Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 1 EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA, ESTADO DO PARANÁ RISOTOLÂNDIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ/MF sob o nº 76.900.463/0001-71, com sede na Rua Luiz Franceschi, n°657, bairro Thomaz Coelho, Araucária, Paraná, CEP: 83.707-072; RISOTOLÂNDIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ/MF sob o nº 76.900.463/0009-29, com endereço na Rua Carlos Gusso, n°351, bairro Afonso Pena, São José dos Pinhais/PR, CEP: 83.040-630; vêm, por meio de seu advogado que ao final assina, com escritório profissional na Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building, em Curitiba, Paraná – CEP: 80.410-180, onde recebe intimações, respeitosamente, com esteio no art. 4º, § único do Código de Processo Civil e art. 165 e seguintes do Código Tributário Nacional, propor: A Ç Ã O D E C L A R A T Ó R I A D E I N E X I S T Ê N C I A D E R E L A Ç Ã O J U R Í D I C O T R I B U T Á R I O C / C R E P E T I Ç Ã O D O I N D É B I T O T R I B U T Á R I O ESTADO DO PARANÁ, pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ/MF nº 76.416.940/0001-28, com sede na Pça Nossa Sra. da Salete, s/n, bl. 01 - Palácio Iguaçu, cujo órgão de assessoramento jurídico, a PGE – Procuradoria Geral do Estado, é sediada na Rua Paula Gomes, 145 - 80510-070 - Curitiba – PR. SUMÁRIO 1 ESCORÇO..................................................................................................................... 02 1.1 DA INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE A FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA ................................ 03 1.2 A ALÍQUOTA ..................................................................................................................... 05 2 DO MÉRITO ................................................................................................................. 06 2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 06 2.2 DA NÃO OCORRÊNCIA DA HIPÓTESE INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE A “TUSD” E “TUST” . 07 2.3 DA NÃO INCIDÊNCIA SOBRE A POTÊNCIA CONTRATADA NÃO UTILIZADA ...................... 16 2.4 O PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE E A ENERGIA ELÉTRICA ................................................... 16 2.5 A INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE PELO ESTADO DO PARANÁ .......... 21 2.6 DO PREQUESTIONAMENTO ......................................................................................... 23 3 DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA ..................................................................................... 23 3.1 DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ...................................... 23 3.2 RECEIO DO RISCO DE GRAVE REPARAÇÃO .................................................................... 25 4 DOS REQUERIMENTOS ................................................................................................ 29 D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 2 1 . E S C O R Ç O Excelência, as requerentes, pessoas jurídicas de direito privado, são consumidoras de energia elétrica fornecida pela Companhia Paranaense de Energia – Copel concessionária habilitada pela ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Paralelamente, o suporte físico Constitucional permitiu ao Fisco instituir o ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias, e concomitantemente, outorgou à energia elétrica o status de mercadoria. Consequentemente, os Entes Políticos competentes puderam exigir do contribuinte em razão da transferência de titularidade dessa mercadoria expressão em pecúnia como consequente da realização do fato jurídico tributário. Infelizmente, as grandezas econômicas que integram o Aspecto Quantitativo do Consequente da Regra- Matriz de Incidência Tributária veiculadas pelo Estado do Paraná usurpam os limites legais e constitucionais onerando em demasia todos os contribuintes, independentemente de sua natureza jurídica, se de fato ou de direito, pois recolhem ao erário o ICMS de toda cadeia produtiva em razão do princípio da não- cumulatividade inspirado no Imposto Sobre Valor Agregado. Não obstante, esse é o entendimento exarado pela Corte Constitucional competente para balizar as normas infraconstitucionais no Acórdão proferido no REsp paradigma nº 903.394/AL. Assim, indubitavelmente pode o consumidor requerer a prestação da tutela jurisdicional em razão da não realização do fato jurídico tributário e da majoração do aspecto quantitativo da RMIT: D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 3 1 . 1 . D A I N C I D Ê N C I A D O I C M S S O B R E A F A T U R A D E E N E R G I A E L É T R I C A Historicamente, as concessionárias de energia elétrica cobram dos consumidores essencialmente 02(duas) tarifas de energia elétrica. A primeira pelo fornecimento efetivo do KW/h (TE), e a segunda pelo uso custo da manutenção e expansão do Sistema (TUSD). As peculiaridades do fornecimento de energia subdividem esses gêneros observando o horário de fornecimento e as perdas físicas expressadas em calor pela movimentação da corrente-elétrica no circuito-elétrico. Para melhor visualização, a concessionária de energia discriminava até o mês de abril de 2015 os valores faturados em consonância ao trecho retirado da fatura de energia elétrica abaixo colacionada: São várias as grandezas nominadas em consonância ao glossário veiculado no site da Concessionária1: 1 Acessado em 08 de junho de 2015. http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagcopel2.nsf%2F0 %2FC8C0FB31C7B9BD93032573F700549161#u D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d oP ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 4 1) Energia Elétrica TE PONTA – Corresponde ao valor da tarifa de energia elétrica utilizada durante o horário de “rush” ou pico (entre 18h - 21h), ou (entre 19h – 22h durante o horário de verão). 2) Energia Elétrica USD PONTA – Representa a tarifa pela utilização do Sistema de Energia Elétrica durante o horário de pico. 3) Energia Elétrica TE F PONTA – Corresponde ao valor da tarifa de energia elétrica utilizada fora do horário de pico. 4) DEM USD ULTRA – Ultrapassagem da demanda do uso do sistema. 5) DEM USD – Demanda do uso do sistema. 6) ENER. REAT. INDUTIVA - A energia elétrica reativa não realiza trabalho efetivo, mas é necessária e consumida na geração do campo eletromagnético, responsável pelo funcionamento de motores, transformadores e geradores. É expressa em quilovolt-ampére-reativo-hora (kVArh). 7) ENERGIA AD. BAND VERMELHA - Coeficiente de majoração da tarifa motivada pela crise hídrica. Todas as 07 (sete) grandezas representam a base de cálculo de incidência do ICMS, independentemente de sua natureza jurídica, ser ou não mercadoria e se efetivamente há transferência de titularidade. