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DIREITO EMPRESARIAL_2017 2 - UNI 01

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Prévia do material em texto

Direito Empresarial
Autoria
Isaac Rodrigues Cunha
DIREITO
EMPRESARIAL
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer 
métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor 
da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, 
deverão ser dirigidos à Reitoria.
Reitor:
Prof. Cláudio Ferreira Bastos
Pró-reitor administrativo financeiro:
Prof. Rafael Rabelo Bastos
Pró-reitor de relações institucionais:
Prof. Cláudio Rabelo Bastos
Pró-reitor acadêmico:
Prof. Valdir Alves de Godoy
Coordenação Pedagógica:
Profa. Maria Alice Duarte G. Soares 
Coordenação NEAD:
Profa. Luciana R. Ramos Duarte
Supervisão de produção NEAD:
Francisco Cleuson do Nascimento Alves
EXPEDIENTE
Ficha técnica
Autoria: 
Isaac Rodrigues Cunha 
Designer instrucional:
Jasson Matias Pedrosa / 
João Paulo de Souza
Projeto gráfico e diagramação:
Francisco Cleuson do N. Alves
Capa:
Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Tratamento de imagens:
Francisco Cleuson do N. Alves
Revisão textual:
Ana Carla Ponte
FICHA CATALOGRÁFICA
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENEU
CUNHA, Isaac Rodrigues. Direito Empresarial. / Isaac Rodrigues Cunha – Fortaleza: 
Centro Universitário Ateneu, 2018. 
128 p.
ISBN: 978-85-64026-44-5
1. Direito Empresarial 2. Títulos de crédito 3. Direito industrial 4. Direito do consumidor 
Centro Universitário Ateneu.
Seja bem-vindo!
Prezado estudante,
A presente obra propõe-se a norteá-lo e auxiliá-lo na aquisição de informa-
ções das mais diversas no âmbito do Direito de Empresa, a fim de permear didati-
camente suas atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem desenvolvido pela 
Faculdade Ateneu. Esforçamo-nos no sentido de disponibilizar um conteúdo rico e 
adequado às necessidades do curso de Ciências Contábeis, meio formador de pro-
fissionais que diuturnamente vivenciam a dinâmica das atividades empresariais.
A proposta consiste numa abordagem universal, porém seletiva, das ma-
térias de Direito Empresarial, encimando, obviamente, assuntos que vão desde 
noções introdutórias da própria ciência jurídica às especificidades do Direito Fa-
limentar e do Direito do Consumidor, todavia tratando com maior meticulosidade 
os assuntos mais ligados à prática contábil e apenas pincelando assuntos menos 
relevantes. Não se pretendeu, desde o início, dilapidar todas as nuances jurídicas 
dos temas ora elencados, no entanto, o presente material há de aparelhar perfei-
tamente os seus estudos.
Atendendo ao que consta no ementário pedagógico para a presente dis-
ciplina, este material contém abordagens do Direito de Empresa, dos Títulos de 
Crédito, do Direito Falimentar, do Direito Industrial e do Direito do Consumidor, re-
correndo, sempre que necessário, a noções essenciais da Teoria Geral do Direito 
e do Direito Constitucional, mas com a didática e o objetivismo de sempre. A obra 
divide-se, destarte, em quatro unidades.
Para encerrar, como é comum o latinismo no estudo do Direito, que daqui 
a pouco será iniciado por você, remeto a Horácio, que dizia: “dimidium facti qui 
coepit habet: sapere aude” (“metade faz aquele que começa: ouse saber”). É com 
tal sentimento que iniciamos nossa disciplina de Direito Empresarial. Ouse saber.
Bom estudo!
Sumário
UNIDADE 01
DIREITO EMPRESARIAL
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL ............................................................... 8
1.1. Conceito, objeto e princípios ...................................................................................... 12
1.2. Fontes do Direito Empresarial .................................................................................... 21
1.3. Empresário ................................................................................................................. 23
1.3.1. O conceito legal de empresário ............................................................................... 23
1.3.2. Atores econômicos não considerados empresários ................................................ 25
1.3.3. Empresário individual .............................................................................................. 28
1.3.4. Capacidade do empresário ..................................................................................... 30
1.3.5. Obrigações do empresário ...................................................................................... 33
1.3.6. Estabelecimento comercial e aviamento ................................................................ 40
1.3.7. Nome empresarial .................................................................................................. 44
1.3.8. Prepostos do empresário ....................................................................................... 46
1.3.9. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) ............................... 50
Referências ....................................................................................................................... 53
UNIDADE 02
TÍTULOS DE CRÉDITO RECUPERAÇÕES E FALÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO AOS TÍTULOS DE CRÉDITO .............................................................. 56
1.1. Breve histórico do Direito Cambiário .......................................................................... 58
1.2. Conceito, características e princípios dos títulos de crédito ....................................... 60
1.2.1. Cartularidade ........................................................................................................... 62
1.2.2. Literalidade .............................................................................................................. 64
1.2.3. Autonomia ............................................................................................................... 64
1.3. Classificações dos títulos de créditos ......................................................................... 65
1.3.1. Quanto à circulação ................................................................................................. 65
1.3.2. Quanto ao modelo ................................................................................................... 69
1.3.3. Quanto à estrutura ................................................................................................... 69
1.3.4. Quanto à hipótese de emissão ................................................................................ 70
2. TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE ......................................................................... 71
2.1. Letra de câmbio .......................................................................................................... 71
2.2. Nota promissória ........................................................................................................ 74
2.3. Cheque ....................................................................................................................... 77
2.4. Duplicata ..................................................................................................................... 82
2.5. Atos cambiários .......................................................................................................... 84
Referências ....................................................................................................................... 89
UNIDADE 03
DIREITO INDUSTRIAL
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 92
1.1. Direito de Propriedade Intelectual .............................................................................. 94
1.2. Direito de Propriedade Industrial .............................................................................. 102
1.3. Histórico do Direito Industrial .................................................................................... 103
1.4. Evoluçãolegislativa brasileira em matéria de propriedade industrial ....................... 105
2. ASPECTOS PRÁTICOS DO DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL ................ 107
2.1. A Lei nº 9.279/96 – Lei de Propriedade Industrial .................................................... 107
2.2. Funcionamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI ................... 109
Referências ..................................................................................................................... 112
UNIDADE 04
DIREITO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO
1. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR ........................................... 116
1.1. Fundamentos constitucionais da defesa do consumidor .......................................... 116
1.2. A relação jurídica de consumo ................................................................................. 119
1.3. Princípios do Direito do Consumidor ........................................................................ 122
Referências ..................................................................................................................... 125
Direito Empresarial
Apresentação
O Direto Empresarial é disciplina dinâmica por excelência. A energia das 
práticas comerciais, que se modificam e se adaptam às necessidades humanas 
diuturnamente, imprime a este ramo do direito certa prolixidade, de tão diversos os 
conceitos e institutos que o compõem. À primeira vista, isso tende a desalentar o 
estudo do Direito de Empresa pelos alunos, o que pode, todavia, ser evitado por 
meio de uma abordagem mais prática e mais voltada à realidade profissional – no 
nosso caso, à praxe contabilista.
Nesta unidade, serão estudados os principais institutos do Direito de 
Empresa, seus aspectos introdutórios e históricos, pautando sempre a evolução 
legislativa sobre a matéria, sobretudo no que concerne à relevância conferida pela 
Constituição Federal de 1988 à livre iniciativa. Veremos quais as fontes do Direito 
Empresarial, o conceito legal de empresário fornecido pelo Código Civil e os 
principais tipos de sociedades empresárias e operações societárias. 
Dedicaremos, também, algumas linhas ao polêmico debate acerca da 
desconsideração da personalidade jurídica, tema que será novamente abordado 
quando estivermos estudando o Direito do Consumidor. Em seguida, trazemos 
alguns aspectos práticos da atividade empresarial, notadamente no que concerne 
ao estabelecimento empresarial, ao registro das sociedades empresariais e a dinâmica 
das Juntas Comerciais, ao nome empresarial, aos prepostos e à escrituração 
mercantil, destacando o papel do contabilista.
Você poderá acompanhar o estudo desta unidade pela leitura do Livro II 
da Parte Especial do Código Civil, que trata do Direito de Empresa, do art. 966 
ao art. 1.195.
Bom estudo!
Uni
8 DIREITO EMPRESARIAL
Objetivos de aprendizagem
• Conhecer as origens e a evolução legislativa do Direito Empresarial no Brasil;
• Identificar as principais fontes do Direito de Empresa no ordenamento jurídico 
brasileiro;
• Analisar os conceitos legais de empresário, empresa individual e sociedade 
empresária;
• Identificar os principais tipos de sociedades empresárias reconhecidas pelo
Código Civil;
• Abordar aspectos da prática empresarial, sobretudo na atividade contabilista.
