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5043 “A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO” Quezia G.de S. da Rocha (Escola Estadual Pedro Raphael da Rocha e Programa de Pós- Graduação em Química - UFSCar) Rosebelly Nunes Marques (Departamento de Economia, Administração e Sociologia - LES/ESALQ/USP) RESUMO A crise ambiental em que vivemos, causada pelos modelos socioeconômicos predominantes, evidencia a necessidade de compromisso com a Educação Ambiental. Assim, este trabalho de pesquisa tem como objetivo explorar as concepções de Educação Ambiental de alunos ingressantes e formandos do Ensino Médio de uma escola pública do interior de São Paulo, utilizando-se da pesquisa qualitativa e análise de conteúdo. Os resultados obtidos pelo estudo apontam a concepção de Educação Ambiental Conservadora como dominante nos participantes da pesquisa e levantam reflexões sobre o desenvolvimento da Educação Ambiental na Educação Básica, em particular no Ensino Médio. Palavras – chave: Educação Básica, Educação Ambiental, Concepções. INTRODUÇÃO A importância da Educação Ambiental (EA) para a formação cidadã de nossos estudantes é citada por muitos pesquisadores em ensino de Ciências e se torna cada dia mais evidente. São muitas as discussões sobre a problemática ambiental em proeminência, que podem ser acompanhadas pelos alunos: encontros internacionais sobre mudanças climáticas, catástrofes e crimes ambientais, como o caso de Mariana (MG), entre outras questões regionais e globais. No entanto, nem sempre foi assim, existe um percurso histórico da EA no Brasil que nos ajuda a compreendê-la melhor. Nesta breve retomada histórica, destaca-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo (1972), a conferência é responsável por introduzir no âmbito internacional discussões sobre os problemas ambientais e proporcionar o início da menção das questões ambientais no discurso do governo brasileiro, assim como a criação de órgãos governamentais, para o controle e regulamentação do ambiente (LOUREIRO e PACHECO, 1995). Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5044 Outro evento internacional importante é o Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado (1975). Este seminário fundamentou diretrizes para Educação Ambiental presentes no documento intitulado “Carta de Belgrado”, que são usadas ainda hoje para orientar algumas pesquisas e ações que citam a área. Dois anos depois, em 1977, a 1ª Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental, em Tbilisi – Geórgia, reafirma os posicionamentos assumidos em Belgrado e acrescenta novos elementos para definir os princípios pedagógicos da Educação Ambiental (UNESCO, 1987). Após Tbilisi a ótica socioambiental ficou mais evidente. O ambiente natural em relação com o social levantou novas reflexões que proporcionaram perspectivas diferentes da Educação Ambiental no Brasil e no mundo. Desta forma, na década de 80, a EA é referida na legislação brasileira mediante a Lei 6.938/81, que dispõe a Política Nacional do Meio Ambiente e na constituição de 1988 (constituição cidadã), ambas estabelecem a presença da EA em todos os níveis de ensino. Em 1992, o Brasil foi sede de uma conferência internacional sobre Meio Ambiente, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), período em que foram elaborados dois importantes documentos: o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global” e a “Carta Brasileira para Educação Ambiental”, as quais compartilham da mesma perspectiva de EA. Perspectiva de prática educativa transformadora, de caráter interdisciplinar, com clara conexão entre os elementos naturais, sociais, culturais e econômicos na dinâmica socioambiental, que busca estimular o pensamento crítico. É possível observar que a “Carta Brasileira para Educação Ambiental” admite a necessidade de um maior comprometimento do Poder Público para efetivar as políticas de Educação Ambiental no Brasil (BRASIL, 2005). Também na década de 90, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) estabelecem a temática ambiental como transversal no Ensino Fundamental, que segundo Marques e Pastre (2014) foi uma das medidas mais efetivas para implementação da temática na área específica da educação. Considerando todos os marcos históricos da EA aqui apresentados e os compromissos assumidos pelo país, em 1999, se estabelece uma lei específica sobre a EA, a Política Nacional da Educação Ambiental (PNEA), destacando seu caráter interdisciplinar, permanente e de transversalidade. Todavia, a lei recebeu críticas de diferentes pesquisadores em EA, conforme a perspectiva cultivada por estes. Entre as observações destes pesquisadores está a falta de diretrizes pedagógicas mais demarcadas e indícios de caráter conservacionista Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5045 na PNEA. Apesar das críticas, a lei serviu de base para novas regulamentações e programas de EA no país. A difusão da EA se tornou ainda mais expressiva em projetos de pesquisa de