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Consolación Villafane Udry & \XIi lto n Duarte (orgs.) Uma história brasileira do milho o valor dos recursos genéticos Antôllio Babia Filbo Ernesto Paternialli Célia j\!f. T Cordeiro João Carlos Garcia José Ronaldo Magalbães) L uciano Lourenço lVass Manoel Xavier dos Santos lvmJiro Vilela de A nr/rade Sidlley Parentolli ]àbaré Abadie O ParOlelO 15 Direitos cxclusims para eSla ediç;to: Paralelo I; Editores Copyright e loon by Consol:tciún rillaf:uic rdry c ~'ilt()1I I)U:1I1l'. O PorOle lO 15 SCS Q. 06 . motO t\ • Edifício Presidentc, sala .~Il; 70.iOO ;00 BrJsília DF Fa.x : «060 223 5i02 - ~·onc . (06 1) .)l l 336.~ - e-mail: paralelol;@l llol.co11l .br t'R(1Il:rn IJ)/TUKL \L Franck Soudanl. 1'IUl'\It'4;\U I)lr:. UlIlGl\.\I$ An a Maria Loureiro. C\P\ Rol:uul, sohre foto do r.e!llro de DoculI1(·lltaç.io da Embr:lpa. ISB~ : 85·1l6.1 1 5-.\0·.1 Ficha c.lIalogdfica Udry. Consolación \'i1laf:llie lima história brasileira do milho -o ralor dos fCCllrros genético:; I COl1soJación \'i\I;ú,u"\C Udry & Willon Duarte (org.) - Bm,flja : Paralelo 15.2000. • 136 p. 1. fooli!llo . 2. Recllrsos genéticos, 3. Biotecnologia. I. 11dry. Consolación \'iII:úailc. 11. Duane, ,,'iholl. 111 . Tímlo. C J)LI: (.1\ IS (, '5.(,7 SUMÁRIO INTRODUyio 7 o nLOR DOS RECURSOS GE~(IICOS DE MILHO P,IR-I O B RASil. I I U,\t-\ AI\DRD.\(jEM IIISTÓRIC .. \ DA Ur1l17.,\ç..\O]){) GERMOI'L-\SM,\ ErneMo Paler1l;alli, lllcintUJ Lourenço Nass e AI,,"oel XaI 'ier dos Santos P ERSPECTIVAS DO PRÉ-MELHORAM ENTO DO MILHO 43 LllciatlO Lollrcllço Nnss e Ertleslo P"tertl;a"i A COI.EÇ~O ~CCLEAR DE GERMOPIAS~LI DE MILllO ~O BRASIL 65 Tabaré Abatlic, Célia M , r. Cordeiro. Ramim V. I/e Alldrtule, José R. MagallJl;es e S/dne)' N. Parento,,; IMPOIrr,\,\CIA E USO DE BANCO OE GEI~\IOPIASMA PARA O MELHORAME~TO GE~(IlCO VEGETAL - MILHO Ramiro Vilela de Amlratle VAI.OR·IÇ~O ECO~ÔMICA DAS CAl~ICTERÍSTICAS DO GERMOPAl-,~L-I DO MILlIO João Carlos Gflrcia Eco~o~m DA BIODlVERSllJADE PAI~ A AG IUCULTUR,( COllso/"dó" Vi/la/mie Udr)' 5 79 85 101 o tlfl/or dos n't'tl l-:'vs #e1/éliros de milbo pom u Brasil 4. Coleção de trabalho - destinada" conservação dos materiais com os quais o melhorista está trabalhando. Essa tem sido a coleção mais am- plamente utilizada pelos melhoristas, pois nela estão os materiais elites caracterizados com alta freqiiência de genes de interesse para os pro- gramas de melhoramento. No Brasil, a coleção de base tem 2.884 acessos, enqmulto a coleção ativa - BAG-Milho - conta co'm 2.396 acessos. Recentemente, foram repatriados 1.374 acessos que estavam sendo mantidos pelo banco de germoplasma do Cimmyt, os quais, oportunamente, serão incorporados ao sistema de con- servação a médio e longo prazos (Nass ef alii , 1999). De maneira geral , a utilização dos acessos mantidos nos bancos de ger- moplasma é baixa. Esse fato é observado tanto nos p:úses em desenvolvi- mento como nos pruses desenvoll'dos. As principais razões para a baixa utilização dos acessos disponíveis nos bancos de gennoplasma são: A. falta de documentação e descrição adequada das coleções; B. falta de informações desejadas pelos mel horistas; C. adaptação restrita dos acessos; D. número insuficiente de melhoristas, principalmente nos I"úses em de- senvolvimento; E. falta de avaliação das coleções; F. pouca disponibilidade de sementes, de\,do a esquemas de regenera- ção inadequados; G. troca de materiais entre os mclhoristas; 11. satisfação dos melhoristas com a variabilidade genética encontrada nos materiais elites; I. dificuldade em identificar genes potencialmente úteis; e J. ' ausência de programas de pré-melhoramento - pre-breedillg. No Brasil , Nass ef ali! (1993) realizaram um levantamento entre 34 me- Ihoristas de milho , dos setores público e privado, para avaliar o nível de utilização dos recursos genéticos disponíveis nos bancos de germoplasma. A utilização regular dos bancos de germoplasma é muito baixa (14%), sendo que a quantidade de informações disponíveis sobre os acessos foi conside- I1Ida, por 70% dos pesquisadores, como o fator mais limitante para a utiliza- ção dos acessos. Deve-se ainda enfatizar que a troca de materiais entre mclhoristas, no passado, era comum constituindo-se em excelente alternativa para ampliar 37 Sumário o MERCADO BRASILEIRO DE MILIIO Willoll Duarte ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MERCADO B1t ISILEIRO DE SEMEKTES DE MILHO Alltônio Bahia FiUlO eJoão Car/os Garcia AGRADECIM ENTOS AUTORES 6 133 167 173 175 INTRODUÇÃO o milbo ellco~ltr{/do junto às múmias da cu/lum Pré·incrlica Paracm há cerca de 7 mil flIIOS, enconlra-se in/aclo e conservar/o 110 MuseuAn IrojJolr{~ico de Lim{{. Qllando Hermrín Corlés conqllislou o imjJério 71JenochlillanJund(f. do em 1325, no lago I'excoco - Cidade do México - e Francisco [,izarra u império Ta/malll iIlSll)!O, no Peru, ambos ellcontl'flrtlm o milbo nelO só como alimenlo, mas estreitamente vinculado às tradições. O cartÍler sagrado do milbo, jJermerl/Jo as clI//uras da América Pré- colombiana e tradllzia a re/açeio de sobrevivência homem-I/Iilbo, lIn/{{ {Iez que esse milbo era incapaz de reproduzir-se. Nos séculos segll filIes, {/ cllllllra do milbo difill1dill-se m/lndo {{fora e ajJenas 110 séc/llo xx, com os primeiros bíbrirlo.\' e com {/ Revo/uçâo Verde, ocorreria um ,\'(/110 qUCII1- fi/a/il 'o 11(1 produtividade do milbo. Criou -se ri Oq~{mizaç{70 das Naç6es Unidas jJara a Agric/llI/ll'{/ e ;1limelllaç(/o - ['/lO e {{rede nl//IIdial jJal'{/ a cOllservaçüo de recursos gellét icos vegetais, tendo como centro de refe- rência pa/'{/ o lI/i1iJo, o Cenlro Inlernacional de Melborall/enlo Milbo e Trigo - Cimm)'l. No limiar do séCIIlo XXI, assislill/os à Revoluçeio Biolec- l1ológica, em que os incrementos de produtividade ocorrem nâo só }lor me/iJorfllnenlo clássico, n/(/s lall/béll/ jJor alle/'{/çc7o genélica - criaçtio de Organismo Genelicall/enle Modificados. O homem como Deus brinca, copia e recria a natureza. Eis aqui, onde, por jJaf({doxal que jJareça, o jlrocesso biolecnológico e a cOl1servaçtio dos recursosgenélicos seio ltio inlerdependenles. Nesle II/omenlo de Ir(/I1- siçc7o, conbecer o processo de melboramenlo do milbo, o papel de mal/1'- lel1çtio da diversidade e o valor econômico dos recursos genélicos, cons- I ilui inslrull/enlo valioso jJa/'{/ a conlinuidade das jlesquisas. A bislória do melhoramenlo do milbo no Brasil - relalada jJelo jJro- f essor Emeslo Falemiani a jlarl ir da jJrójJria e.ljJeriência COII/O alor so- cinlno desenvolvimento recente do melboramento 110 Brasil - permite 7 llma bistrJ!'Í(/ brrlsihdm do lIlilho visualizar o esforço público, econômico , científico e temporalllecesstÍ- rim'para o desenvolvimento do melhoramento de milho, elucidaI/do a importância dos reclll;ms genéticos e da pesquisa, Essa visáo do proces- so da pesquisa e de sua evotuçáo é partilhada com os melhoristas de milho DI' Luciano Lourenço Nass e Dr. A[anuelLourenço dos Santos, cons- tituindo a base de todas as pesquisas de recursos genéticos no pai" O DI', l'abaré Abadie e equipe puderam realizar 11m trabalho il1S11bstituível ao elaborar a primeira Coleçáo Nuc/ear de milho 110 Bra- sil, com 10% das amostras da Coleçáo de Base de milho, o que permite maior rapidez lia ava!iaçâo do gerllloplasma, diminuindo custos e pos- sibilitando amplo acesso aos melhoristas, A importância e uso de bancos de germoplasma de milho para o me- lhoramento genético es/â constatada no leval/tamento realizado pelo DI' Ramiro Vilel/a de Andrade sobre (/ utilizaçâo, pelos melhoristas, de alguns caracteres de importância da espécie Zea ma}s L Para responder à nova dinâmica econômica que demanda um valor para os recursos genéticos, o DI' joáo Carlos Garcia aponta um método de va/oraçáo dos recursos genéticos que está sendo utilizado como re}e- rência. A pesquisadora COllSulación Vi/lafmie Udr} desenvolve o lema deeco- Jlomia da biodiversidade e discute a racionalidade econômica nas ações e nas estratégias da conservaçt7o ex situ e in silu 110 Brasil, poisprecisam ser permeadas pelas análises econômicas que dêem a necessária consis- tência e jluidez /la mercado das utilidades geradas, dos benejlciários dos recursos genéticos. As aç6es estratégicas desenvolvidas na conse/va- çáo de recursos genéticos - incluindo a coleta de germoplas!l1a, intro- duçc7o, intercâmbio, quarentena, caracterizaçâo e cOllservaçâo - sc70 atividades pautadas por critérios técnicos C/Ija ràcionalidade econômi- ca não tem sido considerada. A lJa!oraçâo econômica dos recursos gené- ticos e o desenvolvimento de metodologias que permitam apreender à importância econômica atllal e potencial da collservaçâo,jimdamenla- se em cOl1sideraçae.