1. Introdução ao Direito Empresarial
A palavra “comércio” provém do latim commercium, significando
literalmente “troca de mercadorias”. Transformando-o em conceito, o comércio
consistiria na permuta voluntária e onerosa de produtos, serviços ou valo-
res definidos em pecúnia (dinheiro) por outros produtos, serviços ou valores.
É o ato de negociar, vender ou comprar alguma coisa, entre outras tantas
relações comerciais. As relações de comércio são, portanto, espécie do grande 
gênero das relações sociais.
É certo que o desenvolvimento do comércio se dera num momento já
um pouco desenvolvido da civilização, no período em que a agricultura, a extração
silvícola e a pecuária deixaram de destinar seus frutos apenas à subsistência, 
quando se passou a realizar a troca dos excedentes entre as comunidades.
Tal fenômeno, todavia, se dera gradativamente, evoluindo com o tempo, conforme 
ensinava o saudoso comercialista cearense Fran Martins (2014, p.1):
No início da civilização, os grupos sociais procuravam bastar-se 
a si mesmos, produzindo material de que tinham necessidade ou 
se utilizando daquilo do que poderiam obter facilmente da natu-
reza para a sua sobrevivência – alimentos, armas rudimentares,
utensílios. O natural crescimento das populações, com o passar dos 
DIREITO EMPRESARIAL 9
tempos, logo mostrou a impossibilidade desse sistema, viável apenas 
nos pequenos aglomerados humanos... Passou-se, então, à troca dos 
bens desnecessários, excedentes ou supérfluos para certos gru-
pos, mas necessários a outros [...]. Inegavelmente, a troca melho-
rou bastante a situação de vida de vários agrupamentos humanos.
Nisso consistia o escambo, uma modalidade antiga de comércio, a qual 
consistia na troca de mercadorias excedentes – o que sobrava de um agricultor era 
trocado pelo excedente de um criador de ovelhas, por exemplo. Com o tempo, os 
grupos sociais que participavam dessas trocas começaram a angariar riquezas e 
a aproveitá-las melhormente, o que foi permitindo a produção de novos materiais para 
suprir as necessidades que surgiam. Com o surgimento da moeda, o comércio 
recebeu bem maior dinamicidade, expandindo-se por todo mundo então 
conhecido: o que quer que fosse considerado mercadoria seria comercializado (in-
clusive pessoas, enquanto escravos!).
A relevância socioeconômica do comércio foi-se intensificando, o que 
levou, com o tempo, ao surgimento de práticas comuns, de costumes mercantis, 
que se reproduziam e repetiam entre os comerciantes. Na Grécia Antiga, 
onde o comércio se perfazia por meio desses costumes, surgiram também os 
primeiros contratos comerciais e o uso das leis para a orientação do comércio 
marítimo. Na Roma Antiga, o jus gentium, ou “direito das gentes”, regulamentava 
a atividade comercial, praticada pelos estrangeiros – os cidadãos romanos (estes 
considerados apenas os homens, romanos, livres e ricos) não praticavam o comércio, 
por considerá-lo uma prática depreciativa, subalterna.
É na Idade Média que advém o primeiro esboço de princípios e 
regras jurídicas destinadas ao comércio, quando se pode falar de um ramo 
do Direito especificamente organizado para o trato das atividades comerciais, a 
fim de ordenar a dinâmica de trocas mercantis entre as sociedades medievais. 
É nessa época que surgem as famigeradas corporações de ofício, gérmen 
do Direito Comercial, que se fundamentavam em costumes e tradições dos 
comerciantes de então.
10 DIREITO EMPRESARIAL
Figura 01: Comércio em Danzig, Polônia, século XVII, de Wojciech Gerson.
 Fonte: <https://bit.ly/2Lzgcny>.
Já na Idade Moderna, com a unificação dos Estados Nacionais em 
monarquias absolutistas, que passariam a patrocinar as empreitadas da nascente 
burguesia – como as Grandes Navegações – as normas de Direito Comercial 
tornaram-se de interesse Estatal, adquirindo, também, um caráter nacional: o 
monarca estipulava as normas sobre o comércio de seu reino. 
Com a queda do Antigo Regime, no contexto das revoluções burguesas, 
os ideais do liberalismo, de limitação dos poderes do rei e de liberdade econômica 
dos particulares, afastaram o Estado da dinâmica comercial. Por outro lado, com a 
elevação da função do legislador na Idade Contemporânea, pela relevância que 
a lei passara a ter, como fruto racional da vontade geral dos cidadãos, exercida 
por meio de seus representantes políticos – democracia representativa –, têm 
início as primeiras codificações. 
Exemplos mais emblemáticos desse período, foram promulgados o 
Código Civil Francês, de 1804, e o Código Comercial Francês, de 1807, texto 
este que possibilitou a definição do Direito Comercial como disciplina 
autônoma. Os primeiros códigos franceses,nascidos ao início da Era Napoleônica, 
influenciaram substancialmente as legislações posteriores – como o primeiro 
DIREITO EMPRESARIAL 11
Código Comercial do Brasil, publicado em 1850, por meio da Lei Imperial nº 556, 
de 25 de junho de 1850. Antes disso, o comércio no Brasil se regia mais pelos cos-
tumes adotados entre os comerciantes ou por antigos regramentos portugueses, 
as famosas “Ordenações”.
Figura 02: Código de 1850, em edição de 1878.
 Fonte: <http://goo.gl/k4PgNZ>. 
O Código Comercial de 1850 teve um longo período de vigência, haven-
do sido uma das legislações mais duradouras da história legislativa brasileira. 
O Código vigorou por mais de cento e cinquenta anos, até que foi parcialmente 
revogado pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o Novo Código 
Civil Brasileiro, revogando o Código Civil de 1916 e dispondo, no Livro II de sua Parte 
Especial, sobre o Direito de Empresa – do art. 966 ao art. 1.195. 
Vale salientar, contudo, que a Parte Segunda do antigo Código Comercial, 
que trata sobre comércio marítimo (arts. 457 a 913), está ainda em vigor. Está em 
trâmite, porém, o Projeto de Lei nº 1.572/2011, de um Novo Código Comercial. 
O projeto intenta reunificar a disciplina da atividade comercial, retirando do Código 
Civil as normas atinentes à atividade empresarial, e revogando alguns dispositivos 
da legislação mais específica.
12 DIREITO EMPRESARIAL
Link para WEB
Para conferir as ideias lançadas para o Novo Código, podendo contribuir 
também com sugestões, críticas e comentários, acesse o endereço na rede do 
Anteprojeto do Novo Código Comercial, disposto no “Portal e-Cidadania” do Senado 
Federal: <http://goo.gl/yavoRp>.
1.1. Conceito, objeto e princípios
O Direito Comercial pode ser definido “como o conjunto de regras jurídicas
que regulam as atividades das empresas e dos empresários comerciais, bem 
como os atos considerados comerciais, mesmo que esses atos não se relacionem com 
as atividades das empresas” (MARTINS, 2014, p. 43). Você certamente deve estar-se 
perguntando se haveria alguma diferença na nomenclatura, entre Direito Comer-
cial e Direito de Empresa ou Empresarial. Sobre o assunto, é sóbria a exposição 
de Fábio Ulhoa (2014, p. 22):
Direito comercial é a designação tradicional do ramo jurídico
que tem por objeto os meios socialmente estruturados de su-
peração dos conflitos de interesse entre os exercentes de 
atividades econômicas de produção ou circulação de bens 
ou serviços de que necessitamos todos para viver. Note-se 
que não apenas as atividades especificamente comerciais
(intermediação de mercadorias, no atacado ou varejo), mas também 
as industriais, bancárias, securitárias, de prestação de serviços e 
outras, estão sujeitas aos parâmetros (doutrinários, jurisprudenciais
e legais) de superação de conflitos estudados pelo direito
comercial. Talvez seu nome mais adequado, hoje em dia, fosse 
direito empresarial.
No mesmo sentido, assevera André Luiz Ramos (2014, p. 41):
Não se pode negar que o uso da expressão direito comercial se
consagrou no meio jurídico acadêmico e profissional, sobretudo 
porque foi o comércio, desde a Antiguidade, como dito, a atividade 
precursora deste ramo do direito. Ocorre que, como bem destaca a 
doutrina comercialista, há hoje outras atividades negociais, além do 
comércio, como a indústria, os bancos, a prestação de serviços, entre 
outras.
DIREITO EMPRESARIAL 13
Hodiernamente, portanto, o direito comercial não cuida apenas 
do comércio, mas de toda e qualquer atividade econômica exercida 
com profissionalismo, intuito lucrativo e finalidade de produzir ou 
fazer circular bens ou serviços. Dito de outra forma: o direito comer-
cial, hoje, cuida das relações empresariais, e por isso alguns têm 
sustentado que, diante dessa nova realidade, melhor seria usar a 
expressão direito empresarial.
