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TCC - Artigo Cientifico - O Assistente Social no CDP de Pinheiros suas limitações e desafios no cotidiano e no processo de ressocialização do apenado

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UNICID - Universidade Cidade de S. Paulo
PROJETO DE PESQUISA – ARTIGO
O Assistente Social no CDP de Pinheiros suas limitações e desafios no cotidiano e no processo de ressocialização do apenado
Alunos:
Ana Paula Cordeiro RGM: 16804228
Sônia Marcia RGM: 16261071
Suely Miranda RGM: 16745931
 Vinicius Balduino RGM: 16770501
 Zilda Sidnéia D. Ferreira RGM: 16157745
São Paulo
 2019
UNICID - Universidade Cidade de S. Paulo
O Assistente Social no CDP de Pinheiros suas limitações e desafios no cotidiano e no processo de ressocialização do apenado
Artigo científico apresentado no Curso de Serviço Social (Bacharelado) da Universidade Cidade de São Paulo UNICID, SP, como requisito parcial para obtenção do certificado acadêmico.
Orientadora: Prof. Fabiana Barbosa Brígido
São Paulo
2019
UNICID - Universidade Cidade de S. Paulo
CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃO
CURSO SUPERIOR EM SERVIÇO SOCIAL
A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Artigo Científico.
O Assistente Social no CDP de Pinheiros suas limitações e desafios no cotidiano e no processo de ressocialização do apenado
Elaborado por:
Ana Paula Cordeiro RGM: 16804228
Sônia Marcia RGM: 16261071
Suely Miranda RGM: 16745931
 Vinicius Balduino RGM: 16770501
 Zilda Sidnéia D. Ferreira RGM: 16157745
COMISSÃO EXAMINADORA – NOTA:
________________________________
Professora Orientadora
________________________________
Professora Avaliadora –
São Paulo / 2019
O momento que vivemos é um momento pleno de desafios. Mais de que nunca é preciso ter coragem, é preciso ter esperanças para enfrentar o presente. É preciso resistir e sonhar. É necessário alimentar os sonhos e concretizá-los dia-a-dia nos horizontes de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidários (IAMAMOTO, 2004, p.17)
RESUMO
O presente artigo alicerça suas bases na observação de fatos e vivências da atuação do profissional Assistente Social no Sistema Prisional, onde foi realizada entrevista e escuta da profissional em questão do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros. O CDP de Pinheiros, tem como público alvo o segmento masculino os quais se encontram reclusos em regime provisório, semiaberto e fechado somando aproximadamente 678 internos. Este estudo estabelece uma reflexão acerca do trabalho do Assistente Social buscando identificar suas dificuldades, e desafios no cotidiano analisando a sua postura na instituição inserida. A sociedade brasileira contemporânea enfrenta como um de seus maiores desafios sociais e econômicos, a precariedade do sistema carcerário brasileiro, sobretudo à falta de estrutura, bem como à ineficiência da ressocialização. O objetivo é dar visibilidade sobre a prática diária do profissional Assistente Social junto ao Sistema Prisional, a atuação do profissional no acompanhando os atendimentos individuais aos internos e familiares, e as demais atribuições no cotidiano profissional, entre outros. Assim como seus desafios e limitações, expressando as dificuldades encontradas pelo serviço social no que se refere a autonomia em exercer suas funções no contexto da instituição prisional. Uma vez que defronta e afronta os princípios fundamentais do atual código de ética (1993) e a direção valorativa do Projeto Ético-Político do Serviço Social
 Palavras-chave: Assistente Social; Atuação; Sistema Prisional
ABSTRACT
This article bases its bases on the observation of facts and experiences of the work of the Social Worker professional in the Prison System, where an interview and listening to the professional in question at the Provisional Detention Center (CDP) of Pinheiros was conducted. The CDP Pinheiros has as target audience the male segment which are inmates in provisional, semi-open and closed, totaling approximately 678 inmates. This study establishes a reflection on the work of the Social Worker seeking to identify their daily difficulties and challenges by analyzing their posture in the institution. Contemporary Brazilian society faces as one of its greatest social and economic challenges, the precariousness of the Brazilian prison system, especially the lack of structure, as well as the inefficiency of resocialization. The objective is to give visibility on the daily practice of the Social Worker professional with the Prison System, the professional's performance in accompanying the individual care to inmates and family members, and other duties in the professional routine, among others. As well as its challenges and limitations, expressing the difficulties encountered by the social service regarding the autonomy to perform their functions in the context of the prison institution. Since it confronts and defies the fundamental principles of the current code of ethics (1993) and the evaluative direction of the Ethical-Political Project of Social Work.
Key words: Social Worker; Acting; Prison system
1. INTRODUÇÃO
A desigualdade social, a dureza da “selva de pedra” chamada cidade, onde vivemos e existimos como sociedade, impacta tanto as classes sociais quanto o ditame público. No coloquial, é possível presenciar crimes como assaltos, furtos, agressões morais, físicas e psicológicas, fazendo com que a população urbana se sinta completamente incapaz e vulnerável diante de tamanha falta do cumprimento das leis atreladas à justiça social – leis que garantam igualdade social. 