-; econômicas, sociais e ambientais. A apreciaçâo sobre a evoluçâo do mercado brasileiro de milho, reali- zada pelo pesquisador l'1iltoll DI/arte Ferreira, indica a relevância eco- li flltror/urdo nômica e social do milbo para o desenvolvimento agrfcola brasileiro e a importância crescente que tem assumido as novas cultivares e bíbridos no aumento da produtividade dessa cultura. A muílise relativa ao mercado brasileiro de sementes de milbo reali- zado com agudez, conbecill/ento prático e teórico pelos Dr Antônio Babia FiIIJO e DrJocio Carlos Garcia conduz(/ um cenário do mercado/i/luro: o do nuulança instftucionalno campo da pesquiso cien/ifica e tecnológi- ca de ponta que de responsabilidade jJública estri sendo repassado ao setor privado, dada a crise fiscal dos estados nacionais e das jJolfticas neoliberais. 9 1 o VALOR DOS RECURSOS GENÉTICOS DE MlLHO PARA O BRASIL U,\L\ AI\,QMIMGEM III!'1TÓRlC:,\ DA I.JTlUZ:\ç.~O DO GERMOPL\SMA Enleslo Ptllerll;ll1l; LIIC;tIllO Lourenço Ntlss Manoel Xavier tios SlIlIlos * I NTRODUÇÃO A disponibiUdade de germoplasma é de fundament,~ importância para o melhoramento de qualquer espécie. Assim, lodo jJrogramCl de /IIe/bom- menta depende, em última análise, dos recursos genéticos exMellles lias ballcos de ger/llop/asm({ 011 ell/ liSO pelos ({griclI/lores. Esse germo- plasma é obtido a partir de variedades ou de raças existentes no ambiente. No caso do milho, foral1llltilizadas, inicialmente, variedades comuns, culti- vadas pelos agricultores c, posteriormente, foram re,~i zadas expedições de coleta para preservar a variabiUdade disponível em distintos nichos ecológi- cos. ESS;l> variedades não melhoradas apresentavam produtividade limitada c deficiências agronômicas, porém, devido a sua variabilidade genética, tais materiais possuíam potenci;~ para um melhoramento subseqüente. Vários materiais podem ser utilizados como material básico para o me- lhoramento - raças 10Gús, sintéticos, populações, Iubridos etc. -, m'l' , de maneira ger;~, O importante é saUentar que qm~quer programa de melhora- mento genético depende de germoplasma. Nenhum melhorista, por m,ús competente que seja, pode realizar melhoramento genético se não dispuser de germoplasma com características adequadas para efetuar processo de seleção ou COIll características que possam ser incorporad~L" em cultivares • Ernesto !)alerni:U1i é pesquisador do Depart:unento de Genética J:5ALQ/USI); Luci:Ulo Lou renço Nass, J>CS<luis:uJor d:1 Embrapa Rctursos Gcnc:ticos e Biotemolo~ia ; c Manoel Xa\icr dos San tos, da Embrap:I Milho c Sorp,o. 11 Eim:slo Palemialli. Luciano IDl/n:uço J\'r/ss (. Mal/oel Xi//'iel' (/0.,' Sal/lo.\' de alto potencial para a agricultura; na verdade quanto maior a variabilida· de disponível, maiores ,L, chances de sucesso no melhoramento genético. A seleção, obtenção e aproveitamento do germoplasma para program 'L, de melhoramento pode se conSlÍluir em tarefa fácil ou difícil, e está na de- pendência da fonte/origem do material. É tarefa fácil quando são utilizados lulJridos ou sintéticos de uma coleção de trab,dho; é tarefa difícil e árdua quando são luilizados acessos de coleta que possuem complexos gênjcos qualitativos ou quantitativos de interesse para adaptação e uso jJer se ou quando são utilizados em cruzamentos visando ~L transferência de caracteres de valor econômico. Neste caso, tempo e paciência são requisitos funda· mentais para se obter o sucesso esperado. Poucos, na verdade, são os resul· tados relatados na literatura, pois, por um lado, os Illclhoristas quercm rc· sultados imediatos e, por outro, pouca atenção foi dada para a caracteriza· ção do germoplasma por fatores especiais - doenças, pragas, estresses abióticos, qualidade de grão ete. Essa situação, entretanto , cstá sendo mu- dada devjdo aos avanços da biologia molecular. Esforços em nível mundial estão sendo direcionados para a caracterização morfológica C molecular do germoplasma. Dessa forma, a v:doração dos recursos genéticos assume pri - oridade em nível internacio nal , em virtude do milho ser tratado como coll1l11odit)' especiali l.lda. A ESPÉCtE ZEA ~L4YS E SUA DIVERSIDADE GENF.TtCA o milho é lima gramínea que pertence ~l famnia Poaceae e à espécie Zea 1//(/)'s L. Todos os milhos existentes pertencem a essa única espécie que é polilípica, existindo muitos lipos e muitas raç,L' de milho denlro dessa espé- cie. Tal situação é parecida com o que ocorre na espécie humana, na qual são identificadas \"Árias raças dCnlro da espécie Homo,,·ajJiens. O milho é uma gramínea pertencente a tribo M(I)'deae que, por sua vcz, compreende sete gêneros, dois nativos do Hemisfério OCidcnt,d - Ze(/ C li·ijJsaclIlI/ - C cinco da t\sia - Coix, CbionClcbne, poó'tOCCI, Sc/eracblle e Trilobacbne. O gêneroZea compreende cinco cspécies: Z. m{~}'s , z. mexicana, Z./uxurians , Z. dijJlojJerel1nis e Z. jJerenllis. As quatro últimas são comumenle denomi - nadas tcosinte. O gênero Zea apresenta 2n = 20 cromossomos, com cxcc· ção de Z. jJerel1nÍs, que é telraplóide. O cruzamento do milho com os vários 12 U {'(Ilor dos reC/(rsos gmélicos de milbo //flm o Brasil Icosimes são viáveis e produzem lubridos férleis, excelO com Z. perennis. O gênero TrijJsacu/II é um pouco mais dislanciado do milho em relação ao leosinle, mas lambémlem cerla proximidade. Exislem várias espécies de 7iipsaclI/II, por exemplo, 7: jloridall1l/ll , T. dact)'loides, 7: !1wizar, 7: tlaslrale, entre outras. A espécie milho é provavelmente a que conta com maior variabilidade genética enlre loda.> a.s planlas cultivadas. Existem, hoje, idenlificadas cerca de 300 raças de milho c, demro de cada raça, milhares de wriedades. O milho é cultiVílC!O em prati camente todos os continentes, em todas as condi- ções, porém, para cada região, existem milhos distintos com adaptação es- pecífica. Por exemplo, exiSlem variedades de milho adaplad'L'" alta ,dlilu- de, como o milho de Cuzco, que só se desenvolve acima de 2.50001 , no Cuzco, Peru , assim como existem milhos adaptados a áreas de haixa altitu- de, ,dém de lipos que são cultivados desde laliludes do exlremo Norte ao extremo Sul. Observa-se, portanto, grande variabilidade genélica quanto à adap,abilidadc do milho em diferenles condições ambiemais. Conslala-se variabilidade para pralicameme lodos os caracteres da planla, dos grãos e da espiga. Também há "'lriabilidade com relação ao porle, com planlas de cinco metros e outras com pOllCOS centímetros de ahura. Detecta-se v'Jriahi- Iidade quamo" composição química do grão, do endosperma C" qualidade de proleína. AJém da ampla variabilidade genética, o milho (em lima característica bastante importante quanto ao seu nível de domesticação. Trata-se da espé- cie cultivada que atingiu o mais elevado nível de domesticação, o que faz com que o milho só sobreviva quando cuhivado pelo homem, uma vez que perdeu a capacidade de sohreviver por si mesmo na naturez.1. O milho tam- bém é a espécie que apresema a capacidade de produzir a maior quantidade de alimemo por unidade de área e por unidade de lempo. Exislem milhos quc produzem 3, 4, 5Vha c, conforme o melhoramcnto genéticoe o manejo da cuhura em lermos de adubação e de IralOS cuhurais, certos híbridos podem chegar a produzir 20i/ha ou mais, o que é uma produção bastanle signi ficativa, considerando que isso é obtido em cerca de quatro meses ou pouco mais. Com toda essa diversidade disponível, o mclhorisla pode conduzir seu Irabalho de melhoramenlo para produzir variedades e híbridos mais produ- tivos e mais adaplados '15 necessidades do agricuhor. Compele, naturalmen- 13 HmesJo P""'TlIill1l1: I.uciano WUfL7/ÇQ N(I .. <;$ & Ma1loel Xtll'it-'T dos Sanlos te, aos pesquisadores ou aos órgãos de pesquisa o aproveitam enio e a ma- nutenção dessa variabilidade genética. Normalmenle, a obtenção c a manu- tenção dessa variabilidade genética têm sido feitas por bancos de germo- plasma, os quais mantêm as amostras individualizadas c em condições con- troladas. Esses bancos são disponíveis, hoje, para praticamenle tod;L, as plan- tas cultivadas e, naturalmenle, os bancos de germoplasma estão localizados em instituições diferenles c que se especiali7.aram para as diferenles espé- cies. RAÇAS DE MILHO DESENVOLVIDAS I'ELOS I'RIMEIROS IIABITANTES DA A.\ltRICA 00 SUL E SUA lITtLlZAÇÃO PELO HOMEM CIVILIZADO o milho, pelo que se sabe, é origimírio da América Centr-.rJ ou do México, tendo sido desenvolvido nos últimos 8 mil anos. Existem várias teorias sobre a origem e a evolução do milho, mas a mais acei ta hoje é que foi originado do teosinle, que é uma granlínC'd. Essa planla é muito parecida com o milho, porém produz uma espiga muito pequena e grãos que podem ser moídos para fazer farinha; também podem ser utilizados na ;dimenlação c estoura- dos no fogo, dando um tipo de pipoca. De qualquer tmUleira, os povos pri- mitivos que habital".lm a América Centnd conseguiram domesticar o milho e, ao mesmo tempo, por seleção, produzir um número bastante grande de raças. Quando o europeu chegou à América, em 1492, já encontrou vários tipos de milho domesticados c cultivados pelos autóctones. Posteriormente, todo esse material foi devidamenle estudado e classificado com relação às suas raças. Na América do Sul, foram encontrados os milhos indígenas cultil"Jdos pelos índios, sendo que, mais tarde, alguns foram adotados pelo homem ocidenl,d e se desenvolveram nas chamadas raças corgerciais anligas. Poste- riormente, foram introduzidos milhos de outros locais da América Central c da América do Norte, resultando nas raças comerciais recentes. Entre os milhos indígenas, a maioria é constituída por milhos de grãos farináceos, muito moles, que se prestam à moagem e à produção de farinha. Entre esses aparece o GuanlOi, cultivado pelos índios Guamni - Paraguai , Bolívia e regiões adjacentes do Br-dSil-, denominadoAvatí Morolí. A maio- 14 o mlor das recursos gemjHcos de mil/Xl !,am o Brasil ria dos milhos Guar<lI1i apresentam grãos amarelos, com uma camada de aJeurona amarela, mas com a parte intcrna branca. Havia também O milho Avatí MOl'otí branco, com todas as estruturas brancas. Outro tipo era o miUlO dos K:lingang, que é um grupo indígena que vivia desde o Uruguai até o estado de São Paulo. Esse milho Kaingang é também de grãos amiláceos, porém dentados e normalmente brancos, de espigas cilíndricas, ocorrendo variações na coloração do grão, como vermelho, variegado e roxo. Havia também o milho entrelaçado, cultivado numa extensa área amazônica. Esse tipo apresenta espigas extremamente longas - 30cm ou mais - e as fileir<L' são e ntrclaçada..