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Contextualização histórica e movimentos em prol do desenvolvimento sustentável Introdução A partir da revolução industrial, no século XIX houve o aumento do consumo. Entende-se que, os mesmos, ao longo da história são socialmente injustos e ambientalmente desequilibrados. Assim, surgem as primeiras discussões referentes ao impacto socioambiental, ao desenvolvimento sustentável, à responsabilidade social e ambiental e à sustentabilidade. Para tanto, nessa aula iniciaremos a compreensão conceitual e a contextualização histórica dos principais movimentos e discussões sobre o desenvolvimento sustentável. Fundamentação Teórica Os impactos derivados, principalmente, da pressão industrial, do crescimento populacional e da acumulação da riqueza por poucos indivíduos evidenciam problemas ambientais, sociais e econômicos. Entretanto, até a metade do século XX, as variáveis ambiental e social eram consideradas externas à humanidade. Isso significa que os problemas ambientais e sociais eram entendidos de forma isolada e independente. Se um problema ambiental ocorria em algum lugar do planeta, seria um transtorno apenas para aquele lugar. Nesse sentido, os problemas ambientais eram vistos essencialmente como problemas locais e, consequentemente, os impactos eram calculados de maneira local. Por sua vez, as desigualdades sociais eram consideradas decorrentes de um sistema capitalista que não era capaz de incluir a todos. Desse modo, surge a relação direta entre a responsabilidade ambiental e social. Hoje pensado numa perspectiva macrossocial já que vivenciamos a macroaldeia chamada Terra, num mundo globalizado. No seu desenvolvimento histórico surgem movimentos, discussões e conferências que foram essenciais para que houvesse a compreensão da importância da sustentabilidade, seus pilares, desafios socioambientais. Iremos ver alguns, assim como alguns desses desafios e impactos socioambientais que se apresentam em nosso cotidiano, que atingem diferentes comunidades e regiões. Movimentos Ambientalistas A partir da década de 1950, os movimentos ambientalistas (ou movimentos verdes) passaram a destacar os impactos na natureza consequentes dos padrões de produção e de consumo capitalistas. Assim, passaram a questionar providências para reduzir ou eliminar tais impactos ambientais. O movimento pró-ambiente buscava ressaltar que a sobrevivência da humanidade estaria em risco, porque o planeta não suportaria o ritmo de exploração dos recursos naturais. Os movimentos ambientalistas atuam ainda, nos dias atuais, focando na redução dos impactos causados ao meio ambiente e às pessoas. Vale ressaltar que a consolidação dos movimentos ambientalistas, na década de 1970, foi precedida de importantes eventos. São eles: →A percepção de risco ambiental global da indústria nuclear; →A verificação das consequências do emprego indevido de pesticidas e inseticidas químicos na agricultura a longo prazo, em 1962; e, →A proposição feita pela Suécia, em 1968, ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, de um encontro mundial para a assinatura de um acordo internacional de redução da emissão dos gases responsáveis pelas chuvas ácidas sobre os países europeus. CLUBE DE ROMA: O relatório Os Limites do Crescimento A discussão dos problemas ambientais como questão global ganhou relevância com o relatório Os Limites do Crescimento (Limits to Growth). Este relatório foi lançado em 1972 pelo Clube de Roma, que é formado por personalidades notórias que se reúnem para discutir temas referentes à política, economia global, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. O relatório Os Limites do Crescimento enfatizou que a sociedade industrial estaria ultrapassando a maioria dos limites ecológicos dentro de uma questão de décadas – caso continuasse a promover o tipo de crescimento econômico registrado em 1960 e 1970 (MEBRATU, 1998). Ainda, o relatório sugeriu medidas para desacelerar o desenvolvimento industrial em países desenvolvidos e reduzir o crescimento da população nos países em desenvolvimento. Ainda em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu uma comissão técnica que produziu o documento Uma Terra Somente (Only One Earth). O relatório não é um documento oficial das Nações Unidas, mas um relatório para a Secretaria da Conferência das Nações Unidas, originado de um grupo independente de especialistas. O objetivo principal do relatório foi fornecer informações fundamentais importantes para a tomada de decisões oficiais. Este documento ressaltou que os problemas ambientais eram consequências de externalidades econômicas, próprias do excesso e da ausência de desenvolvimento. Relatório Nosso Futuro Comum de 1987: a relação meio ambiente e desenvolvimento Em virtude da ampliação dos debates, foi publicado em 1987 o relatório da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Nosso Futuro Comum (Our Common Future). O Nosso Futuro Comum evidenciou que a pobreza é uma das principais causas e consequências dos problemas ambientais do mundo. Desse modo, seria inútil abordar problemas ambientais sem considerar a pobreza mundial e a desigualdade internacional. A relação interdependente entre aspectos sociais e ambientais, portanto, tornou-se evidente. Eis a importância deste relatório para as discussões sobre meio ambiente e sociedade. Assim sendo, reunindo preocupações ambientais e questões socioeconômicas, o Relatório conceitua o desenvolvimento sustentável como aquele que “satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas necessidades”. De acordo com Bansal (2005), o conceito de desenvolvimento sustentável do relatório Nosso Futuro Comum, conhecido também como Relatório Brundtland, une os elementos-chave de necessidades e limites para atendê-lo. O conceito vincula o combate à pobreza, a preservação ambiental e a equidade social ao crescimento econômico sustentado, colocando a adoção simultânea de princípios ambientais, econômicos e sociais como pré-requisito. Não existe uma definição única do que seriam as necessidades a serem satisfeitas e como satisfazer tais necessidades. Além disso, não fica claro como este conceito pode