Na Idade Média, a igreja católica utilizava as prisões para o cumprimento da pena eclesiástica, os religiosos eram isolados para refletirem sobre os pensamentos pecaminosos. Atualmente, esses lugares tem a finalidade de recuperar um indivíduo para viver em sociedade, no entanto, a justiça brasileira enfrenta dificuldades para executar esse papel, diante do número elevado de presos e da influência do crime organizado. Logo, o atraso nos julgamentos dos detentos e a falta de segurança nos presídios agravam o problema da segurança pública (Direito Penal-Jus/2018).
O Serviço Social desde do início da sua entrada no sistema prisional se regulou na promoção de medidas que buscassem garantir a reintegração e a ressocialização social, sendo uma das primeiras profissões a adentrar o sistema penitenciário, efetivando assim o seu fazer profissional neste território, compreendendo que o assistente social atua como um mediador dos conflitos, trabalhando para efetivação dos direitos das minorias. Este artigo tem como objetivo relatar sobre o papel do assistente social no sistema penitenciário. (REVISTA FAESP/2017)
O Estado falha em garantir a integridade dos presos em muitas unidades prisionais para se proteger, os detentos se organizam em facções criminosas. Porém, esses grupos evoluem criando redes de advogados, formas de financiamento, obtenção e armas e assim elevam o crime para um nível mais nocivo, que afeta toda a sociedade (Direito Penal-Jus/2018).
O presente artigo de conclusão de curso tem como objetivo abordar os desafios vivenciados no processo de ressocialização do apenado, trazendo observações críticas a respeito do seu potencial de trabalho profissional no espaço sócio ocupacional, proporcionando o discernimento e o valor desempenhado, sendo um trabalho qualificativo regrado nos princípios do código de ética do profissional, bem como o interesse em pesquisas, em foco e no campo de atuação como contribuição para designação do trabalho do assistente social no sistema penitenciário.
O interesse que norteou a pesquisa sobre este tema e estimulou a elaboração deste artigo se deu durante as aulas do curso de serviço social, no desenvolvimentode trabalhos voltados à atuação do assistente social no sistema prisional e a importância do exame criminológico para o apenado, bem como entender como se dá o trabalho do Assistente Social nesse campo de atuação profissional, identificando os principais desafios e dificuldades do assistente social e os entraves. Para tanto, o grupo empreendeu um breve levantamento bibliográfico, utilizando-se de pesquisa em bases eletrônicas, livros e realizou-se uma entrevista com a assistente social Eliane de Souza.
2. O SISTEMA PRISIONAL 
	
Para uma melhor compreensão do espaço de intervenção social aqui estudado, será realizado um breve histórico sobre o sistema prisional em nossa sociedade. 
A prática consistia em penalidades, como a mutilação de membros, corpos marcados a ferro, e, ainda, condenação à forca ou à guilhotina, conforme aponta Foucault (1998) em "Vigiar e Punir”.
A instituição prisão foi criada antes de ser definida pela lei como meio de penalização, tinha o objetivo de transformar as pessoas em indivíduos dóceis e uteis, realizando trabalhos específicos para o treino do corpo, sistematizando os comportamentos, mantendo-os em observação continua construindo em torno deles um mecanismo de observação completo (FOUCAULT, 1987). 
Somente no começo do século XX, que surgem as ideias da reforma penitenciária com ênfase na possibilidade de reeducar o preso ou mantê-lo no isolamento se fosse avaliado como incorrigível e com esta mudança, tornou possível a progressão da pena, com a ideia de que as disciplinas não se mantem somente por meio da repressão (MUNIZ, 2017).
A Lei federal n° 7.210 de 1984, que implementa a lei de Execução Penal, define os direitos e deveres do preso, com objetivos de ressocialização. E para isso, além de outros direitos, estabelece, em seus artigos 10 e 11, seis categorias de assistência, de responsabilidade do Estado, ao preso e também ao egresso, com o objetivo de direcionar esse indivíduo ao retorno do convívio social. As seis categorias de assistência são: assistência material, assistência à saúde, assistência jurídica, educacional, social e religiosa.
Para Mirabete (2007), a assistência ao apenado pode ser dividida em duas modalidades: a primeira modalidade é de assistência, compreendida como aquelas essenciais à sobrevivência do preso, como assistência material e assistência à saúde; a outra modalidade influencia na ressocialização do apenado, como a assistência educacional, social e religiosa.
3. O PERFIL DO ENCARCERADO NO BRASIL
3.1 Faixa etária das pessoas privadas de liberdade no Brasil
De acordo com a instituição Politize (2014), apesar de ser pouco mais de 10% do total da população brasileira, os jovens de 18 a 24 anos representam um terço de todas as pessoas em regime prisional no país: 30,14%. Considerando-se jovens as pessoas que tenham entre 18 e 29 anos, eles representam 18,9% da população brasileira e 55,08% da população carcerária no Brasil. Ao comparar o número absoluto de jovens brasileiros ao número de jovens sob a custódia do Estado em penitenciárias, fica claro que a proporção de jovens encarcerados é muito claro, conforme figura 1.