pós- graduação, como programas de Mestrado e Doutorado. Intensificaram-se também os programas federais, estaduais e municipais voltados a sua aplicação. Entretanto, carecia ainda um caráter educativo nos documentos oficiais para auxiliar as práticas em EA. Em resposta a essa necessidade, no ano de 2012, são estabelecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA), deixando claro que a EA possui características conceituais e pedagógicas. O período de debate e homologação das DCNEA coincide com o do programa da UNESCO denominado “Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável” (2005- 2014), que teve como objetivo segundo a UNESCO (2005) melhorar e incentivar o papel da educação e da aprendizagem na busca pelo desenvolvimento sustentável e aproximar os interessados no assunto, assim como promover espaços de discussão sobre este tema. Quanto as DCNEA, seus objetivos contemplam sistematizar a legislação sobre EA, abrangendo os novos elementos trazidos pelas pesquisas na área, estimular a reflexão crítica sobre a EA como um tema transversal, isso devido à significação simplista atribuída ao conceito de transversal, como uma banal distribuição de temas pelos componentes curriculares. E também, fornecer orientações pedagógicas direcionadas as instituições educacionais de todos os níveis de ensino (BRASIL, 2012). As DCNEA reconhecem que a EA não é uma prática neutra e que esta não deve perpetuar uma visão despolitizada, ingênua e naturalista da crise ambiental. Ao contrário, deve desenvolver a compreensão integrada do Meio Ambiente, assegurar o acesso às informações pertinentes à área, estimular a mobilização social e política em defesa da qualidade ambiental e de vida, colaborar com a integração entre ciência e tecnologia para promoção da sustentabilidade (BRASIL, 2012). Em seu artigo 14, inciso III apresenta como objetivo: (...) aprofundamento do pensamento crítico-reflexivo mediante estudos científicos, socioeconômicos, políticos e históricos a partir da dimensão socioambiental, valorizando a participação, a cooperação, o senso de justiça e a responsabilidade da comunidade educacional em contraposição às relações de dominação e exploração presentes na realidade atual; (...) (BRASIL, 2012, p.4). Observa-se que as DCNEA contribuíram para definir o caráter pedagógico da EA e estimular uma perspectiva crítica da mesma. Loureiro (2007) destaca que trabalhar conforme Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5046 a perspectiva crítica é vincular osprocessos ecológicos aos sociais na leitura de mundo. Conforme Loureiro (2007), a Educação Ambiental Crítica além de ser contextualizada histórica e socialmente, deve problematizar a realidade e os valores, levantar questionamentos que possam contribuir com a construção de uma sociedade sustentável. Desta forma, as práticas pedagógicas de EA na perspectiva crítica implicam também na compreensão de Meio Ambiente, desenvolvendo uma visão integrada do mesmo. As concepções de Meio Ambiente e as práticas de EA estão interligadas. Reigota (2010) utiliza em sua pesquisa desenvolvida na Universidade do Centro-Oeste do Paraná, as representações sociais de Meio Ambiente de professores para caracterizar suas práticas de EA. Contudo, qual será a perspectiva de EA que chegará à escola e aos alunos de Educação Básica? As instituições de ensino acompanharam o amadurecimento da EA apresentado na academia e documentos oficiais? Estas questões nortearam este trabalho de pesquisa, o qual tem como objetivo explorar as concepções de Educação Ambiental de alunos ingressantes e formandos do Ensino Médio, em uma escola estadual do interior de São Paulo. Considera-se esta investigação relevante para levantar reflexões sobre o desenvolvimento da EA na Educação Básica, em especial no Ensino Médio, contribuindo com a identificação de obstáculos a serem discutidos e superados. Do mesmo modo, aponta-se a possibilidade de trazer elementos que possam auxiliar nos debates sobre os caminhos e políticas da EA no país. METODOLOGIA Esta pesquisa tem caráter qualitativo considerando a definição de Creswell (2010, p.26): A pesquisa qualitativa é um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humano. O processo de pesquisa envolve as questões e os procedimentos que emergem, os dados tipicamente coletados no ambiente do participante, a análise de dados indutivamente construída a partir das particularidades para os temas gerais e as interpretações feitas pelo pesquisador acerca do significado dos dados. O relatório final escrito tem uma estrutura flexível. Aqueles que se envolvem nessa forma de investigação apóiam uma maneira de encarar a pesquisa que honra um estilo indutivo, um foco no significado individual e na importância da interpretação da complexidade de uma situação. Como instrumento de coleta de dados optou-se por questionários, devido o tamanho da amostra, 196 estudantes de Ensino Médio, sendo 102 de turmas de 1ª série e 94 de turmas Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5047 de 3ª série, todas as turmas pertenciam ao período diurno de uma escola pública estadual do interior de São Paulo que atende exclusivamente o Ensino Médio. O objetivo do questionário era explorar os conhecimentos dos alunos sobre Educação Ambiental, para buscar por elementos e referências que diferenciavam ou relacionavam com o tema. Desta forma, a primeira pergunta abordou a concepção de Meio Ambiente dos estudantes, como determinante para os significados que atribuem a EA. A segunda questão investigou as relações que os alunos estabeleciam sobre o tema. E os últimos questionamentos foram relativos às experiências e atitudes sobre EA. Questões aplicadas: 1- O que você entende por Meio Ambiente? 