ser efetivamente aplicado por países, organizações e instituições. Ainda assim, este mesmo caráter amplo permitiu sua disseminação ao longo do planeta, bem como fomentou o surgimento de diferentes interpretações e a necessidade de uma reflexão que nos permita a conscientização e a sensibilização diante dos impactos socioambientais. GrandesEventos Sucessores A publicação do relatório Nosso Futuro Comum, em 1987, foi sucedida por importantes eventos ao longo do planeta. Destacamos aqui os eventos organizados pelas Nações Unidas. São eles: →Rio’92, também conhecido por Cúpula da Terra; →Rio+10; →Rio+20. →Acordo Paris Vamos saber mais sobre esses eventos. Rio’92: A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Rio’92, Eco-92 e Cúpula da Terra, foi realizada no ano de 1992, no Rio de Janeiro/Brasil. Representantes de diferentes países do mundo reuniram-se para tomar decisões sobre os impactos ambientais, buscando medidas para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações. Contudo, o legado mais importante da Rio’92 foi a própria natureza do processo preparatório que, na maioria dos países, compreendeu a participação de todas as partes envolvidas. Este processo levou o conceito de desenvolvimento sustentável a todos os cantos do mundo, expondo-o a questões como: O que isso realmente significa para nossa comunidade? Como podemos ir além das generalidades e colocá-lo em prática? Como podemos saber se estamos nos movendo em direção a um mundo mais sustentável? Vamos saber mais sobre a Conferência Rio 92? A Rio’92 levou à produção de grandes documentos internacionais como a Declaração do Rio, Agenda 21 e convenções sobre a desertificação, a biodiversidade e as mudanças climáticas (que geraram o Protocolo de Kyoto) Rio+10: Para enfatizar ainda mais a discussão do desenvolvimento sustentável, aconteceu em Johanesburgo/África do Sul, no ano de 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável ou Rio+10. A proposta desta Conferência estava voltada a avaliar a mudança global desde a Eco’92 e em focar na regulação crescente na ação humana em nível internacional. O grande legado da Rio+10 está na ênfase colocada em temáticas relacionadas com o desenvolvimento social, tais como a erradicação da pobreza, acesso à água e serviços de saneamento e a saúde. Ainda, foi discutido sobre a contribuição das indústrias para a erradicação da pobreza, de maneira compatível com a preservação dos recursos naturais. Rio+20: Em 2012, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ou Rio+20, realizada novamente no Rio de Janeiro/Brasil – marcando vinte anos da realização da primeira conferência Rio’92. O objetivo da Rio+20 foi renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implantação das decisões adotadas pelas principais conferências sobre o assunto. Ainda, o foco da Rio+20 foi o desenvolvimento de uma economia verde (mais harmoniosa ao meio ambiente), no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e do desenvolvimento de uma estrutura de governança global para lidar com as questões ambientais. Acordo de Paris: O mais recente tratado internacional é o Acordo de Paris, adotado em 2015, durante a 21ª Conferência das Partes ocorreu, em Paris. Assim sendo, o acordo de Paris é considerado um tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), que rege medidas de redução de emissão de gases estufa a partir de 2020, em outras palavras, o acordo de Paris tem como objetivo fortalecer a resposta global à ameaça das mudanças climáticas. Ele foi aprovado pelos 195 países participantes que se comprometeram em reduzir emissões de gases de efeito estufa. Isso se resume em manter a temperatura média da Terra abaixo de 2 °C, acima dos níveis pré-industriais. Além de esforços para limitar o aumento da temperatura até 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Os países desenvolvidos também se comprometeram a conceder benefícios financeiros aos países mais pobres, de modo que possam enfrentar as mudanças climáticas. O Brasil concluiu sua ratificação ao Acordo de Paris em 12 de setembro de 2016. Em documento encaminhado à ONU, as metas brasileiras são: → Reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025. → Em sucessão, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Um dos mais recentes acontecimentos sobre o Acordo de Paris foi a saída dos Estados Unidos, anunciada em junho de 2017. Essa notícia foi recebida com bastante preocupação, pois os Estados Unidos é um dos maiores poluidores do planeta. Glossário Sustentabilidade: é um tema em pleno processo de discussão em esfera social, econômica e acadêmica. Uma variedade de concepções ao longo dos últimos cinquenta anos foi refinada por importantes pesquisadores e fomentou cobranças mais rigorosas por parte da sociedade e posturas mais responsáveis por parte das corporações. A concepção que embasa a sustentabilidade é a consciência integrantes do mundo e não somente para com os agentes consumidores. Desse modo, o desenvolvimento sustentável se relaciona com o crescimento sustentável, recriando o papel das corporações, do setor público, privado e terceiro setor. Há um diálogo de forma transparente com os diferentes públicos (CIOFI, 2010). Assim sendo: A Sustentabilidade é considerada como o processo político, participativo que integra a sustentabilidade econômica, ambiental, espacial, social e cultural, sejam elas coletivas ou individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de disponibilização de recursos, seja nos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade entre os povos e as gerações. Desenvolvimento sustentável: A definição de desenvolvimento sustentável foi delineada pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de unir o desenvolvimento econômico a preservação do meio ambiente. Logo desenvolvimento sustentável é o processo que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras se suprir suas próprias necessidades, trazendo à tona a necessidade de uma nova relação “ser humano- meio ambiente”. Mas, em nenhum momento, este conceito sugere a estagnação do crescimento econômico, mas sim, de uma forma conciliadora com as questões ambientais e sociais. Consciência