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Competindo pelo Futuro Tamanho Original: 373 páginas Sumarizador: Nelson Geraldo da Silva Tamanho desta Sumarização: 47 Páginas LIVRO COMPETINDO PELO FUTURO AUTORES GARY HAMEL C.K PRAHALAD ALUNO: Nelson Geraldo da Silva RGM: 627260 TURMA: ADM69B MATÉRIA: Introdução à Administração PROFESSOR: Orlando Pavani LIVRO: Competindo pelo Futuro AUTOR: Gary Hamel / C.K Prahalad Competindo Pelo Futuro Gary Hamel / C. K. Prahalad Introdução Este livro registra a preocupação dos autores com a capacidade das grandes empresas de manter sua vitalidade competitiva, pois ficavam intrigados com a aparente capacidade de pequenos concorrentes, muitos japoneses, de superar empresas muito maiores e mais ricas. As diferenças de mercado que observamos em relação à eficácia de recursos não poderia ser explicada por diferenças incrementais na eficácia operacional, nem por fatores institucionais como o custo de mão-de-obra ou de capital. Nenhuma comparação estatística entre estruturas de custos poderia ser responsável pela aparente capacidade que certas empresas tem de inventar constantemente novas formas de fazer mais com menos, uma visão do futuro. Durante as entrevistas com os gerentes, ouvimos freqüentemente referências a metas surpreendentemente ambiciosas – metas que iam muito além das fronteiras temporais dos ´planos` estratégicos típicos. Esses gerentes pareciam gastar menos tempo com preocupações a respeito de como posicionar a empresa no ´espaço competitivo` existente e mais tempo com a criação de um espaço competitivo fundamentalmente novo. As teorias existentes sobre estratégia e organização não respondem, embora forneçam um mecanismo para controlar a vantagem competitiva relativa, não conseguem captar a dinâmica de desenvolvimento de competências. A defasagem entre teoria e observação, portanto, foi a origem deste livro. A meta neste livro é ampliar o conceito de estratégia de modo a permitir que ele inclua, de forma mais abrangente, a realidade competitiva emergente – uma realidade na qual a meta é transformar setores, não apenas organizações; uma realidade na qual ser cada vez melhor não basta; uma realidade na qual uma empresa incapaz de imaginar o futuro não estará lá para desfrutar dele. Este livro está fortemente fundamentado na experiência de empresas no mundo inteiro que conseguiram superar a desvantagem de recursos e construir posições de liderança mundial. Para sair da estafante rotina Avalie sua empresa. Que percentual de seu tempo você gasta com problemas externos, ao invés de internos. Do tempo gasto com a análise de problemas externos, que percentual você dedica a considerações sobre as possíveis mudanças que ocorrerão no mundo nos próximos cinco ou dez anos, em oposição ao tempo gasto com preocupações como fechar o próximo grande contrato ou como responder a uma mudança de preço adotada por um concorrente? Do tempo gasto com a análise de problemas externos e futuros, que percentual você dedica a consultas aos colegas, visando a criação de uma visão do futuro profundamente compartilhada e testada, em oposição ao tempo gasto com a criação de uma visão pessoal? As equipes de alta gerência precisam admitir que o que sabem hoje – o conhecimento e a experiência que justificam a sua posição na hierarquia da empresa – pode ser irrelevante ou infundado no futuro. Em duas palavras – reestruturação e reengenharia. Embora o downsizing e o redesenho dos processos centrais sejam tarefas legítimas e importantes, eles tem mais a ver com a manutenção dos negócios atuais do que com a criação dos setores do futuro. Nenhum dos dois substitui a imaginação e criação do futuro. Nenhum garantirá o sucesso contínuo de uma empresa que não regenerar suas principais estratégias. Uma empresa bem-sucedida em reestruturação e reengenharia, mas incapaz de criar os mercados do futuro, entrará na estafante rotina de tentar se manter um passo à frente das margens e lucros em constante declínio, advindos dos negócios do passado. ALÉM DA REESTRUTURAÇÃO A palavra de ordem para a alta gerência era imutável. As empresas eram administradas por gerentes, não por líderes; por engenheiros de manutenção, não por arquitetos. Poucas empresas que começaram a década de 80 como líderes do setor terminaram a década com sua posição de liderança intacta e inalterada. As bases para o sucesso obtido no passado foram abaladas e fragmentadas quando, na maioria dos casos, a topografia do setor mudou mais rápido do que a capacidade da alta gerência de reformular suas crenças e premissas básicas sobre que mercados deveria servir, que tecnologias deveria dominar, que clientes deveria atender e como obter o melhor desempenho dos funcionários. Quando um problema de competitividade é finalmente inevitável, a maioria dos executivos lança mão de uma faca e começa um trabalho brutal de reestruturação . A meta é eliminar as camadas de gordura da corporação, eliminar os negócios com desempenho insatisfatório e aumentar a produtividade. O resultado da reestruturação é sempre o mesmo: redução do número de funcionários. A alta gerência precisa saber onde estão as novas oportunidades. Os custos sociais da reestruturação são altos. Um dos resultados inevitáveis do downsizing é o declínio do moral dos funcionários. O discurso é que os funcionários são o patrimônio mais valioso da empresa; o que eles percebem é que são o patrimônio mais descartável. A reestruturação raramente resulta em melhoria fundamental da empresa. Na melhor das hipóteses, consome tempo. O ponto simples é que não basta reduzir o porte da empresa. O downsizing, equivalente à anorexia corporativa, pode resultar em uma empresa mais magra; mas não resulta necessariamente em uma empresa mais saudável. ALÉM DA REENGENHARIA A reengenharia visa erradicar o trabalho desnecessário e fazer com que todos os processos da empresa apontem na direção da satisfação do cliente, redução do tempo do ciclo e qualidade total. Embora a meta declarada da reengenharia seja enfocar todos os processos envolvidos na satisfação do cliente, é quase sempre a promessa de menores custos, e não a de maior satisfação do cliente, que convence a equipe da alta gerência a aprovar um grande projeto de reengenharia. A reengenharia pode ser benéfica, a questão é que, em muitas empresas, a reengenharia de processos e os esforços para criação de vantagem estão mais relacionados a alcançar os concorrentes do que superá-los. Os gerentes japoneses classificaram como primeira fonte de vantagem competitiva no ano 2000 a capacidade de criar produtos e negócios fundamentalmente novos. Isso significa que os gerentes japoneses irão virar as costas para a qualidade? É claro que não. Simplesmente indica que, no ano 2000, a qualidade não será mais um diferencial competitivo; será simplesmente o preço para entrar no mercado. REGENERANDO A ESTRATÉGIA Diminuir e melhorar não é o suficiente. Não basta que uma empresa diminua seu tamanho e aumente sua eficiência e rapidez; por mais importantes que sejam essas tarefas, ela também precisa ser capaz de se reavaliar, regenerar suas estratégias centrais e reinventar seu setor. Em suma, uma empresa também precisa ser capaz de ser diferente. Uma empresa perde seus atuais negócios quando diminui mais rápido do que melhora sua eficiência. Uma empresa perde os futuros negócios quando melhora sua eficiência sem mudar. A defesa da posição atual de liderança não substitui a criação da futura liderança. DA TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL À TRANSFORMAÇÃO DO SETOR O desafio da transformação organizacional enfrentado atualmente por tantas empresas é, em muitos casos, resultado direto de sua incapacidade de reinventar seus setores e regenerar as estratégias específicas da empresa há uma década ou mais. As dimensões da tarefa de transformação organizacionalenfrentada pela maioria das empresas foram definidas pelas novas empresas que mudaram as regras do jogo, mais do que pela capacidade de previsão dos próprios líderes. A incapacidade de reinventar seus setores há dez ou vinte anos e a ausência, até hoje, de uma visão única de para onde elas desejam levar o setor não deixou às líderes outra alternativa exceto transformar-se em imitações baratas dos intrusos do setor. Em suma, para a maioria das empresas, a agenda da transformação organizacional é reativa, e não proativa. A capacidade de inventar novos setores e reinventar os antigos é um pré-requisito para chegar primeiro ao futuro e uma pré-condição para permanecer na frente. A maioria das empresas só considera a necessidade de regenerar sua estratégia e reinventar seu setor quando a reestruturação e a reengenharia não são capazes de deter o declínio da corporação. RUMO A UMA NOVA VISÃO DE ESTRATÉGIA Nossas premissas iniciais são simples: A competição pelo futuro é uma competição pela criação e domínio das oportunidades emergentes – pela posse do novo espaço competitivo. Criar o futuro é um desafio maior do que acompanha-lo. A meta é desenvolver uma visão independente de quais são as oportunidades de amanhã e como explorá-las. Em nível abrangente, são necessários quatro elementos: 1) Compreensão de que a competição pelo futuro e uma competição diferente; 2) Um processo para descoberta e percepção das oportunidades futuras; 3) Habilidade de energizar a empresa de cima abaixo para o que pode ser uma longa e árdua jornada em direção ao futuro; e 4) Capacidade de superar os concorrentes e chegar primeiro ao futuro, sem correr riscos desmedidos. O desafio é penetrar na nuvem de incerteza e desenvolver uma grande capacidade de previsão dos paradeiros dos mercados de amanhã. É preciso uma arquitetura estratégica que elabore a planta para construção das competências necessárias para dominar os mercados futuros. Estratégia é a luta para superar as limitações de recursos através de uma