Buscar

Direito Constitucional - Poder Executivo - 2ª parte

Prévia do material em texto

PODER EXECUTIVO
(2ª parte)
DOUGLAS DA SILVA ARAÚJO
Mestre em Direito – UFRN
Mestre em Planejamento Urbano e Dinâmicas Territoriais – UERN
Especialista em Criminologia e Segurança Pública – FIP
Graduado em Direito – UFCG
São agentes escolhidos pelo Presidente da República, de livre nomeação e exoneração (ad nutum). 
Requisitos:
■ ser brasileiro, nato ou naturalizado (exceto o cargo de Ministro de Estado da Defesa, que deverá ser brasileiro nato);
■ ter mais de 21 anos de idade; 
■ estar no exercício dos direitos políticos. 
MINISTROS DE ESTADO
Estão elencadas no parágrafo único do art. 87 da CF/88: 
■ exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;
■ expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; 
■ apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; 
■ praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. 
Conforme art. 84, parágrafo único, da CF, o Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado (bem como ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União), 
ATRIBUIÇÕES DOS MINISTROS DE ESTADO
Os Ministros de Estado cometem crime de responsabilidade nas seguintes hipóteses:
quando convocados pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou qualquer de suas Comissões, para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado e inerentes às suas atribuições e deixarem de comparecer, salvo justificação adequada;
quando solicitas informações pelas Mesas da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e os Ministros se recusarem a fornecê-las, não atenderem ao pedido no prazo de 30 dias;
quando praticarem crimes de responsabilidade conexos com o Presidente da República.
RESPONSABILIDADE E JUÍZO COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR OS MINISTROS DE ESTADO
No caso de crime de responsabilidade, sem conexão com o Presidente da República ou nos crimes comuns, os Ministros de Estado serão processados e julgados pelo STF.
No caso de crime de responsabilidade conexo com o Presidente da República, o órgão julgador será o Senado Federal. 
Obs.: Só necessita de autorização para instauração por parte da Câmara dos Deputados quando os crimes de responsabilidade forem conexos com o Presidente da República. 
RESPONSABILIDADE E JUÍZO COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR OS MINISTROS DE ESTADO
Órgão superior de consulta do Presidente da República.
Competências constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre (art. 90, I e II, CF/88): 
■ a intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio; 
■ questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. 
É considerada uma atividade relevante e não remunerada. 
CONSELHO DA REPÚBLICA
Órgão de consulta (superior) do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. 
Nos termos da Constituição compete ao Conselho de Defesa Nacional: 
■ opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, bem como sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; 
■ propor os critérios e as condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; 
■ estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. 
É considerado serviço público relevante, e seus membros não poderão receber remuneração. 
CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
COMPOSIÇÃO
Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas, submetidas ao processo de impeachment. 
Constituição de 1891 já previa essa espécie de crime. 
Lei n.º 1.079/50. 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. 
CRIME DE RESPONSABILIDADE 
Ao processo de impeachment aplica-se, subsidiariamente, as regras dos Regimentos Internos da Câmara dos Deputados e do Senado. 
Também poderão ser responsabilizados politicamente e destituídos de seus cargos através do processo de impeachment: 
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado, nos crimes conexos com aqueles praticados pelo Presidente da República; 
Ministros do STF; 
membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público;
Procurador Geral da República;
Advogado-Geral da União;
Governadores;
Prefeitos .
CRIME DE RESPONSABILIDADE 
Procedimento bifásico: 
PROCEDIMENTO
A acusação poderá ser formalizada por qualquer cidadão no pleno gozo de seus direitos políticos, devendo a denúncia estar assinada com firma reconhecida e acompanhada dos documentos que a comprovem. 
Conforme entendeu o STF, antes da apreciação pelo Plenário da Câmara dos Deputados assegura-se ao Presidente da Câmara dos Deputados a competência para proceder exame liminar da idoneidade da denúncia popular, podendo rejeitá-la caso inepta ou despida de justa causa, sujeitando-se ao controle do Plenário da Casa, mediante recurso.
Esse exame liminar independe de defesa prévia.
O Presidente da Câmara dos Deputados exerce um poder extraordinário: 
competência para definir quando irá apreciar o pedido de impeachment; 
o poder de indeferir liminar e monocraticamente;
havendo recurso contra essa decisão, em razão do “poder de agenda”, o Presidente da Câmara dos Deputados poderá pautar o recurso quando bem entender. 
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Admitida a acusação, será constituída uma comissão especial, através de voto aberto, para emissão de parecer.
No processo de impeachment, todas as votações devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, controle dos representantes e legitimação do processo. 
Do recebimento da denúncia será notificado o denunciado para manifestar-se, querendo, no prazo de 10 sessões. 
