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Novo Manual de Direito Comercial – 30° ED Capítulo 8. O EMPRESÁRIO E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR Com a entrada da Lei n.8.078/90 as relações e contratos dos consumidores, passaram a ter regime jurídico próprio, cuja as normas visam a proteção dos consumidores. Sendo assim, sempre que houver uma relação de consumo, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, pois ele protege os direitos do consumidor realmente, porque ele está numa relação de desigual, onde através da proteção se equilibra a relação de consumo. De início é necessário identificar quando se tem uma relação de consumo, e quais os elementos que compõe essa relação, tem-se consumidor e fornecedor como sujeito dessa relação; e como objeto produto ou serviço. O próprio Código de Defesa do Consumidor conceitua o que é consumidor, fornecedor e serviço em seus primeiros artigos. Expresso em seu Art. 2° “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. A relação de consumo deve ser caracterizada como final do produto ou serviço utilizado. Aquele que compra para revenda, se caracteriza como meio entre comprador e fornecedor, na qual será regida pelas normas do código civil. Já o Fornecedor é a pessoa que desenvolve atividade de oferecimento de bens ou serviços ao mercado, e consumidor aquela que os adquire ou utiliza como destinatária final. Sempre que a relação jurídica ligar exercente de atividade de oferecimento de bens ou serviços ao mercado e o destinatário final destes ela é uma relação de consumo e sua disciplina será a do regime de tutela do consumidor Existem duas naturezas distintas para os contratos de compra e venda: Terá caráter de compra e venda quando ocorrer de uma relação de consumo, na qual o vendedor caracteriza-se como fornecedor e o comprador como consumidor. Terá caráter de cível quando o comprador final não for o destinatário final do bem em questão. No primeiro caso, aplica-se o CDC; nos dois últimos, o Código Civil, respeitadas as especificidades dos contratos empresariais. 2. QUALIDADE DO PRODUTO OU SERVIÇO O Código de Defesa do Consumidor inseriu três conceitos sobre a qualidade dos produtos ou serviços: Fornecimento Perigoso, Defeituoso ou Viciado. FORNECIMENTO PERIGOSO O dano ocorre pela insuficiência ou falta de informações necessárias dadas ao consumidor. Mesmo que o dano do produto tenha sido causado da má utilização do produto, a má utilização pode ter decorrido também da falta de informações do fornecedor, onde assim também se enquadra fornecimento perigoso. É dever do fornecedor alertar o consumidor sobre os riscos de determinados produtos. Quando o risco sobre o produto é conhecido pelas pessoas no geral, ele estará dispensado de alertar. Por exemplo um fabricante de canivetes, não possui necessariamente obrigação de informar sobre o risco, pois é de conhecimento das pessoas, e tem-se já uma previsibilidade do risco. Respondem pelo dano de fornecimento perigoso o fabricante, o produto, o construtor, o importador e o prestador de serviços. FORNECIMENTO DEFEITUOSO Decorre quando o produto ou serviço fornecido apresenta alguma impropriedade danosa ao consumidor. Neste fornecimento o dano não provém da falta de informações prestadas ao consumidor sobre os seus riscos, mas em razão de problema intrínseco ao fornecimento. Por exemplo, por razão no envasamento de uma garrafa de Fanta, ocorreu maior concentração de gás, e a garrafa veio a estourar, causando ferimentos ao consumidor. Por mais que haja cautela, aperfeiçoamento, cuidados necessários, controle de qualidade, sempre acaba ocorrendo algum defeito. A responsabilidade do fabricante, produtor, construtor e importador do produto, nesse caso é objetiva, ou seja, tem-se a obrigação de indenizar, mesmo que sem culpa. São excludentes da responsabilidade objetiva desses fornecedores (CDC, art. 12, § 3.º): a) a prova de que não houve fornecimento (detectado o defeito, o produto foi separado para inutilização, mas terceiros o furtaram e o comercializaram, por exemplo); b) inexistência do defeito (situação em que os danos somente podem ser atribuídos a outros fatores, como a força maior ou o caso fortuito posteriores ao fornecimento); c) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros (anotando-se que a culpa concorrente não exonera o fornecedor). FORNECIMENTO VICIADO Não decorre diretamente de um dano ao consumidor, ocorre quando o produto ou serviço não oferece perigo. A impropriedade pode ser vicio ou defeito. O vício é detectado antes da ocorrência de dano ao consumidor, já o defeito não é detectado a tempo, resultando em dano. No caso de vicio, o consumidor opta por três alternativas; Desfazimento do negócio, com o pagamento dos valores já pagos; Redução proporcional do preço; Eliminação do vício, com substituição do produto ou reexecução do serviço. Tipos de fornecimento de serviços viciados são: vicio de qualidade dos produtos; vicio de quantidade dos produtos; vicio de qualidade dos serviços. VÍCIO DE QUALIDADE DOS PRODUTOS Se este é impróprio ao consumo, tem impropriedade que lhe reduz o valor ou se há disparidade entre a sua realidade e as informações do fornecedor (CDC, art. 18). O produto é impróprio ao consumo se está vencido o seu prazo de validade, se há adulteração, alteração, avaria, falsificação, inobservância de normas técnicas ou se, por qualquer razão, não atende às finalidades a que se destina (CDC, art. 18, § 6.