Figura 1 – Idade dos presidiários brasileiros
(MENDES, 2017) Fonte: (MENDES, 2017)
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional DEPEN (2016), a partir da análise da amostra de pessoas sobre as quais foi possível obter dados acerca da idade, podemos afirmar que 55% da população prisional é formada por jovens, considerados até 29 anos, segundo classificação do Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852/2013). Ao observar a participação dos jovens na população brasileira total, é possível afirmar que esta faixa etária está sobre representada no sistema prisional: a população entre 18 e 29 anos representa 18% da população total no Brasil e 55% da população no sistema prisional no mesmo ano, conforme figura 2. (DEPEN, 2016, p. 30)
 
Figura 2: Idade dos apenados no Brasil
Fonte: (DEPEN, 2016, p. 30)
3.2. Raça, cor ou etnia das pessoas privadas de liberdade e da população total
Ainda de acordo com a pesquisa realizada (Politize 2014), há uma crítica social muito forte de que o maior número de presos está entre os jovens negros moradores de periferias. O documentário estadunidense “13ª Emenda” contextualiza com bases histórias, antropológicas e políticas nos Estados Unidos o encarceramento de jovens negros e o crescimento em massa das populações prisionais no país. No Brasil, o número de jovens nas prisões é muito alto, assim como o crescimento da população carcerária. É possível entender como essa divisão é feita quando se observa a cor de quem está preso no Brasil, conforme figura 3.
Figura 3: a questão da cor nas penitenciárias brasileiras
Fonte: (MENDES, 2017)
De acordo Departamento Penitenciário Nacional DEPEN (2016), a partir da análise da amostra de pessoas sobre as quais foi possível obter dados acerca da raça, cor ou etnia, pode-se afirmar que 64% da população prisional é composta por pessoas negras. Na população brasileira acima de 18 anos, em 2015, a parcela negra representa 53%, indicando sobre representação deste grupo populacional no sistema prisional, conforme figura 4. (DEPEN, 2016, p. 32)
Figura 4: a questão da cor nas penitenciárias brasileiras
Fonte: (DEPEN, 2016, p. 32)
3.3 Escolaridade das pessoas privadas de liberdade no Brasil
Conforme dados coletados no site da Instituição Politize (2014), “intuitivamente, por conta de estereótipos e senso comum, é dedutível que a população prisional no Brasil tenha menor grau de escolaridade – e os números confirmam essa impressão”. Segundo o relatório do Ministério da Justiça, “manter os jovens na escola pelo menos até o término do fundamental pode ser uma das políticas de prevenção mais eficientes para a redução da criminalidade e, por conseguinte, da população prisional”, conforme figura 5.
Figura 5 – Escolaridade da população prisional
 
Fonte: (MENDES, 2017)
Ainda de acordo com o DEPEN (2016), foram obtidas informações acerca da escolaridade de 70% da população privada de liberdade no Brasil somando no total de 482.645 pessoas. Entre essa amostra, observa-se um baixo grau de escolaridade, seguindo a tendência já expressa em levantamentos anteriores. Conforme gráfico 6, 51% da população prisional brasileira ainda não acessou o ensino médio, tendo concluído, no máximo, o ensino fundamental. Entre a população que se encontra no ensino médio, tendo concluído ou não esta etapa da educação formal, tem-se 24% da população privada de liberdade, conforme figura 6. (DEPEN, 2016, p. 33)
 
Figura 6 – Escolaridade dos presidiários no Brasil
Fonte: (DEPEN, 2016, p. 33)
A partir da pesquisa realizada acima e informações divulgadas nas mídias televisivas, rádio e redes sociais, é possível identificar a seletividade do sistema prisional e que em qualquer lugar do mundo ele só atinge as mesmas classes, que no caso do Brasil são os jovens negros, pobres e periféricos que muitas vezes são presos porque são absolutamente vulneráveis, diferentemente do menino branco de classe média. Então, o que faz esse indivíduo efetivamente cometer delitos e ser preso é sua vulnerabilidade social, os fatores estruturais e econômica do território onde vive.
Em suma, a pobreza, a exclusão e as desigualdades sociais, são algumas das expressões da questão social que torna o homem vulnerável ao mundo do crime. Dentro dos presídios as dificuldades como superlotação e condições precárias das celas, ferem os direitos dos apenados, dificultando o processo de adequação para retorno ao convívio social. (SANTOS, s.d. pdf)
4. A PENITÊNCIARIA COMO ESPAÇO SÓCIO OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Como relata Mirabete (2007) o trabalho do assistente social perante o sistema penitenciárioenfrenta problemas, além da questão de violação dos direitos humanos dos presos, é refém do sistema no qual está inserido, em razão da burocracia, que dificulta e limita o seu trabalho.
De acordo com Mirabete (2007) o assistente social fará uma análise dos relatórios sobre os problemas do preso, acompanhará também laudos ou diagnósticos sobre sua personalidade e os fatores criminológicos que o levaram a cometer o crime, analisará a vida do detento e o ambiente de onde veio, a família, trabalho, sua trajetória de vida. Após essa análise, se emitirá um plano inicial para o desenvolvimento de um trabalho com o detento, que consiste no acompanhamento pedagógico e social, além de fazer também uma orientação do preso na fase final do cumprimento da pena.
Observa-se na sociedade brasileira um alto índice de violência e a sobrecarga de todo sistema punitivo: a superlotação das penitenciárias é divulgada pelo poder público, através do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN. Sabe-se que não há presídios suficientes para atender à demanda de cidadãos condenados, infringindo direitos fundamentais, previstos no Art. 5º da Constituição Federal (1988), entre eles, o inciso XLIX, que diz que “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”.
Vale salientar que o profissional do Serviço Social no âmbito prisional é importante para que possa contribuir no encaminhamento de mudanças nas prisões e para atender as necessidades e os direitos de cidadania dos apenados. No sistema prisional o Serviço Social deve atuar no sentido da efetivação dos direitos de cidadania da população carcerária, já que o trabalho do assistente social tem como objetivo central a defesa, garantia e ampliação dos direitos de seus usuários (PIMENTEL, 2008).