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 5 Entretanto, em razão da flagrante ilegalidade da cobrança do ICMS sobre o uso do sistema e da transmissão, a Concessionária de Energia desde maio de 2015 vem dissimulando esses valores como “consumo”: Claramente se vê que de um mês para o outro a base de cálculo sofreu pequena variação e o ICMS recolhido também ainda que a fatura não traga em seu bojo os valores TUSD e TUST. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 6 1 . 2 . A L Í Q U O T A O Estado do Paraná em dissonância ao princípio da seletividade estabeleceu o percentual de 29% como alíquota de ICMS sobre a energia elétrica. Não obstante o entendimento pacificado desta colenda Corte exarado por seu Órgão especial, recentemente o Supremo Tribunal Federal conheceu em repercussão geral o Recurso Extraordinário autuado sob o nº 714.139/SC cujo objeto versa sobre a inconstitucionalidade do percentual superior ao estabelecido ordinariamente pela afronta ao princípio da seletividade. Motivado pela expectativa de provimento do Recurso Extraordinário daquele contribuinte, as requerentes manifestam seu inconformismo e findam a inércia jurisdicional para também não mais ser constrangidas aos percentuais de alíquota que ofendam o princípio da seletividade. 2 . D O M É R I T O 2 . 1 . I N T R O D U Ç Ã O O ICMS, ou ICM, possui balizamento claro no texto Constitucional. A Carta Magna outorga a competência legiferante dessa matéria aos Entes Políticos Estaduais vinculando-a, a priori, à observância dos princípios constitucionais. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; Os doutrinadores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo construíram a figura do arquétipo da norma de incidência tributária, ou, Regra-matriz de incidência com o escopo de permitir aos usuários do sistema uma melhor compreensão das circunstâncias que orbitam a incidência desse imposto. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 7 Pedagogicamente, são 05 os aspectos essenciais para a perfeita subsunção do fato à norma: aspecto material, aspecto temporal, aspecto espacial, aspecto pessoal, e aspecto quantitativo. Os três primeiros integram o Antecedente da Norma e permitem a efetiva ocorrência do fato jurídico tributário. O aspecto material é constituído por um verbo e complemento. Neste caso concreto a transferência de titularidade representada pela tradição é o evento qualificado pelo Direito Tributário como responsável pelo nascimento da obrigação tributária. Ainda que se diga que a Constituição não pormenorizou os nuances que permitiriam uma exata compreensão do alcance da Norma, claramente há em seu bojo limites ou mesmo a exposição de qual verbo e complemento são suscetíveis da realização pelo contribuinte representando a gênese da obrigação tributária. O aspecto temporal, correlato ao instituto anterior, permite aos receptores da norma delimitar no tempo o exato momento da realização do fato representado pela tradição. O aspecto espacial permite aos usuários do Sistema especificar a competência exacional do tributo. Os últimos 02 aspectos figuram no Consequente da Norma, e permitem mensurar a grandeza econômica devida pelo contribuinte em razão da prática do evento, prescrevendoainda que abstratamente quem são os sujeitos da relação jurídico- tributária. O aspecto quantitativo traz em seu bojo a base de cálculo e a alíquota. A base de cálculo nas palavras do professor Marcelo Viana Salomão é a quantificação, a valoração econômica do critério material, é o dado mensurável financeiramente tributado. Assim, a base de cálculo será o valor econômico da operação. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 8 A alíquota representa fator que incidirá sobre a base de cálculo resultando na obrigação. O aspecto pessoal permite estabelecer os sujeitos da relação jurídico-tributária, credor e contribuinte. Passar-se-á adiante. 2 . 2 . D A N Ã O O C O R R Ê N C I A D A H I P Ó T E S E D E I N C I D Ê N C I A D O I C M S S O B R E A “ T U S D ” E “ T U S T ” Excelência, em consonância à fundamentação já aduzida vê se que a manutenção ou investimento na expansão do Sistema de Distribuição, e a perda de energia representada pelo calor originado pela circulação da corrente elétrica não configura o aspecto material com a transferência de titularidade de qualquer mercadoria, os direitos de propriedade: usar, gozar e dispor. Primeiramente, porque embora o suporte físico constitucional tenha trazido a expressão “circulação”, juridicamente possui como significado a transferência de titularidade. Nestes termos, a mera saída do bem do estabelecimento não vincula o Fisco exigir daquele a expressão em pecúnia. Ao mesmo tempo, a Constituição veiculou a expressão “mercadoria”. Mercadoria embora seja espécie do gênero bem, com ele não se confunde, pois a mercadoria sempre será utilizada com o escopo de auferir-se lucro. Conceituou-se o aspecto material do arquétipo da RMIT. Aplicando-se ao caso concreto, não pode o Estado do Paraná exigir o recolhimento de ICMS pelos custos provenientes da expansão da rede. Não há mercadoria, não há transferência de titularidade. De igual maneira essa assertiva também atinge o custo com a perda de energia do sistema. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 9 O CTN expressamente proíbe a lei tributária alterar o significado dos institutos de direito privado. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Assim, ao definirmos o conceito de transferência de titularidade dever-se-á buscá-lo no Código Civil: Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. A simplicidade do enunciado é tamanha que torna qualquer argumentação sobre o tema ululante. O STJ possui diversos precedentes favoráveis ao Contribuinte: PROCESSO CIVIL - TRIBUTÁRIO - AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL - COBRANÇA DE ICMS COM INCLUSÃO EM SUA BASE DE CÁLCULO DA TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - TUSD - INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO ICMS - IMPOSSIBILIDADE - PRECEDENTES. 1. É firme a Jurisprudência desta Corte de Justiça no sentido de que não incide ICMS sobre as tarifas de uso do sistema de distribuição de energia elétrica, já que o fato gerador do imposto é a saída da mercadoria, ou seja, no momento em que a energia elétrica é efetivamente consumida pelo contribuinte, circunstância não consolidada na fase de distribuição e transmissão. Incidência da Súmula 166 do STJ. Precedentes jurisprudenciais. 2. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no REsp: 1075223 MG 2008/0161184-5, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 04/06/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/06/2013) D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 10 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ICMS. EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA. ILEGITIMIDADE. PRECEDENTES. TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUST E TUSD). INCIDÊNCIA DA SÚMULA 166/STJ. PRECEDENTES. 1. Discute-se nos autos a possibilidade de o contribuinte pagar ICMS sobre os valores cobrados pela transmissão e distribuição de energia elétrica, denominados no Estado de Minas Gerais de TUST (Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e TUSD (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica). 2. A jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que, nos casos de discussão sobre a cobrança de ICMS, a legitimidade passiva é do Estado, e não da concessionária de energia elétrica. Precedentes. 3. A Súmula 166/STJ reconhece que "não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte". Assim, por evidente, não fazem parte da base de cálculo do ICMS a TUST (Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica). Precedentes. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no REsp: 1359399 MG 2012/0269472-0, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 11/06/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/06/2013) AGRAVO REGIMENTAL EM SUSPENSÃO DE SEGURANÇA - ENCARGOS DA TUST - TARIFA DE USO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO E TUSD - TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA - LESÃO AORDEM E A ECONOMIA PÚBLICA CONFIGURADAS - INTERFERÊNCIA NO MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO. 1. A Lei nº 9.427/96, art. 3º, VI, atribuiu competência à ANEEL para fixar critérios para cálculo do preço de transporte de que trata a Lei nº 9.074/95, art. 15, § 6º. Assim, a questão atinente aos critérios utilizados na composição do preço cobrado pelo serviço de transporte é matéria atinente ao mérito do ato administrativo da ANEEL, não sendo possível ao judiciário nela intervir, a não ser para aferir a legalidade. 2. Ameaçada a ordem pública quando inviabilizado o exercício regular das funções institucionais atribuídas por lei à ANEEL, a quem competia definir quais os encargos que guardam pertinência com as despesas que compõem o "custo de transporte" de energia elétrica. 3. A obrigatoriedade do repasse dos valores referentes aos "encargos" propriamente ditos, independente de seu recebimento, e, ainda, a possibilidade do repasse dos custos que compõem a TUSD não pagos pelas agravantes aos milhares de consumidores, aliadas à D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 11 possibilidade de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, com previsível queda na qualidade dos serviços prestados à população, recomendam o deferimento da suspensão, para evitar lesão à economia pública. 4. Preenchidos os requisitos legais, impõe-se a manutenção da suspensão concedida. 5. Agravo Regimental não provido (STJ - AgRg na SS: 1424 RJ 2004/0149346-2, Relator: Ministro EDSON VIDIGAL, Data de Julgamento: 01/02/2005, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJ 06/06/2005 p. 172) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. LEGITIMIDADEATIVA DO CONTRIBUINTE DE FATO. UTILIZAÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO EDE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. ICMS SOBRE TARIFA DE USO DOSSISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO (TUSD). IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DEOPERAÇÃO MERCANTIL. 1. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato gerador a circulação da mercadoria, e não do serviço de transporte de transmissão e distribuição de energia elétrica, incidindo, in casu, a Súmula166/STJ. Dentre os precedentes mais recentes: AgRg nos EDcl no REsp1267162/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe24/08/2012.2. A Primeira Seção/STJ, ao apreciar o REsp 1.299.303/SC, Rel. Min.Cesar Asfor Rocha, DJe de 14.8.2012, na sistemática prevista no art. 543-C do CPC, pacificou entendimento no sentido de que o usuário do serviço de energia elétrica (consumidor em operação interna), na condição de contribuinte de fato, é parte legítima para discutir a incidência do ICMS sobre a demanda contratada de energia elétrica ou para pleitear a repetição do tributo mencionado, não sendo aplicável à hipótese a orientação firmada no julgamento do REsp 903.394/AL (1ªSeção, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 26.4.2010 - recurso submetido à sistemática prevista no art. 543-C do CPC).3. No ponto, não há falar em ofensa à cláusula de reserva de plenário (art. 97 da Constituição Federal), tampouco em infringência da Súmula Vinculante nº 10, considerando que o STJ, o apreciar oREsp 1.299.303/SC, interpretou a legislação ordinária (art. 4º daLei Complementar nº 87/96).4. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no REsp: 1278024 MG 2011/0140633-7, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de Julgamento: 07/02/2013, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/02/2013) Aliás, em caso análogo o Supremo Tribunal Federal seguiu o mesmo zênite ao reconhecer a não-incidência de ICMS sobre serviços de telefonia: D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 12 Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. HABILITAÇÃO DE APARELHOS CELULARES. A LEI GERAL DE TELECOMUNICAÇÕES (ART. 60, § 1º, DA LEI Nº 9.472/97) NÃO PREVÊ O SERVIÇO DE HABILITAÇÃO DE TELEFONIA MÓVEL COMO ATIVIDADE-FIM, MAS ATIVIDADE-MEIO PARA O SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO. A ATIVIDADE EM QUESTÃO NÃO SE INCLUI NA DESCRIÇÃO DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO CONSTANTE DO ART. 2º, III, DA LC 87/1996, POR CORRESPONDER A PROCEDIMENTO TIPICAMENTE PROTOCOLAR, CUJA FINALIDADE REFERE-SE A ASPECTO PREPARATÓRIO. OS SERVIÇOS PREPARATÓRIOS, TAIS COMO HABILITAÇÃO, INSTALAÇÃO, DISPONIBILIDADE, ASSINATURA, CADASTRO DE USUÁRIO E EQUIPAMENTO, ENTRE OUTROS, QUE CONFIGURAM ATIVIDADE-MEIO OU SERVIÇOS SUPLEMENTARES, NÃO SOFREM A INCIDÊNCIA DO ICMS, POSTO SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS DE SORTE A ASSEGURAR AO USUÁRIO A POSSIBILIDADE DO USO DO SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO, CONFIGURANDO AQUELES TÃO SOMENTE ATIVIDADES PREPARATÓRIAS DESTES, NÃO INCIDINDO ICMS. INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS ARTS. 2º, 150, I, E 155, II, DA CF/88. DESPROVIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. Os serviços preparatórios aos serviços de comunicação, tais como: habilitação, instalação, disponibilidade, assinatura, cadastro de usuário e equipamento, entre outros serviços, configuram atividades- meio ou serviços suplementares. O serviço de comunicação propriamente dito, consoante previsto no art. 60, § 1º, da Lei nº 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações), para fins de incidência de ICMS, é aquele em que um terceiro, mediante prestação negocial-onerosa, mantém interlocutores (emissor/receptor) em contato por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza (REsp. 402047/MG, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/11/2003, DJ 09/12/2003). 