ecológica: é o pensamento responsável acerca do meio ambiente em que vivemos. Trata-se de, mais que um simples pensamento, um comportamento que cuida do planeta. O consumidorconsciente: Sob a perspectiva ecológica, é aquele que se preocupa como seu bem estar, com a sociedade atual e com a qualidade de vida das gerações futuras. Além disso, se preocupa em contribuir para a melhoria da qualidade de vida de todos. Desse modo, o consumidor consciente sabe que pode ser um agente transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo e, desta forma, tenta buscar o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade. Em outras palavras suas ações, trazem como resultado maximização dos impactos positivos e minimizar os negativos, a partir de suas escolhas de consumo. Em suma, o consumo consciente é um modo de vida que valoriza a responsabilidade com o meio ambiente como forma de preservar e manter um meio social com maior qualidade; sendo este uma escolha do indivíduo que toma para si esta consciência ambiental e a transforma em ações no dia a dia capaz de mobilizar outras pessoas. Consumo sustentável: É um tipo de consumo caracterizado pelo consumo de bens e serviços com respeito aos recursos naturais, de maneira que as necessidades das presentes gerações sejam atendidas sem que haja danos para as próximas gerações. Desse modo haveria aquisição de bens e serviços, atendendo às necessidades básicas das pessoas, priorizando a minimização da degradação ambiental. Interfaces do Triple Bottom Line e a Responsabilidade Social Introdução A partir do conceito de desenvolvimento sustentável, publicado no Relatório Nosso Futuro Comum, em 1987, surgiram diferentes interpretações relacionadas com esta temática. Uma das interpretações mais difundidas foi proposta por John Elkington na década de 1990. Dado que Elkington é um consultor – e possui uma empresa de consultoria chamada SustainAbility – sua proposta está direcionada para o contexto das organizações. John Elkington (2001) introduziu o conceito de sustentabilidade como Triple Bottom Line (TBL): pessoas (people), planeta (planet) e lucro (profit). Fundamentação Teórica O Triple Bottom Line trata-se de um conceito que prega a gestão empresarial com foco, além dos resultados, no impacto causado pela empresa no planeta. A sustentabilidade é um tema comentado há algumas décadas e de forma contínua, talvez pela complexidade que envolve o assunto. Para a população mundial, adotar novos hábitos é parte da mudança proposta, o que tem relação direta com as práticas de consumo e a relação cor marcas. É justamente na atividade de grandes empresas que as principais mudanças podem e devem ser implementadas e, para isso, o Triple Bottom Line é fundamental. Em uma tradução literal do inglês, o termo significa Linha Tripla de Fundo, mas o termo usado por aqui ajuda a entender melhor a proposta: Tripé da Sustentabilidade.Nesse caso, o tripé é formado pelas perspectivas do planeta, das pessoas e do lucro, ou seja, uma empresa deve ser conduzida visando à parte econômica, seus impactos ambientais e como ela se relaciona com seus colaboradores. Nessa ideia, é possível perceber como a sustentabilidade é algo muito maior do que simplesmente a preservação de recursos naturais e a redução da agressão ao planeta. Ser sustentável é ter ideias que consigam se renovar, gerenciar sem explorar, lucrar de forma responsável e com foco na continuidade da companhia, além de viver e conduzir projetos que não prejudiquem nenhuma esfera. Os pilares do tripé da sustentabilidade Dimensão social: envolve a erradicação da pobreza e a definição do padrão para uma vida digna, com distribuição justa e equitativa do consumo dos bens naturais e serviços entre todos os habitantes do planeta. Dimensão ambiental: abrange a preocupação de repensar os modos vigentes de produzir e de consumir, de maneira a assegurar que os ecossistemas possam manter sua autorreparação ou Dimensão econômica: econômica compreende contínuas inovações voltadas para garantir a sobrevivência da organização no mercado em que atua, de forma a manter o lucro econômico-financeiro das organizações. É importante destacar que o Triple Bottom Line compreende a integração entre as dimensões ambiental, social e econômica. Quando estamos nos referindo principalmente a questões ambientais e aspectos econômicos, estamos tratando de responsabilidade ambiental. Quando estamos nos referindo principalmente a aspectos econômicos e questões sociais, estamos abordando a responsabilidade social. Quando tratamos especialmente de problemas sociais e impactos ambientais, estamos considerando questões socioambientais. https://rockcontent.com/br/blog/o-que-e-lucro/ Outras Interpretações para Sustentabilidade O Triple Bottom Line recebeu uma série de críticas de diversos autores que comentam que mais dimensões são necessárias para se definir a sustentabilidade. Alguns autores comentam sobre a necessidade de uma dimensão política e uma dimensão cultural. Segundo John Elkington, essas dimensões estariam contempladas na dimensão social do Triple Bottom Line. Ignacy Sachs, por exemplo, interpretou a sustentabilidade a partir de oito dimensões: dimensão social, dimensão cultural, dimensão ecológica, dimensão ambiental, dimensão territorial, dimensão econômica, dimensão política nacional e dimensão política internacional. Aqui, a questão não é discutir qual autor está certo na sua interpretação, mas entender que existem diferentes formas de compreender o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade a partir de diferentes visões. É importante lembrar que o desenvolvimento sustentável é um conceito mais amplo que envolve a satisfação das necessidades presentes e das gerações futuras. Por sua vez, quando falamos em sustentabilidade estamos nos referindo à integração entre as dimensões econômica, ambiental e social. Como podemos perceber o triple bottom line traz uma grande representatividade para a existência da responsabilidade ambiental e a responsabilidade social. Se faz necessário salientar que ambas responsabilidades andam juntas e percorrem os diferentes espaços da vida social. Nesse ponto de nossa reflexão, vamos