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Apostila integralidade

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INTEGRALIDADE 
INTERDISCIPLINAR E 
PROFISSIONAL 
Apostila didática aos discentes do Bacharelado em Saúde 
Coletiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manaus 
 2015 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS 
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
 
 
BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA 
 
 
 
REITOR 
Cleinaldo de Almeida Costa 
 
 
PRÓ-REITOR GRADUAÇÃO 
Luciano Balbino dos Santos 
 
 
PRÓ-REITORA INTERIORIZAÇÃO 
Samara Barbosa de Menezes 
 
 
COORDENAÇÃO 
Luciane Lima da Silva 
Isabela C. de M. Gonçalves 
 
 
ORGANIZAÇÃO 
Andrezza Mendes 
Luiz Carlos Júnior Barros de Carvalho 
 
 
 
 
 
Manaus 
2015 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
UNIDADE 1 – INTEGRALIDADE DO CUIDADO EM SAÚDE ............................. 5 
1.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5 
1.2 INTEGRALIDADE COMO MEIO DE CONCRETIZAR O DIREITO A SAÚDE
 ...................................................................................................................................... 6 
1.3 CONSTRUINDO AS LINHAS DO CUIDADO ................................................... 8 
1.4INTEGRALIDADE E AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A 
GRADUAÇÃO EM SAÚDE ....................................................................................... 9 
1.5 A INTEGRALIDADE NA PERSPECTIVA DO SUJEITO ................................ 11 
1.6 A INTEGRALIDADE: Como Ocorre? Onde Ocorre? Quais as Dificuldades? ... 13 
UNIDADE 2 – NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE ..................................................... 14 
2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14 
2.2 OS NÍVEIS DE ATENÇÃO................................................................................. 15 
2.3 ATENÇÃO BÁSICA ........................................................................................... 18 
UNIDADE 3 – NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE ..................................................... 19 
3.1 CONCEITOS DA ESTRATÉGIA ....................................................................... 19 
3.2 ESPECIFICIDADES DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA ......................... 20 
3.3 MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ................................................................. 23 
UNIDADE 4 –POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA ............................. 25 
4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 25 
4.2 DISPOSIÇÕES GERAIS DA POLITICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA
 .................................................................................................................................... 27 
4.3 FUNÇÕES DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE ............................................. 30 
UNIDADE 5 – NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF .................. 31 
5.1 INTRODUÇÃO DO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAM ..................... 31 
5.2 CONCEITO DE NUCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA - Nasf ......... 34 
5.3 DIRETRIZES QUE ORIENTAM OS TRABALHOS DO NASF ....................... 36 
5.4 ATIVIDADES DAS EQUIPES DO NASF ......................................................... 39 
UNIDADE 6 –PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ......................................................... 43 
6.1 INTRODUÇÃO A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ........................................ 43 
6.2 MULTIDISCIPLINARIDADE, INTERDISCIPLINARIDADE E 
TRANSDISCIPLINARIDADE .................................................................................. 43 
6.3 HABILIDADES VALORIZADAS ...................................................................... 44 
 
 
6.4 RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA 
INTERDISCIPLINARIDADE ................................................................................... 45 
6.5 DESFECHO DO TRABALHO INTERDISCIPLINAR ...................................... 46 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 – INTEGRALIDADE DO CUIDADO EM SAÚDE 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
A „integralidade‟ é um dos princípios doutrinários da política do Estado brasileiro 
para a saúde – o Sistema Único de Saúde (SUS) –, que se destina a conjugar as ações 
direcionadas à materialização da saúde como direito e como serviço. Suas origens 
remontam à própria história do Movimento de Reforma Sanitária brasileira, que, 
durante as décadas de 1970 e 1980, abarcou diferentes movimentos de luta por melhores 
condições de vida, de trabalho na saúde e pela formulação de políticas específicas de 
atenção aos usuários. 
 
Mattos (2005a) sistematizou três conjuntos de sentidos sobre a „integralidade‟ que 
têm por base a gênese desses movimentos, quais sejam: a „integralidade‟ como traço da 
boa medicina, a „integralidade‟ como modo de organizar as práticas e a „integralidade‟ 
como respostas governamentais a problemas específicos de saúde. 
 
No primeiro conjunto de sentidos, a „integralidade‟, um valor a ser sustentado, um 
traço de uma boa medicina, consistiria em uma resposta ao sofrimento do paciente que 
procura o serviço de saúde e em um cuidado para que essa resposta não seja a redução 
ao aparelho ou sistema biológico deste, pois tal redução cria silenciamentos. A 
„integralidade‟ está presente no encontro, na conversa em que a atitude do médico busca 
prudentemente reconhecer, para além das demandas explícitas, as necessidades dos 
cidadãos no que diz respeito à sua saúde. A „integralidade‟ está presente também na 
preocupação desse profissional com o uso das técnicas de prevenção, tentando não 
expandir o consumo de bens e serviços de saúde, nem dirigir a regulação dos corpos. 
 
No segundo conjunto de sentidos, a „integralidade‟, como modo de organizar as 
práticas, exigiria uma certa „horizontalização‟ dos programas anteriormente verticais, 
desenhados pelo Ministério da Saúde, superando a fragmentação das atividades no 
interior das unidades de saúde. A necessidade de articulação entre uma demanda 
programada e uma demanda espontânea aproveita as oportunidades geradas por esta 
para a aplicação de protocolos de diagnóstico e identificação de situações de risco para a 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html
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saúde, assim como o desenvolvimento de conjuntos de atividades coletivas junto à 
comunidade. 
 
Por último, há o conjunto de sentidos sobre a „integralidade‟ e as políticas 
especialmente desenhadas para dar respostas a um determinado problema de saúde ou 
aos problemas de saúde que afligemcerto grupo populacional. 
 