busca criativa e infindável da melhor alavancagem dos recursos. As diferenças na competição pelo futuro RUMO AO FUTURO Estamos no limite de uma revolução tão profunda quanto a que deu origem à indústria moderna. Será a revolução ambiental, a revolução genética, a revolução de materiais, a revolução digital e, acima de tudo, a revolução da informação. Setores inteiramente novos, hoje ainda em gestação, logo estarão nascendo. Muitas dessas megaoportunidades representam bilhões de dólares em possíveis receitas futuras. Cada uma dessas oportunidades também é inerentemente global. É improvável que um único país ou região isolada controle todas as tecnologias e habilidades necessárias para transformar essas oportunidades em realidade. Embora muitas megaoportunidades de amanhã ainda estejam na infância, nesse exato momento, empresas do mundo inteiro estão competindo pelo privilégio de sua paternidade. Alianças estão sendo formadas, competências estão sendo reunidas e experimentos estão sendo conduzidos nos mercados nascentes – tudo na esperança de captar uma fatia das futuras oportunidades mundiais. A incapacidade de prever e participar das oportunidades do futuro empobrece empresas e nações. Um país incapaz de fazer algo além de proteger os setores do passado perderá sua posição econômica para os países que ajudam a criar as indústrias do futuro. A ciência avançada de hoje será o eletrodoméstico de amanhã. Competir pelo futuro exige não só a redefinição de estratégia, mas a redefinição do papel da alta gerência na criação da estratégia. COMPETIÇÃO PELO PRESENTE VERSUS COMPETIÇÃO PELO FUTURO Pegue um livro sobre estratégia ou um manual de marketing e o foco do livro certamente será a competição dentro dos mercados existentes. Dentro de um mercado existente, a maioria das regras de competição já foram estabelecidas. _ Participação no Mercado versus Participação nas Oportunidades A competição pelo futuro é uma competição pela participação nas oportunidades,e não pela participação no mercado. Para identificar as competências que devem ser desenvolvidas, os responsáveis pela elaboração de políticas e estratégias empresariais precisam prever a ampla estrutura de oportunidades do futuro. _ Unidades de Negócios versus Competências da Corporação A competição pelo futuro é uma competição de empresa versus empresa – o que chamamos de competição inter-empresas. A pergunta para os altos gerentes é: Como orquestrar todos os recursos da empresa, visando a criação do futuro? Criar o futuro exige que a empresa desenvolva novas competências essenciais, competências que normalmente transcendem a perspectiva de uma única unidade de negócios – tanto em termos de investimento necessário quanto de variedade de aplicações potenciais. O próprio tamanho, escopo e complexidade precisa das oportunidades futuras também podem exigir uma perspectiva corporativa, e não de uma unidade isolada. _ Sistemas Isolados versus Sistemas Integrados Uma única unidade de negócios ou uma única empresa ou país não tem todos os recursos necessários. Poucas empresas podem criar o futuro exclusivamente com suas próprias mãos. A necessidade de reunir e harmonizar tecnologias altamente díspares entre si, administrar um processo detalhado de definição de padrões, estabelecer alianças com fornecedores de produtos complementares, cooptar rivais em potencial e ter acesso à mais ampla variedade possível de canais de distribuição mostra que a competição é tanto uma batalha entre coalizões concorrentes e freqüentemente sobrepostas quanto uma batalha entre empresas isoladas. _Velocidade versus Perseverança Uma outra diferença entre competição pelo futuro e a competição pelo presente é o tempo. Hoje, a velocidade é essencial. Os ciclos de vida dos produtos estão cada vez mais curtos, os tempos de desenvolvimento cada vez mais apertados e o cliente espera um serviço praticamente instantâneo. A liderança em setores fundamentalmente novos raramente é construída em menos de dez ou quinze anos, sugerindo que a perseverança pode ser tão importante quanto à velocidade na batalha pelo futuro. O comprometimento e a perseverança da organização são impulsionados pelo desejo de modificar a vida das pessoas – quanto maior a mudança, maior o comprometimento. Isso sugere outra diferença entre a competição pelo futuro e a competição pelo presente, qual seja, a perspectiva de causar impacto, e não a certeza de obter retornos financeiros imediatos. Uma empresa incapaz de assumir um compromisso emocional e intelectual com a criação do futuro, mesmo na falta de uma razão comercial financeiramente irrefutável, certamente será apenas uma seguidora. O compromisso de ser pioneiro precede o cálculo exato do ganho financeiro. A empresa que esperar os números para dar a partida ficará para trás na corrida para o futuro. _Arenas Estruturadas versus Arenas Não Estruturadas Alguns setores são mais estruturados do que outros, no sentido de que as regras de competição são mais diretas, os conceitos de produtos mais bem definidos, as fronteiras do setor mais estáveis, as mudanças de tecnologia mais previsíveis e as necessidades do cliente mais precisamente mensuráveis. A desregulamentação, a globalização, as revoluções fundamentais na ciência e a importância estratégica da tecnologia da informação estão tornando indistintas as fronteiras de uma grande variedade de setores. O resultado é uma estrutura de setor muito mais complexa e quase indeterminada. Em um ambiente de mudanças turbulentas e aparentemente imprevisíveis, ser adaptável não é suficiente. Normalmente, o planejamento estratégico considera, como ponto de partida, a estrutura existente do setor. Se a meta é competir pelo futuro, precisamos de uma visão de estratégia que vá além do problema da maximização dos lucros nos mercados atuais. _Competiçãoem Um Estágio versus Competição em Vários Estágios Seja qual for a corrida, ela ocorre em três estágios distintos e sobrepostos: competição pela previsão do futuro do setor e liderança intelectual, competição pelo encurtamento dos caminhos de migração e competição pela posição e participação no mercado. Aprendendo a Esquecer Uma empresa incapaz de fazer periodicamente a reengenharia de seu código genético fica a mercê das revoluções ambientais assim como os dinossauros que foram extintos por serem incapazes de se adaptar as condições alteradas do ambiente. Código genético, ou seja a genética da corporação, é o conjunto de tendências, premissas e pressuposições sobre a estrutura do setor, que também abrange crenças, valores e normas, ex : sobre a melhor forma de motivar as pessoas,interesses dos acionistas, clientes, funcionários. Essas crenças são pelo menos em parte produto de um determinado ambiente. Quando esse ambiente muda, rápida e radicalmente, essas crenças podem se transformar em uma ameaça a sobrevivência. Estruturas Gerencias Equivale ao código genético, as estruturas gerenciais, limitam a percepção do gerente de uma parte especifica da realidade. Houve um tempo que pensar nos poupadores como investidores era uma idéia bastante nova para os banqueiros, assim como para os fabricantes de computadores, os vídeo games serem um aplicativo líder na computação gráfica. Embora cada individuo de uma empresa possa ver o mundo de uma forma diferente, as estruturas gerenciais existem dentro de uma organização normalmente são mais semelhantes do que diferentes. Quanto mais rígidos os critérios em relação ao tipo de pessoas contratadas, mais semelhante seu histórico acadêmico, mais abrangente o processo de indução do funcionário, mais amplos e inevitáveis os programas de treinamento corporativos, mais formal a orientação dos juniores para os seniores, mais longo o tempo de permanência dos executivos na empresa e no setor, menor o número de contratações no topo da hierarquia e, quanto mais bem sucedida no passado, mais uniformes as estruturas gerenciais em toda a empresa. Quase por definição, em qualquer grande organização, existe uma estrutura gerencial dominante que define os cânones da empresa. As lições profundamente codificadas do passado, transmitida de uma geração de gerentes para outra, criam dois perigos para qualquer organização. Primeiro, os indivíduos podem esquecer, ao longo do tempo, por que acreditam no que acreditam. Segundo, os gerentes podem chegar a creditar que não vale a pena saber o que não sabem. A incapacidade de avaliar a natureza contingencial das crenças corporativas aflige muitas empresas. As boas idéias de ontem transformam-se nas diretrizes políticas de hoje e nas ordens de amanhã. O segundo e talvez maior perigo , é que os indivíduos não sabem o que não sabem e, pior ainda, não sabem que não sabem. Esse é o grande desafio de todas as organizações: Como podemos saber o que não sabemos ? Como podemos identificar e então transcender as fronteiras do nosso próprio conhecimento ? O importante não é de forma alguma, saber o impossível, mas ultrapassar as fronteiras da estrutura gerencial existente. Necessidade de Diversidade Genética O código genético de uma empresa limita sua percepção de novas oportunidades e concorrentes não tradicionais. Freqüentemente, as barreiras perceptivas resultantes da falta de diversidade genética são mais altas e impenetráveis nos gerentes que possuem a maior influencia política. Os executivos são propensos a acreditar que seu status na organização confirma o fato de que eles sabem mais sobre o setor, necessidades do cliente, concorrentes e regras de competição do que seus subordinados. Mas, na verdade, com muita freqüência, o que eles conhecem mais é o passado. Todo gerente precisa enfrentar um fato crucial: O capital intelectual sofre depreciação constante. Ampliação da Estrutura Gerencial A ampliação da estruturas gerenciais depende, mais do que qualquer outra coisa, da curiosidade e da humildade. São esses traços