º). VÍCIO DE QUANTIDADE DOS PRODUTOS Ocorre se o seu conteúdo líquido é inferior às indicações constantes da rotulagem, embalagem ou publicidade, salvo as variações próprias de sua natureza. Diante de vício deste tipo, pode o consumidor pleitear, de imediato, o seu saneamento, mediante a complementação do peso ou medida (CDC, art. 19, II). VÍCIO DE QUALIDADE NO SERVIÇO No serviço se este é inadequado para o fim que razoavelmente dele se espera, ou ocorrer inobservância de normas regulamentares de prestabilidade (CDC, art. 20, § 2.º). O direito de reclamar por vícios no fornecimento decai no prazo de 30 dias (produtos e serviços não duráveis) ou de 90 dias (produtos e serviços duráveis). PROTEÇÃO CONTRATUAL Os contratos da legislação civil pressupõem pleno domínio da vontade das partes, onde cada um contrata se quiser e como quiser, e as cláusulas entre eles estabelecidas são leis entre as partes. Nas relações de consumo, o consumidor não contrata como quer, não estabelece as cláusulas, mas se vê muitas vezes obrigado a contratar bens e serviços, sem a menor possibilidade de discutir os termos de negociação. O consumidor fica numa situação de vulnerabilidade. O código de defesa do consumidor traz ao consumidor cinco princípios para o proteger da vulnerabilidade em que se encontram perante ao fornecedor. a- Irrenunciabilidade de direitos- é considerado nula as cláusulas expressa ou tacitamente que importe em renúncia dos direitos que é assegurado ao consumidor. A proteção ao consumidor é de ordem pública e caráter cogente. Não se admite a renúncia dos direitos nem por meio de clausula já adicionada no contrato de adesão. b- Equilíbrio contratual – a equidade nas relações de consumo é um dos valores fundamentais presentes no sistema de proteção contratual. Nenhuma oneração excessiva será imposta aos consumidores, que não podem ficar em situação desvantajosa perante o empresário. Com este espírito, o legislador fulminou com a nulidade o estabelecimento de faculdades ao empresário que não sejam correspondentes às reconhecidas aos consumidores (CDC, art. 51, XI e XII). c- Transparência- deve-se haver transparência nas relações de consumo, o consumidor deve ter prévio e completo conhecimento das obrigações assumidas por ele. Os contratos de adesão devem ser redigidos de forma clara e compreensível e elaborada com destaque para as cláusulas limitativasde direitos do consumidor. d- Interpretação favorável ao consumidor- a interpretação do contrato deve favorecer o consumidor, de modo que uma tentativa de redação ambígua ou obscura o resulte em ineficaz. Segundo este princípio, se a disposição do contrato comportar mais de uma interpretação, a que trouxer maiores vantagens ao consumidor deve ter preferência sobre as demais. e- Execução específica dos contratos de consumo – nos contratos de consumo, o Juiz pode adotar uma medida especifica para que se concretize o efeito pretendido pelas partes. A obrigação só será resolvida por perdas e danos, por opção do autor da demanda ou por impossibilidade material da tutela especifica ou do resultado prático correspondente. A mesma proteção é deferida a toda manifestação escrita de vontade, recibos e pré-contratos (CDC, art. 48) É importante notar que os dois últimos princípios de tutela dos consumidores foram transformados, com a entrada em vigor do Código Civil em 2003, em regras gerais do direito contratual. PUBLICIDADE O código de defesa do consumidor prevê três tipos de publicidade ilícita que fere os direitos do consumidor a publicidade simulada, enganosa e abusiva. Publicidade Simulada É aquela que seu conteúdo é oculto como caráter de propaganda, o artigo 36 do CDC estabelece que a publicidade deve ser feita de modo que o consumidor possa percebê-la, fácil e de imediato. Publicidade Enganosa É aquela com capacidade de induzir o consumidor ao erro, o artigo 37, § 1° do CDC, cita a transmissão de informação parcial ou totalmente falsa. Publicidade Abusiva É aquela que agride os valores sociais, como exemplo a publicidade racista, sexistas, discriminatória e a lesiva ao meio ambiente. A publicidade abusiva ou enganosa gera responsabilidade civil, penal e administrativa, assim o fornecedor que promover esse tipo de publicidade tem o dever de indenizar moralmente e materialmente o consumidor. Por fim, o código de defesa do consumidor visa proteger o consumidor a vulnerabilidade, e a uma relação de consumo mais justa, aplicando-se as suas normas sempre que a relação de consumo for caracterizada como final. ALUNA: RAFAELA DA SILVA FAGUNDES
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