~ ao invés de retas, corno ocorre no milho em geral. Os mi - lhos entrelaçados são amiláceos e com muita variação na coloração dos gr<los: amarelo, vermelho, variegado, azul ete. No Rio Grande do Sul, foi encontrada uma mça chamada Lenha, de grãos bmncos amiláceos, espiga curta com elevado número de fileiras, geralmente acima de 20 fileiras de grãos. Sua distribuição é muito restrita. Entre os miUlOS indígenas, havia ,linda os de pipoca, desenvolvidos prin- cipalmcnte pelos GUílItUli, no Paraguai. Predominava o pipoca de gIllOS re- dondos, mas também era muito comum o de grãos pontudos. Grande parte dos milhos pipoca comerci,lis utilizados hoje são oriundos desse pipoca dos Guarani, tanto que uma vílriedade imporlante dos Estado Unidos é chamada SO/l./bAmel'icanl'opcol'/1.. Os Guarani também cultivavam um tipo de milho de grãos duros, chamado jlint, de cor branca. Adotado pelo homem civili- z::ldo, passando a ser cultivado para fins especiais, originando a variedade conhecida com o I,1ome Cristal e que é usada princip::~l1lente para fazer can- jica. Em toda a costa atlântica, da Argentina às Guiana.'i, viviam os Índios 1\lpi que cultival'.,m, essencialmente, milhos de grãos duros de cor laranja escu- ra, o qual originou O milho Cateto que foi adotado pelo colonizador. Esses são os principais milhos desenvolvidos pelos índios na Améri ca do Sul e tiveram grande importância no melhoramento genético atual, princi- p,dmente o milho Cateto - duro de cor laranja - , bem como o Cristal - duro de cor branca -, mesmo se com menor expressão. 15 Enu:slo Palemimli. LlIámlO l.olll'e1IÇQ Nass & MaNoel Xm:ier do.,\' Jaulos RAÇAS DESENVOLVIIlAS DE III'fRODUÇÕES EXÓTICAS Por ocasião da Guerra da Secessão, nos Eslado Unidos, por volta de 1860, muitos americanos imigraram para o Brasil e trouxeram milhos cultivados naquele país. Esses milhos eram de grãos dentados com produção superior aos catetos, normalmente de gr'los amarelos, porém ,~guns também de grãos brancos. Com a introdução dos milhos americanos, ocorrcram cruzamcn- tos com o cateto, dando origem a variedades que apresentavam gennoplas- ma cateto em combinação com miUlOS dentados. Por volta de 1915, houve nova introdução de milhos dentados americanos efetuada pelo secretário da agricultura de Minas Gerais, Benjamin Hunnicut. Em \1sita aos Estados Uni- dos, ficou impressionado com o comprimento das espigas expostas nas feiras agrícolas, e tomou a iniciativa de trazer amostras para o Brasil. Tais ntilhos passaram a ser cultivados e naturalmente Cruzaranl com o cateto, resld~U1do em inúmeras variedades. Antes do início da era do milho hnlrido, o que existia no Brasil era o cultivo em grande quantidade do milho cateto - grãos duros de cor laranja - e também dos milhos provenientes do cruzamento de cateto com os mi- lhos americanos dentados. Essas variedades ficaram conhecidas por nomes region:us: ltaici, Caiano , Argentino, Dente-de-caV'JIo etc. Entretanto, todas aprescntaval11 uma call1cterística semelh;mte, o tipo de grão dentado amare- lo mais produtivo que o cateto. Os diversos tipos encontrados em São Paulo foram denominados milho Dente Paulista. Os milhos originários dos Estados Unidos também foram introduzidos no Rio Grande do Sul, porém não se cruzaram com o cateto, permanecendo mais ou menos separados, recebendo também uma série de nomes locais, os quais podem ser agrupados como Dentados Riograndenses. Nessa re- gião, antes da era do milho híbrido, existiam milhos tanto de cor amarela como de cor branca. Posteriormente, foram realizadílS algumas introduções de nulho branco de grãos graúdos, espigas compridas e de oito fileiras , denominado Hickory King, o qual era cultivado no Paraná, mas que não tinha uma produção muito eleV'Jda, como os demais tipos. Na Bahia também foi identificada uma raça de milho, a partir de uma variedade da América Central chamada Tusón, um milho dentado de espigas muito grandes de gr-ãos amarelos, porém com certa freqüência de grãos avermelhados, devi- do a coloração do pericarpo. 16 o /lalor dos reClmos genélicos de millXJ para u Brasil Os tipos descritos anteriormente eram os princip'ús milhos existentes na América do Sul, especi,dmente no Brasil, antes da era do milho hfiJrido. Antes do início dos trabalhos com milho híbrido - que ocorreu no Brasil entre 1930 e 1932 - , ha\;a ,dguns trabalhos de seleção, mas muito simples, consistindo na escolha de espigas, resultando em uma série de variedades cultivadas pelosagricultores, as quais receberam nomes específicos. Entre- tanto, alguns agricultores com nllúor efici ência e atenção, conseguiram va- riedades que, segundo informações informais, apresentavam características que indicavam superioridade em termos de produti\;dade. De qualquer ma- neira, os trabalhos eram muito simples, uma seleção l1lass;:~ sem muita tec- nologia. PRIMEIROS TRABALHOS DE SELEÇÃO E OBTENÇ,\o DO MILHO HIBRlDO Os trabalhos de melllonHllento com milho Illbrido tiveram origem por volta de 1930, simultaneamente no Instituto Agronômico de Campinas - IAC, no estado de São Paulo, e na Universidade Federal de Viçosa - UFV, em Minas Gerais. O então diretor do IAC, Carlos Arnaldo Krugg, esteve nos Esta- dos Unidos fazendo seu PhO e sua tese versou sobre a heterose ou vigor de híbrido no milho. Assim que retornou ao Brasil , deu início aos trab,dhos para desenvoh;mento do milho híbrido. Glauco Pimo Viegas, chefe da seção de cereais, liderou esse programa durante muitos anos, assumindo, poste- riormente, o cargo de diretor do IAC e a Secretaria da Agricultura de São Paulo. Inicialmente, foram conduzidos trab,dhos procurando a obtenção de linhagens de milho cateto, uma vez que o milho cateto era o mais popular entre os agricultores. Ao utilizar várias gerações de autofecundação, foram obtidas muitas linhagens e os primeiros Illbridos fonull conseguidos por volta de 1945. Os primeiros híbridos, apenas com linllllgens cateto - de grãos duros e alaranjados -, não eram muito produtivos, embora fossem bem mais produtivo do que o milho cateto. Em Viçosa, o professor Gladstone de Almeida Orununond - que trabalha- va IlllUS com estatística - c o professor Antônio Secundino de São José Araú- jo - mais envolvido com genética-, tomaram conhecimento do milho híbri- do nos Estados Unidos e resolveram iniciar um programa de produção de milho híbrido no Brasil. Trataram de obter linhagens de cateto e linhagens 17 Em('slu Pa/emiall i. I.UCÍlIIIO lmm:nço N(l~, [. MmlOt1 Xal'Í(-r dos S(lnla~ de milhos dentados c, pela primeira vez, obtiveram um hn,rido semi -denta- do, cruzando linhagens cateto de grãos duros com linhagens de milho de grãos dentados. Devido ao I;gor de lul>rido entre o milho cateto e o milho dentado, o híbrido resultante era muito mais produtivo do que aqueles obti- dos apenas com linhagens cateto. Esse hn,rido semi-dentado foi, na ocasião, bast:Ulte criticado, uma vez que havia a idéia de que os milhos deveriam ter um padrão estabelecido, quer dizer o milho deveria ser duro ou dentado, mas não se admitia a existência de um milho intermediário. Em verdadc, com o tempo, essa idéia não prevaleceu e o milho semi-dentado passou a ser b;c;tante popular no Brasil. Em I;S'" dos resultados, o programa do lAC também passou a adotar a mesma linha, tratando de obter linhagens de milhos dentados e produ7ir os híbridos semi -dentados, o que correspondeu a um aumento de produti vidade muito significativo em relação aos hn,ridos obtidos apenas com germoplasma cateto. O programa de milho hn,rido iniciado em Viçosa deu origem à empresa Agroceres, fundada pelos dois pesquisadores, sendo a primeira empresa priv:.da a desenvolver milho lubrido no Brasil. Com o tempo, out ras insti tui - ções públicas passaram também a conduzir trabalhos para a produção de milho híbrido, especialmente as secretarias de agricultura do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. Os programas de milho híbrido utilizavam a metodologia padrão, que consistia essencialmente