2- O que você entende por Educação Ambiental? 3- Você se considera preocupado com o Meio Ambiente? O que você faz no seu dia-a-dia para colaborar com a proteção do Meio Ambiente? Na leitura e organização dos dados utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin (1977), seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. A análise de conteúdo permite extrair significados, fazer correspondências entre estruturas semânticas e psicológicas, interpretar mensagens e suas condições de produção e recepção (Bardin, 1977). Para a definição das categorias de concepções de Meio Ambiente adotou-se como referencial Reigota 1 apud Reigota (1999, p.74), que caracteriza três tipos de concepções: naturalista, antropocêntrica e globalizante. O referencial utilizado para análise das concepções de EA é Loureiro (2005, 2007), as concepções foram classificadas em duas categorias: a da EA Conservadora/Comportamentalista e a da EA Crítica/Transformadora. Buscou-se nas respostas dos alunos nas questões 1 e 2 os termos-chave e as características relacionadas a estas categorias pré-estabelecidas, que serão melhor entendidas na discussão dos resultados. Quanto à questão 3, listaram-se as ações citadas pelos alunos durante a pré-análise e essas ações foram agrupadas em categorias posteriormente determinadas na etapa de exploração do material. 1 REIGOTA, M.(1990). Les representations sociales de l'environnement et les pratiques pédagogiques quotidiennes des professeurs de sciences a São Paulo,Brésil, Tese de Doutorado, Université Catholique de Louvain. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5048 RESULTADOS E DISCUSSÃO Em uma pesquisa pelo termo Meio Ambiente é possível encontrar diferentes definições que certamente serão correspondentes com as diversas áreas do saber (Ecologia, Filosofia, Geografia, etc.), refletindo distintas finalidades e concepções. Tendo como foco a EA, concorda-se com a definição de Reigota (2014, p.36): Defino meio ambiente como: um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relação dinâmica e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformações da natureza e da sociedade. Dessa forma, as concepções de Meio Ambiente foram dispostas em categorias de acordo com as definições estabelecidas por Reigota apud Reigota (1999, p.74): a) Naturalista: Meio Ambiente como sinônimo de natureza, espaço circundante com elementos bióticos e abióticos, o homem como elemento biológico e não social. b) Antropocêntrica: enfatiza os recursos naturais e a sobrevivência humana. c) Globalizante: reconhece o Meio Ambiente como complexas relações entre elementos culturais, físicos, sociais, econômicos, políticos, naturais, filosóficos. A tabela 1 apresenta em porcentagem as concepções identificadas nos estudantes de 1ª série e 3ª série. Tabela 1- Concepções de Meio Ambiente dos Estudantes Categoria 1ª série 3ª série Naturalista 94,0% 87,2% Antropocêntrica 5,0% 4,3% Globalizante 0,0% 5,3% Branco 1,0% 3,2% Observa-se que a concepção globalizante de Meio Ambiente não foi identificada entre os alunos de 1ª série, mas se fez presente nos de 3ª série, ainda que numa pequena porcentagem. A categoria naturalista é menos manifestada no grupo de 3ª série, entretanto é a concepção predominante dos estudantes dos dois grupos. . Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5049 Pode-se elucidar a visão naturalista em respostas como: “é o planeta em que vivemos”; “é a fauna”. Na categoria antropocêntrica enquadram-se algumas afirmativas como: “é fonte de riquezas”; “é necessário para se viver”. E na concepção globalizante que coloca o homem como parte integrante do meio ambiente e os fatores sociais encontram-se: “(...) também educação, cultura”; “ os homens”. Dessa forma, os resultados apontam uma discrepância entre as perspectivas de Meio Ambiente dos estudantes e o proposto nos documentos oficiais e eventos internacionais. Mesmo que a ótica socioambiental venha sendo discutida amplamente, desde Tbilisi, e esteja presente em documentos oficiais como as DCNEA, essas perspectivaspodem não ter alcançado ainda as escolas. Observa-se assim a importância das DCNEA, pois são voltadas às instituições de ensino, no conteúdo é citado o desenvolvimento da visão integrada de Meio Ambiente e a necessidade de