A assistência à saúde, nos níveis de especialidades, apoio diagnóstico e terapêutico, 
média e alta complexidade, em geral são um ponto importante de estrangulamento dos 
serviços de saúde. De um lado, os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) convivem 
com uma grande pressão de demanda por estes recursos assistenciais, à qual não se 
consegue responder, gerando muitas vezes longas filas de espera para alguns 
procedimentos. 
 
1.2 INTEGRALIDADE COMO MEIO DE CONCRETIZAR O DIREITO A SAÚDE 
 
A „integralidade‟ como eixo prioritário de uma política de saúde, ou seja como meio 
de concretizar a saúde como uma questão de cidadania, significa compreender sua 
operacionalização a partir de dois movimentos recíprocos a serem desenvolvidos pelos 
sujeitos implicados nos processos organizativos em saúde: a superação de obstáculos e a 
implantação de inovações no cotidiano dos serviços de saúde, nas relações entre os 
níveis de gestão do SUS e nas relações destes com a sociedade. 
 
Esses dois movimentos consistem nos principais nexos constituintes da 
„integralidade‟ como meio de concretizar o direito à saúde da população, do qual 
emergem um conjunto de questões consideradas relevantes para sua apropriação 
conceitual e prática no campo da saúde coletiva. E essas questões estão diretamente 
relacionadas, muitas vezes de forma contraditória, com as políticas econômicas e sociais 
adotadas no país nas últimas décadas – políticas excludentes que concentram riqueza e 
fragilizam a vida social, aumentando de forma exponencial a demanda da população 
brasileira por ações e serviços públicos de saúde. 
 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html
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Se, de um lado, a forma de organização de nossa sociedade, baseada no capitalismo, 
tem favorecido inúmeros avanços nas relações de produção, sobretudo no que diz 
respeito à crescente sofisticação e progresso de tecnologias em diferentes campos, 
inclusive da saúde, o mesmo não se pode dizer das relações sociais. Estas revelam o 
sofrimento difuso e crescente de pessoas que são cotidianamente submetidas a padrões 
de profundas desigualdades, expressos pelo acirramento do individualismo, pelo 
estímulo à competitividade desenfreada e pela discriminação negativa, com desrespeito 
às questões de gênero, raça, etnia e idade. 
 
Na contramão desse processo, temos a Constituição Federal, que, ao criar e 
estabelecer as diretrizes para o SUS, oferece os elementos básicos para o reordenamento 
da lógica de organização das ações e serviços de saúde brasileiros, de modo a garantir 
ao conjunto dos cidadãos as ações necessárias à melhoria das condições de vida da 
população. 
 
Surgem experiências inovadoras e exitosas, em diferentes estados e municípios do 
país, cujos contextos nem sempre são favoráveis. Contudo, nessas experiências, 
podemos identificar os atributos habilitadores da „integralidade‟, na medida em que 
revelam o campo das práticas como espaço privilegiado para o surgimento de inúmeras 
inovações institucionais na organização da atenção à saúde. Inovações que são 
construídas cotidianamente por permanentes interações democráticas dos sujeitos nos e 
entre os serviços de saúde, sempre pautadas por valores emancipatórios fundamentados 
na garantia da autonomia, no exercício da solidariedade e no reconhecimento da 
liberdade de escolha do cuidado e da saúde que se deseja obter. 
 
Daí nasce o entendimento de sujeitos coletivos “resultantes da intersubjetividade que 
somos”, vivendo em espaços públicos, ainda carentes de um agir político compartilhado 
e sociabilizado – os serviços de saúde. Experiências de organização da atenção à 
saúde efetivam a construção do SUS também no cotidiano dos usuários e trabalhadores, 
oferecendo diferentes padrões de equidade e „integralidade‟ forjados por práticas 
de gestão, de cuidados e de controle social. A saúde, como direito de cidadania e defesa 
da vida, exige análises compreensivas, a fim de identificá-la como uma categoria da 
prática portadora de padrões móveis e progressivos, e o sistema de saúde, sua 
organização e o conjunto de práticas no seu interior devem ter a capacidade de 
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http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/atesau.html
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http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html
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acompanhá-los e, mesmo, construir sempre novas possibilidades, em um movimento 
renovado de „integralidade‟ com equidade. Torna-se necessário exercer, no limite, todas 
as combinações possíveis de forças técnicas, políticas e administrativas existentes em 
cada realidade local – com a necessidade tal como expressa pelos usuários e como é 
percebida por meio de indicadores que a razão técnica analisa para o planejamento, com 
a gerência dos serviços e com as práticas dos trabalhadores – em arranjos dinâmicos 
que, a partir de cada conquista realizada, pressionem e organizem as condições para 
novos avanços. 
 
Para entendermos a „integralidade‟ como meio para concretizar o direito à saúde é 
importante atentar para as três dimensões que a constituem: a organização dos serviços, 
os conhecimentos e práticas de trabalhadores de saúde e as políticas governamentais 
com participação da população. 
 