que fazem um gerente tolerar funcionários de primeiro nível e exercitar a paciência necessária para ampliar as linhas divisórias que constituem uma barreira ao aprendizado ascendente. È a humildade que motiva uma equipe de gerencia a sondar a cabeça dos concorrentes, afim de testar os limites de suas próprias estruturas gerenciais. Para Desaprender o Passado Embora muito em voga, a criação de uma organização voltada para o aprendizado, é apenas metade da solução. Igualmente importante é a criação de uma organização voltada para o desaprendizado. Para criar o futuro, uma empresa precisa desaprender pelo menos parte do seu passado. Ron Summer, ex presidente da Sony América e hoje executivo da Sony Europa, argumenta com ênfase: “ O rumo que a empresa esta tomando é mais importante do que o lugar de onde ela esta vindo . A medida em que as fronteiras do setor forem eliminadas, a certidão de nascimento da corporação não valerá grande coisa “. Para chegar ao futuro uma empresa precisa estar disposta a jogar fora, pelo menos em parte seu passado, criar o futuro não exige que uma empresa abandone totalmente seu passado. Na verdade, uma pergunta crítica para todas as empresas é : Que parte de nosso passado podemos usar como pivô para chegar ai futuro e que parte de nosso passado representa um excesso de bagagem ? A Necessidade de Reconstruir Evidentemente, não haverá incentivo para esquecer seletivamente o passado, a não ser que os gerente e funcionários acreditem que a repetição do passado não sustentará o sucesso no futuro. Embora qualquer pessoa sensata concorde com isso em termos conceituais, o desaprendizado não terá inicio a não ser que essas pessoas sensatas compreendam isso em termos viscerais e emocionais. Os gerentes e funcionários têm que ser colocados face a face com a inevitabilidade do declínio da corporação, os sinais fracos que anunciam um desastre iminente precisam ser amplificados, todos precisam compreender em que momento e sob quais circunstancias o atual motor econômico estará perdendo impulso. Ao consideram as tendências do setor e descontinuidades potenciais, sejam tecnológicas, demográficas, de regulamentação ou sociais, é possível avançar a historia da empresas e ter uma previa do que podem fazer o atual motor gerador de lucros parar. Este é um exercício desesperadamente importante para todas as empresas. Se uma equipe de alta gerencia não é capaz de articular as quatro ou cinco tendências fundamentais do setor que mais ameaçam o sucesso continuo de sua empresa é sinal de que o destino da empresa não esta sob controle. Qualquer empresa que queira evitar uma verdadeira crise de lucratividade precisa criar uma “ quase crise” com anos de antecedência. Veja um exemplo o faturamento de uma empresa de serviço mais bem sucedida do mundo cresceu de US$ 1 bilhão para US$ 5 bilhões na década de 80. A alta gerencia estava justificadamente orgulhosa de seu desempenho. Sem nenhuma mudança fundamental de sua direção estratégica, a empresa projetou um aumento de faturamento da ordem de US$ 20 bilhões na virada do século. Contudo, quando observada mais de perto, o sucesso futuro esta longe de ser garantido. Com US$ 1 bilhão de receita, a empresa tinha 10 000 funcionários, com US$ 5 bilhões, tinham 55 000 funcionários. Será que a meta da empresa, perguntamos para a lata gerência, era ser um dos maiores empregadores do mundo ? Pois se a empresa alcançasse a meta de US$ 20 bilhões sem mudar a eficiência do seu motor econômico, esse seria exatamente seu fim 9 dados que a maioria das outras empresas estavam reduzindo o seu quadro de funcionários ). A questão era: A empresa tinha conseguido um “ crescimento sem valor “, já que o valor agregado por funcionários, ajustado a inflação, estava na verdade caindo.Havia ainda um outro sinal de perigo. A meta declarada da empresa era tornar-se a “ principal “ fornecedora de serviços em seu setor. Contudo ao analisar a lista de grandes corporações clientes dessa empresa nos últimos anos, a gerência percebeu que a maioria desses clientes eram empresas retardatárias, e não lideres em seus respectivos setores. “ De que forma a empresa poderia se tornar a principal fornecedora de serviços em seu setor se seus clientes eram tudo menos líderes em seus próprios setores ? “ Essa percepção simples, compartilhada com centenas de gerentes, foram suficientes para convencer os altos executivos da empresa de que era necessário um grande esforço para retificar o motor gerador de lucros da empresa e explorar novos caminhos para o futuro. O desaprendizado começa quando os funcionários enfrentam a falta de ligação potencial entre as receitas do sucesso do passado e os desafios competitivos do futuro. È preciso que a organização sinta-se desconfortável para que ela comece a desaparecer. Qualquer empresa que ande para frente olhando pelo retrovisor, mais cedo ou mais tarde irá de encontro ao muro. A meta de tornar o muro visível aos funcionários não visa criar uma sensação de ansiedade. A ansiedade imobiliza. A meta é criar uma sensação de urgência. A ansiedade é fruto de um sentimento de desesperança, quando todos percebem que o que a empresa está fazendo é muito pouco, muito tardiamente, e que não há como evitar uma batida espetacular. A urgência surge quando todos sabem que existe um muro a frente, mas também que a distancia entre a empresa e o muro é grande o bastante e ainda da tempo de virar a direção e evitar a batida. A responsabilidade de alta gerencia é ter a certeza de que esse muro pareça sempre um pouco mais próximo do que ele realmente está. Portanto, a sensação de possibilidade é tão importante quanto a sensação de presságio par induzir uma empresa a escapar do seu passado. Por mais desanimadora que seja a situação atual de uma empresa, é improvável que ela abandone o passado em favor do futuro, a não ser que crie um panorama sedutor das oportunidades futuras – um horizonte de oportunidades – que represente uma alternativa muito mais estimulante do que simplesmente reviver os sucessos do passado. Para desistir do passaro na mão, uma empresa precisa ver muitos pássaros voando. O futuro precisa se tornar tão vívido e real quanto o presente e o passado. A gerencia precisa ajudar a organização a criar uma arrebatadora visão do futuro, estimulante, tanto em termos intelectuais como emocionais. Competindo pela Previsão do Futuro do Setor A meta da competição pela previsão do futuro setor é, de certa forma, simples : criar a melhor base de premissas sobre o futuro e, assim, desenvolver a presciência necessária para moldar a evolução do setor. A competição pela previsão do futuro setor é essencialmente uma competição pelo posicionamento da empresa como líder intelectual em termos de influencia no direcionamento e forma na transformação do setor. A previsão do futuro do setor informa a direção da corporação. A previsão do futuro do setor permite que uma empresa controle a evolução de seu setor e, desse modo, seu próprio destino. O truque é ver o futuro antes que ele chegue. A Necessidade de Previsão A capacidade de previsão do setor ajuda os gerentes a responder 3 perguntas críticas. Primeira : Que novos tipos de benefícios aos clientes devemos procurar oferecer daqui a cinco, dez ou quinze anos ? Segunda: Que novas competências precisamos desenvolver ou adquirir para oferecer esses benefícios aos clientes ? E Terceira : Como teremos que reconfigurar a interface com o cliente durante os próximos anos ? Basicamente, uma visão do futuro é uma visão dos benefícios, competências e interface com o cliente. A Apple Computer demonstrou com freqüência uma substancial capacidade de previsão. Na década de 70 olhou para frente e enxergou um mundo onde “ todos os homens, mulheres e crianças teriam um computador”. Isso ocorreu em uma época em que os computadores ficavam geralmente em salas especialmente construídas nas entranhas dos escritórios da corporação, e a idéia de uma criança ter um computador era hilariante. O resultado foi o Apple II, o primeiro computador para o mercado de massa realmente bem sucedido, lançado em 1977, quatro anos antes do IBM PC. Freqüentemente, os especialistas criticam a visão de uma empresa quanto o que está realmente em jogo é sua capacidade de execução. A Apple Computer mostrou mais capacidade de previsão do que a maioria das empresas do seu setor, contudo, também cometeu erros crassos em termos de execução. Isso não diminui em nada a qualidade das previsões da Apple, apenas comprova que a previsão não é suficiente. A previsão do futuro do setor não garante o sucesso competitivo. Nem sempre as empresas de maior visão do setor são as mais lucrativas. Se toda a capacidade de previsão do mundo não tivesse acompanhada pela capacidade de execução, não terá muita realidade. Por outro lado, uma incrível capacidade de execução, diante da falta de uma previsão do futuro setor, não basta para garantir o sucesso futuro. Desenvolvimento da Previsão Para chegar ao futuro primeiro, a alta gerencia precisa identificar oportunidades não percebidas por outras equipes ou ser capaz de explorar essas oportunidades, em virtude do desenvolvimento antecipado e consistente de capacidades, que outras empresas não são capazes de explorar. Para criar o futuro a empresa como um todo, e não apenas alguns obscuros e acadêmicos pesquisadores, precisa ter uma previsão do futuro setor. A alta gerencia não pode abdicar de sua responsabilidade de desenvolver, articular e compartilhar uma perspectiva sobre o futuro. Não são necessária apenas equipes de projetos de ponta e intrapreendedores, mas gerentes que possam escapar das ortodoxias do atual “ conceito de ser “ da empresa. Os Alicerces da Previsão A pergunta o neste momento é: De onde vem a previsão do futuro setor? Onde encontrar uma bola de cristal quando elas estão notoriamente em falta no mercado ? Como é