A sociedade geralmente aponta para o cidadão afirmando que ele deve ser punido pelo crime cometido e não aceita a possibilidade desse cidadão voltar a conviver em sociedade e, por isso, não se atenta às condições sub-humanas em que tais pessoas vivem. Desse modo, os fazem pagar duas vezes por seus crimes, sendo a primeira, ao ser excluído do convívio social e a segunda, ao viver em condições precárias.
A transformação pretendida da pessoa presa em “pessoa recuperada” é inviável, pois a criminalidade não está na essência do homem, mas na sociedade em que vivemos. A violência torna-se, portanto, estrutural. É a própria sociedade que precisa ser transformada (Conselho Federal de Psicologia, 2007).
O Assistente Social torna-se essencial neste momento, pois além de fornecer uma escuta aos familiares, poderá também orientar sobre os benefícios existentes e fazer o encaminhamento para instituições responsáveis ajudando-o a enfrentar este momento de tamanha dificuldade, por conta do afastamento de um ente, mas também pelo preconceito das pessoas do convívio social.
De acordo com a Lei de Execução Penal, o assistente social, integra a Comissão Técnica de Classificação (CTC), que é responsável pela elaboração dos exames criminológicos, (que hoje não é mais necessário) de personalidade e também do programa individualizador da pena. Portanto, a prática socioassistencial está relacionada à elaboração dos exames, além do programa individualizador e do acompanhamento individualizado da pena, é valido ressaltar que a pratica profissional deve estar sempre respaldada em uma base teórica, compreendendo a dimensão teórico metodológica, técnica operativa e ética política. 
Muniz (2017) cita as relações sociais, nas quais as ações humanas caminham em discordância ao existir social, como expressão de intolerância e de exclusão política e social, usando de meios para sustentar os privilégios sociais. Ações essas de exclusão que impossibilitam o enriquecimento material e espiritual, servindo como empecilho ao exercício de cidadania. 
 As indiferenças do Estado com relação à execução de estratégias que previnam a expressão da violência e que atuem com o foco na ressocialização dos presos só tendem a favorecer o ciclo de violência e exclusão, estagnando e/ou elevando a desigualdade e a pobreza (Guedes, 2006 apud SILVA et al., 2014). 
 A maneira como a mídia aborda assuntos da criminalidade, violência e sobre os direitos humanos abre margens para que a sociedade construa uma imagem preconceituosa e estigmatizantes sobre esses assuntos (GUEDES, 2006).
Observa-se que as condições mínimas de assistência aos cidadãos inseridos no sistema prisional também são precárias, onde são submetidos a situações que descumprem os direitos humanos, enfrentam dificuldades para aceitação dos familiares e da sociedade.
O Assistente Social, neste contexto, pode fornecer aos apenados um espaço onde a sua individualidade seja externalizada, possibilitando meios para o enfrentamento da condição atual e das demais questões que atravessam como também a reflexão de suas ações. Para obter controle da rotatividade de familiares visitantes e da população carcerária, de acordo com Altenbernd et al. (2015) é realizado o cadastro e registro do familiar em um banco de dados, por agentes penitenciários, no InfoPen, Sistema de Informações Penitenciárias. O investimento em medidas punitivas e repressivas demonstra que a solução para os problemas sociais, é amplamente penal (ALTENBERND et al., 2015).
O controle presente no modo disciplinar também é reproduzido no modo de gestão atual das prisões e essa burocracia para a realização das visitas, muitas vezes impossibilitam o familiar de ter acesso ao apenado por falta de instrução, servindo como facilitador para a quebra dos vínculos familiares.
Outro aspecto do modo disciplinar de gestão é a punição que tem se mostrado cada vez mais presente como meio de controle dos corpos. A prisão é vista por grande parte da sociedade como dispositivo de punição, mas torna-se claro sua ineficácia quando se olha para as estatísticas de reincidência do sistema prisional.
De acordo com Guedes (2006) os encarcerados que cumprem pena recebem múltiplas penalizações e tem seus direitos violados. “Além da privação da liberdade, são ainda penalizados com castigos corporais, exposição ao uso de drogas e ao contágio a várias enfermidades”. As privações de liberdade, a superlotação e o descumprimento dos dispositivos legais acarretam e prejudicam a possibilidade de reinserção do detento na sociedade (GUEDES, 2006).
Apesar de estar escrito (no papel) que a prisão deve ser para a reeducação e ressocialização dos presos, entretanto, através das produções encontradas é possível concluir que isso não acontece de modo efetivo por conta de vários fatores, sendo um dos principais a visão social de que quem está preso deve pagar pelo erro sendo excluído do convívio em sociedade, sendo mantido em vigilância constante.
5. ENTREVISTA COM A PROFISSIONAL DA ÁREA
Na entrevista de campo contamos com a colaboração da Assistente Social Sr.ª Eliene Souza, hoje, Assessora Técnica da Coordenação de Saúde do Sistema Prisional do CDP de Pinheiros. 
Utilizou-se como instrumentais para coleta de dados: Gravador de voz; Questionário com perguntas semiestruturadas. Optou-se em realizar o uso do gravador de voz para ter maior clareza das informações concedidas no momento da entrevista, pois o aparelho nos possibilita compreender melhor e mais atentamente as possíveis dúvidas que eventualmente possam ocorrer.
