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Um História Brasileira do Milho

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Consolación Villafane Udry & 
\XIi lto n Duarte (orgs.) 
Uma história 
brasileira do milho 
o valor dos recursos genéticos 
Antôllio Babia Filbo 
Ernesto Paternialli 
Célia j\!f. T Cordeiro 
João Carlos Garcia 
José Ronaldo Magalbães) 
L uciano Lourenço lVass 
Manoel Xavier dos Santos 
lvmJiro Vilela de A nr/rade 
Sidlley Parentolli 
]àbaré Abadie 
O ParOlelO 15 
Direitos cxclusims para eSla ediç;to: 
Paralelo I; Editores 
Copyright e loon by Consol:tciún rillaf:uic rdry c ~'ilt()1I I)U:1I1l'. 
O PorOle lO 15 
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70.iOO ;00 BrJsília DF 
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t'R(1Il:rn IJ)/TUKL \L 
Franck Soudanl. 
1'IUl'\It'4;\U I)lr:. UlIlGl\.\I$ 
An a Maria Loureiro. 
C\P\ 
Rol:uul, sohre foto do r.e!llro de DoculI1(·lltaç.io da Embr:lpa. 
ISB~ : 85·1l6.1 1 5-.\0·.1 
Ficha c.lIalogdfica 
Udry. Consolación \'i1laf:llie 
lima história brasileira do milho -o ralor dos fCCllrros genético:; 
I COl1soJación \'i\I;ú,u"\C Udry & Willon Duarte (org.) - Bm,flja : 
Paralelo 15.2000. • 
136 p. 
1. fooli!llo . 2. Recllrsos genéticos, 3. Biotecnologia. I. 11dry. 
Consolación \'iII:úailc. 11. Duane, ,,'iholl. 111 . Tímlo. 
C J)LI: (.1\ IS 
(, '5.(,7 
SUMÁRIO 
INTRODUyio 7 
o nLOR DOS RECURSOS GE~(IICOS DE MILHO P,IR-I O B RASil. I I 
U,\t-\ AI\DRD.\(jEM IIISTÓRIC .. \ DA Ur1l17.,\ç..\O]){) GERMOI'L-\SM,\ 
ErneMo Paler1l;alli, lllcintUJ Lourenço Nass e AI,,"oel XaI 'ier dos Santos 
P ERSPECTIVAS DO PRÉ-MELHORAM ENTO DO MILHO 43 
LllciatlO Lollrcllço Nnss e Ertleslo P"tertl;a"i 
A COI.EÇ~O ~CCLEAR DE GERMOPIAS~LI DE MILllO ~O BRASIL 65 
Tabaré Abatlic, Célia M , r. Cordeiro. Ramim V. I/e Alldrtule, 
José R. MagallJl;es e S/dne)' N. Parento,,; 
IMPOIrr,\,\CIA E USO DE BANCO OE GEI~\IOPIASMA 
PARA O MELHORAME~TO GE~(IlCO VEGETAL - MILHO 
Ramiro Vilela de Amlratle 
VAI.OR·IÇ~O ECO~ÔMICA DAS CAl~ICTERÍSTICAS 
DO GERMOPAl-,~L-I DO MILlIO 
João Carlos Gflrcia 
Eco~o~m DA BIODlVERSllJADE PAI~ A AG IUCULTUR,( 
COllso/"dó" Vi/la/mie Udr)' 
5 
79 
85 
101 
o tlfl/or dos n't'tl l-:'vs #e1/éliros de milbo pom u Brasil 
4. Coleção de trabalho - destinada" conservação dos materiais com os 
quais o melhorista está trabalhando. Essa tem sido a coleção mais am-
plamente utilizada pelos melhoristas, pois nela estão os materiais elites 
caracterizados com alta freqiiência de genes de interesse para os pro-
gramas de melhoramento. 
No Brasil, a coleção de base tem 2.884 acessos, enqmulto a coleção ativa 
- BAG-Milho - conta co'm 2.396 acessos. Recentemente, foram repatriados 
1.374 acessos que estavam sendo mantidos pelo banco de germoplasma do 
Cimmyt, os quais, oportunamente, serão incorporados ao sistema de con-
servação a médio e longo prazos (Nass ef alii , 1999). 
De maneira geral , a utilização dos acessos mantidos nos bancos de ger-
moplasma é baixa. Esse fato é observado tanto nos p:úses em desenvolvi-
mento como nos pruses desenvoll'dos. As principais razões para a baixa 
utilização dos acessos disponíveis nos bancos de gennoplasma são: 
A. falta de documentação e descrição adequada das coleções; 
B. falta de informações desejadas pelos mel horistas; 
C. adaptação restrita dos acessos; 
D. número insuficiente de melhoristas, principalmente nos I"úses em de-
senvolvimento; 
E. falta de avaliação das coleções; 
F. pouca disponibilidade de sementes, de\,do a esquemas de regenera-
ção inadequados; 
G. troca de materiais entre os mclhoristas; 
11. satisfação dos melhoristas com a variabilidade genética encontrada nos 
materiais elites; 
I. dificuldade em identificar genes potencialmente úteis; e 
J. ' ausência de programas de pré-melhoramento - pre-breedillg. 
No Brasil , Nass ef ali! (1993) realizaram um levantamento entre 34 me-
Ihoristas de milho , dos setores público e privado, para avaliar o nível de 
utilização dos recursos genéticos disponíveis nos bancos de germoplasma. A 
utilização regular dos bancos de germoplasma é muito baixa (14%), sendo 
que a quantidade de informações disponíveis sobre os acessos foi conside-
I1Ida, por 70% dos pesquisadores, como o fator mais limitante para a utiliza-
ção dos acessos. 
Deve-se ainda enfatizar que a troca de materiais entre mclhoristas, no 
passado, era comum constituindo-se em excelente alternativa para ampliar 
37 
Sumário 
o MERCADO BRASILEIRO DE MILIIO 
Willoll Duarte 
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO MERCADO B1t ISILEIRO 
DE SEMEKTES DE MILHO 
Alltônio Bahia FiUlO eJoão Car/os Garcia 
AGRADECIM ENTOS 
AUTORES 
6 
133 
167 
173 
175 
INTRODUÇÃO 
o milbo ellco~ltr{/do junto às múmias da cu/lum Pré·incrlica Paracm 
há cerca de 7 mil flIIOS, enconlra-se in/aclo e conservar/o 110 MuseuAn 
IrojJolr{~ico de Lim{{. 
Qllando Hermrín Corlés conqllislou o imjJério 71JenochlillanJund(f. 
do em 1325, no lago I'excoco - Cidade do México - e Francisco [,izarra 
u império Ta/malll iIlSll)!O, no Peru, ambos ellcontl'flrtlm o milbo nelO só 
como alimenlo, mas estreitamente vinculado às tradições. 
O cartÍler sagrado do milbo, jJermerl/Jo as clI//uras da América Pré-
colombiana e tradllzia a re/açeio de sobrevivência homem-I/Iilbo, lIn/{{ 
{Iez que esse milbo era incapaz de reproduzir-se. Nos séculos segll filIes, {/ 
cllllllra do milbo difill1dill-se m/lndo {{fora e ajJenas 110 séc/llo xx, com 
os primeiros bíbrirlo.\' e com {/ Revo/uçâo Verde, ocorreria um ,\'(/110 qUCII1-
fi/a/il 'o 11(1 produtividade do milbo. Criou -se ri Oq~{mizaç{70 das Naç6es 
Unidas jJara a Agric/llI/ll'{/ e ;1limelllaç(/o - ['/lO e {{rede nl//IIdial jJal'{/ a 
cOllservaçüo de recursos gellét icos vegetais, tendo como centro de refe-
rência pa/'{/ o lI/i1iJo, o Cenlro Inlernacional de Melborall/enlo Milbo e 
Trigo - Cimm)'l. No limiar do séCIIlo XXI, assislill/os à Revoluçeio Biolec-
l1ológica, em que os incrementos de produtividade ocorrem nâo só }lor 
me/iJorfllnenlo clássico, n/(/s lall/béll/ jJor alle/'{/çc7o genélica - criaçtio 
de Organismo Genelicall/enle Modificados. 
O homem como Deus brinca, copia e recria a natureza. Eis aqui, onde, 
por jJaf({doxal que jJareça, o jlrocesso biolecnológico e a cOl1servaçtio 
dos recursosgenélicos seio ltio inlerdependenles. Nesle II/omenlo de Ir(/I1-
siçc7o, conbecer o processo de melboramenlo do milbo, o papel de mal/1'-
lel1çtio da diversidade e o valor econômico dos recursos genélicos, cons-
I ilui inslrull/enlo valioso jJa/'{/ a conlinuidade das jlesquisas. 
A bislória do melhoramenlo do milbo no Brasil - relalada jJelo jJro-
f essor Emeslo Falemiani a jlarl ir da jJrójJria e.ljJeriência COII/O alor so-
cinlno desenvolvimento recente do melboramento 110 Brasil - permite 
7 
llma bistrJ!'Í(/ brrlsihdm do lIlilho 
visualizar o esforço público, econômico , científico e temporalllecesstÍ-
rim'para o desenvolvimento do melhoramento de milho, elucidaI/do a 
importância dos reclll;ms genéticos e da pesquisa, Essa visáo do proces-
so da pesquisa e de sua evotuçáo é partilhada com os melhoristas de 
milho DI' Luciano Lourenço Nass e Dr. A[anuelLourenço dos Santos, cons-
tituindo a base de todas as pesquisas de recursos genéticos no pai" 
O DI', l'abaré Abadie e equipe puderam realizar 11m trabalho 
il1S11bstituível ao elaborar a primeira Coleçáo Nuc/ear de milho 110 Bra-
sil, com 10% das amostras da Coleçáo de Base de milho, o que permite 
maior rapidez lia ava!iaçâo do gerllloplasma, diminuindo custos e pos-
sibilitando amplo acesso aos melhoristas, 
A importância e uso de bancos de germoplasma de milho para o me-
lhoramento genético es/â constatada no leval/tamento realizado pelo 
DI' Ramiro Vilel/a de Andrade sobre (/ utilizaçâo, pelos melhoristas, de 
alguns caracteres de importância da espécie Zea ma}s L 
Para responder à nova dinâmica econômica que demanda um valor 
para os recursos genéticos, o DI' joáo Carlos Garcia aponta um método 
de va/oraçáo dos recursos genéticos que está sendo utilizado como re}e-
rência. 
