2 Introdução às Técnicas de Análise Financeira

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Introdução às Técnicas de Análise
Financeira
FORNECER AOS DISCENTES INSTRUMENTAL TEÓRICO E PRÁTICO, SOBRE AS PRINCIPAIS FERRAMENTAS
DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE EMPRESAS. OFERECER AO DISCENTE UMA ÓTICA FINANCEIRA E
ECONÔMICA, PROVENDO-OS DE INFORMAÇÕES DE VÁRIOS NÍVEIS, PARA O PROCESSO DE TOMADA DE
DECISÕES.
AUTOR(A): PROF. JOSE MILTON ALMEIDA DA SILVA
AUTOR(A): PROF. JOSE APARECIDO ROLON
AUTOR(A): PROF. CELIO DOS SANTOS VIEIRA
INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (OU FINANCEIRAS)
Antes de entrarmos nas técnicas de análises das demonstrações contábeis, vamos-nos reportarmos ao
conjunto de demonstrações contábeis, objeto da aplicação das técnicas de análise.
Demonstrações contábeis
Balanço Patrimonial (BP);
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
Demonstração dos Resultados Abrangentes (DRA);
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC);
Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Das demonstrações contábeis
Segundo o IBRACON (NPC 27), as Demonstrações Contábeis (também usualmente denominada
"Demonstrações Financeiras") são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e
financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data.
O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e
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financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de
usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do
gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados?.
O objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro de propósito geral constitui o pilar
da Estrutura Conceitual. Outros aspectos da Estrutura Conceitual ? como o conceito de entidade que
reporta a informação, as características qualitativas da informação contábil-financeira útil e suas
restrições, os elementos das demonstrações contábeis, o reconhecimento, a mensuração, a apresentação e a
evidenciação ? fluem logicamente desse objetivo.
As Demonstrações Contábeis são preparadas, portanto, com a finalidade de satisfazer as necessidades
comuns da maioria dos seus usuários, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações
contábeis para a tomada de decisões econômicas, tais como:
Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento em ações;
Avaliar a administração quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida, qualidade de seu
desempenho e prestação de contas;
Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados e proporcionar-lhes outros benefícios;
Avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade;
Determinar políticas tributárias;
Determinar a distribuição de lucros e dividendos;
Preparar e usar estatísticas da renda nacional; ou
Regulamentar as atividades das entidades.
Usuário das informações contábeis 
Os indicadores extraídos dos relatórios financeiros são elaborados com objetivo de informar usuários
internos e usuários externos. Os usuários internos (gestores) necessitam dessas informações com objetivo
de verificar se a empresa alcançou os objetivos projetados; por exemplo, se a empresa aumentou a margem
de lucro; se a empresa está alcançando as vendas previstas. O indicador que você aprenderá para essa
análise será o giro de estoque. Mais os maiores interessados na análise desses indicadores serão os usuários
externos, comumente denominados na linguagem de finanças, de Stakeholders. Esses usuários são os
investidores, os fornecedores (de matéria-prima, capital), os clientes, os funcionários (Sindicatos), o
governo (Receita Federal e Secretaria da Fazenda dos Estados e dos Municípios), os agentes reguladores
(Comissão de Valores Mobiliários, Banco Central) e os agentes autorreguladores (Bolsa de Valores,
ANBIMA). Note que há muitos interessados na performance (desempenho) da empresa. De forma sintética,
vejamos qual é o interesse de cada um desses usuários no desempenho da empresa.
Investidores
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As empresas precisam captar recursos para desenvolver seus projetos. Quando uma empresa deseja captar
recursos no mercado de capitais (isso é feito via mercados denominados primário e secundário), ela precisa
informá-los dos principais indicadores de desempenho, a fim de convencê-los a investir nela. Como
convencê-los? Exibindo os indicadores de performance extraídos dos relatórios financeiros. Os investidores
são pessoas físicas (nós, por exemplo), pessoas jurídicas (bancos, fundos de pensão, fundos de
investimentos). Esses investidores desejam aplicar seus recursos em empresas com bom desempenho
passado e projeções de desempenho futuro. Se esse usuário já tiver aplicações nessas empresas, é desejável
conhecer seu desempenho.
