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Gestão socioambiental e desenvolvimento sustentável aula 1

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO SOCIOAMBIENTAL 
E DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Angelo de Sá Mazzarotto 
 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
Nos últimos cinquenta anos, muito se falou e se fez sobre a 
sustentabilidade, e a preocupação sobre a preservação das espécies motivou 
pesquisadores, profissionais, políticos e a própria sociedade a reconhecer que a 
conquista por uma estrutura social, econômica e cultural sustentável não será uma 
tarefa fácil, mas imprescindível. 
Percebemos que esse pensamento preservacionista, que se fortaleceu nas 
conferências mundiais e nas preocupações pelas consequências dos impactos 
ambientais, produziu e disponibilizou para a sociedade um conjunto de 
ferramentas, tecnologias, leis e acordos para fomentar a sustentabilidade. 
Ainda há muitos obstáculos que deverão ser vencidos e muito há de se 
perder nesse caminho, pois as mudanças não alcançarão a todos nem a todas as 
comunidades. 
Neste início da disciplina, o objetivo é explanar sobre o surgimento do 
pensamento sustentável e apresentar sinteticamente alguns mecanismos de 
proteção que foram criados para que na sequência possamos detalhar sobre 
algumas ferramentas que se sobressaíram. 
CONTEXTUALIZANDO 
Toda mudança ou todo apelo por ela que pretendesse reformular a 
sociedade radicalmente encontrou uma barreira intransponível, a sobrevivência 
imediata, que vem antes da perpetuação da espécie, e retirar do estado de 
conforto e de soberania aqueles que enriqueceram como o modelo de 
desenvolvimento econômico atual não é uma tarefa fácil. 
Todos os mecanismos econômicos e culturais criados ao longo de séculos 
objetivaram manter esse modelo. Como mudar então? Como possibilitar que a 
sociedade e seus líderes aceitem essa mudança? 
Uma ideia, um pensamento, o emprego de muito tempo e meios foram a 
solução para começar a transformação. Hoje a sustentabilidade, já reconhecida, 
permite a implantação de modelos desenvolvidos sob uma nova ótica, mas 
capazes de se conectar com o modelo antigo, pois se apoiam em uma 
sustentabilidade econômica capaz de gerar empregos e riquezas. 
 
 
 
03 
TEMA 1 – DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS APLICADOS AO MEIO AMBIENTE 
Capra (2005), um dos escritores e pesquisadores mais influentes na 
temática da sustentabilidade ambiental, conceitua o meio ambiente como sendo 
algo associado à ecologia. Ainda segundo esse autor (2005), o nosso planeta é 
regido por uma teia de interação entre tudo que existe. 
A sua definição, assim como a compreensão mais precisa sobre o que é o 
meio ambiente, permite a criação de um conjunto de programas, leis e políticas 
de preservação. A própria legislação brasileira demonstra a seriedade sobre o 
tema, e a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981 de 31 de agosto de 
1981) ensaia uma definição sobre o meio ambiente como “o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). 
Assumindo outra ótica, autores como Barbieri (2007) propõem uma 
ampliação dessa definição com a atribuição de três tipos de meio ambiente: o 
natural, definido pela vegetação nativa e regiões inexploradas; o domesticado, 
que compreende as áreas verdes e naturais recuperadas ou produzidas por 
interferência humana; e o fabricado, que engloba as construções artificiais, a 
exemplo, os centros urbanos, as estradas, entre outras construções. 
Na busca de compreender a totalidade do que é o meio ambiente, a nossa 
própria Constituição Federal Brasileira de1988 aplica quatro grandes grupos, 
conforme exposto no quadro abaixo (Quadro 1). 
Quadro 1 – O meio ambiente e suas subdivisões conforme a Constituição Federal 
Brasileira de1988 
Físico Cultural Artificial Trabalho 
 Flora 
 Fauna 
 Solo 
 Água 
 Atmosfera 
 Ecossistema 
 Patrimônios 
o Cultural 
o Artístico 
o Arqueológico 
o Paisagístico 
 Manifestações 
culturais e populares 
 Conjunto de 
edificações 
particulares ou 
públicas, 
principalmente 
urbanas 
 Conjunto de 
condições 
existentes no 
local de trabalho 
relativo à 
qualidade de vida 
do trabalhador 
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1988, citado por Alencastro, 2013. 
Quanto mais nos aprofundamos nos estudos desse tema, mais 
percebemos as contribuições de autores, pesquisadores, juristas, entre outros, na 
tentativa de estabelecer um conceito que possibilite a melhor compreensão sobre 
o objeto analisado, ou melhor, sobre o meio ambiente. 
 