cm autofecundar phmtas das variedades existcntes como cateto ou milho dentado para a obtenção de um número muito grande de linhagens. Após várias gerações de autofecundação - seis, sete oum:us- , as linhagens cram avaliadas quanto ;IS suas características agronômicmi. As melhores eram cruzadas e dessa nWleira era possível identificar quais as linhagens que tinham melhor capaodade de combinação, isto é, capacidade de dar bons híbridos. Dessa forma, foram escolhidas linhagens que seriam utilizadas como genitores dos hJl1ridos. Os programas de milho híbrido tiveram cada vez m,us aceitação e o mi- UlO lubrido semi-dentado passou a ter grande popularidade entre os agri - cultores. Por outro lado, os milhos semi-dentados não tiveram muita aceita- ção especialmente no Rio Grande do Sul c também em Santa Catarina, pois os agricultores preferiam milhos dentados. A razão é que nesses loc;us pre- dominavam agricultores mais tradicionais, de origem germânica, que tinham muito mais tradição c interesse na manutenção de suas variedades. Portan- /8 to, era difícil a aceitação de um milho dc grãos totalmente diferentes, o que levou à concentração na ohtenção dc linhagens só de milho dentado, ou seja, hast;ulIc semelhantes aos materiais e llS variedades utilizadas pelos agri- cuhores sulinos. Em São Paulo, a situação foi diferente, pois os agricultores não eram tradicionais manlcncdores de varic{bdcs, ou seja, não se preocupavam em seleci onar c Cllllllantcr \t;:lricdadcs geração após geração. Normalm ente. os agricultores vendiam toda a produção C no ano seguinte adquiriam as se- mentes no mercado ou de outros agricultores, riz inhos. \'cssa si tuação , não houve prob1cm ,l>; na aceitação de um hOJrido totalmente novo, com grãos diferentes como os tipos semi -dentados. É por essa razão que em São Paulo, no Paran;í e em Min;LS Gcrais;1 aceilação do milho semi-dentado foi b'Lstal1le rápida e fácil. \ I .. : ESTABELECIMENTO 00 8i\NCO DE GERMOI)U SMA No início do cstabclecimcnto dos bancos de gennopbLsma, não hm;a cons- cien tização sohre a imporflllcia do material genético hásico. No caso do milho, os hancos de gcnnoplasma ti veram origem com os trabalhos da Fun- dação Rockefeller, no México. Em 194:\, a produçOio de milho no México era insuficicntc para sua população de 20 milhões de habi tantes , sendo por- tanto neccssário importar milho, uma vez que é a basc da :~imcntação mexi- cana. O governo mexicano solicitou então à FundaçOio Rockcfeller que de- senvolvcsse um programa de melhoramel1lo de milho, de Irigo e dc outm' espécies, m;L' com ações p,;oritári :Ls para O milho c o trigo. Os pesquisado- res iniciaram cssc programa em 1943 e o primeiro trahalho, no caso do milho, foi um le"lntamcnto dos milhos cxistentes no México. Verifi cou-sc quc havia grande diversidade de tipos dc raças. '15 quais foram dc\;damentc cstudadas e classificadas, resultando cm 25 raças dc milho dcscritas. Esse trah;~ho revelou que o milho possui um poten cj;~ de germoplasma bastante diversificado c que dcve scr preservado, uma vez quc pode ser mu ilo Íl til em programas dc melhoramento. Essa diversidade no México trouxe o intcressc de vcrifi car se havcria tam - bém uma diversidade de germoplasma em outros p:úses, sendo conseqüen- temente conduzidos estudos semclh:mtcs na Colômbia, na Venezuela, no Peru . 19 /:'mes/o Ptll('rJ//rIlIi. LIIÓa1lU 1.l.JIm:/lço Nass & Mauoel Xal"iel" dos 'imllos na Bolívia e, evidelllcmCllIe, no Brasil. No Bf<L,il, o Departamento de Genéti- ca da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ foi incumbido de efetuar um estudo das raças de milho existentes no Brasil e nos países adjacentes. O trabalho teve origem em 1952 e, nessa ocasião, o chefe do Departamento de Genética era Frederic Gustav Brieger, que sempre se preo- cupou muito com estudos sobre o milho, principalmente ligados à evolução, mas também com aspectos voltados para o melhoramento. Brieger preocu- pava-se também com os milhos indígenas, procurando obter amostras culti- vad,L'\ pelos índios c, em seus contatos com mjssionários e antropólogos, sempre recebia material interessante para pesquisa. Ernesto Patemiani passou o ,Ul0 de 1951 no México, no Programa Agrí- cola Mexicano da Fundação Rockefeller. Ao regressar, passou a fazer parte do DepartamcllIo de Genética da ESALQ, tendo a incumbência de desenvol- ver o B'U1CO de GenllopIasma de MilllO. Essa experiência permitiu a Paterniani conhecer as raças de milhomexicanas e as metodologias de melhoramento lá utilizadas. Inicialmente, foram efetuad'L' \iagens de coleta de nulho, juntamente com colegas como José Teófilo Gurgel. No interior do Paraguai, durante cerca de um mês, foram coletad'L' algumas centenas de amostras dos milhosAvatí Morolí e também uma série de variedades de milho pipoca, tanto de grãos redondos, como de grãos pontudos. Foram tíllnbém condtlí'jdas viagens com Warwick Estevam Kerr nos estados do Paf<U1á e de Santa Catarina, \isitando especialmente os Índios Kaingang. Nessa ocasião , foram coletadas amostra.s características do milho cultivado por esse grupo indígena. Ao mesmo tem- po, foram efetuadas viagens de visita a agricultores, principalmente em São Paulo e Minas Gerais, sendo obtidas várias centen'LS de amostras de milhos catetos, dentados c semi-dentados. Foram também encontradas amostras muito interessantes de milho crist:d. No sul de Minas Gerais, por exemplo, havia uma variedade chamada Prata, de espigas grandes, compridas, de grãos duros e brancos. Desse modo foi possível obter uma coleção bastante repre- sentativa dos principais milhos cultivados, no Paraguai , pelos índios, princi- palmente os Kaingang. Também foram obtidas sementes de milho entrelaça- do, cultivado por índios da Amazônia. Como resultado dessas expedições, o banco de germoplasma de milho do Departamento de Genética, em pouco tempo, contou com m,tis de 3 mil amostras de sementes. Natur:dmente, esse materi:d foi plantado, estudado e 20 identificado quanto :L'i suas carac!crísti Cíl" 1ll0l{ol6gicas e agronômicas. C0l110 freqUentemente as sementes olHidas eram em pequenas quantidades, houve a necessidade de multipli car 'lS amostras. Cada amostra fo i plantada c, por meio de pounizações manuais, foi realizada :Ill1ultiplicu;ão {h" amostras. De\'e-se observar que ti organização e o desc ll vohimcnto de um banco de germoplasma é lima at ividade bastante complexa, pois: A. envolve desde ,i coleta nos locais onde esses milhos são cult ivados, muitos dos quais são de difícil acesso. o que torna as expedi ções mui to longas e trahalhosas; B. depois de obtidas as amostras, existe UIlI trahalho muito intenso dt , identificação , descrição, e avaliação desses materiais; e C. é necessário que o banco de gennoplaslll:t mantenha as amoslras em boas condições para serem utilizadas pelos PCS<luis;uln!'C.'s. íL ... sim , Ilara cada acesso, deve existir lima quant idade suficiente de scmcntes com ,dto poder de germinação para utili zação. ou seja, esses materiais têm de ser plantados periodicamente. Toda essa iniciativa é UIlI trahalho de rotina, porém extremamente impor- tante e essencial, sendo que essa condição rotineira não l)lltusiasma os pesquisadores. lima vez que a manutenção dl' material em banco de gl' rmo- plasma nem sempre proporciona um retorno cien tífico correspondente ao trah,dho enl'ohido . De qualquer Illaneira. esse hanco de ~ermoplaslll a foi conduzido durante cerca de I i anos no Departamento de Genética da ESAU! . Uma alte rnati\'a que foi ut ilizada para minimizar o trahalho de manulen\:ão do banco foi o de identificar amostras muilO scmelhantes l' rl'presentati \'as da mesma variedade, as quais foram então agrupad:l'i elll populações. Assim, tod~L" as amostnl ... do banco de gennoph"' llla foram plantad:L" . obser\~l(hL" c a\ ... ~ ia<h~ indhidu~~mentc . A" amostras foram obsl'l\wll'" com relação aO tipo de planta e rua., parol o florescimento. Após a colheita, t,unh{'11l quanto:to tipo de grão, tipo de espiga, coloração etc. Dessa lJlaneira, aqudas mais de :1 mil amostras de milho existentes no banco foram reunidas ell1 cerca de 95 po· pulações. Não se justificava Illuito a manutcn\':"io dCSS~L" alllos tr~L" indi\1t1ual· mente, pois isso leria lima série de illconrenicllIes, além do trabalho envol- vido. Esse esquema nem sempre contou com o apoio de muitos pesquisado- res, pois consideravam que :L"':; :lmostra'5 de\'eriam ser m:Ultid:L" indiyidualizadíl" para sempre e não mistllrad~l" ou combinad:l" com OulnLO;;, mC:-;JllO que Illuito semelh,Ullt's. 21 Em,:,/o /'tI!L7'l lÍtllIl. Llicia!lo ÚJIi /'L'II{'O • \(L'\.~ (. .Ifalloel ,\iu ·ier do.,' .