42 visão. Por vezes a base do recrutamento é o conhecimento pessoal (cunha). A técnica de seleção é comumente a entrevista pessoal. A promoção do empenho é mais personalizada do que organizacional principalmente nas chefias, podendo por vezes cair-se na recompensa das fidelidades pessoais e favoritismo em detrimento do mérito. As dimensões do modelo de GRH A GRH tem uma diversidade de modelos, descritivos, prescritivos e analíticos, é um conjunto de conhecimentos e uma atividade, estruturando-se cada um em estreita interdependência. Enquanto saber, é algo heterogéneo que visa atingir resultados, influenciando os comportamentos e atitudes das pessoas mediante um sistema de gestão (Caetano & Vala, 2007). Existem dimensões frequentemente referidas: recrutamento e a seleção, a formação, a remuneração, as relações sociais, a higiene e segurança, a análise e descrição de funções, a avaliação do desempenho, a comunicação e a integração, a gestão de carreiras, o planeamento de efectivos, o balanço social, a gestão administrativa e jurídica, etc., dimensões estas estruturadas na base de escolas de pensamento, as quais fornecem os alicerces de natureza teórica, para se enquadrar o conjunto de representações e de dimensões da GRH. A “Society for Human Resource Management” e o “Human Resource Certification Institute” depois de uma avaliação curricular dos conhecimentos relacionados com a GRH, definiram o conteúdo necessário em termos de aquisição, com vista à obtenção de dois níveis de certificação profissional: o nível profissional e o nível do profissional sénior. O conteúdo foi dividido em seis dimensões que integram conteúdos de natureza estratégica e operacional, que variam em termos de importância que pode ser verificada pela percentagem atribuída a cada um (Caetano & Vala, 2007). A Gestão de Recursos Humanos passou de uma lógica exclusivamente quantitativa para uma lógica também qualitativa, onde a flexibilidade ligada à organização do trabalho e a competência individual ligada à formação e à Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 43 evolução profissional ganham importância. Assim, a estratégia de negócio e a cultura organizacional assumem uma papel muito importante na definição das principais atividades da GRH, sua amplitude e grau de intervenção (Caetano & Vala, 2007). Dimensões e subdimensões Importância em % para o profissional de Rh Importância em % para o profissional sénior RH Práticas de GRH O papel dos RH Planificação dos RH Estrutura e desenv. OrganizacionalOrçamentação: controlo e avaliação Motivação Liderança Qualidade e desempenho Implicação e envolvimento Investigação e auditoria Gestão internacional de RH Ética 22 3,1 2,1 1,3 1,7 1,8 2,2 2,4 2,4 1,2 1,4 1,8 29 4,0 3,2 1,8 2,1 2,3 2,8 2,8 2,8 1,7 2,2 2,1 Recrutamento e selecção Aspetos legais do emprego Igualdade de oportunidades Recrutamento Seleção Gestão de carreiras 20 6,1 2,6 3,1 6,5 1,7 15 4,4 2,1 2,3 4,7 1,5 Formação e desenvolvimento Aspetos legais da formação Estratégia de formação Diagnóstico de necessidades Gestão de programas de formação Avaliação da eficácia 12 2,0 1,7 1,0 5,1 2,2 12 1,9 2,0 1,0 4,9 2,2 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 44 Remuneração e benefícios Aspetos legais Contabilidade e fisco Estudo económico das remunerações Política salarial Política de benefícios Análise e descrição de funções Avaliação de desempenho Processamento de remunerações Gestão económica do absentismo Gestão do programa de benefícios Avaliação da eficácia das remunerações 21 4,1 0,5 1,0 1,6 2,0 1,6 1,8 1,7 2,6 2,9 1,2 18 3,0 0,5 1,0 1,5 1,7 1,1 1,5 1,3 2,9 3,1 1,4 Relações laborais Aspetos legais Estatuto sindical na organização Interferência da organização no sindicato Actuação e disciplina sindical Negociação colectiva Gestão das relações sindicais Relações laborais do sector público Controle administ. do absentismo Direitos e garantias individuais Métodos de avaliação de desempenho Estudos de satisfação 18 2,6 1,4 1,5 1,4 2,3 1,0 1,0 1,6 1,0 3,1 1,1 19 2,5 1,5 1,6 1,6 2,9 1,2 1,0 1,4 1,1 3,1 1,1 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 45 Saúde, higiene e segurança Aspectos legais Saúde Higiene Segurança 7,0 1,4 2,7 1,8 1,1 7,0 1,3 2,6 1,7 1,4 Quadro 4 – Dimensões e sub-dimensões da GRH e sua importância para o Profissional de RH (Caetano & Vala, 2007) Apesar de admitirem que a GRH está integrada num sistema muito vasto, Caetano & Vala (2007), referem cinco dimensões, a Estratégia de GRH, Gestão de emprego, o Recrutamento e Seleção, Formação e Desenvolvimento e a Manutenção de RH. A competição mundial está a obrigar a relativizar muitas das diferenças nacionais em termos de GRH, apesar destas serem visíveis em termos da intervenção dos sistemas institucionais: estado, banca, sistema educativo, atividade sindical, etc. A GRH consiste cada vez mais no aproveitamento estratégico do talento humano, aos vários níveis da organização, para criar e sustentar vantagens competitivas. A função de GRH assume a responsabilidade de criar parcerias estratégicas entre a organização e os seus membros, tem como papel mais recente a criação de capital humano, nas suas diversas vertentes, capital intelectual, emocional, social e psicológico. No início do século XXI, gerir pessoas ainda consistia no processamento de salários, o cumprimento das leis laborais e na oferta de cuidados primários, no entanto, já se sente a introdução de estratégias organizacionais baseadas nas pessoas. O Recrutamento já é realizado de forma que as pessoas possam criar valor (reduzindo custos), ser raros e sem hipótese de se tornarem concorrentes (mais nenhuma empresa dispõem deste tipo de RH), inimitáveis pela concorrência, insubstituíveis por equivalentes (com características peculiares) e se se conseguem integrar nas políticas e práticas da organização. Atendendo às dimensões da GRH, podemos identificar dois pontos importantes para o presente trabalho, a motivação como prática da GRH e a Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 46 remuneração e benefícios, onde se enquadram os Incentivos Monetários e Não Monetários. Os conceitos de motivação e a compensação/remuneração estão intimamente ligados. Segundo Cunha et al (2012), a função da Gestão de Recursos Humanos tem a responsabilidade e privilégio de se preocupar com o bem estar humano e deve compreender que existem três relações positivas importantes entre: Satisfação e desempenho Desempenho social da empresa e desempenho financeiro Características organizacionais autentizóticas (de confiança, autênticas e vitais para as pessoas) e desempenho financeiro Este trabalho tem como objetivo estudar os Incentivos Não Monetários, e o seu efeito na satisfação ou não dos colaboradores e na sua motivação para o trabalho e produção. Olhando para o modelo da “Society for Human Resource Management” e o “Human Resource Certification Institute”, vemos a motivação como uma subdimensão da Prática de GRH, a política de benefícios, processamento de remunerações, gestão económica do absentismo, gestão do programa de benefícios, avaliação da eficácia das remunerações como subdimensões da Remuneração e os estudos de satisfação na dimensão Relações Laborais (Caetano & Vala, 2007). 1.2.Motivação no Trabalho “Não é impossível gerir bem as pessoas e ganhar dinheiro acima da média. (…) Afortunadamente, existe já um elevado número de estudos empíricos que demonstram com fiabilidade que os investimentos tendentes a melhorar a gestão das pessoas nas organizações podem gerar retornos financeiros tangíveis.” (Cabrera e Bonache cit Cunha et al 2012) “A motivação é uma das grandes forças impulsionadoras do comportamento humano, sendo a grande responsável pelos níveis de desempenho pessoal e profissional obtidos pelos trabalhadores de uma organização” Gonçalves (2004). Como verificámos nos capítulos anteriores, o capital humano é uma mais valia para as empresas. Do trabalho dos seus colaboradores depende a Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 47 produtividade e o sucesso organizacionais. “O sucesso da organização é o sucesso dos seus membros” (Silva, 2009). Para que os colaboradores atinjam os objetivos da empresa são necessárias estratégias para aumentar tanto o seu nível de produção como o seu empenho. Robbins (2008) refere que o desempenho depende de três fatores contextuais, os recursos adequados, uma liderança eficaz e um bom sistema de avaliação/de recompensas. Alguns autores acreditam que tanto a satisfação como a motivação influenciam a produção dos colaboradores. Segundo Gonçalves (2004), “a produtividade não decorre apenas da qualidade técnica e da eficiência dos processos de trabalho, mas também da atitude dos atores sociais em relação às tarefas que lhe são solicitadas”. As organizações começam agora a atribuir maior importância ao clima social no local de trabalho, ao nível de satisfação dos colaboradores e aos fatores que contribuem para a mesma. Segundo Robbins (2008) e Gonçalves (2004) para que os objetivos de uma organização sejam alcançados os colaboradores precisam de estar satisfeitos com o seu trabalho e motivados, para que se identifiquem com propósitos da organização, com tendência a uma maior produção. E em geral, “são as pessoas mais qualificadas que poderão sair com mais rapidez, o que faz com que a arte da motivação se torne mais importante do que nunca” (Bourne & Bourne, 2010). Partindo do princípio de que esta premissa seja verdadeira temos de analisar, o que realmente motiva as pessoas, e o que as empresaspodem fazer para criar um impacto motivacional nos seus colaboradores. A motivação conduz a um elevado desempenho, é um factor impulsionador para o sucesso tanto individual, como de uma equipa ou empresa. São vários os fatores que influenciam o desempenho de um colaborador, este necessita de aptidão, a combinação de talento inato, formação e experiência e necessita de oportunidade, que lhe forneçam ferramentas e recursos apropriados para realizar o seu trabalho. No entanto estes dois fatores por si só não são garantia que o indivíduo produza. Este tem de estar motivado para produzir, seja esta motivação intrínseca ou extrínseca. Motivação é mais do que entusiasmo é principalmente orientar o esforço. Ou seja, o desempenho de um gestor depende do esforço dos seus funcionários, Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 48 por isso, necessita de entender os princípios da motivação para criar um ambiente na sua empresa que conduza à produção. O primeiro facto a ter em atenção é que cada pessoa tem as suas caraterísticas, necessidades, o que faz com que os fatores pelas quais são motivadas sejam variados tornando este processo motivacional um processo complexo. Podemos então verificar que “Não existe nenhuma fórmula mágica” (Röhrich, 2012; Robbins, 2008). Röhrich (2012) defende que “a motivação é sempre automotivação”, que as empresas necessitam de criar mecanismos e contextos para que os seus colaboradores se consigam automotivar. Esta afirmação não vai contra as definições na literatura apenas elucidam que na motivação interna, a motivação é intrínseca, vem do próprio indivíduo; e que na motivação extrínseca a origem advém de fatores externos ao indivíduo, para que o próprio se possa motivar. Ou seja, por mais que se coloquem estímulos para motivar o colaborador se este não se automotivar, os contextos criados por fatores externos, nomeadamente as intervenções da empresa podem não surtir efeito. A motivação é considerada por algumas teorias um item multifactorial do comportamento humano, resultante de intenções variadas, derivadas de fatores pessoais e socio ambientais. Pode ser influenciada por estímulos e perceções intrínsecos ou extrínsecos, os quais irão orientar as tomadas de decisão dirigidas para a satisfação das necessidades ou desejos individuais (Martins, M., 2000). Isto leva-nos a outra realidade “a motivação tem limite” Röhrich (2012), a motivação é limitada pela decisão do colaborador, ele decide a dimensão do impato da motivação extrínseca. Segundo o mesmo autor, a motivação não é só realizada através do incentivo monetário. Este ponto é fundamental para este trabalho, pois numa época em que a economia nacional passa grandes dificuldades, as empresas estão muito limitadas, com grandes cortes orçamentais o que as leva a ter de motivar os seus colaboradores através de outro tipo de incentivos, com menos custos. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 49 Um dos grandes problemas da motivação prende-se com o facto de cada pessoa ser diferente e como tal é motivada de forma diferente, o elemento da motivação pode ser o mesmo no entanto atuam com graus diferentes de intensidade (Röhrich, 2012; Robbins 2008). A motivação pode ser influenciada pelo contexto, em situações diferentes o mesmo estímulo pode não obter o mesmo resultado. A motivação deve ser contínua, não deve ser um ato isolado, senão os resultados só são momentâneos, a aplicação do mesmo estímulo não irá ter sempre o mesmo impacto, nem a mesma intensidade. Não se pode partir do pressuposto que os colaboradores estarão a trabalhar sempre no seu expoente máximo, nem que estes estarão sempre automotivados por isso é necessária a criação de estratégias de gestão, o que torna a importância de um gestor de recursos humanos crucial no desenvolvimento de uma empresa. As teorias mais conhecidas da motivação são as de Maslow e de Herzberg no entanto Röhrich propõe que a motivação tem onze elementos/fatores divididos em três tipos. Os elementos base que criam a infra-estrutura e visam não desmotivar os colaboradores. Alguns dos elementos são os que Herzberg define como fatores de higiene Os elementos de estrutura são aplicados às funções e às tarefas dos colaboradores com o intuito de os motivar Os elementos de apoio são elementos adicionais que podem fazer variar a motivação ao longo do tempo para níveis mais altos. Um dos elementos base é o significado, o fator com maior impacto na motivação. As pessoas necessitam de saber o propósito das suas ações, necessitam saber qual a missão, identidade, visão e valores da empresa. O colaborador necessita de se identificar com a missão e os valores da empresa, a visão deve ser partilhada. A identificação organizacional permite ao colaborador ter uma sensação Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 50 de significado, de pertença e de controlo no trabalho (Silva 2009). Os profissionais que têm uma identificação elevada com a organização normalmente consideram que os comportamentos que beneficiam a organização também os beneficiam (a eles próprios). A identidade organizacional é tanto mais atrativa quanto mais satisfaz os princípios de continuidade, distintividade e prosperidade, Quanto maior a atratividade da identidade organizacional maior a força da identificação do indivíduo com a organização. O vínculo organizacional conduz a um sentimento de pertença e identificação mais forte, promovendo comportamentos de foco e ligação ao cliente mais efetivos (Silva, 2009). A visão de uma organização mostra as expectativas, ambições e motivações da empresa e a missão pode ser considerada a forma de alcançar esta visão. As organizações devem ter um propósito central constante para alcançar o sucesso (Silva, 2009). Um colaborador necessita de saber qual o propósito de existência da organização, que a estratégia ou lógica comercial, as políticas e padrões de comportamento que orientam a organização (Silva, 2009). “A missão deve procurar obter o comportamento de toda a organização na sua prossecução, devendo para isso ser formulada no sentido de proporcionar a motivação de todos os colaboradores da organização” (Silva, 2009). Os colaboradores necessitam de se sentir envolvidos de forma ativa, para isso é necessária uma comunicação contínua, com definição clara de objetivos (Röhrich 2012 e Bourne & Bourne, 2009). O envolvimento organizacional pode ser definido como uma atitude individual para com a organização que consiste numa forte crença e aceitação dos objetivos e valores da organização, disposição para exercer um esforço em nome da organização e um forte desejo de se manter membro da organização (Silva, 2009). “Uma organização é constituída por pessoas, que através de uma estrutura hierárquica, desenvolvem relações de cooperação e coordenação de tarefas para o alcance de objetivos comuns” (Silva, 2009). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 51 Num ambiente organizacional em que impera o respeito, as pessoas sentem necessidade de realizar trabalho com significado (Cunha et al, 2012). Os objetivos de uma empresa devem ser específicos, ambiciosos mas realistas e de acordo com a visão, identidade e valores da empresa. As organizações virtuosas têm missão e objetivos bem definidos e compreendidos pelos seus membros e por isso possuem uma identidade forte e distinta, os seus colaboradores normalmente demonstramum nível de esforço elevado e um nível excelente de diligência e perseverança no desempenho dos seus trabalhos. Os membros que se identificam com a organização desenvolvem esforços, comportamentos que beneficiam a organização, fomentando um bom clima interno. Outro dos elementos é a estabilidade, esta pode ser dividida em três partes financeira, organizacional e mental/fisiológica. O dinheiro é importante na motivação pois assegura a satisfação das necessidades básicas, das quais são exemplo a alimentação, a habitação, vestuário, a educação, saúde e deslocação. Para além da recompensa monetária existem outro tipo de regalias que permitem uma certa estabilidade como por exemplo os seguros de saúde, formações internas ou externas, subsídios relacionados com a educação dos progenitores, viatura da empresa ou subsídio de deslocação, telemóvel ou computador da empresa, subsídio de alimentação, desconto ou oferta da frequência de ginásio, entre outros (ponto desenvolvido mais à frente neste trabalho). Para além da estabilidade financeira existe a estabilidade organizacional, quando os colaboradores têm o seu posto de trabalho assegurado, existe uma relação de confiança. Os colaboradores que gostam de ter estabilidade na organização sentem necessidade de saber qual o rumo que a empresa está a seguir, isto implica uma comunicação ativa com a direção. Ainda relativamente à estabilidade organizacional verifica-se uma relação positiva com a consistência nos sistemas e procedimentos da organização. Confiança gera confiança e um colaborador se sentir que o seu superior confia nele, este sentimento será recíproco o que origina estabilidade. A motivação de um colaborador também depende da relação que este tem com o seu superior, assim como, a forma como o percepciona. O gestor Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 52 deve ser aberto, manter os colaboradores informados, ser claro quanto às suas tomadas de decisão, deve explicar a racionalidade das suas decisões e nunca esconder informação. Os colaboradores gostam de um gestor justo, que seja objetivo e imparcial nas avaliações e que tenha atenção às perceções de equidade nas distribuições dos lucros (Robbins, 2008). As pessoas gostam de gestores íntegros, que falem a verdade, preferindo ouvir o que não querem, a descobrir que o chefe lhes mentiu. Um gestor deve orientar as suas ações segundo os seus valores e crenças, sendo assim previsíveis, consistentes e de confiança (Robbins,2008). Silva (2009) refere que o sentido de justiça e empowerment estão relacionados com a perceção (dos profissionais) de suporte, participação e equidade. Um suporte organizacional positivo é a crença de que a organização valoriza as contribuições dos profissionais e que se preocupa acerca do seu bem-estar. A perceção de um tratamento justo pode ser positivamente associado ao envolvimento afetivo dos profissionais. Um gestor deve cumprir com a sua palavra, com as suas promessas, para que os colaboradores possam acreditar e confiar. Assim como, os colaboradores devem sentir que podem confiar no seu gestor, que este pode ser seu confidente (Hunsaker & Hunsaker, 2009 e Robbins, 2008). Silva (2009) refere que os profissionais aparentam estar mais motivados quando acreditam no seu trabalho e se confiam na organização para a qual trabalham. A estabilidade mental/fisiológica relaciona-se com a flexibilidade nos horários. O balanço entre a vida profissional e a vida familiar/privada é extremamente importante e apreciada pelos colaboradores, a conversão de horas extraordinárias em dias de férias e a possibilidade de licença sabática são dois dos exemplos que ilustram este tipo de estabilidade. Ainda relacionado com este item, temos a preocupação com a família dos colaboradores e a preocupação com a saúde dos funcionários. A “saúde é o ponto mais importante de todas as motivações” (Röhrich, 2012), e as empresas começam a investir em iniciativas de bem-estar, promovendo um estilo de vida Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 53 saudável, de que são exemplo os workshops de bem-estar e aulas de ginástica laboral. O Reconhecimento é outro dos elementos base que inclui o reconhecimento financeiro e não financeiro. “O sistema de incentivos pode ser um mix entre fatores fixos e fatores variáveis” (Röhrich, 2012), estes dependem dos setores de atividade, funções, posição e responsabilidade que o colaborador tem na empresa. Normalmente quanto maior a responsabilidade maior a componente variável. A atribuição dos incentivos depende do nível do colaborador (a sua função, competências e conhecimentos), nível da equipa (resultados por equipa, incentiva-se o trabalho em equipa e a interajuda) e nível de empresa (associado ao resultado da empresa). Por vezes não conta tanto o montante do prémio mas sim a forma ou o momento do reconhecimento, a atribuição de um Prémio de Desempenho numa celebração da empresa tem um efeito maior no colaborador do que o valor do próprio prémio. Uma das questões colocadas no reconhecimento financeiro é qual o impacto que este tem nas expectativas. Por vezes o bónus passa a ser um dado adquirido o que retira ou minimiza o valor deste. Este facto é explicado pela Teoria das Expectativas de Vroom em que a motivação depende da expectativa, instrumentalidade e valência. (Röhrich 2012 e Bourne & Bourne, 2010) A Expectativa é influenciada pela autoestima, as capacidades do colaborador, as experiências do passado e fatores relacionados com o próprio objetivo. A Instrumentalidade é definida pela expetativa que o colaborador tem sobre a recompensa. A Valência é definida pela importância que a recompensa tem para o colaborador. Isto revela que a influência do reconhecimento financeiro depende altamente da situação. Ainda em relação às expectativas, um gestor deve esperar altos desempenhos dos seus colaboradores, no entanto, expectativas exageradas podem ser intimidatórias e desmoralizadoras, originando frustração e fracasso (Robbins, 2008). O dinheiro não é a chave da motivação, nem a recompensa a de um bom desempenho, pode ser estimulante, mas os efeitos são de curta duração. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 54 O simples reconhecimento é muito importante (Bourne & Bourne, 2010). Uma das formas de reconhecimento não financeiro é o elogio. Algumas empresas já vivenciam essa cultura. O elogiar deve ser contínuo (Röhrich 2012 e Bourne & Bourne, 2010). Como os colaboradores são diferentes, alguns não precisam deste feedback, mas para outros é extremamente necessário. Mais uma vez isto sucede porque as pessoas são diferentes. Os elogios não devem ser sempre públicos, mas também realizados em privado, alguns colaboradores não se sentem confortáveis com a exposição em público, por serem mais reservados. O elogio não deve ser abstrato, deve ser o mais específico possível. O elogio só deve ser dado se for sincero, e nunca deve ser dado da mesma forma pois o colaborador deixa de o apreciar. O elogio perde o impacto se for com o intuito de criticar, ou de atribuir mais trabalho. Cada vez mais as empresas criam ferramentas estandardizadas de reconhecimento. A atribuição de reconhecimento pode e deve ter lugar num evento da empresa ou reunião, assim como, pode ser atribuído num momento surpresa. Este reconhecimento deve ser visível, na medida em que todas as pessoas pertencentes à empresa devem ter conhecimento. O reconhecimento pode ser através de uma viagem gratuita, tendo como objetivo conhecer o que de melhor existenos outros países. Os colaboradores devem ser incentivados a realizar tarefas/jogos que incluam o reconhecimento uns aos outros. O último dos elementos base da motivação é a justiça. “os colaboradores gostam de sentir que são tratados de forma justa” (Röhrich, 2012), tanto no geral como comparativamente aos colegas. Os colaboradores sentem mais desequilíbrios relativamente ao salário-base, aumento, bónus, promoções e o tratamento no dia-a-dia. “O tratamento justo tem um efeito positivo sobre a motivação. Os colaboradores têm tendência a sentir-se motivados quando consideram que estão a ser recompensados de forma justa pela sua contribuição.”(Robbins, 2008). A perceção do trabalho é algo subjetivo, assim como as recompensas, reputação ou reconhecimento. Adams com a Teoria da Equidade realiza uma Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 55 comparação social que refere que a razão entre as recompensas e as contribuições de um colaborador devem ser iguais à razão entre as recompensas de um outro colaborador e as suas contribuições. Podemos entender contribuições, como o tempo dedicado pelo colaborador à organização, o seu esforço, as suas capacidades, a sua atitude e os seus conhecimentos; e as recompensas como a remuneração, regalias, estabilidade no emprego, reconhecimento ou status (ponto desenvolvido mais à frente). Quanto maior o desequilíbrio, maior a desmotivação. No entanto a perceção de que um colaborador trabalhar mais do que outro é subjetiva, assim como as recompensas, dependem muito do que elas representam para cada colaborador, da importância que elas têm para os mesmos. Para não causar desmotivação as chefias devem tentar antecipar-se, verificar se existem situações que possam sugerir diferenças entre os colaboradores, a chefia deve comunicar com os colaboradores, esclarecer rumores e ser transparente nos critérios de avaliação. Relativamente a desigualdades, existe uma tendência para tolerar mais um pagamento excessivo do que um pagamento abaixo do esperado. Por vezes, os colaboradores que sentem que estão a ser mal pagos, para “restabelecer a justiça” tendem a fazer reajustamentos comportamentais e percetuais. Relativamente aos elementos da estrutura temos a ambição, autonomia e a curiosidade, os profissionais devem ser motivados, competentes e inovadores nos seus pensamentos (Silva, 2009). As pessoas desejam maior autonomia no trabalho (Cunha et al, 2012). Neste contexto, autonomia significa ter o poder de decisão, tomar decisões por si, e pode ter diferentes formas: autonomia do conteúdo, da abordagem, do tempo e do lugar. A alguns colaboradores é-lhes permitido dedicar parte do seu tempo para desenvolver novas ideias, podendo escolher portanto o conteúdo. Algumas empresas permitem aos colaboradores trabalharem da forma como bem entendem (abordagem), desde que estes mostrem resultados. Esta liberdade é semelhante á abordagem do tempo, o colaborador tem parte do tempo do seu horário de trabalho para debater assuntos por ele selecionados, deste modo o administrador tenta mostrar que ele (administrador) não é tão Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 56 importante (essencial) e tenta passar-lhes alguma responsabilidade. Alguns trabalhadores têm a possibilidade de realizar o trabalho no local de trabalho ou em casa, mais uma vez desde que mostrem resultados. Para atribuir alguma autonomia aos colaboradores deve ter-se em atenção alguns aspectos importantes: Devem-se escolher as pessoas certas, pois alguns indivíduos não gostam de responsabilidade, os colaboradores selecionados devem ser aqueles que mostram gostar de trabalhar de forma independente, que tomam por vezes decisões de forma autónoma e se mostram motivados pelo fator independência. O administrador deve definir claramente as responsabilidades, delegar autoridade para os projetos; estas responsabilidades atribuídas não devem interferir com outro tipo de responsabilidades, seja do colaborador, seja do administrador; deve dar toda a informação disponível ao colaborador; os objetivos do projecto devem ser claros, realistas, mensuráveis e com prazo definido; deve dar autonomia quanto à forma de trabalho. Deve apoiar os colaboradores e desenvolver a autonomia naqueles que parecem não querer tanta autonomia, e por isso mesmo a autonomia deve ser dada por fases, aumentando de forma crescente o grau de responsabilidade do colaborador; principalmente neste tipo de colaboradores, o administrador deve demonstrar disponibilidade para o apoiar; deve organizar formação por forma a dotar o colaborador de conhecimento específico, para que este se sinta mais confiante no seu trabalho; o desafio pode ser positivo para desenvolver a confiança no colaborador começando inicialmente por desafios pontuais (Röhrich, 2012). O gestor/administrador pode inicialmente ter certos comportamentos de controlo que deve eliminar, dar autonomia implica ser tolerante, se o gestor mostrar desconfiar da qualidade do trabalho do colaborador este não desenvolverá a confiança necessária ao trabalho autónomo. Outro ponto Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 57 fundamental é após atribuir esta responsabilidade (esta autonomia), não se a deve retirar. Outro dos elementos da estrutura referido anteriormente é a curiosidade, o colaborador curioso normalmente apresenta ser uma pessoa motivada, que procura novas informações, técnicas e/ou capacidades. Atualmente existe uma grande necessidade de as empresas inovarem permanentemente (Cunha et al, 2012). Colaboradores curiosos normalmente mostram-se abertos à aprendizagem dentro e fora do trabalho, questionam mais os colegas de trabalho e procuram conhecimento em diferentes áreas (procuram a versatilidade). Para existir um crescimento intelectual nos colaboradores é importante ter um ambiente propício, o facto de contratar colaboradores ávidos de informação e conhecimento poderá permitir uma boa base para este crescimento intelectual (Röhrich, 2012 e Cunha et al, 2012). Devem criar-se projetos desafiadores que podem ser uma fonte de crescimento. Podem-se enviar estímulos intelectuais aos colaboradores e deve-se estimular a troca de ideias (Rohrich 2012, Bourne, 2009). “É hoje universalmente aceite que, quanto mais eficazmente uma organização gere os seus recursos humanos, maior é a probabilidade de se tornar bem sucedida. Este resultado passa não só pela qualidade das condições de trabalho que se proporcionam às pessoas que dela fazem parte, como também pelo ambiente propício à criatividade”(GalpEnergia cit Cunha et al, 2012). Outra das formas de motivar os colaboradores está relacionada com a alteração na função. Um colaborador pode receber mais tarefas e responsabilidades na área na qual exerce as suas funções e com o mesmo grau de dificuldade – “job enlargement”. Quando o gestor acrescenta características motivacionais à tarefa, aumenta os desafios e a responsabilidade, e informa o colaborador que vai crescer com a tarefa – “job enrichment”. Relativamente a estas formas de motivação o gestor deve ter em atenção o nível de dificuldade das tarefas, de forma a estarem ajustadas às capacidades do colaborador, para que este se sinta na sua zona de conforto. Por vezes, os colaboradores sentem que este tipo de motivação é injusta, na medida em que terão de ter mais trabalho sem que o ordenado sofra alteração. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores daOdlo Portugal Têxteis 58 Neste caso o gestor deve explicar o motivo das alterações e a sua importância. Existe ainda outra forma de alterar a função, o “job rotation”, em que o colaborador muda de funções após determinado período de tempo, onde tem de desenvolver novas capacidades e conhecimentos (Röhrich 2012, Bourne & Bourne, 2010). Outra forma de motivar e desenvolver a curiosidade nos colaboradores é através da formação. Esta pode ser externa, paga pelo colaborador, relacionada com a sua função ou com uma função futura. Por vezes, as empresas pagam um subsídio ou mesmo a totalidade dos cursos aos colaboradores, em alguns casos tendo como contrapartida a permanência na empresa durante um determinado período de tempo (Röhrich 2012, Bourne& Bourne 2010). Já a formação interna pode ter de duas formas, a empresa pode organizar formações internas, ou os próprios colaboradores organizam e dão formação na empresa. A formação é percecionada pelos colaboradores como um sinal de interesse por parte da organização no seu desempenho e funções. A satisfação daí adveniente e o desejo de responder reciprocamente tendem a gerar maior motivação no trabalho e empenhamento (Cunha et al, 2012). Algumas empresas optam por despertar a curiosidade dos seus colaboradores realizando regularmente projetos de conhecimento, para explorar novas ideias. Empresas que possuem um orçamento mais reduzido optam por comprar livros aos colaboradores, artigos ou enviar páginas da Internet, este tipo de motivação pode ter um valor intelectual mas também emocional (Röhrich 2012, Bourne & Bourne, 2010). O primeiro elemento de apoio referido, ao qual a sociedade dá muita importância é o status social, neste caso, não falamos do status social relacionado com a idade, classe social, religião, fatores fisiológicos (altura, tom de voz), fatores acessórios (roupas de marca, acessórios de beleza), mas sim de um status adquirido. O facto de se trabalhar numa empresa de prestígio funciona como fator motivacional pois dá ao colaborador um status social. A própria formação académica de um indivíduo é vista pela sociedade como algo que induz status. As empresas podem influenciar num status: ao atribuir um título dentro Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 59 da organização; ao colocar o colaborador numa equipa de destaque dentro da empresa /organização, ao atribuir/dar algumas regalias ao colaborador (carro da empresa, escritório, cartão de visita, telemóvel), ao colocar um colaborador num programa especial (quando os colaboradores são considerados talentos e considerados com potencial para ascender a um cargo de chefia, o colaborador pode ainda ser convidado para o programa), ao reconhecer um colaborador pelo seu mérito, ao colocar um colaborador em contacto com outro de maior importância dentro da organização, por exemplo num projeto que envolva a administração da empresa, ou ainda quando atribui a um colaborador a função de mentor de um outro dentro da empresa. O contacto social é outro dos elementos de apoio. Um gestor deve incentivar o trabalho em equipa, criar uma cultura de teamwork, para isso a organização deve integrar o teamwork nos valores da empresa, destacar a sua importância na comunicação interna, deve criar oportunidades de trabalho em equipa, organizar formação em teamwork, fornecer ferramentas de teamwork e criar momentos de reflexão em equipa acerca do teamwork. O teambuilding permite proporcionar à equipa um momento para que esta se conheça melhor, partilhe as experiências em conjunto, compreendendo melhor a dinâmica que existe entre as pessoas da equipa. O gestor deve desenvolver iniciativas profissionais, criar oportunidades de convívio entre colaboradores de diferentes áreas, desenvolvendo temas de trabalho, assim como informais, fora do contexto da organização, iniciativas lúdicas. Algumas organizações permitem reunir a empresa em momentos recorrentes causando impacto nos colaboradores, até mesmo fora do horário de trabalho. Cada vez mais as empresas usam a Ginástica para motivar e incentivar os colaboradores, e criar um espírito de equipa. Outra das estratégias é a criação de plataformas virtuais e digitais para os colaboradores se conhecerem melhor, trocarem ideias e conviverem num espaço virtual. A competição é mais um dos elementos de apoio, isto porque uma situação de vitória permite um aumento na autoestima. Numa competição, o que motiva é a comparação, que permite aos sujeitos entender o seu valor e afirmarem as suas capacidades e conhecimentos. A competição pode ser entre Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 60 organizações, ou dentro das mesmas. A competição entre organizações obriga a que estas sejam inovadoras e pode dar-se a vários níveis regional, nacional ou mesmo internacional. A competição dentro da empresa pode existir entre países, entre sucursais e departamentos. A competição pode existir entre colaboradores e de forma contínua e institucionalizada, com ranking (classificação qualitativa) ou com objetivos, após os colaboradores atingirem os objetivos definidos ganham o prémio, ou passam para um nível seguinte de reconhecimento. Existe um outro tipo de competição, com eliminatória, ou o colaborador é promovido ou sai da empresa. Existe o reverso da competição, a parte negativa. A competição pode originar demasiada pressão, algumas pessoas podem-se sentir bloqueadas com a pressão. Outro aspeto negativo é o facto de alguns colaboradores encararem a competição não com o objetivo de atingir o objetivo da empresa mas sim de ganhar a competição, o que por vezes pode até mesmo prejudicar a organização. Por vezes a competição pode tornar-se demasiado emocional, originando conflitos. Os colaboradores podem levar a competição a níveis exagerados, não existindo cooperação entre os mesmos o que pode prejudicar tanto a relação entre eles e o atingir ou não dos objetivos da empresa. Alguns colaboradores podem ainda achar que não estão ao mesmo nível que os colegas, desmotivando logo numa fase inicial, e achando que não vale a pena o esforço. A motivação dos colaboradores que não vence torna-se por vezes em desmotivação. É preciso portanto verificar se a competição se revela um aspeto positivo ou não. O último elemento de apoio é o contributo. Algumas organizações desenvolvem a responsabilidade social, marcando diferença na vida de outras pessoas, sociedade ou ambiente. Se a responsabilidade social for um dos valores da empresa o seu impacto é superior, assim como se realizarem atividades enquadradas em programas globais. Exemplos desta responsabilidade: recolha de bens, dádiva de sangue, vestir uma causa, ajudar uma instituição, apoiar através de apoio financeiro, ou com serviços, desenvolver eventos de solidariedade, criar projetos de solidariedade. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 61 Relativamente à responsabilidade social no ambiente, as organizações podem mudar comportamentos dentro do local de trabalho (ex: reciclagem, usar lâmpadas ecológicas), participar em ações de voluntários para melhorar o meio ambiente. Segundo Robbins (2008), quando falta motivação aos colaboradores, o problema, na maioria das vezes, reside numa das cinco áreas: na selecção, no estabelecimento de objetivos ambíguos; no sistema de avaliação do desempenho, no sistema de recompensas da empresa; ou na incapacidade do gestor de moldar as perspetivas do colaborador ao sistema de avaliação de desempenho e de recompensas. Uma das grandesdificuldades de um gestor é o de motivar colaboradores cujos vencimentos são muito baixos, cuja possibilidade de aumentar o seu rendimento ou mudar de função na empresa é diminuta. A única forma de compensação é aumentar a taxa de rotatividade, ou aumentar os níveis salariais (Robbins, 2008). 1.3.Satisfação no Trabalho Segundo a meta-análise de Judge, Thorensen, Bono e Patton cit Cunha et al (2012) refere que a satisfação tem uma relação positiva com o desempenho individual. A satisfação no trabalho é o conjunto de sentimentos positivos ou negativos que o indivíduo manifesta em relação ao seu trabalho resultante da comparação entre o que é esperado de uma situação e o que se consegue obter dela (Ferreira et al, 2010). A satisfação com o trabalho é entendida como preponderante no binómio produtividade da organização e realização dos trabalhadores (Ferreira et al, 2010). O conhecimento do nível de satisfação e dos fatores de satisfação mais valorizadas pelos trabalhadores torna-se pertinente, uma vez que, para alcançar os objetivos das empresas, estas necessitam de trabalhadores satisfeitos com o seu trabalho e que estejam motivados para o realizar. Quando um trabalhador está satisfeito identifica-se mais com os propósitos da organização e tem tendência a produzir mais (Gonçalves, 2004). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 62 Satisfação no trabalho é uma variável de estudo do comportamento organizacional e também uma variável central na investigação da teoria do fenómeno organizacional. Por isso é que a Psicologia Organizacional cada vez mais se debruça sobre as questões relacionadas com a produtividade, desempenho, absentísmo e abandono (Ferreira et al, 2010). O modelo tradicional da satisfação no trabalho foca os sentimentos individuais no trabalho. No entanto, o que torna o trabalho satisfatório ou não, não depende somente da natureza do trabalho, mas também das expectativas individuais, o que o indivíduo acha que o trabalho deve oferecer (expectativas que os indivíduos têm do trabalho) (Lu, While & Barriball, 2005). Segundo Ferreira et al (2010) manter os colaboradores satisfeitos no local de trabalho é uma condição essencial para ter uma organização eficaz e eficiente. Nas primeiras décadas do século XX, Taylor considerava que satisfação no trabalho “era uma atitude relativa à filosofia do trabalhador acerca da cooperação com a gerência de sua visão de seus próprios interesses”, e que a satisfação e a produtividade são variáveis influenciadas pela fadiga e o salário (Martins & Santos 2006). Um grupo de investigadores juntou a estes aspetos, outras variáveis, pausas para descanso, importância dos grupos informais de trabalho, supervisão recebida, perceção que o trabalhador tem do seu trabalho. Demonstraram também, que o salário não era um aspeto tão importante da satisfação no trabalho (Martins & Santos 2006). Durante a Segunda Guerra Mundial, o movimento das relações humanas deu ênfase ao crescimento mental do trabalhador, e definiu-o como principal causa de satisfação. Redefinir o trabalho tornando-o mais desafiante e rico, mostra a responsabilidade e o cuidado da empresa para com o trabalhador, com o propósito de aumentar a sua satisfação. Segundo Martins & Santos (2006), a satisfação é um estado emocional agradável ou positivo, que resulta de algum trabalho ou de experiência no trabalho. Segundo os mesmos autores, o homem usa o seu sistema de valores Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 63 e crenças para avaliar o seu trabalho, essa avaliação resulta num estado emocional que sendo agradável produz satisfação, se for desagradável levará à insatisfação. A satisfação no trabalho é uma variável de natureza afetiva e constitui-se um processo mental de avaliação das experiências no trabalho que resulta num estado agradável ou desagradável (Martins & Santos, 2006 e Carlotto & Câmara, 2008). Este processo é influenciado por conteúdos mentais do indivíduo (crenças, valores, fatores disposicionais, moral e possibilidade de desenvolvimento no trabalho (Martins & Santos, 2006) e resulta numa tendência que orienta o comportamento. Alguns estudos da satisfação no trabalho confundem satisfação com motivação humana, uns tentam reunir explicações teóricas relacionadas às causas da satisfação, procurando especificar as variáveis relevantes e o modo como elas são combinadas para determinar satisfação, outros reuniam teorias relativas ao conteúdo, tentando identificar necessidades ou valores específicos que compunham a satisfação. O trabalho de Maslow, muito referido na literatura, sugere que as necessidades do ser humano têm uma hierarquia de cinco patamares, segurança, pertença e amor, estima e auto-realização. Segundo este autor, a satisfação no trabalho tem sido abordada por alguns investigadores pela perspetiva da necessidade de preenchimento, realização. Esta teoria foi perdendo popularidade com o aumento da enfase no processo cognitivo (Lu, While & Barriball, 2005). A Teoria de Herzberg, Mausner e Snyderman parece ser a primeira teoria proposta para explicar a satisfação com o trabalho. Esta teoria parte do pressuposto que existem dois grupos de fatores, os motivadores como o próprio trabalho, o desempenho, a promoção e o reconhecimento pelo trabalho executado; e os higiénicos como a supervisão, relações interpessoais no trabalho, política de organização e salário. Herzberg identificou a importância do crescimento psicológico como condição necessária para a satisfação no trabalho e demonstrou que este crescimento vem do próprio trabalho (Martins & Santos, 2006). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 64 Lu, While & Barriball (2005) expõe dois tipos de fatores: Intrínsecos – a que chamaram motivadores, (intrínsecos pela natureza e experiência de fazer o trabalho) onde se encontram os fatores satisfatórios, realização, reconhecimento, trabalho em si, responsabilidade. Extrínsecos – que definiram como higiénicos, fatores insatisfatórios – politica da empresa, administração, supervisão, salário, relações interpessoais e condições de trabalho. A teoria de Vromm, da expectância ou da expectativa afirma que variáveis situacionais e de personalidade produzem satisfação. Esta teoria define satisfação como reação antecipada a um resultado ou expectativa que o empregado espera conseguir. Locke criticou a definição de Vromm referindo que só explicava os efeitos esperados. Os efeitos inesperados, as reações afetivas dependiam da direção da expectativa. Se fosse positiva, seriam agradáveis, se fosse negativa, seriam desagradáveis, o que permite inferir que a expectativa funcionaria como variável moderadora do processo de avaliação (Martins & Santos, 2006). A Teoria das necessidades de realização de Lofquist, Davis, Porter e Wofford postula que a satisfação no trabalho é determinada pelo grau no qual o trabalho atende às necessidades de realização do indivíduo, básicas para o seu bem estar (Martins & Santos, 2006). Wernimont afirmava que variáveis externas (políticas da empresa, condições de trabalho, salário) causam variáveis internas (satisfação ou insatisfação) que por sua vez, produzem variáveis consequentes como rotatividade, ausências e motivação no trabalho. O sistema era cíclico havendo uma retroalimentação das variáveis (Martins & Santos, 2006). Na Teoria de Locke, a satisfação no trabalho era determinada pelos agentes (que reuniam características como o relacionamento com os chefes, colegas e subordinados, o próprioself do indivíduo, as políticas das empresas e o estilo da gerência), e os eventos, que se caracterizam por aspetos tais como o trabalho em si, o pagamento, a política de promoção, o reconhecimento Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 65 verbal e as condições de trabalho (Martins & Santos, 2006). Os elementos causais da satisfação no trabalho estavam relacionados com as possibilidades causais da satisfação no trabalho estavam relacionados com as possibilidades de promoção, ao reconhecimento, as condições e ambiente de trabalho, as relações com colegas e subordinados, as características da supervisão e gerenciamento e as políticas e competências da empresa (Carlotto & Câmara, 2008). A teoria da equidade defendida por Landy, Toulson e Smith postulava que a insatisfação era um efeito desagradável de cognições discordantes que constituía uma fonte de tensão a ser reduzida. Nesta teoria, a satisfação era definida como ausência de insatisfação (Martins & Santos, 2006). A Teoria de Orper defende a influência dos valores na satisfação no trabalho, abordando satisfação como uma atitude. Esta teoria foi reforçada por Levin e Stocks, Staw e Ross e Staw e cols (Martins & Santos, 2006). Segundo Quarstein, Mc Afee e Glassman a satisfação era causada por características e ocorrências situacionais. As características são formadas por aspetos que os indivíduos avaliam antes de aceitar o trabalho, (como pagamento e condições de trabalho). As ocorrências situacionais consistem nos aspetos do trabalho que não podem ser pré-avaliados e aparecem, quase sempre, de uma forma inesperada, depois que os indivíduos se encontram no trabalho (transitórios) (Martins & Santos, 2006). Para uns as reações afetivas dos indivíduos dependem da interação entre eles e o seu meio, para outros, o indivíduo precisa satisfazer necessidades ou atender a valores para sentir-se satisfeito no trabalho. Isto mostra haver duas correntes acerca desta temática, numa as características do trabalho são os principais determinantes da satisfação e para outra o processamento das informações sociais é o aspeto mais relevante. Apesar das suas divergências, as duas enfatizam o papel dos aspetos situacionais que gerariam as atitudes por consequência a satisfação no trabalho. Apesar de na literatura não existir acordo sobre as causas e componentes da satisfação no trabalho, consolida-se a noção de que a Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 66 empresa é responsável pela satisfação do trabalhador. Vários estudos têm identificado como preditores da satisfação no trabalho – conteúdos mentais do indivíduo: crenças, valores, fatores disposicionais, moral e possibilidade de desenvolvimento no trabalho (Martins & Santos 2006). Existem estudos que parecem sugerir relações inversas entre satisfação e sofrimento no trabalho e entre satisfação no trabalho e stress ocupacional (Martins & Santos, 2006). Parece que índices altos de insatisfação com o trabalho produzem altos níveis de sofrimento mental que podem levar o trabalhador a desenvolver certas síndromes ou mesmo algumas doenças relacionadas com o trabalho, como stress ocupacional, doenças cardíacas e alérgicas e burnout (definido como condição extrema com quadro de frustração ou fadiga), tensão emocional, esgotamento e falta de energia para lidar com a rotina profissional. A insatisfação tem estado associada negativamente com desempenho no trabalho e comportamentos pró-activos (Martins & Santos, 2006). Spector sumarizou as facetas da satisfação no trabalho em apreço, comunicação, co-trabalhadores, benefícios complementares, condições do trabalho, natureza do trabalho, natureza da empresa/organização, políticas e procedimentos da organização, salário, crescimento pessoal, oportunidades de promoção, reconhecimento, segurança e supervisão (Lu, While & Barribal, 2005). Carlotto & Câmara (2008) e Silva (2009), referem os mesmos fatores focando ainda a importância da satisfação intrínseca, satisfação com a supervisão, nas condições de trabalho (físicas e psicologicas), das recompensas e do reconhecimento verbal, da estabilidade do trabalho, quantidade de trabalho e benefícios. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 67 Fontes da satisfação no trabalho Fontes Condições de trabalho Adamson et al. (1995), Nolan et al. (1995), Tovey and Adams (1999), Adams and Bond (2000), Tzeng (2002a,b) Interacção Relação com os pacientes Relação com os colaboradores Relação com os managers Adamson et al. (1995), Nolan et al. (1995), Lee (1998), Tovey and Adams (1999), Adams and Bond (2000), Aiken et al. (2001), Tzeng (2002a,b), Wang (2002) Trabalho em si Carga de trabalho, escalonamento do trabalho, rotatividade, requisitos de tarefa (habilidades e capacidades) Nolan et al. (1995), Lee (1998), Lundh (1990), Tovey and Adams (1999), Adams and Bond (2000), Price (2002), Tzeng (2002a,b), Wang (2002) Remuneração (pagamento, salário) Adamson et al. (1995), Nolan net al. (1995), Lee (1998), Aiken et al. (2001), Price (2002), Tzeng (2002a,b), Wang (2002) Crescimento pessoal e promoção Treino profissional, oportunidade de progressão, promoção no trabalho, desenvolvimento pessoal Nolan et al. (1995), Lee (1998), Aiken et al. (2001), Price (2002), Tzeng (2002a,b), Wang (2002) Louvor e reconhecimento Nolan et al. (1995), Lundh (1998), Aiken et al. (2011), Price (2002), Wang (2002) Controlo e responsabilidade Nolan et al. (1995), Lee (1998),Price (2002), Wang (2002) Segurança no trabalho Nolan et al. (1995, 1998) Estilos de Liderança e políticas organizacionais Lee (1998), Tzeng (2002a,b) Quadro 5 – Fontes de satisfação no trabalho (Lu, While & Barrinal, 2005 Muitas teorias colocam a hipótese de que as pessoas que não gostam do seu trabalho tendem a evitá-lo, deixando-o, faltando ou chegando tarde. Falamos de indicadores como o absentismo e o turnover. O Absentismo pode reduzir a eficácia da organização, aumentando os custos de trabalho, decorrente da necessidade de substituir trabalhadores que continuam a ser pagos. Segundo alguns autores, a satisfação com o trabalho tem um papel na decisão que um empregado toma de faltar, uma vez que pessoas que não gostam do seu trabalho, tendem a evitá-lo. No entanto, é extremamente difícil encontrar suporte empírico para esta posição, a correlação entre a satisfação com o trabalho e o absentismo é, normalmente, muito pequena, apesar de, ocasionalmente, algumas pesquisas encontrarem correlações mais consideráveis. Um trabalhador pode faltar porque está doente ou cansado, porque tem um negócio particular, ou simplesmente por não querer ir trabalhar. O absentismo por doença poderá estar significativamente correlacionado com a satisfação com o trabalho, mas o absentismo por outras causas não estará tanto. Na verdade, a satisfação com o trabalho pode ter tido um papel central nas pesquisas do absenteísmo, mas foi substituído, nos últimos anos, por outras variáveis mais importantes (Gonçalves, 2004). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 68 O turnover também é muitas vezes considerado como o resultado da insatisfação dos trabalhadores, uma vez que pessoas que não gostam do seu trabalho tentam encontrar alternativas. Muitos estudos demonstraram esta correlação. O turnover tem maior probabilidade de acontecer quando as pessoas estão insatisfeitas com o seutrabalho e estão disponíveis outras oportunidades no mercado de trabalho. Níveis de pagamento, integração em grupos de trabalho e qualidade da comunicação são importantes determinantes do turnover (Gonçalves, 2004). Estes são apenas alguns dos principais impactos da «não satisfação» com o trabalho, existem outros, como o relacionamento com as chefias e mesmo com os colegas de trabalho, a concentração no trabalho e a iniciativa, já para não falar nos impactos a nível pessoal, junto da família e amigos. Para além dos impactos mais diretos na produtividade, a satisfação com o trabalho também poderá influenciar o comportamento de cidadania organizacional dos seus trabalhadores. Este, passa por tudo o que, voluntariamente, o empregado faz para ajudar os seus colegas ou subordinados e que não faz parte das suas responsabilidades (ajudar os outros, dar sugestões de melhoria). As pessoas satisfeitas com o seu trabalho, inclinam-se mais para este tipo de comportamento. O impacto da satisfação no desempenho dos trabalhadores é um aspeto de todo o interesse para qualquer organização (Gonçalves, 2004). Nas organizações, as áreas de Gestão de Recursos Humanos têm uma influência direta e indireta na satisfação e motivação dos trabalhadores. Fazem contactos diretos com empregados e supervisores para orientação, formação, desenvolvimento e planeamento de carreiras e devem apoiar os supervisores na motivação dos seus trabalhadores. As suas políticas e práticas também influenciam indiretamente a satisfação e motivação dos trabalhadores, por exemplo, elaborando programas de segurança e saúde, estabelecendo planos de desenvolvimento individuais, possibilitando oportunidades de formação, entre outras atividades. A importância que assume a satisfação dos trabalhadores não só para Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 69 as organizações como para os próprios indivíduos (possibilitando-lhe um sentimento de auto-realização), justifica, por si só, a realização desta pesquisa. A motivação e satisfação de empregados são assuntos complexos, envolvendo sentimentos e experiências passadas de cada indivíduo e sendo influenciado pelas relações não apenas dentro, mas também fora da organização, pelo que são muitas e diversas as abordagens desta temática. Uma organização deve estruturar e gerir condições do local de trabalho que promovam a satisfação e o envolvimento dos profissionais com a organização e subsequentemente comportamentos que facilitem a criação da satisfação, da lealdade e da qualidade de serviço percebida pelo cliente (Silva, 2009). 1.4.Incentivos não monetários “Com salários baixos não se consegue motivar as pessoas” Santos cit Cunha et al ( 2012). “A espiral remuneratória motiva as pessoas? Sim, para chegarem à próxima vaga de aumentos” (Herzberg cit Cunha et al, 2012). Os recursos de uma empresa são elementos essenciais para obter, desenvolver e manter vantagem competitiva, principalmente se estes são escassos, únicos e difíceis de imitar. Os recursos naturais, tecnologias e economias de escala, são cada vez mais fáceis de imitar. Por isso é que o Capital Humano é tão importante, pela sua unicidade e inimitabilidade. Tal facto torna a Gestão do Capital Humano decisiva para o desempenho de uma empresa (Palminha, 2009). Palminha (2009) refere que as políticas e práticas da Gestão de Recursos Humanos são um importante passo para o sucesso organizacional, o que justifica que cada vez mais as empresas tenham necessidade de concentrarem os seus esforços quer no desenvolvimento das melhores práticas de GRH, quer no desenvolvimento de sistemas GRH mais eficazes. Um sistema eficaz de GRH inclui atividades, funções e processos que são focalizados para atrair, cativar, desenvolver, motivar e manter os recursos Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 70 humanos na empresa (Palminha, 2009 e Cunha et al, 2012). Os sistemas de compensação não monetários têm vindo a ganhar importância ao longo dos anos, algumas empresas tem vindo a redefinir os esquemas de recompensas, tentando ir ao encontro das necessidades individuais dos colaboradores, visando potenciar a motivação, satisfação e performance dos mesmos. Nas organizações são os responsáveis pela Gestão de Recursos Humanos que se ocupam dos sistemas de compensação. Como referido em capítulos anteriores, a Gestão de Recursos Humanos pretende influenciar o comportamento das pessoas, visando o aumento da competitividade e o fortalecimento da aprendizagem. A sua principal função é potenciar a capacidade de produção dos colaboradores em prol dos objetivos da empresa. Para tal ocorrer necessitam de proporcionar ambientes de trabalho estimulantes, que promovam a criatividade e que neutralizem comportamentos indesejados. Portanto as atividades principais deste tipo de gestão estão relacionadas com o atrair, motivar e reter/manter os colaboradores necessários à organização, que pode em parte ser conseguido pelo uso de incentivos/recompensas (Cunha et al, 2012). Na nossa cultura, a recompensa pela prestação de um serviço é normalmente o dinheiro, parece haver uma relação direta e intrínseca entre o trabalho, o contributo dos colaboradores para a empresa, e o dinheiro. Devido a este tipo de conceções o colaborador considerado médio não tem particular prazer em trabalhar, fá-lo para ganhar dinheiro, e pensa-se que é este que o move. No entanto, a compensação envolve uma multiplicidade de fatores, como tal não deve ser interpretado como um processo linear. As empresas devem investir algum do seu capital nas práticas de compensações para poder influenciar a eficácia dos colaboradores, o absentismo, a produtividade, o clima e a qualidade do trabalho. Pinto (2011), defende que as práticas de compensações são importantes elementos para a melhoria dos indicadores de performance, o uso de dinheiro Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 71 como principal motivador é discutível. Após a revisão de alguns artigos pode-se verificar que nem sempre os incentivos financeiros melhoram o desempenho. Pinto (2011) na sua revisão acerca desta temática verificou uma relação modesta entre a recompensa monetária e a satisfação das pessoas com o trabalho, contrariando a ideia que o dinheiro é a principal condicionante da satisfação dos colaboradores. Por outra perspetiva, Cunha et al (2012) afirmam que o salário é realmente motivador. O termo salário vem da Antiga Roma em que aos soldados do Império era atribuído um pagamento em sal – salarium argentum. Nas primeiras décadas do século XX dominou a conceção de homo economicus, onde se acredita que a única preocupação do funcionário era o salário ao final do mês. O cálculo deste salário e de outras recompensas dependia das funções desempenhadas pelos funcionários (Cunha et al 2012). Até aos anos 60, os seres humanos eram vistos como entidades sociais, onde o salário foi colocado num plano secundário. A partir deste momento percebeu-se que existe algo mais que o salário que promove satisfação nos trabalhadores, desde então começaram a surgir estudos sobre outras formas de recompensas (Cunha et al, 2012). A partir das décadas de 80, 90 emerge uma corrente inovadora, que confere à compensação um papel crucial na obtenção de resultados individuais e organizacionais. A gestão de recursos humanos começou a sentir urgência no conhecimento dos sistemas de recompensas, se estes deviam assentar nas pessoas, nas suas competências, no seu desempenho ou no da organização. (Cunha et al, 2012).Cunha et al (2012) refere que “a introdução de incentivos monetários individuais constitui o método mais eficaz para aumentar o desempenho” e que a razão pela qual algumas pessoas dizem que o dinheiro não é o que mais as motiva, estará relacionado com a necessidade de ter uma maior aceitabilidade a nível social, preferem dizer que trabalham por motivos “nobres”. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 72 Apesar do dinheiro ser um fator higiénico, também pode ser fator motivador pois permite ter acesso a bens valiosos, no entanto não será o único (Cunha et al 2012). O trabalho com significado, as tarefas desafiantes, o bom clima social de trabalho, o prestígio e o status são fatores igualmente importantes. A investigação neste campo mostra que existem alguns indivíduos mais facilmente motiváveis por dinheiro do que outros, e que os homens parecem valorizar mais a remuneração do que as mulheres.” A utilidade de aumentos marginais vai diminuindo à medida que o salário aumenta” (Cunha et al, 2012). Ainda relativamente a esta temática, o pagamento parece ser um fator mais importante para aceitar uma oferta de emprego do que para a decisão de mudar de emprego. No entanto, a decisão de saída depende de muitos outros fatores – qualidade do clima organizacional, e da liderança. A compensação tem um efeito motivacional menor quando é pouco significativa a relação entre pagamento e desempenho. A compensação é igualmente um símbolo de estatuto, uma determinante do estilo de vida, um elemento de diferenciação social e um fator político de importância considerável. Pfeffer mostra como as práticas de gestão da compensação podem ter um impacto significativo no comportamento dos membros da organização e que muitas empresas tomam estas decisões tendo por base um conjunto de “mitos” que resultam frequentemente em más consequências (Cunha et al 2012). Cunha et al (2012) refere estes mitos. As taxas salariais referem-se àquilo que uma pessoa ganha por unidade de tempo. Um dos mitos refere que não basta reduzir os salários para melhorar os custos laborais. Mas como são muitas vezes o custo mais maleável, esta medida é a mais fácil de mudar. A globalização veio contradizer este mito, pois mostrou que baixos salários são uma fraca fonte de vantagem competitiva, mostrando que outras estratégias como uma qualidade mais elevada, conhecimentos únicos, inovação do Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 73 serviço, produto ou processo produzem maiores efeitos. Relativamente ao mito “Os incentivos monetários individuais promovem melhores desempenhos”, em parte parece ser verdade, no entanto, pode trazer também efeitos negativos em termos de desempenho, destruindo a motivação intrínseca ou levando a foco o curto prazo. Tudo depende da articulação entre as práticas e políticas da Gestão de Recursos Humanos. O Mito “As pessoas trabalham por dinheiro” comprova-se no entanto, como já referimos no início do capítulo existem outros motivos como o significado, o desenvolvimento profissional e espiritual, a contribuição e o divertimento. Existe alguma confusão nas definições de compensação e recompensas. Uma pessoa é recompensada em troca do seu valor para a organização. É a pessoa que deve ser recompensada e não a função que esta desempenha. Por este motivo, grande parte de empresas adota políticas de compensação focalizadas nas competências detidas pelos colaboradores e não pelas características e requisitos das funções. Recompensas e compensação são conceitos diferentes. As recompensas podem ser do tipo monetário ou não monetário. Somente as recompensas monetárias são denominadas compensação, são recompensas de natureza extrínseca relacionadas com o trabalho, englobando o salário e todos os bens suscetíveis de avaliação em termos monetários (incentivos e benefícios). As recompensas não monetárias podem ser também chamadas de retribuições intrínsecas que incluem aspetos como trabalho desafiante, reconhecimento social, prestígio da função ou ações empresariais de responsabilidade social. Estes dois tipos de recompensas são relevantes tanto para atrair candidatos como para os motivar e reter. Segundo Cunha et al (2012) e Pinto (2011), a compensação pode ser dividida em três componentes, retribuições fixas, retribuições variáveis (incentivos) e benefícios (compensação indirecta, fringe benefits) explícita no Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 74 quadro seguinte. Este tipo de benefícios são importantes mecanismos de atração e retenção de colaboradores mas o seu valor é mais difícil de contabilizar, não aparece na folha de salário e por vezes os colaboradores não entendem o seu impacto monetário, estes têm um papel importante na segurança económica dos colaboradores (seguros de saúde e planos complementares de reforma). Retribuições fixas Retribuições variáveis (incentivos) Benefícios (compensação indireta) (fringe benefits) Salário mensal Subsídio de Natal Subsídio de Férias Isenção de horário de trabalho Subsídios atribuídos de forma fixa Bónus anual Bónus a médio e longo prazo Comissões Distribuição de lucros Atribuição de acções da empresa consoante o desempenho desta Stock options Planos de stock grants Complemento variável do salário Outros mecanismos Viatura da empresa Gasolina Manutenção da viatura Seguro automóvel Plano médico Seguro de vida Plano de pensões Cartão de crédito Pagamento de quotas em clubes e associações Apoios para formação/educação Outros benefícios Valores pagos em dinheiro ligados à função ou às competências Podem ser mensais ou não Flutuam com os resultados ou o alcance de objectivos. Podem ou não ser atribuídos em função do desempenho individual, grupal e/ou da empresa. Pode ser de curto prazo ou estender-se pelo tempo (incentivo a médio ou longo prazo) Atribuídos sob formas não- -remuneratórias. Alguns benefícios são iguais para todos os colaboradores, outros tendem a ser superiores à medida que se sobe na hierarquia organizacional. Quadro 6 – As três componentes da compensação Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 75 O peso destes benefícios tem aumentado (apesar de existir muita pressão das funcionários não precisarem de pagar impostos e por as empresas serem capazes de negociar melhor seguros e outro tipo de benefícios. Um sistema de incentivos pode ser definido como o conjunto de regras formais e informais que determinam as formas como a criação e a destruição de valor são divididas entre os criadores e os destruidores de valor numa organização, o que por sua vez afeta a quantidade de valor criado ou destruído (Cunha et al, 2012) Ou seja, o sistema de incentivos tanto se pode referir à motivação de comportamentos de criação de valor como à punição de comportamentos que destroem valor (Cunha et al, 2012). Cunha et al (2012) afirma que um sistema de incentivos é como um mecanismo de controlo organizacional. Um sistema de recompensas pode ter três tipos de objetivos Alinhar os comportamentos individuais com os objetivos da organização, compensando o alcance dos objetivos desejados Alcançar e/ou manter um estado de equidade interna, externa e individual, reforçando positivamente os bons comportamentos e negativamente os comportamentos indesejados,contribuindo deste modo para manter níveis de motivação apropriados e para atrair e reter os melhores empregados Manter os custos sob controlo, não onerando excessivamente os produtos/serviços da organização, e garantindo a capacidade de adaptação dos custos da organização a variações da envolvente. Promover a mudança da cultura organizacional, principalmente se for profunda como em fusões e aquisições de privatizações ou reposicionamentos estratégicos. Uma boa política de compensação deve ajudar a atrair, reter e motivar os colaboradores mais consonantes com a estratégia da empresa, estimulando assim as condutas que se coadunem com a sua prossecução. Deve ter como finalidade o alinhamento entre os salários e a estratégia organizacional para que contribuam para o alcance dos objetivos da organização. A seleção de pessoal já deve ser realizada de acordo com a estratégia organizacional por Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 76 forma a reter os colaboradores mais apropriados e evitando que estes abandonem a empresa, sendo por isso importante definir níveis salariais competitivos, assim como, incentivos e benefícios atrativos. O sistema de compensação contribui para o estabelecimento de um sentido de justiça na organização, permite percecionar a existência de uma relação incerta entre as contribuições e os ganhos individuais, as principais contribuições para o desempenho organizacional são mais recompensadas (Cunha et al, 2012). Relativamente à equidade podemos falar de alguns pontos fundamentais As pessoas comparam o que dão à organização (conhecimentos, competências, dedicação) e o que recebem (salário, prestígio, benefícios, carreira) Comparam esse rácio com os rácios de outras pessoas Formam sentimentos de iniquidade se o seu rácio for diferente do rácio dessas outras pessoas com as quais se comparam As situações de iniquidade geram desconforto e tentativas de eliminar a diferença entre rácios. As situações de iniquidade podem originar pontos negativos, a pessoa diminui os seus contributos baixando a dedicação ao trabalho; a pessoa procura negociar um aumento salarial para aumentar o retorno; a pessoa pressiona o colega para que ele contribua com o equivalente ao que recebe; a pessoa abandonar a organização em busca de melhor salário. A equidade (segundo Cunha et al, 2012) abarca três facetas: Equidade interna, que diz respeito ao grau de justiça nas compensações dentro da organização, para os diferentes cargos e funções. Funções diferentes devem gerar compensações diferentes. Equidade externa, diz respeito ao grau de justiça nas compensações atribuídas em organizações diferentes. Equidade individual, diz respeito ao grau justiça na atribuição de compensações a indivíduos que desenvolvem a mesma função. Dois indivíduos com a mesma função, mas desempenhos diferentes, devem receber compensações diferentes. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 77 As pessoas atendem também à justiça procedimental (quais os procedimentos usados para determinar a estrutura de compensações) e à interacional (o superior atua em conformidade com o que expõe aos colaboradores, de forma digna), para que esta se faça cumprir é necessário ter em atenção certos aspetos: O plano de retribuições é corretamente comunicado às pessoas? É claro/transparente? As recompensas baseiam-se no mérito (e não em critérios de favoritismo)? Os colaboradores participam na preparação do plano? Os critérios de avaliação do desempenho estão relacionados com aspetos realmente pertinentes para a função? São consistentes para todas as pessoas? São consistentes com a cultura da empresa? As pessoas que tomam decisões de avaliação do mérito são respeitadas, credíveis e competentes? O processo é respeitador da dignidade das pessoas? Outra das finalidades do sistema de compensação é o controlo dos custos. “No conjunto de todas as atividades económicas, os custos salariais podem corresponder a 25% das receitas”. No entanto, algumas organizações atingem 50 a 85% das receitas (Cunha et al, 2012). Cunha et al (2012) referem que o pagamento engloba várias vertentes a de satisfação das necessidades, a de reforço do auto-conceito e uma vertente social. A compensação pode ser baseada na função: escalonamento de funções, classificação de funções, comparação de fatores e avaliação por pontos. Escalonamento O método mais simples e menos preciso Identifica a função com maior valor Identifica-se depois a função com mais valor que se segue Procede-se de igual forma até dispor hierarquicamente todas as funções Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 78 O valor relativo de cada função não pode ser conhecido. Classificação de funções Mais sofisticado que o escalonamento mas, mesmo assim, pouco preciso. Elabora-se uma estrutura com os diferentes níveis de valor das funções (geralmente entre 5 e 15) São escritas descrições genéricas de cada nível Procede-se à comparação entre a descrição da função e os diferentes níveis Cada função é colocada no nível que melhor a caracteriza Comparação de fatores As funções são analisadas de acordo com fatores como a responsabilidades, a educação, as condições de trabalho, etc As funções são escalonadas em cada fator Cada fator é “pesado” em termos da respetiva importância para a organização O valor total de cada função é então calculado Avaliação por pontos O mais usado Segue a lógica da comparação de fatores mas aumenta-se o detalhe desdobrando os fatores em subfatores Em vez de resultar em valores monetários, os pontos dão origem a níveis As funções são analisadas em termos de cada fator e a soma de cada fator resulta na pontuação total da função. A classificação de funções é uma variação do escalonamento simples, estes dois métodos de compensação avaliam a função como um todo. Já na comparação de fatores e avaliação por pontos a função é avaliada em função de diversos fatores. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 79 O escalonamento e a comparação de fatores são dois métodos que têm em comum o seguinte aspeto, cada função é comparada com outras. Enquanto que, na classificação de funções e na avaliação por pontos, cada função é comparada com um padrão. A criatividade humana é infinita na criação de diferentes tipos de incentivos (Cunha et al, 2012). Qualquer sistema pode ser válido, desde que os seus objetivos sejam claros e alinhados com a estratégia organizacional. O tipo de incentivos pode ser individual, por equipa (se a produção estiver focada na equipa como um todo) e organizacional (num sistema de participação de lucros). Na conjuntura atual, a aplicação de incentivos monetários está cada vez mais condicionada, pela escassez de capital, os incentivos não monetários são uma forma de compensar esta situação. Dada a impossibilidade de um aumento a atribuição de um incentivo não monetário pode funcionar como recompensa ou estimulo à produção. Os perfis de necessidades e interesses das pessoas divergem, pelo que é expectável que também reajam diferentemente aos estímulos compensatórios e de outra natureza. Segundo Pinto (2011), uma empresa que quer contribuir para o aumento da satisfação dos seus colaboradores com o trabalho deve incorporar cinco elementos no sistema de recompensa: salários, incentivos, balanço entre trabalhoe vida pessoal, reconhecimento pelo trabalho/performance e o desenvolvimento da carreira. Este autor defende que se deve adequar a recompensa ao perfil do colaborador assim como satisfazer as necessidades individuais e interesses pessoais, tentando desta forma aumentar o nível de satisfação dos colaboradores com o trabalho, podendo aumentar o desempenho do colaborador. Existem algumas recompensas não monetárias que são bastante importantes para os colaboradores, já referidas no capítulo da motivação: a creche para os filhos, horários de trabalho flexível, possibilidade de teletrabalho, programas de formação ajustados às necessidades e gostos dos colaboradores, oportunidade de participarem em programas de sugestões e de Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 80 decisões da própria empresa, promoção de eventos sociais que promovam a coesão social, programas de reconhecimento e publicitação do desempenho profissional (Pinto, 2011), uma menção na newsletter da empresa ou placas distintivas, viagens, ou uma gestão mais flexível (Pinto, 2011). Podemos concluir que os incentivos não monetários são recompensas que não tendo valor remuneratório pretendem ajustar-se às necessidades dos indivíduos tendo como objetivo a sua satisfação e compromisso dos mesmos com a empresa onde trabalham contribuindo para um maior rendimento/produção da mesma. Até agora referimos os incentivos não monetários como recompensa dissociada da remuneração/salário, no entanto este tipo de recompensa pode ser utilizada de três formas distintas: Como substitutos das compensações monetárias – as empresas quando aplicam os INM deste modo pretendem satisfazer e motivar o colaborador, reduzindo os custos, aumentando a eficácia financeira, este tipo de negócio é tático e explícito. Como complementos – usados para compensar salários baixos (usados como contrapartida), motivam os colaboradores e têm um custo reduzido para a empresa Como práticas completamente separadas e distintas – em que os INM visam complementar a remuneração, existe um reforço mútuo. Segundo Lawler, o dinheiro tem um poder de reconhecimento individual e permite a cada colaborador gerir a sua satisfação, motivação e sentimento de justiça de acordo com as suas percepções. Os INM reforçam o estatuto social, o reconhecimento público e a valorização do mérito que poderá ter benefícios no comprometimento, satisfação e motivação dos colaboradores. Ou seja, o objetivo não é somente o aumento da satisfação e motivação dos indivíduos mas também o aumento da eficácia da empresa e diminuição de custos. Quando uma empresa pouco desenvolvida nas práticas de GRH imita uma outra empresa inovadora, não integram as ações das políticas de compensação global, aplicam-nas de forma pontual e causal. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 81 Normalmente, numa fase inicial, os colaboradores referem ter preferência por incentivos monetários, no entanto, num estudo feito na Universidade de Chicago podemos verificar que o esforço dos colaboradores na resolução do desafio era maior quando expostos a INM (Pinto, 2011). Os incentivos não monetários parecem despoletar efeitos positivos na satisfação dos colaboradores, assim como, no empenho na organização e na execução das suas funções. Estes efeitos são mais eficazes quando atuam junto das emoções, necessidades e interesses pessoais, o que explica o poder que podem ter comparativamente ao dinheiro. O prestígio, a credibilidade, o simbolismo das ações e a visibilidade social das mesmas são recompensas intrínsecas com uma importância superior ao dinheiro Pinto (2011), Pinto (2011) fala ainda noutra perspectiva, afirma que por vezes os incentivos monetários parecem ter efeito dissuasor do esforço e empenho, uma vez que não tendo como garantido o prémio monetário, o esforço acrescido parece por vezes não compensar (como referido no capítulo da motivação). Como é difícil quantificar o valor dos INM estes podem aumentar a relação empenho-satisfação. Parecem existir quatro elementos fundamentais para uma política de INM ser eficaz ao nível de indicadores como a produtividade, satisfação e retenção dos colaboradores. Os INM devem ser pessoais, memoráveis, visíveis e constantes. Quando os incentivos são pessoais, de cariz individual, os colaboradores sentem que estão a receber um tratamento exclusivo, ou seja este tipo de incentivo potencia as emoções, o empenho do colaborador é maior quanto mais significado o incentivo tiver para o mesmo. O INM tem de ter visibilidade, ser comunicado de forma eficaz e não deve ser isolado, inacessível e pontual (Pinto 2011). Um dos propósitos deste trabalho é entender como é que a Atividade Física/Exercício Físico pode ter um papel de incentivo não monetário, procurando atender às necessidades individuais de cada colaborador, procurando a satisfação pessoal, aumentando a qualidade de vida e autoestima do colaborador e melhorando a relação com os colegas. Ainda se pretende percecionar os benefícios que este incentivo tem para a organização Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 82 nomeadamente na produção e sucesso da organização, diminuição de custos relacionados com a saúde (diminuição de acidentes de trabalho, lesões e baixas médicas) e na redução do absentismo (afastamento temporário ou permanente das funções por doença). 1.4.1.Atividade Física/Exercício Físico como Incentivo Não Monetário A preocupação com a ergonomia nos ambientes de trabalho tem assumido relevância nas empresas desde que foi indicada como uma das maiores responsáveis pelo absentismo. Além da geração de custos, em consequência desses afastamentos, há também diminuição da qualidade de vida desses trabalhadores nos seus efeitos psicológicos e sociais (Salve & Theodoro 2004). A promoção de um estilo de vida ativo é de interesse geral, tanto a nível governamental (saúde pública) como individual (bem estar pessoal) (Martins, M., 2000). Não é difícil compreender a importância da saúde de um colaborador. Por isso, podemos constatar que é de extrema importância e necessidade que as indústrias e empresas apoiem e promovam programas de prevenção e promoção da saúde do trabalhador, programas estes que dão suporte e resultados consideráveis à saúde ocupacional (Salve & Theodoro, 2004). “Com o advento da industrialização e tecnologia, a demanda da atividade física no trabalho tem diminuído. O resultado tem sido a criação de ocupações que ameaçam os trabalhadores com altos níveis de stress e baixos níveis de atividade física” (Dias, Silva, Silva & Beltrão, 2006). No entanto e apesar de parecer contraditório o “grande avanço tecnológico, as mudanças cada vez mais rápidas, informatização e a exigência de profissionais preparados tanto física quanto intelectualmente marca o cenário atual” (Battisti, Guimarães & Simas, 2005). Apesar de algum trabalho ser agora efetuado pelas máquinas, não necessitando da força física dos colaboradores exige-se mais deste, mas de outra forma, que obriga a estar em boa forma física e psicológica. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 83 Devido às razões acima citadas, estamos presentes a um crescente aumento das doenças relacionadas à profissão, os Estados correm o risco de não possuírem recursos nem condições de atender e reabilitar toda a população afetada (Salve & Theodoro, 2004). O sedentarismo é epidémico em sociedades industrializadasporque o comportamento do ser humano tem propiciado e perpetuado este estilo de vida há dois séculos. É importante compreender que a inatividade física é um problema social, mais que uma questão de escolha individual (Martins, M., 2000). Para além do sedentarismo temos o stress como “o vilão das grandes cidades”, “a competição profissional, a violência urbana, a economia instável e o fantasma do desemprego são exemplos de estímulos negativos que promovem um desequilíbrio emocional significativo” (Dias, Silva, Silva & Beltrão, 2006). Estamos numa época em que existe uma “discrepância entre o grau de exigência do trabalho e os recursos disponíveis para gerenciá-lo” (Dias, Silva, Silva & Beltrão, 2006). Este trabalho tenta compreender se os incentivos não monetários dos quais a atividade física/exercício físico são exemplo, poderão colmatar a falta destes recursos. Pretende-se com o sistema de recompensas/aplicação de incentivos uma melhoria da qualidade de vida do colaborador. “O conceito saúde está intimamente relacionado ao conceito de qualidade de vida, e também ao termo longevidade, quando sugere um relativo controlo da morbilidade e prolongamento da vida útil (Martins, M. 2000). “O movimento corporal apresenta-se, como uma necessidade no conjunto de atividades da vida actual” (Dias, Silva, Silva & Beltrão, 2006). Segundo a American College of Sports Medicine (cit Dias, Silva, Silva & Beltrão, 2006) os benefícios da atividade física regular/exercício físico são vários: Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 84 Aprimoramento na função cardiovascular e respiratória Maior captação máxima de oxigénio em virtude de adaptações tanto centrais quanto periféricas Menor custo em oxigénio do miocárdio para uma determinada intensidade submáxima Menor custo em oxigénio do miocárdio para uma determinada intensidade submáxima absoluta Frequência cardíaca e pressão arterial mais baixas para determinada intensidade submáxima Maior densidade capilar no músculo esquelético Limiar do exercício mais alto para o início dos sinais ou sintomas de doença Redução nos fatores de risco para doença arterial coronária Pressões sistólica/diastólica reduzidas em repouso Maiores níveis séricos de colesterol lipoprotéico de alta densidade e menores níveis séricos dos triglicerídeos Gordura corporal total reduzida Gordura intra-abdominal reduzida Necessidades de insulina reduzidas, tolerância à glicose aprimorada Mortalidade e morbidez reduzidos Prevenção primária (intervenções para prevenir um evento cardíaco agudo Os níveis mais altos de atividade e/ou de aptidão estão associados a taxas de morte mais baixas por coronariopatia Os níveis mais altos de atividade e/ou de aptidão estão associados com taxas de incidências mais baixas para doenças cardiovasculares combinadas, doença arterial coronariana, cancro do cólon e diabetes tipo 2 Prevenção coronária (intervenções após a ocorrência de um evento cardíaco para prevenir outro evento Com base nas metanálises a mortalidade cardiovascular ou de todas as outras causas é reduzia nos pacientes pós enfarte que participam num Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 85 treino com exercícios para reabilitação cardíaca, especialmente pela redução dos fatores de risco Outros benefícios Menor ansiedade e depressão Sensações de bem-estar aprimorados Melhor desempenho nas atividades laborais, recreativas e desportivas Um dos incentivos que podem ser integrados em políticas de Gestão de Recursos Humanos é a inclusão da atividade física no local de trabalho que dá pelo nome de Ginástica Laboral. Segundo Gouveia (2011), atualmente verifica- -se um crescimento do número de empresas que investem em programas de saúde, procurando um colaborador saudável, acreditando que assim, seja mais produtivo, este investimento trará benefícios tanto para a empresa como para o indivíduo. No presente trabalho pretende-se saber qual a influência da atividade física regular/exercício físico proporcionada pela entidade patronal. No entanto, a maior parte dos estudos existentes têm como objeto de estudo a Ginástica Laboral ou a Ergonomia. Uma das grandes diferenças entre o que se pretende estudar e a Ginástica Laboral é a duração, o tipo e a intensidade da atividade/exercício. Na literatura existe uma informação vasta dos benefícios na aplicação destes programas, tudo leva a crer que numa atividade/exercício (de maior duração e intensidade) os efeitos terão uma escala superior. Segundo Silva, Taranto & Piasecki (2006), a Ginástica Laboral vem sendo um excelente recurso na promoção de qualidade de vida daqueles que a praticam, promovendo um aumento no bem estar físico e mental do trabalhador. Pode-se definir ginástica laboral como uma atividade de prevenção e/ou compensação, que visa a promoção da saúde, melhorando as condições de trabalho e a preparação bio-psico-social do participante (Silva, Taranto e Piasecki, 2006). A Ginástica Laboral tem a particularidade de ser desenvolvida em ambiente de trabalho, por isso é também designada por ginástica da empresa e ginástica do trabalho (Fonseca, 2006). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 86 Os Programas de Ginástica Laboral têm também o propósito de diminuir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais, de despertar o trabalhador a partir da quebra da rotina, preparando a musculatura para as ações habituais do trabalho, ativando a circulação sanguínea, aumentando a oxigenação do cérebro e contribuindo para a retoma da atenção e concentração no trabalho (Silva, Taranto & Piasecki, 2006). Este tipo de atividade para além de ter influência no bem estar físico do indivíduo, contribui para a melhoria do clima organizacional, para a satisfação com as condições de trabalho, bem como para o efeito hawthorne (de uma forma muito simplificada podemos entender como o efeito que a atenção prestada pela empresa ao colaborador tem no seu comportamento e consequente influência na produtividade deste) (Maciel, Albuquerque, Melzer & Leônidas, 2005) Gouveia (2011), refere que a ginástica laboral é uma forma excelente de promoção de qualidade de vida levando a uma melhoria do bem-estar físico e mental do trabalhador, que pode ser usada como estratégia para alcançar um equilíbrio entre produtividade e a satisfação/motivação dos trabalhadores no trabalho. Ainda apoiando os efeitos da Ginástica Laboral, Souza & Jóia (2011), referem os Programas da Ginástica Laboral como programas fisioterapêuticos que visam não só os benefícios pessoais no trabalho (minimizando impactos negativos originados pelo sedentarismo), mas também a promoção do convívio social entre os colaboradores. É este convívio, que normalmente não tem a rigidez na postura do colaborador, que permite uma maior descontração contribuindo para a melhoria do clima organizacional referida por Maciel, Albuquerque, Melzer & Leônidas (2005). A Ginástica Laboral surge na tentativa de prevenir doenças ocupacionais de que o sedentarismo é exemplo. Segundo Valquíria em Confef (2007), o bem estar físico de um colaborador garante a eficiência e eficácia do mesmo, assim como diminui os riscos de invalidez ou de aposentação precoce. Também o stress, uma das doenças mais populares dos tempos modernos pode ser Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 87 prevenido pela prática deste tipo deginástica (Bergamaschi, Deutsch & Ferreira, 2002). Souza & Jóia (2011) e Bergamaschi, Deutsch & Ferreira (2002) concluem que a ginástica laboral produz benefícios físicos incontestáveis, promove ainda o aumento da auto estima, que por sua vez aumenta a auto confiança, que no âmbito empresarial leva ao aumento do desempenho e da produtividade. Algumas empresas utilizam as atividades físicas em contextos terapêuticos, como suporte de terapias psicológicas tradicionais, mostrando efeitos positivos no aumento da auto estima, humor, estabilidade e histamina, na redução da ansiedade, neuroticismo e stress, assim como em quadros depressivos leves ou moderados (Maciel, Albuquerque, Melzer & Leônidas, 2005). Bergamaschi, Deutsch & Ferreira (2002) referem como pontos positivos, a liberação de movimentos bloqueados por tensões emocionais, obtendo a sensação de um corpo mais relaxado, melhoria na coordenação motora reduzindo o gasto energético para a execução das suas tarefas diárias ativando o aparelho circulatório, preparando o corpo para a atividade muscular, desenvolvimento da consciência corporal, proporcionando bem estar físico e mental. Num outro contexto, mas intimamente ligado com os benefícios já apresentados, Martins, M., (2000), refere a importância destes programas na diminuição dos casos de lesões de esforços repetitivos e doenças osteo musculares relacionados com o trabalho, para o aumento da produtividade e para um maior retorno financeiro para empresas. Bergamaschi, Deutsch & Ferreira (2002) vêm a ginástica laboral uma forma de compensar os movimentos autómatos que provocam estes graves distúrbios. Salve & Theodoro (2004) refere que os funcionários, com o objetivo de garantir os salários e empregos, encontram-se obrigados a atingir metas impostas, sujeitando-se a constantes complicações locomotoras, como desconforto e dores posturais. A falta de compensação destes esforços provoca o desenvolvimento de desconfortos físicos, aumenta o stress e o absentismo. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 88 “Os diversos setores empresariais, sob o enfoque do melhor desempenho comercial passaram a investir em seus funcionários por meio de medidas profiláticas aos traumas físicos e psicológicos, já que esses são justificados pela intensificação do trabalho e pela busca incessante da produtividade e agilidade” (Souza & Jóia, 2011). Apesar do empresário indiscutivelmente lucrar com a diminuição do absentismo e aumento da produtividade, é o empregado que sente, “na pele”, os inúmeros benefícios desta atividade (Martins & Duarte (2000). A preocupação com a ergonomia nos ambientes de trabalho tem assumido relevância nas empresas desde que foi indicada como uma das maiores responsáveis pelo absentismo, como já referimos no início deste capítulo. Além dos afastamentos originar custos, a qualidade de vida dos trabalhadores fica comprometida, podendo surtir efeitos psicilógicos e sociais negativos (Salve & Theodoro 2004). A Ginástica Laboral apareceu em 1925 na Polónia, onde foi (oficialmente) pela primeira vez utilizada como ferramenta ergonómica para melhorar a saúde do trabalhador e aumentar a sua produtividade (Martins & Duarte (2000). Para concluir, podemos dizer que os diferentes autores entendem que a Ginástica Laboral visa a promoção de saúde e a melhoria das condições de trabalho, melhora o relacionamento interpessoal, e reduz os acidentes de trabalho o que leva a um aumento da produtividade, gerando um maior retorno financeiro para as empresas. Fica também “clara a importância do trabalho para a qualidade de vida das pessoas, se considerarmos que é no trabalho que se passa a maior parte de suas vidas enquanto acordados e que os seus reflexos se estendem, de forma acentuada, sobre o seu bem estar mesmo quando não estão trabalhando”. “Sob esta ótica, os benefícios advindos da atividade física refletem-se sobre o trabalho e, por outro lado, usar parte do tempo destinado ao trabalho para engajar-se em um programa de atividade física melhora o bem estar do indivíduo e também o seu grau de satisfação profissional (Battisti, Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 89 Guimarães & Simas, 2005). Resultados de estudos sobre a influência de Programa de Ginástica Laboral Fonte Empresa Resultados Alves e Vale cit Oliveira (2007) Faber-Castell Nec do Alves Brasil Siemens Atlas Copco Brasil Diminuição nos casos de LER. Diminuição de 40% do volume de queixas de dores corporais. Redução de 60% de reclamações de dores corporais. Diminuição de 20% no número de acidentes de trabalho. Pavan e Michels, apud Mendes e Leite cit Oliveira (2007) Duas empresas alimentícias do Sul do país Aumento da produção em 27% (passou de 30 para 38 frangos por minuto). Após doze semanas a implantação da Ginástica Laboral, houve uma diminuição de 40% dos acidentes do trabalho. Oliveira cit Oliveira (2007) Xerox do Brasil Aumento da produtividade até 39%. Revista Economia e Negócio cit Oliveira (2007) Embraco Queda do número de casos confirmados de LER de 46, em 1997, para 5, em 1999. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 90 Fonte Empresa Resultados Guerra cit Oliveira (2007) Cimentos Votarantin (Rio Branco) Aumento de produtividade: o carregamento aumentou de 12 mil para 14 mil sacos Ferreira cit Oliveira (2007) Cecrisa Num ano de implantação do programa, constatou-se um aumento em torno de 17% na produtividade e uma diminuição das ausências e de afastamento em torno de 70% Martins e Duarte cit Oliveira (2007) Dona-Albarus (Gravataí- RS) Eletrônica-Selenium Após três meses de Ginástica Laboral, houve uma diminuição de 46% dos acidentes ocorridos e de 54% da procura ambulatorial Em seis meses de Ginástica Laboral, o índice de abstenção ao trabalho decresceu 86,67% as dores corporais, 64% e 100% dos trabalhadores afirmaram estar mais dispostos a realizar as suas tarefas traumato ortopédicas. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 91 Fonte Empresa Resultados Confef (2007) Alcoa - fábrica de São Luis, no Maranhão. Aumento de produtividade e motivação dos funcionários Benefícios para o trabalhador: melhoria das articulações, engajamento profissional na atividade diária, maior atenção dos funcionários em relação aos aspetos de segurança, maior interação da equipa e disposição para realização de outras atividades físicas, após o trabalho desenvolvido com a ginástica. Rede Accor Queda de 30% no afastamento do trabalho Benefícios para o trabalhador: melhoria na qualidade de vida e integração. Segundo Elaine Aere, diretora dos Recursos Humanos, a ação acompanhada de um programa de saúde, teve um óptimo resultado. Em três anos, o custo no setor de saúde manteve-se estável, apesar do aumento de colaboradores. Laboratório Sabin (Brasilia) Queda das faltas e apresentação de atestados de saúde de 12,5%, em 2005, para 11% em 2007 Benefícios para o trabalhador: motivação, melhoria na saúde e bem estar. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores daOdlo Portugal Têxteis 92 Fonte Empresa Resultados Confef (2007) TV Globo (Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília) Melhoria de qualidade de vida dos funcionários, redução do absentismo (faltas no trabalho decorrentes de problemas de saúde) e aumento da produtividade de toda a equipa. Benefícios para o trabalhador: 11% não sentem cansaço excessivo no corpo; 7% relatam maior relaxamento e 5% afirmam dormir melhor desde que iniciaram a ginástica laboral. Além disso, 19% relatam que sentem mais conforto nos braços, 12% na região do ombro, 8% nas pernas, 5% na coluna lombar, 4% na região da nuca e do pescoço. Pohl et al cit Salve e Theodoro (2004) Biblioteca Central da Universidade de Santa Cruz do Sul Melhoria da integração entre os funcionários, auxiliou no combate ao stress e as lesões do dia-a-dia e ainda o incremento da flexibilidade Costa cit Bemstar, (2005) Fundação Hudes Aumento de 2 a 5 % na produtividade e uma diminuição de 20 a 25% nos acidentes de trabalho, bem como 10 a 15% na rotatividade e 15 a 20% no absentismo Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 93 Fonte Empresa Resultados Martins e Barreto (2007) Instituto de Física da Universidade de São Paulo (funcionários administrativos) Aumentou o bem-estar e qualidade de vida, uma melhoria da disposição e uma progressão de valores que partiu dos 85% e atingiu os 100% em 2004; a melhoria no relacionamento com os funcionários passou dos 62% para os 92% em 2005. Martins, C. (2000) Orgão federal 51,6% dos colaboradores ficaram satisfeitos, 30% bastante motivados, 63,7% dos indivíduos referiram que o ambiente de trabalho melhorou, tornando-se mais agradável e a saúde percebida melhorou em 47,8% dos funcionários. Reis, Moro, Miranda, Santos e César (2003) Setor de costura de uma Empresa Têxtil Diminuição significativa nos atestados médicos por lombalgias Pereira cit Fonseca (2006) Seis empresas catarinenses Alterações significativas na melhoria do relacionamento com os colegas, maior integração entre os empregados, maior disposição para o trabalho, diminuição dos níveis de stress, alívio das dores corporais, maior sensação de bem-estar, maior estímulo para a atividade física fora da empresa, redução de tabagismo e da quantidade ingerida de bebidas alcoólicas. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 94 Fonte Empresa Resultados Bergamaschi, Deutsch e Ferreira (2002) Indústria de preservativos de São José dos Campos - SP Redução da fadiga e regulação do sono, redução significativa de sintomas como stress, falta de concentração, angústia, depressão, mudanças bruscas de humor e irritação. Outro aspeto positivo descrito foi a possibilidade de sair de um ambiente rígido entre colegas de trabalho, podendo extravasar e conversar com os colegas, aliviando o stress, deste modo o colaborador trabalhará melhor. Quadro 7 – Efeitos de Programas de Ginástica Laboral em diferentes empresas Uma organização saudável necessita de pessoas/colaboradores saudáveis. A Ginástica Laboral é de grande valia tanto para o empregado como para o empregador (Bergamaschi, Deutsch & Ferreira, 2002 e Gouveia, 2011) contribui para um melhor clima organizacional e para a satisfação com as condições de trabalho (Maciel, Albuquerque, Melzer & Leônidas, 2005). Vários estudos mostram uma diminuição nas despesas por conta da redução dos índices de acidentes de trabalho, de faltas devido a doenças, de licenças médicas ou de intervenções cirúrgicas (Confef, 2007). A prática deste tipo de incentivos permite ainda o aumento da produtividade global e melhoria no desempenho de funções. Além disso, com o incentivo às relações interpessoais, o ambiente torna-se mais leve e saudável (Confef, 2007). A ginástica laboral ocupa cada vez mais espaço, isto porque, a prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho contribuem para a redução do absentismo (tempo de trabalho perdido quando os empregados faltam) (Confef, 2007 e Bergamaschi, Deutsch & Ferreira, 2002), rotatividade dos funcionários e afastamentos médicos por dores e lesões (Bergamaschi, Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 95 Deutsch & Ferreira, 2002) e para o aumento da produtividade empresarial (Confef, 2007). Valquíria em Confef (2007) refere ainda que diminui os riscos de invalidez ou de aposentação precoce. Segundo Kropf em Confef (2007) a prática da ginástica laboral combate a ansiedade e promove a qualidade de vida e a saúde. O melhor de tudo gera um ambiente ideal para maior integração entre os funcionários. A GL não tem só benefícios a nível físico e mental, mas também a nível social. Bergamaschi, Deutsch & Ferreira (2002) verificaram que os colaboradores sujeitos ao Programa de GL melhoraram o seu relacionamento com os colegas de trabalho, a socialização permitiu a redução dos problemas de relacionamento do trabalho, ou seja contribuindo para a melhoria do ambiente organizacional e reduzindo conflitos no local de trabalho. Os benefícios não se parecem ficar só pelo local de trabalho, visto que a redução do stress, diminuição dos problemas físicos e psicológicos influenciam de forma positiva o relacionamento familiar. Um colaborador estará mais motivado quando sente que a empresa se mostra preocupada com o seu bem estar no local de trabalho (Bergamaschi, Deutsch & Ferreira, 2002), esta é uma das premissas essenciais no efeito hawthorne. Nos próximos capítulos iremos analisar a satisfação de um grupo de trabalhadores integrados num Projeto de Exercício físico, que inclui a realização de três sessões semanais e avaliação física regular, projeto que teve a duração de cinco anos. Vamos entender qual o propósito, o objetivo por trás da implementação desta prática pela parte do Administrador da Empresa e como esta foi percebida pelos funcionários. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 96 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 97 2.Metodologia 2.1.Amostra A amostra é constituída por 15 trabalhadores, pertencentes à Empresa “Odlo” Portugal Têxteis. Esta Empresa está localizada na Zona Industrial da Maia e destina-se à confeção de vestuário desportivo. A “Odlo” Portugal pertence à Empresa Odlo Internacional que teve origem na Noruega em 1946, por Odd Roar Lofterod Senior. Desde 1983 que a sua sede se situa em Zug, Suiça e conta com cerca de vinte empresas do setor de manufactura, na sua maioria situadas na Europa. A Empresa em Portugal é considerada uma média empresa e os trabalhadores aqui estudados são funcionários que maioritariamente trabalham nos ateliers e escritório. Estes colaboradores integraram um Projeto de Exercício Físico em 2008, por iniciativa do seu Administrador, que consistia na realização de duas sessões semanais, sendo sujeitos a avaliações físicas com alguma regularidade. Em 2010, foi acrescentada uma sessão semanal às duas já existentes. Estas sessões normalmente decorriam no início da jornada, os colaboradores deslocavam-se a um ginásio, onde tinham uma Professora sem vínculo ao Ginásio, que orientava sessões de vários tipos – Musculação, Hidroginástica, Hidrobike, Spinning, Natação,Step e Localizada. Após as sessões, os colaboradores deslocavam-se para o local de trabalho, dando início ao seu horário de trabalho. Os funcionários eram muito assíduos e normalmente as suas faltas deviam-se a: Período de Férias Atraso nas tarefas no trabalho Viagens de trabalho Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 98 80% 20% Género Género Feminino Género Masculino Caracterização da Amostra A amostra do presente estudo é constituída por 15 indivíduos, dos quais 20% do género masculino, 3 indivíduos, e 80% do género feminino, 12 colaboradores. Género Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid feminino 12 80,0 80,0 80,0 masculino 3 20,0 20,0 100,0 Total 15 100,0 100,0 Quadro 8 - Género A média de idades é de 36,3 anos, com um desvio-padrão de 12,7 anos, sendo que o elemento com menor idade possui 23 anos e o de maior idade 69. idade N Valid 15 Missing 0 Mean 36,33 Std. Deviation 12,659 Minimum 23 Maximum 69 Quadro 9 - Idade Gráfico 1 - Género Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 99 idade Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid 23 1 6,7 6,7 6,7 24 1 6,7 6,7 13,3 25 1 6,7 6,7 20,0 29 1 6,7 6,7 26,7 30 4 26,7 26,7 53,3 34 1 6,7 6,7 60,0 36 1 6,7 6,7 66,7 38 1 6,7 6,7 73,3 46 1 6,7 6,7 80,0 50 1 6,7 6,7 86,7 51 1 6,7 6,7 93,3 69 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 Os colaboradores que integram este projeto têm diferentes tipos de escolaridade; 1 dos colaboradores possui Mestrado, outro uma Pós- 23 anos; 1 24 anos; 1 25 anos; 1 29 anos; 1 30 1anos; 4 34 anos; 1 36 anos; 1 38 anos; 1 46 anos; 1 50 anos; 1 51 anos; 1 69 anos; 1 Idade Gráfico 2 - Idade Quadro 10 - Dados descriminados relativamente à idade Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 100 Graduação, 4 Licenciatura, 2 Bacharelato, 2 Curso Profissional, 1 o 12º Ano de Escolaridade, 4 o 9º Ano de Escolaridade. escolaridade Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid 9ºano escolaridade 4 26,7 26,7 26,7 12ºano escolaridade 1 6,7 6,7 33,3 Curso Profissional 2 13,3 13,3 46,7 Bacharelato 2 13,3 13,3 60,0 Licenciatura 4 26,7 26,7 86,7 Pós-Graduação 1 6,7 6,7 93,3 Mestrado 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 Dos 15 funcionários pertencentes à amostra, a sua maioria, 67% tem um contrato por tempo indeterminado equivalente a 10 indivíduos, 3 têm contrato por 1 ano equivalente 20% da amostra e 2 realizam prestação de serviços (3%). Mestrado; 1 Pós-Graduação; 1 Licenciatura; 4 Bacharelato; 2 Curso Profissional; 2 12º Ano de escolaridade; 1 9º Ano de escolaridade; 4 Escolaridade Quadro 11 - Escolaridade Gráfico 3 - Escolaridade Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 101 contrato Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Prestação de Serviços 2 13,3 13,3 13,3 Por um Ano 3 20,0 20,0 33,3 Tempo Indeterminado 10 66,7 66,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 Relativamente ao horário de trabalho, a maioria possui um horário fixo, 13 dos 15 colaboradores, 87% e somente dois flexível, 13%. horário Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid fixo 13 86,7 86,7 86,7 flexível 2 13,3 13,3 100,0 Total 15 100,0 100,0 Contrato de Prestação de Serviços; 2 Contrato por 1 ano; 3 Contrato por tempo Indeterminado; 10 Tipo de Contrato Quadro 12 - Tipo de Contrato Gráfico 4 -. Tipo de Contrato Quadro 13 - Tipo de Horário Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 102 O Número de horas despendidas para o trabalho varia entre as 9 (mínimo) e 60 horas (máximo). O colaborador que respondeu as 9 horas, horário mínimo exerce a função de Enfermeiro e parte do seu trabalho não é efetuado na Empresa, mas sim em Domicílio, prestando os seus serviços aos funcionários, familiares e vizinhos da Empresa. O número médio de horas despendidas no trabalho é de 47,9 horas com um desvio-padrão de 11,9 horas. Quarenta e sete (47%) dos colaboradores despende cinquenta (50) horas semanais. Horário Fixo; 13 Horário flexível; 2 Tipo de Horário Horas N Valid 15 Missing 0 Mean 47,9333 Std. Deviation 11,90718 Minimum 9,00 Maximum 60,00 Gráfico 5 - Tipo de Horário Quadro 14 - Número de horas de trabalho Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 103 Na sua maioria, os colaboradores inseridos neste Projeto desempenham as suas funções ao nível da Linha Hierárquica, Tecnoestrura e Logística, sendo que 53% dos colaboradores pertencentes á linha hierárquica, 40% à Tecnoestrutura e os restantes 7% à Logística. 9 Horas; 1 40 Horas; 1 45 Horas; 1 47 Horas; 1 50 Horas; 7 53 Horas; 1 55 Horas; 1 60 Horas; 2 Número de horas de Trabalho Semanal Horas Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid 9,00 1 6,7 6,7 6,7 40,00 1 6,7 6,7 13,3 45,00 1 6,7 6,7 20,0 47,00 1 6,7 6,7 26,7 50,00 7 46,7 46,7 73,3 53,00 1 6,7 6,7 80,0 55,00 1 6,7 6,7 86,7 60,00 2 13,3 13,3 100,0 Total 15 100,0 100,0 Quadro 15 - Número de horas de trabalho discriminadas Quadro 15 – Número de horas de trabalho discriminadas Gráfico 6 - Número de horas de trabalho Quadro 15 – Número de horas de trabalho discriminadas Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 104 funções Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Linha Hierárquica 8 53,3 53,3 53,3 Tecnoestrutura 6 40,0 40,0 93,3 Logística 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 2.2.Instrumentos de avaliação Dada a especificidade deste trabalho, tivemos a necessidade de desenvolver um questionário para analisar as variáveis em estudo. Como base para este questionário foi usado o Questionário de Satisfação no Trabalho S21/26 de Meliá e Pieró (1989). Existem vários instrumentos de medida para a avaliação da satisfação no trabalho, entre eles destacamos, o Questionário de Medida de Satisfação no trabalho (QMST), o Índice de Satisfação Profissional (ISP) (Alves, 2010) e os Questionários de Satisfação no Trabalho de Meliá e Peiró (S 4/82, S 20/23, S Linha Hierárquica; 8 Logística; 1 Tecnoestrutura; 6 Nível a que desempenha as funções Quadro 16 - Funções Gráfico 7 - Funções Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 105 21/26, S 10/12). Existem outros instrumentos semelhantes, no entanto, mais direcionados para a avaliação da qualidade de vida do colaborador, portanto sem interesse para o presente trabalho. O Questionário de Medida de Satisfação no trabalho (QMST), consiste numa escala desenvolvida com base em sete dimensões da satisfação no trabalho; satisfação geral, desgaste físico e psicológico, status da função, localização da empresa, benefícios compensadores, reconhecimento e desenvolvimento pessoal (Alves, 2010). O Índice de Satisfação Profissional (ISP) – Sickness Impact Profile é uma escala que mede o nível de satisfaçãoe que se baseia em seis dimensões; status profissional, requisitos do trabalho, normas organizacionais, remuneração, interação e autonomia (Alves, 2010). O Questionário de Satisfação no Trabalho S 4/82 tem como objetivo permitir uma avaliação meticulosa e especificada da satisfação no trabalho envolvendo um conjunto amplo de fatores associados a esta variável. Este questionário de Meliá e Pieró, avalia o grau de satisfação em seis dimensões, satisfação com a supervisão e participação, satisfação com o ambiente físico de trabalho, satisfação com benefícios materiais e outras recompensas complementares, satisfação intrínseca com o trabalho e satisfação com o salário, benefícios básicos e segurança no trabalho e satisfação com as relações interpessoais (Alves, 2010, Meliá & Pieró, 1989 e Ferreira et al, 2010). Este questionário incluía 82 itens e tornava-se um instrumento bastante extenso implicando custos elevados. As alternativas de resposta inscrevem-se numa escala de 7 pontos (escala de Likert), muito satisfeito, bastante satisfeito, algo satisfeito, indiferente, algo satisfeito, bastante satisfeito e muito satisfeito. Este tipo de resposta traz alguns problemas, o facto de existirem várias opções leva a que surjam muitas respostas de categoria indiferente (Ferreira et al, 2010 e Mélia et al 1990), o que nos leva a acreditar que a questão não seja entendida ou que a resposta seja dada sem ponderação. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 106 Na tentativa de procurar uma solução para estas falhas no questionário S4/82, os mesmos autores realizaram várias versões reduzidas que mantêm as propriedades psicométricas do questionário inicial: S 21/26, S 20/23 e S 10/12. As versões S 20/23 e 10/12 mantêm as alternativas de resposta numa escala de Likert, no entanto, a primeira versão inclui 23 itens extraídos do questionário inicial com uma estrutura fatorial de cinco dimensões - satisfação com a supervisão, satisfação com o ambiente físico, satisfação com os benefícios recebidos, satisfação intrínseca com o trabalho e satisfação com a participação. Na versão S10/12, o questionário inclui 12 itens e avalia somente 3 dimensões, satisfação com a supervisão, satisfação com o ambiente físico e satisfação com os benefícios recebidos(Ferreira et al, 2010). Apesar de menos dispendiosos que o questionário original (S4/82), estas versões são ainda consideradas com elevados custos temporais, dispendiosas e revelam dificuldades de resposta especialmente relacionadas com a idade e o nível profissional/educativo dos trabalhadores, que por vezes não podem ser ajustadas. Assim surge a versão reduzida S 21/26 com 26 itens, com resposta de formato dicotómico evitando-se as respostas de categoria indiferente, mantendo a qualidade psicométrica das versões anteriores, permitindo avaliar seis dimensões, satisfação com a supervisão e participação, satisfação com o salário e benefícios, satisfação intrínseca com o trabalho, satisfação com o ambiente físico, satisfação com a quantidade de produção e satisfação com a qualidade de produção (Ferreira et al, 2010 e Melia et al, 1990). Este questionário tem a vantagem de mostrar adequadamente o conteúdo das versões anteriores com menos itens e com uma forma mais simples de resposta pelo seu carater dicotómico (Meliá et al, 1990). Dado que as variáveis que se pretendem analisar neste trabalho estão relacionadas com os incentivos não monetários (non cash) o questionário mais adequado será o Questionário de Satisfação no Trabalho. No entanto, e como se pretende analisar o Exercício Físico como incentivo, surgiu a necessidade de adaptar as questões. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 107 Após a análise dos questionários da satisfação no trabalho, dados os pontos negativos na aplicação das versões original (S 4/82) e reduzidas S 20/23 e S 10/12, dadas as variáveis em estudo, escolhemos como instrumento base para a formulação do nosso questionário a versão S 21/26. Este questionário é mais breve, simples de baixo custo, com formato de resposta dicotómica (verdadeiro/falso) e mantém a fiabilidade, validade e estrutura do documento original (S4/82) (Mélia et al, 1990). Teve de ser realizada uma adaptação do questionário dada a necessidade de avaliar a satisfação dos colaboradores com o Projeto aplicado. Mantendo algumas questões da versão original, relacionadas com as dimensões da satisfação com a supervisão, satisfação com benefícios e satisfação com o ambiente interpessoal. Para além da aplicação do questionário realizaremos uma entrevista semi-estruturada ao Gestor/Administrador dos Recursos Humanos que consistirá numa recolha de opinião e a sua interpretação simples. Procedimentos Após a adaptação do questionário e construção da entrevista, foi realizada uma análise por dois peritos da área, com o objetivo de identificar a possível existência de perguntas-problema. Assim foi verificada a necessidade de modificar questões, de alterar o formato ou ainda de eliminar alguma questão. Para evitar quaisquer problemas na interpretação das questões, os colaboradores tiveram ao seu dispor o entrevistador. O preenchimento do questionário teve uma duração não superior a cinco minutos e teve lugar num gabinete isolado da empresa. Para a interpretação dos dados foi realizada uma análise descritiva dos dados através do Programa IBM SPSS Statistics, versão 20. A entrevista foi gravada com entrevistador presente, de forma a orientar a entrevista, permitindo uma melhor interpretação das questões e uma maior adequação da resposta. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 108 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 109 3.Apresentação e Discussão dos Resultados 3.1.Apresentação dos Resultados Após a aplicação dos questionários e entrevista obtivemos os resultados que se seguem. Neste capítulo iremos apresentar a estatística descritiva relativa aos dados obtidos no questionário e as respostas relativas à entrevista. Q1.Tenho uma relação com os meus chefes satisfatória O ponto número um do questionário tinha como objectivo saber se a relação que os colaboradores tinham com os seus superiores era satisfatória. Verificou-se esta relação é satisfatória para todos os colaboradores sem exceção. Q1 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 Q2.A supervisão á qual estou sujeito/a satisfaz-me Relativamente à questão número dois, relacionada com a satisfação com a supervisão a que se está sujeito, somente 3 dos colaboradores, que representam 20% da amostra responderam que não estavam satisfeitos. Q2 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 12 80,0 80,0 80,0 Falso 3 20,0 20,0 100,0 Total 15 100,0 100,0 Quadro 17 - Questão 1 Quadro18 - Questão 2 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 110 Q3.Estou satisfeito/a com o cumprimento das leis laborais Na questão número três procura-se entender se o colaborador está satisfeito com o cumprimento das leis laborais, na qual 11 colaboradores 73%, respondeu que se encontra satisfeito. Q3 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 11 73,3 73,3 73,3 Falso 4 26,7 26,7 100,0 Total 15 100,0 100,080% 20% Satisfação com a supervisão V F 73% 27% Satisfação com o cumprimento das leis laborais V F Gráfico 8 - Satisfação com a supervisão Quadro 19 - Questão 3 Gráfico 9 - Satisfação com o cumprimento das leis laborais Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 111 Q4.A minha empresa trabalha com justiça e igualdade Relativamente à justiça e igualdade com que a empresa trabalha (questão 4), 20% dos colaboradores mostraram-se insatisfeitos contra os restantes 80% que se encontram satisfeitos. Q4 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 12 80,0 80,0 80,0 Falso 3 20,0 20,0 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q5.Estou satisfeito/a com as relações com os meus colegas A satisfação relativa às relações com os colegas foi avaliada na questão nº 5, na qual somente 2 colaboradores se encontram insatisfeitos 13%. 