A pesquisa de campo, realizada no dia 14 de setembro de 2019, teve um caráter essencialmente qualitativo com vistas a compreender os desafios através do trabalho da Assistente Social no sistema prisional. A entrevista inicialmente buscou dar ênfase na trajetória da profissional, no sentido de conhecer como foi o início de sua atuação, suas expectativas e as ações desenvolvidas. 
A pesquisa qualitativa estimula os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito, procurando mostrar aspectos objetivos, mas também subjetivos, porque a pesquisa qualitativa pode atingir motivações não explícitas, de maneira espontânea. A pesquisa qualitativa é usada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geralde uma questão, abrindo espaço para a interpretação. O pesquisador desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados ao invés de coletar dados para comprovar teorias e modelos preconcebidos (MARTINELLI, 2011, p. 36)
O questionário foi elaborado com perguntas semiestruturadas e é pertinente no sentido de possibilitar que novas informações, conhecimentos e questionamentos surjam a partir de dúvidas primárias.
A profissional entrevistada é Assistente Social porém, relatou que trabalha há muito tempo na gestão de saúde, e não na assistência social ao detento.
“O que vou falar é da minha gestão, o que entendo sobre direitos humanos nesta questão. Eu estou no sistema prisional há 21 anos, hoje, como assessora técnica da coordenação de saúde do sistema. Quando eu entrei, trabalhei nas equipes de avaliação do exame criminológico até 2003. Os apenados para progredir e ir para o sistema aberto era obrigatório passar pelo exame criminológico. [...] Esse exame criminológico era avaliado por uma equipe, de Psicólogo, Assistente Social, Psiquiatra, Enfermeiro e Advogado, que davam um parecer que ia para o juiz. Fiquei nesta função até 2003, quando o exame criminológico deixou de ser que, a partir de 2003, não foi mais obrigatório. Ai eu fui trabalhar na coordenadoria de saúde que em 2003 teve uma portaria interministerial 1777 que é que dispõe de saúde no sistema prisional que é plano nacional de todos, a saúde nacional em cada estado tem seu plano estadual o preso tem direito a ser um cidadão SUS em toda política, enfim, passei a trabalha nas ações de saúde do sistema a nesta área de saúde fiquei, até 2007 quando voltei para penitenciaria pra ser diretora do modulo de observação a do exame criminológico, e toda equipe psicossocial era subordinada a mim. Eu tinha todo o trabalho de assistência mais estava na gestão, trabalhava com as colegas da assistência mais era diretora, [...] em 2008 eu fui para o CDP de pinheiros como diretora técnica de saúde onde fiquei 11 anos, agora faz 30 dias que eu vim para coordenação Estadual. 
“A situação carcerária brasileira é uma máquina de fazer criminosos, as cadeias brasileiras, não tem nenhuma condição humana de manter pessoas, os apenados voltam as ruas articulados com as facções e muito mais perigosos do que antes. A superlotação da CDP de pinheiros, o encarceramento irracional e arbitraria e preconceituosa, violam os direitos dos detentos”. (Dr. Dráuzio Valera –Debate em Tucarena /São Paulo, dia 31/01/2017). 
A entrevistada afirma:
Eu desconheço violação de direitos dos presos, porque se for violado é preso, a gente trabalha com a legalidade, o Estado de São Paulo é um estado extremamente legalista, a gente como profissional, cumpre a legislação. Trabalhamos com garantias de direitos eu jamais vou permitir violação de direito, pois estaria infligindo a lei e isso é crime, portanto eu já fui do conselho e fui da comissão técnica de processo instrução de processo ético do CREAS, também fui da comissão de bases e fiscalização e eu trabalho com garantias de direitos então eu desconheço violação de direitos humanos no sistema prisional. Eu confesso a vocês que eu trabalho sempre com a legalidade, eu sempre digo que é melhor pecar por excesso do que por omissão. A garantia de direitos dos penitenciários, e a dignidade da pessoa humana constitui princípio e fundamento da República Federativa do Brasil, conforme expresso na Constituição Federal de 1988. [...] Temos consciência de que os profissionais envolvidos no trabalho carcerário, jamais poderiam ir contra os princípios da lei, pois afinal se o Estado soubesse de algo irregular seriam presos, através das mídias temos as informações de que não é de hoje que se discute a respeito de valores essenciais básicos a existência do próprio homem, tendo como princípio os direitos fundamentais e as garantias de seus direitos que devem ser asseguradas para proporcionar uma qualidade de vida digna na situação em que se encontram.
 (Assistente Social Eliana Souza)
Em 11 de julho de 1984, entra em vigor a Lei de Execuções Penais artigo 10, diz que: “A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade”.