A pesquisadora COllSulación Vi/lafmie Udr} desenvolve o lema deeco-
Jlomia da biodiversidade e discute a racionalidade econômica nas ações 
e nas estratégias da conservaçt7o ex situ e in silu 110 Brasil, poisprecisam 
ser permeadas pelas análises econômicas que dêem a necessária consis-
tência e jluidez /la mercado das utilidades geradas, dos benejlciários 
dos recursos genéticos. As aç6es estratégicas desenvolvidas na conse/va-
çáo de recursos genéticos - incluindo a coleta de germoplas!l1a, intro-
duçc7o, intercâmbio, quarentena, caracterizaçâo e cOllservaçâo - sc70 
atividades pautadas por critérios técnicos C/Ija ràcionalidade econômi-
ca não tem sido considerada. A lJa!oraçâo econômica dos recursos gené-
ticos e o desenvolvimento de metodologias que permitam apreender à 
importância econômica atllal e potencial da collservaçâo,jimdamenla-
se em cOl1sideraçae.-; econômicas, sociais e ambientais. 
A apreciaçâo sobre a evoluçâo do mercado brasileiro de milho, reali-
zada pelo pesquisador l'1iltoll DI/arte Ferreira, indica a relevância eco-
li 
flltror/urdo 
nômica e social do milbo para o desenvolvimento agrfcola brasileiro e a 
importância crescente que tem assumido as novas cultivares e bíbridos 
no aumento da produtividade dessa cultura. 
A muílise relativa ao mercado brasileiro de sementes de milbo reali-
zado com agudez, conbecill/ento prático e teórico pelos Dr Antônio Babia 
FiIIJO e DrJocio Carlos Garcia conduz(/ um cenário do mercado/i/luro: o 
do nuulança instftucionalno campo da pesquiso cien/ifica e tecnológi-
ca de ponta que de responsabilidade jJública estri sendo repassado ao 
setor privado, dada a crise fiscal dos estados nacionais e das jJolfticas 
neoliberais. 
9 
1 
o VALOR DOS RECURSOS GENÉTICOS 
DE MlLHO PARA O BRASIL 
U,\L\ AI\,QMIMGEM III!'1TÓRlC:,\ DA I.JTlUZ:\ç.~O DO GERMOPL\SMA 
Enleslo Ptllerll;ll1l; 
LIIC;tIllO Lourenço Ntlss 
Manoel Xavier tios SlIlIlos * 
I NTRODUÇÃO 
A disponibiUdade de germoplasma é de fundament,~ importância para o 
melhoramento de qualquer espécie. Assim, lodo jJrogramCl de /IIe/bom-
menta depende, em última análise, dos recursos genéticos exMellles 
lias ballcos de ger/llop/asm({ 011 ell/ liSO pelos ({griclI/lores. Esse germo-
plasma é obtido a partir de variedades ou de raças existentes no ambiente. 
No caso do milho, foral1llltilizadas, inicialmente, variedades comuns, culti-
vadas pelos agricultores c, posteriormente, foram re,~i zadas expedições de 
coleta para preservar a variabiUdade disponível em distintos nichos ecológi-
cos. ESS;l> variedades não melhoradas apresentavam produtividade limitada 
c deficiências agronômicas, porém, devido a sua variabilidade genética, tais 
materiais possuíam potenci;~ para um melhoramento subseqüente. 
Vários materiais podem ser utilizados como material básico para o me-
lhoramento - raças 10Gús, sintéticos, populações, Iubridos etc. -, m'l' , de 
maneira ger;~, O importante é saUentar que qm~quer programa de melhora-
mento genético depende de germoplasma. Nenhum melhorista, por m,ús 
competente que seja, pode realizar melhoramento genético se não dispuser 
de germoplasma com características adequadas para efetuar processo de 
seleção ou COIll características que possam ser incorporad~L" em cultivares 
• Ernesto !)alerni:U1i é pesquisador do Depart:unento de Genética J:5ALQ/USI); Luci:Ulo 
Lou renço Nass, J>CS<luis:uJor d:1 Embrapa Rctursos Gcnc:ticos e Biotemolo~ia ; c Manoel 
Xa\icr dos San tos, da Embrap:I Milho c Sorp,o. 
11 
Eim:slo Palemialli. Luciano IDl/n:uço J\'r/ss (. Mal/oel Xi//'iel' (/0.,' Sal/lo.\' 
de alto potencial para a agricultura; na verdade quanto maior a variabilida· 
de disponível, maiores ,L, chances de sucesso no melhoramento genético. 
A seleção, obtenção e aproveitamento do germoplasma para program 'L, 
de melhoramento pode se conSlÍluir em tarefa fácil ou difícil, e está na de-
pendência da fonte/origem do material. É tarefa fácil quando são utilizados 
lulJridos ou sintéticos de uma coleção de trab,dho; é tarefa difícil e árdua 
quando são luilizados acessos de coleta que possuem complexos gênjcos 
qualitativos ou quantitativos de interesse para adaptação e uso jJer se ou 
quando são utilizados em cruzamentos visando ~L transferência de caracteres 
de valor econômico. Neste caso, tempo e paciência são requisitos funda· 
mentais para se obter o sucesso esperado. Poucos, na verdade, são os resul· 
tados relatados na literatura, pois, por um lado, os Illclhoristas quercm rc· 
sultados imediatos e, por outro, pouca atenção foi dada para a caracteriza· 
ção do germoplasma por fatores especiais - doenças, pragas, estresses 
abióticos, qualidade de grão ete. Essa situação, entretanto , cstá sendo mu-
dada devjdo aos avanços da biologia molecular. Esforços em nível mundial 
estão sendo direcionados para a caracterização morfológica C molecular do 
germoplasma. Dessa forma, a v:doração dos recursos genéticos assume pri -
oridade em nível internacio nal , em virtude do milho ser tratado como 
coll1l11odit)' especiali l.lda. 
A ESPÉCtE ZEA ~L4YS E SUA DIVERSIDADE GENF.TtCA 
o milho é lima gramínea que pertence ~l famnia Poaceae e à espécie Zea 
1//(/)'s L. Todos os milhos existentes pertencem a essa única espécie que é 
polilípica, existindo muitos lipos e muitas raç,L' de milho denlro dessa espé-
cie. Tal situação é parecida com o que ocorre na espécie humana, na qual 
são identificadas \"Árias raças dCnlro da espécie Homo,,·ajJiens. O milho é 
uma gramínea pertencente a tribo M(I)'deae que, por sua vcz, compreende 
sete gêneros, dois nativos do Hemisfério OCidcnt,d - Ze(/ C li·ijJsaclIlI/ - C 
cinco da t\sia - Coix, CbionClcbne, poó'tOCCI, Sc/eracblle e Trilobacbne. O 
gêneroZea compreende cinco cspécies: Z. m{~}'s , z. mexicana, Z./uxurians , 
Z. dijJlojJerel1nis e Z. jJerenllis. As quatro últimas são comumenle denomi -
nadas tcosinte. O gênero Zea apresenta 2n = 20 cromossomos, com cxcc· 
ção de Z. jJerel1nÍs, que é telraplóide. O cruzamento do milho com os vários 
12 
U {'(Ilor dos reC/(rsos gmélicos de milbo //flm o Brasil 
Icosimes são viáveis e produzem lubridos férleis, excelO com Z. perennis. 
O gênero TrijJsacu/II é um pouco mais dislanciado do milho em relação 
ao leosinle, mas lambémlem cerla proximidade. Exislem várias espécies de 
7iipsaclI/II, por exemplo, 7: jloridall1l/ll , T. dact)'loides, 7: !1wizar, 7: 
tlaslrale, entre outras. 
A espécie milho é provavelmente a que conta com maior variabilidade 
genética enlre loda.> a.s planlas cultivadas. Existem, hoje, idenlificadas cerca 
de 300 raças de milho c, demro de cada raça, milhares de wriedades. O 
milho é cultiVílC!O em prati camente todos os continentes, em todas as condi-
ções, porém, para cada região, existem milhos distintos com adaptação es-
pecífica. Por exemplo, exiSlem variedades de milho adaplad'L'" alta ,dlilu-
de, como o milho de Cuzco, que só se desenvolve acima de 2.50001 , no 
Cuzco, Peru , assim como existem milhos adaptados a áreas de haixa altitu-
de, ,dém de lipos que são cultivados desde laliludes do exlremo Norte ao 
extremo Sul. Observa-se, portanto, grande variabilidade genélica quanto à 
adap,abilidadc do milho em diferenles condições ambiemais. Conslala-se 
variabilidade para pralicameme lodos os caracteres da planla, dos grãos e 
da espiga. Também há "'lriabilidade com relação ao porle, com planlas de 
cinco metros e outras com pOllCOS centímetros de ahura. Detecta-se v'Jriahi-
Iidade quamo" composição química do grão, do endosperma C" qualidade 
de proleína. 
AJém da ampla variabilidade genética, o milho (em lima característica 
bastante importante quanto ao seu nível de domesticação. Trata-se da espé-
cie cultivada que atingiu o mais elevado nível de domesticação, o que faz 
com que o milho só sobreviva quando cuhivado pelo homem, uma vez que 
perdeu a capacidade de sohreviver por si mesmo na naturez.1. O milho tam-
bém é a espécie que apresema a capacidade de produzir a maior quantidade 
de alimemo por unidade de área e por unidade de lempo. Exislem milhos 
quc produzem 3, 4, 5Vha c, conforme o melhoramcnto genéticoe o manejo 
da cuhura em lermos de adubação e de IralOS cuhurais, certos híbridos 
podem chegar a produzir 20i/ha ou mais, o que é uma produção bastanle 
signi ficativa, considerando que isso é obtido em cerca de quatro meses ou 
pouco mais. 
Com toda essa diversidade disponível, o mclhorisla pode conduzir seu 
Irabalho de melhoramenlo para produzir variedades e híbridos mais produ-
tivos e mais adaplados '15 necessidades do agricuhor. Compele, naturalmen-
13 
HmesJo P""'TlIill1l1: I.uciano WUfL7/ÇQ N(I .. <;$ & Ma1loel Xtll'it-'T dos Sanlos 
te, aos pesquisadores ou aos órgãos de pesquisa o aproveitam enio e a ma-
nutenção dessa variabilidade genética. Normalmenle, a obtenção c a manu-
tenção dessa variabilidade genética têm sido feitas por bancos de germo-
plasma, os quais mantêm as amostras individualizadas c em condições con-
troladas. Esses bancos são disponíveis, hoje, para praticamenle tod;L, as plan-
tas cultivadas e, naturalmenle, os bancos de germoplasma estão localizados 
em instituições diferenles c que se especiali7.aram para as diferenles espé-
cies. 
RAÇAS DE MILHO DESENVOLVIDAS I'ELOS I'RIMEIROS IIABITANTES 
DA A.\ltRICA 00 SUL E SUA lITtLlZAÇÃO PELO HOMEM CIVILIZADO 
o milho, pelo que se sabe, é origimírio da América Centr-.rJ ou do México, 
tendo sido desenvolvido nos últimos 8 mil anos. Existem várias teorias sobre 
a origem e a evolução do milho, mas a mais acei ta hoje é que foi originado 
do teosinle, que é uma granlínC'd. Essa planla é muito parecida com o milho, 
porém produz uma espiga muito pequena e grãos que podem ser moídos 
para fazer farinha; também podem ser utilizados na ;dimenlação c estoura-
dos no fogo, dando um tipo de pipoca. De qualquer tmUleira, os povos pri-
mitivos que habital".lm a América Centnd conseguiram domesticar o milho 
e, ao mesmo tempo, por seleção, produzir um número bastante grande de 
raças. Quando o europeu chegou à América, em 1492, já encontrou vários 
tipos de milho domesticados c cultivados pelos autóctones. Posteriormente, 
todo esse material foi devidamenle estudado e classificado com relação às 
suas raças. 