1.3 CONSTRUINDO AS LINHAS DO CUIDADO 
 
Imaginamos, portanto, que a integralidade começa pela organização dos processos de 
trabalho na atenção básica, onde a assistência deve ser multiprofissional, operando 
através de diretrizes como a do acolhimento e vinculação de clientela, onde a 
equipe se responsabiliza pelo seu cuidado. Este é exercido a partir dos diversos 
campos de saberes e práticas, onde se associam os da vigilância à saúde e dos 
cuidados individuais. Pretende-se recuperar o valor que têm os atos assistenciais 
fundantes da clínica. A propedêutica e um dado projeto terapêutico cuidador, na rede 
básica de assistência à saúde, deve ser levada ao limite das suas possibilidades, 
deixando os exames de maior complexidade para a função real de apoio ao diagnóstico. 
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No caso, o usuário é o elemento estruturante de todo processo de produção da saúde, 
quebrando com um tradicional modo de intervir sobre o campo das necessidades, de 
forma compartimentada. Neste caso, o trabalho é integrado e não partilhado, reunindo 
na cadeia produtiva do cuidado um saber-fazer cada vez mais múltiplo. 
Além de organizar a linha do cuidado, do ponto de vista dos fluxos assistenciais, define-
se que a equipe da UBS ou a ESF, que tem responsabilidades sobre o cuidado, é quem 
deve ser gestor do projeto terapêutico e, portanto, deverá acompanhá-lo, garantindo o 
acesso aos outros níveis de assistência, assim como a “contratransferência” para que o 
vínculo continue com a equipe básica,que tem a missão de dar continuidade aos 
cuidados ao usuário. 
Na sua construção, torna-se imperativo identificar os diversos atores que 
controlam os recursos das linhas de cuidado propostas para serem implantadas, sendo 
que estes deverão formar um comitê gestor, do qual participam as pessoas com função 
de organizá-la e fazer funcionar os fluxos assistenciais. Este deverá produzir a 
necessária pactuação para que a linha do cuidado funcione. 
 
1.4INTEGRALIDADE E AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A 
GRADUAÇÃO EM SAÚDE 
 
A Lei das Diretrizes de Base da Educação, promulgada em 1996, propõe a reformulação 
dos conteúdos curriculares, permitindo maior flexibilidade em sua construção e 
indicando as áreas de conhecimento a serem abordadas, sem estabelecer disciplinas e 
cargas horárias definidas, favorecendo maior compromisso entre instituições 
formadoras em saúde e o SUS. Em relação ao referencial relativo à 
interdisciplinaridade, destacam-se: 
 A capacitação profissional com base na busca do conhecimento e na garantia da 
integralidade e humanização da atenção à saúde. 
 
 A promoção do trabalho conjunto a fim de atender as necessidades em saúde da 
comunidade e a necessidade social da interdisciplinaridade. 
 
 
 
 
 A abordagem em cenários diversificados reorientados para a atenção básica, em 
ações desenvolvidas por equipes multiprofissionais e baseadas na integralidade, 
na busca da resolutividade e melhor relação custo/benefício. 
 
 A responsabilidade compartilhada da escola com o setor público, buscando a 
integração entre os diversos cursos da área da saúde. 
 
 
 A formulação de conteúdos essenciais a partir da análise do processo saúde-
doença individual relacionando a realidade epidemiológica do país. 
 
Nesta perspectiva, o Ministério da Saúde indica que as avaliações das condições de 
ensino orientem as instituições para o fortalecimento do sistema onde irão atuar, 
destacando-se o compromisso com a consolidação do SUS e de seus princípios. 
Preconiza a responsabilização social e comunicação entre as escolas e a sociedade, 
tendo por referência a capacidade de dar resposta às necessidades da população, 
produzindo conhecimentos relevantes para a realidade de saúde, educação permanente 
dos profissionais e prestação de serviços de boa qualidade. Com base na 
Regulamentação Nacional, a partir de 2001, foram sendo promulgadas pelo Conselho 
Nacional de Educação as diretrizes dos cursos de graduação em saúde dos cursos de 
Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia, 
Psicologia e Terapia Ocupacional. 
 
Buscando analisar cada uma dessas normas, segundo as categorias elencadas pelas 
diretrizes nacionais e referencial da interdisciplinaridade, temos: 
 O desenvolvimento do currículo baseado nas necessidades de saúde das 
populações (medicina, psicologia), da realidade social (enfermagem, nutrição) e 
de dimensões biopsicossocioculturais do processo saúde-doença (Enfermagem, 
Medicina, Nutrição, Psicologia), indicando a necessidade da compreensão dos 
múltiplos referenciais e diversidade das perspectivas necessárias ao 
entendimento do ser humano (Psicologia). 
 
 
 
 A valorização ético-humanística da profissão e do cuidado (Enfermagem, 
Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia, Psicologia), apontando a educação para 
a cidadania (Enfermagem, Nutrição, Odontologia) e a compreensão crítica dos 
fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do país (Psicologia); 
integração entre estudo e trabalho (Nutrição); interação do aluno com usuários e 
profissionais, proporcionando a atuação em problemas reais (Medicina). 
 
 Vínculo entre ensino e serviço e compromisso com o SUS (Medicina). A 
diversificação de cenários (Enfermagem, Fisioterapia, Medicina) e de contextos 
(Psicologia) de aprendizagem. 
 
 Trabalho/atuação ou desenvolvimento de ações em equipe (Nutrição, 
Enfermagem) multiprofissional (Medicina). 
 
 A referência à aplicação de metodologias de ensino-aprendizagem voltadas para 
a busca autônoma de conhecimentos (Medicina, Nutrição, Enfermagem); 
integrando teoria e prática desde o início do curso (Enfermagem, Fisioterapia, 
Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia, Terapia Ocupacional); 
articulando ensino e pesquisa, socializando o conhecimento produzido 
(Enfermagem, Nutrição); integrando o aprimoramento e a capa 
1.5 A INTEGRALIDADE NA PERSPECTIVA DO SUJEITO 
 
A integralidade enquanto princípio do Sistema Único de 
Saúde busca garantir ao indivíduo uma assistência à saúde 
que transcenda a prática curativa, contemplando o 
indivíduo em todos os níveis de atenção e considerando o 
sujeito inserido em um contexto social, familiar e cultural. 
Para estruturar e reorientar o modelo de Atenção à Saúde, foi consolidada a Estratégia 
Saúde da Família, composta por uma equipe multidisciplinar de profissionais engajados 
na busca de uma saúde humanizada e coletiva que proporcione qualidade de vida à 
população. Nesse interim, é de fundamental importância a participação dos 
coordenadores, todos devem ter em igual o conceito sobre essa vertente. 
 