superação da visão naturalista presente nas práticas pedagógicas dessas instituições. Acredita-se que as DCNEA podem colaborar para uma reflexão sobre as práticas de EA presentes nas escolas. Quanto à segunda questão, a maioria dos participantes relaciona a EA à preservação do Meio Ambiente e Ecologia, muitas referências são feitas também a doutrina de comportamentos, em geral voltados a atitudes individuais. Isso pode ser exemplificado pelas transcrições: “ensina a jogar lixo no local correto, reciclar”; “proteger a natureza”; “aprender sobre os animais”; “como plantar uma árvore”. Somente uma pequena parcela dos alunos mencionaram as interações sociedade- natureza como objeto da EA. Identificaram-se assim duas categorias de EA: a Conservadora/Comportamentalista e a Crítica/Transformadora, conforme Loureiro (2005, 2007). A EA Conservadora possui uma visão naturalista da crise ambiental, ou seja, é apolítica e descontextualizada histórica e socialmente, focaliza na dimensão individual e comportamental, sem valorizar reflexões que colaborem com o desenvolvimento do pensamento crítico a respeito da questão ambiental. O oposto dessas características é apresentado pela EA Crítica que busca a transformação dos valores e práticas sociais através de uma abordagem contextualizada e reflexiva da crise ambiental, problematizando os interesses envolvidos (LOUREIRO, 2005). Os resultados da análise da segunda questão são apresentados na tabela 2. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5050 Tabela 2 - Concepções de Educação Ambiental dos Estudantes Categoria 1ª série 3ª série Educação Ambiental Crítica 3,0% 6,4% Educação Ambiental Conservadora 93,0% 90,4% Branco 4,0% 3,2% Constatou-se que a visão predominante é de EA Conservadora, esse resultado se mostra coerente com as observações sobre a terceira questão, embora a maioria dos estudantes se avalie como preocupada com o Meio Ambiente (83 % dos ingressantes e 85 % dos formandos), suas explanações de ações e engajamento se mostram ingênuas para integrantes de Ensino Médio e focadas em ações individuais, o que reflete a EA Conservadora. Ressalta- se que alguns jovens alegaram que são preocupados com o assunto, porém ainda não fazem nada a respeito. Pode-se observar no gráfico 1 que a maioria dos alunos de ambas as turmas citaram ações envolvendo a água e o lixo, como: banhos rápidos para economizar água, não jogar lixo no chão, não descartar óleo na pia e a separação do lixo para a reciclagem. Essas ações possuem sua importância, entretanto são ligadas a assuntos desenvolvidos, principalmente, no Ensino Fundamental, faltando experiências ou ações que reflitam uma visão mais crítica. Gráfico 1 - Ações praticadas pelos alunos para proteção do Meio Ambiente Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia 5051 CONSIDERAÇÕES FINAIS Existem distintas perspectivas de EA que foram construídas ao longo de sua trajetória histórica. Destaca-se neste estudo a perspectiva crítica que pode ser observada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA), documento oficial destinado às instituições de ensino. No entanto, os resultados dessa pesquisa apontam um distanciamento entre o proposto nos documentos oficiais e as concepções de EA desses estudantes dos anos finais da Educação Básica. Percebe-se que a concepção de EA Conservadora é apresentada pela maioria dos participantes da pesquisa, o que pode ser reafirmado pelo predomínio da visão naturalista de Meio Ambiente, embora seja menos manifestada nos formandos em relação aos ingressantes, continua predominante, demonstrando a possível falta de práticas de EA durante o Ensino Médio que pudessem evoluir essas percepções de Meio Ambiente e EA, ou seja, situações de aprendizagem que contextualizassem o meio natural com fatores sociais, culturais, científicos, tecnológicos, políticos e históricos. Ressalta-se que o foco na dimensão individual da EA Conservadora não contribui para o engajamento cidadão dos estudantes com a questão ambiental. Os motivos para tais constatações não foram o objetivo dessa pesquisa, no entanto a literatura destaca algumas causas como: a formação de professores, a estruturação do currículo, ensino descontextualizado, ineficiência de políticas públicas para efetivação da EA e problemas estruturais da Educação Básica. Dessa forma, aponta-se a importância do desenvolvimento de pesquisas voltadas a efetivação e enriquecimento das práticas de EA na Educação Básica, buscando desenvolver o pensamento crítico sobre a crise ambiental, especialmente no Ensino Médio, o qual para muitos estudantes da Rede Pública é o final do ciclo estudantil, pois acabam por não seguir para o Ensino Superior. Portanto, cabe ao Ensino Médio o importante papel de consolidar a formação cidadã desses jovens no âmbito da Educação Escolar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.226p. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Congresso Nacional, 1988. 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