Na América do Sul, foram encontrados os milhos indígenas cultil"Jdos 
pelos índios, sendo que, mais tarde, alguns foram adotados pelo homem 
ocidenl,d e se desenvolveram nas chamadas raças corgerciais anligas. Poste-
riormente, foram introduzidos milhos de outros locais da América Central c 
da América do Norte, resultando nas raças comerciais recentes. 
Entre os milhos indígenas, a maioria é constituída por milhos de grãos 
farináceos, muito moles, que se prestam à moagem e à produção de farinha. 
Entre esses aparece o GuanlOi, cultivado pelos índios Guamni - Paraguai , 
Bolívia e regiões adjacentes do Br-dSil-, denominadoAvatí Morolí. A maio-
14 
o mlor das recursos gemjHcos de mil/Xl !,am o Brasil 
ria dos milhos Guar<lI1i apresentam grãos amarelos, com uma camada de 
aJeurona amarela, mas com a parte intcrna branca. Havia também O milho 
Avatí MOl'otí branco, com todas as estruturas brancas. Outro tipo era o 
miUlO dos K:lingang, que é um grupo indígena que vivia desde o Uruguai até 
o estado de São Paulo. Esse milho Kaingang é também de grãos amiláceos, 
porém dentados e normalmente brancos, de espigas cilíndricas, ocorrendo 
variações na coloração do grão, como vermelho, variegado e roxo. Havia 
também o milho entrelaçado, cultivado numa extensa área amazônica. Esse 
tipo apresenta espigas extremamente longas - 30cm ou mais - e as fileir<L' 
são e ntrclaçada..~ ao invés de retas, corno ocorre no milho em geral. Os mi -
lhos entrelaçados são amiláceos e com muita variação na coloração dos 
gr<los: amarelo, vermelho, variegado, azul ete. No Rio Grande do Sul, foi 
encontrada uma mça chamada Lenha, de grãos bmncos amiláceos, espiga 
curta com elevado número de fileiras, geralmente acima de 20 fileiras de 
grãos. Sua distribuição é muito restrita. 
Entre os miUlOS indígenas, havia ,linda os de pipoca, desenvolvidos prin-
cipalmcnte pelos GUílItUli, no Paraguai. Predominava o pipoca de gIllOS re-
dondos, mas também era muito comum o de grãos pontudos. Grande parte 
dos milhos pipoca comerci,lis utilizados hoje são oriundos desse pipoca dos 
Guarani, tanto que uma vílriedade imporlante dos Estado Unidos é chamada 
SO/l./bAmel'icanl'opcol'/1.. Os Guarani também cultivavam um tipo de milho 
de grãos duros, chamado jlint, de cor branca. Adotado pelo homem civili-
z::ldo, passando a ser cultivado para fins especiais, originando a variedade 
conhecida com o I,1ome Cristal e que é usada princip::~l1lente para fazer can-
jica. Em toda a costa atlântica, da Argentina às Guiana.'i, viviam os Índios 1\lpi 
que cultival'.,m, essencialmente, milhos de grãos duros de cor laranja escu-
ra, o qual originou O milho Cateto que foi adotado pelo colonizador. 
Esses são os principais milhos desenvolvidos pelos índios na Améri ca do 
Sul e tiveram grande importância no melhoramento genético atual, princi-
p,dmente o milho Cateto - duro de cor laranja - , bem como o Cristal - duro 
de cor branca -, mesmo se com menor expressão. 
15 
Enu:slo Palemimli. LlIámlO l.olll'e1IÇQ Nass & MaNoel Xm:ier do.,\' Jaulos 
RAÇAS DESENVOLVIIlAS DE III'fRODUÇÕES EXÓTICAS 
Por ocasião da Guerra da Secessão, nos Eslado Unidos, por volta de 1860, 
muitos americanos imigraram para o Brasil e trouxeram milhos cultivados 
naquele país. Esses milhos eram de grãos dentados com produção superior 
aos catetos, normalmente de gr'los amarelos, porém ,~guns também de grãos 
brancos. Com a introdução dos milhos americanos, ocorrcram cruzamcn-
tos com o cateto, dando origem a variedades que apresentavam gennoplas-
ma cateto em combinação com miUlOS dentados. Por volta de 1915, houve 
nova introdução de milhos dentados americanos efetuada pelo secretário da 
agricultura de Minas Gerais, Benjamin Hunnicut. Em \1sita aos Estados Uni-
dos, ficou impressionado com o comprimento das espigas expostas nas feiras 
agrícolas, e tomou a iniciativa de trazer amostras para o Brasil. Tais ntilhos 
passaram a ser cultivados e naturalmente Cruzaranl com o cateto, resld~U1do em 
inúmeras variedades. 
Antes do início da era do milho hnlrido, o que existia no Brasil era o 
cultivo em grande quantidade do milho cateto - grãos duros de cor laranja 
- e também dos milhos provenientes do cruzamento de cateto com os mi-
lhos americanos dentados. Essas variedades ficaram conhecidas por nomes 
region:us: ltaici, Caiano , Argentino, Dente-de-caV'JIo etc. Entretanto, todas 
aprescntaval11 uma call1cterística semelh;mte, o tipo de grão dentado amare-
lo mais produtivo que o cateto. Os diversos tipos encontrados em São Paulo 
foram denominados milho Dente Paulista. 
Os milhos originários dos Estados Unidos também foram introduzidos no 
Rio Grande do Sul, porém não se cruzaram com o cateto, permanecendo 
mais ou menos separados, recebendo também uma série de nomes locais, 
os quais podem ser agrupados como Dentados Riograndenses. Nessa re-
gião, antes da era do milho híbrido, existiam milhos tanto de cor amarela 
como de cor branca. Posteriormente, foram realizadílS algumas introduções 
de nulho branco de grãos graúdos, espigas compridas e de oito fileiras , 
denominado Hickory King, o qual era cultivado no Paraná, mas que não 
tinha uma produção muito eleV'Jda, como os demais tipos. Na Bahia também 
foi identificada uma raça de milho, a partir de uma variedade da América 
Central chamada Tusón, um milho dentado de espigas muito grandes de 
gr-ãos amarelos, porém com certa freqüência de grãos avermelhados, devi-
do a coloração do pericarpo. 
16 
o /lalor dos reClmos genélicos de millXJ para u Brasil 
Os tipos descritos anteriormente eram os princip'ús milhos existentes na 
América do Sul, especi,dmente no Brasil, antes da era do milho hfiJrido. 
Antes do início dos trabalhos com milho híbrido - que ocorreu no Brasil 
entre 1930 e 1932 - , ha\;a ,dguns trabalhos de seleção, mas muito simples, 
consistindo na escolha de espigas, resultando em uma série de variedades 
cultivadas pelosagricultores, as quais receberam nomes específicos. Entre-
tanto, alguns agricultores com nllúor efici ência e atenção, conseguiram va-
riedades que, segundo informações informais, apresentavam características 
que indicavam superioridade em termos de produti\;dade. De qualquer ma-
neira, os trabalhos eram muito simples, uma seleção l1lass;:~ sem muita tec-
nologia. 
PRIMEIROS TRABALHOS DE SELEÇÃO E OBTENÇ,\o DO MILHO HIBRlDO 
Os trabalhos de melllonHllento com milho Illbrido tiveram origem por 
volta de 1930, simultaneamente no Instituto Agronômico de Campinas -
IAC, no estado de São Paulo, e na Universidade Federal de Viçosa - UFV, em 
Minas Gerais. O então diretor do IAC, Carlos Arnaldo Krugg, esteve nos Esta-
dos Unidos fazendo seu PhO e sua tese versou sobre a heterose ou vigor de 
híbrido no milho. Assim que retornou ao Brasil , deu início aos trab,dhos 
para desenvoh;mento do milho híbrido. Glauco Pimo Viegas, chefe da seção 
de cereais, liderou esse programa durante muitos anos, assumindo, poste-
riormente, o cargo de diretor do IAC e a Secretaria da Agricultura de São 
Paulo. Inicialmente, foram conduzidos trab,dhos procurando a obtenção de 
linhagens de milho cateto, uma vez que o milho cateto era o mais popular 
entre os agricultores. Ao utilizar várias gerações de autofecundação, foram 
obtidas muitas linhagens e os primeiros Illbridos fonull conseguidos por 
volta de 1945. Os primeiros híbridos, apenas com linllllgens cateto - de 
grãos duros e alaranjados -, não eram muito produtivos, embora fossem 
bem mais produtivo do que o milho cateto. 
Em Viçosa, o professor Gladstone de Almeida Orununond - que trabalha-
va IlllUS com estatística - c o professor Antônio Secundino de São José Araú-
jo - mais envolvido com genética-, tomaram conhecimento do milho híbri-
do nos Estados Unidos e resolveram iniciar um programa de produção de 
milho híbrido no Brasil. Trataram de obter linhagens de cateto e linhagens 
17 
Em('slu Pa/emiall i. I.UCÍlIIIO lmm:nço N(l~, [. MmlOt1 Xal'Í(-r dos S(lnla~ 
de milhos dentados c, pela primeira vez, obtiveram um hn,rido semi -denta-
do, cruzando linhagens cateto de grãos duros com linhagens de milho de 
grãos dentados. Devido ao I;gor de lul>rido entre o milho cateto e o milho 
dentado, o híbrido resultante era muito mais produtivo do que aqueles obti-
dos apenas com linhagens cateto. Esse hn,rido semi-dentado foi, na ocasião, 
bast:Ulte criticado, uma vez que havia a idéia de que os milhos deveriam ter 
um padrão estabelecido, quer dizer o milho deveria ser duro ou dentado, 
mas não se admitia a existência de um milho intermediário. Em verdadc, 
com o tempo, essa idéia não prevaleceu e o milho semi-dentado passou a 
ser b;c;tante popular no Brasil. Em I;S'" dos resultados, o programa do lAC 
também passou a adotar a mesma linha, tratando de obter linhagens de 
milhos dentados e produ7ir os híbridos semi -dentados, o que correspondeu 
a um aumento de produti vidade muito significativo em relação aos hn,ridos 
obtidos apenas com germoplasma cateto. 
O programa de milho hn,rido iniciado em Viçosa deu origem à empresa 
Agroceres, fundada pelos dois pesquisadores, sendo a primeira empresa 
priv:.da a desenvolver milho lubrido no Brasil. Com o tempo, out ras insti tui -
ções públicas passaram também a conduzir trabalhos para a produção de 
milho híbrido, especialmente as secretarias de agricultura do Rio Grande do 
Sul e de Minas Gerais. 