2. A interpretação conjunta dos arts. 2º, III, e 12, VI, da Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir) leva ao entendimento de que o ICMS somente pode incidir sobre os serviços de comunicação propriamente ditos, no momento em que são prestados, ou seja, apenas pode incidir sobre a atividade-fim, que é o serviço de comunicação, e não sobre a atividade-meio ou intermediária como são aquelas constantes na Cláusula Primeira do Convênio ICMS nº 69/98. Tais serviços configuram, apenas, meios de viabilidade ou de acesso aos serviços de comunicação, et por cause, estão fora da incidência tributária do ICMS. 3. A Constituição autoriza sejam tributadas as prestações de serviços de comunicação, não sendo dado ao legislador, nem muito menos ao intérprete e ao aplicador, D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , Lei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 13 estender a incidência do ICMS às atividades que as antecedem e viabilizam. Não tipificando o fato gerador do ICMS-Comunicação, está, pois, fora de seu campo de incidência. Consectariamente, inexiste violação aos artigos 2º, 150, I, e 155, II, da CF/88. 4. O Direito Tributário consagra o princípio da tipicidade, de maneira que, sem lei expressa, não se pode ampliar os elementos que formam o fato gerador, sob pena de violar o disposto no art. 108, § 1º, do CTN. 5. In casu, apreciando a questão relativa à legitimidade da cobrança do ICMS sobre o procedimento de habilitação de telefonia móvel celular, a atividade de habilitação não se inclui na descrição de serviço de telecomunicação constante do art. 2º, III, da Lei Complementar 87/96, por corresponder a procedimento tipicamente protocolar, cuja finalidade prende-se ao aspecto preparatório e estrutural da prestação do serviço, serviços meramente acessórios ou preparatórios à comunicação propriamente dita, meios de viabilidade ou de acesso aos serviços de comunicação. 6. O ato de habilitação de aparelho móvel celular não enseja qualquer serviço efetivo de telecomunicação, senão de disponibilização do serviço, de modo a assegurar ao usuário a possibilidade de fruição do serviço de telecomunicações. O ICMS incide, tão somente, na atividade final, que é o serviço de telecomunicação propriamente dito, e não sobre o ato de habilitação do telefone celular, que se afigura como atividade meramente intermediária. 7. Ex positis, nego provimento ao recurso extraordinário. (RE 572020, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-199 DIVULG 10- 10-2014 PUBLIC 13-10-2014) O precedente possui maior relevância porque a Constituição permite a incidência de ICMS sobre serviços de telecomunicação, entretanto, vejamos trecho do voto do Ministro relator: 3. A Constituição autoriza sejam tributadas as prestações de serviços de comunicação, não sendo dado ao legislador, nem muito menos ao intérprete e ao aplicador, estender a incidência do ICMS às atividades que as antecedem e viabilizam. Não tipificando o fato gerador do ICMSComunicação, está, pois, fora de seu campo de incidência. Consectariamente, inexiste violação aos artigos 2º, 150, I, e 155, II, da CF/88. Ou seja, foge do âmbito de incidência do ICMS qualquer atividade operacional anterior à transferência da mercadoria. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 14 Tampouco, poder-se-ia arbitrar no tempo o momento da realização do fato jurídico tributário, pois não há tradição. Outrossim, o próprio STJ no julgamento do REsp 222.810/MG definiu que a mera realização do negócio jurídico sem a efetiva transferência de titularidade “não caracteriza circulação de mercadoria”: "O ICMS não é imposto incidente sobre tráfico jurídico, não sendo cobrado, por não haver incidência, pelo fato de celebração de contratos", razão pela qual, no que se refere à contratação de demanda de potência elétrica, "a só formalização desse tipo de contrato de compra ou fornecimento futuro de energia elétrica não caracteriza circulação de mercadoria". Afirma-se, assim, que "o ICMS deve incidir sobre o valor da energia elétrica efetivamente consumida, isto é, a que for entregue ao consumidor, a que tenha saído da linha de transmissão e entrado no estabelecimento da empresa". Aprofundando-se no tema, o ADCT trouxe em seu artigo 34, § 9º a definição do fato jurídico tributário explicitando o aspecto material e temporal, a circulação, transferência de domínio na saída da energia elétrica: § 9º Até que lei complementar disponha sobre a matéria, as empresas distribuidoras de energia elétrica, na condição de contribuintes ou de substitutos tributários, serão as responsáveis, por ocasião da saída do produto de seus estabelecimentos, ainda que destinado a outra unidade da Federação, pelo pagamento do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias incidente sobre energia elétrica, desde a produção ou importação até a última operação, calculado o imposto sobre o preço então praticado na operação final e assegurado seu recolhimento ao Estado ou ao Distrito Federal, conforme o local onde deva ocorrer essa operação. Sucessivamente, a Lei Kandir, Lei Complementar nº 87/96, seguindo o mandamento Constitucional também regulamentou o âmbito de incidência: Art. 2° O imposto incide sobre: I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 15 Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; III - da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente; IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente; A Lei Kandir limitou-se a repetir o texto Constitucional com exceção à expressão “ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular” do inciso I, que embora estranho ao objeto deste caso concreto, é flagrantemente inconstitucional em razão dainexistência da transferência de titularidade: ICMS - CONVÊNIO - ARTIGO 34, § 8O, DO ADCT - BALIZAS. A autorização prevista no § 8o do artigo 34 do Ato das Disposições Transitórias da Carta de 1988 ficou restrita à tributação nova do então artigo 155, inciso I, alínea "b", hoje artigo 155, inciso II, da Constituição Federal. ICMS - PRODUÇÃO - ATIVO FIXO - SAÍDA - FICÇÃO JURÍDICA. Mostram-se inconstitucionais textos de convênio e de lei local - Convênio nº 66/88 e Lei nº 6.374/89 