possível desenvolver uma previsão do futuro do setor quando um numero cada vez maior de setores parecem estar em perpétua revolução ? Como é possível distinguir previsão de fantasia ? Como é possível validar a previsão do futuro do setor quando o futuro ainda não aconteceu ? O desafio na competição pela previsão do futuro setor é criar uma percepção antecipada. Isso não é tão impossível quanto parece. O que impede muitas empresas de prever o futuro não é a incapacidade de conhecer o futuro embora, evidentemente, em muitos aspectos, isso seja verdade, mas o fato de o futuro ser diferente. Os indícios, os fracos sinais e as linhas de tendência que surgem como o futuro pode ser diferente estão ai e podem ser observados por qualquer pessoa. Poucos dados críticos para o desenvolvimento de uma previsão do futuro setor são propriamente de uma única empresa. Por que, então, tantas empresas não conseguem antecipar o futuro ? O desenvolvimento da previsão do futuro do setor exige mais do que um bom planejamento de cenários ou projeção da tecnologia, embora cenários e projeções freqüentemente sejam elementos úteis. Na competição pela previsão do futuro do setor, a meta não é desenvolver planos de contingência em torno de alguns cenários “ mais prováveis “. Em setores “ não estruturados “, o numero de futuras permutações é tão grande que qualquer processo tradicional de planejamento cenário não comportaria a gama de resultados potenciais. A previsão do futuro do setor precisa ser fundamentada por uma percepção detalhada das tendências nos estilos de vida, tecnologia, demografia e geopolítica, mas se baseia igualmente na imaginação e no prognóstico. Para criar o futuro, uma empresa precisa primeiro desenvolver uma representação visual e verbal poderosa das possibilidades desse futuro. Qual é o segredode uma noção ampliada das possibilidades futuras? A previsão do futuro do setor cresce a partir de uma ingenuidade infantil em relação em relação ao que o futuro poderia e deveria ser, de uma profunda e insaciável curiosidade dos executivos e de um desejo de especular sobre questões nas quais não se é, ainda, especialista. A previsão é produto do ecletismo, do uso liberal da analogia e da metáfora, de uma disposição inerente de ser do contra, de ser mais do que simplesmente guiado pelo cliente e de uma genuína empatia com as necessidades humanas. Escapando à Miopia do Mercado Servido Muitas vezes o que impede a empresa de imaginar o futuro e descobrir um novo espaço competitivo não é o desconhecimento do futuro, mas o fato de que os gerentes tendem olhar o futuro através da perspectiva estreita dos atuais mercados servidos. Para competir com sucesso pelo futuro, uma empresa precisa ser capaz de ampliar seu horizonte de oportunidades. Isso exige que a alta gerencia considere a empresa como um portfólio de competências essenciais, e não como um portfólio de unidade de negócios independentes. Uma empresa que se define em termos de um conjunto específicos de mercados e produtos finais amarra seu destino ao destino desses mercados específicos. Embora a Honda tenha começado no negocio de motocicletas, não amarrou seu futuro a esse negocio específico. Considerando – se um líder mundial em motores e transmissão de energia, a Honda transferiu essa competência para automóveis, cortadores de grama, pequenos tratores de jardim, motores de navio e geradores. Escapando à Miopia da Atual Concepção do Produto Para vislumbrar o futuro, a empresa precisa ser capaz de escapar da visão limitada e ortodoxa “ Em que ramo atuamos ? “ e “ Qual o nosso produto ou serviço ?” Da mesma forma que é preciso mover se para além das unidades de negócios, no sentido das competências essenciais subjacentes da organização, é preciso mover – se para além das definições tradicionais de produto e serviços e concentrar-se nas funcionalidades subjacentes. O Desafio aos Pressupostos Preço – Desempenho Outra forma de escapar da ortodoxia é desafiar os pressupostos do setor sobre a relação preço- desempenho. Uma redução drástica no preço pode criar im mercado de massa onde não havia mercado algum. Em 1979, a Cânon definiu como objetivo produzir uma copiadora de US$ 1 000. Na época,a copiadora mais barata da Xerox custava milhares de dólares a mais. Uma equipe de projeto composta de 200 pessoas uniu-se em tornos do desafio e o resultado foi a linha de “ copiadoras pessoais” da Cânon, altamente bem sucedida. Sejam como as Criancinhas As crianças são ingênuas. Não sabem o que é possível e o que é impossível. Por isso fazem perguntas inocentes e esperam o impossível . Os adultos são espertos e respondem aos seus filhos “ Porque é assim que as coisas são “ . Mas uma pessoa que realmente acredite que “é assim que as coisas são “, uma pessoa preguiçosa para perguntar : “ Por que isso não pode ser diferente ? “ jamais verá o futuro. Depois de observar o pai tirar uma foto, a filha de 3 anos do Dr Edward Land perguntou se poderia ver os resultados naquele instante. Essa pergunta inocente fez com que Land procurasse o caminho da busca pela fotografia instantânea. Anos depois na Polaroid, Land refletiu que “ na verdade não inventamos novos produtos ..., os melhores produtos já estão aí, só que invisíveis, esperando para serem descobertos”. O Desenvolvimento de uma Profunda e Infinita Curiosidade O que dificulta a previsão do futuro não é o fato de o futuro ser inerentemente insondável, mas sim o fato de que as forças que conspiram para produzir o futuro muitas vezes estão fora da esfera de ação da alta gerencia. Para criar o futuro em seu setor, os executivos da área de telecomunicações tem que aprender um pouco sobre funcionamento de Hollywood, no setor de cosméticos precisam conhecer melhor farmacologia, no mercado editorial , os executivos precisam aprender como os indivíduos estão usando serviços de informações via computador. Humildade Suficiente para Especular A alta gerencia precisa estar disposta a ir além das questões sobre as quais ela poderia pretender ser especialistas. Precisa admitir que o que mais conhece é seu passado. Precisa estar disposta a participar de debates sobre o futuro de igual para igual, precisa estar disposta a ouvir as vozes menos convencionais, menos “ experientes” e que levam questões para as quais não existem respostas prontas. Os executivos voltados para resultados precisam estar dispostos a voltar várias vezes a questões complexas e aparentemente intermináveis, precisam ser pacientes e não tomar decisões imediatas. Precisam reconhecer que, pelo menos inicialmente, desenvolver uma previsão sobre o setor envolve tanto descobrir quanto decidir. Valorização do Ecletismo O futuro pode ser encontrado na interseção das mudanças tecnológicas, estilos de vida, regulamentação, demografia e geopolítica. Ver o futuro primeiro exige não só lentes grandes- angulares, exige uma multiplicidade de lentes. Portanto qualquer grupo encarregado de descobrir o futuro precisa englobar um mix eclético de perspectivas individuais. Nenhum grupo funcional, nenhuma entidade geográfica especifica e nenhuma unidade de negócios pode encontrar sozinha o futuro. Ser do Contra As empresas que criam o futuro são rebeldes. São subversivas. Desrespeitam as normas, estão repletas de pessoas que assumem o outro lado do argumento apenas para iniciar um debate. A capacidade de previsão em geral vem não de uma pessoa ser capaz de realizar previsões melhores, mas sim de ser menos tacanho. No setor das empresas aéreas, o raciocínio convencional sustentava que a estrutura de rotas de sistema radical, no setor bancário, a convenção era que os clientes eram poupadores e não investidores. Depois que se descobrem essas convenções, pode se perguntar se vale a pena ignora-las. Aqueles que são do contra descobrem essas convenções e usam como armas contra os que são dominados pela ortodoxia. Para descobrir o futuro, não é necessário ser um profeta, mas é absolutamente vital não ser ortodoxo. Mais do que “ Voltado para o Cliente” Está muito em moda ser voltado para o cliente, os principais executivos dizem as suas equipes que “ tudo começa pelo cliente”. As empresas argumentam que estão fazendo a reengenharia de seus processos dos clientes para trás. As recompensas e incentivos são associados às medidas de satisfação do cliente. Por outro lado, se o objetivo é chegar ao futuro primeiro, em vez de simplesmente preservar a fatia de mercado nos negócios existentes, uma empresa precisa ser muito mais do que voltada para o cliente. Nas palavras de Akio Morita, o visionário líder da Sony: “Nosso plano é influenciar o publico com novos produtos, em vez de perguntarem que produtos eles querem. O publico não sabe o que é possível mas nós sim. Por isso, em vez de realizar muita pesquisa de mercado, aperfeiçoamos nosso raciocínio sobre um produto e seu uso e tentamos criar um mercado para o produto, educando o publico e comunicando- nos com ele. “ Existem três tipos de empresas: As empresas que tentam levar os clientes para onde eles querem ir ( são empresas que consideram a idéia de ser voltada para o cliente ), as empresas que escutam os seus clientes e respondem as suas necessidades articuladas ( necessidade que provavelmente já estão sendo satisfeitas por concorrentes com maior capacidade de prever o futuro ) , e empresas que levam os clientes para onde eles querem ir, mas ainda nem sabem disso. As empresas que criam o futuro fazem mais do que satisfazer os clientes, elas os surpreendem constantemente. Empatia com as Necessidades Humanas A capacidade de previsão do setor surge quando os executivos de uma empresa conseguem sentir empatia com as necessidades humanas básicas. Para garantir que sua equipe de desenvolvimentode produtos tenha a maior empatia possível com os clientes em potencial, a Honda procura usar seus grupos de projetos pessoas com mesma idade dos