Os programas de milho híbrido utilizavam a metodologia padrão, que 
consistia essencialmente cm autofecundar phmtas das variedades existcntes 
como cateto ou milho dentado para a obtenção de um número muito grande 
de linhagens. Após várias gerações de autofecundação - seis, sete oum:us-
, as linhagens cram avaliadas quanto ;IS suas características agronômicmi. As 
melhores eram cruzadas e dessa nWleira era possível identificar quais as 
linhagens que tinham melhor capaodade de combinação, isto é, capacidade 
de dar bons híbridos. Dessa forma, foram escolhidas linhagens que seriam 
utilizadas como genitores dos hJl1ridos. 
Os programas de milho híbrido tiveram cada vez m,us aceitação e o mi-
UlO lubrido semi-dentado passou a ter grande popularidade entre os agri -
cultores. Por outro lado, os milhos semi-dentados não tiveram muita aceita-
ção especialmente no Rio Grande do Sul c também em Santa Catarina, pois 
os agricultores preferiam milhos dentados. A razão é que nesses loc;us pre-
dominavam agricultores mais tradicionais, de origem germânica, que tinham 
muito mais tradição c interesse na manutenção de suas variedades. Portan-
/8 
to, era difícil a aceitação de um milho dc grãos totalmente diferentes, o que 
levou à concentração na ohtenção dc linhagens só de milho dentado, ou 
seja, hast;ulIc semelhantes aos materiais e llS variedades utilizadas pelos agri-
cuhores sulinos. 
Em São Paulo, a situação foi diferente, pois os agricultores não eram 
tradicionais manlcncdores de varic{bdcs, ou seja, não se preocupavam em 
seleci onar c Cllllllantcr \t;:lricdadcs geração após geração. Normalm ente. os 
agricultores vendiam toda a produção C no ano seguinte adquiriam as se-
mentes no mercado ou de outros agricultores, riz inhos. \'cssa si tuação , não 
houve prob1cm ,l>; na aceitação de um hOJrido totalmente novo, com grãos 
diferentes como os tipos semi -dentados. É por essa razão que em São Paulo, 
no Paran;í e em Min;LS Gcrais;1 aceilação do milho semi-dentado foi b'Lstal1le 
rápida e fácil. 
\ I .. : 
ESTABELECIMENTO 00 8i\NCO DE GERMOI)U SMA 
No início do cstabclecimcnto dos bancos de gennopbLsma, não hm;a cons-
cien tização sohre a imporflllcia do material genético hásico. No caso do 
milho, os hancos de gcnnoplasma ti veram origem com os trabalhos da Fun-
dação Rockefeller, no México. Em 194:\, a produçOio de milho no México 
era insuficicntc para sua população de 20 milhões de habi tantes , sendo por-
tanto neccssário importar milho, uma vez que é a basc da :~imcntação mexi-
cana. O governo mexicano solicitou então à FundaçOio Rockcfeller que de-
senvolvcsse um programa de melhoramel1lo de milho, de Irigo e dc outm' 
espécies, m;L' com ações p,;oritári :Ls para O milho c o trigo. Os pesquisado-
res iniciaram cssc programa em 1943 e o primeiro trahalho, no caso do 
milho, foi um le"lntamcnto dos milhos cxistentes no México. Verifi cou-sc 
quc havia grande diversidade de tipos dc raças. '15 quais foram dc\;damentc 
cstudadas e classificadas, resultando cm 25 raças dc milho dcscritas. Esse 
trah;~ho revelou que o milho possui um poten cj;~ de germoplasma bastante 
diversificado c que dcve scr preservado, uma vez quc pode ser mu ilo Íl til em 
programas dc melhoramento. 
Essa diversidade no México trouxe o intcressc de vcrifi car se havcria tam -
bém uma diversidade de germoplasma em outros p:úses, sendo conseqüen-
temente conduzidos estudos semclh:mtcs na Colômbia, na Venezuela, no Peru . 
19 
/:'mes/o Ptll('rJ//rIlIi. LIIÓa1lU 1.l.JIm:/lço Nass & Mauoel Xal"iel" dos 'imllos 
na Bolívia e, evidelllcmCllIe, no Brasil. No Bf<L,il, o Departamento de Genéti-
ca da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ foi incumbido 
de efetuar um estudo das raças de milho existentes no Brasil e nos países 
adjacentes. O trabalho teve origem em 1952 e, nessa ocasião, o chefe do 
Departamento de Genética era Frederic Gustav Brieger, que sempre se preo-
cupou muito com estudos sobre o milho, principalmente ligados à evolução, 
mas também com aspectos voltados para o melhoramento. Brieger preocu-
pava-se também com os milhos indígenas, procurando obter amostras culti-
vad,L'\ pelos índios c, em seus contatos com mjssionários e antropólogos, 
sempre recebia material interessante para pesquisa. 
Ernesto Patemiani passou o ,Ul0 de 1951 no México, no Programa Agrí-
cola Mexicano da Fundação Rockefeller. Ao regressar, passou a fazer parte 
do DepartamcllIo de Genética da ESALQ, tendo a incumbência de desenvol-
ver o B'U1CO de GenllopIasma de MilllO. Essa experiência permitiu a Paterniani 
conhecer as raças de milhomexicanas e as metodologias de melhoramento 
lá utilizadas. 
Inicialmente, foram efetuad'L' \iagens de coleta de nulho, juntamente com 
colegas como José Teófilo Gurgel. No interior do Paraguai, durante cerca de 
um mês, foram coletad'L' algumas centenas de amostras dos milhosAvatí 
Morolí e também uma série de variedades de milho pipoca, tanto de grãos 
redondos, como de grãos pontudos. Foram tíllnbém condtlí'jdas viagens com 
Warwick Estevam Kerr nos estados do Paf<U1á e de Santa Catarina, \isitando 
especialmente os Índios Kaingang. Nessa ocasião , foram coletadas amostra.s 
características do milho cultivado por esse grupo indígena. Ao mesmo tem-
po, foram efetuadas viagens de visita a agricultores, principalmente em São 
Paulo e Minas Gerais, sendo obtidas várias centen'LS de amostras de milhos 
catetos, dentados c semi-dentados. Foram também encontradas amostras 
muito interessantes de milho crist:d. No sul de Minas Gerais, por exemplo, 
havia uma variedade chamada Prata, de espigas grandes, compridas, de grãos 
duros e brancos. Desse modo foi possível obter uma coleção bastante repre-
sentativa dos principais milhos cultivados, no Paraguai , pelos índios, princi-
palmente os Kaingang. Também foram obtidas sementes de milho entrelaça-
do, cultivado por índios da Amazônia. 
Como resultado dessas expedições, o banco de germoplasma de milho 
do Departamento de Genética, em pouco tempo, contou com m,tis de 3 mil 
amostras de sementes. Natur:dmente, esse materi:d foi plantado, estudado e 
20 
identificado quanto :L'i suas carac!crísti Cíl" 1ll0l{ol6gicas e agronômicas. C0l110 
freqUentemente as sementes olHidas eram em pequenas quantidades, houve 
a necessidade de multipli car 'lS amostras. Cada amostra fo i plantada c, por 
meio de pounizações manuais, foi realizada :Ill1ultiplicu;ão {h" amostras. 
De\'e-se observar que ti organização e o desc ll vohimcnto de um banco de 
germoplasma é lima at ividade bastante complexa, pois: 
A. envolve desde ,i coleta nos locais onde esses milhos são cult ivados, 
muitos dos quais são de difícil acesso. o que torna as expedi ções mui to 
longas e trahalhosas; 
B. depois de obtidas as amostras, existe UIlI trahalho muito intenso dt , 
identificação , descrição, e avaliação desses materiais; e 
C. é necessário que o banco de gennoplaslll:t mantenha as amoslras em 
boas condições para serem utilizadas pelos PCS<luis;uln!'C.'s. íL ... sim , Ilara 
cada acesso, deve existir lima quant idade suficiente de scmcntes com 
,dto poder de germinação para utili zação. ou seja, esses materiais têm 
de ser plantados periodicamente. 
Toda essa iniciativa é UIlI trahalho de rotina, porém extremamente impor-
tante e essencial, sendo que essa condição rotineira não l)lltusiasma os 
pesquisadores. lima vez que a manutenção dl' material em banco de gl' rmo-
plasma nem sempre proporciona um retorno cien tífico correspondente ao 
trah,dho enl'ohido . De qualquer Illaneira. esse hanco de ~ermoplaslll a foi 
conduzido durante cerca de I i anos no Departamento de Genética da ESAU! . 
Uma alte rnati\'a que foi ut ilizada para minimizar o trahalho de manulen\:ão 
do banco foi o de identificar amostras muilO scmelhantes l' rl'presentati \'as 
da mesma variedade, as quais foram então agrupad:l'i elll populações. Assim, 
tod~L" as amostnl ... do banco de gennoph"' llla foram plantad:L" . obser\~l(hL" c 
a\ ... ~ ia<h~ indhidu~~mentc . A" amostras foram obsl'l\wll'" com relação aO tipo 
de planta e rua., parol o florescimento. Após a colheita, t,unh{'11l quanto:to tipo de 
grão, tipo de espiga, coloração etc. Dessa lJlaneira, aqudas mais de :1 mil 
amostras de milho existentes no banco foram reunidas ell1 cerca de 95 po· 
pulações. Não se justificava Illuito a manutcn\':"io dCSS~L" alllos tr~L" indi\1t1ual· 
mente, pois isso leria lima série de illconrenicllIes, além do trabalho envol-
vido. Esse esquema nem sempre contou com o apoio de muitos pesquisado-
res, pois consideravam que :L"':; :lmostra'5 de\'eriam ser m:Ultid:L" indiyidualizadíl" 
para sempre e não mistllrad~l" ou combinad:l" com OulnLO;;, mC:-;JllO que Illuito 
semelh,Ullt's. 
21 
Em,:,/o /'tI!L7'l lÍtllIl. Llicia!lo ÚJIi /'L'II{'O • \(L'\.~ (. .Ifalloel ,\iu ·ier do.,' .\(m/os 
Segundo Paterniani I'< Goodman ( 1977) , a manutenç:io de amostras indi-
viduai s deve considerar os seguintes aspectos: 
A. Um trabalho mui to grande de polinizações manuais, uma rcz que o 
milho é de polinização cruzada. A polini zação manual nunca pode ser 
feita comum número muito grande de pl::mtas, dessa forma, após cada 
geração de renovação, o número de plantas vai sendo reduzido, o que 
deve acarretar certa endogamia e perda de alguns genes originais. Por-
tanto , se em tIIll::l determinada amostra for coletada dez espigas - cer-
ca de 5 mil semcntcs - e na ren ovação forem utilizadas 100 sementes 
l'lll cada geração, sendo que após os cruzamentos são mantidas )0 a 
40 espigas , isso representa 30 ou 40 sementes da'luelas 5 mil origi-
nais. Dessa forma , já existe uma rcduç:io considerável e, persistindo 
esse esqucma, a redução cvidentemente vai conduzir aUllla endogamia. 