Essa aparente confusão entre as expressões “comercial” e “empresarial”, 
mais que representando mera opção de nomenclatura, resgata, na verdade, o longo 
debate entre duas importantes teorias, que foram fundamentais na evolução do 
Direito Empresarial: a teoria dos atos de comércio e a teoria da empresa, sendo 
esta a mais recente e a adotada pela atual sistemática juscomercial brasileira 
(Código Civil de 2002).
A chamada teoria dos atos de comércio teve surgimento na França, com 
as primeiras codificações em matéria de Direito Comercial, especialmente com o 
advento do Código Comercial Francês de 1807. Esta teoria se propunha a “atribuir, 
a quem praticasse os denominados atos de comércio, a qualidade de comerciante, 
o que era pressuposto para a aplicação das normas do Código Comercial” 
(RAMOS, 2014, p. 30). Era a definição em lei dos atos de comércio o fator 
determinante para a aplicação das normas de Direito Comercial então vigentes, 
com bem expunha Fran Martins (2014, p. 46):
[...] ao ser votado o Código de Comércio, promulgado em 1807 
para entrar em vigor em 1808, depois de declarar, no art. 1º, que 
“são comerciantes os que exercem atos de comércio e deles fazem 
profissão habitual” , passou a enumerar, no art. 632, os atos que, 
por natureza, caracterizavam a profissão comercial, e no artigo 633 
os que eram considerados comerciais ainda que aqueles que os 
praticassem não o fizessem profissionalmente, isto é, ainda que 
os que os praticassem não fossem comerciantes. Passou, desse 
modo, o Direito Comercial a ser aplicável aos atos de comércio, e a 
essa orientação se dá o nome de Direito Comercial objetivo.
O mesmo autor aduzia, também, ao caráter não-científico da escolha dos 
“atos de comércio” pelos legisladores, tornando a atividade legiferante inepta para 
o trato da dinâmica comercial:
14 DIREITO EMPRESARIAL
Dada a inexistência de um critério exato ou científico para se dizer 
que tal ou tal ato é comercial, difícil é admitir-se cientificamente o 
Direito Comercial como o direito que ampara os atos de comércio, 
pois não se tem uma limitação dos atos que podem ser caracteriza-
dos como comerciais. O critério, assim, para conceituar-se o Direito 
Comercial como o que ampara os atos de comércio não pode ser 
aceito, porque os atos de comércio carecem de uma caracterização 
científica (MARTINS, 2014, p. 46).
O fato é que “a distinção entre atos de comércio e atos puramente ci-
vis mostrava-se de suma importância, sobretudo para permitir, ou não, a proteção 
da legislação comercial e, ainda, para fixar a competência judicial da matéria 
discutida pelos litigantes em juízo” (NEGRÃO, 2014, p. 23). Tal diferenciação, 
contudo, pelas limitações teóricas e práticas que apresentara desde sempre, 
veio perdendo prestígio.
Contrapondo-se a essa perspectiva, a teoria da empresa surgiu na Itália, 
já na metade do Século XX:
Em 1942, ou seja, mais de um século após a edição da codificação 
napoleônica, a Itália edita um novo Código Civil, trazendo enfim um 
novo sistema delimitador da incidência do regime jurídico comercial: 
a teoria da empresa. 
Embora o Código Civil italiano de 1942 tenha adotado a chamada 
teoria da empresa, não definiu o conceito jurídico de empresa. 
Na formulação desse conceito, merece destaque a contribuição 
doutrinária de Alberto Asquini, brilhante jurista italiano que analisou a 
empresa como um fenômeno econômico poliédrico que, transposto 
para o direito, apresentava não apenas um, mas variados perfis: 
perfil subjetivo, perfil funcional, perfil objetivo e perfil corporativo.
Além disso, o Código Civil italiano promoveu a unificação formal 
do direito privado, disciplinando as relações civis e comerciais 
num único diploma legislativo. O direito comercial entra, enfim, 
na terceira fase de sua etapa evolutiva, superando o conceito de 
mercantilidade e adotando, como veremos, o critério da empresa-
rialidade como forma de delimitar o âmbito de incidência da legisla-
ção comercial (RAMOS, 2014, p. 34).
DIREITO EMPRESARIAL 15
Essa é a teoria adotada pela legislação empresarial brasileira, uma 
vez que o legislador civil utilizouo sistema italiano para a definição de quais atos 
seriam ou não empresariais, sendo considerada como empresarial “a atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços”, e empresário, “aquele que exercer profissionalmente esta atividade”
(NEGRÃO, 2014, p. 23). Fran Martins, citando Juaquín Garrigues, asseverava que, 
para a teoria da empresa, a profissão comercial é caracterizada como “a repetição 
de atos ou a prática de atos em massa; e para a prática desses atos, necessário é 
que exista ‘uma organização adequada, e esta organização se chama empresa’” 
(MARTINS, 2014, p. 46).
Fique atento
O Direito Empresarial não se ocupa de regular apenas aquelas atividades 
normalmente encaradas como empresariais, comerciais ou apenas o comércio em 
si. Na atual sistemática do Código Civil, que adotou a teoria da empresa italiana, 
toda atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou 
serviços merece atenção do Direito de Empresa.
Parte da doutrina critica a teoria da empresa, não a aceitando como
plenamente válida, apesar de adotada pela legislação em vigor. As críticas estão 
quase sempre relacionadas ao conceito jurídico de empresa, à inexistência de 
um conceito legal (que também ocorre no Brasil, posto que o CC/2002 só define o
empresário). Críticas à parte, estas duas teorias em muito contribuíram para a
consolidação de muitas normas comerciais, além da maturação de muitos dos 
Princípios do Direito Empresarial, matéria que passamos a analisar.
Há diferentes sentidos por meio dos quais se expressam as normas
jurídicas, ora entendidas como princípios, ora expressas como regras jurídicas, 
categorias do mesmo gênero normativo cuja distinção ainda encontra imperfeições 
teóricas. Sobre o assunto, Robert Alexy (2008, p. 87) alerta para a existência de 
“uma pluralidade desconcertante de critérios distintivos”, não havendo na doutrina 
consenso sobre tais definições, problema que não abordaremos neste livro.
16 DIREITO EMPRESARIAL
Por outro lado, ao diferenciar princípios de regras, discorre Alexy (2008, p. 
90-91) que:
[...] princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na 
maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas
existentes. Princípios são, por conseguinte, mandamentos de
otimização, que são caracterizados por poderem ser satisfeitos 
em graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua
satisfação não depende somente das possibilidades fáticas, mas 
também das possibilidades jurídicas [...] Já as regras são normas 
que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra 
vale, então, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; [...] 
Regras contêm, portanto, determinações no âmbito daquilo que é 
fática e juridicamente possível.
Assim, os princípios corresponderiam um mandamento genérico, apriorís-
tico, amplo – orientando uma postura jurídica ou política num sentido ou em outro 
–, ao passo que as regras consubstanciam ordenamentos diretos, incisivos, es-
pecíficos, restritos, que norteiam uma situação jurídica já perfeitamente determina-
da – obrigando ou permitindo uma conduta, por exemplo. Nesse sentido, entre os 
princípios norteadores do Direito de Empresa, daremos maior atenção à liberdade 
de iniciativa, à livre concorrência, à proteção e à garantia da propriedade privada, 
à preservação da empresa e à função social da empresa.
Memorize
As normas jurídicas tradicionalmente se dividem entre princípios e regras. 
Inúmeros são os teóricos e as teorias que se propõe a diferenciar uma categoria da 
outra, não existindo ainda um consenso. Em linhas gerais, entenda como princípios 
aqueles mandamentos mais genéricos, mediatos, abstratos; e como regras, aquelas 
normas mais específicas, imediatas, concretas. Tal distinção é fundamental não só 
para o Direito de Empresa como também para os demais ramos jurídicos.
O princípio da liberdade de iniciativa é a pedra-angular do Direito Em-
presarial, não sendo possível vislumbrar a dinâmica do mercado sem um con-
texto que valorize o interesse de empreender, diante de todos os riscos que a 
atividade impõe. Vale mencionar que a livre inciativa figura como fundamento da 
República Federativa do Brasil (art. 1º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988).
DIREITO EMPRESARIAL 17
O mesmo preceito é reiterado mais à frente, no texto constitucional, que
também elege a liberdade de iniciativa como princípio da Ordem Econômica
(art. 170, caput e Parágrafo Único). Pode-se dizer que a livre iniciativa
empresarial também estaria englobada pelo direito fundamental de liberdade de 
profissão (art. 5º, XIII): “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. 