\(m/os Segundo Paterniani I'< Goodman ( 1977) , a manutenç:io de amostras indi- viduai s deve considerar os seguintes aspectos: A. Um trabalho mui to grande de polinizações manuais, uma rcz que o milho é de polinização cruzada. A polini zação manual nunca pode ser feita comum número muito grande de pl::mtas, dessa forma, após cada geração de renovação, o número de plantas vai sendo reduzido, o que deve acarretar certa endogamia e perda de alguns genes originais. Por- tanto , se em tIIll::l determinada amostra for coletada dez espigas - cer- ca de 5 mil semcntcs - e na ren ovação forem utilizadas 100 sementes l'lll cada geração, sendo que após os cruzamentos são mantidas )0 a 40 espigas , isso representa 30 ou 40 sementes da'luelas 5 mil origi- nais. Dessa forma , já existe uma rcduç:io considerável e, persistindo esse esqucma, a redução cvidentemente vai conduzir aUllla endogamia. As nov,L" amostr~L" não serão represent:lti\'~L" da original coletada no campo, CCl1amente, isso traz inconvenientes, pois nos trab,~hos de pesquisa, a mesma amostra sendo utilizada em ;mos distintos pode representar freqüências gênicas diferentes. B. O agrupamento de um mimero de amostras da mesma variedade em uma única populaç:io pode ser mult iplicada em um lote isolado, como é feito no campo peio agricultor, quer dizer facilmente pode-se plantar :l , 4, 5 mil plantas e, dessa maneira, tudo indica que seja obtida uma amostra m,us representativa do que existe na natureza, além de lima considerável redução do trabalho envolvido. A reunião das mais de 3 mil amostnls em 95 populações contou com o auxílio de WeUhausen, pesquisador americano responsável pelo melhora- mento do milho no México, no programa da Fundação Rockcfeller. Esse pesquisador esteve no Departamento de Genética da ESALQ, auxiliando na identificação das amostras e na decisão de quais deveriam ser reunidas em uma determinada população. Após a reunião das" amostras, essas foram mantida.s por meio de lotes isolados, que não eram plantados lodos os anos, existindo um escalonamento dos plantios, Esse banco foi mantido até que a Empresa BnL, i1eira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa também tomou a iniciativa de desenvolver seu próprio banco de germoplasma, ocasião em que todo esse materh~ foi emiauo para o recém criado banco de germoplas- ma de milho em Sete Lagoas - MG, no Centro Nacion,~ de Pesquisa de Milho e Sorgo - CNPMS. Novas expedi ções de coleta foram m~izadas pelo CNPMS 22 o m/o/' dos reCl/rsos glflléticos de mil/X! para o Em,I'i! c Centro Naciom~ oe Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia - Cc- nargen, dando-se continuioade aos trabalhos de regeneração e de manuten- ção da coleção ativa. Verilka-se que tooo o processo de formação de bancos de germopl ,c;ma no Brasil contou essencialmente com esforços do setor público, ilticialmen- tc CO I11 Universidades e posteriormente com a Embrapa. Isso se deve, prova- vchncnte, à natureza ee pouco retorno econômico a curto prazo. Ressalta-se que essa atividade é de grande importância e é essencial para o contínuo melhoramento do milho , tendo beneficiaoo, em grande parte, o setor priva- do, sem que o mesmo tenha desembolsado recursos relevantes para a ativi- dade. Algum apoio do setor privado foi obtioo na multipli cação de alguns lotes isolados, m'LS todo o trabalho tem sido realizaoo pela ilticiativa púhli - ca. Várias pubUcações têm sido rc,~i zadas com base nos materiais mantidos no banco de germoplasma de milho do Brasil , entre el'Ls o levantamento d'Ls raças do Brasil (Bri eger el alii , 1958), retomado em publicação posterior por Paterniani & Goodman (1977) , além oe outras avaliações sobre o po- tenc i,~ dos acessos disponíveis no país (Embrapa, 1984; Santos el ali i, 1998; Miranoa f!! el alii,1999). \ { " CARt\CTERí~"TIf.AS 00 AMBIENTE TROPICAL PARA O MELHORt\MENTO DO MIUlO Um fal a notável é a capacidade que o milho possui de se desenvolver em lima ampla faixa de ambientes. O pioneirismo nos métodos de melhoramen- to e o seu maior desenvoilimento ocorreram em condições de clima tempe- rado, especialmcnte nos Estados Unidos. Entretanto, a transferência quase exata d,c; técnicas desenvoilidas nos amhientes de cli ma temperado não se constinlem lima alternativa vi<ivel e eOcicntc para as condições tropicais. Contrastes marcantes entre diversas características dos dois ambientes são apresentldos, a seguir, na Tabela I. Paterniani (199:-;) ress;~tou a importância da precipitação plllliométrica , uma vez que, nos ambientes de clima temperado, a estação chuvosa apre- senta-se mais bem definida em relação aos amhientes de clima tropical , gen~mente marcados pela imprcvisibilidade. Como exemplo, pode-se citar a região Centro-Sul , on~ a experiência indica como m,tis fa\'or:'\'el a semc<ulura 23 TAR EU 1 Principais d~lt!rellr(/S eu/re rIIubieJlles de clima temperado l! tropif.;al para (} cullim do milho Caracteristicas Vanação cllmãilca anual Variação pI\Nlomélnca anua! FOlopenooo Temperatura noturna CondJÇões do solo PenedO de semeadUl3 Periodo de CUltIVO Problemas de gcmnação Ervas danmhas Insetos de grãos armazenados CICio AIIura da planta Dlstânaa entre lOcaiS Transpol1e e corrumcação CondiÇões de pesquISa Ouantidade de pesquisadores Temperado Relativamente estável RelatIVamente umlorme Dias longos Mats Ina Geralmente lavorave<s AesllllO (PC>Jcos c as) Bem dehrudo SOlo IrlO e h .. ngos Média Infestação Baixa Infestação Umlol'rT'II!. adaptado ao c:<:Io ce cu'tlVO Media a baixa Cul1a a raloavel Geralmente sallslatonos Geralmente sallslatónas Adequada Clima Tropical Condições de cultivo Vafl3vel. Imprevlsivel Vau3vel, impreVlsivel Dias curtos MaiS Quente FU~Quentemente adversas AfT'9Io (vànas meses) vauavel, amplo Il'Isetos de sOlo Alta Infestação Alta Infestação Tipo de plan ra Vallável, adaptação às SitUações c~ma~cas e soclO-econ6rrucas Geralmente atta InfrHstftllufa Frequentemente longa Geralmel'lte não satisfatóriOS Geralmeme não sahsfatorras Insuhclente em outubro, podendo Ilu;ar de setembru a nOl'embro. Tudalia, existem anos em que a semeadura só é possíl'el em dezemhro"devido " falta de condi- ções rarorá\'eis, prind palmcllte pelo atraso !las ChU Vi:lS. Com rel:l,:ào ao período de cultil'o, o clima tropicallel'a grande vantagem se comparado iL' condições de cl ima temperado, no 'lu:d esse peliodo é hem definido e rclati,,,- mente curto, Entrc t ~ullo , a maior desmntagelll dos ambientes tropicais é a imprc\'isibilidade das condições dim:ÍlicL'i C :l'\ \';.uiações b~l..,t~u llc acentu:ubl'\ I.mlo entre regiões como entre :UlOS. Em rUIl,'ào dess:t'\ \'ariaçües, os estudos de cultivo em direrentes épocas de semeadura tornêl lll ·SC Illuito importantes 24 o ralo ,. dos rt'w"su"" gt'I/ {:lico.\' de /ll/ibo "tlm o 8r(/,\11 e necessários, princip ,~mente para identificar quais os períodos mais favo- dveis de cultivo em cada região e para permitir a seleção de cultivares que apresentem maior estabilidade "'L, diferentes épocas. Em vários Estados do Brasil a época de cultivo do milho tem sofrido alteração na tentativa de se obter mais de lima safra por ano ou para evitar a ociosidade da terra e equipamentos em geral. 11 partir de 1980, no Oeste do Estado do Paraná, ,~gU"S agricultores ilticiamm o cultivo de milho fora da época normal recomendada. Esta pdtica foi denominada de "sa[linha". No Es- tado do Paraná a época de semeadura do milho "safrinha" compreende os me- ses de dezembro a fevereiro, sendo observada uma preferência para o pl'Ullio em fevereiro, onde há menor risco de perd,L" de\ido aos fatores clil11 ~it i cos , () cultivo de milho "s,úrinha" ocorre após a colheita da safra de primavera/ verão, geralmente representada por soja precoce ou feijão. Com os resultados obtidos nessa experiência, lal inicialiva apresentou-se como alternativa real para este período do iUlO , o que levo u outros Estados a utilizarem () milho "safrinha" de maneira rotineira e COI11 cxp .. msão crescen- te da área cultivada, Atualmente, o milho "safrillha" é prática comum nos Estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Certamente, o cultivo de milho "safrinha" causou Ulll grande impacto em vários setores do negócio agrícola no Brasil , tais como: pesquisa, extensão, scmentes, defensivos c, C0l110 conseqüência, ampliou a oferta do pro((ulO no mercado. '\! CONTRIBUIÇÃO DE GERMOI)I.:\SI\t<\ EXÓTICO TR{WH:t\L PARA o MEUIORAMEl\"I'Q no MILHO NO BRASIL No le",unamento realizado por Hallauer & Miranda Filho ( 19g8) foram encontradas aproximadamente 301l raças de milho nos vários estudos con- duzidos no Hemisfério Ocidental. Na Tabela 2, a seguir, encontram-se rela- cionados os complexos raciais mais promissores para o melhoramento (Goodman, 19i8). De particular interesse para as condições brasileiras são os estudos con- duzidos por llriegcr el ({lii ( 1958) e Palerniani & Goodman (1977). Des- creveram C <IvaHaram () pOlenci;~ genético das raças dc milho do Brasil c p:úses \üinhos. Segundo l'aterniani & Goodman (I 977) , cerca de 50% d'L' 25 Eml'slu ['a/em/til/i. LuciaJ/o Lourel/ço N{{ss Cc Mal/oel X(/I"ier dos S({ulos a variabilidade genéLica nos programas de melhoramento. No entanto, com a recente lei de proteção de cultivares, o intercâmbio de germoplasma está se tornando cada dia mais limitado, trazendo como conseqUência uma re~ dução no uso da variabilidade genética que poderia estar sendo disponibilizada para os programas de melhoramento. Em verdade, essa pre- ocupação com o intercâmbio de germoplasma é pertinente, pois, acessos arlllalenados e aparentemente sem nenhum valor podem conter genes ou combinações de genes de alto valor adaptativo ou com alto valor agregado ao grão. Ao se tratar de linhagens de milho, o problema é mais acentuado, pois, se no passado eram depedigree "fechado", hoje, com 'LS mudanças de merca- do e lei ele proteção de cultivares, empresas públicas e privadas tomam to- das as precauções para evitar o uso de materiais comerciais como fontes para a extração ele linhagens. Alternativas para elevar o nível de utilização dos acessos mantidos em bancos de genTIoplasma têm merecido a atenção elos melhoristas e dos pes- quisadores envolvidos com recursos genéticos. A primcira seria a caractcri ~ zação dos acessos para fatores especiais - estresses bióticos e abióticos -, a segunda, o uso de coleções nucleares - core collections. A caracterização monológica e molecuhu' dos acessos da core collectioll é essencial e estratégica p,mL o p'ús, lembnUlelo-se que a prospecção de genes para caracteres de quali- dade nutricional é também uma demanda prioritária; e a terceira seria for- taleceI' os progracmLs de pré-melhoramento. H VI BIBLlOGR,\FlA An lA OSUNA, J. "Stratified mass selection for production in two maizc populations" Agronomy Abstract, L 976, p. 45. Bricger, E G.; GurgeJ, J. '1'. 