As nov,L" amostr~L" não serão represent:lti\'~L" da original coletada no 
campo, CCl1amente, isso traz inconvenientes, pois nos trab,~hos de 
pesquisa, a mesma amostra sendo utilizada em ;mos distintos pode 
representar freqüências gênicas diferentes. 
B. O agrupamento de um mimero de amostras da mesma variedade em 
uma única populaç:io pode ser mult iplicada em um lote isolado, como 
é feito no campo peio agricultor, quer dizer facilmente pode-se plantar 
:l , 4, 5 mil plantas e, dessa maneira, tudo indica que seja obtida uma 
amostra m,us representativa do que existe na natureza, além de lima 
considerável redução do trabalho envolvido. 
A reunião das mais de 3 mil amostnls em 95 populações contou com o 
auxílio de WeUhausen, pesquisador americano responsável pelo melhora-
mento do milho no México, no programa da Fundação Rockcfeller. Esse 
pesquisador esteve no Departamento de Genética da ESALQ, auxiliando na 
identificação das amostras e na decisão de quais deveriam ser reunidas em 
uma determinada população. Após a reunião das" amostras, essas foram 
mantida.s por meio de lotes isolados, que não eram plantados lodos os anos, 
existindo um escalonamento dos plantios, Esse banco foi mantido até que a 
Empresa BnL, i1eira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa também tomou a 
iniciativa de desenvolver seu próprio banco de germoplasma, ocasião em 
que todo esse materh~ foi emiauo para o recém criado banco de germoplas-
ma de milho em Sete Lagoas - MG, no Centro Nacion,~ de Pesquisa de Milho 
e Sorgo - CNPMS. Novas expedi ções de coleta foram m~izadas pelo CNPMS 
22 
o m/o/' dos reCl/rsos glflléticos de mil/X! para o Em,I'i! 
c Centro Naciom~ oe Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia - Cc-
nargen, dando-se continuioade aos trabalhos de regeneração e de manuten-
ção da coleção ativa. 
Verilka-se que tooo o processo de formação de bancos de germopl ,c;ma 
no Brasil contou essencialmente com esforços do setor público, ilticialmen-
tc CO I11 Universidades e posteriormente com a Embrapa. Isso se deve, prova-
vchncnte, à natureza ee pouco retorno econômico a curto prazo. Ressalta-se 
que essa atividade é de grande importância e é essencial para o contínuo 
melhoramento do milho , tendo beneficiaoo, em grande parte, o setor priva-
do, sem que o mesmo tenha desembolsado recursos relevantes para a ativi-
dade. Algum apoio do setor privado foi obtioo na multipli cação de alguns 
lotes isolados, m'LS todo o trabalho tem sido realizaoo pela ilticiativa púhli -
ca. Várias pubUcações têm sido rc,~i zadas com base nos materiais mantidos 
no banco de germoplasma de milho do Brasil , entre el'Ls o levantamento d'Ls 
raças do Brasil (Bri eger el alii , 1958), retomado em publicação posterior 
por Paterniani & Goodman (1977) , além oe outras avaliações sobre o po-
tenc i,~ dos acessos disponíveis no país (Embrapa, 1984; Santos el ali i, 1998; 
Miranoa f!! el alii,1999). 
\ { 
" 
CARt\CTERí~"TIf.AS 00 AMBIENTE TROPICAL 
PARA O MELHORt\MENTO DO MIUlO 
Um fal a notável é a capacidade que o milho possui de se desenvolver em 
lima ampla faixa de ambientes. O pioneirismo nos métodos de melhoramen-
to e o seu maior desenvoilimento ocorreram em condições de clima tempe-
rado, especialmcnte nos Estados Unidos. Entretanto, a transferência quase 
exata d,c; técnicas desenvoilidas nos amhientes de cli ma temperado não se 
constinlem lima alternativa vi<ivel e eOcicntc para as condições tropicais. 
Contrastes marcantes entre diversas características dos dois ambientes são 
apresentldos, a seguir, na Tabela I. 
Paterniani (199:-;) ress;~tou a importância da precipitação plllliométrica , 
uma vez que, nos ambientes de clima temperado, a estação chuvosa apre-
senta-se mais bem definida em relação aos amhientes de clima tropical , 
gen~mente marcados pela imprcvisibilidade. Como exemplo, pode-se citar a 
região Centro-Sul , on~ a experiência indica como m,tis fa\'or:'\'el a semc<ulura 
23 
TAR EU 1 
Principais d~lt!rellr(/S eu/re rIIubieJlles 
de clima temperado l! tropif.;al para (} cullim do milho 
Caracteristicas 
Vanação cllmãilca anual 
Variação pI\Nlomélnca anua! 
FOlopenooo 
Temperatura noturna 
CondJÇões do solo 
PenedO de semeadUl3 
Periodo de CUltIVO 
Problemas de gcmnação 
Ervas danmhas 
Insetos de grãos armazenados 
CICio 
AIIura da planta 
Dlstânaa entre lOcaiS 
Transpol1e e corrumcação 
CondiÇões de pesquISa 
Ouantidade de pesquisadores 
Temperado 
Relativamente estável 
RelatIVamente umlorme 
Dias longos 
Mats Ina 
Geralmente lavorave<s 
AesllllO (PC>Jcos c as) 
Bem dehrudo 
SOlo IrlO e h .. ngos 
Média Infestação 
Baixa Infestação 
Umlol'rT'II!. adaptado ao 
c:<:Io ce cu'tlVO 
Media a baixa 
Cul1a a raloavel 
Geralmente sallslatonos 
Geralmente sallslatónas 
Adequada 
Clima 
Tropical 
Condições de cultivo 
Vafl3vel. Imprevlsivel 
Vau3vel, impreVlsivel 
Dias curtos 
MaiS Quente 
FU~Quentemente adversas 
AfT'9Io (vànas meses) 
vauavel, amplo 
Il'Isetos de sOlo 
Alta Infestação 
Alta Infestação 
Tipo de plan ra 
Vallável, adaptação às SitUações 
c~ma~cas e soclO-econ6rrucas 
Geralmente atta 
InfrHstftllufa 
Frequentemente longa 
Geralmel'lte não satisfatóriOS 
Geralmeme não sahsfatorras 
Insuhclente 
em outubro, podendo Ilu;ar de setembru a nOl'embro. Tudalia, existem anos 
em que a semeadura só é possíl'el em dezemhro"devido " falta de condi-
ções rarorá\'eis, prind palmcllte pelo atraso !las ChU Vi:lS. Com rel:l,:ào ao 
período de cultil'o, o clima tropicallel'a grande vantagem se comparado iL' 
condições de cl ima temperado, no 'lu:d esse peliodo é hem definido e rclati,,,-
mente curto, Entrc t ~ullo , a maior desmntagelll dos ambientes tropicais é a 
imprc\'isibilidade das condições dim:ÍlicL'i C :l'\ \';.uiações b~l..,t~u llc acentu:ubl'\ 
I.mlo entre regiões como entre :UlOS. Em rUIl,'ào dess:t'\ \'ariaçües, os estudos 
de cultivo em direrentes épocas de semeadura tornêl lll ·SC Illuito importantes 
24 
o ralo ,. dos rt'w"su"" gt'I/ {:lico.\' de /ll/ibo "tlm o 8r(/,\11 
e necessários, princip ,~mente para identificar quais os períodos mais favo-
dveis de cultivo em cada região e para permitir a seleção de cultivares que 
apresentem maior estabilidade "'L, diferentes épocas. 
Em vários Estados do Brasil a época de cultivo do milho tem sofrido 
alteração na tentativa de se obter mais de lima safra por ano ou para evitar a 
ociosidade da terra e equipamentos em geral. 11 partir de 1980, no Oeste do 
Estado do Paraná, ,~gU"S agricultores ilticiamm o cultivo de milho fora da 
época normal recomendada. Esta pdtica foi denominada de "sa[linha". No Es-
tado do Paraná a época de semeadura do milho "safrinha" compreende os me-
ses de dezembro a fevereiro, sendo observada uma preferência para o pl'Ullio 
em fevereiro, onde há menor risco de perd,L" de\ido aos fatores clil11 ~it i cos , () 
cultivo de milho "s,úrinha" ocorre após a colheita da safra de primavera/ 
verão, geralmente representada por soja precoce ou feijão. 
Com os resultados obtidos nessa experiência, lal inicialiva apresentou-se 
como alternativa real para este período do iUlO , o que levo u outros Estados a 
utilizarem () milho "safrinha" de maneira rotineira e COI11 cxp .. msão crescen-
te da área cultivada, Atualmente, o milho "safrillha" é prática comum nos 
Estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. 
Certamente, o cultivo de milho "safrinha" causou Ulll grande impacto em 
vários setores do negócio agrícola no Brasil , tais como: pesquisa, extensão, 
scmentes, defensivos c, C0l110 conseqüência, ampliou a oferta do pro((ulO no 
mercado. 
'\! 
CONTRIBUIÇÃO DE GERMOI)I.:\SI\t<\ EXÓTICO TR{WH:t\L 
PARA o MEUIORAMEl\"I'Q no MILHO NO BRASIL 
No le",unamento realizado por Hallauer & Miranda Filho ( 19g8) foram 
encontradas aproximadamente 301l raças de milho nos vários estudos con-
duzidos no Hemisfério Ocidental. Na Tabela 2, a seguir, encontram-se rela-
cionados os complexos raciais mais promissores para o melhoramento 
(Goodman, 19i8). 
De particular interesse para as condições brasileiras são os estudos con-
duzidos por llriegcr el ({lii ( 1958) e Palerniani & Goodman (1977). Des-
creveram C <IvaHaram () pOlenci;~ genético das raças dc milho do Brasil c 
p:úses \üinhos. Segundo l'aterniani & Goodman (I 977) , cerca de 50% d'L' 
25 
Eml'slu ['a/em/til/i. LuciaJ/o Lourel/ço N{{ss Cc Mal/oel X(/I"ier dos S({ulos 
a variabilidade genéLica nos programas de melhoramento. No entanto, com 
a recente lei de proteção de cultivares, o intercâmbio de germoplasma está 
se tornando cada dia mais limitado, trazendo como conseqUência uma re~ 
dução no uso da variabilidade genética que poderia estar sendo 
disponibilizada para os programas de melhoramento. Em verdade, essa pre-
ocupação com o intercâmbio de germoplasma é pertinente, pois, acessos 
arlllalenados e aparentemente sem nenhum valor podem conter genes ou 
combinações de genes de alto valor adaptativo ou com alto valor agregado 
ao grão. 