 
04 
Contudo, algumas vertentes se posicionam priorizando certos aspectos 
(como os naturais e biológicos) ao passo que outras incluem aspectos culturais, 
econômicos e outros inerentes à sociedade. O objetivo desses ensaios não é uma 
simples redução ou ampliação do conceito, mas a priorização de determinados 
critérios, quando a intenção for atuar com programas e políticas direcionadas. 
Neste material, o compromisso é permear os mais diversos recortes, assumindo 
uma postura holística, uma vez que nossos exemplos ora serão direcionados à 
preservação da natureza ora da sociedade, pois a intenção é ampliar as 
possibilidades de discussão sobre o tema. 
O meio ambiente precisa ser preservado em seus mais diversos tipos, e as 
leis ambientais brasileiras são ferramentas no front desta árdua luta. O 
ordenamento que conduz a elaboração dessas leis são os princípios, que são o 
esteio do ordenamento jurídico e a base fundamental para a adequação das 
regras. Quando estes são ignorados, deve-se aplicar a nulidade. Temos como 
princípios do direito ambiental: 
 Meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental; 
 Solidariedade intergeracional; 
 Natureza pública da proteção ambiental; 
 Desenvolvimento sustentável; 
 Poluidor pagador; 
 Usuário pagador; 
 Prevenção e precaução; 
 Participação; 
 Ubiquidade ou transversalidade; 
 Cooperação internacional; 
 Função socioambiental da propriedade. (Bayer, 2015) 
Um princípio amplamente conhecido que norteia muitas das ações de 
questionamento sobre impacto ambiental é o da precaução. O Ministério do Meio 
Ambiente (MMA) defende, com base nesse princípio, que é necessário 
estabelecer uma interação sustentável entre homem e natureza, e toda ação 
incidente e transformadora do meio deve ser confrontada com as premissas da 
precaução, ou seja, em caso de desconhecimento das consequências ao meio 
ambiente, as atividades não podem iniciar. Esse princípio estende-se às ações de 
antecipação do risco com o objetivo da preservação. Cabe lembrar que, 
primordialmente, este princípio foi consolidado e é consequência dos impactos 
ambientais severos ocorridos na Europa em meados de 1970. 
Outro princípio ambiental de igual importância é o do poluidor-pagador, que 
se apoia no artigo 225 da Constituição Federal (Brasil, 1988). A contribuição deste 
está em atribuir um valor compensatório às práticas poluidoras: quem polui paga 
 
 
05 
pelo ato de poluir, ressarcindo os sistemas e, assim, criam-se fundos para 
compensar a perda da qualidade ambiental. Esse princípio em particular tornou-
se pauta de muitas discussões ambientalistas, pois gera a possibilidade de 
legalizar a poluição ou simplesmente simplificar a responsabilidade dos que 
poluem, uma vez que permite um ressarcimento pelo dano, com base em valores 
muitas vezes subestimados. 
Entretanto o ato de poluir é aceito na sociedade desde sempre e tanto a 
nossa legislação quanto as dos demais países não impedem essa prática, apenas 
a condicionam, impondo regrase sanções. Qualquer atividade de manufatura ou 
uma simples prática extrativista desenvolvida por uma comunidade nativa gerará 
impacto e, em alguma etapa, a poluição, que pode ser definida como qualquer 
substância ou energia capaz de alterar o meio ambiente negativamente. 
Na sequência, foi listada uma série de princípios fundamentais do direito 
ambiental (Quadro 02). Como princípios, são apoiados por consenso e suas 
definições disponíveis podem apresentar algumas variações. Os apresentados 
neste material tiveram como base o texto de Bayer (2015) publicado no Jus Brasil. 
Quadro 2 – Princípios fundamentais do direito ambiental 
Princípios Definições 
Meio ambiente 
ecologicamente 
equilibrado como 
direito 
fundamental 
O reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio é decorrência do 
direito à vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos 
seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade dessa existência 
humana. 
Solidariedade 
intergeracional 
Busca assegurar a solidariedade da presente geração em relação às 
futuras, para que também estas possam usufruir, de forma saudável, dos 
recursos naturais. Este princípio está previsto no Princípio 2 da Declaração 
de Estocolmo e no Princípio 3 da ECO-92. O Novo Código Florestal 
expressou este princípio no inciso II, do art. 1º-A. 
Natureza pública 
da proteção 
ambiental (art. 
225, caput, da 
CF/88) 
Esse princípio mantém estreita correlação com o princípio geral, de direito 
público, da primazia do interesse público sobre o particular, e também, com 
o princípio do direito administrativo da indisponibilidade do interesse 
público. Decorre da previsão constitucional que consagra o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado como bem de uso comum do povo incumbindo 
ao Poder Público e à sociedade sua preservação e sua proteção. 
Desenvolvimento 
sustentável 
Os recursos ambientais são finitos, tornando-se inadmissível que as 
atividades econômicas se desenvolvam alheias a essa realidade. O se 
busca é a harmonização entre o postulado do desenvolvimento econômico, 
algo pretendido por todos nós, e a preservação do meio ambiente. A própria 
CF/88 em seu art. 170, VI, estabelece que a ordem econômica também tem 
como fundamento a defesa e preservação do meio ambiente. 
Poluidor pagador 
Trata-se de importantíssimo princípio, pois reflete um dos fundamentos da 
responsabilidade civil em matéria ambiental. Muitas vezes incompreendido, 
ele não demarca a de poluir mediante o pagamento de posterior 
indenização (como se fosse uma contraprestação). Ao contrário: reforça o 
comando normativo no sentido de que aquele que polui deve ser 
responsabilizado pelo seu ato. Assim sendo, esse princípio deve ser 
compreendido como um mandamento para que o potencial causador de 
 