Fornecedores
Nesse item podemos dividir os fornecedores em dois grupos: fornecedores de matéria-prima, mercadorias e
serviços; e fornecedores de capitais bancários (banqueiros). Qual é o interesse desses fornecedores nos
indicadores de desempenho da empresa? Esse grupo tem interesse em saber, por meio de indicadores, se a
empresa tem condições de honrar seus compromissos no curto prazo (matéria-prima, mercadorias e
serviços) e no longo prazo (instituições financeiras).
Clientes
Como clientes também temos interesse em conhecer alguns indicadores de desempenho da empresa da qual
compramos produtos. Entre os indicadores que estamos interessados estão a questão relativa ao meio
ambiente, à qualidade de seus produtos, à questão social, respeito às normas dos órgãos responsáveis pelo
controle dessa qualidade, pelas normas de respeito ao consumidor. Onde vamos encontrar essas
informações nos indicadores de performance das empresas? Em um relatório denominado de balanço social
e de uma demonstração financeira chamada de demonstração do valor adicionado (como a riqueza criada
pela empresa foi distribuída na sociedade).
Funcionários
Como funcionários não somos agentes passivos frente ao desempenho da empresa na qual trabalhamos.
Temos interesse em saber como andam os negócios da nossa organização; se a nossa organização não está
envolvida com questões de fraudes que macula não só a imagem dela, mas a nossa também. Outro item
importantíssimo de interesse dos sindicados: há empresas que distribuem parcela do lucro aos seus
funcionários. Para saber quanto desse lucro será distribuído entre nós, é que os sindicatos de classe têm
interesse nos indicadores de desempenho da empresa. É provável que a sua empresa distribua parcela do
lucro aos funcionários.
Governo
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O governo tem interesse especial sobre um indicador de desempenho: a demonstração do resultado do
exercício. É sobre esses indicadores que incidem alguns tributos (ICMS, IPI, PIS/COFINS, ISS) de interesse
do governo estadual (ICMS), de interesse do Governo Federal (IPI e PIS/COFINS), de interesse do governo
municipal (ISS). Todos esses tributos incidem sobre as vendas brutas. Já sobre o resultado líquido, o maior
interessado é o governo federal (IR e CSLL). Todas essas siglas você conhecerá ao longo de seu curso em
disciplinas como Planejamento Tributário, Matemática Financeira, Administração Financeira e Finanças
Empresariais.
Agentes reguladores
Existem algumas empresas que são fiscalizadas por órgãos de natureza estatal, como a CVM (Comissão de
Valores Mobiliário), que usam esses relatórios para verificar se as empresas estão elaborando os relatórios
financeiros (balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração do fluxo de caixa e
demonstraçãodo valor adicionado) em conformidade com que exige a legislação e os princípios contábeis
(lei das sociedades anônimas). A CVM somente fiscaliza empresas denominadas de sociedades anônimas.
Essas empresas emitem títulos, tais como ações (que são títulos de renda variável) e debêntures e
commercial paper (títulos de renda fixa). Você estudará mais detalhadamente esses títulos nas disciplinas
Administração Financeira, Finanças Empresariais e Mercado de Capitais. Entre esses agentes reguladores
está o Banco Central do Brasil, que cuida especificamente das instituições financeiras.
Agentes Autorreguladores
Os agentes autorreguladores auxiliam os agentes reguladores na fiscalização das empresas dentro das suas
competências. Um dos mais importantes agentes autorreguladores está a bolsa de valores de São Paulo.
Você percebeu que há muitos agentes usuários das informações dos relatórios financeiros e das informações
extraídas desses relatórios.