Ao se tratar de linhagens de milho, o problema é mais acentuado, pois, se 
no passado eram depedigree "fechado", hoje, com 'LS mudanças de merca-
do e lei ele proteção de cultivares, empresas públicas e privadas tomam to-
das as precauções para evitar o uso de materiais comerciais como fontes 
para a extração ele linhagens. 
Alternativas para elevar o nível de utilização dos acessos mantidos em 
bancos de genTIoplasma têm merecido a atenção elos melhoristas e dos pes-
quisadores envolvidos com recursos genéticos. A primcira seria a caractcri ~ 
zação dos acessos para fatores especiais - estresses bióticos e abióticos -, a 
segunda, o uso de coleções nucleares - core collections. A caracterização 
monológica e molecuhu' dos acessos da core collectioll é essencial e estratégica 
p,mL o p'ús, lembnUlelo-se que a prospecção de genes para caracteres de quali-
dade nutricional é também uma demanda prioritária; e a terceira seria for-
taleceI' os progracmLs de pré-melhoramento. 
H 
VI 
BIBLlOGR,\FlA 
An lA OSUNA, J. "Stratified mass selection for production in two maizc populations" 
Agronomy Abstract, L 976, p. 45. 
Bricger, E G.; GurgeJ, J. '1'. 1\ .; Patcrniani, E. ; B!umenschein, A. & Alleoni, M. R. Races of 
111aize in Brazil (I1ul otber Eastem Sou/b America COll1lln"e::j, s./ed ., 1958. (NAS-
NRC rubI. 593) . 
CI.NTO:X, T. "Av'lliação de oito ciclo.s de seleção recorrente na população de milho (Zea 
may.s L.) Suwan DMR", Piracicaba , ESALQ / USP, 1988, dissertação de mestrado, 
mimeo. 
38 
I:"rl/(.:'\Io Paterniam; Luciano J1JU/'(7/ÇO Na,ss & Mal/oe! Xavier dos NO/los 
TABELA 2 
Complexos raciais de maior importância 
para o melboramenlo de milbo 
Tipo de material 
Dentados do México (I) 
Dentados do Com Belt (EUA) Q) 
Dentados do Caribe (I) 
Cristalinos do Caribe ~') 
Catetos I~) 
Cristalinos e Amitáceos (2:) 
Raças eJou Populações 
Tuxpeno, Vandeiío, Tepecintle, Zapalote Chico, ZapaloteGrande e Celaya 
Reid, Lancaster e Krug 
TuSÓfl 
Coastal Tropical Flinl$, Comuns e Costenos 
Milhos cristalinos de cor laranja do B ras~, Argentina e 
Uruguai 
M~hos do Norte dos EUA e Sul do Canaclá 
(1) Para Clima Tropical; (2) Para {1ima Tern[ll.'r:ldo; (5) Para Clima Tropical c Temperado. 
I:onlc: Goodlllan ( 197g). 
raças descritas são adapladas às baixas altitudes (O a 1.000m), 10% ic, alti -
tudes intermediárias (1.000 a 2.000m) e 40% desenvolvem-se melhor em 
altitudes superiores a 2.000m. Considerando-se o tipo de endosperma, as 
raças dividem-se em 40% amiláceas, 30% duras - fiint -, 20% dentadas, 
menos de 10% pipoca e quase 3 % doce. 
Depois dos primeiros resultados do milho híbrido no Brasil - utilizando 
os milhos catetos e milhos dentados aqui existentes -, os pesquisadores 
tomaram conhecimento de outros tipos de milhos tropicais, principalmente 
os do programa agrícola mexicano da Fundação Rockereller, que identificou 
materiais de grande valor agronômico. Esses materiais roram introduzidos 
nos programas de melhoramento do Brasil. 
A principal raça de milho tropical é a chamada Tuxpeiio. Trata-se de um 
milho de grãos dentados, espigas grandes, plantas altas, muito robustas e de 
alta produtividade. O Thxpeíio é popular no México, principalmente na re-
gião de baixa altitude, como a região de Vera Cru z. Os principais Tuxpeiios 
são de grãos brancos, uma vez quc, no México, há preferência de milho 
branco para rabricação de IOl'lil/as. Há também uma quantidade l\lXpciios 
de grãos amarelos, que roram prereridos no Brasil , uma vez que aqui existe 
uma preferência para milhos amarelos, pois o milho é mais utilizado para a 
alimentação animal . 
A partir da década de 1970, o Centro Nacional de Pesquisa de Milho e 
26 
() m/or dos (('(:lI rsos g/..'111:licos de 11//1bo pflm o 8msil 
Sorgo re:~izou diversas introduções de germoplasma tropiG~ pelo relacio-
namento com o Centro Internacion ,~ de Melhoramento de Milho e Trigo-
Cimmyt, no México. Esse relacionamento tem permitido identificar fontes de 
germoplasma com ampla adaptação e elevado potenci:~ produtivo. Após sua 
introdução, processos de melhoramento têm sido realizados e variedades 
têm sido lançadas no mercado com abrangência de adaptação de norte a 
sul. Um exemplo que merece destaque e que mostra a contribuição do ger-
moplasma exótico tropical no Brasil é a variedade BR 106. Formada por 
germoplasma tropical, anteriores à década de 1970, tem na sua composição 
os materiais: Centralmex. Dentado Composto e Maya, os quais foram 
interuuzados e dcvidamente recombinados. Devido seu elevado porte, foi 
cruzado com o l\lxpefío porte baixo e selecionado posteriormente para pro ~ 
dução, arquitetura de planta mais haixa e carac.terísticas de valor agronômi-
co. Nos ültimos cinco anos, têm sido comcrciali zados, em média, iOO mil 
sacos de 20kg de sementes e o CNPMS continua com o processo de melho-
ramento da variedade. Além dessa contribuição para a agricultura nacion:~ , 
a variedade BR 106 tem sido distribuída para empresas públicas e priv:tdas 
de sementes e utilizada para a extração de linhagens que fazem parte de 
comhinações em híbridos comerciais, aumentando expressivamente os ní-
veis da produção nacional de milho. 
Outro exótico quc mercce destaquc é UI11 milho da Colômbia, chamado 
ETO. Esse tipo possui grãos duros de cor laranja - chamado ETO amarelo. 
Existe também o ETO branco. O amarelo foi o mais utilizado no Brasil ; apre-
senta grãos semelhantes ao cateto, porém de raça totalmente distinta, lima 
vez quc o ETO tcm plantas mais baixas, mais resistcntes ao acamamcnto, 
espigas mais grossas e maior produtividade. Assim , foram produzidos híbri-
dos utilizando linhagens do milho dentado Tu' peno cruzado com linbagens 
de milho ETO, resultando híbridos de milho semi-dentados de ,~ta produti-
\;dade. Alguns dos lubridos continuaram também a utilizar linhagens do 
milho cateto. Posteriormente, ocorreram introduções de outros milhos do 
México, da Colômbia c, mais recentemente, uma variedade d'ls Filipin'Ls cha-
mada Suwan- I, resistente a Perollosc!erospom sOlgbi ~ doum)' mildew. 
Essa variedade também foi introduzida pelo CNPMS, na década de 1970, e 
tem passado por sucessivos ciclos de seJeção. É conhecida como BR 105 e é 
bastante usada por programas de melhoramento como fonte para extração 
de linhagens de alta capacidade combinatória com linhagens oriundas da 
27 
Emr.slo Palemümi, Luâm/O !.1Jurenço Na .. % & Manoel XfII7er dos Saulos 
raça Thxpeiio. É bastante conhecido o fato de que as variedades BR 105 e BR 
106 representam um padrão heterótico de alto valor em todos os programas 
nacionais de melhoramento. A dureza e a coloração laranja avermelhada 
dos grãos da variedade BR 105 têm possibilitado a obtenção de híbridos 
com grande aceitação no mercado, o que ressalta seu valor e contribuição 
de uma introdução exótica para o melhoramento de milho no Brasil. 
CONTRIBUIÇÃO DO MElHORAMENTO DE POPULAÇÜES 
PARA A curruRA DO MilitO NO BRASIL 
o processo para a obtenção de milho híbrido é bastante conhecido, pa-
dronizado e grandemente difundido. Consiste, como já mencionado, na ob-
tenção de linhagens endogâmicas, seleção d'Ls linhagens m,ús promissoras 
para capacidade de combinação e o cruzamento entre essas linhagens resul-
tando no milho híbrido. Diferentes lipos de hn)ridos de linhagens podem 
ser obtidos: 
A. híbrido simples - obtido a partir do cruzamento de duas linhagens 
parentais; 
B. híbridos triplos - obtido a partir do cruzamento de Irês linhagens, ou 
seja, cruzamento de um híbrido simples e outra linhagem; e 
C. híbrido duplo - obtido a pat1ir do cruzamento entre quatro linhagens, 
ou seja, entre dois híbridos simples. 
Outro esquema de melhoramento que pode ser utilizado é o melhora-
mento de populações de lIúlho. Pode-se considerar uma população de mi-
lho um conjunto de genótipos com um número de características em co-
mum. Antigamente, havia uma discussão Illuito aci rrada sobre qual o tipo de 
material genético mais apropriado: miUlO híbrido ou variedades melhora-
das. Essa controvérsia não persistiu muito tempo pois'as duas alternativas 
são, na verdade, complementares. A obtenção de linhagens de uma popula-
ção é função direta das freqüências gên icas na população. Assim, com o 
aumento da freqüência dos genes favoráveis via melhoramento populacio-
nal , maior será a probabilidade de ocorrência de linhagens superiores e, 
conseqüentemente, melhores híbridos serão obtidos. 
O melhoramento de populações tem como principal objetivo a obtenção 
de populações superiores para produtividade e demais características agro-
28 
o /'({tor do.\" n:cursos !f,t:llélicos de milho para o /lmsif 
nômicas de interesse. EsS'lS populações podem ser utilizadas per se, em 
cruzamentos com OUlras populações originando os chamados hO)ridos 
intcrvariet:us e, na Illíuoria das vezes, como fonte de novas linhagens nos progra-
mas de mclhor.ullento que vismll ao desenvolvimento de lulJridos. Para se obter 
o aumcnto das freqíiências dos genes favoráveis, diferentes métodos de seleção 
podem ser empregados. O descnvohimento de trabalhos de melhoramento de 
populações de milho nQ Brasil teve início na década de 1960, na ESALQ, 
sendo que, na década de 1970, grandes contribuições foram dadas com a 
divulgação de variedades. O lAC também deu considerável contribuição ao 
meUlOramcnto de populações. A v~triedade Ma)",t, por exemplo, foi desenvolvida 
e selecionada a partir de 19 linhagens extr.údas de pOpl~ações exólims tropiGtis 
e uma variedade, tendo em sua composição gcrmoplasma l\lxpeilo branco e 
amarelo (Miranda , 1966). 