 
Em Freitas et al. 2010, é realizada uma pesquisa, em Sobral, Ceará, buscando 
justamente essa visão do sujeito que estão à frente da coordenação da estratégia e obteve 
nessa visão os seguintes resultados: na representação: „Integralidade a partir da 
compreensão de saúde como um direito que deve ser garantido em todos os níveis‟, 
os participantes expressam, em seu discurso, a relação dessa integralidade com ações de 
promoção da saúde, assistência, reabilitação e o direcionamento do cidadão para os 
demais níveis de atenção à saúde: primário, secundário, terciário e quaternário, 
garantindo que o usuário do serviço tenha todas as suas necessidades atendidas, desde 
as mais básicas, às mais complexas, sendo dever dos gestores fazer cumprir esse direito 
que é previsto em lei. Esse discurso foi predominante, pois dos 11 coordenadores, 10 
mencionaram que a integralidade está relacionada à prestação de uma assistência 
holística, sendo garantido o acesso em todos os níveis de atenção. Fazendo esse 
paralelo, fia evidenciado o fato de que os coordenadores têm noção da importância da 
comunicação lateral e da articulação entre todos os serviços de saúde, em seus diversos 
âmbitos, para uma continuidade na assistência e para resolutividade dos problemas de 
saúde da comunidade. Por outro lado, há a indicativa de que os coordenadores precisam 
primeiramente garantir a integralidade dentro dos próprios sistemas e serviços de saúde 
por meio de uma comunicação lateral constante, e para que, partindo desses pontos, as 
ações sejam planejadas e executadas de forma a garantir a integralidade da assistência 
para a população. Além disso, fala-se em um planejamento contínuo das ações 
implementadas nos diversos níveis, visto que todos os sistemas devem trabalhar de 
forma integral, sempre havendo um retorno entre os serviços. 
O discurso „Integralidade para além da garantia dos três níveis de assistência. O foco 
deve ser a atenção integral‟ foi o segundo mais citado; nele dos 11 coordenadores, 7 
mencionam essa ideia. 
Nesse discurso, o significado de integralidade remete à assistência em todos os níveis de 
atenção que se façam necessários, mas também da relação desse princípio com a ideia 
de um todo, de assistirmos integralmente ao indivíduo como ser humano, quenecessita 
de assistência humanizada e acolhimento adequado, tratamento digno e com vínculo. 
Deve-se, portanto, também considerar o meio em que esse usuário vive, as suas redes, 
apoiando-se na ajuda familiar e não perdendo o foco na pessoa. O acolhimento é 
referido como uma via para a integralidade. Isso implica acolher, ouvir pedidos, escutar, 
analisar e dar as respostas mais adequadas aos usuários e à sua rede social 
 
 
 
1.6 A INTEGRALIDADE: Como Ocorre? Onde Ocorre? Quais as Dificuldades? 
 
A Integralidade deve ocorrer não somente nos níveis estratégicos de 
atendimento ao usuário, a mesma deve ser instaurada já em meio 
acadêmico, o trabalho sendo a visão de um todo, onde o produto 
geral formado é o cuidado a prevenção e restauração da saúde do indivíduo. Esse 
desenvolver de pensamento exige uma abordagem já na formação dos profissionais, 
para ampliar a linha do cuidado. 
A pesquisa realizada por Garcia et al., 2006, mostra a opinião de discentes e diretores, 
que concordam que a interdisciplinaridade acontece de forma crescente em momentos 
do curso e depende, principalmente, de iniciativas individuais de docentes e, conforme a 
inserção nos diferentes cenários, destacando-se as atividades práticas relacionadas às 
disciplinas de Saúde Coletiva e estágios na rede básica e hospital de ensino: “na 
pediatria tem um projeto de asma com os internos do 5º no. [...] ocorre no Centro de 
Saúde (CS) e no ambulatório. No CS tem muita comunicação, em qualquer área, na área 
da mulher, da criança, um ajuda o outro (Enfermagem); “no hospital tem Terapia 
Ocupacional, Enfermagem, Medicina, tudo junto. Quando a gente faz práticas da fisio 
no hospital, a gente observa todos os cursos juntos cuidando do mesmo doente. [...] no 
CS também tem Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Medicina, Fisioterapia 
(Fisioterapia) ”; “o „Hospital amigo da criança” envolveria desde o rapaz da limpeza até 
o médico especialista. Todo mundo recebe o mesmo tipo de conhecimento e fica apto 
para promover o aleitamento materno (Medicina)”. 
O desenvolvimento da Inter e Transdisciplinaridade esbarra em problemas de 
“relacionamento” entre os cursos por falta de “humildade”, como colocado, e o 
desconhecimento de cada profissão: “a gente olha os outros cursos com preconceito 
[...] muitas pessoas acreditam que o que elas sabem é sempre mais importante e acabam 
sendo egoístas ou prepotentes. É preciso uma certa humildade para que as pessoas 
possam conviver num mesmo espaço (Medicina) ”. Há, por vezes, a invasão do espaço 
de trabalho do outro e a carência de momentos de planejamento: “o problema é que às 
vezes não dá certo porque bate de frente, e um não respeita o outro, um acha que sabe 
mais que o outro (Enfermagem) ”; [...] às vezes algum profissional acha que é o dono da 
verdade e não sabe distinguir sua área e acaba fazendo o trabalho do outro (Fisioterapia) 
 