 
06 
danos ambientais preventivamente arque com os custos relativos à compra 
de equipamentos de alta tecnologia para prevenir a ocorrência de danos. 
Trata-se da internalização de custos. 
Usuário pagador 
Complementar ao princípio anterior. Busca-se evitar que o “custo zero” dos 
serviços e recursos naturais acabe por conduzir o sistema de marcado a 
uma exploração desenfreada do meio ambiente. 
Prevenção 
É um dos princípios mais importantes do Direito Ambiental, sendo seu 
objetivo fundamental. Foi lançado à categoria de mega princípio do direito 
ambiental, constando como princípio nº 15 da ECO-92. O princípio da 
prevenção relaciona-se com o perigo concreto de um dano, ou seja, sabe-
se que não se deve esperar que ele aconteça, fazendo-se necessário, 
portanto, a adoção de medidas capazes de evitá-lo. 
Precaução 
Trata-se do perigo abstrato, ou seja, há mero risco, não se sabendo 
exatamente se o dano ocorrerá ou não. É a incerteza científica, a 
dúvida, se vai acontecer ou não. Foi proposto na conferência Rio 92 
com a seguinte definição: “O Princípio da precaução é a garantia contra 
os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do 
conhecimento, não podem ser ainda identificados”. 
Participação 
(informação e 
educação 
ambientais)– 
audiências 
públicas 
Previsão no art. 225, parágrafo 1º, VI, da CF/88. O cidadão não depende 
apenas de seus representantes políticos para participar da gestão do 
meio ambiente. O cidadão tem atuação ativa no que toca a preservação 
do meio ambiente. Tem ele o direito de ser informado e educado (o que é 
dever do Poder Público) para que, assim, possa interferir ativamente na 
gestão ambiental, sendo que isso se concretiza por intermédio, por 
exemplo, nas audiências públicas. 
Ubiquidade ou 
transversalidade 
Visa demonstrar qual é o objeto de proteção do meio ambiente quando 
tratamos dos direitos humanos, pois toda atividade, legiferante ou política, 
sobre qualquer tema ou obra, deve levar em conta a preservação da vida 
e principalmente, a sua qualidade. Esse princípio dispõe que o objeto de 
proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, 
deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atuação, 
legislação sobre qualquer tema, atividade, obra, etc., tiver que ser criada. 
Cooperação 
internacional 
Trata-se do esforço conjunto empreendido pela “aldeia global” na busca 
pela preservação do meio ambiente numa escala mundial. O inc. IV, do 
art. 1º - A, do Novo Código Florestal, em atenção a este princípio, 
consagra o compromisso do Brasil com o modelo de desenvolvimento 
ecologicamente sustentável, com vistas a conciliar o uso produtivo da 
terra e a contribuição de serviços coletivos das flores e demais formas 
de vegetação nativa provadas. 
Função 
socioambiental 
da propriedade 
Art. 186, II, da CF/88. O uso da propriedade será condicionado ao bem-
estar social. Ainda o legislador previu, como condição para o 
cumprimento da função social da propriedade rural, a utilização 
adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio 
ambiente. 
Fonte: Adaptado pelo autor com base em Bayer (2015). 
TEMA 2 – MEIO AMBIENTE E RELATOS HISTÓRICOS 
É importante a hermenêutica sobre o desenvolvimento sustentável para 
que possamos compreender a evolução do pensamento e das ações sobre a 
sustentabilidade. Toda ação que prima por essa direção deve ser orientada para 
potencializar a interação entre o que é um ideal sustentável e o que de concreto 
pode ser realizado. As práticas necessitam dessa base para obter êxito. Ilustro 
essa sentença com o seguinte exemplo. 
A prefeitura de uma grande cidade do sudeste brasileiro, com o propósito 
de reduzir os problemas gerados pela superpopulação de ratos, em uma 
 