compradores almejados por um determinado modelo. Os projetistas de carros mais jovens da Honda trabalham nos carros destinados a compradores mais jovens. A medida que vão ficando mais velhos, passam a projetar carros destinados a pessoas mais velha. A Honda deu duro para garantir que pessoas encarregadas pelo desenvolvimento de produtos tivessem empatia pelos clientes que buscam servir. Embora potencialmente úteis, a previsão tecnológica, a pesquisa de mercado, o planejamento de cenários e a analise da concorrência não geram necessariamente previsões sobre o setor. Nenhuma dessas ferramentas impulsiona a alta gerencia a repensar a corporação e os setores onde competem. Só mudando as lentes através das quais os mercados são vistos ( funcionalidade x produtos), só ampliando o angulo dessas lentes ( tornando – se mais inquisitivos), só limpando a sujeira acumulada nelas ( vendo com o s olhos de uma criança ), só perscrutando através de varias lentes ( ecletismo) e só desacreditando ocasionalmente do que realmente se vê ( desafiando as convenções preço- desempenho, sendo do contra) é que se pode prever o futuro. A criação da arquitetura estratégica O futuro não precisa apenas ser imaginado, precisa se construído; daí o termo “arquitetura estratégica”. Um arquiteto precisa ser capaz de sonhar com coisas que ainda não foram criadas. Mas o arquiteto também precisa ser capaz de gerar uma planta que mostre como transformar o sonho em realidade. O arquiteto é um sonhador e um planejador. O arquiteto casa arte com engenharia estrutural. Toda empresa tem uma arquitetura de informação. Para projetar a arquitetura de informações, a empresa precisa decidir quem deve se comunicar com quem, sobre o que, com que freqüência e de que formas. Toda empresa tem uma arquitetura social (geralmente, padrões de comportamento aceitos e a hierarquia de valores implícita). Para criar uma arquitetura social, a alta gerência precisa especificar que comportamentos devem ser estimulados e que tipo de pessoas deve se sentir à vontade trabalhando na empresa. Para construir uma arquitetura financeira, a alta gerência precisa ter um ponto de vista sobre o equilíbrio ideal entre dívidas e lucros, sobre como financiar aquisições e vendas, sobre os critérios para alocações de capital e assim por diante. Acreditamos também que toda empresa precise de uma arquitetura estratégica; assim para construir uma arquitetura estratégica a alta gerência precisa saber que novos benefícios, ou funcionalidades, serão oferecidos aos clientes na próxima década, quais serão as competências essenciais necessárias para criar esses benefícios e como a interface com o cliente terá que mudar a fim de permitir o acesso dos cliente aos benefícios de forma mais eficaz. A arquitetura estratégica é basicamente um planta de alto nível do emprego das novas funcionalidades, a aquisição de novas competências ou migração das competências existentes e a reconfiguração da interface com os clientes. A arquitetura estratégica não é um plano detalhado. Identifica principais capacidades a serem construídas, mas não especifica exatamente como elas devem ser construídas. Mostra a posição relativa das estruturas que apoiarão as maiores cargas, mas não a localização de cada tomada ou maçanetas e portas. É impossível criar um plano detalhado para um busca competitiva de dez ou quinze anos. O planejamento pressupõe um grau de exatidão ( que preços, que canais, onde buscar, que estratégia de merchandising que características de produtos ) impossível de se alcançar em um horizonte superior a dois ou três anos. Insistir nessa exatidão antes de embarcar em uma nova direção estratégica é uma receita para a inércia e o incrementalismo. Com sorte, pode-se criar uma agenda ampla para o emprego da funcionalidade e aquisição de competência. Deparamos-nos freqüentemente com empresas que definiram ambiciosos objetivos de longo prazo, talvez dobrar o faturamento e os lucros em cinco anos ou aumentar drasticamente a proporção de faturamento proveniente de novos negócios, sem contudo dedicar esforço intelectual suficiente para pensar no programa de desenvolvimento de capacidade no médio prazo necessário para sustentar esse objetivo. Em muitas empresas, existe um objetivo de longo prazo grandioso e altamente vago; por outro lado orçamentos e planos anuais de curto prazo detalhados sem nada que ligue os dois. Em muitas empresas, parece haver um pressuposto implícito de que o curto prazo e o longo prazo são excludentes, e não complementares. Mas o longo prazo não começa no ano cinco do plano estratégico atual, começa agora. Qualquer empresa que diga: “ Vamos esperar até esse mercado se significativo” está condenada a ser mera seguidora. Uma arquitetura estratégica define o que precisamos fazer certo agora, para interceptar o futuro. Uma arquitetura estratégica é o vínculo essencial entre o hoje e o amanhã, entre o curto prazo e o longo prazo. Mostra À organização que competências ela precisa começar a desenvolver agora, que novos grupos de clientes precisa começar a entender agora, que novos canais deveria estar explorando agora para interceptar o futuro. A arquitetura estratégica é um plano amplo para abordar a oportunidade. A pergunta feita pela arquitetura estratégica não é o que precisamos fazer para maximizar nosso faturamento ou fatia de mercado de um produto existente, mas sim o que precisamos fazer hoje, em termos de aquisição de competências, para nos prepararmos para capturar um fatia significativa do faturamento futuro em uma arena de oportunidades emergente. A arquitetura estratégica tem pouco valor se não for amplamente debatida e compreendida por todos os funcionários. Por isso, mantê-la em segredo não é prático. O que aparece no relatório anual é uma pequena fração do raciocínio subjacente que fez parte do desenvolvimento da arquitetura. Uma arquitetura estratégica não é eterna. Mais cedo ou mais tarde, o amanhã torna- se o hoje e o que ontem era uma previsão, transforma-se hoje em sabedoria convencional. Em um pequeno curso para executivos na London Business School, um grupo de gerentes da EDS, nenhum dos quais ocupava altos cargos na empresa, autodesignou-se equipe de mudança da corporação, e começou a se reunir regularmente. A equipe entendeu que o que precisava não era do produto de algumas cabeças pensantes em uma pequena sala, mas sim de questionar, de cima para baixo, os pressupostos mais profundos da empresa sobre quem somos e o que fazemos. Percebeu também que a tarefa de desenvolver uma visão ampla, profunda e presciente do futuro da EDS exigiria muito mais recursos, tanto temporais quanto intelectuais, do que um pequeno grupo poderia concentrar. Assim, começou a criar a mesma noção de urgência que sentiu entre um grupo maior de colegas. O objetivo era demonstrar que chegar ao futuro primeiro envolve mais capacidade de previsão e coerência do que dinheiro e propensão e correr riscos. Globalizar implica a capacidade de usar a tecnologia da informação para ampliar as fronteiras geográfica, cultural e organizacional. Informartizar implica ajudar os clientes a transformar dados em informações, informações em conhecimento e conhecimento em ação efetiva. O teste definitivo do fato de uma empresa ter ou não uma arquitetura estratégica não são relatórios volumosos, repletos de gráficos e matrizes. O teste definitivo é perguntar a uma amostra aleatória de 25 gerentes de nível sênior: “ Como o futuro do seu setor será diferente? E comparar as respostas. Tente fazer isso na sua empresa. Peça a alguns gerentes de nível sênior para resumir em uma folha de papel as mudanças mais importantes. Dê-lhes uma semana ou um mês para formular as respostas. Não lhes diga o que quer dizer com setor nem quão longe esta esse futuro.Primeiro como eles interpretaram a palavra futuro? O ano que vem, o ano cinco do plano ou daqui a um década? E m outras palavras, qual a extensão da luz dos faros de sua equipe gerencial? Qual sua capacidade de previsão real? Segundo, quão abrangente é sua visão do futuro? Qual a amplitude de seu conceito do setor e das forças que podem remoldá-lo? A equipe está presa na miopia dos mercados servidos atualmente, ou tem uma visão ampla do futuro? Terceito, quão singular e competitiva é sua visão do futuro? Surpreenderia a concorrência ou provocaria bocejos? Quarto, que nível de consenso existe sobre as possíveis mudanças no futuro? Sem um nível razoável de consenso, é fácil gastar dinheiro com tudo mas na verdade não se comprometer com nada. E quinto, as implicações das possíveis mudanças no setor formam consideradas em detalhes suficientes de modo a deixar nítidas as implicações de curto prazo para ação? Existe um consenso quanto ao que precisa ser feito este ano para se preparar para o futuro? Existem estratégias de aquisição de competência e abordagem às oportunidades? Capacidade de previsão, fôlego, singularidade, consenso e capacidade de ação esses são os critérios pelos quais julgamos se uma empresa realmente possui uma arquitetura estratégica se realmente controla seu destino. U m ponto importante sobre a competição pelo futuro: quanto mais amplo o horizonte, mais cuidado se deve ter na hora de se comprometer com investimentos de porte e irreversíveis. Por mais previsível que possa ser ampla direção da evolução futura de um setor, as rotas precisas ao longo das quais ela irá evoluir em termos de tecnologia, padrões, produtos específicos e serviços não podem ser totalmente previstas. Chegar ao futuro é um processo de aproximação sucessiva. Da mesma forma que especificar insuficientemente o futuro envolve grande risco, uma empresa satisfeita com um ponto de vista vago e pouco desenvolvido sobre o tamanho e a forma das arenas de oportunidade emergentes ver-se-á ameaçada por concorrentes com visões mais nítidas pois há também um grande risco de ser