 
”. A competição parece corresponder à principal dificuldade de integração, destacando-
se como queixa a dominância do profissional médico, que é reforçada pelos outros 
profissionais quando falam em ajuda/auxílio ao médico, como se suas atividades fossem 
complementares: “é difícil chegar nos alunos da medicina, perguntar alguma coisa, mas 
por enquanto na minha experiência eu sempre fui auxiliada por eles. Acho que há um 
tabu da medicina ser difícil de lidar (Enfermagem)”. Algumas profissões têm 
discussões mais trabalhadas: “o médico é auto-suficiente e não precisa da ajuda do 
psicólogo. O que a gente aprende é que o psiquiatra e o psicólogo são completamente 
diferentes, que os dois são importantes e podem trabalhar juntos (Psicologia) ”. 
De acordo com as diretrizes nacionais, todos os cursos da área da saúde devem ter como 
objetivos a inserção dos alunos em equipes multiprofissionais para a atenção integral à 
comunidade e para o desenvolvimento da responsabilização social. Constatou-se, 
porém, que embora presentes nos programas, as ações multiprofissionais e 
interdisciplinares nem sempre são concretamente traduzidas em estratégias de 
aprendizagem. Segundo a visão dos sujeitos, existem momentos em que se observa a 
ocorrência de interdisciplinaridade nos diversos cenários: hospital, ambulatórios, salas 
de aula, destacando-se como espaços privilegiados as Unidades Básicas de Saúde. 
 
UNIDADE 2 – NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE 
 
2.1 INTRODUÇÃO 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído pelo conjunto das ações e dos 
serviços de saúde sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e 
 
hierarquizadas e atua em todo o território nacional, com direção única em cada esfera de 
governo. O SUS não é, porém, uma estrutura que atua isolada na promoção dos direitos 
básicos de cidadania. Insere-se no contexto das políticas públicas de seguridade social, 
que abrangem, além da saúde, a previdência e a assistência social. 
A Constituição brasileira estabelece que a saúde é um dever do Estado. Aqui, 
deve-se entender Estado não apenas como o governo federal, mas como Poder Público, 
abrangendo a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. A implementação e 
a gestão do SUS são, portanto, também obrigações das municipalidades, que devem 
 
 
trabalhar integradas às demais esferas de governo, na construção de políticas setoriais e 
intersetoriais que garantam à população acesso universal e igualitário à saúde. 
A saúde é, acima de tudo, um direito universal e fundamental do ser humano, 
firmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e assegurado pela Constituição 
Federal de 1988. A efetivação da saúde como direito universal – ou seja, de todos – é 
um desafio que só pode ser alcançado por meio de políticas sociais e econômicas que 
reduzam as desigualdades sociais e regionais em nosso País, assegurando a cidadania e 
o fortalecimento da democracia. 
Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a saúde, garantindo atenção 
qualificada e contínua aos indivíduos e às coletividades, de forma equitativa. 
São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da Constituição 
Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º 8.080/1990. Os principais são: 
Universalidade – significa que o SUS deve atender a todos, sem distinções ou 
restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo; Integralidade – o 
SUS deve oferecer a atenção necessária à saúde da população, promovendo ações 
contínuas de prevenção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer 
níveis de complexidade; Equidade – o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com 
justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando maior atenção aos que 
mais necessitam; Participação social – é um direito e um dever da sociedade participar 
das gestões públicas em geral e da saúde pública em particular; é dever do Poder 
Público garantir as condições para essa participação, assegurando a gestão comunitária 
do SUS; e Descentralização – é o processo de transferência de responsabilidades de 
gestão para os municípios, atendendo às determinações constitucionais e legais que 
embasam o SUS, definidor de atribuições comuns e competências específicas à União, 
aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios 
 
2.2 OS NÍVEIS DE ATENÇÃO 
 
O SUS ordena o cuidado com a saúde em níveis de atenção, que são de básica, 
média e alta complexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e 
planejamento das ações edos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém, 
desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à saúde deve ser 
integral. Esse conceito é fundamental na construção das redes de atenção à saúde - RAS 
é o de nível de atenção à saúde. (Brasil 2004). 
 
 
Os níveis de atenção à saúde estruturam-se por arranjos produtivos conformados 
segundo as densidades tecnológicas singulares, variando do nível de menor densidade, a 
Atenção Primária a Saúde - APS, ao de densidade tecnológica intermediária, a atenção 
secundária à saúde, até o de maior densidade tecnológica, a atenção terciária à saúde. 
Os níveis de atenção à saúde são fundamentais para o uso racional dos recursos e 
para estabelecer o foco gerencial dos entes de governança das RASs. Na prática social, 
ao se construírem as RASs, há que se combinarem os territórios sanitários com os níveis 
de atenção à saúde. (Mendes 2011). 
Para Castells (2000), as redes são novas formas de organização social, do Estado 
ou da sociedade, intensivas em tecnologia de informação e baseadas na cooperação 
entre unidades dotadas de autonomia. Diferentes conceitos coincidem em elementos 
comuns das redes: relações relativamente estáveis, autonomia, inexistência de 
hierarquia, compartilhamento de objetivos comuns, cooperação, confiança, 
interdependência e intercâmbio constante e duradouro de recursos. 
O Ministério da Saúde (2010) explicita os atributos de uma RAS: população e 
território definidos com amplo conhecimento de suas necessidades e preferências que 
determinam a oferta de serviços de saúde; extensa gama de estabelecimentos de saúde 
que presta serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão de casos, 
reabilitação e cuidados paliativos e integra os programas focalizados em doenças, riscos 
e populações específicas, os serviços de saúde individuais e os coletivos; APS 
estruturada como primeiro nível de atenção e porta de entrada do sistema, constituída de 
equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado, 
e atendendo as suas necessidades de saúde; prestação de serviços especializados em 
lugar adequado; existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e 
integração assistencial por todo o contínuo da atenção; atenção à saúde centrada no 
 