 
07 
determinada comunidade, mobilizou a população para que esta, como parceira, 
participasse do programa. Essa comunidade envolvida no projeto recebeu 
orientação para usar armadilhas para roedores e os indivíduos capturados seriam 
trocados por cestas básicas. 
O projeto à primeira vista estava adequado com o propósito e, segundo 
biólogos e veterinários, a quantidade de armadilhas e a participação da 
comunidade seriam efetivos na redução da população de roedores. Assim, após 
um período de captura, era de se esperar a verificação da eficácia da ação, mas 
o que se constatou foi um fracasso total, pois a população do animal não havia 
reduzido. O motivo foi que, em vez de capturá-los, a população resolveu procriá-
los, pois a comunidade ponderou entre o esforço necessário para a caça e a 
facilidade de se obterem indivíduos pela criação, uma vez que essa espécie tem 
alta taxa de natalidade e com muita rapidez. Por que vocês acham que um projeto 
simples com reais possibilidades fracassou? E ainda, quando interromperam as 
recompensas, que foi uma medida razoável frente às novas constatações, a 
população, em protesto, soltou um grande número de ratos que estavam em 
cativeiro.Esse exemplo demonstra a razão pela qual é necessária uma abordagem 
holística na implementação de programas. Para que as ações como essas 
funcionem é preciso compreender o público-alvo, conscientizá-lo, envolvê-lo, e 
não simplesmente determinar o que devem fazer. Numa análise simples para 
entender o que aconteceu, é lógico pensar que, para a população, o programa era 
simplesmente trocar roedores por cesta básica e não a redução da população 
animal. É natural que muitos devam pensar o seguinte: mas não estava óbvio que 
a ideia era a redução da população de ratos? Posso afirmar com convicção que 
muitos dos problemas sociais poderiam ser facilmente ser resolvidos pela simples 
compreensão do óbvio, mas acrescente a este uma porção de desinformação, 
ignorância, revolta, descontentamento, preguiça, falta de cooperação, falta de 
comprometimento, sobrecarga de trabalho, falta de tempo e de confiança. Enfim, 
uma série de sentimentos que há muito são recorrentes na população brasileira, 
principalmente a mais carente. 
Para que possamos continuar a reflexão, é fundamental percebermos a 
importância de conhecermos como ocorreu a evolução do pensamento 
socioambiental. Mesmo que o impulso seja acreditar que a preocupação 
socioambiental surgiu pelas consequências da Revolução Industrial, a história 
mostra o quão antigo é esse pensamento, pois, já na Grécia antiga, Platão 
 
 
08 
sinalizava para os problemas gerados pelas severas modificações das paisagens 
na sua região. 
Mas foi só efetivamente em meados de 1950 que a sociedade percebeu 
que algo de errado ocorria, e o medo das consequências dos acidentes ambientais 
se agravava em várias localidades no mundo. É consenso que os eventos após 
essa data deram o impulso necessário para a reconstrução de uma ética 
socioambiental no mundo. 
Acidentes, contaminações, doenças e mortes associadas aos problemas 
ambientais sensibilizaram um exército de pensadores, pesquisadores e cidadãos 
para a causa da sustentabilidade. Na Inglaterra, a poluição atmosférica que atingiu 
Londres ficou conhecida como o smog de 1952; no Japão, a contaminação por 
mercúrio na baia de Minamata; a revolução verde, que incentivou o uso de 
agrotóxico indiscriminadamente; a pesca e caça predatória; o desmatamento 
desenfreado; o clamor por cuidado em obras clássicas como A primavera 
silenciosa, de Raquel Carson, Limites do crescimento, de Donella H. Meadows e 
outros; Nosso futuro em comum, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento; os relatórios do Painel Intergovernamental sobre 
Mudanças Climáticas (IPCC), a Agenda 21, entre outros. Todos esses 
acontecimentos, de alguma maneira, contribuíram e contribuem para a construção 
de ações que buscam promover a sustentabilidade do nosso planeta. 
Figura 1 – O smog de 1952 em Londres/Inglaterra 
 