1\ .; Patcrniani, E. ; B!umenschein, A. & Alleoni, M. R. Races of 111aize in Brazil (I1ul otber Eastem Sou/b America COll1lln"e::j, s./ed ., 1958. (NAS- NRC rubI. 593) . CI.NTO:X, T. "Av'lliação de oito ciclo.s de seleção recorrente na população de milho (Zea may.s L.) Suwan DMR", Piracicaba , ESALQ / USP, 1988, dissertação de mestrado, mimeo. 38 I:"rl/(.:'\Io Paterniam; Luciano J1JU/'(7/ÇO Na,ss & Mal/oe! Xavier dos NO/los TABELA 2 Complexos raciais de maior importância para o melboramenlo de milbo Tipo de material Dentados do México (I) Dentados do Com Belt (EUA) Q) Dentados do Caribe (I) Cristalinos do Caribe ~') Catetos I~) Cristalinos e Amitáceos (2:) Raças eJou Populações Tuxpeno, Vandeiío, Tepecintle, Zapalote Chico, ZapaloteGrande e Celaya Reid, Lancaster e Krug TuSÓfl Coastal Tropical Flinl$, Comuns e Costenos Milhos cristalinos de cor laranja do B ras~, Argentina e Uruguai M~hos do Norte dos EUA e Sul do Canaclá (1) Para Clima Tropical; (2) Para {1ima Tern[ll.'r:ldo; (5) Para Clima Tropical c Temperado. I:onlc: Goodlllan ( 197g). raças descritas são adapladas às baixas altitudes (O a 1.000m), 10% ic, alti - tudes intermediárias (1.000 a 2.000m) e 40% desenvolvem-se melhor em altitudes superiores a 2.000m. Considerando-se o tipo de endosperma, as raças dividem-se em 40% amiláceas, 30% duras - fiint -, 20% dentadas, menos de 10% pipoca e quase 3 % doce. Depois dos primeiros resultados do milho híbrido no Brasil - utilizando os milhos catetos e milhos dentados aqui existentes -, os pesquisadores tomaram conhecimento de outros tipos de milhos tropicais, principalmente os do programa agrícola mexicano da Fundação Rockereller, que identificou materiais de grande valor agronômico. Esses materiais roram introduzidos nos programas de melhoramento do Brasil. A principal raça de milho tropical é a chamada Tuxpeiio. Trata-se de um milho de grãos dentados, espigas grandes, plantas altas, muito robustas e de alta produtividade. O Thxpeíio é popular no México, principalmente na re- gião de baixa altitude, como a região de Vera Cru z. Os principais Tuxpeiios são de grãos brancos, uma vez quc, no México, há preferência de milho branco para rabricação de IOl'lil/as. Há também uma quantidade l\lXpciios de grãos amarelos, que roram prereridos no Brasil , uma vez que aqui existe uma preferência para milhos amarelos, pois o milho é mais utilizado para a alimentação animal . A partir da década de 1970, o Centro Nacional de Pesquisa de Milho e 26 () m/or dos (('(:lI rsos g/..'111:licos de 11//1bo pflm o 8msil Sorgo re:~izou diversas introduções de germoplasma tropiG~ pelo relacio- namento com o Centro Internacion ,~ de Melhoramento de Milho e Trigo- Cimmyt, no México. Esse relacionamento tem permitido identificar fontes de germoplasma com ampla adaptação e elevado potenci:~ produtivo. Após sua introdução, processos de melhoramento têm sido realizados e variedades têm sido lançadas no mercado com abrangência de adaptação de norte a sul. Um exemplo que merece destaque e que mostra a contribuição do ger- moplasma exótico tropical no Brasil é a variedade BR 106. Formada por germoplasma tropical, anteriores à década de 1970, tem na sua composição os materiais: Centralmex. Dentado Composto e Maya, os quais foram interuuzados e dcvidamente recombinados. Devido seu elevado porte, foi cruzado com o l\lxpefío porte baixo e selecionado posteriormente para pro ~ dução, arquitetura de planta mais haixa e carac.terísticas de valor agronômi- co. Nos ültimos cinco anos, têm sido comcrciali zados, em média, iOO mil sacos de 20kg de sementes e o CNPMS continua com o processo de melho- ramento da variedade. Além dessa contribuição para a agricultura nacion:~ , a variedade BR 106 tem sido distribuída para empresas públicas e priv:tdas de sementes e utilizada para a extração de linhagens que fazem parte de comhinações em híbridos comerciais, aumentando expressivamente os ní- veis da produção nacional de milho. Outro exótico quc mercce destaquc é UI11 milho da Colômbia, chamado ETO. Esse tipo possui grãos duros de cor laranja - chamado ETO amarelo. Existe também o ETO branco. O amarelo foi o mais utilizado no Brasil ; apre- senta grãos semelhantes ao cateto, porém de raça totalmente distinta, lima vez quc o ETO tcm plantas mais baixas, mais resistcntes ao acamamcnto, espigas mais grossas e maior produtividade. Assim , foram produzidos híbri- dos utilizando linhagens do milho dentado Tu' peno cruzado com linbagens de milho ETO, resultando híbridos de milho semi-dentados de ,~ta produti- \;dade. Alguns dos lubridos continuaram também a utilizar linhagens do milho cateto. Posteriormente, ocorreram introduções de outros milhos do México, da Colômbia c, mais recentemente, uma variedade d'ls Filipin'Ls cha- mada Suwan- I, resistente a Perollosc!erospom sOlgbi ~ doum)' mildew. Essa variedade também foi introduzida pelo CNPMS, na década de 1970, e tem passado por sucessivos ciclos de seJeção. É conhecida como BR 105 e é bastante usada por programas de melhoramento como fonte para extração de linhagens de alta capacidade combinatória com linhagens oriundas da 27 Emr.slo Palemümi, Luâm/O !.1Jurenço Na .. % & Manoel XfII7er dos Saulos raça Thxpeiio. É bastante conhecido o fato de que as variedades BR 105 e BR 106 representam um padrão heterótico de alto valor em todos os programas nacionais de melhoramento. A dureza e a coloração laranja avermelhada dos grãos da variedade BR 105 têm possibilitado a obtenção de híbridos com grande aceitação no mercado, o que ressalta seu valor e contribuição de uma introdução exótica para o melhoramento de milho no Brasil. CONTRIBUIÇÃO DO MElHORAMENTO DE POPULAÇÜES PARA A curruRA DO MilitO NO BRASIL o processo para a obtenção de milho híbrido é bastante conhecido, pa- dronizado e grandemente difundido. Consiste, como já mencionado, na ob- tenção de linhagens endogâmicas, seleção d'Ls linhagens m,ús promissoras para capacidade de combinação e o cruzamento entre essas linhagens resul- tando no milho híbrido. Diferentes lipos de hn)ridos de linhagens podem ser obtidos: A. híbrido simples - obtido a partir do cruzamento de duas linhagens parentais; B. híbridos triplos - obtido a partir do cruzamento de Irês linhagens, ou seja, cruzamento de um híbrido simples e outra linhagem; e C. híbrido duplo - obtido a pat1ir do cruzamento entre quatro linhagens, ou seja, entre dois híbridos simples. Outro esquema de melhoramento que pode ser utilizado é o melhora- mento de populações de lIúlho. Pode-se considerar uma população de mi- lho um conjunto de genótipos com um número de características em co- mum. Antigamente, havia uma discussão Illuito aci rrada sobre qual o tipo de material genético mais apropriado: miUlO híbrido ou variedades melhora- das. Essa controvérsia não persistiu muito tempo pois'as duas alternativas são, na verdade, complementares. A obtenção de linhagens de uma popula- ção é função direta das freqüências gên icas na população. Assim, com o aumento da freqüência dos genes favoráveis via melhoramento populacio- nal , maior será a probabilidade de ocorrência de linhagens superiores e, conseqüentemente, melhores híbridos serão obtidos. O melhoramento de populações tem como principal objetivo a obtenção de populações superiores para produtividade e demais características agro- 28 o /'({tor do.\" n:cursos !f,t:llélicos de milho para o /lmsif nômicas de interesse. EsS'lS populações podem ser utilizadas per se, em cruzamentos com OUlras populações originando os chamados hO)ridos intcrvariet:us e, na Illíuoria das vezes, como fonte de novas linhagens nos progra- mas de mclhor.ullento que vismll ao desenvolvimento de lulJridos. Para se obter o aumcnto das freqíiências dos genes favoráveis, diferentes métodos de seleção podem ser empregados. O descnvohimento de trabalhos de melhoramento de populações de milho nQ Brasil teve início na década de 1960, na ESALQ, sendo que, na década de 1970, grandes contribuições foram dadas com a divulgação de variedades. O lAC também deu considerável contribuição ao meUlOramcnto de populações. A v~triedade Ma)",t, por exemplo, foi desenvolvida e selecionada a partir de 19 linhagens extr.