80% 20% Satisfação com a justiça e igualdade V F Quadro 20 - Questão 4 Gráfico 10 - Satisfação com a justiça e igualdade Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 112 Q5 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 13 86,7 86,7 86,7 Falso 2 13,3 13,3 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q6.Conviver com os colegas de trabalho é importante para potenciar o espírito de grupo Os colaboradores na sua totalidade afirmam que conviver com os colegas de trabalho é importante para potenciar o espírito de grupo (questão 6). Q6 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 Q7.Na minha empresa tenho oportunidades de promoção e progressão na carreira satisfatórios Na questão 7, relativamente à satisfação com as oportunidades de promoção e progressão na carreira, 3 dos colaboradores (20%), respondeu que não estavam satisfeitos. Num dos casos o colaborador colocou a razão, pois a sua formação e carreira é no ramo da saúde e não no ramo têxtil, por isso a possibilidade de progressão não existe. Q7 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 12 80,0 80,0 80,0 Falso 3 20,0 20,0 100,0 Total 15 100,0 100,0 Quadro 21 - Questão 5 Quadro 22 - Questão 6 Quadro 23 - Questão 7 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 113 Q8.Estou satisfeito/a com a formação que a empresa me proporciona 14 dos colaboradores 93 encontram-se satisfeitos com a formação que a empresa proporciona. Q8 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 14 93,3 93,3 93,3 Falso 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 80% 20% Satisfação com oportunidades de promoção e progressão na carreira V F Gráfico 11 - Satisfação com oportunidades e progressão na carreira 93% 7% Satisfação com a formação proporcionada pela empresa V F Quadro 24 - Questão 8 Gráfico 12 - Satisfação com a formação proporcionada pela empresa Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 114 Q9.Os prémios monetários são muito importante para que eu me sinta recompensado/a Relativamente à importância dos prémios monetários, 73,3% dos colaboradores (11 elementos) refere que são importantes para se sentirem motivados. Q9 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 11 73,3 73,3 73,3 Falso 4 26,7 26,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q10.A flexibilidade de horário é algo que me satisfaz Na questão 10 pretende-se saber se existe satisfação com a flexibilidade de horário, nesta questão a maioria dos colaboradores 93% (14 elementos) disseram que sim, apesar de na sua maioria possuírem um horário fixo, a empresa permite algumas facilidades no horário de saída. 73% 27% Importância dos prémios monetários como recompensa V F Gráfico 13 - Importância dos prémios monetários como recompensa Quadro 25 - Questão 9 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 115 Q10 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 14 93,3 93,3 93,3 Falso 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q11.Um “obrigado” ou “bom trabalho” têm tanto ou mais impacto para mim do que qualquer prémio monetário Uma das questões referia o impacto do reconhecimento verbal relativamente ao impacto de um prémio monetário, o qual somente 1 dos colaboradores respondeu que o prémio monetário teria mais impacto. Q11 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 14 93,3 93,3 93,3 Falso 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 93% 7% Satisfação com a flexibilidade do horário de trabalho V F Gráfico 14 - Satisfação com a flexibilidade do horário de trabalho Quadro 26 - Questão 10 Quadro 27 - Questão 11 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 116 Q12.Por vezes é importante pararmos para pensar em tudo o que a empresa faz por nós Todos os colaboradores responderam que é importante parar para pensar no que a empresa faz pelos seus trabalhadores (questão nº12). Q12 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 Q13.O reconhecimento diário em relação ao meu trabalho é muito importante para a minha motivação A Totalidade dos funcionários (100%) afirma que o reconhecimento diário é um fator motivacional (questão nº13). Q13 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 93% 7% Impacto do reconhecimento verbal comparativamente ao monetário V F Gráfico 15 - Impacto do reconhecimento verbal comparativamente ao monetário Quadro 28 - Questão 12 Quadro 29 - Questão 13 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 117 Q14.Desde que a empresa me pague o salário e dê prémios que me satisfaçam está tudo bem Somente 1 dos colaboradores afirma que desde que a empresa lhe pague o salário e os prémios que está satisfeito (questão nº14). Q14 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 1 6,7 6,7 6,7 Falso 14 93,3 93,3 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q15.Aquilo que faço na comunidade é muito importante para mim Para todos os colaboradores (100%) o seu contributo para a comunidade é importante. Q15 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 7% 93% Importância exclusiva dos prémios monetários V F Gráfico 16 - Importância exclusiva dos prémios monetários Quadro 30 - Questão 14 Quadro 31 - Questão 15 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 118 Q16.Ser recompensado pelos anos de trabalho é um passo fundamental ao meu comportamento A compensação pela antiguidade é algo que 67% dos colaboradores afirma ser fundamental para o seu comportamento. Q16 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 10 66,7 66,7 66,7 Falso 5 33,3 33,3 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q17.Para mim são importantes as sessões de exercício físico proporcionadas pela sua entidade patronal As sessões de exercício físico que a entidade patronalproporciona aos colaboradores são algo que é considerado importante por todos os colaboradores. Q17 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 67% 33% Importância da compensação pelos anos de trabalho V F Gráfico 17 - Importância da compensação pelos anos de trabalho Quadro 32 - Questão 16 Quadro 33 - Questão 17 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 119 Q18.Sinto que as relações com os meus colegas de trabalho melhoraram com o convívio nas sessões de exercício físico 14 dos colaboradores 93% da amostra, afirmam que as relações com os seus colegas melhoram com o convívio nas sessões de exercício físico. Q18 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 14 93,3 93,3 93,3 Falso 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q19.As sessões de exercício físico fizeram-me sentir mais apto e mais eficiente na realização das tarefas no trabalho Relativamente à influência das sessões de exercício físico na aptidão para o desempenho das tarefas no trabalho, 93% dos inquiridos (14) responderam positivamente. 93% 7% Melhoria das relações com os colegas pelo convívio nas sessões de EF V F Gráfico 18 - Melhoria das relações com os colegas pelo convívio nas sessões de EF Quadro 34 - Questão 18 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 120 Q19 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 14 93,3 93,3 93,3 Falso 1 6,7 6,7 100,0 Total 15 100,0 100,0 Q20.Senti uma melhoria do ambiente de trabalho após realizar as sessões de exercício físico Na questão relativa à melhoria do ambiente de trabalho 87% dos colaboradores afirma que as sessões de Exercício Físico influenciam positivamente. Q20 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 13 86,7 86,7 86,7 Falso 2 13,3 13,3 100,0 Total 15 100,0 100,0 93% 7% Contributo das sessões de EF na melhoria da aptidão e eficácia nas tarefas laborais V F Gráfico 19 - Contributo das sessões de EF na melhoria da aptidão e eficácia nas tarefas Quadro 36 - Questão 20 Quadro 35 - Questão 19 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 121 Q21.Sinto que a empresa se preocupa com o seu bem estar ao me proporcionar as sessões de exercício físico Todos os colaboradores (100%) responderam que sentem que a empresa se preocupa com o seu bem estar na medida em que proporciona sessões de exercício físico. Q21 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 Q23.Sinto que as sessões de exercício físico melhoraram a minha condição física Q23.Sinto que as sessões de exercício físico melhoraram a minha condição psicológica (melhoria no humor, menor stress, melhoria na autoestima A totalidade dos inquiridos refere que as sessões de exercício físico melhoram a sua condição física (questão 22) e a sua condição psicológica (questão 23). 87% 13% Influência das sessões de EF no ambiente de trabalho V F Gráfico 20 - Influência das sessões de EF no ambiente de trabalho Quadro 37 - Questão 21 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 122 Q22 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 Q23 Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Verdadeiro 15 100,0 100,0 100,0 Entrevista ao Administrador da Empresa 1- No desempenho das suas funções de Gestor/Administrador de Recursos Humanos, qual a importância que têm para si as políticas de recompensas? Eu sempre vi a política de recompensa de uma perspectiva diferente da de um Gestor que só desempenhou as funções de Gestor. Como tive a sorte de ter sido trabalhador antes, via sempre, que uma recompensa não pode ser só uma promessa, pois aquilo que vi e senti, foi que me prometeram coisas que nunca me deram. Por isso, sempre pensei que nunca iria fazer aos meus colaboradores o que me fizeram a mim. Na verdade nunca pensei assumir os cargos que assumi. Pensei um dia ser gestor mas nunca nesta dimensão. Para mim ser Gestor é a mesma coisa que ser pai, não queria cometer os mesmos erros com os meus filhos, que acho os meus pais cometeram comigo. No meu trabalho, sempre pensei que se um dia fosse gestor, não iria prometer uma coisa que nunca iria acontecer. Quando começámos com esta política sempre tive a ideia da recompensa. Ou seja, uma pessoa que trabalha, e que trabalha mais que a maioria, que se destaca pelo seu trabalho deve ser gratificada. É evidente que a forma de gratificação é muito relativa, porque as pessoas pensam logo na Quadro 38 - Questão 22 Quadro 39 - Questão 23 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 123 recompensa monetária. E inicialmente muitas pessoas diziam que preferiam ter um aumento de salário do que ter uma gratificação. No entanto, compensa muito mais gratificar a pessoa, do que usar a recompensa monetária, mas as pessoas só ao longo dos anos é que se apercebem disso. Efetivamente essa gratificação funciona, e elas vêem que ao atingir os objetivos estabelecidos, as metas, vão ganhar mais. Essa gratificação não pode ser pequena. Esta gratificação pode passar pela recompensa monetária, pela passagem para outro setor, ou mudança de função. Outra forma de gratificação usada nesta empresa, é se existe um setor mais organizado a pessoa é passada para esse setor como recompensa. Eu não tenho dúvidas nenhumas que a política de gratificação funciona, no meu ponto de vista, é como em casa. A gratificação não é só monetária, às vezes o facto de passar pela pessoa e perguntar se está bem, faz com que o colaborador se sinta apreciado. É algo que sinto que as pessoas apreciam, sentem-se gratificadas por dispor do meu tempo para conversar com elas acerca do seu bem-estar, principalmente se se encontram doentes. Neste momento, tenho uma colaboradora que se encontra no hospital, e na hora do almoço vou visitá-la, saber se está tudo a correr bem e se precisa de alguma coisa. As pessoas dão muito valor a esta proximidade que tenho com elas. A recompensa acaba por ser tudo isto, o reconhecimento monetário, o elogio, o reconhecimento verbal. Depois as pessoas ligam muito ao material, porque necessitam de dinheiro para colmatar as suas necessidades básicas. Nesta empresa fazemos uma análise, procura-se saber o que poderá estar a falhar. Como sabe a minha maneira de gerir vem muito da religião. A minha forma de gerir revê-se nos valores cristãos. As pessoas que vêm para esta empresa, até podem ser agnósticas, mas têm de entender que os valores que existem nesta empresa são baseados nos valores cristãos. Eu não consigo estar de uma forma na sociedade e não estar da mesma forma na minha empresa. Se eu acredito no evangelho, tento pô-lo em prática junto dos meus colaboradores, podendo correr sempre o risco de ser injusto, pois as pessoas acham sempre que ganham pouco. No entanto, é preciso dar-lhes a entende Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 124 que se as aumentasse, teria de tomar a mesma atitude com todos os colaboradores e que não existe orçamento para tal. Por isso temos de saber gerire analisar. Por isso é melhor manter os salários não muito altos que é uma realidade. Não tenho ninguém a ganhar o ordenado mínimo, no entanto tenho pessoas a ganhar 570€, 600€, 680€. Todos recebem os subsídios de alimentação, de férias, de Natal e por isso, a única maneira que eu possuo, ou que me permite colmatar isto, é através da gratificação, esta equivale pode atingir o valor de um salário e meio. 2- Que incentivos do tipo monetário e não monetário são aplicados atualmente nesta empresa? Para os incentivos monetários existe um orçamento. Existe um salário e meio para cada colaborador, neste momento o valor ronda os 150 000€ para a atribuição monetária. A atribuição dos incentivos anuais é feita através critérios claros. Estes critérios são a assiduidade, criatividade, inovação, produtividade, cuja avaliação é realizada pelas chefes de cada setor. No entanto no critério da assiduidade, mesmo que a pessoa diga que vai acompanhar um familiar ao médico, perde a pontuação relativa à assiduidade. Este tipo de prémio é atribuído duas vezes ao ano, uma em Setembro e outra em Março. Em Setembro, por ser o início do trabalho e em Março/Abril pois é o período mais longo em que elas não têm subsídio de férias. Elas acabam por receber 14 meses e meio, isto ao longo do ano. Eu analiso todas as gratificações, pois quero garantir que ninguém fica sem uma. Não existe ninguém, que não receba uma gratificação e para isso tenho de ter cuidado de ver se a chefe não está a ser injusta com alguma funcionária. Analiso caso a caso, vejo se existe alguma discrepância, e pergunto sempre à chefe o porquê de, se for o caso, estar a atribuir tão pouca percentagem. A nível não monetário, nós temos aqui duas vertentes, temos a parte social que está a funcionar muito bem, cujo nome do projeto chama-se “Próximo de ti” e o “Projeto da Ginástica”. Estes são os dois grandes projetos, depois existem outros de menor dimensão. A nível não monetário temos projetos fabulosos, no Projeto Próximo de ti, atribuímos prendas mensais, cheque prenda, que é um vale postal no valor de 30 euros, para ser usado numa sapataria, onde o colaborador pode comprar calçado para si ou para a família. Com o dar numa loja específica pretende-se Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 125 evitar que o dinheiro seja gasto noutro tipo de produtos, penso que muitas delas iam gastar o dinheiro na pastelaria mais próxima. Desta forma canaliza- se o dinheiro, para que possam ter uma ajuda para comprar para si, para os filhos ou maridos, um par de sapatos de melhor qualidade, que nunca pensariam ter. Por exemplo, se tenho trinta euros (30€) e a empresa me deu mais trinta (30) já posso comprar uns sapatos de sessenta euros (60€). Tentamos assim orientar as pessoas no gasto do dinheiro, uma forma de educar. Essa ação é esporádica, realizada ao longo do ano. De momento estamos a fazer a nível mensal, para as pessoas que almoçam aqui todos os dias. Colocamos dez (10) cheques por baixo do prato da refeição, mas a atribuição tem também um critério, que consiste na assiduidade da pessoa ao almoço e na participação nas atividades da empresa. A nossa enfermeira faz essa triagem e depois tem autorização para fazer a seleção e colocar os vales debaixo do prato. Criámos agora outro incentivo relacionado com a alimentação e outro com o apoio da enfermeira, no entanto reparo que tem de haver sempre da nossa parte (empresa), principalmente da minha parte, o incentivo constante, o estímulo constante, temos de lhes fazer ver, o que elas vão perder se não aderirem a estas recompensas. Temos um protocolo com uma farmácia, em que os colaboradores têm um desconto de dez por cento (10%) na medicação. Os colaboradores referem os medicamentos que necessitam ou os seus familiares, e a enfermeira envia essa lista de necessidades para a farmácia. As pessoas podem fazer a refeição de almoço e jantar por 2,5€. Tínhamos conhecimento de que o valor da refeição rondava os cinco euros (5€). De momento, têm no início da semana a ementa semanal, nós afixamos os pratos disponíveis, e o restaurante com que fizemos o protocolo traz as refeições à empresa. Infelizmente ainda existe quem critique e não adira. Sinto que tem de haver uma constante motivação da nossa parte. Porque as pessoas são diferentes, e umas são mais facilmente motiváveis do que outras. Colocamos ao dispor uma alimentação saudável, fizemos o acordo com um restaurante, em que a empresa participa com parte do valor da refeição. A única contrapartida é que as refeições são selecionadas pela enfermeira. A Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 126 refeição consiste em sopa, pão e prato principal, e vem em tuperwares individuais. Não podemos entrar no critério da obrigação. Como referi, a refeição rondava entre os cinco (5€) e os cinco euros e meio (5,5€), e a funcionária paga dois euros e meio (2,5€), podem pagar só a sopa por um euro (1€). Eles recebem subsídio de alimentação no ordenado, apesar de terem este preço especial na alimentação, ou seja, isto é um acréscimo. O objetivo era que todos almoçassem na empresa para criar união, nós sabemos que infelizmente a empresa está muito dividida pelos armazéns/setores. Como existem seções as pessoas têm muita dificuldade em dialogar, dificuldade em criar espírito de grupo, e eu gostava muito que isso começasse a funcionar, e uma das possibilidades era através dos almoços. Para além de terem um almoço saudável, acabam por poupar dinheiro e trabalho. Sinceramente, pensei que iam aderir menos pessoas, temos uma adesão de quase noventa por cento (90%), temos um total de sessenta e cinco (65) funcionários e temos à volta de cinquenta (50) a cinquenta e cinco (55) refeições pedidas diariamente. Isso é excecional, viu-se que é benéfico, é importante para elas, pois comem aqui coisas que não comem em casa. Tivemos o cuidado de fazer refeições de peixe e carne, refeições variadas, carne branca, carne vermelha, normalmente grelhados, ou cozidos. De vez em quando, vem uma feijoada, porque também tem de ser. Para além disso, todos os meses as pessoas, os colaboradores têm de pelo menos uma vez comer na empresa e essa refeição é paga pela empresa para criar mais o espírito de grupo. A enfermeira dá apoio aos funcionários, seus familiares e ainda à comunidade, isto é, se um funcionário tem conhecimento de um vizinho que necessita de cuidados de enfermagem que possam ser feitos ao domicílio, a nossa enfermeira dá esse apoio. Por exemplo: dá injeções, inclusive se uma funcionária tiver uma filha que esteja doente e não pode ir ao infantário, a enfermeira disponibiliza-se a ficar em casa com a criança. Este projeto com a enfermeira é um auxílio à comunidade. Com esta ação não queremos que a empresa se desligue da comunidade, queremos que exista uma relação muito forte com esta. Achamos que isso é muito importante. Disse às colaboradoras que não queria que isto fosse um oásis, acho que nós cada vez mais, temos de Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 127 partilhar com as pessoas que têm menos, e acho que elas têm de descobrir que na comunidade existem pessoas muito perto de nós a passar necessidade. Eu tenho de ter consciência social, tenho obrigação de ajudar, e quero incutir- lhes esta perspetiva. Quero que pensem que, se o meu patrão me deu esta possibilidade, não é dizer que é a empresa que está a ajudar mas sim sou eu que estou a ajudar. Inicialmente atribuía uma semana de ordenado ao colaborador no seu aniversário, no entanto estavaa ser injusto, porque beneficiava os que tinham um ordenado superior. Então neste momento, estamos a dar um montante fixo de duzentos e cinquenta euros (250€). Acrescido a isto, o aniversariante tem direito a onze refeições grátis, uma para si e tem de convidar dez (10) colegas dentro do local de trabalho para almoçarem nesse dia, tudo financiado pela empresa. A única obrigação do aniversariante é trazer um bolo, com a condicionante de não poder ser comprado, tem de ser de confeção caseira, simples e sem grandes cremes, saudável portanto. Depois temos as atividades esporádicas, por vezes uma dança, uma caminhada, nessas atividades são oferecidas camisolas, fazemos várias iniciativas, para que as pessoas se sintam aqui como em casa, ou até melhor do que em casa. Já realizámos duas caminhadas com a Professora de Ginástica, em que na primeira o colaborador teria de pagar um euro que revertia a uma instituição. O convite à participação na caminhada estendia-se à família e houve uma boa adesão. Na segunda caminhada, as pessoas teriam de contribuir com alimentação para bebés, pois o objetivo era ajudar uma instituição de crianças, então pedíamos papas, cereais, leite, comida, brinquedos para crianças. Podia enumerar mais iniciativas, mas as mais importantes são estas. a. Qual o objetivo da sua implementação? Relativamente ao Projeto da “Ginástica”, foi porque passava pelas colaboradoras e todas elas estavam a ficar muito gordas, principalmente depois de casarem, desleixavam-se. E engraçado que inicialmente na Suíça não aceitaram muito bem esta iniciativa, são culturas bastante diferentes, pensavam que estaríamos a intrometer na vida pessoal das colaboradoras. Mas conhecendo as minhas colaboradoras, sabia que podia implementar isso. Enquanto homem, não gostaria de ter uma mulher assim em casa. Eu Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 128 conheço-as há muitos anos e elas tinham vindo a ganhar muito peso, e engordavam cada vez mais. Eram pessoas bonitas, casaram e começaram a ficar desleixadas. E eu tive o cuidado de não falar diretamente com elas, numa abordagem que faço semanal às responsáveis do setor, conversei com elas para que tomassem sentido no que estava a suceder a determinadas funcionárias, porque não pareciam as funcionárias que conheci. Efetivamente começámos a observar que tal facto derivava de maus hábitos alimentares e da falta de exercício físico. Por isso decidi implementar o Projeto da “Ginástica”, a ideia não visava tanto o aumento da produtividade em si, mas sim a melhoria da saúde das colaboradoras. Notou-se de facto uma menor incidência de certas doenças, não iam tantas vezes ao médico e isso acabou por ter uma influência significativa. Quando apresentei o Projeto as pessoas adoraram. Comecei por tentar fazer no horário pós-laboral e a adesão era reduzida, as pessoas não estão dispostas a ter ginástica ou seja o que for, fora do horário laboral. Num total de dezasseis (16), dezassete (17) colaboradores, só seis (6) é que fariam isso. O horário funcionou muito bem, quando foi durante o horário laboral e é evidente que no início a adesão foi excecional, porque elas sentiram resultados, contudo quando chegaram aquele patamar, ao plateau, começaram com observações do género “Não conseguimos emagrecer mais”. Este Projeto iniciou em 2008, por isso é normal que tenham atingido um equilíbrio. Mas apesar de algumas reações deste tipo funcionou muito bem e ficou incutida a necessidade da prática de exercício físico. Existe sempre esta reação, deixando de ser novidade, aqueles colaboradores mais difíceis de motivar, tomam o incentivo como um dado adquirido, e agem como “o patrão dá porque quer”. Como já disse a união do grupo de trabalho, o ambiente de trabalho é muito importante. Aquilo que vejo é que, se nós andamos chateados connosco, a saúde também decresce, não conseguimos ser saudáveis se andarmos sempre com rancor em relação ao próximo, isso também é fundamental. Criando um bom ambiente de trabalho, também nos é mais fácil detetar os colaboradores que mostram mais rancor, ou que não parecem estar saudáveis. A união de grupo permite ver quem de facto não está bem e começamo-nos a aperceber a razão. Começam a sentir-se mais à vontade para explicar o Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 129 porquê das suas ações. A relação entre colegas e entre superior e funcionário acaba por ser mais próxima. A pessoa má cria sempre muitos mais problemas que a pessoa boa, a pessoa quando está com vontade de fazer o mal, o contágio é muito rápido, e a pessoa boa normalmente não consegue, cativar tanto. Por isso a nossa primeira preocupação é a saúde das pessoas, o bem estar e também evitar comportamentos desviantes. Preocupa-me bastante também a situação laboral dos conjugues, na sua maioria desempregado. Criámos agora uma refeição à noite, com o mesmo preço, as pessoas podem levar a refeição para casa. A refeição à noite permite que quase três pessoas jantem, ou seja, a pessoa com o mesmo valor, que é quase irrisório, pode levar para casa, uma refeição mais composta. Esta medida foi tomada sobretudo a pensar no centro operacional, no entanto, estende-se à linha hierárquica. b. Porquê estes e não outro tipo de incentivos? Eu não sei que outro tipo de incentivos… Eu tento no meu dia a dia, como viajo muito, pensar como poderei fazer estas pessoas mais felizes, como poderei melhorar as condições dos meus funcionários, inclusive peço para as pessoas me apresentarem projetos. Ainda agora disse á enfermeira, “vais de férias, mas a cabeça não vai de férias porque a minha também não vai, e quando chegares eu quero projetos”. “Temos de pensar como podemos incentivar mais o pessoal, tu sabes que uma das prioridades que tenho é a ação social, a empresa tem orçamento para estas ações, por isso quero projetos para o próximo ano”. Nós por vezes damos, e às vezes as pessoas não dão valor. Temos um outro projeto com Cabo Verde, a nossa contabilista foi lá à pouco tempo de férias, e trouxe uma realidade que eu já conhecia. Ela veio muito entusiasmada e estamos a fazer um projeto muito interessante, que é dar apoio a crianças desfavorecidas, apoiar não só cá em Portugal mas também lá. Eu não consigo apoiar lá sem apoiar cá. Como já sei que estamos a apoiar muito aqui, achámos importante fazer este projeto em Cabo Verde. Nós damos apoio aos Vicentinos, a uma instituição de crianças com Síndrome de Down ajudamos a nossa paróquia, temos projetos em que os próprios funcionários, vão ajudar na elaboração e distribuição e cabazes. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 130 Ajudam a Santa Casa da Misericórdia e todos os anos escolhemos duas instituições para apoiar, neste ano achámos uma muito interessante e então escolhemos as três. Nós tínhamos o Dia da Odlo, que atualmente se chama o Dia do Voluntariado, em que todos os funcionários se empenham, e dão de si, ou seja, não é só a empresa dar, a empresa dá a parte monetária. Fazemos uma pareceria com empresas locais e amigos que já nos conhecem e transformamo-nos numa instituição e temos feito coisas lindíssimas. O que transmiti foi que não queria que as ações morressem no dia, gostaria imenso, que os colaboradores voltassem à instituição que ajudámos. Para isso criámos algo que se chama o “Banco do Dador”, em que os funcionários vão de livre vontade ajudar. Neste momento a este banco pertencem dezoito (18) pessoas, que na eventualidade de surgir uma iniciativa em determinado momento, os voluntários sabemquem tem de ir ajudar, alguns podem não poder ir por alguma razão, mas conseguem articular entre eles para que possam dar resposta às necessidades, atuam quase como numa corporação de bombeiros. Este ano já fomos visitar a instituição de deficientes, e os voluntários levaram os filhos e familiares. Os filhos dos nossos colaboradores estiveram a brincar durante este dia com estas crianças com deficiência. O meu objetivo sempre foi esse, não só o funcionário, mas toda a família se preocupar com o próximo. Os projectos são muitos, mas o objetivo é mesmo que os funcionários adiram a este tipo de iniciativas. Por vezes diz-se que não se consegue mudar a sociedade, eu consigo ver, que sim, que se consegue mudar a sociedade, temos é de ajudar a esta mudança e ser persistente. Tenho visto ao longo dos anos que para motivar e manter a satisfação é necessário, renovar o tipo de incentivos e ser persistente, pois as pessoas encontram-se sempre insatisfeitas, faz parte da condição humana, o eterno insatisfeito. Depois temos outros projetos, como o levar roupa e comida aos sem abrigo. c. Sente diferenças significativas na resposta dos colaboradores aos incentivos monetários comparativamente aos não monetários? Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 131 Todos os anos fazemos um questionário para saber a satisfação dos nossos colaboradores. Por exemplo, nos incentivos não monetários temos o auxílio ao banco alimentar, o que vejo cada vez mais é que a pessoa gosta de se dar, mas isto é engraçado porque é com o passar dos anos. No início notava muito que as pessoas davam valor ao receber, porque as pessoas precisam de dinheiro para viver é uma realidade, para satisfazer as necessidades básicas, mas quando se atinge uma estabilidade, um patamar de vida superior, o que motiva a pessoa muda. A pessoa gosta de receber o dinheiro, mas se colocasse a questão aos meus colaboradores, entre receber dinheiro e fazer o que fizeram no dia do voluntariado, eu tenho a certeza absoluta que todos respondiam que preferiam ir ao dia do voluntariado. Pergunta-me se não serão pelos falsos motivos ditos “nobres”, ou se é pela estabilidade que têm pela maioria por pertencer ao quadro. Efetivamente, existem muito poucas pessoas com contratos a termo e têm sempre uma renovação pelo menos de 3 anos, mas o cuidado que tenho quando entrevisto, (pois a última entrevista é realizada por mim) é o de focar sempre, a ação social da empresa. Se o colaborador não fizer parte disto, já não me interessa, não é interessante para esta empresa. Ou seja, a minha seleção passa por saber se a pessoa é sensível ao apoio social, ação social ou não. Se não for, não interessa como colaborador, isso é claro. Porque se não for assim, não vai entrar nesta engrenagem que já está em funcionamento. Pode ser até uma pedra que vá destruir, não vale a pena ter uma pessoa dessas aqui, por isso parto dessa seleção. Depois é engraçado porque as pessoas não estão habituadas a nada disto, quando vêm, aderem e têm nascido até propostas de pessoas novas que entraram para a empresa, muito interessantes. Algumas pessoas que vêm de fora, até dão ideia para novos projetos, porque de certa forma já sentiram certas necessidades que nós por vezes não nos apercebemos. Eu vejo cada vez mais que o monetário não é o que move os meus colaboradores, eu sinto que as pessoas no final do dia sentem-se felizes por fazerem parte destas iniciativas. Isto porque com frequência recebo mails a dizer que foram para casa e se sentem felizes, realizadas, porque se deram aos outros; passando a citar um colaborador “porque já estive numa situação Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 132 semelhante e revejo-me nela”. Isso é que é interessante, é mexer com a consciência das pessoas. Este tipo de incentivos leva a uma maior aproximação dos colaboradores, a cumplicidade aumenta. 3- Na sua perspetiva como é que estas práticas atuam sobre a motivação dos colaboradores? Como já referi, estas iniciativas parecem aumentar a motivação dos colaboradores, melhora sem dúvida o espírito de grupo e diminui a taxa de absentismo. O feedback que tenho, seja através de uma conversa, seja mail, seja através do questionário anual acerca da satisfação é de facto que os colaboradores estão satisfeitos e motivados. a. Sente alguma melhoria para a própria empresa, nomeadamente a nível de ambiente de trabalho? A melhoria no ambiente de trabalho é visível. A nível de produção não posso ser preciso mas tenho a certeza absoluta que tenho um aumento de produção e eficácia. A nível de assiduidade possuímos esses dados, ela aumentou, chegámos a ter uma taxa de absentismo de 10%, e neste momento está em 2%. Reduziram os acidentes de trabalho, as pessoas sentem-se bem, gostam de vir para a empresa. Não dá aquela dor de barriga porque não gostam de estar no local de trabalho. Mas a diminuição das ausências é uma realidade. b. E relativamente à produção/rendimento/eficácia? Como referi não tenho dados concretos mas não tenho a melhor dúvida que aumentou com estes Projetos. 4- O que pensa da possibilidade da aplicação de incentivos não monetários (non cash) reduzirem as despesas com prémios? Na minha opinião não. Uma empresa tem de ter sempre um orçamento, que tenha em vista este tipo de atividades, só que a gestão deste orçamento deve ser feito por alguém responsável. Porque se esta gestão não for bem feita pode-se ser muito injusto, podemos entrar só naqueles critérios relativos ao crescimento da empresa, ao aumento de produção, e isso não funciona muito. Temos de ver o lado humano, e há pessoas que podem não estar a mostrar o que valem, não devemos penalizá-las. A pessoa não tem culpa de não ter nascido com determinada capacidade, com menos dons que outra, temos é de Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 133 descobrir os dons que ela tem. Pode não ser uma máquina mas pode ter jeito para fazer uma outra coisa qualquer. Então tiramo-la dali e damos-lhe outro tipo de funções. Por isso acho, cada vez mais importante este tipo de incentivos. Eu julgo que as empresas, apesar de agora passarem por dificuldades, têm de ter pelo menos um pequeno orçamento, por mais pequeno que seja para os incentivos. Usaria sempre os dois tipos de incentivo o não monetário e o monetário, não optaria por um, isso seria eliminar a sociedade. Deixar de fazer o trabalho que estamos a fazer, o dar apoio às famílias seria um crime. As pessoas necessitam neste momento desse apoio, principalmente com as dificuldades que existem hoje em dia. 5- Quando implementaram o Projeto de Exercício Físico, qual era o propósito desta medida? Foi o que já referi anteriormente, para melhorar o aspeto físico das colaboradoras, a parte estética. Outra razão foi a própria mobilidade que estava posta em causa, via que as pessoas ao subirem as escadas se cansavam muito. Eram visíveis os problemas que derivavam da falta de prática desportiva. Umas com asma, outras com problemas respiratórios, hipertensão, doenças ligadas à falta de exercício físico e de uma dieta equilibrada. Achei que era muito importante o exercício físico porque eu próprio senti isso quando engordei numa fase da vida. Depois reduzi de peso e melhorei a minha qualidade de vida, por isso quando implementei o Projeto usei o meu caso particular como exemplo. Expliquei que a nível alimentar é necessário realizar sacrifícios, e propus as sessões semanais de exercício físico. Verificámos ainda, que a causa da aparência de algumascolaboradoras era a falta de exercício físico. Pelos relatórios e avaliações que a professora tem, viu-se efetivamente que as pessoas estavam mal. Foi detetada uma insuficiência respiratória, alertada pela professora que recomendou a esta funcionária que fosse ao médico. Este verificou que efetivamente existia esse problema, e de momento a colaboradora realiza atividade física e conseguiu reverter a situação de saúde. a. Quais eram os objetivos para a empresa? A melhoria do ambiente de trabalho e a melhoria na produção. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 134 Tínhamos como objetivo eliminar as doenças próprias de um estilo de vida não saudável, relacionadas com a obesidade e com a postura que algumas pessoas têm do local de trabalho. Algumas pessoas estão quase oito horas numa máquina, ou sobre o computador, e com o exercício físico começámos a corrigir. Esta foi uma das razões, não posso dizer que foi com o intuito de aumentar a produção, mas sim de melhorar a condição da pessoa, para aumentar a qualidade de vida e a auto estima da mesma. Queríamos que a pessoa se sentisse bem com ela própria. Depois tudo melhora por inerência, o ambiente de trabalho, as coisas acabam por acontecer e aconteceram. Foi engraçado ver a mudança de ambiente entre os colaboradores, nas sessões de Exercício Físico, pedi para lhe fosse visto como um colega, e não como o Administrador. No entanto devo ter exagerado nas brincadeiras, porque vi que algumas não eram bem aceites. Isso até estava a ter um efeito negativo na empresa, depois de falar com elas e de comentarem que não gostavam de alguns comentários, expliquei que era uma brincadeira para estarem todos bem dispostos. Algumas pessoas têm mais sensibilidade, são diferentes por isso é preciso ter um cuidado redobrado. Nas reuniões não posso dizer que o ambiente entre mim e elas mudou, porque separei sempre os ambientes, isso ficou bem claro. Nas reuniões têm de ser extremamente bem organizados e na ginástica só queria que chegassem a horas. Nas reuniões existe muita tensão por causa do trabalho, logo o ambiente não pode ser muito relaxado. Tentámos que a “Ginástica” fosse algo à parte em que nós nos sentíssemos à vontade, que quando saíssemos dali nos sentíssemos bem. Principalmente quando estava com elas na hora do lanche, davam alguns feedbacks, comentando, “isto faz-nos mesmo bem, às vezes vamos cansadas e isto faz-nos descontrair faz-nos mesmo bem”. Entre elas os atritos criados às vezes nas reuniões diminuíam depois da aula de “Ginástica”. O pior foi quando aquelas que criavam os atritos deixaram de ir à ginástica. Ou seja, o problema voltou a aparecer. O feitio de algumas colaboradoras é complicado, não sei se é por serem mulheres, mas criam problemas que eu nunca pensei que pudessem existir. As pessoas vivem no mundo delas, individualistas e egoístas e pensam que o mundo, todos em seu redor as têm de entender. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 135 Normalmente são estas que nunca aparecem e que se põe de parte, nas atividades. Só participam se fizer parte do horário do trabalho pois é visto como obrigação. Começam por se sentir mal em não colaborar, acabando por se integrar no grupo. Algumas pessoas são assim, é do seu feitio. Em alguns casos, mudam alguma coisa ao longo do tempo, mas a verdade é que o grupo já sabe que elas são sempre assim. Pode perguntar, se então a seleção terá falhado; ou se as pessoas terão respondido na entrevista de forma a ir de encontro ao que eu procurava para ficarem com o posto de trabalho. Não vejo por esse prisma. Isto é como um casamento, quando namoramos é tudo muito bonito, mas vamos descobrindo coisas que nunca sabíamos quando namoramos, aqui é o mesmo, a minha entrevista com a funcionária dura 10 a 15 minutos e faço várias perguntas e posso achar que a pessoa tem espírito para o social, mas quando efetivamente começa a trabalhar, no grupo de trabalho, a pessoa não é compatível com as demais. No entanto, nesta empresa têm de trabalhar em grupo e acabam por não conseguir. Por vezes têm mesmo de ir embora, são muito individualistas, o aspeto social até têm, até podem fazer alguma coisa, contudo o que fazem, é a nível individual, distanciam-se das colegas e a relação entre as colaboradoras é posta em causa. Os objetivos coletivos ficam comprometidos devido a esse individualismo. As pessoas não conseguem mudar, mas isso não quer dizer que me enganei, as coisas estavam lá, mas a pessoa que entrevistei não tem a haver com a pessoa que está a trabalhar. Mas tenho pessoas que já trabalham à 10, 15 anos e que ainda mudam. Tenho agora a reunião de início do ano e por mais que tente ser positivista tenho sempre de focar os problemas que persistem, mas tenho tentar arranjar uma forma mais positiva de abordar esta situação. No entanro necessito de focar as mesmas pessoas e os mesmos problemas, porque os cometem todos os anos. Se formos analisar o discurso são sempre as mesmas pessoas e os mesmos problemas, porque as pessoas não se conseguem relacionar e criam conflitos, seja porque razão for; ou porque a pessoa não faz os mapas, não colaboram conforme pedido. Porque não mando estas pessoas embora? Porque a pessoa é tão boa em alguns aspetos que compensa estes pontos negativos. Temos de ser flexíveis, não posso por de parte uma pessoa por ela ser diferente. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 136 Os objetivos para a empresa foram conseguidos, pois houve uma diminuição dos acidentes de trabalho e absentismo, o que esperávamos de facto com este Projeto, através uma melhoria da qualidade de vida e saúde do trabalhador conseguimos a diminuição deste tipo de ocorrências. E o ambiente de trabalho como referido melhorou principalmente nas pessoas que já tinham uma relação relativamente boa, foi um reforço. b. E para os colaboradores? Já referi anteriormente, portanto a sua saúde foi melhorada, qualidade de vida, auto estima até mesmo a nível de estética. O ambiente de trabalho entre elas melhorou, houve uma maior aproximação, um aumento no espírito de grupo e cumplicidade. 6- Que mais-valias este projeto (Exercício físico no trabalho) trouxe para a empresa? As mais valias foram basicamente o atingir dos objetivos do Projeto. De uma forma suscita e para não me repetir, foi a melhoria do ambiente de trabalho, cumplicidade entre colegas e melhoria da relação das chefias com os colaboradores, diminuição do absentismo, maior eficácia e produção. a. E para com colaboradores? Tal como na questão anterior, a melhoria da sua saúde, estética, aumento da auto estima, e a obtenção de um ambiente mais saudável no local de trabalho, convidativo ao trabalho. 7- Como lhe parecia que as pessoas iriam reagir? Como disse, eu conheço relativamente bem as minhas colaboradoras, daí apesar de na Suiça não terem a mesma opinião, sabia que cá, em Portugal a adesão iria ser boa. a. E como é que reagiram? A reação foi muito boa, claro que, a adesão fui muito maior quando mudámos o horário da aula, para um horário laboral. Os feedbacks foram bastante positivos. b. Existe alguma diferença ao longo dos anos, inicialmente tinham uma reação e agora têm a mesma ou mudaram? Sim, no início houve uma adesão excecional, no entanto quando chegaram aquele plateau houve um decréscimo de interesse. Essa reação é Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 137 normal e igual em qualquertipo de incentivo, inicialmente a resposta é muito maior, depois infelizmente as pessoas dão a recompensa como um dado adquirido. Por isso pensámos parar durante meio ano, pois as pessoas têm de sentir falta para darem valor, já que não param para pensar, temos de as ensinar da pior forma. Tenho toda a certeza que vão sentir falta da “Ginástica”, mas isso é propositado. Depois seria de facto interessante e agora podíamos fazer mesmo um estudo, mesmo nós na empresa da influência desta iniciativa a nível de produção, seria muito interessante ter esses dados para comprovar. Não tenho dúvidas nenhumas da sua influência por isso era interessante termos esses dados como temos do absentismo. 8- Após a aplicação deste Projeto sentiu alguma diferença a nível de produção? Não tenho dados concretos, mas garantidamente sim. Até porque aumentamos a produção, neste momento temos mais procura e não aumentámos o número de funcionários. a. E a nível do ambiente entre os colaboradores? Houve definitivamente uma melhoria do ambiente entre os colaboradores e entre as responsáveis dos setores e os funcionários. A convivência num outro ambiente, fora do ambiente rígido do trabalho e reuniões, permitiu uma maior cumplicidade e espírito de grupo entre os colaboradores. Para além das atividades que fazemos em conjunto, iniciativas propostas pela empresa, algumas também começaram a conviver no seu tempo livre. b. Relativamente á eficácia e eficiência dos colaboradores? Mais uma vez, não tenho a menor dúvida. A nível de produção não posso dizer. Mas a nível da mobilidade é sem dúvida melhor. A disposição para o desempenho das suas funções é outra quando vêm da ginástica, totalmente diferente, mas não tenho a mínima dúvida que a nível de produção tenha influência. Porque uma pessoa que esteja saudável, está bem com os outros e produz muito mais, isso é notório aqui, principalmente as pessoas com quem eu lido e principalmente as do escritório. Gostava de ter dados concretos e isso é interessante quando voltarmos com o projeto termos essa recolha de dados, Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 138 delinear os pontos e ver os patamares que vamos atingindo, isso vai ser interessante mesmo para nós. c. E relativamente a custos relativos à saúde sentiu algum decréscimo? Os acidentes de trabalho diminuíram, como sabe temos um seguro de saúde e conseguimos de facto ter essa noção. As colaboradoras ficaram menos vezes doentes, por isso o nível de absentismo reduziu. d. Os níveis de abandono (por motivos de saúde/baixas médicas) sofreram alguma alteração? Sim, portante reduziu em 8%, passámos de uma taxa de absentismo de 10% para 2%. 9- Quais foram as grandes dificuldades em implementar este tipo de práticas? Portanto tivemos de optar por realizar as sessões no horário laboral, pois a adesão não era tão elevada no horário pós-laboral. Elas por vezes demoravam um pouco mais a iniciar o trabalho, quando as aulas eram das 8h às 9h, o que implicava realizar as reuniões de vídeo-conferência com a Roménia mais tarde, pela diferença horária. Como falei como em todos os incentivos é necessária a estimulação e motivação extrínseca, a empresa tem de ter um papel ativo isso é fundamental. 10- Da sua experiência como Gestor/Administrador, Projetos como este trarão às empresas benefícios consideráveis? Sim, claro, como disse anteriormente não consigo ver uma empresa sem este tipo de iniciativas. É de extrema importância para todos, colaboradores, empresa e comunidade. Apostar na saúde dos nossos colaboradores é apostar na empresa, é ter uma empresa saudável, uma empresa produtiva. É necessária a preocupação com o espírito de grupo e o ambiente de trabalho, para atingir os objetivos da empresa é necessário trabalhar o coletivo. 