Pelos capítulos da Lei, é possível identificar a preocupação do legislador com o caráter humanitário do cumprimento da pena. Apesar de ambos os estatutos demonstrarem atenção aos direitos humanos dos presos, a realidade nos cárceres brasileiros é bem diferente. As manchetes de jornais e revistas noticiam constantemente as barbáries que ocorrem no interior das penitenciárias, tais como assassinatos, além de divulgarem a real situação dos apenados e presos provisórios, bem aquém da ideal. (Rangel, 2014)
“Além de ter um código de ética que eu respeito e que eu sou profissional, eu também fiz um juramento, eu tenho um compromisso comigo enquanto ser humano e enquanto cristão, a minha ética é de vida eu vou lutar sempre pelas garantias de direitos, esse é meu princípio básico e onde eu estiver eu vou defender, eu sei o que mostra na mídia que são coisas ruins, mas eu tinha experiências muito boas no sistema. O Estado de São Paulo tem 238 mil presos é um 1/3 de todo Brasil, e se a gente não trabalhar com a ética seria uma tragédia. Eu trabalhei numa unidade que tinha 1.800 presos, esse ano até agora tivemos um óbito que era uma pessoa que estava com câncer, em questão de saúde eu não conheço no sistema nestes 11 anos que eu fiquei no CDP um caso de assassinato, não conheço um caso de suicídio, a gente trabalha assim, na questão da saúde, o preso é um cidadão SUS, e tem direito a todos os programas que estão ai fora, lá dentro funciona uma UBS, porém não tem todo atendimento porque faltam médicos, o salário é pouco e que vai ganhar mais fora do sistema, mais a gente tem enfermeiro que faz as consultas, no lugar do médico, se for urgência e emergência é encaminhado para o pronto socorro mais próximo. [...] hoje a gente tem um sistema informatizado onde é acionado o CDP consultado, se o apenado não faz o tratamento onde ele está, imediatamente o lugar de responsabilidade do preso será notificado, e a notificação é compulsória, obrigatória tudo é extremamente controlado, uma morte em presídio tem inquérito, tem boletim de ocorrência e pode morrer internado no hospital mais tem que cumprir toda a legislação gente sabe de colegas de outros Estados que as coisas nem sempre funcionam, mas São Paulo é modelo pra todo Brasil é legalista, ainda mais aqui, que está no centro perto do fórum da Barra Funda a gente é visitado pelo Ministério Público todo mês [...] quando a gente falha, todos nós estamos em risco, e tratar o preso bem não é que a gente é bonzinho não, é que a gente está cumprindo a legislação para nossa segurança, é o nosso papel. Eu costumo dizer que a polícia prende o ministério público denuncia, o juiz julga e condena nós trabalhamos na execução da pena a parte mais difícil é a nossa não nos cabe julgar, cada um tem uma forma de sua vida, um contexto histórico, e quem não conseguir abster disso pega seus valores e guarda, não consegue trabalhar e vai adoecer lá dentro, quando a gente falha, todos nós estamos em risco, e tratar o preso bem não é que a gente é bonzinho não, é que a gente está cumprindo a legislação para nossa segurança, é o nosso papel. Eu costumo dizer que a polícia prende o ministério público denuncia, o juiz julga e condena nós trabalhamos na execução da pena a parte mais difícil é a nossa não nos cabe julgar, cada um tem uma forma de sua vida, um contexto histórico, e quem não conseguir abster disso pega seus valores e guarda, não consegue trabalhar e vai adoecer lá dentro, é nosso papel é do Serviço Social, garantir os direitos se for para trabalhar, contra a minha ética profissional não estarei lá.” L (Assistente Social Eliana Souza)
Pode-se observar na fala da assistente social a compreensão do seu papel como garantidora de direitos, não dos direitos fundamentais que estão na Constituição, pois eles estão privados de suas liberdades, mas dos direitos assegurados pela LEP (Lei de Execução penal), que é o direito a saúde, a educação, a convivência familiar e religiosa, respeito e dignidade, pois o preso não está privado disso tem que ser garantido. 
“A Legislação está aí pra garantir que todos os presídios mantenham a ordem e o cumprimento de tais, a lei de execução penal e o SUS, o profissional tem que conhecer a lei, o Assistente Social tem que conhecer seu papel nós como Assistentes Sociais não podemos condenar ou culpar através dos relatórios [...] existe sim a falta investimentos políticos, políticas públicas sociais na questão de educação, lazer até que voltamos na questão de direitos humanos onde a base começa. No CDP participamos de um curso em São Paulo, onde foi discutido na perspectiva universal que direitos humanos é direito de bandido também, é necessário salientar que direitos humanos é direitos de todos. (Assistente Social Eliana Souza)
A profissional demonstrou grande segurança ao responder cada uma de nossas perguntas e apresentou grande conhecimento sobre a instituição onde atua.