do Estado de São Paulo - reveladores, no campo da ficção jurídica (saída), da integração, ao ativo fixo, do que produzido pelo próprio estabelecimento, como fato gerador do ICMS. (RE 158834, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2002, DJ 05-09-2003 PP-00032 EMENT VOL-02122-03 PP-00514 RTJ VOL-00194-03 PP- 00979) Na síntese fática redigida anteriormente discriminou-se os itens que compõe a base de cálculo do ICMS na fatura de energia elétrica da concessionária, como o USD, grandeza que representa a remuneração pelo uso do Sistema. A própria Agência reguladora do sistema, em sua Resolução Normativa nº 414, de 09 de setembro de 2010, expõe a mensuração da tarifa pelo uso do sistema: D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 16 b) tarifa de uso do sistema de distribuição – TUSD: valor monetário unitário determinado pela ANEEL, em R$/MWh ou em R$/kW, utilizado para efetuar o faturamento mensal de usuários do sistema de distribuição de energia elétrica pelo uso do sistema. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012) Ainda, quando observada a Norma Geral e Concreta em paralelo aos precedentes das Cortes Superiores se torna fácil a compreensão: o Fisco Estadual usurpa os limites constitucionais espraiando o alcance da exigência do ICMS. 2 . 3 . D A N Ã O I N C I D Ê N C I A D O I C M S S O B R E A P O T Ê N C I A C O N T R A T A D A N Ã O U T I L I Z A D A Excelência, sobre a matéria não são necessárias maiores digressões, haja vista o STJ possuir Súmula sobre o tema: Súmula 391 do STJ: "O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada ". Fora pacificado que não pode o Ente político exigir ICMS sobre a potência contratada, mas não utilizada. 2 . 4 . O P R I N C Í P I O D A S E L E T I V I D A D E E A E N E R G I A E L É T R I C A O princípio da Seletividade foi inserido pelo constituinte com o claro objetivo de minimizar os vis efeitos da elevada carga tributária sobre as mercadorias essenciais para o exercício digno da cidadania. Muito embora exista uma banalização do princípio da dignidade humana é evidente que são correlatos. Art. 155, § 2º, III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 17 O Sistema tributário só existe para manter o custeio da máquina pública e fomentar as políticas de inclusão social. Pari passu, a energia elétrica é essencial ao Homem, representa seu mínimo vital. A Constituição não apenas se limitou a outorgar ao legislador o dever de observar a seletividade, mas taxativamente cerceou o exercício da competência legiferante explicitamente de outros impostos sobre a Energia Elétrica: § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. Vê se que o constituinte buscou veementemente proteger quem efetivamente suporta o custo financeiro dos tributos no Brasil, o consumidor. Não apenas o Poder Judiciário assim entende, mas a doutrina caminha no mesmo compasso ao definir o conceito de essencialidade2: Essencialidade é a qualidade daquilo que é essencial. E essencial, no sentido em que se está aqui utilizando essa palavra, é o absolutamente necessário, o indispensável. Assim, muito fácil é concluirmos que o critério indicativo da essencialidade das mercadorias, para fins de seletividade do ICMS, só pode ser o da necessidade ou indispensabilidade dessas mercadorias para as pessoas no contexto da vida atual em nosso País. Mercadoria essencial é aquela sem a qual se faz inviável a subsistência das pessoas, na comunidade e nas condições de vida atualmente conhecidas entre nós. Assim, não nos parece razoável colocar-se em dúvida a essencialidade da energia elétrica. A alíquota do ICMS incidente sobre o seu consumo não deve ser maior do que aquela geralmente aplicável para as demais mercadorias. A matéria, embora pacificada pelo Órgão Especial do e. TJPR, possui entendimento diverso no e. TJRJ, coadunando com os argumentos doutrinários. A 2 MACHADO, Hugo de Brito.O ICMS no fornecimento de energia elétrica: questões da seletividade e da demanda contratada. In: Revista dialética de direito tributário, n. 155, ago. 2008, p. 51-52. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 18 energia elétrica sofrerá a incidência de ICMS, mas em sua alíquota mínima genérica em consonância ao princípio da essencialidade: TRIBUTÁRIO - REPETIÇÃO DE INDÉBITO - ICMS - SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA E TELECOMUNICAÇÕES LEGITIMIDADE ATIVA DO CONSUMIDOR FINAL - DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADEDO ART. 14, VI, B, DA LEI Nº. 2.657/96 PELO ÓRGÃO ESPECIAL DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA - OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA SELETIVIDADE E ESSENCIALIDADE - APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA GENÉRICA DE 18% - JUROS A PARTIR DO TRANSITO EM JULGADO E CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC - DÍVIDA DE NATUREZA TRIBUTÁRIA ¿ SENTENÇA QUE SE MANTÉM. Afastada a preliminar de ilegitimidade ativa, porquanto o autor, como contribuinte de fato do tributo, é sujeito passivo da obrigação tributária e, portanto, possui interesse na demanda. O Órgão Especial deste Tribunal, pacificou o entendimento de inconstitucionalidade da cobrança do ICMS sobre serviços de telecomunicações e energia elétrica com base na alíquota de 25%, por violação aos princípios da seletividade e da essencialidade, dispostos no art. 155, §2º, III da Constituição Federal, devendo ser aplicada a alíquota genérica de 18%, acrescida do adicional de 5% relativo ao fundo de combate a pobreza, enquanto este perdurar. Incidência dos juros moratórios e índice da correção monetária sobre a condenação imposta, corretamente fixados. Dívida de natureza tributária. Negado seguimento ao recurso. (0394111- 46.2010.8.19.0001 - APELACAO - 1ª Ementa - DES. EDSON VASCONCELOS - Julgamento: 15/04/2015 - DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL) ICMS. REDUÇÃO DA ALÍQUOTA INCIDENTE NOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO E FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA. CONSUMIDOR FINAL, CONTRIBUINTE DE FATO, QUE TEM LEGITIMIDADE PARA DISCUTIR A INCIDÊNCIA DO ALUDIDO IMPOSTO SOBRE A DEMANDA CONTRATADA DE ENERGIA ELÉTRICA E NOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO STJ. - O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que, na arguição 2008.017.00021, já reconheceu a inconstitucionalidade do artigo 14, inciso, VI, alínea "b" da Lei Estadual nº 2.657 de 26/12/1996, cuja nova redação foi dada pela Lei 4683/2005, a qual fixou alíquota de 25% (vinte e cinco por cento) para a cobrança de ICMS nas operações de energia elétrica em que o consumo fosse superior a 300 quilowatts/hora D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 19 mensais. Violação aos princípios da seletividade e da essencialidade assegurados no art. 155, § 2º, da Constituição Federal de 1988. - SENTENÇA QUE SE MANTÉM. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO, NA FORMA DO ART. 557 DO CPC. (0024670-17.2011.8.19.0001 - APELACAO / REEXAME NECESSARIO - 1ª Ementa - DES. FLAVIA ROMANO DE REZENDE - Julgamento: 26/05/2014 - OITAVA CAMARA CIVEL) APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO PELO RITO ORDINÁRIO. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA E TELECOMUNICAÇÃO. APLICAÇÃO DE ALÍQUOTA MÁXIMA. CONTRIBUINTE DE FATO QUE PRETENDE A INCIDÊNCIA DE ALÍQUOTA PADRÃO, COM FUNDAMENTO NO PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE E CONSIDERANDO A ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO. LEGITIMIDADE ATIVA DO CONTRIBUINTE DE FATO Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Décima Oitava Câmara Cível 0083945- 62.2009.8.19.0001 - MT 8 QUE DEVE SER AFERIDA “À LUZ DA LEGISLAÇÃO QUE DISCIPLINA AS CONCESSÕES DE SERVIÇO PÚBLICO E DA PECULIAR RELAÇÃO ENVOLVENDO O ESTADOCONCEDENTE, A CONCESSIONÁRIA E O CONSUMIDOR”. PRECEDENTE DO C. STJ. QUESTÃO APRECIADA NA SISTEMÁTICA DOS RECURSOS REPETITIVOS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE QUE JÁ FOI RECONHECIDA PELO ÓRGÃO ESPECIAL DESTE E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA POR FORÇA DO QUE DISPÕE A NORMA REGIMENTAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVIDAMENTE ARBITRADOS CONSIDERANDO A DURAÇÃO DO PROCESSO E A COMPLEXIDADE DA CAUSA. RECURSO CONHECIDO. PROVIMENTO NEGADO. (0033329-19.2008.8.19.0066 - APELACAO - 1ª Ementa - DES. MARIA REGINA NOVA ALVES - Julgamento: 27/08/2013 - DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL) A matéria em verdade é controvertida, mas está próxima de ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal que recentemente reconheceu a Repercussão Geral: IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ENERGIA ELÉTRICA – SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO – SELETIVIDADE – ALÍQUOTA VARIÁVEL – ARTIGOS 150, INCISO II, E 155, § 2º, INCISO III, DA CARTA FEDERAL – ALCANCE – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 20 relativa à constitucionalidade de norma estadual mediante a qual foi prevista a alíquota de 25% alusiva ao Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços incidente no fornecimento de energia elétrica e nos serviços de telecomunicação, em patamar superior ao estabelecido para as operações em geral – 17%. (RE 714139 RG, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 12/06/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-188 DIVULG 25-09-2014 PUBLIC 26-09-2014 ) O Ministério Público Federal, custus legis nesse Recurso Extraordinário, apresentou parecer em 03/03/2015 por seu Procurador Geral. Nele, o Exmo. Procurador Rodrigo Janot extenuou assistir razão aos contribuintes do Estado de Santa Catarina, devendo a alíquota ser minorada para o mínimo legal, 17% (dezessete por cento) em estrita observância ao Princípio da Seletividade. O único argumento desfavorável aos contribuintes fora o pedido de modulação de efeitos para mitigar o ônus econômico com a repetição do indébito tributário. Vejamos trechos do Parecer: O reconhecimento da obrigatoriedade de aplicação da seletividade por critério de comparação é desdobramento do princípio da igualdade tributária (CF, art. 150, II), na perspectiva dos impostos reais e indiretos. O seu paralelo, no contexto dos impostos pessoais, é a progressividade, que, na dicção do art. 145, § 1º, da Carta Constitucional, será adotada sempre que possível nos impostos, de modo a compatibilizá-los com a capacidade econômica do contribuinte. De mais a mais, ainda que fosse o caso de considerar-se facultativa a aplicação da seletividade ao ICMS, uma vez feita a opção do legislador estadual pelo princípio da seletividade, passará, por lógica, a ser obrigatória a utilização do critério de comparação em virtude da essencialidade dos bens e serviços. Os mais essenciais deverão ser submetidos a alíquotas menores do que as destinadas aos supérfluos. As alíquotas devem ser inversamente proporcionais à essencialidade, para impedir que sua definição seja permeada de subjetivismo.(...) Tem o ICMS, na sua atual conformação constitucional,não só a função de arrecadar receitas para Estados e Distrito Federal, mas também de facilitar a circulação de mercadorias e a prestação de serviços essenciais, de um lado, e de D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 21 desestimular a de supérfluos e produtos prejudiciais à saúde da população, de outro. Segundo o magistério de Roque Antônio Carraza, a seletividade do ICMS pode ser alcançada por mais de uma técnica, como é o caso da criação de alíquotas diferenciadas, da variação de bases de cálculo e da criação de incentivos fiscais. Contudo, é na esfera da variação de alíquotas que a seletividade se faz mais facilmente alcançável7 . E esse é o ponto em que a Lei estadual catarinense 10.297/1996 deixou de atender ao art. 155, § 2º, III, da Constituição e, por corolário, ao princípio da igualdade tributária. Segundo o inciso I de seu art. 19, a alíquota geral de incidência do ICMS no Estado de Santa Catarina, em operações e prestações internas e interestaduais, é de 17% (dezessete por cento). O legislador estadual, abraçando a seletividade, discriminou, no entanto, alíquota especial superior, no patamar de 25 % (vinte e cinco por cento), para operações com energia elétrica, produtos supérfluos, gasolina automotiva, álcool carburante e prestação de serviços de comunicação.(...) Observa-se, de plano, a desproporcionalidade entre a alí- quota geral e a aplicada à energia elétrica e aos serviços de comunicação. Esse contraste é ainda mais nítido quando se tem em mente que a mesma alíquota incidente sobre produtos supérfluos é destinada à energia e às telecomunicações, essenciais ao exercício da dignidade humana.(...) Eliminada a regra especial que estipula alíquota majorada para energia elétrica e telecomunicações, tem-se que o ICMS de ambas cairá automaticamente na regra geral do Estado- membro (hoje sob alíquota de 17%). O contribuinte, por sua vez, terá direito de pleitear a restituição dos valores pagos nos últimos cinco anos, nos termos do art. 168 do Código Tributário Nacional. Ante o exposto, opina a Procuradoria-Geral da República pelo provimento parcial do recurso, com modulação dos efeitos da decisão pro futuro, na forma autorizada pelo art. 27 da Lei 9.868/1999. Brasília (DF), 26 de fevereiro de 2015. Rodrigo Janot Monteiro de Barros Procurador-Geral da República 2 . 