específico demais em relação ao futuro uma empresa que não reconheça os limites do que realmente se pode conhecer sobre o futuro provavelmente tomara a direção errada. A meta de competir pelo futuro é certificar-se de que cada pé não suba mais de um ou dois degraus acima do outro. À medida que se ganham novos insights sobre a melhor rota para as oportunidades, os comprometimentos com investimentos são escalados. Muitas empresas, impulsionadas por uma explosão inicial de entusiasmo, deram um salto gigantesco no desconhecido e encontra-se à beira do precipício. Não é surpresa que, depois de uma queda fia, os gerentes não fiquem entusiasmados com as oportunidades futuras. O excesso de comprometimento muitas vezes, de forma um tanto perversa, gera o baixo comprometimento. O risco é inimigo da constância. Por exemplo, abandonar prematuramente uma possível rota para o futuro pode ser tão fatal quanto comprometer-se prematuramente com uma rota específica. Afirmamos anteriormente que era importante chegar ao futuro primeiro. Acreditamos que cada empresa precisa seguir em direção ao futuro com toda presteza cabível. Mas a forma de medir a velocidade da jornada para o futuro não a partir da rapidez com que uma empresa compromete recursos financeiros, e sim com que rapidez está ganhando insight adicional sobre a rota precisa que a levará ao futuro primeiro, quais são as tecnologias mais viáveis, quais são os conceitos de produto ou serviço mais adequados Às necessidade do cliente, quais são os canais a serem usados, o que os cliente querem exatamente em termos de características dos produtos e onde está o verdadeiro filão de demanda. Uma abordagem disciplinada à previsão do setor pode levar uma empresa até lá: pode definir a direção exata e apontar os marcos importantes. Mas para encontrar o caminho exato para o futuro, uma empresa precisa aprender À medida que avança através de pequenas incursões no mercado, através de aquisições cuidadosamente enfocadas, através de alianças e assim por diante. A pergunta que toda equipe gerencial deverias fazer a si mesma é : “ Como aprender sobre o futuro mais rápido do que a concorrência e , ao mesmo tempo, fazer menos e menores comprometimentos irreversíves?” Não estamos dizendo que devemos proteger nossas apostas na certeza de que as oportunidades futuras efetivamente surgirão. Embora o quando e como possam ser substancialmente indetermináveis, o que deve ser nitidamente especificado. Não há dúvida de que a maioria de nós um dia usará dispositivos de comunicação pessoal sem fio. Mais uma vez, uma empresa não deve se comprometer prematuramente com uma determinada rota para o futuro. Depois de exaurir o que pode ser analiticamente deduzido sobre o futuro, a empresa precisa aprender com a experiência: criar alianças com os clientes de vanguarda, realizar protótipos para testes de mercado, decidir-se pelo desenvolvimento conjunto com possíveis concorrentes, estudar as tecnologias dos concorrentes e assim por diante. Uma arquitetura estratégica precisa ser vista como um trabalho em andamento. À medida que se avança, se adquire insight sobre as tecnologias mais atraentes, as melhores formas de distribuição, a natureza exata das necessidades do cliente e as prioridades de investimento tornam-se mais claras e menos equivocadas. O ampliar a capacidade de previsão do futuro e criar a arquitetura estratégica, a alta gerência compete pela previsão. Mas, chegar ao futuro primeiro exige mais do que uma arquitetura estratégica cuidadosamente concebida. A arquitetura estratégica é o mapa, mas qual o combustível? O combustível para a viagem não é ó o dinheiro. Muitas empresas com abundância de recursos sucumbiram a rivais mais pobres. No fim, é a energia emocional e intelectual dos funcionários que proporciona o combustível para a viagem. Faz-se necessário uma capacidade de mobilizar cada grama de energia emociona e criativa da empresa. Estratégia como capacidade de expansão Não é dinheiro o combustível da viagem para o futuro, e sim a energia emocional e intelectual de cada funcionário. Os líderes tendem a descartar os concorrentes com recursos inadequados. Quando os desafiantes conseguem aparecer na tela dos líderes, os sinais que produzem são tão pequenos que são facilmente ignorados. Entretanto, se existe uma conclusão a ser tirada das mudanças sem fim nos destinos da competição, é a seguinte: As posições iniciais em termos de recursos são uma forma muito fraca de prever da liderança do setor. Uma empresa pode estar sentada no alto das montanhas de dinheiro e comandar uma legião de pessoas talentosa e, ainda assim, perder sua posição de primazia. Da mesma forma, uma empresa às vezes pode superar uma enorme falta e galgar, com sucesso, os degraus da liderança no setor. O que queremos demonstrar aqui é que, muito freqüentemente, os concorrentes são julgados em termos de recursos de que dispõem e não da capacidade q tem de dinamizar esses mesmos recursos. Chegar ao futuro é mais uma função da capacidade de dinamizar os recursos do que os recursos em si. A capacidade de dinamizar os recursos deriva-se não de uma arquitetura estratégica elegante, mas de uma noção profunda de propósito, um sonho amplamente compartilhado, uma visão realmente sedutora da oportunidade que o amanhã oferece. A intenção é o ponto crucial da arquitetura estratégica. Uma arquitetura estratégica pode apontar o caminho para o futuro, mas só a intenção estratégica ambiciosa e estimulante oferece a energia emocional e intelectual para a jornada. A arquitetura estratégica é o cérebro; a intenção estratégica implica uma distensão significativa para a organização. A capacidade e os recursos atuais certamente são insuficientes para a tarefa. Por mais que a visão tradicional de estratégia concentre-se no “ajuste” entre os recursos existentes e as oportunidadesemergentes, a intenção estratégica cria, por definição, um “desajuste” substancial entre os recursos e as aspirações. Como essência destilada da arquitetura estratégica de uma empresa, a intenção estratégica também implica um ponto de vista especifico sobre o mercado ou a posição competitiva a longo prazo que uma empresa pode desenvolver nos próximos dez anos mais ou menos, transmite uma noção de direção. A intenção estratégica é diferenciada; implica um ponto de vista competitivamente único sobre o futuro. Transmite aos funcionários a promessa de explorar novos territórios competitivos. Transmite uma noção de descoberta. A intenção estratégica tem uma fronteira emocional; é um objetivo que os funcionários percebem como sendo inerentemente válido. Portanto, implica uma noção de destino. Direção, descoberta, destino. São esses os atributos da intenção estratégica. A maioria tem gerencia demais e liderança de menos. É justo na maioria das matrizes corporativas faz-se um esforço muito maior para exercitar controle do que para indicar a direção. O que os gerentes de unidade e seus relatórios estão reclamando é da lentidão da burocracia da corporação e a frustração de tentar fazer opções na ausência de uma noção de propósito abrangente. A falta de praticamente garante que as unidades trabalharão para objetivos distintos, que as prioridades serão definidas caprichosamente e que a coerência, muito freqüentemente, será sacrificada no altar da convivência. Não é à toa que os gerentes de unidade ficam frustrados. Supostamente, a burocracia e seu controle de gastos de capital, recompensas financeiras, planejamento, diretrizes processuais e desenho organizacional deveria impedir que as pessoas virassem á direita e á esquerda. Deveria ser um sistema de verificação e equilíbrio que impedisse os indivíduos de buscar objetivos idiossincráticos e concorrentes. Mas sem um ponto de direção da empresa, provavelmente a burocracia fará pouco mais de reforçar as ortodoxias empresariais. A liberdade individual e da unidade são circunscritas por medidas de viabilidade financeiras, que não guardam qualquer relação com os fins, e ela força das tradições operacionais, que são cegas à possibilidade de mudanças profundas no setor. Na verdade, a burocracia funciona não tanto no sentido de impedir que as pessoas virem à direita e à esquerda, mas de modo a garantir que qualquer pessoa que tente faze-lo tenha que caminhar sobre melado para ir a qualquer lugar. A burocracia bloqueia q iniciativa e a criatividade. A burocracia restringe a faixa de táticas disponíveis, mas geralmente deixa em aberto a questão de objetivos finais. Em muitas empresas, os meios, e não os fins, é que são limitados. Sem nenhum ponto de vista especifico sobre a direção da empresa a longo prazo, a definição dos negócios “específicos” muda a cada ano mais ou menos, efetuam se aquisições e vendas sem nenhuma lógica, exceto a convivência financeira, e os esforços de desenvolvimento de produtos e mercados freqüentemente são enfraquecidos pela falta de constância. Ao mesmo tempo, as ortodoxias quanto aos canais a serem usados, a definição do conceito do produto e de onde, na cadeia de valores, deve-se levar os lucros, restringem a liberdade tática. Muitas vezes a combinação de ambigüidade direcional com ortodoxia tática é uma ameaça substancial à prosperidade futura; “Não sabemos para onde estamos indo, mas não vamos nos afastar dos caminhos conhecidos”. A alta gerencia não esta sendo surda aos apelos de liberdade dos gerentes de nível médio e dos funcionários de primeira linha. A descentralização esta em moda. “Delegar, delegar” é o cântico que surge como um mantra na sala da diretoria das empresas. A eliminação da burocracia, a delegação e o empowerment estão servindo de suporte à moda gerencial. É certo que atraiam admiradores. Delegação e empowerment não são apenas palavras da moda, são antídotos desesperadamente necessários ao elitismo que rouba de tantas empresas tanto poder intelectual. Embora o principio de ceder responsabilidade pelas decisões estratégicas aos que estão mais próximos ao cliente e concorrentes seja um bom remédio, da mesma forma que acontece com qualquer outra mágica droga gerencial, uma overdose pode ser tóxica. Desmantelar a burocracia sem colocar em seu lugar uma noção nítida e estimulante de direção é a receita para o caos. A liberdade individual e a delegação freqüentemente geram sucessos inesperados, mas precisa-se algo mais se o objetivo for posicionar para a liderança em oportunidades sistêmicas complexas como os sistemas domésticos interativos. Equipes empreendedoras isoladas e não direcionadas provavelmente não farão muito progresso. A intenção estratégica é mais especifica quanto aos fins do que quanto aos meios. A intenção estratégica garante a coerência na direção. Já que não se pode prever todos os valores e obstáculos, a intenção estratégica precisa ser suficientemente ampla para deixar espaço considerável para a experimentação em como alcançar o destino. A intenção estratégica restringe amplamente o “onde”, mas não o “como”. A intenção estratégica deve ser o objetivo que comanda o respeito e o compromisso de cada funcionário. O destino não precisa ser só diferente, precisa também valer a pena. Talvez uma das intenções estratégicas mais ambiciosas e emocionalmente cativantes já articuladas tenha sido o comando dado por Cristo ao seu grupo de seguidores: “Ide e espalhei a palavra de Deus”.