O pioneirismo da ESALQ foi extremamente importante para o início de 
um programa de melhoramento na região Nordeste. Mediante convênio en-
tre Brascan Nordeste / Sudene / IPA / Ipeane / ESALQ foram iniciados traba-
lhos de melhoramento que tinham como objetivo principal a substituição 
das va riedades cultivadas pelos produtores - sementes de p,tiol - por varie-
dadesmelhoradas e adaptadas à região, a formação de compostos, C zonea-
mento ecológico para a cultura do milho . O sucesso do programa foi O lan-
çamento das variedades Centralmex, Dentado Composto c Flint Composto e 
sua utilização pelos agricultores. Os frutos dessa iniciatil'a até hoje perdu-
ram e existe continuidade do trabalho para introdução e melllOramcnto de 
populações. 
Outra grande contribuição para o melhoramento de populações teve iní-
cio na década de 1970, quando o CNPMS efetuou dil'ersas introduçõcs de 
germoplasma tropical do Cimmyt (Viana et alh , 1982; Santos et ({lif , 1994). 
Muitos desses materiais transformaram-se em variedades comerciais e até 
hoje continuam sendo lItili z~ldas em larga esca1a, tanto per se como para 
uso como fonte de extração de linhagens. Podcm-se citar alguns exemplos 
de variedades que são comercializadas e que são oriundas de diversos es-
quemas dc melhoramento ao níl'el intra e illlerpopulacional- BR 105, BR 
106, BR 111 , BR 11 2, BR 45 1, BR 473, BR ;004 , BR 50 11 , BR 5028, BR 
5037, entre outros). 
A.s metodologi'ls utilizad'ls no melhoramcnto de populações são diferen-
ciadas pclo grau de controle Jlarcnt'~ dos progenitores selecionados, utiliza-
29 
EfI/(~/tJ "fI/t,.,711t11I1, 1.110"'/0 /.JI II fI'I/{'O ,\ iI,(,' (: ,Ilrlll fli.'! ,\,1//(,/' r!/J,~ ,\(1/1/0,' 
ção OU não de testes de progênies e pelo ní\'el de controle ambiental efelua· 
do. Basicamente, pode·se separar as metodologia l'm dois níveis: 
A, intrapopulacional , que risa ao melhoramento per se da população; e 
B. interpopulacionaL que lem como ohjeli \'o melhorar o hOlfido emre 
dmL' populações. 
A seleção massa! simpl es tem lima import:ll1cia Iüslôric:! lIIuito grande, 
pois foi o esquema de seleção praticldo pelos índios c que contrihuiu para 
).\crar a enorme dircrsidadc de lipos de mi lho existentes. Atualmcnte. :I sde· 
ção massaltelll sido praticada para uniformizar as características agronCJ· 
micas das populaçües ou para adaptação de germopl:tsl1la exótico, Poste-
riorm ente, foi propost:! 11111:1 estratificação da :írea experi mental a fim de 
aumentar a eficiência da seleção massal pelo maior cont role sobre a hl,tero· 
gencidade do solo. lia seqiiência ,João R. Zinsl\'. do l)epan:unenlO de (;ené· 
ti ca da ESALQ. propôs a utilização de 11 111 genótipo const:lnte como artifício 
para controlar ai nda mais a heterogeneidade do solo, O gl'nôlipo constlllll' 
cra intercalado entre as plantas d:l população a ser selecionada , Alguns I'e· 
sultados ohtidos com scle~'ã() massal para popub\,ües hrasilcir:ls de milho 
são apresent:ldos a seguir na Tahela .1. 
Para al ).\ \ll1las características possÍ\'cis d~ serl'1ll identificadas ::Intl's du 
florescimento. existe a allernativit proposta pur Ernesto Paterniani , que oh· 
te\'c resultados promisson's ao selecionar para prolifici dade - mais (k lima 
espiga por planta - realizando o cont role em amhos os S('XOS, conforme os 
dados a seguir, na Tabela 4. Ilasic:uneme. del'e·se proleger as segundas espio 
gas - inferiores - das plantas prolíficas antes do aparecimento dos cstilo-
estigmas. Depois de ,~ guns dias, :LS plam'Ls não prolíficas são despcndoad:Ls. 
Em scguid:I, rcmQrCIll -se os saquinhos das segundas CSpig,l'\, as quais são 
li l'remenle polinizad'Ls pelas planlas prolíficas. 
O leste de progênie permile a a\':~ iação do genótipo dos progenilores 
haseado no fenólipo de seus descendentes. Esse tipO de al'aliação é mais 
preciso e eficieme do que a seleção massal ou fenolípica. Por I'oha de lX40, 
a importância de se avaliar a desccndência para o melhoramento j:í lin ha 
sido estabelecida pelos trahalhos com helerraha reali zados por Louis de 
Vilmorim , Esse método fo i denominado princípio do isolamento, Posterior-
mellle, foi desen\'oll'ida melodologia que ficou conhecida como "seleção 
espiga por fileira", no qual. para a a\'aliação dos maleriais. pl:ulIal'a·se a 
descendência de cada espiga em uma fileira. 
30 
o m/ar dos recur.l"Os ;.;ellélim.\' de mil/x) para o JJrasi! 
TABELA 3 
Resultados obtidos com seleçrio massal 
ptlra produçâo de grcios 110 Brasil 
População Intensidade de Número Ganho por Referência 
seleção (%) de ciclos ciclo (%) 
Moroli 12,2 2 23,5 Zinsly ( 1968) 
Caingang 11 ,4 2 15,3 Zinsly (1968) 
Denle Paulista 14,4 2 21,7 Zinsly (1968) 
Cateto 14,5 2 2,3 Zinsly (1968) 
Dentado Pauli sta 20,0 5 3,8 VencovSky ei ai, (1970) 
Cateto 20,0 3 1,7 Vencovsky e t ai, (1970) 
Dente Composto 10,0 6 2,8 Ayala Osuna (1976) 
Flint Composto 10,0 6 3,4 Ayala Osuna (1976) 
TABELA 4 
Resultados dtl seleçâo massal para 
prolificidade com cou/role em ambos os sexos 
Ciclos Rendimento de grãos Pro lificidade Mura da espiga 
KgIha % número % em 
PiranJo VO-2 
O 7875 100,0 1,03 100,0 152 
7846 99,6 0,98 95,1 128 
82 14 104,3 1,03 100,0 140 
11 1 8324 105,7 1,07 103,9 138 
Pirantio VF- l 
O 6341 100,0 0,91 100,0 116 
6773 106,8 0,98 107,7 122 
7062 11 1,4 1,01 111 ,0 119 
111 7539 118,9 1,07 11 7,6 125 
Fonte : P:llerni::tni (199(1) 
Com a inclusão de princípios de experimentação ao esquema anterior, 
surgiu o esquema de "seleção espiga por fileim modificado", o qual se mostrou 
mais eficiente, Paterniani denominou esse esquema "seleção entre c demro de 
progênies de meios irmãos", De\;do aos resultados obtidos com essa metodolo-
gia - conforme indica a Tabela 5 - e a facilidade na obtenção de diferentes 
tipos de progênies em milho, outros esquemas foram propostos, tais como: 
31 
Emt':Jo !'alemiam. LllallllO !"oun'1lço 1\~L'iS & Manoel Xmier tios Salllo.\· 
seleção enlre e denlro de progênies de irmãos gernl<Ulos e seleção emre e 
demro de progênies endogâmicas (S, ou S,). 
Em 1945, fo i imroduzido O conceilo de seleção recorreme, o qual con-
siste em um processo contínuo de melhoramento, no qual se sucedem ci-
clos de recorrência. O pri ncipal objeli l'o da seleção recorrenle é aumemar a 
freqüência de genes favor:íveis por meio de sucessivos ciclos de seleção. 
Pralicameme IOdos os mélodos ulilizados no mclhoramenlo de populações 
podem ser denominados de seleção recorreme, enlrelanlo, a Iilwllura aponla 
qualro lipos bem definidos: 
A. seleção recorrente rcnotípica; 
B. seleção recorrente para capacidade geral de combinação; 
C. seleção recorrente para capacidade específica de combinação; e 
D. seleção recorreme recíproca. 
Todos esses esquemas são disculidos nos livros le,los de melhoram enio 
genélico de plamas. Vale ressahar ,~gllmas comribllições de pesquisadores 
brasileiros aos esquclllít."i de seleção recorrente recíproca. A seleção recorrente 
recíproca é uma metodologia que busca melhorar a respost~l heterótica entre 
dU 'Ls populações. Em 1977, ErneslO Palern iani c Roland Vencovsky - do De-
parl<lInenlO de Genélica da ESALQ -, apomaram diversas Iimilações de or-
dem pnílica do esquema originalmente proposto para a seleção recorrente 
recíproca. Nessa oponllni(bde, propllse"UllUma meloUolO<Ji« denominada "sc-
leção recorrente recíproca com ramília.) de meios irmãos", mais simples e me-
nos lrabalhosa que ° eSlluema origim~ . PoslCriormeme, em 1978, os mesmos 
pesquisadores baseados no esquema anterior, desenvolveram uma nH:! todolo-
gia que permile ° uso de planlas prolíficas. Exislem ai nda eS(luelmLs de sele-
ção recorrente recíproca com ranulias de irmãos germanos e outras varian-
les que são denominados mélodos combinados, nos qmús diferemes lipos 
de progênies são empregados. A ulilização de dois lipos de progênies fo i 
explorada em melodologia desenvoil;da em 1987,. por Claúdio Lopes de 
Souza)únior, do Deparlamenlo de Genélica da ESALQ, na qual são ulilizadas 
progênies de meios irmãos obtidas ahcrnadamcnte de plantas não endógmnas 
(So) e endógamas (S,). 