5 . A I N O B S E R V Â N C I A D O P R I N C Í P I O D A S E L E T I V I D A D E P E L O E S T A D O D O P A R A N Á D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 22 Excelência, a Lei 11.580 de 14 de novembro de 1996 é a Lei Orgânica do ICMS do Estado do Paraná. Ela é a extenuação do exercício da competência legiferante do Ente Político para exigir do contribuinte ICMS nas operações com mercadorias. Resumidamente, o artigo 14 traz em seus incisos o percentual incidente sobre a base de cálculo que resultará na grandeza econômica da obrigação tributária: Art. 14. As alíquotas internas são, conforme o caso e de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) ou a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias - Sistema Harmonizado (NBM/SH), assim distribuídas: Para o serviço de comunicação e nas operações com energia elétrica, o Estado do Paraná determinou a incidência de uma alíquota de 29%: V - alíquota de vinte e nove por cento (29%) nas prestações de serviço de comunicação e nas operações com: a) energia elétrica, exceto a destinada à eletrificação rural; Infelizmente, para o Estado do Paraná, a comercialização de perfumes, cosméticos, e incrivelmente armas de fogo possui maior relevância para a observação do Princípio da Seletividade do que a operação envolvendo energia elétrica: III - alíquota de vinte e cinco por cento (25%) nas operações com: a) armas e munições, suas partes e acessórios (NCM Capítulo 93); f) perfumes e cosméticos (NCM: 3303; 3304; 3305, exceto 3305.10.00; e 3307, exceto 3307.20); Como alíquota ordinária, para as demais operações, estabelecera em 18%. VI - alíquota de dezoito por cento (18%) nas operações com os demais bens e mercadorias. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 23 2 . 6 . D O P R E Q U E S T I O N A M E N T O Por essa razão, incidentalmente no caso concreto, deverá ser declarado inconstitucional o artigo 14, V, “a” da Lei 11.580/96, em consonância ao controle difuso de constitucionalidade pela inobservância do princípio da seletividade consagrado no artigo Art. 155, § 2º, III da Constituição Federal, permitindo ao contribuinte a fruição da alíquota prevista para as operações ordinárias do inciso VI do mesmo artigo 14. 3 . D A A N T E C I P A Ç Ã O D A T U T E L A O Digesto Processual permite ao contribuinte a fruição do instituto da antecipação da tutela: Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação § 7º - Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. A verossimilhança das alegações consiste no conteúdo fático e meritório até aqui discorrido. Ainda sim, citar-se-ão novos argumentos:3 . 1 . D A S U S P E N S Ã O D A E X I G I B I L I D A D E D O C R É D I T O T R I B U T Á R I O A exigibilidade pertinente à confecção do lançamento permite à autoridade fiscal exercer sua atividade vinculada de cobrança, pois, há o nascimento do crédito com a veiculação dos dados que compõe a Regra-matriz de Incidência Tributária D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 24 concomitantemente ao início do marco temporal, o termo, que atribui ao contribuinte o dever de pagar o crédito sem a incidência de sanção resultante de sua mora. A Imperatividade3 é o exercício unilateral da vontade do Estado impossibilitando ao súdito manifestação de inconformidade, atingindo a perspectiva de ato potestativo. Consequentemente, o Direito Tributário refuta esta característica haja vista não ser o lançamento dotado de presunção absoluta remanescendo à própria tutela estatal quando impugnado suspendendo a exigibilidade do crédito e sobrestando a realização do exercício regular de direito do ente político, a cobrança. Em conformidade aos argumentos da professora Di Pietro: a autoexecutoriedade consiste em atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário4, naturalmente também esta prerrogativa não coaduna com o Sistema Jurídico Tributário o qual atribui ao lançamento a possibilidade de exigir o crédito e posteriormente à certidão de dívida ativa a cobrança por meio de processo de execução regido pelo Poder Judiciário. A ilustre professora ainda diferencia a executoriedade da exigibilidade, pois no primeiro a cobrança se dá de modo direto, gozando de sua própria máquina, enquanto na segunda de modo indireto, com a aplicação de “multas e outras penalidades administrativas impostas em caso de descumprimento do ato”. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário implica na impossibilidade do regular exercício de cobrança do crédito tributário pelo Ente Político. Neste átimo, aplicar-se-ia dois dos enunciados do suporte físico abaixo veiculado: Art. 151 - CTN. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) . Como citado no escorço fático e observando os documentos que instruem esta Inicial, as requerentes demonstram a impossibilidade da exigência de ICMS sobre os eventos veiculados adrede. 3 CARVALHO, Paulo de Barros, Op. Cit., 2012, 486p. 4 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Op. Cit., 202p. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 25 Excelência, como demonstrado na exposição fática e nos documentos juntados, há a exigência de recolhimento de ICMS sobre fatos jurídicos que não possibilitariam exigi-lo, como o custeio da manutenção do sistema de distribuição. Em verdade, o valor exigido supera 4x o real consequente da Norma Geral e Abstrata. Isto posto, o país enfrenta grave crise política e econômica, com milhares de demissões. As requerentes ao exercer sua atividade empresarial competem com outros contribuintes que já gozam deste benefício, o que resulta na diferença do custo da mercadoria, e motivará a malfadada competição desleal, colocando em risco a perpetuação de seu ofício no mercado. Outrossim, este aspecto possui condão filosófico. Para que serve o Direito? Aprendemos nos bancos acadêmicos que sua existência se dá para propiciar a paz social protegendo os bens jurídicos indispensáveis ao desenvolvimento da humanidade. Correlatamente, o patrimônio, fora inscrito no rol das garantias da pessoa humana, justamente quando da ruptura com o modelo de governo absolutista. Assim, o próprio sistema jurídico tributário subsome-se a primazia daquela garantia, observando a estrita legalidade, a capacidade contributiva e a progressividade. Neste breve contexto histórico, permitir ao ente abstrato exigir o recolhimento de pecúnia que não corresponda, ou melhor, que não tenha sua gênese na regra matriz na Constituição é ofensivo e afronta o Estado democrático de direito. Sabidamente, o Fisco, usurpa e abusa da literalidade do suporte físico da norma geral e abstrata que veicula a exigência do recolhimento, e mesmo diante da pacificidade do tema inscreve em dívida ativa, sem nem mesmo notificar o contribuinte, fundamentado na súmula 436 do STJ, no CADIN, e executa o suposto devedor, que em 3 . 