³ Embora provavelmente poucas vezes sejam as intenções empresariais capazes de invocar ideais tão solenes, acreditamos que qualquer intenção estratégica precisa ter pathos e paixão. Um número excessivo de declarações de missão não consegue transmitir a noção de missão. Por isso preferimos objetivos que se concentrem em proporcionar uma diferença real na vida dos clientes. A intenção estratégica refere-se tanto à criação de significado para funcionários quanto à definição da direção. Perguntamos freqüentemente aos gerentes: Se avançarmos dez ou quinze anos no tempo, que feito coletivo você gostaria de apontar como prova de que os últimos quinze anos de trabalho da sua vida foram os mais interessantes, recompensadores e objetivos de sua carreira? Em outras palavras, que legado você esta deixando? Acreditamos que todos os funcionários têm o direito de achar que estão contribuindo para a construção de um legado – algo de valor que é maior e mais dourado do que qualquer coisa que pode realizar sozinha. Muitas empresas estão começando a perceber que todos os seus funcionários têm cérebro. Quantas empresas, perguntamos, percebem que seus funcionários também têm coração? Quando perguntaram a sua profissão. A maioria dos gerentes de recursos humana é capaz de dizer se os funcionários estão satisfeitos. Em muitas empresas, usa-se alguma forma de índice de felicidade para medir a satisfação do funcionário com o salário e as condições. Mas a intenção estratégica tem por objetive gerar entusiasmo no funcionário, não apenas satisfação. A responsabilidade de um funcionário em trabalhar diligentemente para o sucesso da empresa, a base de um contrato de trabalho, tem uma contrapartida. É a responsabilidade do gerente sênior de incutir naquele trabalho um objetivo superior a um contracheque. O apelo à emoção e ao intelecto precisa se basear em outras coisas alem da perspectiva de ganho financeiro pessoal. É impossível criar um sistema de recompensa financeira tão bem ajustado que a simples busca do ganho pessoal não enfraqueça o sucesso da empresa alongo prazo. Na ausência de uma intenção estratégica ampla, o estabelecimento da responsabilidade pelo centro de lucros para cada unidade e de recompensas relacionadas ao desempenho de cada funcionário pode ter efeitos colaterais tóxicos e significativos: a competição entre as unidades que não reconhecem as recompensas da cooperação; debates infrutíferos sobre a distribuição do faturamento, preço de transferênciae alocação de despesas administrativas; e uma preferência exagerada pelo rápido e conveniente. Uma intenção emocionalmente arrebatadora e amplamente compartilhada é o contrapeso dessas tendências. Direção, descoberta e destino são os testes de qualquer intenção estratégica. Transformar a intenção estratégica em realidade exige que todos os funcionários saibam exatamente de que forma sua contribuição é essencial para a concretização da intenção estratégica. Não só na organização precisam achar o objetivo emocionalmente propulsor como também todos os funcionários precisam entender a ligação entre seu próprio trabalho e a concretização da meta. A intenção estratégica precisa ser personalizada para cada funcionário. A primeira tarefa na personalização da intenção estratégica é definir desafios empresariais que concentrem a atenção de todos na próxima vantagem ou recurso-chave a ser desenvolvido. A natureza exata desses desafios será determinada pela arquitetura estratégica da empresa. O trabalho da alta gerencia é concentrar a atenção da organização no próximo desafio e no próximo depois desse. O primeiro poderia ser a qualidade; o próximo, o tempo de ciclo; o próximo, entrada nos mercados asiáticos; o próximo, domínio de uma determinada tecnologia e assim por diante. Ao definir a agenda para o desenvolvimento de recursos, a alta gerencia proporciona aos funcionários uma vantagem a ser construída. Os desafios operacionais para se organizar a aquisição de novas vantagens competitivas. Identificam o ponto de enfoque do desenvolvimento de recursos a curto e médio prazo. Acreditamos que a tarefa de focalizar a energia emocional e intelectual é tão importante para a alta gerencia quanto a alocação do capital financeiro. A não ser que cada funcionário tenha uma profunda noção de responsabilidade pelo sucesso da empresa e tenha um canal nítido para sua contribuição, a liderança global continuará sendo uma ilusão. Em nenhuma das empresas que conhecemos o capital foi obstáculo entre a empresa e suas aspirações. Cabe aos funcionários descobrir os “como” específicos que permitiram à empresa alcançar seus objetivos de melhoria. Alem disso, da mesma forma que a intenção estratégica, os desafios estão mais preocupados com o que é desejável do que com o que é evidentemente atingível. Este claro que o desafio não pode concretizado fazendo-se mais, melhor e mais rápido. Só pode ser concretizado fazendo-se de maneira diferente – fundamentalmente repensando processos, papeis e responsabilidades. Todo funcionário deve ter uma ficha pessoal de pontuação diretamente relacionada ao seu trabalho no sentido do desafio que esta sendo buscado em um determinado prazo. Esse pode ser um benchmark da qualidade, um indicador do cumprimento dos prazos ou um referencial numérico de produtividade. Não há duvida de que é verdade que só podemos melhorar o que podemos medir, mas quantos funcionários têm uma medida especifica de seu próprio desempenho que associe as feitos individuais à intenção estratégica geral da empresa? Em nossa experiência, muito poucos. Os benchmarks com concorrentes e clientes talvez sejam os motivadores menos usados da caixa de ferramentas administrativas da gerencia. Nunca encontramos um funcionário de qualquer nível, que não quisesse vencer. Mas é responsabilidade da alta gerencia estabelecer essa noção de propósito, identificar os principais desafios na geração de recursos e depois ajudar a entenderem exatamente qual é o seu papel na busca da vitória. Na ausência de desafios nitidamente definidos, os funcionários ficam mais ou menos imponentes para contribuir para a competitividade. Como indivíduos, eles podem trabalhar com afinco, mas não se constroem vantagens sem um esforço disseminado e sustentado. Da mesma forma, sem benchmarks externos é muito fácil para os funcionários acreditarem que é a alta gerenciam e não a realidade competitiva, que está aplicando a pressão pela melhoria. Definir os desafios empresariais exige muita honestidade e humildade da alta gerencia: honestidade em retratar a magnitude da tarefa que tem diante de si; humildade para admitir que precisa assumir sua parte de responsabilidade no desempenho insatisfatório. Os desafios empresariais geram mais frustração do que o raciocínio renovado se os funcionários não tiverem o direito de desafiar as ortodoxias corporativas na busca de um melhor desempenho. Achamos paradoxal o fato de que o empowerment que mais conta – a liberdade de desafiar os procedimentos operacionais padrão, o desenho do fluxo do trabalho e os procedimentos burocráticos – ser a liberdade que, muitas vezes, é negada aos funcionários da linha. Uma coisa é deixar um funcionário da linha de produção paralisar a linha quando encontra um defeito e outra bastante diferente, é permitir que um operário de fábrica possa dar opiniões significativas no planejamento da tarefa e na disposição interna da fabrica. Diz-se às vezes que a busca da qualidade total é a chave para a inovação gerencial. Um dos benefícios salutares dos desafios empresariais é que eles concentram a empresa, de alto a baixo, na mesma tarefa de desenvolvimento de recursos. Nenhum nível organizacional trabalhando isoladamente pode construir uma nova vantagem ou superar um déficit competitivo. Os chefes de divisão não podem mais desenvolver vantagem competitiva isoladamente, assim como os funcionários de primeira linha também não podem. Cada nível e função, precisa entender a totalidade do desafio, a interdependência dos papeis diferentes e a dimensão de sua própria responsabilidade. Os funcionários provavelmente não ficarão à altura de um desafio específico se não acreditam que se beneficiarão proporcionalmente do sucesso da empresa. Para que os desafios criem raízes, é preciso haver uma atmosfera tipo “vamos compartilhar a dor, vamos compartilhar os ganhos”. Essa atmosfera não é criada facilmente quando a alta gerencia remunera-se com