O relato da profissional conflita com as ponderações da Pastoral Carcerária do Brasil, quando diz que “o sistema prisional de São Paulo é um modelo em todo Brasil.” Muitas são as denúncias, em sua maioria, situações complexas, que articulam diversas formas de violência. Muitas das situações registradas envolvem sessões de espancamento por múltiplos agentes, condições degradantes de aprisionamento, graves omissões de socorro e atendimento médico, violências sexuais envolvendo estupros ou empalações, tratamentos humilhantes, imposição de isolamento prolongado como forma de castigo, entre outras tantas barbaridades que resultaram em sofrimento físico e psíquico agudo, e até em morte. A prática de castigos coletivos, que apesar de absolutamente ilegal, é frequentemente relatada por presos e familiares praticamente todos em São Paulo, envolvendo de suspensão de atividades recreativas até o trancamento de populações inteiras dentro de celas superlotadas durante dias, sem direito sequer à saída para o banho de sol. Também nas visitas aos CPD’s, a questão dos castigos coletivos foi central. (PASTORAL C. 2016)
O sistema penitenciário brasileiro tornou-se espaço de reprodução da situação de negação de direitos, o mais agravante na realidade brasileira é que o sistema penitenciário só é alvo de intervenções quando se há rebeliões e as violências vivenciadas cotidianamente por aqueles que as habitam vêm a público para sociedade, como forma de ameaça. Não existe de maneira eficaz por parte do Estado. Por isso, a busca incessante para efetivação do compromisso ético-político assumido a partir do nosso projeto profissional torna-se um dos principais desafios do/a assistente social que vem ocupar esse espaço, a destacar principalmente os desafios para consolidar os compromissos assumidos na defesa intransigente dos direitos humanos, a luta contra todas as formas de preconceito, autoritarismos e discriminação, bem como o compromisso com a qualidade dos serviços sociais prestados a esse público que ocupa as prisões brasileiras. (CRESS - Assistente Social Claudia Gabriele Duarte/2017)
6. CONCLUSÃO 
Há clareza na compreensão de que é necessária a punição para aqueles que cometem atos infratores, porém não se pode piorar a situação tratando-os como excluídos, sem a menor consideração e respeito, vendo-os como pessoas repugnantes e que não merecem mais o nosso olhar de “pessoas do bem”, pois como julgador, o ser humano consegue achar e apontar preconceitos e defeitos em tudo para demonstrar superioridade dentre outros e se destacar em um número expressivo de 7 milhões de pessoas que habitam o planeta. A superlotação tornou-se, portanto, um problema comum, e é tratada com a naturalidade de um fato que se tornou costumeiro no sistema penitenciário brasileiro, já se tornou uma questão cultural, que está enraizada em nossa sociedade.
Os presos em um número muito maior do que o número de celas é aglomerado em espaços muito menores, sem condições de viver com um mínimo de dignidade. A situação é tão extrema que acaba gerando motins e revoltas, e é comum o acontecimento de rebeliões nos presídios brasileiros, motivadas pelas precárias condições a que são submetidos os presos. É uma forma de chamar a atenção aqui fora demonstrando que não está tudo como de fato se mostra para todos nós, tudo sob controle do que e de quem?
A situação é tão incoerente, que chega a existir revezamento na hora de dormir, pois não há espaço suficiente para que todos se deitem ao mesmo tempo, o problema da superlotação carcerária afeta o país todo, e apesar de algumas medidas serem tomadas, pode-se dizer que não chegam nem mesmo a amenizar a questão, que vem tomando proporções assustadoras.
Entende-se que é necessário investir em educação de qualidade, para que não haja a necessidade de construções caras e com um custo operacional altíssimo.
Além da superlotação, ainda há os casos de violência física causada pelos próprios presos uns contra os outros, através de uma disputa de poder e território entre eles individualmente ou entre facções criminosas. Ainda há situações de maus-tratos aos presos realizados por agentes penitenciários e policiais, que acabam por ultrapassar limites e cometer os mais diversos abusos, pois julgam que este seja o melhor tratamento que se pode ofertar a pessoas que cometeram crimes, se tornando juízes e sentenciando os apenados, sem mesmo lhe consentirem o direito a um julgamento decente e justo ao ato cometido, antes mesmo disto o apenado já está envolvido e imerso neste novo habitat e recendo a formação de como sobreviver em um ambiente violento e hostil a sua realidade anterior.
É evidente que o sistema está falido, pois a dignidade do preso é constantemente violada, e nem se cogite a ideia de que o preso não possui dignidade, afinal, poderia se pensar que em função de serem autores dos mais diversos crimes, suas dignidades estariam comprometidas. Este é um típico pensamento que deve ser repensado, uma vez que a dignidade da pessoa humana é qualidade e a parte da essência de todas as pessoas, independentemente do indivíduo ser autor de um delito. Lembrando ainda a existência de doenças que se alastram nos presídios e muitas vezes nem são diagnosticadas e tratadas, devido à superlotação e condições de higiene e saúde precárias, a tuberculose e a AIDS são exemplos típicos de doenças que se proliferam nos presídios brasileiros, muitos passam frio, devido ao chão ser de cimento frio, muitos ficam doentes e desencadeiam outras doenças pelo simples de fato de não poderem ter e usarem meias no inverno por exemplo.
A realidade das condições dos presídios é de total desrespeito ao que se chama de dignidade da pessoa humana. Diante disto, não se pode esperar que a ressocialização do apenado fosse alcançada, pois não se acredita que os presos possam sair pessoas melhores de lá, porque será que esta afirmação está tão certa na boca das pessoas, pois é o que vemos de acordo com a mídia e nos mostra apenas o que querem que a gente fique sabendo.
A sociedade é tão mesquinha que não é à toa que os programas de maiores audiências hoje na mídia nacional, são estes que mostram a tragédia alheia, como cidade alerta e outros, pois assim nos sentimos um pouco melhores do que estes que estão morrendo, matando a torto e a direita, sem pensar em nada e nas consequências que poderão passar, tratando a morte como uma questão do dia a dia, e que tudo bem matar por um celular, afinal tem muita gente fazendo isso e não é punido.
A vida humana está sendo tratada como coisa descartável. A educação é a melhor munição que podemos ter a nosso favor em luta diária para provar que somos capazes de nos tornarmos pessoas melhores e evoluídas, principalmenteda hora do voto, quer melhor momento de demonstrar que a capacidade de organização, não tendo que usar de força bruta e violenta através de armas de fogo, ou armas brancas ou até mesmo golpes que se aprende como esporte e que as pessoas confundem e se apropriam como maneira de matar sem ser punido. Achando que temos sete vidas e que não tem problema agir desta forma.