 
Dos atributos da informação contábil 
A informação contábil deve ser em geral e antes de tudo, veraz e equitativa, de forma a satisfazer as
necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente
a nenhum deles, considerado o fato de que os interesses destes nem sempre são coincidentes. A informação
contábil, em especial aquela contida nas demonstrações contábeis, notadamente as previstas em legislação,
deve propiciar revelação suficiente sobre a Entidade, de modo a facilitar a concretização dos propósitos do
usuário, revestindo-se de atributos entre os quais são indispensáveis os seguintes:
Confiabilidade;
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Tempestividade;
Compreensibilidade;
Comparabilidade.
Da Confiabilidade
A confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite a informação contábil e a utilize como base de
decisões, configurando, pois, elemento essencial na relação entre aquele e a própria informação. A
confiabilidade da informação fundamenta-se na veracidade, completeza e pertinênciado seu conteúdo.
A veracidade exige que as informações contábeis não contenham erros ou vieses, e sejam elaboradas em
rigorosa consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de
Contabilidade, e, na ausência de norma específica, com as técnicas e procedimentos respaldados na ciência
da Contabilidade, nos limites de certeza e previsão por ela possibilitados.
A completeza diz respeito ao fato de a informação compreender todos os elementos relevantes e
significativos sobre o que pretende revelar ou divulgar, como transações, previsões, análises,
demonstrações, juízos ou outros elementos.
A pertinência requer que seu conteúdo esteja de acordo com a respectiva denominação ou título.
Da Tempestividade
A tempestividade refere-se ao fato de a informação contábil dever chegar ao conhecimento do usuário em
tempo hábil, a fim de que este possa utilizá-la para seus fins. Nas informações preparadas e divulgadas
sistematicamente, como as demonstrações contábeis, a periodicidade deve ser mantida. Parágrafo único.
Quando por qualquer motivo, inclusive de natureza legal, a periodicidade for alterada, o fato e suas razões
devem ser divulgados junto com a própria informação.
Da Compreensibilidade
A informação contábil deve ser exposta na forma mais compreensível ao usuário a que se destine. A
compreensibilidade presume que o usuário disponha de conhecimentos de Contabilidade e dos negócios e
atividades da Entidade, em nível que o habilite ao entendimento das informações colocadas à sua
disposição, desde que se proponha a analisá-las, pelo tempo e com a profundidade necessários.
A eventual dificuldade ou mesmo impossibilidade de entendimento suficiente das informações contábeis
por algum usuário, jamais será motivo para a sua não-divulgação. A compreensibilidade concerne à clareza
e objetividade com que a informação contábil é divulgada, abrangendo desde elementos de natureza formal,
como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizada.
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A organização espacial, os recursos gráficos e as técnicas de exposição devem promover o entendimento
integral da informação contábil, sobrepondo-se, pois, a quaisquer outros elementos, inclusive de natureza
estética. As informações contábeis devem ser expressas no idioma nacional, sendo admitido o uso de
palavras em língua estrangeira somente no caso de manifesta inexistência de palavra com significado
idêntico na língua portuguesa.
Da Comparabilidade
A comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhecimento da evolução entre determinada informação
ao longo do tempo, numa mesma Entidade ou em diversas Entidades, ou a situação destas num momento
dado, com vista a possibilitar-se o conhecimento das suas posições relativas. A concretização da
comparabilidade depende da conservação dos aspectos substantivos e formais das informações.Parágrafo
único. A manutenção da comparabilidade não deverá constituir elemento impeditivo da evolução
qualitativa da informação contábil.Conforme RESOLUÇÃO CFC Nº 785 de 28 de julho de 1995 - Publicada
no DOU, de 1º-08-95 que aprova a NBC T 1 - DAS CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL
ATIVIDADE
A informação contábil deve ser em geral e antes de tudo, veraz e
equitativa, de forma a satisfazer as necessidades comuns a um grande
número de diferentes usuários, não podendo privilegiar
deliberadamente a nenhum deles, considerado o fato de que os
interesses destes nem sempre são coincidentes. A informação contábil,
em especial aquela contida nas demonstrações contábeis, notadamente
as previstas em legislação, deve propiciar revelação suficiente sobre a
Entidade, de modo a facilitar a concretização dos propósitos do usuário,
revestindo-se de atributos entre os quais são indispensáveis os
seguintes:
A. Entidade, Continuidade, Oportunidade, Prudência.
B. Confiabilidade, Continuidade, Oportunidade, Prudência.
C. Confiabilidade, Tempestividade, Oportunidade, Prudência.
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D. Confiabilidade, Tempestividade, Compreensibilidade, Prudência.