Fonte: Disponível em: <http://://mundotentacular.blogspot.com.br/2013/01/cidade-das-nevoas-o-
grande-fog-de.html>. 
O próprio conceito de desenvolvimento sustentável foi proposto com um 
dos resultados de um dos mais significativos documentos, o Relatório de 
 
 
09 
Brundtland ou “O nosso futuro comum” (1987). Os resultados desse relatório 
orientam ações até hoje. Esse conceito expõe como devemos agir como pessoas 
e como nação. 
TEMA 3 – ECO 92 E RIO +20 
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD) ficou mundialmente conhecida como ECO-92 ou 
Rio-92. Nesse evento, foi retomado o tema desenvolvimento sustentável, e as 
discussões foram realizadas com a preocupação de encontrar uma saída para os 
problemas ambientais associados à exploração insustentável dos recursos 
naturais. 
Muitos autores relataram que esse encontro teve um impacto social e 
político mundial muito mais significativo que a Conferência de Estocolmo. Nesse 
evento, acordos e políticas foram estabelecidos como a: 
 Declaração de princípios sobre florestas; 
 Convenção sobre as mudanças climáticas; 
 Convenção da biodiversidade; 
 Agenda 21; 
 Carta da Terra. 
Saiba mais 
Para saber mais q respeito da Conferência Rio-92 sobre o meio ambiente 
do planeta e o desenvolvimento sustentável dos países, acesse o link a seguir: 
<http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/rio20/a-
rio20/conferencia-rio-92-sobre-o-meio-ambiente-do-planeta-desenvolvimento-
sustentavel-dos-paises.aspx>. 
Contudo, o principal desses eventos (ou pelo menos o que obteve a maior 
repercussão) foi a Agenda 21. O documento é composto por 40 capítulos e suas 
subdivisões tratam de: 
 Dimensões Sociais e Econômicas; 
 Conservação e Gerenciamento de Recursos para o Desenvolvimento; 
 Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos; 
 Meios de Implantação. 
 
 
010 
Conforme Alencastro (2013), a Agenda 21 trata de um importante passo 
em direção do desenvolvimento sustentável por alinhar propostas no campo da 
sustentabilidade ambiental, social e econômica. 
Saiba mais 
Para conhecer mais sobre o documento Agenda 21, acesse o link a seguir, 
que o levará ao site do ministério do Meio Ambiente (MMA): 
<http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-
global>. 
A Conferência Rio + 20 teve como objetivo a renovação do compromisso 
assumido para com o desenvolvimento sustentável na ECO-92. Nesse evento 
foram debatidas as metas estabelecidas e os objetivos alcançados até aquele 
momento, assim como as deficiências e os motivos pelos quais muitas 
expectativas não foram atendidas. Dois principais temas conduziram o encontro: 
 A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da 
erradicação da pobreza; 
 A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. 
TEMA 4 – PRÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Com a construção do pensamento preservacionista, a ideia de 
sustentabilidade amplamente discutida nas conferências e trabalhos 
internacionais possibilitou um campo fértil para a produção de ferramentas, 
programas, políticas e leis sobre o tema. 
A norma ISO 14001 é um importante exemplo disto. Lançada em 1994, logo 
após as calorosas discussões sobre meio ambiente, na conferência ECO-92, essa 
ferramenta de gestão, que iremos discutir nas próximas aulas, tem o objetivo de 
orientar as organizações a gerenciarem os aspectos e impactos ambientais 
gerados pelas suas atividades. 
No campo da gestão ambiental, têm sido difundidos, ao longo do tempo, 
programas de certificação e rotulagem ambiental, como os selos: o LEED, que 
certifica construções sustentáveis; ABNT, para qualidade ambiental; o selo FSC, 
que aplica critérios de sustentabilidade ao setor florestal, entre outros. 
Outra área que apresenta importantes demandas, assim como a ambiental, 
é a da responsabilidade social ou social coorporativa, campo que tem as normas 
 