entender a responsabilidade social melhor? A Responsabilidade Social vem sendo inserida pelos diferentes atores, pelas distintas profissões e espaços sociais. Vamos compreender o conceito de Responsabilidade Social e Responsabilidade Social Corporativa, Governança, Estratégias vinculadas à Responsabilidade Sociale Responsabilidade Compartilhada. Vamos saber mais sobre as práticas de Responsabilidade Social que estão sendo adotadas por pessoas ou pelas organizações? Responsabilidade social Podemos generalizar que quando uma ou mais pessoas adotam atitudes, comportamentos ou ações de maneira espontânea, que resultem em conforto ou bem-estar para outras pessoas, ali teremos um ato de responsabilidade social. Historicamente, a responsabilidade social é apresentada à literatura pelo empresário Andrew Carnigie que, no final do século 19, publicou o livro "O evangelho da riqueza", o qual abordava a caridade e custódia às práticas de responsabilidade social através das ações dos mais bem-aventurados, que ajudassem os que são menos prósperos, ou seja, amparar aos desprovidos e aos necessitados eram as ações dos socialmente responsáveis. A Responsabilidade Social anda lado a lado com a ética. A ética participa ativamente em todos os segmentos da nossa vida, é encontrada nas relações com amigos, conjugais e, com certeza, no mundo dos negócios. Falar em ética é o mesmo que se referir a valores, moral e comportamentos (PERSEGUINI, 2015). O significado etimológico de ética vem do grego ethos, significando caráter, modo de ser, ética está ligada às diferentes formas de julgar as ideias de acordo com seus valores (ALENCASTRO, 2015). Responsabilidade Social Corporativa Para entender o surgimento da responsabilidade social corporativa, no século XXI, nos obriga a recuar um século e entendendo as primeiras preocupações sociais das empresas. A sensibilidade para o tema teve o seu início nos Estados Unidos, a partir de meados do século XX, porém a Europa assumiu especial relevância tanto na implementação deste tipo de políticas, como na reflexão acadêmica sobre o tema, em particular devido às consequências sentidas com a revolução industrial e, posteriormente, com um grande fenômeno ocorrido na Inglaterra, na cidade de Londres, denominado o Nevoeiro, a severa poluição atmosférica ( de 05 à 09 de dezembro 1952, conhecido também como Big Smoke), O fenômeno foi considerado como um dos piores impactos ambientais até então, sendo causado pelo crescimento incontrolado da queima de combustíveis fósseis na indústria e nos transportes. Acredita-se que o nevoeiro tenha causado a morte de 12.000 londrinos, e deixado outros 100.000 doentes. Assim sendo, o conceito de responsabilidade social corporativa surge a partir do entendimento de que a organização possui diferentes responsabilidades com os diferentes públicos com que interage. Uma empresa possui responsabilidade com: Acionistas ➯ retorno do que foi investido Fornecedores e parceiros ➯ confiança nas trocas Colaboradores ➯ envolvimento no trabalho Sociedade em que está inserida ➯ que influencia as ações da empresa Meio ambiente ➯ fornece os recursos necessários para o funcionamento das organizações Quem são os diferentes públicos com os quais uma organização interage? Esses públicos são chamados de stakeholders ou partes interessadas. As partes interessadas são influenciadas pelas atividades da organização, mas ao mesmo tempo também são capazes de influenciar tais atividades. Entenda melhor os stakeholders no artigo. O conceito de responsabilidade das organizações vem evoluindo com o passar dos anos. Até a metade da década de 1960, acreditava-se que a única responsabilidade de uma organização era a responsabilidade econômica. Durante as décadas de 1960 e 1970, entendia-se que a responsabilidade das organizações era pública enquanto, entre as décadas de 1970 e 1990, o foco estava apenas na responsabilidade interna e externa. A partir da década de 1990, a responsabilidade de uma organização passa a ser compreendida como responsabilidade socioambiental. Nesse contexto, surge o conceito de responsabilidade social corporativa. A Responsabilidade Social Corporativa é conceituada pelo Instituto Ethos (2009) como a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. A Responsabilidade Social Corporativa pode ser interna ou externa: Interna: preocupando-se com capital humano e intelectual;saúde e segurança no trabalho; cidadania corporativa; redução de impactos, etc. Externa: preocupando-se com parcerias comerciais;colaboração com fornecedores e clientes; cooperação com atividades de ONGs; respeito às autoridades públicas, etc. Uma organização pode ser mais responsável socialmente a partir do alinhamento estratégico. Deve-se buscar inserir a responsabilidade social no planejamento estratégico das organizações através de iniciativas relacionadas à prática de voluntariado, à gestão ambiental, ao marketing responsável e ao respeito com os empregados, fornecedores e clientes, indicando uma tendência à cidadania corporativa. Veja, na figura abaixo, como Porter e Kramer (2006) indicam que deve ser praticada a responsabilidade social. Note que os autores utilizam a sigla RSAE para Responsabilidade Socioambiental Empresarial. Governança corporativa e exercício da responsabilidade social De maneira bastante genérica, a governança corporativa pode ser descrita como os mecanismos ou princípios que governam o processo decisório dentro de uma empresa. Governança corporativa é um conjunto de regras que visam minimizar os problemas de agência. O objeto central dos sistemas de governança corporativa não é o de intervir na autonomia das organizações, mas, ao contrário, pretende equilibrar a competitividade e produtividade da empresa com uma gestão responsável e de forma transparente (IBGC, 2009). Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. Uma preocupação vinculada à Governança Corporativa é a criação de um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos administradores esteja sempre alinhado com o melhor interesse da empresa (IBGC, 2017). A NBR ISO 26.000:2010 aborda que Governança organizacional é um sistema pelo qual uma entidade ougrupo de pessoas e instalações com um conjunto de responsabilidades, autoridades e relações e com objetivos identificáveis toma decisões e as implementa na busca de seus objetivos. Conheça um pouco a norma da ABNT NBR ISO 26000 Diretrizes sobre Responsabilidade Social. Além de informações sobre a norma, o site traz um vídeo informativo muito interessante. A NBR ISO 26000 traz dentro de sua proposta 7 princípios direcionadores organizacionais, como: Responsabilidade; Transparência; comportamento Ético; Consideração pelas partes interessadas; legalidade; normas internacionais e Direitos Humanos. “Os empreendedores sociais têm encontrado na chamada fase de startup investidores e aceleradores, no transcurso de vida dos negócios socioambientais tem sido difícil obter a rentabilidade financeira maximizando resultados sociais.” É fundamental a criatividade e inovação, pois o mercado atual não se sustenta, abrindo passagem para as possibilidades do empreendedorismo social. Nesta, as visões do empreender se sustentam na ação e atuação da responsabilidade social (PHILIPPI, 2017). Muitos empreendimentos sociais são oriundos de organizações da sociedade civil que amadureceram seu desempenho e, diante do desafio de assegurar a sustentabilidade e a independência financeira, criaram formas de geração de receita a partir dos serviços que prestam e da produção de bens comercializáveis. No entanto, precisamos identificar o verdadeiro ser humano e reconhecer os seus desejos multifacetados. Para isso, precisamos de um novo tipo de empresa, que não tenha como objetivo apenas o lucro – uma empresa que seja totalmente dedicada à resolução de problemas sociais e ambientais. O empreendedorismo social tornou-se um conceito popular entre os empreendedores e o público em geral. Principalmente porque além de ter todas as situações e abordagens de um negócio, este vincula a estar se propondo a resolver problemas sociais, com impacto e indicadores. Nesse aspecto é importante entender que o Empreendedorismo social gera lucro e desenvolvimento. São duas as estratégias de atuação das ações de responsabilidade social. As internas e externas. Quando a organização decidir pela atuação voltada à responsabilidade social, ela deve deliberar sobre as temáticas dinamizadas no quadro. Entretanto, não é sempre que existe viabilidade da empresa em atender esse novo padrão de referência. Independentemente da identificação das estratégias de atuação interna, externa ou híbrida, a organização deve desenvolver uma base de gerenciamento tanto para a implantação quanto para a manutenção das ações de responsabilidade social. Uma abordagem interessante é a que Melo Neto e Froes (2001) apresentam. Responsabilidade Compartilhada: Compartilhar, tornar-se parte de algo, ser corresponsável, ter uma visão compartilhada e um entendimento comum das prioridades. Como seres gregários, nós buscamos constantemente compartilhar. A responsabilidade compartilhada ou a responsabilidade híbrida promove a partilha da responsabilidade entre as partes e esta é necessária para a promoção do bem-estar, da comunidade ou da sociedade, com objetivo comum. Responsabilidade de Todos: Estamos caminhando para uma sociedade sustentável, com melhor qualidade de vida e com impactos positivos ao ambiente, porém, até chegarmos a esse nível de excelência, teremos muito que avaliar, tratar e desenvolver. Assuntos relacionados a meio ambiente e bases sociais estarão sempre em evidência. Porém, mesmo nas empresas mais engajadas nos conceitos de sustentabilidade, não é tão simples lidar com certos problemas que já são inerentes ao nosso dia-a-dia. Aqui nosso paradigma deve ser na identificação e tratamento desses problemas, eles devem ser considerados oportunidades de melhoria, pois sempre que identificado, tratado no sentido de eliminar ou reduzi-lo, estamos conduzindo um processo de melhoria (PHILIPPI JR, 2017). Nossa PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) apresenta a responsabilidade compartilhada à sociedade como uma forma de partilhar as responsabilidades perante um conjunto de objetivos. Conforme a PNRS, são objetivos da responsabilidade compartilhada: ➔ Redução da geração de resíduos sólidos; ➔ Redução do desperdício de materiais; ➔ Redução da poluição; ➔ Redução dos danos ambientais; Estímulo ao desenvolvimento de mercados, produção e consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis. Entre tais iniciativas surge a Logística Reversa, efetivada por empresas. A Logística Reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social. Ela é formada por um conjunto de ações, procedimentos e métodos utilizados para viabilizar a coleta e restituição de resíduos sólidos do setor empresarial. Glossário Triple Bottom Line: é um conceito de gestão que preza pela sustentabilidade de forma ampla nas empresas. Isso significa que mais do que preocupações ecológicas, é de suma importância ter uma atuação mais sólida em outros setores. Ou seja, uma empresa deve ser orientada, ao longo do processo produtivo, visando à parte econômica, os impactos ambientais e como ela se relaciona com seus colaboradores. Em uma tradução literal do inglês, o termo significa Linha Tripla de Fundo, do que é considerado como Tripé da Sustentabilidade. Nesse aspecto, o tripé é formado pelas perspectivas do planeta, das pessoas e do lucro (PPL) , por isso envolve as dimensões: econômica, social e ambiental. Tais dimensões são articuladas, tornando o desenvolvimento sustentável possível de ser concretizado. Assim sendo, ser sustentável, por meio do tripé da sustentabilidade, significa ter ideias que consigam se renovar, gerenciar sem explorar, lucrar de forma responsável e com foco na continuidade da companhia, além de viver e conduzir projetos que não prejudiquem nenhuma esfera. Responsabilidade social: pode ser compreendida quando empresas, de forma voluntária, adotam posturas, comportamentos e ações que promovam o bem-estar dos seus públicos interno e externo. É uma prática voluntária pois não deve ser confundida exclusivamente por ações compulsórias impostas pelo governo ou por quaisquer incentivos externos (como fiscais, por exemplo). O conceito, nessa visão, envolve o benefício da coletividade, seja ela relativa ao público interno (funcionários, acionistas, etc) ou atores externos (comunidade, parceiros, meio ambiente, etc.) seguindo alguns princípios essenciais, entre eles, ética e transparência. Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ou Responsabilidade Social CorporativaEmpreendedora (RSCE) (referida também como Responsabilidade Social Empresarial- RSE): é um termo que descreve a contribuição voluntária das empresas para o desenvolvimento sustentável que vai além dos requisitos legais (normas internacionais e nacionais, por exemplo). RSC significa que a atividade empreendedora é responsável pela atividade empresarial real (mercado), do mesmo modo sobre os aspectos ecologicamente (meio ambiente) até as relações com os empregados, considerados clientes internos e o próprio local de trabalho (condições, infraestrutura entre outros pontos) e o intercâmbio com as partes interessadas relevantes , por isso, a gestão deve ter estratégias voltadas para os diversos grupos de interesses, ou seja, os stakeholders. Desafios socioambientais: recursos naturais, resíduos, mobilidade urbana. Introdução Veja como várias questões socioambientais estão relacionadas: falta de acesso à água, desmatamento, períodos de seca (mudanças climáticas), pobreza, resíduos sólidos, entre outras. Esses são alguns dos desafios socioambientais que os países, organizações e os indivíduos devem lidar neste século tanto coletiva quanto individualmente para retomar o sentido de qualidade de vida, a partir de uma relação equilibrada com o meio ambiente. Fundamentação Teórica Diante do surgimento de conceitos sobre sustentabilidade e, também, do aumento das discussões sobre esse tema, foram evidenciados diversos desafios. De forma geral, os desafios estão vinculados à responsabilidade socioambiental (ou seja, estão relacionados com as dimensões ambiental e social da sustentabilidade). Assim, considerando os desafios socioambientais, é preciso pensar em iniciativas que possibilitem que as necessidades das gerações atuais sejam satisfeitas sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Para tanto, acessar os índices da sustentabilidade é de suma importância. Nesse contexto, os indivíduos, a sociedade, as organizações e o governo devem combinar esforços para enfrentar tais desafios. Nesta unidade, vamos conhecer alguns dos principais desafios socioambientais: água, energia, resíduos sólidos, mudanças climáticas e mobilidade urbana. Água Água é um substantivo feminino, que significa a substância (H2O) líquida e incolor, insípida e inodora, essencial para a vida da maior parte dos organismos vivos e excelente solvente para muitas outras substâncias; óxido de hidrogênio. A água é a parte líquida que cobre aproximadamente 70% da superfície terrestre, sob a forma de mares, lagos e rios. A água é um recurso finito, e por tal característica pode se esgotar em função de consumo intensivo, dos desperdícios e de má gestão dos recursos hídricos. O Brasil possui a maior disponibilidade de água doce do planeta. Contudo, taxas de desperdício de água são estimadas em 40%. Ainda, a falta de acesso aos recursos hídricos é um grave problema em diversas áreas do país. Além de ser essencial para a vida dos indivíduos, os recursos hídricos têm profunda importância no desenvolvimento de diversas atividades econômicas. Por exemplo, na indústria, as quantidades de água necessárias são muitas vezes superiores ao volume produzido. Calcula-se que em torno de 85% de toda a água doce disponível no mundo é utilizada para irrigação (agricultura), 10% pelas indústrias e apenas 5% para consumo humano. Isto é, o consumo intensivo, os desperdícios e a má gestão não são consequências apenas do consumo humano. Você já ouviu falar na expressão “a água que você não vê”? Por exemplo, você sabia que para a produção de 1 quilo de carne bovina estima-se que sejam gastos mais de 15.000 litros de água? A expressão “a água que você não vê” é utilizada para indicar o consumo de água na produção de bens e serviços. É a água que a gente consome indiretamente com o uso de itens no nosso cotidiano! Portanto, podemos perceber que a água é um desafio a ser enfrentado pelos indivíduos, organizações, governos e a sociedade como um todo. Além do consumo da água, é preciso considerar o acesso aos recursos hídricos como um grande desafio a ser combatido. Um sexto da população mundial (mais de um bilhão de pessoas) não têm acesso à água potável. Estima-se que 40% dos habitantes do planeta não têm acesso a serviços de saneamento básico. Segundo a ONU, até 2025, se os atuais padrões de consumo se mantiverem, duas em cada três pessoas no mundo vão sofrer escassez moderada ou grave de água. No Brasil, a distribuição hídrica é desigual, já que a região Amazônica concentra 80% da disponibilidade de água do país. Estados do Nordeste e, mais recentemente, do Sudeste sofrem com a escassez. Ainda, a região Norte detém os piores índices de atendimento em serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Além disso, quase 24% de toda a população da África sofre com o estresse hídrico. O problema é preocupante também em grande parte do Peru e em algumas áreas do México e da América Central. Na China, Índia e Oriente Médio, a situação é igualmente crítica. Energia O significado de energia está relacionado a trabalho, força. No contexto da física, a energia está associada à capacidade de qualquer corpo produzir trabalho, ação ou movimento. É importante lembrar que a energia pode ser apenas transformada de uma forma para outra. Existem diferentes tipos de energia relacionados com diferentes fontes de energia. Veja alguns exemplos abaixo: ➔ Muscular: animal ou ser humano; ➔ Calorífica: madeira, carvão, álcool, petróleo, etc.; ➔ Solar: sol; ➔ Mecânica: moinhos de vento, motores que utilizam combustíveis diversos e motores elétricos; ➔ Química: baterias e pilhas; ➔ Elétrica: usinas elétricas e termoelétricas; ➔ Nuclear/atômica: usinas nucleares ou termonucleares. Além disso, conforme a natureza da fonte, as fontes de energia podem ser classificadas em fontes renováveis e fontes não renováveis. As fontes de energia