3.2.Discussão e Análise dos Dados De seguida, vamos cruzar a informação recolhida pela aplicação dos questionários aos colaboradores que participaram no Projeto em questão, a entrevista realizada ao Administrador e os dados que possuímos do Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 139 Enquadramento Conceptual. Como este trabalho é um estudo de caso, não temos uma empresa nas mesmas condições para efetuar uma comparação. Seria interessante realizar o questionário de satisfação antes da aplicação do Projeto, e comparar com a atual situação, no entanto foi possível visto o Projeto ter iniciado em Janeiro de 2008. As primeiras duas questões colocadas aos funcionários relacionam-se com a relação do colaborador com a chefia e supervisão a que estão sujeitos. Todos os colaboradores responderam que tinham uma relação com os chefes satisfatória e somente 3, 20% dos inquiridos não estão satisfeitos com a supervisão. Revendo as respostas do Administrador, podemos verificar que a relação entre chefia e colaboradores é boa, o que é extremamente importante. Martins & Santos (2006) afirmam que a supervisão percebida é de elevada importância para a satisfação no trabalho. A supervisão é um fator referido por várias teorias da satisfação no trabalho anteriormente referidas, como a Teoria de Herzberg, Mausner e Snyderman onde a supervisão se insere nos fatores higiénicos (Martins & Santos, 2006) e na Teoria apresentada por Lu, While & Barriball (2005), este item faz parte dos fatores extrínsecos. Carloto & Câmara (2008) e Silva (2009) referem também a supervisão como um fator preditor de satisfação no trabalho. Na terceira questão verifica-se que somente 27% dos colaboradores não estão satisfeitos com o cumprimento das leis laborais contra 73% que se encontram satisfeitos. Um gestor deve ser integro e justo (Robbins, 2008), assim os colaboradores irão confiar no Gestor ((Hunsaker & Hunsaker, 2009), para isso ele terá de cumprir com as leis do trabalho existentes. Do total dos colaboradores, 80% afirma que a empresa trabalha com justiça e igualdade, como vemos na Entrevista, o Administrador tem o cuidado de ver se as chefes de setor estão a ser imparciais e certifica-se que é o mais justo possível, gratificando todos os colaboradores, não excluindo ninguém. Um Administrador, segundo Robbins (2008), tem de ser justo, objetivo e imparcial nas avaliações, deve ter em atenção às perceções de equidade nas distribuições dos lucros. Verificamos que este Administrador não só evita a imparcialidade como gere as gratificações de forma, a que todo o funcionário Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 140 tenha direito a uma gratificação durante o ano. Também Silva (2009) refere a importância do sentido de justiça, da perceção de um tratamento justo e Röhrich (2012) refere que os colaboradores gostam de sentir que são tratados de forma justa”, “o tratamento justo tem efeito positivo sobre a motivação”(Robbins, 2008), esta é uma preocupação do Administrador em questão. A maioria dos colaboradores, 87% da amostra encontra-se satisfeito com a relação com os colegas, visão partilhada pelo Administrador. Como este referiu existem alguns casos excecionais, em que as pessoas preferem trabalhar de forma individualizada, são indivíduos menos sociáveis, no entanto a grande maioria tem uma relação satisfatória. Referimos anteriormente a importância de um bom clima organizacional, este Gestor incentiva o trabalho de equipa, e cria uma cultura de teamwork e a organização integra o teamwork nos valores da empresa, que é referido por Röhrich (2012) de extrema importância para a satisfação no trabalho. Desenvolve ainda o teambuilding (referido por Rörich, 2012) proporcionandoà equipa momentos para que se conheçam melhor, de que as sessões de exercício físico, as caminhadas, o almoço em conjunto e as ações de voluntariado são exemplo. Desenvolve iniciativas lúdicas e de voluntariado que criam oportunidade de convívio entre colaboradores de diferentes setores, normalmente separados por armazéns. Todos os colaboradores afirmam que conviver com os colegas de trabalho é importante para potenciar o espírito de grupo. Este resultado não é de admirar, visto que, as atividades desenvolvidas por esta empresa visam a união do grupo, o Administrador tenta através destas ações fomentar o espírito de grupo, e os colaboradores têm essa perceção e são sensíveis a esta questão. 80% da amostra está satisfeita com as oportunidades de promoção e progressão na carreira, não podemos deixar de referir, que existe um caso particular. A enfermeira pertencente a esta empresa referiu no questionário o porquê da sua insatisfação. Como a empresa não é do ramo da Saúde, a progressão na carreira não existe. O Administrador referiu que como forma de gratificação os colaboradores podem mudar de funções ou setor, o que mostra Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 141 preocupação com a progressão na carreira. Röhrich (2012), Cunha et al (2012) e Bourne & Bourne, 2010), referem o job enlargement e o job enrichment como forma de motivar o colaborador, formas usadas nesta Empresa como forma de gratificação. A nível da promoção referiu que o aumento salarial tem limites orçamentais, mas para colmatar essa situação, usa as gratificações, incentivos monetários que podem atingir um salário e meio. O Administrador utiliza as gratificações como forma de promoção, não pode realizar a promoção aumentando o nível salarial, pois seria impraticável, a empresa não teria capital, para aumentar constantemente os salários. Na questão relativa à formação que a empresa proporciona aos seus colaboradores, somente um colaborador respondeu negativamente, contra um total de 93%. Segundo Röhrich (2012), Cunha et al, 2012) e Bourne & Bourne (2010) uma das formas de motivar e desenvolver curiosidade nos colaboradores é através da formação, e esta formação é percecionada como um sinal de interesse por parte da organização no desempenho das suas funções. A Empresa em análise, financia aulas de Língua aos seus colaboradores, com o intuito de melhorar a comunicação com as outras empresas na Odlo, de que é exemplo a Roménia e a Suiça, empresas com contacto mais direto com a Odlo Portugal. Esta formação é necessária quando efetuam as reuniões de vídeo-conferência e quando os colaboradores têm de se deslocar às empresas da Odlo localizadas noutros países da Europa. Esta deslocação é feita de forma relativamente regular e todas as despesas são suportadas pela empresa. Relativamente à questão da importância dos prémios monetários, 73% dos funcionários afirmam que é algo que os satisfaz. Como o Administrador refere, ele atribui incentivos tanto monetários como não monetários, e principalmente numa fase inicial os colaboradores focam muito a importância dos prémios monetários, pois permitem atender a necessidades básicas. O dinheiro é importante na motivação pois assegura a satisfação das necessidades básicas, e permite para além de uma estabilidade, o acesso a certo tipo de regalias (Röhrich, 2012 e Cunha et al, 2012). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 142 A flexibilidade de horário é satisfatória para 93% dos colaboradores, apesar de existir um horário fixo, os colaboradores têm a possibilidade de realizar alterações no horário de trabalho sem que sejam prejudicados. Existem dois casos que devemos referir. Uma colaboradora tem uma mãe com Alzeimer que está ao seu cuidado, a empresa possibilita à funcionária ter um horário de saída mais cedo para evitar gastos acrescidos com a vigilância desta familiar. Acordou entrar sempre mais cedo no local de trabalho, para compensar a hora de saída. Outro caso é de uma colaboradora que tem uma vida familiar complicada, com horário incompatível com a família, foi-lhe dada a possibilidade de sair mais tarde em determinados dias da semana tendo direito a uma tarde de folga para usufruir da companhia da família. É clara a estabilidade mental/fisiológica que esta empresa proporciona aos seus trabalhadores, pois permite um balanço da vida profissional e da vida familiar/privada que como Röhrich (2012) afirma é muito apreciada pelos colaboradores. Para além disso, o facto de realizarem atividades que incluem a família, sejam lúdicas ou de voluntariado, mostram existir uma sensibilidade, e uma vontade de aproximar a família da empresa. O próprio alargar dos benefícios do colaborador à sua família ou vizinhos, são exemplo dessa preocupação com a este tipo de estabilidade. Falemos especificamente do apoio de enfermagem que é desenvolvido nesta empresa, que permite um apoio à comunidade e familiares de colaboradores que se encontram em situações de saúde delicadas, com necessidade de apoio ao domicílio. O reconhecimento verbal é um tipo de gratificação apreciada pelos colaboradores, 93% dos mesmos responderam que por vezes este tipo de incentivo tem tanto ou mais impacto que o prémio monetário. O Administrador tem esta perceção, na Entrevista referiu exatamente este aspeto, conhecendo os seus colaboradores, estes reagem muito bem ao reconhecimento verbal e à preocupação da Empresa com a sua saúde, muitas vezes preferindo este tipo de incentivo ao prémio. Bourne & Bourne (2010) e Röhrich (2012) referem o elogio como uma excelente forma de reconhecimento não financeiro, usado por muitas empresas. Nesta empresa o elogio, o reconhecimento verbal é uma ação contínua, por vezes é esporádico, outras vezes mais formal como nas Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 143 Festas de Natal e Páscoa em que o Administrador atribuir os prémios Revelação, Inovação e Dedicação. Apesar de não o fazerem, como é referido pelo Administrador, todos os colaboradores acham que deviam parar para pensar no que a empresa faz por eles. O Gestor afirma que os colaboradores, inicialmente reagem de forma muito ativa, com uma grande adesão, e depois vão dando as gratificações e incentivos como dados adquiridos, tendo muitas vezes da empresa estimular e mostrar aos funcionários que por vezes estão a desperdiçar oportunidades. O reconhecimento diário é importante para todos os colaboradores, é algo que os motiva e o Administrador tem noção desta influência, recorrendo a este tipo de incentivo. O Administrador tem consciência da importância da motivação extrínseca e que esta não pode ser pontual, orienta o esforço e cria um ambiente propício à produção e a um bom clima organizacional. Numa questão tentámos saber se só a atribuição do salário e dos prémios seria suficiente para o colaborador se sentir satisfeito, 93% dos inquiridos disseram que não. Como o Administrador referiu, a consciência social é algo que é desenvolvido na empresa, devido à empresa se reger por valores cristãos. Os colaboradores dão muita importância ao apoio à comunidade. Esta questão remete-nos para a seguinte em que todos os colaboradores afirmam ser muito importante para eles próprios o apoio que dão à sociedade, é importante para eles dar de si. Esta consciência é algo que o Administrador tenta construir e desenvolver nos seus colaboradores e familiares. Como afirma Bourne & Bourne (2010), o dinheiro não é a chave da motivação, nem a recompensa a de um bom desempenho. Relativamente à possibilidadede ser recompensado pelos anos de trabalho na empresa, 67% (10) dos colaboradores afirmam que os satisfaria. Estes resultados podem estar relacionados com o tipo de contrato e idade que possuem, isto porque dez dos quinze inquiridos (67%) possuem um contrato por tempo indeterminado, três têm um contrato por um ano e dois, um contrato de prestação de serviços. Se estiverem numa situação menos estável podem não achar tão importante o prémio por antiguidade na empresa. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 144 Para a totalidade dos funcionários as sessões de exercício físico proporcionados pela empresa são muito importantes, o que revela que o Administrador de facto conhece os seus colaboradores, e que quando decidiu implementar este Projeto foi uma mais valia, uma excelente proposta dada a recetividade e consciência dos colaboradores. Segundo Röhrich (2012) a “saúde é o ponto mais importante de todas as motivações”, e que as empresas cada vez mais investem em iniciativas de bem-estar, na promoção de um estilo de vida ativo, saudável. Esta preocupação com a saúde do colaborador é bem visível nesta Empresa em que são realizadas atividades de promoção da saúde através da disposição de uma alimentação saudável por um preço reduzido, através das caminhadas organizadas e do Projeto de Exercício Físico, que visava a obtenção de uma maior auto estima, do aumento da mobilidade, da qualidade de vida do colaborador e da melhoria do seu aspeto estético. Somente um dos inquiridos não achou que as sessões tiveram influência na melhoria das relações entre colegas. Se voltarmos à quinta questão relacionada com a relação com os colegas, dois dos inquiridos tinham respondido que não tinham uma relação satisfatória, no entanto nesta questão somente um indivíduo achou que as sessões de exercício físico não contribuíram para a melhoria destas relações. O que nos leva a entender que independentemente dos incentivos (que têm como objectivo a aproximação dos colaboradores), pelo menos um colaborador sente que não tem qualquer efeito sobre a relação com os colegas. Isto poderá estar relacionado com o referido pelo Administrador, a existência de colaboradores que são individualistas e que tem problemas de relacionamento e de trabalhar em grupo. Quanto à influência destas sessões para uma maior aptidão e eficiência nas tarefas de trabalho, 97% dos colaboradores responderam positivamente, sugerindo que parte do objetivo do projeto foi cumprido. Tanto Administrador como colaboradores parecem não ter dúvidas que estas sessões de exercício físico melhoraram a aptidão e eficiência para a realização das tarefas de trabalho. Relativamente à melhoria do ambiente de trabalho após a realização das sessões de exercício físico, somente dois colaboradores responderam Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 145 negativamente, um deles na questão inicial acerca da satisfação com a relação com os colegas respondeu também que não era satisfatória, e o outro colaborador respondeu que sim a esta primeira questão. A atual questão remetia para o ambiente de trabalho após as sessões e não a relação do próprio inquirido com os demais colegas, o que permite entender esta discrepância de resposta. No entanto a percentagem de resposta é tão reduzida que não deve ser valorizada. Todos os colaboradores afirmam que sentem que a empresa se preocupa com o seu bem estar ao proporcionar as sessões de exercício físico. Como vimos na entrevista o objetivo inicial do Administrador na implementação deste Projeto foi a melhoria da estética e saúde dos seus trabalhadores. Tanto na questão relativa à melhoria da condição física, como na questão relativa à condição psicológica (melhoria de humor, menor stress, melhoria de auto estima) a satisfação é geral, 100% dos inquiridos sentem que as sessões de exercício físico contribuíram para este sucesso. Nesta Empresa existe a preocupação em motivar e satisfazer os Recursos Humanos, com o objetivo de obter funcionários sãos, mais predispostos à produção e de criar um bom clima organizacional. A produtividade de uma Empresa não reside somente nos conhecimentos dos colaboradores, mas também na sua atitude em relação às tarefas que lhe são solicitadas Gonçalves, 2004). Nesta empresa a atitude é um item avaliado para a obtenção de gratificações, tendo como critérios a inovação, criatividade, pontualidade e assiduidade. De forma a obter os resultados pretendidos, para que os propósitos da organização sejam alcançados, e de forma a garantir que as estratégias de gestão de RH satisfaçam e motivem realmente os seus colaboradores, esta Empresa realiza um ação de extrema importância. No momento em que é feita a seleção do funcionário, na última entrevista a que é sujeito, (que é realizada pelo Administrador), é referida a importância que a organização dá à ação social, assim como quais os valores pelos quais se rege esta organização. Desta forma o entrevistado conhece os valores, missão e objetivos da Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 146 organização e perceciona se se identifica com a identidade organizacional. O Administrador seleciona assim os colaboradores que realmente interessam, que mais facilmente irão responder aos estímulos a que vão ser sujeitos, não comprometendo a forma de funcionamento da empresa, reduz assim os riscos de recrutar um funcionário que não se identifica com a empresa, e que por isso não se mantenha na empresa, que facilmente se pode desmotivar e até mesmo implicar o bom funcionamento da organização. Desta forma terá uma organização virtuosa, com missão e objetivos bem definidos e compreendidos pelos seus membros, com uma identidade forte e distinta. Nestas condições, segundo Cunha et al (2012) os colaboradores demonstram um nível de esforço elevado e um nível excelente de diligência e perseverança no desempenho das suas funções. O fomento de um bom ambiente de trabalho é extremamente importante e se entrar um colaborador que seja individualista ou conflituoso, rapidamente pode causar problemas graves na empresa. “A motivação é sempre auto motivação” (Röhrich (2012), no entanto a motivação extrínseca tem muita influência. Por isso nesta empresa sentem a necessidade de incentivar constantemente os seus funcionários, e criam condições para que o indivíduo se sinta confortável, bem (são) e feliz. “A motivação tem um limite” (Röhrich (2012), por isso é que é necessário recrutar os colaboradores que são mais sensíveis às nossas políticas de recompensas, aqueles que se identificam mais com os valores da empresa. O Administrador desta empresa procura sempre projetos novos, pois o mesmo estímulo pode não obter o mesmo resultado, as pessoas querem sempre mais e a sua satisfação torna-se um processo complexo e em constante renovação, mudança. Por isso, pede projetos novos aos seus colaboradores, envolvendo-os no processo, o que é motivante para o colaborador. Os Projetos desenvolvidos: Exercício Físico, Alimentação, descontos na compra de medicamentos e apoio de um auxiliar médico mostram a importância dada nesta Empresa, à saúde e bem estar desta empresa. Desta forma consegue predispor os seus colaboradores a produzirem mais e reduzir a taxa de absentismo. Estes projetos permitem também uma melhoria do Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 147 ambiente de trabalho e aumento do espírito de grupo que são igualmente importantespara a empresa, reduzindo conflitos entre os colaboradores, e aumentando a proximidade dos mesmos com os colegas e seus superiores. Para evitar a frustração que atua negativamente na satisfação do trabalhador (Robbins, 2008), procura adaptar a atribuição das gratificações às mais valias que as pessoas possuem, não caindo na atribuição exclusiva da gratificação pelo aumento da produção. A gratificação nunca vai sempre para a mesma pessoa, e como todos recebem uma, pois o Administrador equilibra esta atribuição, a possibilidade de ter um colaborador desmoralizado é menor. Para além desta medida referida no parágrafo anterior, no aniversário de cada colaborador independentemente das funções que este desempenha, a Empresa atribui um prémio de 250€, para além de financiar um almoço para 11 pessoas, o que faz com que os colaboradores entendam que age de uma forma justa e imparcial. Esta empresa atende ainda ao último elemento de apoio dos 11 elementos da motivação de Röhrich (2012), o contributo. Pois desenvolvem a responsabilidade social, dão um grande apoio à comunidade tanto a nível financeiro (empresa) como a nível da força humana (colaboradores). A ajuda aos Vicentinos, à Santa Casa da Misericórdia, ao Banco Alimentar, a Instituições de crianças desfavorecidas são projetos fabulosos que desenvolvem na pessoa tanto consciência social como sentimentos de realização, na medida em que ajudam o próximo e isso os gratifica. São muitas as razões pelas quais esta Empresa se destaca, e a aplicação do Projeto de Exercício Físico, levou o sistema de recompensas a um outro nível. Se formos a analisar raro é o incentivo que tem um alcance desta dimensão, permitindo melhorias no colaborador, na empresa e cujos efeitos são sentidos dentro e fora da empresa, e que permita a aproximação da família ao trabalho (como fazem as caminhadas solidárias desenvolvidas neste projeto). Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 148 Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 149 Conclusão O presente estudo pretende analisar o caso específico da empresa “Odlo” Portugal Têxteis. Esta empresa atribui uma importância elevada ao Sistema de Recompensas, possuindo um orçamento anual para estas práticas. Este orçamento é dividido em duas partes, uma para a atribuição de incentivos monetários e outra para a atribuição de incentivos não monetários. O Administrador acredita que nunca se deve optar por um dos tipos de incentivo, por mais pequeno que seja o orçamento, embora estejamos numa altura em que as empresas passam grandes dificuldades. Estes tipos de incentivo devem coabitar, no entanto, é bastante elevada a atenção dada por esta empresa ao incentivo não monetário. Os incentivos não monetários existentes nesta empresa são muitos e variados, alguns relacionados com a alimentação (proporcionando refeições por um valor mais acessível), relacionados com descontos em cuidados de saúde e relacionados com o Exercício Físico. A consciência social é algo que está constantemente presente nesta empresa, tendo muita influência na seleção do colaborador para pertencer à empresa. Existe uma preocupação em apoiar a sociedade, em que o apoio financeiro é facultado pela empresa, mas que os funcionários têm de contribuir com a sua força humana e disponibilidade. Grande parte do orçamento para os Incentivos não monetários é usada para o Projeto “Exercício Físico” e este teve como objetivo melhorar a qualidade de vida do trabalhador (onde a saúde está inerente), o aumento da auto estima, a melhoria do ambiente de trabalho e o fomento do espírito de grupo. O Administrador crê que um trabalhador são, produz mais, falta menos ao trabalho e relaciona-se melhor com o próximo. Através do questionário de satisfação aplicado aos colaboradores e da entrevista ao Administrador verificámos que este Projeto permitiu positivamente não só para a saúde física e mental do trabalhador, mas também para o aumento da produção, eficácia e eficiência importantes para a empresa. Permitiu ainda reduzir a taxa de absentismo em oito por cento. O espírito de Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 150 grupo foi desenvolvido nestas sessões de exercício físico que é um ponto fundamental nesta empresa. Podemos concluir através da análise de dados, que os objetivos da implementação deste Projeto quer a nível dos colaboradores, quer a nível da empresa foram alcançados. Verificámos ainda que este tipo de Projetos constituem um importante incentivo não monetário para aumentar a motivação e satisfação em colaboradores. Esta influência é tanto maior quanto maior for a sensibilidade dos funcionários a esta gratificação. Nesta empresa são selecionados os colaboradores mais sensíveis a este tipo de gratificação e têm de possuir valores contundentes com os da empresa. Os objetivos coletivos e os valores da empresa têm de ser entendidos pelo colaborador e este tem de se rever neles. Este tipo de incentivo é muito importante, não substitui o incentivo monetário, mas é um excelente complemento, dada a influência tanto no colaborador como na empresa. O exercício físico constitui uma boa estratégia de gestão de Recursos Humanos uma vez que é um incentivo não monetário que para além de trazer benefícios a todos os intervenientes motiva para o desempenho de funções e satisfaz tanto trabalhador como empresa. Gestão de Recursos Humanos; motivações e incentivos Estudo da orientação personalizada da aptidão física dos colaboradores da Odlo Portugal Têxteis 151 Bibliografia Alves, E. (2010). Qualidade de vida no trabalho: indicadores e instrumentos de medidas. Diálogos & Saberes. Vol 6. Nº 1. 77-87 Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas. (2012) História. Consult. 8 Janeiro 2013, disponível em www.apg.pt Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas. (2012) Publicações. Consult. 8 Janeiro 2013, disponível em www.apg.pt Battisti, H., Guimarães, A.& Simas, J. (2005). Atividade física e Qualidade de Vida de Operadores de Caixa de Supermercado. Revista Brasileira Ciência e Movimento. Vol13. Nº 1. 71-78. Disponível em http://portalrevistas.ucb.br/ Bergamaschi, E., Deutsh, S. & Ferreira, E. (2002) Ginástica Laboral: Possíveis implicações para as esferas física, psicológica e social. Atividade Física e Saúde. Vol 7. Nº 3. 23-29 Bilhim, J. (2001). 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