indivíduo, na família e na comunidade, tendo em conta as particularidades culturais, 
gênero, assim como a diversidade da população; sistema de governança único para toda 
a rede com o propósito de criar uma missão, visão e estratégias nas organizações que 
compõem a região de saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos no 
curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; desenvolver a 
capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar e avaliar o desempenho dos 
gerentes e das organizações; participação social ampla; gestão integrada dos sistemas de 
apoio administrativo, clínico e logístico; recursos humanos suficientes, competentes, 
 
 
comprometidos e com incentivos pelo alcance de metas da rede; sistema de informação 
integrado que vincula todos os membros da rede, com identificação de dados por sexo, 
idade, lugar de residência, origem étnica e outras variáveis pertinentes; financiamento 
tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da rede; ação intersetorial e 
abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde; e gestão baseada em 
resultados. Com base nesses atributos define RAS como “arranjos organizativos de 
ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por 
meio de sistemas técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do 
cuidado”. 
A portaria 4.279 relata em seu texto os atributos da rede de atenção à saúde e 
considera que não há como prescrever um modelo organizacional único para as RAS, 
contudo as evidências mostram que o conjunto de atributos apresentados a seguir são 
essenciais ao seu funcionamento: 
1. População e território definidos com amplo conhecimento de suas necessidades e 
preferências que determinam a oferta de serviços de saúde; 
2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que presta serviços de promoção, 
prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão de casos, reabilitação e cuidados paliativos e 
integra os programas focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os 
serviços de saúde individuais e os coletivos; 
3. Atenção Primária em Saúde estruturada como primeiro nível de atenção e porta de 
entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar que cobre toda a população, 
integrando, coordenando o cuidado, e atendendo as suas necessidades de saúde; 
4. Prestação de serviços especializados em lugar adequado; 
5. Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e integração 
assistencial por todo o contínuo da atenção; 
 
6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade, tendo em conta 
as particularidades culturais, gênero, assim como a diversidade da população; 
7. Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar uma missão, 
visão e estratégias nas organizações que compõem a região de saúde; definir objetivos e 
metas que devam ser cumpridos no curto, médio e longo prazo; articular as políticas 
institucionais; e desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar 
e avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações; 
8. Participação social ampla; 
 
 
9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico; 
10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com incentivos pelo 
alcance de metas da rede; 
11. Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede, com 
identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, origem étnica e outras 
variáveis pertinentes; 
12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da rede; 
13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde; 
14. Gestão baseada em resultado. 
 
2.3 ATENÇÃO BÁSICA 
 
Constitui o primeiro nível de atenção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto 
de ações que engloba promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. 
Desenvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e 
participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios 
delimitados, pelos quais assumem responsabilidade. Utiliza tecnologias de elevada 
complexidade e baixa densidade, objetivando solucionar os problemas de saúde de 
maior frequência e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários 
com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, 
inteireza e inserção sociocultural, além de buscar a promoção de sua saúde, a prevenção 
e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam 
comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável. (Brasil 2004) 
Uma Rede de Atenção à Saúde ordenada pela Atenção Básica tende a ser mais 
resolutiva e equitativa. Os princípios e as diretrizes estabelecidos para este espaço de 
atenção – porta de entrada preferencial e porta aberta, adstrição de clientela, 
territorialização, trabalho em equipe, coordenação e longitudinalidade do cuidado, entre 
outros, quando efetivamente incorporados, contribuem fortemente para que as ações 
estejam emconsonância com os problemas e as necessidades de saúde dos indivíduos e 
grupos sociais de dado território. (Brasil 2014). 
Essa realidade é complexa e aponta que a AB precisa avançar na definição de 
formatos organizativos e de dinâmicas de funcionamento mais efetivos. Isso inclui o 
adensamento de tecnologias do cuidado, a ampliação das ações e a articulação de 
 
 
profissionais e especialidades que possam apoiar matricialmente, as equipes de AB no 
cuidado à população nos territórios. A AB caracteriza-se por um conjunto de ações de 
saúde no âmbito individual e coletivo que abrangem a promoção e proteção da saúde, 
prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. 
Possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, 
caracterizados como a porta de entrada preferencial do sistema de saúde. Efetivar a 
integralidade em seus vários aspectos. Desenvolver relações de vínculo e 
responsabilização entre as equipes e a população adscrita, garantindo a continuidade das 
ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado. Estimular a participação popular e o 
controle social. 
 
UNIDADE 3 – NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE 
 
3.1 CONCEITOS DA ESTRATÉGIA 
 
Para operacionalização da política no Brasil utiliza-se de uma estratégia nacional 
prioritária, que é a Saúde da Família de acordo com os preceitos do Sistema Único de 
Saúde. A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica no 
País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da 
Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificação e 
consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho 
com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção 
básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e 
coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-efetividade. 
Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe multiprofissional 
(equipe de Saúde da Família – ESF) composta por, no mínimo: (I) médico generalista, 
ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; (II) 
enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; (III) auxiliar ou técnico de 
enfermagem; e (IV) agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa 
composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou 
especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal. 
Não deve ser entendida como uma proposta marginal, mas, sim, como forma de 
substituição do modelo vigente, sintonizada com os princípios da universalidade e 
eqüidade da atenção e da integralidade das ações. Por sua possibilidade de garantia de 
 