renováveis são aquelas que podem ser aproveitadas ao longo do tempo sem possibilidade (ou com possibilidade muito pequena) de esgotamento dessa mesma fonte. As fontes de energia não renováveis têm recursos teoricamente limitados, sendo que esse limite depende dos recursos existentes no nosso planeta. São consideradas fontes não renováveis: Petróleo: esse combustível fóssil é a principal matéria-prima e uma das principais fontes de energia do mundo; sua queima éresponsável pela emissão de poluentes na atmosfera. Carvão mineral: a queima do carvão mineral (combustível fóssil) é considerada ainda mais poluente que a do petróleo. Gás natural: utilizado em usinas termoelétricas, sendo considerado como uma fonte mais vantajosa por apresentar menor impacto ambiental e maior facilidade de transporte. Energia nuclear: recurso energético estratégico, principalmente para regiões que apresentam um baixo potencial hidroelétrico; contudo, existem problemas com o lixo nuclear e riscos ambientais e sociais em casos de acidentes. São consideradas fontes renováveis: Energia hidroelétrica: utiliza-se do movimento das águas dos rios para a produção de eletricidade; no Brasil, é a principal fonte de energia atualmente. Energia eólica: utiliza-se da força promovida pelos ventos para a produção de energia. Energia solar: é o aproveitamento da radiação solar emitida sobre o planeta. Energia da biomassa: corresponde a toda e qualquer matéria orgânica não fóssil; sua importância está no aproveitamento de materiais que, em tese, seriam descartáveis para produção de energia. Energia geotérmica: corresponde ao calor interno do planeta; em casos em que esse calor se manifesta em áreas próximas à superfície, as elevadas temperaturas são utilizadas para a produção de eletricidade. Energia das ondas e das marés: utiliza-se a movimentação das ondas e marés em ambientes onde elas são mais intensas para a geração de energia. Assim, a energia é um desafio socioambiental a ser enfrentado. Com relação à energia, devem ser estimuladas ações para redução do consumo, mas principalmente ações para desenvolver diferentes tipos de fontes de energia para a matriz energética dos países. Ainda, ampliar o acesso à energia para todas as pessoas do planeta deve ser prioridade. A utilização dos combustíveis fósseis é profundamente criticada sob o ponto de vista ambiental, pois a sua queima é responsável pela emissão de poluentes na atmosfera. Por esse motivo, a escassez de petróleo e gás natural vem estimulando esforços de países para obter, com outros tipos de energia (renováveis), uma fonte produtora de energia realmente funcional. Além disso, o uso de outras fontes de energia também seria uma importante forma de depender menos economicamente desse tipo de recurso natural. Resíduos Sólidos Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e de varrição. São incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água. A industrialização aumentou a produção de produtos inorgânicos que não se decompõem (ou que necessitam de um tempo muito grande para se degradar) – tais como o vidro, plástico, metais, borracha. Em decorrência desse fenômeno, houve um grande aumento na produção de resíduos. Desse modo, os resíduos sólidos têm dois fatores agravantes: a enorme quantidade de resíduos gerados e a composição dos mesmos. O conhecimento detalhado das características qualitativas e quantitativas dos resíduos produzidos diariamente é fator fundamental para se determinar a forma de acondicionamento, transporte, tratamento e a melhor destinação final. Calcula-se que o total mundial de resíduos sólidos é de 1,3 bilhões de toneladas por ano, ou 1,2 kg por dia para cada habitante das cidades. As previsões são de que o valor total aumente para 2,2 bilhões de toneladas em 2025. O maior produtor mundial de resíduos sólidos é os Estados Unidos, com mais de 2,5 kg de resíduos produzidos, em média, por cada cidadão em um único dia. No Brasil, por sua vez, estima-se que seja gerado 1,5 kg de lixo produzido por pessoa/dia. Avalia-se que um terço de todo o lixo urbano seja potencialmente reaproveitável e reciclável e que cerca de 24 milhões de toneladas de resíduos têm destino inadequado no país. Nesse sentido, fica claro que os resíduos sólidos representam uma importante questão ambiental para os indivíduos, organizações e órgãos governamentais. Cada um desses atores é responsável pelo volume de resíduos sólidos gerados e devem implantar ações para reduzir a geração de lixo. Cabe aos indivíduos separar e acondicionar adequadamente os resíduos, participar dos programas de coleta seletiva, reduzir o consumo e a consequente geração de lixo. Cabe às organizações o recolhimento e a reciclagem dos produtos após o uso (logística reversa). Por fim, cabe aos órgãos governamentais criar planos para o gerenciamento e o manejo correto dos resíduos. É preciso reutilizar, reaproveitar e reciclar todo material possível. Mas além de questões sociais, entende-se que os resíduos sólidos sejam parte dos desafios socioambientais. Isso porque os resíduos sólidos incluem questões sociais (saúde e geração de renda a partir da venda do resíduo reciclável, o uso dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar). Mudanças Climáticas As mudanças climáticas são alterações que ocorrem no clima geral do planeta Terra, verificadas através de registros científicos, apurados durante o passar dos anos. As mudanças no clima do planeta são produzidas em diferentes escalas de tempo em um ou vários fatores meteorológicos, tais como temperaturas máximas e mínimas; índices pluviométricos (chuvas); temperaturas e níveis dos oceanos; nebulosidade; e umidade relativa do ar. No contexto das mudanças climáticas, precisamos abordar o Efeito Estufa. O Efeito Estufa é um fenômeno natural indispensável para manter a superfície do planeta aquecida. Os gases do efeito estufa (GEE) são capazes de reter o calor do Sol na atmosfera, impedindo que esse calor escape de volta para o espaço. Contudo, após a Revolução Industrial, tem-se o registro de um aumento significativo na emissão de gases na atmosfera (metano, dióxido de carbono e óxido nitroso). Desse modo, podemos entender que as