údas de pOpl~ações exólims tropiGtis e uma variedade, tendo em sua composição gcrmoplasma l\lxpeilo branco e amarelo (Miranda , 1966). O pioneirismo da ESALQ foi extremamente importante para o início de um programa de melhoramento na região Nordeste. Mediante convênio en- tre Brascan Nordeste / Sudene / IPA / Ipeane / ESALQ foram iniciados traba- lhos de melhoramento que tinham como objetivo principal a substituição das va riedades cultivadas pelos produtores - sementes de p,tiol - por varie- dadesmelhoradas e adaptadas à região, a formação de compostos, C zonea- mento ecológico para a cultura do milho . O sucesso do programa foi O lan- çamento das variedades Centralmex, Dentado Composto c Flint Composto e sua utilização pelos agricultores. Os frutos dessa iniciatil'a até hoje perdu- ram e existe continuidade do trabalho para introdução e melllOramcnto de populações. Outra grande contribuição para o melhoramento de populações teve iní- cio na década de 1970, quando o CNPMS efetuou dil'ersas introduçõcs de germoplasma tropical do Cimmyt (Viana et alh , 1982; Santos et ({lif , 1994). Muitos desses materiais transformaram-se em variedades comerciais e até hoje continuam sendo lItili z~ldas em larga esca1a, tanto per se como para uso como fonte de extração de linhagens. Podcm-se citar alguns exemplos de variedades que são comercializadas e que são oriundas de diversos es- quemas dc melhoramento ao níl'el intra e illlerpopulacional- BR 105, BR 106, BR 111 , BR 11 2, BR 45 1, BR 473, BR ;004 , BR 50 11 , BR 5028, BR 5037, entre outros). A.s metodologi'ls utilizad'ls no melhoramcnto de populações são diferen- ciadas pclo grau de controle Jlarcnt'~ dos progenitores selecionados, utiliza- 29 EfI/(~/tJ "fI/t,.,711t11I1, 1.110"'/0 /.JI II fI'I/{'O ,\ iI,(,' (: ,Ilrlll fli.'! ,\,1//(,/' r!/J,~ ,\(1/1/0,' ção OU não de testes de progênies e pelo ní\'el de controle ambiental efelua· do. Basicamente, pode·se separar as metodologia l'm dois níveis: A, intrapopulacional , que risa ao melhoramento per se da população; e B. interpopulacionaL que lem como ohjeli \'o melhorar o hOlfido emre dmL' populações. A seleção massa! simpl es tem lima import:ll1cia Iüslôric:! lIIuito grande, pois foi o esquema de seleção praticldo pelos índios c que contrihuiu para ).\crar a enorme dircrsidadc de lipos de mi lho existentes. Atualmcnte. :I sde· ção massaltelll sido praticada para uniformizar as características agronCJ· micas das populaçües ou para adaptação de germopl:tsl1la exótico, Poste- riorm ente, foi propost:! 11111:1 estratificação da :írea experi mental a fim de aumentar a eficiência da seleção massal pelo maior cont role sobre a hl,tero· gencidade do solo. lia seqiiência ,João R. Zinsl\'. do l)epan:unenlO de (;ené· ti ca da ESALQ. propôs a utilização de 11 111 genótipo const:lnte como artifício para controlar ai nda mais a heterogeneidade do solo, O gl'nôlipo constlllll' cra intercalado entre as plantas d:l população a ser selecionada , Alguns I'e· sultados ohtidos com scle~'ã() massal para popub\,ües hrasilcir:ls de milho são apresent:ldos a seguir na Tahela .1. Para al ).\ \ll1las características possÍ\'cis d~ serl'1ll identificadas ::Intl's du florescimento. existe a allernativit proposta pur Ernesto Paterniani , que oh· te\'c resultados promisson's ao selecionar para prolifici dade - mais (k lima espiga por planta - realizando o cont role em amhos os S('XOS, conforme os dados a seguir, na Tabela 4. Ilasic:uneme. del'e·se proleger as segundas espio gas - inferiores - das plantas prolíficas antes do aparecimento dos cstilo- estigmas. Depois de ,~ guns dias, :LS plam'Ls não prolíficas são despcndoad:Ls. Em scguid:I, rcmQrCIll -se os saquinhos das segundas CSpig,l'\, as quais são li l'remenle polinizad'Ls pelas planlas prolíficas. O leste de progênie permile a a\':~ iação do genótipo dos progenilores haseado no fenólipo de seus descendentes. Esse tipO de al'aliação é mais preciso e eficieme do que a seleção massal ou fenolípica. Por I'oha de lX40, a importância de se avaliar a desccndência para o melhoramento j:í lin ha sido estabelecida pelos trahalhos com helerraha reali zados por Louis de Vilmorim , Esse método fo i denominado princípio do isolamento, Posterior- mellle, foi desen\'oll'ida melodologia que ficou conhecida como "seleção espiga por fileira", no qual. para a a\'aliação dos maleriais. pl:ulIal'a·se a descendência de cada espiga em uma fileira. 30 o m/ar dos recur.l"Os ;.;ellélim.\' de mil/x) para o JJrasi! TABELA 3 Resultados obtidos com seleçrio massal ptlra produçâo de grcios 110 Brasil População Intensidade de Número Ganho por Referência seleção (%) de ciclos ciclo (%) Moroli 12,2 2 23,5 Zinsly ( 1968) Caingang 11 ,4 2 15,3 Zinsly (1968) Denle Paulista 14,4 2 21,7 Zinsly (1968) Cateto 14,5 2 2,3 Zinsly (1968) Dentado Pauli sta 20,0 5 3,8 VencovSky ei ai, (1970) Cateto 20,0 3 1,7 Vencovsky e t ai, (1970) Dente Composto 10,0 6 2,8 Ayala Osuna (1976) Flint Composto 10,0 6 3,4 Ayala Osuna (1976) TABELA 4 Resultados dtl seleçâo massal para prolificidade com cou/role em ambos os sexos Ciclos Rendimento de grãos Pro lificidade Mura da espiga KgIha % número % em PiranJo VO-2 O 7875 100,0 1,03 100,0 152 7846 99,6 0,98 95,1 128 82 14 104,3 1,03 100,0 140 11 1 8324 105,7 1,07 103,9 138 Pirantio VF- l O 6341 100,0 0,91 100,0 116 6773 106,8 0,98 107,7 122 7062 11 1,4 1,01 111 ,0 119 111 7539 118,9 1,07 11 7,6 125 Fonte : P:llerni::tni (199(1) Com a inclusão de princípios de experimentação ao esquema anterior, surgiu o esquema de "seleção espiga por fileim modificado", o qual se mostrou mais eficiente, Paterniani denominou esse esquema "seleção entre c demro de progênies de meios irmãos", De\;do aos resultados obtidos com essa metodolo- gia - conforme indica a Tabela 5 - e a facilidade na obtenção de diferentes tipos de progênies em milho, outros esquemas foram propostos, tais como: 31 Emt':Jo !'alemiam. LllallllO !"oun'1lço 1\~L'iS & Manoel Xmier tios Salllo.\· seleção enlre e denlro de progênies de irmãos gernl<Ulos e seleção emre e demro de progênies endogâmicas (S, ou S,). Em 1945, fo i imroduzido O conceilo de seleção recorreme, o qual con- siste em um processo contínuo de melhoramento, no qual se sucedem ci- clos de recorrência. O pri ncipal objeli l'o da seleção recorrenle é aumemar a freqüência de genes favor:íveis por meio de sucessivos ciclos de seleção. Pralicameme IOdos os mélodos ulilizados no mclhoramenlo de populações podem ser denominados de seleção recorreme, enlrelanlo, a Iilwllura aponla qualro lipos bem definidos: A. seleção recorrente rcnotípica; B. seleção recorrente para capacidade geral de combinação; C. seleção recorrente para capacidade específica de combinação; e D. seleção recorreme recíproca. Todos esses esquemas são disculidos nos livros le,los de melhoram enio genélico de plamas. Vale ressahar ,~gllmas comribllições de pesquisadores brasileiros aos esquclllít."i de seleção recorrente recíproca. A seleção recorrente recíproca é uma metodologia que busca melhorar a respost~l heterótica entre dU 'Ls populações. Em 1977, ErneslO Palern iani c Roland Vencovsky - do De- parl<lInenlO de Genélica da ESALQ -, apomaram diversas Iimilações de or- dem pnílica do esquema originalmente proposto para a seleção recorrente recíproca. Nessa oponllni(bde, propllse"UllUma meloUolO<Ji« denominada "sc- leção recorrente recíproca com ramília.) de meios irmãos", mais simples e me- nos lrabalhosa que ° eSlluema origim~ . PoslCriormeme, em 1978, os mesmos pesquisadores baseados no esquema anterior, desenvolveram uma nH:! todolo- gia que permile ° uso de planlas prolíficas. Exislem ai nda eS(luelmLs de sele- ção recorrente recíproca com ranulias de irmãos germanos e outras varian- les que são denominados mélodos combinados, nos qmús diferemes lipos de progênies são empregados. A ulilização de dois lipos de progênies fo i explorada em melodologia desenvoil;da em 1987,. por Claúdio Lopes de Souza)únior, do Deparlamenlo de Genélica da ESALQ, na qual são ulilizadas progênies de meios irmãos obtidas ahcrnadamcnte de plantas não endógmnas (So) e endógamas (S,). Nesse ilem, procurou-se enfalizar a cOl1lribuição dos pesquisadores bra- sileiros do selor público com relação ao desenvolvimenlo de melOdologi 'L' utilizadas no melhoramenlo de populações. Para o milho, os resuhados oh- 32 o valor dos recursos genético.