Em linhas gerais, a livre iniciativa consistiria numa postura absenteísta
do Estado, de não-intervenção, que garantisse o livre desenvolvimento das
atividades de comércio, nos termos constantes do parágrafo único do art. 170 da
CF/88: “É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos 
em lei”. A ressalva legal, certamente, consiste na supervisão Estatal, de modo a 
garantir o equilíbrio da liberdade de iniciativa com outros princípios fundamentais, 
como a dignidade humana, o valor social do trabalho, etc.
??
Curiosidade
Pode-se dizer que a livre iniciativa estava incluída entre as liberdades
civis reivindicadas pelas revoluções burguesas – Revolução Americana de 1776 e 
Revolução Francesa de 1789. Os mantras do “laissez faire, laissez aller, laissez 
passer”, que significavam literalmente “deixai fazer, deixai ir, deixai passar”, eram 
ideais do nascente liberalismo econômico, que se opunha ao absolutismo do Antigo 
Regime – a burguesia, que lucrara com os investimentos do rei, agora desejava 
livrar-se do controle monárquico.
No mesmo sentido, o princípio da livre concorrência também tem
fundamento constitucional, estando expresso no inciso IV do art. 170 e no
§ 4º do art. 173, ambos da Constituição: “§ 4º – A lei reprimirá o abuso do poder 
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência 
e ao aumento arbitrário dos lucros”. A garantida livre concorrência importaria,
assim, no equilíbrio comercial, em que os envolvidos das atividades de
comércio não fossem prejudicados por excessos ou abusos de concorrentes.
O princípio da livre concorrência é também fundamento do chamado Direito
Antitruste, sobre o qual teceremos mais alguns comentários ao tratar do Direito 
Industrial.
18 DIREITO EMPRESARIAL
O princípio da proteção e garantia da propriedade privada é direito funda-
mental insculpido no art. 5º, caput e incisos, da Constituição Federal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
XXII - é garantido o direito de propriedade; [...]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal;
O direito de propriedade é direito fundamental histórico, reclamado 
nos primeiros esboços constitucionais que o Ocidente teve, com a irrupção 
das revoluções burguesas (Independência Americana de 1776 e Revolução 
Francesa de 1789). Era uma garantia contra os poderes de confisco do Estado, 
especialmente do Monarca, antes tido como suserano de todos – portanto, dono 
de tudo –, passando a ser tido como mero representante nobiliárquico – com 
poderes limitados por uma constituição. A garantia da propriedade estaria, destarte, 
entre os chamados Direitos Fundamentais de Primeira Geração, correspondentes 
às liberdades civis mais básicas.
Cumpre salientar, contudo, que a perspectiva social, característica 
da CF/1988, empregou à propriedade privada determinados limites, tendo 
em vista interesses coletivos, públicos, sociais. A ideia defunção social da 
propriedade, por exemplo, constante do inciso XXIII do art. 5º e inciso III do 
art. 170 (também é princípio da ordem econômica), indica que o particular 
deverá, ao explorar individualmente o bem que lhe pertence, gerar 
desenvolvimento também à sociedade, ao corpo social. Logo mais, você verá 
que essa perspectiva também é aplicada à atividade empresária, quando se fala 
em função social da empresa.
Antes, vale mencionar, ainda que superficialmente, o princípio da 
preservação da empresa, que, como desdobramento dos princípios anteriores, 
corresponde à necessidade de amparo à atividade empresarial com o tempo, 
reconhecendo seu valor social e econômico, sobretudo tendo em vista as 
consequências negativas de seu comprometimento. Tal princípio será mais bem 
explorado no capítulo atinente às recuperações e falências.
DIREITO EMPRESARIAL 19
Já o princípio da função social da empresa, que tem recebido
ultimamente bastante destaque, refere-se à exigência de que a atividade
empresária acarrete algum retorno social. O conceito, todavia, ainda carece de 
melhor especificação. Há quem defenda que tal princípio incorre apenas na obri-
gação de que os lucros sejam distribuídos equanimemente, na forma que a lei e o 
contrato social estabelecem. Outros, a cuja interpretação aderimos, entendem que 
a empresa não se deve resumir ao lucro ou à repartição destes, devendo também 
buscar atingir positivamente a sociedade que a cerca.
A ideia de função social foi inicialmente atrelada à propriedade privada. 
Nas Constituições Brasileiras de 1824 e de 1891, apesar de estipularem o direito 
à propriedade, que, por sinal, perdia seu caráter absoluto apenas em caso de 
desapropriação, não versavam, em qualquer momento, acerca de uma função 
social referente a esse direito. Apenas com a Constituição de 1934, a ideia de 
função social da propriedade adentrou no ordenamento jurídico nacional, através 
de seu art. 125.
??
Curiosidade
Na Lei das Sociedades Anônimas ou S.A.s (Lei nº 6.404/76) há previsão 
legal expressa de que a empresa – no caso, uma sociedade empresária por ações, 
como estudaremos mais adiante – deve cumprir sua função social. É o que consta 
do parágrafo único do art. 116 do referido diploma: “O acionista controlador deve 
usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir a sua 
função social [...]”. E, pouco depois, no art. 154: “O administrador deve exercer as 
atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da 
companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa”.
Tal dispositivo não trazia, todavia, a expressão “função social” em seu bojo, 
mas apenas a ideia por ela expressada, ao autorizar que os cidadãos brasileiros 
requeressem a usucapião de terra que utilizassem por período igual ou superior há 
10 (dez) anos contínuos, desde que nela residissem e que fizessem dela produtiva. 
Nota-se que, ao relacionar o direito de usucapião com o uso produtivo da terra, 
a ordem constitucional de 1934 queria dizer que aqueles que não tornavam a terra 
produtiva não eram dignos de tornarem-se proprietários dela. Com o Estado Novo, 
a Carta de 1937, infelizmente, representou um retrocesso, não sendo estipulado 
qualquer vínculo entre a função social e a propriedade. 
20 DIREITO EMPRESARIAL
É na redemocratização, com a Constituição de 1946, que a função social 
volta a ser objeto de interesse constitucional, todavia, ainda de maneira implícita, 
mas já seguindo os passos do constitucionalismo contemporâneo do Estado 
Social. Em 1967, a constituição que passava a inaugurar um novo plano 
constitucional, apesar de inserida dentro de um contexto de regime militar, pas-
sou a prever a expressão “função social” em seu art. 157 (compreendido dentro do 
título “Da Ordem Econômica e Social”), estipulando-a como um princípio que 
deve ser obedecido, sob o fito de se alcançar a concretização da justiça social, 
o que demonstra grande passo para a fixação desse verdadeiro valor em nosso 
ordenamento jurídico. 
Com a CF/1988, a já mencionada função social da propriedade assume 
lugar de direito fundamental (art. 5º, XXIII) e princípio (art. 170, III). A função 
social, assim, ergue-se como importante princípio constitucional, atrelado ao 
direito de propriedade, condicionando-o ao interesse social. A mais de tais previsões 
constitucionais (que se repetem na disciplina das propriedades urbanas e rurais, 
que também precisam de exercer sua função social), tal ideia foi também 
recepcionada pelo Código Civil vigente, em que se vislumbram a função social dos 
contratos e uma própria função social da propriedade:
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos 
limites da função social do contrato.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor 
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que 
injustamente a possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância 
com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que 
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei 
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico 
e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do 
ar e das águas.
O princípio da função social da empresa desponta, assim, como 
consequência lógica da aplicação de tais preceitos, constitucionais e civilis-
tas, à realidade jurídica empresarial. Essa função social importa à empresa um 
algo mais que da mera busca pela obtenção do máximo de lucro, mas sem 
renunciar a esta ou prejudicá-la. A empresa não perde sua perspectiva 
natural de lucratividade, todavia, passa também a observar as consequências da 
atividade empresarial para o bem-estar da sociedade em que está inserida.
DIREITO EMPRESARIAL 21
1.2. Fontes do Direito Empresarial
Vale resgatar o conceito basilar de fonte do direito, na didática acepção de 
Miguel Reale (2011, p. 140):
Por “fonte do direito” designamos os processos ou meios em 
virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima 
força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma 
estrutura normativa. O direito resulta de um complexo de fatores 
que a Filosofia e a Sociologia estudam, mas se manifesta, como 
ordenação vigente e eficaz, através de certas formas, diríamos 
mesmo de certas fôrmas, ou estruturas normativas, que são o 
processo legislativo, os usos e costumes jurídicos, a atividade 
jurisdicional e o ato negocial.