indústrias passaram a interferir nos fenômenos naturais do clima da Terra, aumentando seus impactos de modo negativo. Como consequências das mudanças no clima geral do nosso planeta, agravadas principalmente pela atividade industrial, são listadas as seguintes ações: ➔ Aumento do nível dos oceanos; ➔ Derretimento de calotas polares; ➔ Possibilidade futura de submersão de cidades litorâneas; ➔ Extinção de espécies animaise vegetais; ➔ Crescimento do desmatamento, principalmente em florestas de países tropicais; ➔ Aumento de regiões desérticas no planeta. No Brasil, podemos considerar os impactos das mudanças climáticas a partir de cada região. Diante dessas considerações, fica evidente que as mudanças climáticas representam um desafio socioambiental. Cabe lembrar que mudanças no clima, relevo, território, rios, etc. são fenômenos naturais do nosso planeta. Com essas mudanças, o próprio planeta reencontra um novo equilíbrio para que possa se manter. Contudo, estamos considerando aqui as mudanças climáticas agravadas pela industrialização. Com as indústrias, o fenômeno das mudanças climáticas deixa de ser natural, fazendo com que surjam desequilíbrios na natureza. Em outras palavras, as indústrias contribuem para o aumento das emissões de gases, impactando negativamente no ambiente e na vida das pessoas. Portanto, é preciso pensar em ações não apenas para minimizar as consequências das mudanças climáticas, bem como em iniciativas para reduzir as emissões de gases nocivos na atmosfera. Mobilidade Urbana A mobilidade urbana está diretamente relacionada com o movimento das pessoas no espaço urbano. De modo geral, as pessoas se movimentam nas cidades por meio de transporte público (trem, ônibus, metrô, táxi, bicicletas etc.); transporte privado (automóvel, motocicleta, bicicleta etc.); ou as pessoas se deslocam a pé (pedestres). Os padrões atuais da mobilidade urbana marcada por uma crescente motorização individual causam diferentes impactos. O aumento do transporte privado, por exemplo, traz consigo engarrafamentos e acidentes de trânsito No entanto, os problemas da mobilidade urbana vão além de engarrafamentos e acidentes. Desde 1970, estima-se que a emissão de gases no setor industrial cresceu 65% em todo o mundo, contra 120% no setor de transporte. Ainda, calcula-se que 80% da energia utilizada para a mobilidade em área urbana tem origem na queima de combustíveis fósseis. Assim, a motorização da mobilidade urbana é um dos principais emissores de gases de efeito estufa. Portanto, considera-se que a mobilidade urbana, nos padrões atuais, têm elevados custos sociais, econômicos e ambientais. Nesse contexto, a mobilidade urbana é considerada um desafio socioambiental. Os responsáveis pela mobilidade urbana são os pedestres, motoristas e, principalmente, o governo. Esses atores devem trabalhar de forma conjunta para desenvolver ações com o objetivo de melhorar a movimentação das pessoas nas cidades e reduzir as emissões de gases na atmosfera. Entre essas ações estão melhorias no transporte público existente e a implantação de diferentes tipos de transporte público para ampliar as opções de locomoção; faixa exclusiva para ônibus; caronas compartilhadas; ciclovias; faixas exclusivas para carros com quatro passageiros, etc. Apesar disso, ações que priorizam a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na mobilidade urbana não fazem parte da política efetiva na maioria das cidades e dos países. A palavra-chave para melhorar a mobilidade urbana é planejamento. A partir do planejamento, é possível estabelecer estratégias visando melhorar a mobilidade, uma vez que uma cidade precisa do maior número possível de opções para que as pessoas possam se locomover. Glossário Índices de sustentabilidade: os índices ou indicadores de sustentabilidade são ferramentas de aferição dos efeitos positivos ou negativos de uma intervenção no ambiente. Desse modo, os índices permitem que haja o monitoramento de uso de recurso, poluição, impactos socioambientais, permitindo novas estratégias e planos de ação. Por exemplo, durante a fase de desenvolvimento de práticas agroecológicas e de recuperação de áreas degradadas, são usados grandes conjuntos de indicadores para avaliar a qualidade do solo e do ambiente como um todo, o incremento da biodiversidade e os benefícios sociais e econômicos gerados por essas tecnologias. Recursos naturais: são elementos da natureza que são fundamentais ao ser humano para cultivo, para a vida em sociedade, no processo de desenvolvimento, ou ainda, para sobrevivência e qualidade de vida da sociedade em geral. Os recursos naturais podem ser renováveis, como a energia solar e a do vento. Da mesma forma, os recursos naturais podem ser potencialmente renováveis, por serem considerados limitados, por exemplo: a água, o solo e as árvores, esses são considerados limitados, mas potencialmente renováveis. E ainda existem os não renováveis, como o petróleo e minérios em geral. Portanto, recurso natural é algo de extrema importância para a continuidade da vida de todos os seres. Os recursos naturais, também denominados de recursos ambientais Efeito estufa: é um processo físico que ocorre quando uma parte da radiação infravermelha (percebida como calor) é emitida pela superfície terrestre e absorvida por determinados gases presentes na atmosfera, os chamados gases do efeito estufa ou gases estufa. Como consequência disso, parte do calor é irradiado de volta para a superfície, não sendo libertado para o espaço. O efeito estufa dentro de uma determinada faixa é de vital importância pois, sem ele, a vida como a conhecemos não poderia existir. Serve para manter o planeta aquecido e, assim, garantir a manutenção da vida. Atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis, o emprego de certos fertilizantes, o desmatamento e o grande desperdício contemporâneo de alimentos, que têm entre seus resultados a elevação nos níveis atmosféricos de gases estufa, vêm intensificando de maneira importante o efeito estufa e desestabilizando o equilíbrio energético no planeta, produzindo um fenômeno conhecido como aquecimento global.
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