E. Confiabilidade, Tempestividade, Compreensibilidade, Comparabilidade.
Conceitos e aplicações das técnicas de análise de
balanço
A análise de Demonstrações Contábeis (financeiras), trata-se essencialmente de uma técnica de
decomposição, comparação e inerpretação do conteúdo das Demonstrações Contábeis, visando obter
informações analíticas e precisas sobre a situação geral da empresa.
Pela necessidade de extrair informações que levem a uma melhor tomada de decisões pelos gestores,
existem algumas técnicas de análise de balanço que tem um maior destaque.
Principais Processos de Análise: Segundo Ribeiro (2009) há várias técnicas que podem ser utilizadas
isoladamente ou em conjunto, conforme seja o grau de detalhamento das informações que se pretende
atingir. Os principais processos de análise, também conhecidos por técnicas de análise são: Análise
propriamente dita:Consiste em exame minucioso, abrangendo cada uma das contas que compõem a
demonstração financeira objeto da análise. Através desse processo, os analistas decompõem os fenômenos
patrimoniais, familiarizando-se com pormenores que envolvem a composição de cada conta, bem como de
seus respectivos grupos.
ANÁLISE POR QUOCIENTES: É o estudo comparativo entre grupos de elementos das demonstrações
financeiras por meio de índices, objetivando o conhecimento das relações entre cada um dos grupos
do conjunto.
ANÁLISE VERTICAL: Consiste na determinação da porcentagem de cada conta ou grupo de contas em
relação ao seu conjunto. (Esse processo é também conhecido por ??Análise por Coeficientes?)
ANÁLISE HORIZONTAL: Consiste na comparação entre componentes do conjunto em vários
exercícios, pormeio de números-índices, objetivando a avaliação ou desempenho de cada conta ou
grupo de contas ao longo dos períodos analisados.
COMPARAÇÃO COM PADRÕES:  Consiste na comparação entre quocientes, coeficientes e números
índices correspondentes ás demonstrações de uma entidade com os padrões obtidos através do
comportamento de um grupo de entidades do mesmo ramo de atividades.
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As demonstrações contábeis e demais informações destinadas aos acionistas e aos
diversos grupos de usuários interessados no desempenho e na solidez de uma empresa
prestam grande contribuição na avaliação dos riscos e das potencialidades de retorno da
empresa.
SILVA, 2010, P. 64.
A não consideração de qualquer etapa desta sequência pode comprometer seriamente o processo de análise,
pois não haverá, neste caso, a reunião dos elementos necessários para uma tomada de decisão completa e
consistente.
Nos dias atuais a Análise das Demonstrações Contábeis/ Financeiras, possui um caráter de maior
relevância, sobretudo, pela tendência cada vez maior de abertura de capital por parte das grandes
empresas:
REFERÊNCIA
ASSAF NETO. A.; Estrutura e Análise de Balanços; 03.ed.. São Paulo; Ed. Atlas. 2009
CORDEIRO F, J B . Estrutura e analise de demonstrações contábeis: : uma abordagem pratica / Jose
Bernardo Cordeiro filho. São Paulo : Atlas, 1978.
MARION, J.C. Análise das Demonstrações Contábeis; 05.ed.. São Paulo. Ed. Atlas. 2009.
Ribeiro, O.M. Estrutura e Análise de Balanços; 05. ed. São Paulo; Ed. Saraiva 19997.