 
acesso, se mostra estrategicamente importante como a porta de entrada pela atenção 
básica no sistema de saúde, sendo capaz de acompanhar e garantir o acesso aos demais 
níveis de complexidade do sistema na medida em que cada caso requerer, sem perder o 
vínculo original e a individualidade necessária. (Brasil 2014). 
3.2 ESPECIFICIDADES DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
Segundo a Política Nacional de Atenção Básica as Especificidades da Equipe de 
Saúde da Família apresentam itens necessários à Estratégia Saúde da Família: 
I - Existência de equipe multiprofissional (equipe de Saúde da Família) 
composta por, no mínimo, médico generalista ou especialista em Saúde da Família ou 
médico de Família e Comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da 
Família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo 
acrescentar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais 
de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, 
auxiliar e/ou técnico em saúde bucal; 
II - O número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população 
cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde 
da Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe; 
 III - Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por, no máximo, 
4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000, respeitando critérios de equidade 
para essa definição. Recomenda-se que o número de pessoas por equipe considere o 
grau de vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que, quanto maior o grau 
de 
 
vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe; IV - 
Cadastramento de cada profissional de saúde em apenas uma ESF, exceção feita 
somente ao profissional médico, que poderá atuar em, no máximo, duas ESF e com 
carga horária total de 40 horas semanais; e 
V - Carga horária de 40 horas semanais para todos os profissionais de saúde 
membros da equipe de Saúde da Família, à exceção dos profissionais médicos, cuja 
jornada é descrita no próximo inciso. A jornada de 40 horas deve observar a 
necessidade de dedicação mínima de 32 horas da carga horária para atividades na 
 
 
equipe de Saúde da Família, podendo, conforme decisão e prévia autorização do gestor, 
dedicar até oito horas do total da carga horária para prestação de serviços na rede de 
urgência do município ou para atividades de especialização em Saúde da Família, 
residência multiprofissional e/ou de Medicina de Família e de Comunidade, bem como 
atividades de educação permanente e apoio matricial. 
Serão admitidas também, além da inserção integral (40h), as seguintes 
modalidades de inserção dos profissionais médicos generalistas ou especialistas em 
Saúde da Família ou médicos de Família e Comunidade nas equipes de Saúde da 
Família, com as respectivas equivalências de incentivo federal: 
I - Dois médicos integrados a uma única equipe em uma mesma UBS, 
cumprindo individualmente carga horária semanal de 30 horas – equivalente a um 
médico com jornada de 40 horas semanais, com repasse integral do incentivo financeiro 
referente a uma equipe de Saúde da Família; 
II - Três médicos integrados a uma equipe em uma mesma UBS, cumprindo 
individualmente carga horária semanal de 30 horas – equivalente a dois médicos com 
jornada de 40 horas, de duas equipes –, com repasse integral do incentivo financeiro 
referente a duas equipes de Saúde da Família; 
III - Quatro médicos integrados a uma equipe em uma mesma UBS, com carga 
horária semanal de 30 horas – equivalente a três médicos com jornada de 40 horas 
semanais, de três equipes –, com repasse integral do incentivo financeiro referente a três 
equipes de Saúde da Família; 
IV - Dois médicos integrados a uma equipe, cumprindo individualmente jornada 
de 20 horas semanais, e demais profissionais com jornada de 40 horas semanais, com 
repasse mensal equivalente a 85% do incentivo financeiro referente a uma equipe de 
Saúde da Família; e 
 
V - Um médico cumprindo jornada de 20 horas semanais e demais profissionais 
com jornada de 40 horas semanais, com repasse mensal equivalente a 60% do incentivo 
financeiro referente a uma equipe de Saúde da Família. Tendo em vista a presença do 
médico em horário parcial, o gestor municipal deve organizar os protocolos de atuação 
da equipe, os fluxos e a retaguarda assistencial, para atender a esta especificidade. 
Além disso, é recomendável que o número de usuários por equipe seja próximo 
de 2.500 pessoas. As equipes com essa configuração são denominadasequipes 
transitórias, pois, ainda que não tenham tempo mínimo estabelecido de permanência 
 
 
nesse formato, é desejável que o gestor, tão logo tenha condições, transite para um dos 
formatos anteriores que preveem horas de médico disponíveis durante todo o tempo de 
funcionamento da equipe. 
A quantidade de equipes de Saúde da Família na modalidade transitória ficará 
condicionada aos seguintes critérios: 
I - Município com até 20 mil habitantes e contando com uma a três equipes de 
Saúde da Família poderá ter até duas equipes na modalidade transitória; 
II - Município com até 20 mil habitantes e com mais de três equipes poderá ter 
até 50% das equipes de Saúde da Família na modalidade transitória; 
III - Municípios com população entre 20 mil e 50 mil habitantes poderá ter até 
30% das equipes de Saúde da Família na modalidade transitória; 
IV - Município com população entre 50 mil e 100 mil habitantes poderá ter até 
20% das equipes de Saúde da Família na modalidade transitória; e 
V - Município com população acima de 100 mil habitantes poderá ter até 10% 
das equipes de Saúde da Família na modalidade transitória. 
Em todas as possibilidades de inserção do profissional médico descritas acima, 
considerando a importância de manutenção do vínculo e da longitudinalidade do 
cuidado, esse profissional deverá ter usuários adscritos de modo que cada usuário seja 
obrigatoriamente acompanhando por um agente comunitário de saúde, um auxiliar ou 
técnico de enfermagem, um enfermeiro e um médico e preferencialmente por um 
cirurgião-dentista, um auxiliar e/ou técnico em saúde bucal, sem que a carga horária 
diferente de trabalho comprometa o cuidado e/ou processo de trabalho da equipe. 
As equipes de Saúde da Família devem estar devidamente cadastradas no 
sistema de cadastro nacional vigente de acordo com conformação e modalidade de 
inserção do profissional médico. O processo de trabalho, a combinação das jornadas de 
trabalho dos 
 
profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento das UBS devem ser 
organizados de modo que garantam o maior acesso possível, o vínculo entre usuários e 
profissionais, a continuidade, coordenação e longitudinalidade do cuidado. 
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de Saúde da Família 
podem se organizar nas seguintes modalidades: 
I – Cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família e auxiliar 
em saúde bucal (ASB); 
 
 
II – Cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, técnico 
em saúde bucal (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB); e 
III - Profissionais das Modalidades I ou II que operam em Unidade 
Odontológica Móvel. 
Independentemente da modalidade adotada, recomenda-se que os profissionais 
de saúde bucal estejam vinculados a uma ESF e compartilhem a gestão e o processo de 
trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária pela mesma população e território 
que a ESF à qual integra, e com jornada de trabalho de 40 horas semanais para todos os 
seus componentes. 
Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os profissionais de 
saúde bucal ou quando se introduzir pela primeira vez esses profissionais numa equipe 
já implantada, Modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os 
equipamentos odontológicos, por meio de doação direta ou repasse de recursos 
necessários para adquiri-los (equipo odontológico completo). 
 