E, retomando o debate acerca do grau de exigibilidade das normas 
jurídicas, o mesmo autor aduz à necessidade de um poder que confira vigência 
e eficácia às normas decorrentes de uma determinada fonte do direito, visto que, 
para ele, é o poder que define a espécie de fonte:
Para que se possa falar, por conseguinte, de “fonte de direito”, 
isto é, de fonte de regras obrigatórias, dotadas de vigência e de 
eficácia, é preciso que haja um poder capaz de especificar o 
conteúdo do devido, para exigir o seu cumprimento, não sendo 
indispensável que ele mesmo aplique a sanção penal. É por isso 
que se diz que o problema das fontes do direito se confunde com 
o das formas de produção de regras de direito vigentes e eficazes, 
podendo ser elas genéricas ou não. Por ora, podemos fixar esta 
noção essencial: toda fonte de direito implica uma estrutura 
normativa de poder, pois a gênese de qualquer regra de direito 
(nomogênese jurídica) - tal como pensamos ter demonstrado em 
nossos estudos de Filosofia do Direito - só ocorre em virtude da 
interferência de um centro de poder, o qual, diante de um complexo 
de fatos e valores, opta por dada solução normativa com caracterís-
ticas de objetividade. À luz desse conceito, quatro são as fontes de 
direito, porque quatro são as formas de poder: o processo legislativo, 
expressão do Poder Legislativo; a jurisdição, que corresponde ao 
Poder Judiciário; os usos e costumes jurídicos, que exprimem o 
poder social, ou seja, o poder decisório anônimodo povo; e, 
finalmente, a fonte negocial, expressão do poder negocial ou da 
autonomia da vontade. (REALE, 2011, p. 141).
22 DIREITO EMPRESARIAL
Fique atento
Fonte do direito é o meio pelo qual a norma jurídica se expressa, é o
veículo por meio do qual uma norma jurídica chega ao conhecimento da população 
e passa a exigir dela seu cumprimento. As fontes podem ser formais, quando dizem 
respeito à forma ou ao ambiente no qual se expressa a norma, onde pode ser ela 
encontrada, podendo ser divididas em fontes formais estatais, aquelas relativas 
aos poderes (leis, decretos, jurisprudência), e não-estatais, como o costume e a 
doutrina. Fontes materiais, relativas às razões que antecedem as normas jurídicas, 
aos motivos sociais, políticos, filosóficos que fundamentam tais normas.
Assim, a lei é tida como a fonte de direito obtida por meio do
Poder Legislativo, sendo tal poder o qual lhe confere vigência e eficácia,
diferentemente do que ocorre com o costume, advindo das práticas sociais, e com 
a jurisprudência, das práticas forenses, isto é, do Poder Judiciário. Tais conceitos 
terão sua relevância denotada quando passarmos a estudar, especificamente, as 
fontes do Direito Empresarial, na próxima Unidade. A abordagem a agora desvia
seu foco dos debates da Teoria Geral do Direito para o Direito Privado, ramo 
do direito em que se inclui o Comercial, conforme se depreenderá nos tópicos
seguintes. Do exposto, temos que a principal fonte do direito Empresarial é Novo 
Código Civil, lei promulgada, em cujos artigos 966 a 1.196. 
??
Curiosidade
O Novo Código Civil, vigente desde 2003, em substituição ao anterior, de 
1916, possui 2.046 artigos, organizados da seguinte maneira: Parte Geral: Livro 
I - Das Pessoas; Livro II - Dos Bens; Livro III - Dos Fatos Jurídicos; Parte Especial:
Livro I - Do Direito das Obrigações; Livro II - Do Direito de Empresa (onde se
encontram os princípios e regras que estudamos neste livro); Livro III - Do Direito 
das Coisas; Livro IV - Do Direito de Família; Livro V - Do Direito das Sucessões; 
Livro Complementar: Disposições Finais e Transitórias.
DIREITO EMPRESARIAL 23
Vale ainda lembrar a parcela vigente do Código Comercial de 1850, 
doze dos treze títulos da Parte Segunda, relativa ao Comércio Marítimo 
(arts. 457-756), além de leis específicas em matéria comercial (Lei nº 4.886/65, 
sobre representantes comerciais; Lei nº 8.934/94, sobre o registro público 
de empresas etc.). Figurariam como fontes secundárias/subsidiárias a 
jurisprudência em matéria empresarial, aí incluídas súmulas, súmulas 
vinculantes e orientações jurisprudenciais, e a doutrina juscomercialista.
1.3. Empresário
Até aqui você estudou os fundamentos do Direito de Empresa, sua 
evolução histórica e legislativa, bem como seus conceitos e princípios mais 
relevantes, além de alcançar a disciplina constitucional sobre o assunto. Importa 
agora verificar os principais aspectos da atividade empresarial individual, 
ou melhor, o que dispõe o Código Civil, no Livro dedicado ao Direito de Empresa, 
sobre a atividade do empresário.
1.3.1. O conceito legal de empresário
Conforme mencionamos anteriormente, no Código Civil Brasileiro 
em vigor não há definição de empresa. Por outro lado, existe uma definição legal 
de empresário constante de seu art. 966, o qual corresponde a uma tradução do 
art. 2.022 do Código Civil italiano: “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circula-
ção de bens ou de serviços”.
Desta definição, depreende-se que há alguns fatores que qualificam a 
atividade empresarial, os quais condicionam a aplicação ou não das normas do 
Direito Empresarial numa situação econômica. Em verdade, com a adoção da teo-
ria da empresa, o conceito legal de empresário abrangeu muitas mais situações 
do que as alcançadas pela teoria dos atos de comércio. É o que afirma Ricardo 
Negrão (2014, p. 24):
O termo empresário substitui o vocábulo comerciante, mas, como 
deflui do conceito legal – art. 966 do CC –, é mais abrangente que 
este. Entre os atos de comércio que caracterizavam a atividade 
empresarial, somente alguns se referiam à prestação de serviços, 
como, por exemplo, o transporte e a atividade bancária. No sistema 
empresarial, toda e qualquer produção ou circulação de serviços 
está submetida ao conceito de empresa, desde que não exercida 
pessoalmente por profissional intelectual, ou de natureza científica, 
literária ou artística.
24 DIREITO EMPRESARIAL
Memorize
Segundo o conceito legal, presente no Código Civil (art. 966, caput), para uma 
pessoa ser considerada empresária deve ela exercer profissionalmente atividade 
econômica organizada, voltada à produção/circulação de bens ou serviços.
Assim, poderíamos elencar como requisitos da atividade empresária: 
a atividade econômica de produção de bens e serviços, a organização e o
profissionalismo no desempenho da atividade. No âmbito da atividade
econômica de produção de bens e serviços, discute-se quanto à exigência ou 
não de lucro, como condição de enquadramento. Filiamo-nos à corrente que não
considera o lucro imprescindível, caso contrário não consideraríamos atividade 
empresarial aquela desenvolvida por cooperativas ou empresas estatais. 
Quanto à exigência da organização, expressa no artigo 966 do Código
Civil ― atividade econômica organizada ―, é cristalina sua relevância, ou seja, 
não é qualquer atividade econômica de produção ou circulação de bens ou de ser-
viços que será considerada empresarial. Demanda-se um mínimo de organização. 
Lemos Júnior (2009, p. 132), sobre o assunto explana:
Apesar de a absoluta maioria das empresas existentes apresentarem 
uma organização perfeitamente identificável, é mediante um estudo 
de casos limites, onde há níveis mínimos de organização, que se 
permite uma exata e plena compreensão do fenômeno empresarial.
Assim se estabelece, precisamente, onde termina o trabalho
individual e começa a empresa, pois, mesmo as pequenas
empresas, para serem consideradas como tais, devem apresentar 
um grau mínimo de organização. [...] Como se sabe, segundo a 
categorização majoritariamente aceita, a organização poderá ser: 
a) pessoal (de pessoas) ou real (de bens ou meios de produção).
O critério do profissionalismo, por último, corresponde a um resquício do 
Código Napoleônico, que influenciou muitos códigos pelo mundo, inclusive o nosso 
antigo Código Comercial. Nesse sentido, Lemos Júnior (2009, p. 140) aduz que:
DIREITO EMPRESARIAL 25
Presentemente, o profissionalismo é identificado com o exercício
habitual, estável, da atividade produtiva. Entretanto, torna-se impor-
tante estabelecer limites para a exigida habitualidade e estabilida-
de, que certamente não excluem as atividades exercidas sazonal-
mente, como é o caso de certos hotéis e restaurantes situados em
instâncias rurais ou em cidades litorâneas. Não se exige que a
atividade seja ininterrupta, bastando que não seja meramente
eventual e aleatória.