Não obstante o governo e todos que administram e estão na frente dos negócios do Brasil, não nos querem ver com este poder nas mãos, então nos enchem de tragédia alheia para que possamos cada vez mais ficarmos coagidos e ter total controle de nossas vidas, nos controlando como manadas de búfalos, em massa, porque assim é mais fácil nos deixar claro que o poder está sob a detenção dos mais poderosos e donos dos meios de produção, e quanto a isso no momento só nos resta ofertar a nossa mão de obra assalariada para garantirmos os mínimos possíveis para a chamada existência e sobrevivência humana.
É muito sério o que acontece nos presídios, é necessário investir em profissionais capacitados, tendo uma equipe multidisciplinar para acompanhá-los e resgatar a sua dignidade para quando regressarem à sociedade possa de fato existir e não coexistirem apenas, a mercê das chamadas pessoas de bem. A formação que lhe és dada de fato dentro dos presídios brasileiros é a escola da brutalidade, da violência, da total aniquilação do homem. 
O preso que entra nesse sistema, é marcado para sempre pela total desvalorização da pessoa, sai muito mais corrompido do que efetivamente entrou, pois dentro do sistema prisional ele é esquecido e tratado como se não possuísse nenhum direito. Sendo assim, quem o aceita com esta mancha que carregará pelo resto se suas vidas é o tráfico, as milícias que surgem como verdadeiros Deuses acolhendo as ovelhas desgarradas da sociedade perfeita e intocável que vivemos.
Tendo em vista os locais destinados à manutenção de presos são “bombas humanas” prontas a explodir, pela superlotação, pela precariedade e total desrespeito que tratam os seres humanos que ali se encontram literalmente depositados e esquecidos.
A estrutura física, igualmente, na maioria dos casos, encontra-se em péssimas condições de conservação e manutenção, as instalações são precárias e insalubres. A falta de higiene é algo marcante dentro da estrutura carcerária, o que ajuda também na disseminação de doenças. A falta de acompanhamento médico e psicológico, de estrutura física adequada, de higiene, de segurança (pois não há lugar mais inseguro do que dentro de um presídio, inclusive para os próprios presos), de alimentação adequada, de respeito à dignidade da pessoa humana, acarretam um sistema cruel de violência institucionalizada.
O que mais assusta é que a sociedade em sua maioria se cala diante de fato tão absurdo e notório, só se preocupando com a violência que está solta nas ruas, esquecendo que aquele preso mais cedo ou mais tarde, aquele mesmo que sofreu os mais diversos abusos e violações quando encarcerado voltará ao convívio social e dificilmente deixará de reproduzir o que viveu dentro do sistema prisional do lado de fora, pois foi instigado e capacitado para a isso.
A dignidade da pessoa humana aparece no texto constitucional de 1988, como fundamento da República Federativa do Brasil, configurando-se como um princípio norteador das políticas públicas. Tais políticas, portanto, devem ser elaboradas com observância ao referido princípio, uma vez que é o homem na configuração constitucional atual o centro e o fim da atividade estatal.
A reflexão e a inquietação como graduandos de Serviço Social são tamanhas, pois como podemos esperar que os apenados saiam dos presídios pessoas “melhores” do que entraram, com o tratamento que se é ofertado lá dentro e a negligência vivida no cotidiano de um presídio, uma verdadeira escola dos horrores, na sua essência de desumanização, completo abandono e descaracterização do chamado ser humano, claro que cheio de deveres, pois devemos ter ordem para que se exista o progresso e mínimos direitos, estes desconhecidos pela sua maioria, normalmente desconhecido pelos que mais precisam da efetivação destes chamados “direitos humanos.”
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ANEXOS
QUESTIONARIO DA ENTREVISTA – ASSISTENTE SOCIAL
 
1. Quando nós desenvolvemos um trabalho na faculdade falamos dos Direitos Humanos dentro do sistema prisional. Gostaríamos de saber como funciona pois percebemos que muitas informações nós tivemos de que os direitos do preso são violados, o que você pode dizer a respeito?
2. Como foi feita essa humanização quais foram os instrumentos?
3. Em quais condições os apenados chegam e passam por vocês, existe uma triagem?
4. Quais são os instrumentais de trabalho que vocês utilizam lá no sistema na assistência social?
5. Eles podem atender ou fazer ligações, eles têm direito?
6. Você como profissional Social consegue efetivar as garantias de direitos considerando normas e decretos em Vigor que determina as atribuições do Assistente Social?
7. A Instituição te dar esse suporte pra você fazer com que esses presos tenham essas garantias que na verdade não depende só da assistência Social depende da instituição onde você trabalha?
8. Podemos dizer que a problemática que envolve os assistentes Sociais ela está inserida na estrutura da exclusão econômica e política, como consequência a criminalização resultante da fragilidade da população proveniente da pobreza?
9. Qual a importância do Serviço Social no Sistema Prisional?
10. É possível garantir aos apenados famílias os direitos elencados na LEP?
11. Pode dizer que o assistente social no sistema penitenciário tem como desafio diário a gente colocar redescobrir alternativas e possibilidades para o exercício profissional usando o espaço, autonomia, conhecimento ao se firmar como um trabalhador especializado?

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