 
011 
ISO 26000, AS 8000, a ABNT NBR 16001 como indicadores de responsabilidade 
social, normas de acessibilidade, entre outras. 
Um exemplo de excelente programa socioambiental são os oito desafios 
do milênio, que ficaram conhecidos como os oito jeitos de mudar o mundo, 
programa que teve início na Declaração do Milênio das Nações Unidas. 
Figura 2 – Os oito desafios do milênio 
 
Fonte: Os objetivos... [s.d] 
Para uma sociedade ser sustentável, precisa levar em conta não apenas 
os aspectos ligados à preservação do meio ambiente, mas também à 
sustentabilidade social, econômica e cultural. 
Quando pensado sob a ótica combinada por esses fatores, o 
desenvolvimento oferece oportunidade para a criação de novos mercados, sem 
colapsar o desenvolvimento econômico, com propostas viáveis capazes de 
garantir o ingresso em mercados maisexigentes, ou seja: pensar em 
sustentabilidade não significa uma regressão, mas uma evolução. 
Apoiando-se neste conceito, muitas organizações têm adotado, em seus 
planos de negócios, estratégias e ações sustentáveis, pois cada vez mais a 
sociedade passa a considerar válida essa abordagem com produtos e serviços 
sustentáveis para consumidores preocupados com a sustentabilidade (Silva, 
2012). 
Para consolidar essa ideia, elaborou-se o tripé da sustentabilidade – Triple 
Bottom Line –, que exemplifica que a eficiência de qualquer ação que busque a 
sustentabilidade deve se apoiar na performance de três pilares: 
 
 
 
012 
Figura 3 – A tríade da sustentabilidade – Triple Bottom Line 
 
Assim como a demanda por práticas dos três pilares vem crescendo, 
crescem também as práticas que se apropriam de ideias e atitudes que vendem 
imagens sem ações concretas. 
Saiba mais 
Para que amadureçamos a compreensão e o senso crítico sobre a onda da 
sustentabilidade, é recomendável que se debrucem sobre o relatório “Estado do 
Mundo 2014 – como governar em nome da sustentabilidade”, disponibilizado pela 
ONG World Watch Institute Brasil (WWI), que realiza uma análise crítica sobre o 
tema, para que não se corrompam os ideais e não se torne apenas uma prática 
de greenwashing. Para isso, acesse o link a seguir: 
<http://wwiuma.org.br/estado_mundo_2014.pdf>. 
TEMA 5 – TRATADOS INTERNACIONAIS E PRESERVAÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE 
Com o aumento do fluxo de mercadorias e serviços entre os países, cresce 
a necessidade de se estabelecerem acordos uni ou multilaterais para garantir que 
certas práticas sejam atendidas e que os países mantenham a soberania. Para 
isso, os tratados são o principal meio para estabelecer limites ou padrões. 
Nessa perspectiva, medidas antidumpings também são tomadas, 
impedindo que países com políticas sociais e políticas inexistentes ou precárias 
concorram com seus produtos baratos, pois são isentos de custos relacionados à 
preservação ambiental e ao controle social. 
social
ambiental 
econômica 
 
 
013 
Entre esses arcabouços de medidas, selos e certificações ganham espaço, 
pois pressionam empresas a aderirem a certas normas para que se tornem aptas 
a negociar. Seguem alguns exemplos de selos internacionais. 
Quadro 3 – Selos e suas descrições 
 
Forest Stewardship Council 
O FSC é uma organização não governamental, internacional e 
independente, constituída por três câmaras: econômica, ambiental e social, 
que define os princípios e critérios FSC para uma gestão florestal 
responsável. (PCS 2017 p. 1) 
 
NAPM 
Certificação de conteúdo reciclado de papel (National Association of Paper 
Merchants). A certificação aplica-se a papel com conteúdo reciclado no 
mínimo de 75% ou 100% proveniente de papel genuíno. (PCS 2017 p. 1) 
 
O loop Mobius 
Significa que um produto, ou parte dele, pode ser reciclado em instalações 
próprias. (PCS 2017 p. 1) 
 