\' de milho !)tJrtI o BraiJif TABElA5 Resultados obtidos por seleção enlre e dentro de f amílias de meios imlãos em populações de milho tiO Brasil População Número Ganho por Referências de ciclos ciclo (%) Dente Paulista 3 13,6 Paterniani (1967) Piramex 4 3,8 Paterniani (1969) Composto Flint 2 3,0 lima el aI. (1974) Composto Dentado 2 2,0 lima et aI. (1974) Centralmex 3 3,2 Torres Segovia {1976} IAC-I 8 1,9 Miranda et ai. (1977) ESALQ VD-2 3 10,8 lima (1977) IAC-Maya 13 2,8 Sawazaky (1979) IAC-Maya02 4 4,5 Pommer & Geraldi (1983) IAC-I02 4 10,7 Pommer & Geraldi (1983) Dent. Comp . Nordeste 3 2,7 Santos & Naspolini Filho (1986a) Flinl Comp. Nordeste 3 5,1 Santos & Naspolini Filho (1986b) Suwan DMA 8 5,9 Canton (1988) tidos com as metodologias acima descritas podem ser encontrados em Pa- terniani & Viégas (1987) e Hallauer & Miranda Filho (1 988), A SITUAÇÃO ATUAL DA CULTURA DO MILHO NO BRASIL E PROBLEMA."i RELACIONADOS COM GERMOPLASMA A importância econômica desse cereal pode ser avaliada por sua ampla e diversificada utilização , tanto na alimentação como na indústria, No Bra- sil, sua principal demanda é verificada no arraçoamento de animais, espe- cialmente em suínos, aves e b0l1nos, Isso se deve ao seu alto valor energéti- co e sua digestibilidade, Na alimentação humana, é consumido in nl lfura - como milho verde -, ou como subprodutos - pães, farinhas, biscoitos e massas, Na indústria, apresenta destaque por sua utilização como matéria- prima na obtenção de >"Mios produtos, entre os quais: amido , óleo, fari- nha, vinagre, glicose, dextrinas, geléias, gom as de mascar, margarinas, sorvetes, rações, produtos quími cos, corantes, bebidas, papéis, colas, cosméticos, xaropes, antibióticos, explosivos etc. Atualmente, estima-se que 33 h'mesfo Pllf"1"/l;(( /l;, 1.1IC1{t110 !Jmrtllço Nas'\" [. Mal/oel XtI/'Ú.,. dos S(/Iltos o milho part ic ipa como maléria-prima em aproximadamellle 600 produ lOS (Pinazza, 199'1) . Em 1997, a produção mundial de milho foi de 585,8 milhões de lonela- das colhidas em cerca de 140 milhões de heClares. Os ESlados Unidos con- linuam o maior produlor, com 237 ,9 milhões de IOncladas, o que represen- la cerca de 40% do tOlal produzido no mundo. Em segundo, aparece a Chi- na, com 105,7 milhões de loncladas. ° Brasil é o lerceiro colocado em produção, com cerca de 34,6 milhões de IOneladas, correspondendo a 6% da produ ção mundial (FAO, 1997). Apesar de o milho ser cuhivado em lodo o território nacional, o Centro·Sul é responsável por aproximadamente 95% da produção. Nessa região, o cuhivo de milho é predominalllemenle reali za- do em propriedades de até 50ha. PinaWI (1993) ressahou que na produção nacional de cere,tis e oleaginosas, o desempenho da lavoura de milho lem efeito direlo e significativo sobre o volume 101al , eSlimando-se que a cada Irês quilos de grãos colhidos, mais de um é de milho. No Brasil , o início da década de 1990 foi marcado pelo incremento da ocorrência de doenças foliares na cuhura do milho. Apesar da grande vari- abilidade, pouco é conhecido em relação aos diferenles maleriais genélicos - populações, raças, linhagens - como fonle de resislência a doenças. Em lermos de adaplação da cultura do milho, pode-se considerar, no Brasil , a existência de duas regiões: A. !legião Tropical - none do Paran.í até o eXlremo None do país, que pode ser seca em parte da região Nordeste e úmida na Amazôlüa; e B. Região Sublropical - envolvendo o sul do Paran.í, Sallla Catarina e Rio Grande do Sul. Nessa, existe a possibilidade de ulilização de germo- plasma lemperado. Essa variação ambien~t1 verificada no Brasil permite - segundo Magnal" ca (1995) - aproveitar os progressos do melhoramenlo oblidos em regiões temperadas em conjunlo com O germoplasma elite produzido no país, em condições tropicais. EllIrelanto, elllre os problemas do uso de combinações tropicais x temperadas na síntese de híhridos para regiões tropicais, verifi· ca-se a maior incidência de doenças foliares. A cuhura do milho é amplamenlc difundida em nosso país. Além das variações nas condições do ambiente, d('VÍdo às lliferenç'l~ regiomtis, exiSlem variações climátiGl'i ano a imo em lima mesma região. Esse fato destaca a neces· sidade de desenvolver produlos específicos para cada região edafo-clim.ílica, 34 o (·'(i/or dos recllr.WJs gellélico.\' de lIlilbo ptl/'(/ () Br(/.l'iI pois, além do forte componente da interação genótipo x ambiente, há o componente de mercado regio n,~i zado. Conseqiientemente, isso implica em que a freqiiência e a severidade das doenças do milho podem variar de uma localidade para a outra, ou de UIll ano para outro na mesma região. Miranda Filho (1996) relacionou diversos fatores que contribuíram para a rápida esp'Ulsão de doenças nas regiões produtoras de milho no país: A. alimento contínuqda .írea cultivada, principalmente com a abertura de novas fronteiras agrícolas, como os cerrados do Centro-Oeste; B. modernização de máquin,", e de equipamentos que viabilizaram o plan- tio em grandes áreas; C. dificuldade no estabelecimento de estratégias para o desenvolvimento de cultivares específicas para microrregiões homogêneas; D. ampliação do período de semeadura do milho para adequação " con- dição de duas culturas por ano ; e E. intensificação por parte das empreS:L' privadas da introgressão de ger- moplasma temperado com o intuito de elevar o nível de produtividade dos híbridos locais. O germoplasma brasileiro de milho é caracterizado por uma ampla vari- abilidade genética, incluindo raças 10Gtis ou indígenas, populações adapta- das, populações exóticas ou semi-exóticas. As coleções de linhagens endogâmicas utilizadas nos programas de milho hn,rido. também represen - tam porção expressiva do gennoplasma potencialmente útil. No início de 1994, a ESALQ tomou a iniciativa de reunir várias institui- ções de pesquisa, públicas C privadas, voltadas para a cultura de milho , em um Núcleo de Apoio a Pesquisa em Milho - NAP-Milho. Seu princip,~ obje- tivo foi criar condições para o desenvolvimento de pesquisa.s em diversas áreas da cultura, envolvendo UIll consórcio de empresas e de instituições públicas de pesquisa em uma associação pré-competitiva para aumentar a produti\;dade da cultura no B,,",il. Diante do quadro preocup'Ulte com rela- ção ,\5 doenças na cultura do milho, o NAP-Milho concentrou esforços no desenvolvimento de um projeto de pesquisa que, entre outras ações, proce- deu a caracterização para as principais dOCnç,L"i foliares do milho nos aces- sos disponí\'e is no Banco Ativo de Germoplasma - BAG-Milho da Embrapa Milho e Sor~o (Miranda Filho el a/h, 1999). , i ; : 35 Hm esf() ['(Ilem i(ln /. ltlô(l!/o Ifl lf f r:l lÇO Nas,\' {. Mal/oel X(( r /er dos .'1(/1110..1' A CONSERVAÇÃO E lfJ'lLlZAÇ,\O DE GERMOPL\Si\L\: LIMITAÇÕES E l'ERSPECn"AS A importância dos recursos genéticos vegetais é amplamente reconheci· da pela comunidade científica. Várias são a' ati,idades rotineiras que os órgãos de pesquisa envolvidos com recursos genéticos realizam: coleta, ca· ractcrização, ;:lV<~iação , documentação e conservação. Obviamente, lodas essas atividades têm por objetivo a utilização dos recursos, seja para o bene- fíc io da geração atu,d ou das fut uras gerações. Esse conjunto de ati,idades é caracteri zado por apresentar um ClI Sto elevado c retorno a longo prazo. Esforços no sentido de conservar a variabilidade genética do milho têm sido realizados em nível intcrnacionaL O Cillllll}1, do México, possui uma coleção de germoplasma bem estruturada e representati" , do mundo intei- ro. ESS:LS fontes de germoplasma têm sido periodicamente incorporadas aos materiais considerados elites pelos melhoristas. Nesse sentido, o uso de ra- Ç'LS 10Gtis -/alldraces - tem sido verificado princip,dmente pelo ,dto poder adaptativo que esses materiais apresentam. Os tipos de coleções de gerrnoplasma são: 1. Coleção de base - Co/base - dedicada a conse" ·ltr o germoplasma a longo prazopela utilização de processos de frigorificação, com tempe- ratura cntre · 18°C e ·20°C, oU de crioprescrvação, com temperatura de -196°c. No caso de sementes, seu grau de umidade deve ser reduzi- do para o intervalo entre 4% E 6%. 2. Coleção ativa - Co/aliva - conserva amostras de germoplasma a mé- dio prazo, com temperaturas acima de zero e abaixo de 15°C. A estru- tura física que conserva a Co/ativa é denominada Banco Ativo de Ger- moplasma - BAG. 3. Coleção nuclear - Core Co//eclioll - são coleções menores que têm por objetivo representar a variabilidade genética de uma espécie e seus parentes silvestres com o mínimo de repetiti'ielade. Para tanto, sugere- se a utilização entre 10% e 15% do lOtai dos acessos disponíveis, que mediante estratificação criteriosa, representam de 700/" a 80% da ,"ari - ação genética da coleção. Nas coleções muito grandes, a coleção nu- clear não ,deve exceder 3 mil amostras. Oeve-se ressaltar que, apesar da organi zação dessa coleção, continua claro o papel estratégico ela Co/base como repositório maior da '".triabi lidade existente; e 36 o ralor dos reclI ,..'.osgmélicos de mi!lJO /Nlra o Brasil EMBR\I'A. 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A imporlflllcia econômica, sua estrutura genética, o número de cromossomos, o tipo de reprodoção, a facilidade para realil~lr poli,uzações manuais e a possibilidade de gerar diferentes tipos de progêni es, são fatores que Illuito contribuíram no sentido
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