níveis salariais de 75 a 100 vezes superior à remuneração dos funcionários de primeira linha. Podem dizer aos funcionários que “vocês são o maior patrimônio da empresa” ou “vocês são responsáveis pela nossa competitividade”, mas esses níveis de remuneração transmitem uma mensagem mais forte e contraditória. Podemos imaginar um funcionário de nível baixo pensando: “Se esses caras lá de cima são tão bem pagos, eles que tratem de oferecer todas as respostas”. Acreditamos que os funcionários de muitas empresas foram solicitados a assumir uma parte desproporcional da culpa pelo fracasso competitivo. Prestamos consultoria a uma empresa na qual a alta gerencia estava implorando a seus funcionários que atenuassem suas demandas salariais para ajudar a fechar a defasagem de salários- custos com um com um concorrente estrangeiro. Finalmente, todos os funcionários devem ter as ferramentas necessárias para contribuir para os esforços no sentido de construir a vantagem. A caixa de ferramentas pode incluir análise estatística, técnicas gerais de resolução de problemas, métodos de benchmarking, modelagem de sistemas e técnicas de trabalho em equipe. Os desafios empresariais são, portanto, o elo de ligação entre a atual posição da empresa e sua intenção estratégica. Cada desafio impele os funcionários a fazerem muito mais do que eles achavam possível. Mas é a capacidade de concentrar a atenção da empresa como um todo nos desafios-chave que determina a taxa de construção do futuro. Para chegar ao futuro primeiro, não basta ter apenas uma intenção estratégica; é preciso também desenvolver novos recursos mais rápido do que os rivais. Trata-se da vantagem competitiva decisiva. Qualquer que seja o elo de ligação especifico, o processo de gerenciamento dos desafios empresariais tem os mesmos elementos: definir o desafio no contexto da intenção estratégica. Descrever como honestidade e humildade a natureza e magnitude do desafio; definir precisamente a melhoria especifica a ser buscada em um determinadoespaço de tempo; definir as medidas que vinculem a contribuição de cada funcionário ao desafio geral; e garantir aos funcionários a liberdade de contribuir de uma forma que esteja além das fronteiras dos papéis que desempenham ou do nível organizacional. A arquitetura estratégica de uma empresa e sua intenção estratégica geral, precisam estar alicerçadas sobre uma profunda compreensão das possíveis descontinuidades, intenções da concorrência e necessidades dos clientes, em constante mudança. Entretanto, a intenção estratégica de uma empresa deve representar uma ambição que vá além dos atuais recursos e capacidades da firma. Infelizmente, os critérios de planejamento e definição de orçamentos freqüentemente conspiram contra o comprometimento da empresa com um objetivo que esteja alem da gama de recursos disponíveis no momento. O que é imediatamente viável afasta o que é desejável em ultima instancia. O planejamento estratégico é, na pratica, um “crivo da viabilidade”. É uma ferramenta para garantir que as questões de viabilidade sejam totalmente abordadas. Temos esses recursos? O mercado está pronto? O valor presente liquido é positivo? Esses são as preocupações do planejamento estratégico. O planejamento estratégico e a definição orçamentária são, em essência, usados para rejeitar metas quando os meios para se atingir essas metas não estão prontamente disponíveis. Exigem que os gerentes “sejam realistas”, o que não é de todo mal! São questões legitimas – não há desculpas para estratégias mal elaboradas, descuidadas – mas o que acontece se uma empresa tentar empurrar uma ambiciosa intenção estratégica de dez anos crivo abaixo? Simplesmente não passa. Embora o planejamento estratégico seja considerado uma forma de ser mais voltado para o futuro, a maioria dos gerentes admite que seus planos estratégicos revelam mais sobre os problemas atuais do que sobre as oportunidades do amanhã. Os planos raramente fazem mais do que projetar o presente para frente, incrementalmente. O objetivo do planejamento estratégico, a tarefa implica ao desenvolvimento de uma arquitetura estratégica, é trazer o futuro de volta para o presente. “O que precisamos fazer diferente hoje se quisermos criar este futuro específico – se quisermos chegar a esse destino especifico no futuro?” Embora a arquitetura estratégica possa chegar às raias da incredulidade, não é uma busca quixotesca. A intenção estratégica é um objetivo tangível; é um destino que pode ser descrito. Acreditamos que é essencial que a alta gerencia defina uma aspiração que crie um hiato entre a ambição e os recursos. Uma ênfase explicita na noção de “adequação” está embutida nas ferramentas estratégicas freqüentemente desvia os gerentes da tarefa, de enorme importância, de criar um desajuste entre recursos e ambições. Obviamente, em qualquer momento do tempo deve haver um ajuste folgado entre os objetivos de curto prazo e os recursos disponíveis. A estratégia como capacidade de expansão é a estratégia por projeto no sentido de que a alta gerência possui realmente uma visão relativamente clara e ampla agenda dos desafios de desenvolvimento de recursos existentes entre o hoje e o amanha. A estratégia como capacidade de expansão é a estratégia por incrementalismo até o ponto em que a alta gerência não pode determinar cada etapa da viagem para o futuro. A estratégia como capacidade de expansão reconhece o paradoxo essencial de que, assim como a liderança não pode ser inteiramente planejada, ela também não surge na ausência de uma aspiração claramente articulada e amplamente compartilhada. A expansão e a criatividade criada por ela são o motor e o combustível do processo estratégico para o crescimento e vitalidade da empresa Deve-se encontrar uma forma de eliminar a defasagem entre os recursos e as aspirações que a intenção estratégica proporciona. Obviamente, não acreditamos que a forma para eliminar essa defasagem possa ser feita através de um downsinzing dessa aspirações. Ao contrario, acreditamos que seja através da alavancagem de recursos, da cobertura da distancia máxima na estrada da liderança e do uso da menor quantidade possível de combustível. O objetivo é desafiar os gerentes a se tornarem mais criativos, tanto multiplicando o impacto da base de recursos da empresa quanto aumentando essa base. Estratégia como Alavancagem Imaginemos duas empresas competindo no mesmo setor, Alfa e Beta. Alfa possui uma ampla gama de todas as espécies de recursos – talento humano, habilidade técnica, acesso à distribuição, marcas, instalações de produção e fluxo de caixa. Esses recursos, acumulados ao longo de décadas, são frutos da liderança passada e atual no setor, não uma garantia de liderança no futuro. A Alfa não tem uma aspiração específica, exceto manter sua posição de liderança atual. Esse objetivo foi expresso pela alta gerência de Alfa como “crescer junto com o setor”. Podemos então descrever os recursos de Alfa como substanciais e suas aspirações como modestas. Beta é uma empresa muito menor do que Alfa e possui muito menos recursos tangíveis. Não tem outra opção senão se virar com menos pessoal, um orçamento mais apertado, instalações mais modestas e uma fração dos gastos da Alfa em Pesquisa e Desenvolvimento P&D. Mas a Beta tem uma grande ambição que se opõe a sua magra base de recursos. A Beta tem toda intenção de desbancar a Alfa de sua posição de liderança, embora a Alfa zombe desta intenção, Para realizar isso, os gerentes da Beta sabem que precisam crescer mais rápido que a Alfa, desenvolver um numero maior de produtos, produtos de melhor qualidade, estar presente nos principais mercados do mundo, construir uma marca de aceitação mundial e assim opor diante. A Beta é a imagem invertida de Alfa: é pobre em recursos, mas rica em aspirações. A defasagem entre os recursos e as aspirações de Beta é o que chamamos de “expansão” Alfa está muito melhor posicionada para se comportar “estrategicamente”, ou seja, investir mais do que Beta em P&D, conquistar participação no mercado através de uma política de preços agressiva, recrutar a maior força de vendas e assim por diante. A abordagem de Alfa à guerra competitiva é esmagar a oposição através do mero peso dos seus recursos – por mais ineficientes que sejam esses recursos. A Beta não pode se dar a esse luxo, diante de seu rico rival, será forçada a adotar táticas de guerrilha, esperando explorar a ortodoxia e a complacência do exército maior. Precisa vencer o inimigo com suas manobras de guerra, não com seu armamento. Precisa explorar as oportunidades de mudar as regras do jogo ao invés de segui-las, procurar os pontos fracos na defesa de Alfa, inventar formas de desenvolver e produzir mais com menos. Da mesma forma que a necessidade gera a invenção, a expansão gera a alavancagem. A criatividade tática é fruto da escassez de recursos. A abundância de recursos não amplia a sabedoria das decisões estratégicas. A abundância de recursos e a conseqüente possibilidade de fazer várias apostas e suportar vários fracassos muitas vezes substitui o pensamento estratégico disciplinado e criativo. Na ausência de uma aspiração que supere os recursos de uma empresa e sua capacidade de alavancagem de recursos, a abundância provavelmente será pouco mais do que uma licença para a negligência nas decisões estratégicas. Se Beta conseguir atingir seus grandiosos objetivos, nada garante que não cairá na mesma letargia que impediu Alfa de buscar dinamicamente oportunidades de melhor alavancar seus recursos. As sementes do fracasso encontram-se dentro dos frutos do sucesso. A única vacina para o sucesso é uma noção renovada de expansão. Uma empresa que tiver aspirações aliada a capacidade de multiplicação de recursos será vencedora. Premissas iniciais 1ª A empresa é um portfólio de recursos.
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