2 . R E C E I O D O R I S C O D E G R A V E R E P A R A Ç Ã O D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 26 razão da presunção de veracidade, para poder oferecer sua defesa, deverá garantir o juízo. Por óbvio pergunta-se, retoricamente, isso é justiça? Não obstante, a jurisprudência coaduna com esses argumentos, e via de regra, defere o pedido de antecipação da tutela suspendendo a exigibilidade do crédito tributário para proteger o indivíduo que já suporta uma considerável carga tributária. Ao negarmos o exposto inverter-se-ão os valores do Estado Democrático. Deve- se sim, proteger o cidadão em detrimento ao do Fisco. É evidente que a continuidade da cobrança deprecia um bem protegido quando da ruptura do Estado absolutista, o patrimônio. Hoje, diante de um cenário de crise econômica internacional, qualquer acréscimo ao custo de produção cercearia a livre concorrência, e a cobrança indevidade tributo diminuiria sua competitividade, paulatinamente, perderia mercado diminuindo sua produção, tornando-se necessária a demissão de empregados que anteriormente contribuíam com a Previdência Social e agora fruiriam dos benefícios da própria Instituição. Por essa razão, para manutenir a Ordem Econômica, e em respeito ao Princípio da Razoabilidade, deve, respeitosamente, ser concedido o pedido de antecipação da tutela suspendendo aa exigibilidade do crédito tributário de ICMS sobre qualquer outro valor veiculado na fatura de energia elétrica que não seja efetivamente “Tarifa de Energia Elétrica”. “Para a obtenção da tutela liminar, a parte deverá demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela. E isto pode ocorrer quando haja o risco de perecimento, destruição, desvio, deterioração ou qualquer mutação das pessoas, bens ou provas necessárias para a perfeita e eficaz atuação do provimento final do processo principal” (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, “in” Processo Cautelar”, 6ª edição, Editora Leud, página 77). D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 27 Os princípios de direito, notadamente o da razoabilidade não são migalhas que o Estado dá ao cidadão quando lhe convém, retirando quando julga oportuno fazê- lo. Estes princípios são na verdade símbolos da liberdade, da democracia, do Estado de Democrático Direito, conquistados a duros sacrifícios. Permitir o pisoteamento das bases constitucionais seria renunciar às mais importantes conquistas sociais e caminhar par o retorno aos tempos de servidão. Muito se discute sobre a outorga, a vinculação do ato administrativo à decisão judicial. Há uma tênue linha que congrega a comunhão entre os poderes, a ponto de que subsumir o ato da administração pública à decisão judicial poderia ofender ao princípio em análise. Infelizmente com grande habitualidade, o agente público inobserva os corolários constitucionais e os respectivos direitos fundamentais, ainda que sociais. Há uma derrogação implícita na primazia do interesse coletivo, fruindo-se o servidor da literalidade legal para postergar-se ou mesmo não aplicar o dever- se no exercício de suas atribuições, ou ainda omitindo-se dos deveres a ele imputados. Logo, observa-se em algumas lides, ainda que de caráter exclusivamente privado, ao discriminar o caso concreto alcançando sua gênese, há a omissão do poder público ofendendo assim os direitos fundamentais das partes que figuram o processo. Contudo, é assaz pertinente ao Poder Judiciário mitigar a ineficiência da Administração Pública, julgando com esteio na conceituação dos direitos fundamentais, mesmo que decorra penalidade e vinculação a outro Poder. Observa-se, não há ofensa ao princípio da separação de poderes. Compete ao Poder Judiciário, representado pelo Supremo Tribunal Federal, a proteção dos direitos elencados no texto constitucional. Portanto,a vinculação do aresto ao ato administrativo lesivo, que ofenda o princípio da vedação ao confisco é sim passível de revisão, tão logo, seja conexo ao Estado Democrático de Direito a proteção da coletividade4. O Professor Hely Lopes Meirelles ensina em seu 'MANDADO DE SEGURANÇA - Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, "Habeas Data", 15ª ed., Malheiros Editores, São Paulo, 1994, p. 56": "A liminar não é uma liberalidade da Justiça; é uma medida acauteladora do direito do impetrante, que não pode ser negada quando ocorrem seus pressupostos". Não obstante, nestes termos assim leciona Betina Lara: D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 28 “A liminar de natureza cautelar tem como objetivo conceder segurança às partes contra os prejuízos que possam advir da demora dos processos judiciais. Evidencia-se, portanto, que a cautelaridade caracteriza-se pela presença de perigo que ponha em risco a prestação jurisdicional.” (LARA, 1994, p. 67) ““Para que a parte possa obter a tutela liminar, no entanto, é preciso que comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris) e a irreparabilidade ou difícil reparação desse direito (periculum in mora), caso se tenha de aguardar o tramite normal do processo. Assim, a cautela visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou do processo de execução (Nery, Recursos, n. 3. 5. 2. 9, pp. 472/473).” “Para a obtenção da tutela liminar, a parte deverá demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela. E isto pode ocorrer quando haja o risco de perecimento, destruição, desvio, deterioração ou qualquer mutação das pessoas, bens ou provas necessárias para a perfeita e eficaz atuação do provimento final do processo principal” (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, “in” Processo Cautelar”, 6ª edição, Editora Leud, página 77 Após o preenchimento dos pressupostos que permeiam uma favorável prestação jurisdicional ao contribuinte que se encontra constrangido, sem amparo legal, espera-se a razoável suspensão da exigibilidade do crédito tributário do ICMS sobre itens que não sejam a transferência de mercadoria ao contribuinte. D oc um en to a ss in ad o di gi ta lm en te , c on fo rm e M P n º 2. 20 0- 2/ 20 01 , L ei n º 11 .4 19 /2 00 6, r es ol uç ão d o P ro ju di , d o T JP R /O E V al id aç ão d es te e m h ttp s: //p ro ju di .tj pr .ju s. br /p ro ju di / - Id en tif ic ad or : P JS P 2 C M U Z Y S E N LZ D F N R B PROJUDI - Processo: 0003442-76.2015.8.16.0179 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, 28/10/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial www.nwadv.com.br Avenida Dr. Carlos de Carvalho, 417, 18º andar, conjunto 1804 – Curitiba Trade Center Building Curitiba/Paraná – CEP: 80.410-180 Fone (41) 3039-1500 / Fax (41) 3039-5774 29 4 . D O S R E Q U E R I M E N T O S Em consonância ao exposto, respeitosamente requer: a) Inaudita altera parte, a antecipação
Compartilhar