Nesse ilem, procurou-se enfalizar a cOl1lribuição dos pesquisadores bra-
sileiros do selor público com relação ao desenvolvimenlo de melOdologi 'L' 
utilizadas no melhoramenlo de populações. Para o milho, os resuhados oh-
32 
o valor dos recursos genético.\' de milho !)tJrtI o BraiJif 
TABElA5 
Resultados obtidos por seleção enlre e dentro de f amílias 
de meios imlãos em populações de milho tiO Brasil 
População Número Ganho por Referências 
de ciclos ciclo (%) 
Dente Paulista 3 13,6 Paterniani (1967) 
Piramex 4 3,8 Paterniani (1969) 
Composto Flint 2 3,0 lima el aI. (1974) 
Composto Dentado 2 2,0 lima et aI. (1974) 
Centralmex 3 3,2 Torres Segovia {1976} 
IAC-I 8 1,9 Miranda et ai. (1977) 
ESALQ VD-2 3 10,8 lima (1977) 
IAC-Maya 13 2,8 Sawazaky (1979) 
IAC-Maya02 4 4,5 Pommer & Geraldi (1983) 
IAC-I02 4 10,7 Pommer & Geraldi (1983) 
Dent. Comp . Nordeste 3 2,7 Santos & Naspolini Filho (1986a) 
Flinl Comp. Nordeste 3 5,1 Santos & Naspolini Filho (1986b) 
Suwan DMA 8 5,9 Canton (1988) 
tidos com as metodologias acima descritas podem ser encontrados em Pa-
terniani & Viégas (1987) e Hallauer & Miranda Filho (1 988), 
A SITUAÇÃO ATUAL DA CULTURA DO MILHO NO BRASIL 
E PROBLEMA."i RELACIONADOS COM GERMOPLASMA 
A importância econômica desse cereal pode ser avaliada por sua ampla e 
diversificada utilização , tanto na alimentação como na indústria, No Bra-
sil, sua principal demanda é verificada no arraçoamento de animais, espe-
cialmente em suínos, aves e b0l1nos, Isso se deve ao seu alto valor energéti-
co e sua digestibilidade, Na alimentação humana, é consumido in nl lfura -
como milho verde -, ou como subprodutos - pães, farinhas, biscoitos e 
massas, Na indústria, apresenta destaque por sua utilização como matéria-
prima na obtenção de >"Mios produtos, entre os quais: amido , óleo, fari-
nha, vinagre, glicose, dextrinas, geléias, gom as de mascar, margarinas, 
sorvetes, rações, produtos quími cos, corantes, bebidas, papéis, colas, 
cosméticos, xaropes, antibióticos, explosivos etc. Atualmente, estima-se que 
33 
h'mesfo Pllf"1"/l;(( /l;, 1.1IC1{t110 !Jmrtllço Nas'\" [. Mal/oel XtI/'Ú.,. dos S(/Iltos 
o milho part ic ipa como maléria-prima em aproximadamellle 600 produ lOS 
(Pinazza, 199'1) . 
Em 1997, a produção mundial de milho foi de 585,8 milhões de lonela-
das colhidas em cerca de 140 milhões de heClares. Os ESlados Unidos con-
linuam o maior produlor, com 237 ,9 milhões de IOncladas, o que represen-
la cerca de 40% do tOlal produzido no mundo. Em segundo, aparece a Chi-
na, com 105,7 milhões de loncladas. ° Brasil é o lerceiro colocado em 
produção, com cerca de 34,6 milhões de IOneladas, correspondendo a 6% 
da produ ção mundial (FAO, 1997). Apesar de o milho ser cuhivado em lodo 
o território nacional, o Centro·Sul é responsável por aproximadamente 95% 
da produção. Nessa região, o cuhivo de milho é predominalllemenle reali za-
do em propriedades de até 50ha. PinaWI (1993) ressahou que na produção 
nacional de cere,tis e oleaginosas, o desempenho da lavoura de milho lem 
efeito direlo e significativo sobre o volume 101al , eSlimando-se que a cada 
Irês quilos de grãos colhidos, mais de um é de milho. 
No Brasil , o início da década de 1990 foi marcado pelo incremento da 
ocorrência de doenças foliares na cuhura do milho. Apesar da grande vari-
abilidade, pouco é conhecido em relação aos diferenles maleriais genélicos 
- populações, raças, linhagens - como fonle de resislência a doenças. Em 
lermos de adaplação da cultura do milho, pode-se considerar, no Brasil , a 
existência de duas regiões: 
A. !legião Tropical - none do Paran.í até o eXlremo None do país, que 
pode ser seca em parte da região Nordeste e úmida na Amazôlüa; e 
B. Região Sublropical - envolvendo o sul do Paran.í, Sallla Catarina e Rio 
Grande do Sul. Nessa, existe a possibilidade de ulilização de germo-
plasma lemperado. 
Essa variação ambien~t1 verificada no Brasil permite - segundo Magnal" ca 
(1995) - aproveitar os progressos do melhoramenlo oblidos em regiões 
temperadas em conjunlo com O germoplasma elite produzido no país, em 
condições tropicais. EllIrelanto, elllre os problemas do uso de combinações 
tropicais x temperadas na síntese de híhridos para regiões tropicais, verifi· 
ca-se a maior incidência de doenças foliares. 
A cuhura do milho é amplamenlc difundida em nosso país. Além das 
variações nas condições do ambiente, d('VÍdo às lliferenç'l~ regiomtis, exiSlem 
variações climátiGl'i ano a imo em lima mesma região. Esse fato destaca a neces· 
sidade de desenvolver produlos específicos para cada região edafo-clim.ílica, 
34 
o (·'(i/or dos recllr.WJs gellélico.\' de lIlilbo ptl/'(/ () Br(/.l'iI 
pois, além do forte componente da interação genótipo x ambiente, há o 
componente de mercado regio n,~i zado. Conseqiientemente, isso implica em 
que a freqiiência e a severidade das doenças do milho podem variar de uma 
localidade para a outra, ou de UIll ano para outro na mesma região. 
Miranda Filho (1996) relacionou diversos fatores que contribuíram para a 
rápida esp'Ulsão de doenças nas regiões produtoras de milho no país: 
A. alimento contínuqda .írea cultivada, principalmente com a abertura de 
novas fronteiras agrícolas, como os cerrados do Centro-Oeste; 
B. modernização de máquin,", e de equipamentos que viabilizaram o plan-
tio em grandes áreas; 
C. dificuldade no estabelecimento de estratégias para o desenvolvimento 
de cultivares específicas para microrregiões homogêneas; 
D. ampliação do período de semeadura do milho para adequação " con-
dição de duas culturas por ano ; e 
E. intensificação por parte das empreS:L' privadas da introgressão de ger-
moplasma temperado com o intuito de elevar o nível de produtividade 
dos híbridos locais. 
O germoplasma brasileiro de milho é caracterizado por uma ampla vari-
abilidade genética, incluindo raças 10Gtis ou indígenas, populações adapta-
das, populações exóticas ou semi-exóticas. As coleções de linhagens 
endogâmicas utilizadas nos programas de milho hn,rido. também represen -
tam porção expressiva do gennoplasma potencialmente útil. 
No início de 1994, a ESALQ tomou a iniciativa de reunir várias institui-
ções de pesquisa, públicas C privadas, voltadas para a cultura de milho , em 
um Núcleo de Apoio a Pesquisa em Milho - NAP-Milho. Seu princip,~ obje-
tivo foi criar condições para o desenvolvimento de pesquisa.s em diversas 
áreas da cultura, envolvendo UIll consórcio de empresas e de instituições 
públicas de pesquisa em uma associação pré-competitiva para aumentar a 
produti\;dade da cultura no B,,",il. Diante do quadro preocup'Ulte com rela-
ção ,\5 doenças na cultura do milho, o NAP-Milho concentrou esforços no 
desenvolvimento de um projeto de pesquisa que, entre outras ações, proce-
deu a caracterização para as principais dOCnç,L"i foliares do milho nos aces-
sos disponí\'e is no Banco Ativo de Germoplasma - BAG-Milho da Embrapa 
Milho e Sor~o (Miranda Filho el a/h, 1999). 
, i 
; : 
35 
Hm esf() ['(Ilem i(ln /. ltlô(l!/o Ifl lf f r:l lÇO Nas,\' {. Mal/oel X(( r /er dos .'1(/1110..1' 
A CONSERVAÇÃO E lfJ'lLlZAÇ,\O DE GERMOPL\Si\L\: 
LIMITAÇÕES E l'ERSPECn"AS 
A importância dos recursos genéticos vegetais é amplamente reconheci· 
da pela comunidade científica. Várias são a' ati,idades rotineiras que os 
órgãos de pesquisa envolvidos com recursos genéticos realizam: coleta, ca· 
ractcrização, ;:lV<~iação , documentação e conservação. Obviamente, lodas 
essas atividades têm por objetivo a utilização dos recursos, seja para o bene-
fíc io da geração atu,d ou das fut uras gerações. Esse conjunto de ati,idades é 
caracteri zado por apresentar um ClI Sto elevado c retorno a longo prazo. 
Esforços no sentido de conservar a variabilidade genética do milho têm 
sido realizados em nível intcrnacionaL O Cillllll}1, do México, possui uma 
coleção de germoplasma bem estruturada e representati" , do mundo intei-
ro. ESS:LS fontes de germoplasma têm sido periodicamente incorporadas aos 
materiais considerados elites pelos melhoristas. Nesse sentido, o uso de ra-
Ç'LS 10Gtis -/alldraces - tem sido verificado princip,dmente pelo ,dto poder 
adaptativo que esses materiais apresentam. 
Os tipos de coleções de gerrnoplasma são: 
1. Coleção de base - Co/base - dedicada a conse" ·ltr o germoplasma a 
longo prazopela utilização de processos de frigorificação, com tempe-
ratura cntre · 18°C e ·20°C, oU de crioprescrvação, com temperatura 
de -196°c. No caso de sementes, seu grau de umidade deve ser reduzi-
do para o intervalo entre 4% E 6%. 
2. Coleção ativa - Co/aliva - conserva amostras de germoplasma a mé-
dio prazo, com temperaturas acima de zero e abaixo de 15°C. A estru-
tura física que conserva a Co/ativa é denominada Banco Ativo de Ger-
moplasma - BAG. 
3. Coleção nuclear - Core Co//eclioll - são coleções menores que têm 
por objetivo representar a variabilidade genética de uma espécie e seus 
parentes silvestres com o mínimo de repetiti'ielade. Para tanto, sugere-
se a utilização entre 10% e 15% do lOtai dos acessos disponíveis, que 
mediante estratificação criteriosa, representam de 700/" a 80% da ,"ari -
ação genética da coleção. Nas coleções muito grandes, a coleção nu-
clear não ,deve exceder 3 mil amostras. Oeve-se ressaltar que, apesar 
da organi zação dessa coleção, continua claro o papel estratégico ela 
Co/base como repositório maior da '".triabi lidade existente; e 
36 
o ralor dos reclI ,..'.osgmélicos de mi!lJO /Nlra o Brasil 
EMBR\I'A. CaM/ogo de germop/asllla de milho, Brasília, Centro Nacional de Hecursos 
Genéticos - CcnargenlEmhrapa, J 984, Documentos, 7. 
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2 
PERSPECTIVAS DO 
PRÉ-MELHORAMENTO DO MILHO 
VARIABILlOADt: GENÉNICA 
Lllciallo Lourellço Nass 
Erllesto Plllerllíani · 
o milho - Zelll1la)'s L - é a espécie vegetal geneticamente mais estuda-
da c, em conseqiiência disso, a herança de inúmeros caracteres c seu 
genoma são hem con hecidos. A maioria dos métodos de melhoramento 
para as espécies ,~ógamas foi primeiramente desenvolvida c av<~iada para 
o mHho. A imporlflllcia econômica, sua estrutura genética, o número de 
cromossomos, o tipo de reprodoção, a facilidade para realil~lr poli,uzações 
manuais e a possibilidade de gerar diferentes tipos de progêni es, são 
fatores que Illuito contribuíram no sentido

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