1.3.2. Atores econômicos não considerados empresários
O mesmo art. 966 do Código Civil, mais precisamente em seu parágrafo
único, excepciona expressamente algumas atividades do conceito de atividade
empresarial, ou seja, alguns atores econômicos não são considerados
empresários: “Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce pro-
fissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com 
o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa”. Sobre o assunto, expõe André Ramos que:
[...] o conceito de empresário previsto no art. 966 do Código
Civil, que, em princípio, parece englobar toda e qualquer pessoa,
física (empresário individual) ou jurídica (sociedade empresária), 
que exerça toda e qualquer atividade econômica organizada, não 
é, na verdade, tão abrangente assim. Com efeito, existem agentes 
econômicos que, a despeito de exercerem atividades econômicas,
não são considerados empresários pelo legislador,o que nos
permite concluir também que existem atividades que, a despeito 
de serem atividades econômicas, não configuram empresa (2014, 
p. 66-67).
Nesse sentido, não são considerados empresários nem empresas:
“o profissional intelectual (profissional liberal), a sociedade simples, o exercente
de atividade rural e a sociedade cooperativa” (RAMOS, 2014, p. 67), entre
outros que exerçam atividade econômica não empresarial.
Fique atento
Os chamados profissionais liberais não são considerados empresários.
A atividade econômica por eles praticada, de exploração exclusiva de seu intelecto – 
professores, advogados, médicos, engenheiros etc. – não consiste em uma atividade 
empresarial. O serviço é simplesmente prestado e ressarcido.
26 DIREITO EMPRESARIAL
No que se refere à atividade intelectual, Lemos Júnior (2009, p. 146) aduz que:
Nas profissões intelectuais, o fator determinante para a 
contratação é a própria pessoa do profissional encarrega-
do da execução do serviço. A existência de uma organização 
real ou pessoal é eminentemente acessória, não possuindo a 
necessária autonomia funcional para o desempenho da 
atividade, que é essencial para a caracterização de um 
estabelecimento empresarial. A organização (escritório e 
colaboradores), sem a pessoa do profissional, de muito pouco 
ou nada serve, carecendo de outros requisitos que caracterizam 
o estabelecimento. Ainda que entregue a um outro profissional, à 
organização faltará a mesma eficiência, salvo se eventualmente o 
substituto tiver idêntico renome.
Do exposto, ocorre atividade empresária quando a organização for mais 
importante do que a pessoa do profissional, quando a atividade puder ser exe-
cutada independentemente da pessoa que a realiza. Isto posto, até mesmo as 
atividades excluídas do conceito legal de empresário poderão configurar-se de 
maneira empresarial, como bem expõe Ricardo Negrão (2014, p. 23):
Não se deve perder de vista, entretanto, que sempre haverá 
atividades empresariais que compreendem serviços da natureza 
daqueles excluídos conceitualmente. Ao fornecer planos de 
saúde para a população, a administradora de serviços 
médicos está oferecendo serviços de natureza intelectu-
al, de um oftalmologista, geriatra, urologista etc. Embora não 
se transmude a natureza desse serviço, a atividade da 
administradora de serviços médicos é empresarial porque o exercí-
cio da atividade intelectual de medicina é elemento de sua empresa.
Percebe-se, assim, que as atividades excluídas do conceito 
[de empresário] são aquelas exercidas pessoalmente pelo 
profissional intelectual, pelo cientista, pelo escritor ou artista. 
Ao se constituírem elementos de empresa, explorada por 
terceiro que administra e coordena essas atividades, serão 
necessariamente empresariais.
O mesmo autor, desta sorte, conceitua alguns requisitos da atividade 
empresarial, valendo conferir:
Serão empresariais as atividades que tenham as seguintes carac-
terísticas: 1) economicidade: criação ou circulação de riquezas e 
de bens ou serviços patrimonialmente valoráveis; 2) organização: 
compreende tanto o trabalho, a tecnologia, os insumos e o capital, 
próprios ou alheios; 3) profissionalidade: refere-se à atividade não 
ocasional e à assunção em nome próprio dos riscos da empresa 
(NEGRÃO, 2014, p. 23).
DIREITO EMPRESARIAL 27
Vale mencionar, também, que o Código Civil em vigor, a exemplo da 
legislação italiana, também traz a definição de estabelecimento como “todo 
complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, 
ou por sociedade empresária” (art. 1.142). A ideia de organização para ex-
ploração é, destarte, determinante para a conceituação da atividade 
empresarial. A atividade dos profissionais intelectuais está sujeita, assim, à sua 
legislação específica (e. g., o Estatuto da Advocacia e da OAB, no caso dos 
advogados).
No caso das chamadas sociedades simples, ou mesmo sociedades 
uniprofissionais, a regra excludente atuaria no mesmo sentido de desvencilhá-las 
das atividades típicas das sociedades empresárias, ou seja, de atividades 
comerciais:
Ora, se nem sempre o exercente de atividade econômica é 
considerado empresário, haja vista a regra excludente do pará-
grafo único do art. 966 do Código Civil, isso nos leva à conclu-
são de que também nem sempre uma sociedade será empresá-
ria, haja vista a possibilidade de se constituírem sociedades cujo 
objeto social seja a exploração da atividade intelectual dos seus 
sócios. Essas sociedades, antes chamadas de sociedades civis, 
são denominadas pelo atual Código Civil de sociedades simples. O 
Código Civil estabelece, em seu art. 982, que “salvo as exceções 
expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por obje-
to o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro 
(art. 967); e, simples, as demais”. Isso mostra que o que define 
uma sociedade como empresária ou simples é o seu objeto 
social. Há apenas duas exceções a essa regra, contidas no seu 
parágrafo único, o qual prevê que “independentemente de seu 
objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, 
a cooperativa” (RAMOS, 2014, p. 72).
Assim, da própria exceção disposta no art. 967, parágrafo único, as 
cooperativas também não são consideradas sociedades empresárias, mas, 
sim, sociedades simples, sendo-lhes aplicadas as normas do Código Civil para 
as sociedades simples (arts. 997 a 1.038). No caso das sociedades (simples) de 
advogados, a regulamentação é feita pelo Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei nº 
8.906, de 4 de julho de 1994): “Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade 
civil de prestação de serviço de advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no 
regulamento geral”.
28 DIREITO EMPRESARIAL
1.3.3. Empresário individual
Consoante o que dispõe o já mencionado art. 966 do Código Civil, 
empresário individual é toda pessoa física que se dedique profissionalmente a 
uma atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços. Há falar, no entanto, nos precisos impedimentos legais, cons-
tantes da legislação em vigor, que embargam que a atividade empresarial seja 
exercida pelos respectivos impedidos.
Sobre o assunto, ilustra André Ramos (2014, p. 77):
O Código Civil de 2002 não trouxe nenhum dispositivo normativo 
semelhante ao art. 2. ° do Código Comercial de 1850, que arrolava 
diversos casos de impedimento legal ao exercício do comércio. 
Pode-se mencionar apenas o art. 1.011, § 1.°, do Código Civil, o 
qual prevê que “não podem ser administradores, além das pessoas 
impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda 
que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime 
falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; 
ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro 
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as 
relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto 
perdurarem os efeitos da condenação”. Não obstante o dispositivo 
se referir aos administradores de sociedades, há autores que 
estendem esses impedimentos aos empresários individuais.
Atualmente, portanto, afora a regra acima transcrita, os impedimentos 
legais ao exercício de atividade empresarial estão espalhados pelo 
arcabouço jurídico-normativo.
Vale mencionar que “esses impedimentos estão em normas de direito 
público e visam a proteger a coletividade, evitando que esta negocie com 
determinadas pessoas em virtude de sua função ou condição ser incompatível com 
o exercício livre de atividade empresarial” (RAMOS, 2014, p. 77). 
Podemos mencionar, como exemplos de profissionais impedidos: 
o art. 117, inciso X, da Lei nº 8.112/1990, que veda a atividade aos servidores 
públicos federais; o art. 36, I, da Lei Complementar nº 35/1979, que faz o mesmo 
em relação aos juízes e desembargadores; o art. 44, III, da Lei nº 8.625/1993, 
impedindo os promotores e procuradores de justiça; e o art. 29 da Lei 6.880/1980, 
que embarga a atividade empresária aos militares.DIREITO EMPRESARIAL 29
Vale mencionar também, como impedidos, o empresário falido, empós
decretada a sentença de falência (abordaremos mais o assunto no próximo Módulo), 
só podendo voltar a exercer a atividade após o decurso do prazo legal, no caso 
de crime falimentar, quando pleiteará declaração de extinção das obrigações e
reabilitação penal. Os devedores do INSS também são impedidos (Lei nº 8.212/91, 
art. 95, §2°, “d”). 
Membros das câmaras legislativas – vereadores, deputados e senadores 
– não podem ser empresários que gozem de contrato com o governo. Os condenados
pela prática de crime que vede o acesso à atividade empresarial também não
podem exercer a atividade empresarial até a reabilitação penal.