Independente do conteúdo do parecer, a denúncia será apreciada pelo Plenário da Câmara, que poderá autorizar ou não a instauração de processo de impeachment contra o Presidente da República. Essa autorização depende do quórum constitucional qualificado de 2/3 de seus membros (342). 
A Câmara exerce, assim, um juízo eminentemente político sobre os fatos narrados, que constitui condição para o prosseguimento da denúncia. Ao Senado compete, privativamente, processar e julgar o Presidente, locução que abrange a realização de um juízo inicial de instauração ou não do processo, isto é, de recebimento ou não da denúncia autorizada pela Câmara.
CÂMARA DOS DEPUTADOS
O procedimento no Senado Federal é trifásico.
A) JUÍZO DE ACUSAÇÃO (judicium accusationis: maioria simples e voto aberto do Pleno):
Iniciado no Senado, também será constituída uma comissão especial.
Independentemente de seu conteúdo do parecer, haverá votação pelo Plenário.
Nesse momento o processo está formalmente instaurado no Senado Federal, passando a ser presidido pelo Presidente do STF. 
O Presidente da República ficará suspenso de suas funções pelo prazo de até 180 dias. Trata-se de suspensão cautelar, automática e temporária. 
Se não houver a imposição da pena de perda do cargo, o Presidente da Repúblicavoltará a exercer as suas funções, podendo, então, ficar afastado por prazo menor que 180 dias. 
SENADO FEDERAL
B) JUÍZO DE PRONÚNCIA (maioria simples e voto aberto): 
Instaurado o processo, passa a haver ampla instrução probatória para, ao final, o Plenário do Senado Federal, depois de colhidas as provas, discutir e votar o parecer da comissão especial (em um só turno, por voto aberto e maioria simples).
Se o Senado entender que não procede a acusação, o processo será arquivado. Se o Senado aprovar o parecer, considerar-se-á procedente a acusação, passando para a última fase de julgamento. 
SENADO FEDERAL
C) JUDICIUM CAUSAE (fase de julgamento: 2/3 e voto aberto): 
O julgamento do Presidente da República deverá ser realizado pelo Plenário do Senado Federal, por voto aberto, só sendo admitida a condenação se atingido o quórum constitucional de 2/3 dos 81 Senadores, ou seja, o número mínimo de 54, que responderão SIM ou NÃO à seguinte pergunta formulada pelo Presidente do STF: “Cometeu o acusado os crimes que lhe são imputados, e deve ser ele condenado à perda do seu cargo e à inabilitação temporária, por oito anos, para o desempenho de qualquer outra função pública, eletiva ou de nomeação?”
No caso de condenação, as sanções impostas no processo de impeachment serão veiculadas por resolução do Senado Federal. 
A condenação pelo crime de responsabilidade implicará a imposição de duas penas autônomas: a perda do cargo e a inabilitação para o exercício de função pública por 8 anos. Em outra linha, poderá o Presidente ser absolvido. 
SENADO FEDERAL
Crime de responsabilidade: admite-se o controle judicial?
Não se admite o controle judicial, sob pena de se violar o princípio da separação de poderes.
O constituinte originário definiu que compete ao Senado Federal processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade. 
Admitir a revisão do julgamento de mérito pelo STF significaria inequívoca violação da Constituição
Parece razoável, em tese, admitir que o STF possa rever eventual imputação totalmente teratológica ou absurda.
CRIME DE RESPONSABILIDADE
Previsão: Lei n. 8.038/90 e nos arts. 230 a 246 do RISTF. 
Também haverá um controle político de admissibilidade. A Câmara dos Deputados é quem autorizará ou não o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, através do voto de 2/3 de seus membros, em caso de crime comum. 
Autorizado o recebimento, o STF fará a notificação do denunciado para, no prazo de 15 dias, apresentar sua resposta à acusação.
A denúncia, nos casos de ação penal pública, será ofertada pelo Procurador-Geral da República, que também poderá requerer o arquivamento, caso não tenha formado a sua opinio delicti. Nos casos de crime de ação privada, haverá necessidade de oferta da queixa-crime pelo ofendido. 
Recebida a denúncia ou queixa-crime, o Presidente da República ficará suspenso de suas funções por 180 dias. Decorrido tal prazo sem o julgamento, voltará a exercê-las. 
CRIME COMUM
A expressão “crime comum”, segundo posicionamento do STF, abrange “todas as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos eleitorais, alcançando até mesmo os crimes contra a vida e as próprias contravenções penais”.
Registre-se que o Presidente da República, conforme regra do art. 86, § 4º, não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 
Contudo, as infrações penais praticadas antes do início do mandato ou durante a sua vigência, porém sem qualquer relação com a função presidencial, não poderão ser objeto de persecução penal, que ficará, provisoriamente, inibida, acarretando, logicamente, a suspensão do curso da prescrição. É a imunidade presidencial ou irresponsabilidade penal relativa. 
A infrações de natureza civil, política (crimes de responsabilidade), administrativa, fiscal ou tributária, poderá o Presidente da República ser responsabilizado, pois a irresponsabilidade penal relativa, restringe-se apenas à persecução penal.
CRIME COMUM
Oferecida a denúncia no STF, havendo autorização da Câmara, julgando-se procedente o pedido formulado pelo Procurador Geral da República, a condenação aplicada será a prevista no tipo penal, e não a perda do cargo (como pena principal), que só ocorrerá no caso de crime de responsabilidade. 
No caso de crime comum, a perda do cargo dar-se-á por via reflexa, em decorrência da suspensão temporária dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da sentença criminal condenatória, transitada em julgado
CRIME COMUM

Continue navegando