Rótulo ecológico comunitário 
Este rótulo pressupõe critérios que visam limitar os principais impactos 
ambientais das três fases do ciclo de vida do serviço (aquisições, prestação 
do serviço, resíduos). (PCS 2017 p. 1) 
 
LEED – Leadership in Energy and Environmental Design (EUA) 
A certificação de qualidade ambiental dos edifícios nos EUA foi desenvolvida 
pelo US Green Building Council, em 1998. A certificação diz respeito a vários 
critérios ambientais, tais como energia, qualidade do ar interior, água, 
materiais e inovação. (PCS 2017 p. 1) 
 
ISO 14001 – A certificação do sistema de gestão ambiental 
A certificação de acordo com a ISO 14001 pode ser um passo prévio, por via 
indireta, de adesão ao EMAS. (PCS 2017 p. 1) 
 
Carbonfree 
Em 2006, a Ecoprogresso criou o Carbonfree, destinado a certificar a 
compensação de emissões através da aquisição de créditos de carbono ou 
da implementação de projetos especificamente desenhados para reduzir 
emissões na comunidade em que a empresa se insere. (PCS 2017 p. 1) 
 
OHSAS 18001 
O sistema OSHAS 18001 permite às organizações gerir riscos operacionais 
e melhorar a sua performance, orientando a gestão dos aspectos de 
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho das organizações. (PCS 2017 p. 
1) 
Fonte: Adaptado do Portal da Construção Sustentável (PCS 2017). 
Entre muitos tratados e convenções citamos alguns, contudo é possível ter 
acesso a mais exemplos no portal do Observatório das Relações Internacionais e 
informações mais detalhadas sobre cada um (NECCINT, 2011): 
 Tratado da Antártida; 
 Convenção de Viena para a proteção da camada de Ozônio; 
 
 
014 
 A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da 
Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES); 
 O Protocolo de Montreal; 
 Convenção sobre a lei do direito do mar; 
 A Convenção de Basileia; 
 Convenção para a proteção do patrimônio natural e cultural mundial; 
 Protocolo de Kioto. 
FINALIZANDO 
A sustentabilidade e a importância da mudança na estrutura de 
desenvolvimento econômico permitiram que o pensamento socioambiental 
evoluísse e criasse meios e técnicas para o alcance desse objetivo. Hoje a 
sociedade conta com um arsenal para travar essa difícil luta do desenvolvimento 
sustentável. E é sobre essas ferramentas que iremos discorrer nas aulas 
subsequentes. 
 
 
 
015 
REFERÊNCIAS 
ALENCASTRO, M. S. C. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão 
socioambiental corporativa. Curitiba: InterSaberes, 2013. 
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. 
BAYER. A. D. Princípios norteadores do direito ambiental. JusBrasil, 2015. 
Disponível em: <https://diegobayer.jusbrasil.com.br/artigos/121943191/principios-
norteadores-do-direito-ambiental-resumo>. Acesso em: 4 nov. 2017. 
BRAGA, L. J.; SOSA, M. E.; NOGUEIRA, R. de M. 8 jeitos de mudar o mundo na 
escola. Objetivos do Milênio, 2004. Disponível em: 
<http://www.objetivosdomilenio.org.br/downloads/odms%20escolas.pdf>. Acesso 
em: 15 jul. 2017. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Institui a Política Nacional do Meio 
Ambiente. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 set. 1981. 
BRUNDTLAND, G. H. (Org.). Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1987. 
CAPRA, F. Conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. 4. ed. 
Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Pensamento-Cultrix Ltda., 
2005. 
NECCINT – Núcleo de Estudo sobre Cooperação e Conflitos Internacionais. 
Coletânea de tratados internacionais. Observatório de Relações 
Internacionais, 2011. Disponível em: <https://neccint.wordpress.com/legislacao-
internaciona/>. Acesso em: 4 nov. 2017. 
OS OBJETIVOS de desenvolvimento do milênio. ODM Brasil, [s.d]. Disponível 
em: <http://www.odmbrasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio>. 
Acesso em: 4 nov. 2017. 
PCS – Portal da Construção Sustentável. Quem somos, 2017. Disponível em: 
<http://www.csustentavel.com/quem-somos/>. Acesso em: 4 nov. 2017. 
SILVA, D. B. da. Sustentabilidade no Agronegócio: dimensões econômica, social 
e ambiental. Comunicação & Mercado/UNIGRAN - Dourados - MS, vol. 1, n. 3, 
p. 23-34, jul./dez. 2012.

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