Como consequências, o exercício de atividade empresarial pelo impedido 
pode acarretar sanções administrativas ou penais, a depender das circunstâncias,
respondendo pessoalmente também pelas obrigações que assumira (Art. 973), não 
podendo alegar o impedimento em sua própria defesa – a máxima do nemo auditur 
propriam turpitudinem allegans, de que “ninguém pode se beneficiar da própria torpeza”.
Memorize
 São legalmente proibidos de exercerem atividade empresarial:
 a) o empresário falido, ainda não reabilitado judicialmente;
 b) o condenado por crime comercial, antes da reabilitação penal;
 c) o leiloeiro; 
 d) o funcionário público, aí incluídos magistrados, promotores e procuradores; 
 e) o devedor do INSS, nos termos da Lei nº 8.212/91.
Releva mencionar, por último, que os impedimentos não se transmitem
aos parentes do impedido, salvo nos casos de juízes e membros do Ministério
Público, quando num processo figura interesse de empresa de parente, por exemplo, 
sendo isto, todavia, um impedimento processual, e não comercial. Ainda, mesmo 
não podendo ser empresários individuais, administradores ou gerentes de empresas, 
os impedidos podem, sim, ser sócios:
30 DIREITO EMPRESARIAL
É preciso atentar para o fato de que a proibição é para o exercí-
cio de empresa, não sendo vedado, pois, que alguns impedidos 
sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez que, nesse 
caso, quem exerce a atividade empresarial é a própria pessoa 
jurídica, e não seus sócios. Em suma: os impedimentos se dirigem 
aos empresários individuais, e não aos sócios de sociedades 
empresárias. Nesse sentido, pode-se afirmar então que os impedidos 
não podem se registrar na Junta Comercial como empresários 
individuais (pessoas físicas que exercem atividade empresarial), 
não significando, em princípio, que eles não possam participar 
de uma sociedade empresária como quotistas ou acionistas, por 
exemplo. No entanto, a possibilidade de os impedidos participarem 
de sociedades empresárias não é absoluta, somente podendo 
ocorrer se forem sócios de responsabilidade limitada e, ainda assim, 
se não exercerem funções de gerência ou administração (RAMOS, 
2014, p. 76-77).
Em se tratando de casamento, o empresário casado pode constituir 
sociedade com seu cônjuge, exceto se for casado com comunhão universal 
de bens ou separação obrigatória de bens (Art. 977). Ou seja, quando os nubentes 
optarem pela comunicação de todos os seus bens – anteriores e posteriores ao 
casamento – ou se lhes for imposto o regime de separação (separação compulsória ou 
obrigatória) nos casos previstos pelo art. 1.641 do Código Civil, por exemplo, quando 
uma maior de 70 (setenta) anos casar (inciso II). Por outro lado, não necessita o 
empresário de outorga conjugal para dispor dos bens imóveis da empresa, por 
força do art. 978 do CC/2002. O pacto antenupcial e os termos de reconciliação ou 
divórcio devem ser averbados no registro público de empresas (arts. 979 e 980).
1.3.4. Capacidade do empresário
Você percebeu que o legislador comercialista não se preocupou em somente 
conceituar o empresário individual, tratando também de prescrever regras gerais 
para a disciplina do exercício individual de empresa:
Nesse sentido, por exemplo, o Código Civil estabeleceu algumas 
vedações ao exercício individual de empresa. Essas vedações 
decorrem ou de proibições que a legislação estabelece (impedimentos 
legais), ou da incapacidade do agente econômico. Nesse sentido, 
dispõe o Código Civil, em seu art. 972, que “podem exercer a atividade 
de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil 
e não forem legalmente impedidos” (RAMOS, 2014, p. 77).
DIREITO EMPRESARIAL 31
A capacidade do empresário consiste, do exposto, não num impedimento, 
mas num pré-requisito essencial à prática dos atos mercantis. A legislação, con-
tudo, aduz a hipóteses em que o incapaz pode atrelar-se à atividade empresária, 
no âmbito das empresas (jamais individualmente):
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devi-
damente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele 
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após 
exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da 
conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada 
pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor 
ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o 
incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde 
que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do 
alvará que conceder a autorização.
§ 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas 
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais 
de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de 
forma conjunta, os seguintes pressupostos: 
I. o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II. o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III. o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente 
incapaz deve ser representado por seus representantes legais.
No mesmo sentido, prevê o Código os casos em que, mesmo tendo o incapaz 
titular de uma quota empresarial um representante, é este impedido:
Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa 
que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, 
nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.
§ 1º Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em 
que o juiz entender ser conveniente.
§ 2º A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente 
do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes 
nomeados.
32 DIREITO EMPRESARIAL
??
Curiosidade
O Código Civil em vigor aborda as incapacidades estabelecendo duas
categorias, os absolutamente incapazes, aqueles que não podem (nem devem) 
participar autonomamente de qualquer ato da vida civil, e os relativamente incapazes, 
que podem, sim, exercer sua vontade, desde que assistidos por responsáveis legais:
Art. 3° São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os 
atos da vida civil:
I. os menores de dezesseis anos;
II. os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos;
III. os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir 
sua vontade.
Art. 4° São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira 
de os exercer:
I. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II. os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por defici-
ência mental, tenham o discernimento reduzido;
III. os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV. os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por
legislação especial.
Já o art. 976, trata da “prova da emancipação e da autorização do incapaz”,
assim como sua revogação, que devem ser inscritas ou averbadas no Registro 
Público de Empresas Mercantis. Há falar também na exclusão de sócio por
incapacidade superveniente, ou seja, o sócio era capaz à época da criação da 
empresa, mas, por qualquer razão, perdera sua capacidade plena de exercício dos 
atos da vida civil (e empresarial):
Os sócios que compõema maioria deverão suscitar em juízo a 
exclusão do incapaz, dando-se, então, a liquidação de sua partici-
pação, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da 
declaração da incapacidade, verificada em balanço especialmente 
levantado (NEGRÃO, 2014, p. 37-38).
DIREITO EMPRESARIAL 33
1.3.5. Obrigações do empresário
Há que se falar em, basicamente, três deveres principais do empresário 
individual, que são necessários para o amparo legal de suas atividades co-
merciais, sendo eles o dever de registro perante a Junta Comercial; o dever 
de escrituração nos livros empresariais obrigatórios; e o dever de levantar 
balanços patrimoniais e econômicos da empresa, periodicamente. Vale frisar 
que o não cumprimento de tais obrigações acarreta sanções administrativas 
e criminais, além da não-aplicação das normas de Direito Comercial (o empre-
sário desobediente não tem as mesmas regalias que um colega que cumpriu 
com suas obrigações).
O dever de inscrição na Junta Comercial está previsto no art. 967 do 
Código Civil, aduzindo que “é obrigatória a inscrição do empresário no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início 
de sua atividade” (nosso grifo), devendo tal inscrição contar com as informações 
necessárias, arroladas pelo dispositivo seguinte – art. 968:
Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento 
que contenha:
I. o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, 
o regime de bens;
II. a firma, com a respectiva assinatura autógrafa;
III. o capital;
IV. o objeto e a sede da empresa.
§ 1° Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será 
tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas 
Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os 
empresários inscritos.
§ 2° À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão 
averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes.
Já o § 3º deste mesmo dispositivo aduz à possibilidade de admissão de 
sócios, em que “o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de 
Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro 
de sociedade empresária”, em atenção às normas do Código em relação aos 
constitutivos das sociedades. 
34 DIREITO EMPRESARIAL
Figura 03: Junta Comercial do Estado do Ceará/JUCEC, 
na Rua 25 de Março, em Fortaleza.
Fonte: <https://bit.ly/2wmA34R>.
Nesse sentido, a inscrição do empresário individual se dá no Registro 
Público das Empresas Mercantis, disciplinado pela Lei nº 8.934, de 18 de 
novembro de 1994, como obrigação legal para funcionamento, sendo realizada 
mediante requerimento à Junta Comercial competente. O requerimento conta-
rá com os elementos constantes do já mencionado art. 968 do CC/2002 (nome, 
nacionalidade, firma, capital, etc.). No caso de ser aberta sucursal, filial ou agência 
em outro lugar, na jurisdição de outra Junta Comercial, deve também ser requerido 
registro (art. 969). O estabelecimento secundário deve ser também averbado na 
Junta Comercial em que se registrou a sede.
Esses documentos e informações hão de ser apresentados à Junta 
Comercial no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data da lavratura dos atos 
constitutivos, como a assinatura do contrato social (art. 1.151, § 1º). Se o registro 
for requerido depois desse prazo, só produzirá efeitos a partir de sua concessão 
pela Junta, ao invés de a partir da data da lavratura do ato constitutivo:
Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no 
artigo antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, 
no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado.
§ 1º Os documentos necessários ao registro deverão ser apre-
sentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos 
respectivos.
§ 2º Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro 
somente produzirá efeito a partir da data de sua concessão.
§ 3º As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por 
perdas e danos, em caso de omissão ou demora.
DIREITO EMPRESARIAL 35
Do exposto, a obrigação de arquivamento dos atos constitutivos nas 
Juntas Comerciais é pré-requisito da legalidade da atividade empresarial, condi-
cionando também, no caso das sociedades empresárias, a obtenção de sua per-
sonalidade jurídica. Aquele empresário – ou aquela sociedade empresária – que 
faltar com esse dever, não procedendo o devido registro ante a Junta competente, 
será considerado empresário irregular ou de fato (no caso das sociedades, socie-
dades irregulares ou de fato), o que lhe acarretará determinadas sanções.
Entre as consequências do descumprimento do dever de registro empre-
sarial, podemos destacar: a) não poder pleitear recuperação judicial, caso es-
teja em crise, nos termos da legislação falimentar (Lei nº 11.101/2005, art. 48); b) 
não poder requerer a falência de devedor seu, podendo, contudo, declarar-se 
credor do e requerer autofalência (Lei nº 11.101/2005, art. 97); c) não poder 
utilizar os livros mercantis como prova (perda da eficácia probatória dos 
livros mercantis), uma vez que não serão autenticados; d) não poder partici-
par de licitações nem de contratos com o Poder Público (Lei nº 8.666/1993); 
e) não poder a sociedade empresária possuir nº de CNPJ, respondendo pelas 
sanções fiscais (tributos não pagos) decorrentes, como no caso de não se emitir 
nota fiscal (necessita do CNPJ da empresa), o mesmo valendo no caso das 
contribuições devidas ao INSS; f) não poder configurar-se como microempresa 
ou empresa de pequeno porte, não podendo, assim, beneficiar-se das simplifi-
cações tributárias e benefícios fiscais.
O dever de escriturar os livros mercantis é também obrigação do 
empresário, e do administrador da sociedade empresária. Tais documentos devem 
ser perfeitamente conservados, guardados em conjunto com a correspondência 
oficial e com outros documentos importantes (notificações, contratos, registros, 
inventários, etc.), enquanto não prescreverem ou decaírem os atos escritura-
dos, nos termos do art. 1.194. Já o art. 1.179 estabelece que “o empresário e a 
sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, 
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em 
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o 
balanço patrimonial e o de resultado econômico”.
Mecânicos ou digitais, tais livros hão de ser autenticados, e sua escritura-
ção ficará a cargo de profissional contabilista habilitado, a não ser no caso de o 
local onde se situa e empresa não possuir profissional com esta qualificação, sendo sua 
função exercida por alguém que compreenda tal dinâmica (art. 1.182), sendo realmente 
necessária uma expertise contábil, requerendo conhecimentos próprios das Ciências 
Contábeis, para a escrituração necessária dos livros obrigatórios e dos livros facul-
tativos, caso o queira(m) o(s) empresário(s):
36 DIREITO EMPRESARIAL
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável 
o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escritura-
ção mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro 
apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de
resultado econômico.
Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios 
e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser
autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.
Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja ins-
crito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer
autenticar livros não obrigatórios.
Entre os livros obrigatórios, exigidos pela legislação comercial, há o Livro
Diário, comum a toda e qualquer atividade empresária, e livros obrigatórios
específicos, atinentes a cada atividade mercantil ou tipo societário. Exemplos:
Livro de Registro de Duplicatas, Livro de Ações Nominativas das Sociedades
Anônimas, Livro de Atas de Assembleias Gerais. Como exemplos de livros
facultativos, cujo preenchimento,escrituração há de ser optado pelo empresário ou pela 
sociedade empresária, em razão de não serem exigidos pela lei, mas servindo para o 
aprimoramento da escrituração, podemos citar o Livro de Contas-Correntes e o Livro 
de Caixa.
Memorize
O Livro Diário ou simplesmente Diário é livro de escrituração obrigatória, 
segundo a legislação em vigor, comum a toda atividade empresarial.
Destaque para os critérios de escrituração do Livro Diário estabelecidos no 
corpo do próprio Código Civil:
Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda
corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de 
dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, bor-
rões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.
Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de
abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado.
Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e
caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita di-
reta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da 
empresa.
DIREITO EMPRESARIAL 37
§ 1º Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais 
que não excedam o período de trinta dias, relativamente a 
contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da 
sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares 
regularmente autenticados, para registro individualizado, e 
conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação.
§ 2º Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de 
resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico 
em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou 
sociedade empresária.
Já a norma do art. 1.185 aduz que “o empresário ou sociedade empresária 
que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário 
pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades 
extrínsecas exigidas para aquele”, constando no dispositivo seguinte os critérios 
de escrituração do Livro de Balancetes Diários:
Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado 
de modo que registre:
I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, 
pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários;
II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerra-
mento do exercício.
Vale salientar que, se não forem cumpridos tais deveres de escrituração, po-
dem incorrer os responsáveis em crime falimentar, caso seja decretada a falência 
do empresário ou sociedade empresária sem que hajam sido devidamente escri-
turados os livros obrigatórios (Lei nº 11.101/2005, art. 178). Os livros, uma vez 
autenticados, têm eficácia probatória, ou seja, funcionam como prova das ativi-
dades realizadas, gozando de probabilidade perante a Justiça, nos termos do art. 
226 do Código Civil:
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam 
contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escri-
turados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por 
outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante 
nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular 
revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação 
da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
38 DIREITO EMPRESARIAL
Essas formalidades intrínsecas e extrínsecas dos livros mercantis, a que faz 
menção o caput do art. 226 do Código, são, portanto, elementos relevantes para a 
sua eficácia probatória, não sendo admitidos vícios de escrituração, sob pena de 
serem por eles invalidados os dados escriturados.
Nesse sentido, são requisitos intrínsecos dos livros comerciais os rela-
cionados com a forma de escrituração, quais sejam: idioma e moeda nacio-
nal, técnica contábil, ordem cronológica dos atos, sem intervalos temporais, 
a ausência de lacunas, falhas, rasuras, borrões ou emendas no texto (art. 
1.183). Já os requisitos extrínsecos se referem à segurança necessária à es-
crituração, como a conservação física dos livros e sua autenticação pela Junta 
Comercial competente.
Fique atento
Os requisitos intrínsecos dos livros comerciais se referem ao que “está 
dentro” do livro, ao que é em suas páginas registrado, na forma que a lei exige: 
idioma nacional (português brasileiro), moeda nacional (real), técnica contábil, ordem 
cronológica, ausências de rasuras, etc. Os requisitos extrínsecos se referem ao que 
se vê “por fora” do livro comercial, à sua conservação, autenticação, segurança.
Figura 04: Livro diário antigo (Séc. XIX).
Fonte: <https://bit.ly/2PKIaA0>.
DIREITO EMPRESARIAL 39
Há que se falar também, como desdobramento dos direitos fundamentais de 
privacidade e intimidade (previstos no art. 5º, incisos X e XII, da Constituição 
Federal), que o acesso aos livros mercantis por terceiros é restringido, uma 
vez que, “ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou 
tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar 
se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e 
fichas, as formalidades prescritas em lei” (art. 1.190, Código Civil):
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos 
livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver ques-
tões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração 
ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
§ 1º O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de 
ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de 
qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença 
do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, 
ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que 
interessar à questão.
§ 2º Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, 
perante o respectivo juiz.
Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do 
artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu 
§ 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para 
se provar pelos livros.
Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida 
por prova documental em contrário.
Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da 
escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades 
fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, 
nos termos estritos das respectivas leis especiais.
Acerca do dever de levantar balanços patrimoniais e econômicos, 
obrigação esta que se deve revestir de periodicidade, vale colacionar a norma dos 
arts. 1.188 e 1.189:
Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e 
clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades 
desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, 
distintamente, o ativo e o passivo.
Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acom-
panharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas.
Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração 
da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e 
dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial.
40 DIREITO EMPRESARIAL
1.3.6. Estabelecimento comercial e aviamento 
O Código Civil dedica o Título III de seu Livro de Direito de Empresa à 
disciplina do estabelecimento comercial, entendido como “todo complexo de 
bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade em-
presária” (art. 1.142). Este é o conceito legal de estabelecimento comercial, pre-
sente no Código Civil. Tal definição aproxima-se do conceito de universalidade 
de bens, podendo constituir-se como universalidade de fato (art. 90, do Código 
Civil), como expõe Ricardo Negrão (2014, p. 94):
O Código Civil define estabelecimento empresarial no art. 1.142: 
“todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, 
por empresário, ou por sociedade empresária”. 
O conceito merece alguns desdobramentos. A palavra “bens” com-
preende coisas

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