3.3 MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE 
 
O direito à saúde, explicitado na Declaração Universal de Direitos Humanos, de 
1948, foi garantido no Brasil pela Constituição Federal de 1988, que estabelece os 
princípios e as diretrizes legais do Sistema Único de Saúde, o SUS. Um dos princípios 
doutrinários do SUS, a integralidade da atenção é concebida como um conjunto 
articulado de ações e serviços de saúde, preventivos e curativos, individuais e coletivos, 
distribuídos segundo os níveis de complexidade do sistema de saúde. Nesse sentido, 
a integralidade assume dois sentidos – o primeiro deles preza pelo acolhimento do 
paciente pelo sistema e pela equipe multiprofissional de tal forma a produzir uma 
resposta para o seu sofrimento que não se reduza a um aparelho biológico ou a um 
procedimento; 
 
o segundo sentido de integralidade relaciona-se diretamente com o conceito de 
resolutividade, segundo o qual as práticas em saúde devem cobrir e satisfazer a todas as 
necessidades e demandas do indivíduo e do coletivo, oferecendo acesso e qualidade 
para todos os níveis de atenção. 
Os serviços assistenciais do SUS organizam-se em ações da Atenção Básica e 
em ações da Média e Alta Complexidade, que envolvem a assistência ambulatorial e 
 
 
hospitalar de todas as especialidades. Visando à promoção dos direitos sociais da saúde 
consagrados na Constituição Federal com observância aos princípios/diretrizes da 
regionalização e da hierarquização da atenção à saúde, a Coordenação-Geral de Média e 
Alta Complexidade responde pela elaboração de programas, normas, diretrizes e 
orientações para a execução de procedimentos de Média e Alta Complexidade nos 
serviços de saúde do SUS, relativamente às políticas sob sua responsabilidade direta. 
Salienta-se, por oportuno, que há procedimentos relacionados a essa temática que estão 
disseminados nas mais diversas políticas do Ministério da Saúde. 
A Secretária de Atenção a Saúde (SAS) do Ministério da Saúde diz “A média 
complexidade ambulatorial é composta por ações e serviços que visam atender aos 
principais problemas e agravos de saúde da população, cuja complexidade da assistência 
na prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especializados e a 
utilização de recursos tecnológicos, para o apoio diagnóstico e tratamento”. 
No material O SUS de A a Z, do Ministério da Saúde e construída 
conjuntamente pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde 
(Conasems), temos, em acréscimo a esta definição, uma relação dos grupos que 
compõem os procedimentos de média complexidade do Sistema de Informações 
Ambulatoriais (SIA): 
• procedimentos especializados realizados por profissionais médicos, outros 
profissionais de nível superior e nível médio; 
• cirurgias ambulatoriais especializadas; 
• procedimentos tráumato-ortopédico; 
• ações especializadas em odontologia; 
• patologia clínica; 
• anatomopatologia e citopatologia; 
• radiodiagnóstico; 
• exames ultra-sonográficos; 
• diagnose; 
• fisioterapia; 
• terapias especializadas; 
• próteses e órteses; 
• anestesia. 
No mesmo material o conceito de Alta Complexidade é o conjunto de 
procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto custo, 
 
 
objetivando propiciar à população acesso a serviços qualificados, integrando-os aos 
demais níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média complexidade). Principais 
áreas que compõem a alta complexidade do SUS, organizadas em redes são: 
• assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos 
procedimentos de diálise); 
• assistência ao paciente oncológico; 
• cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica; 
• procedimentos da cardiologia intervencionista; 
• procedimentos endovasculares extracardíacos; 
• laboratório deeletrofisiologia; 
• assistência em tráumato-ortopedia; 
• procedimentos de neurocirurgia; 
• assistência em otologia; 
• cirurgia de implante coclear; 
• cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; 
• cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; 
• procedimentos em fissuras lábio-palatais; 
• reabilitação protética e funcional das doenças da calota craniana, da face e do 
sistema estomatognático; 
• procedimentos para a avaliação e o tratamento dos transtornos respiratórios do 
sono; 
• assistência aos pacientes portadores de queimaduras; 
• assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); 
• cirurgia reprodutiva; 
• genética clínica; 
 
UNIDADE 4 –POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA 
 
4.1 INTRODUÇÃO 
 
Brasil 2012 - A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da 
experiência acumulada por conjunto de atores envolvidos historicamente com o 
desenvolvimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como 
movimentos sociais, usuários, trabalhadores e gestores das três esferas de governo. 
 
 
No Brasil, a Atenção Básica é desenvolvida com o mais alto grau de 
descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. 
Ela deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de 
comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Por isso, é fundamental que ela se 
oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da 
continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da 
humanização, da equidade e da participação social. 
As Unidades Básicas de Saúde – instaladas perto de onde as pessoas moram, 
trabalham, estudam e vivem – desempenham um papel central na garantia à população 
de acesso a uma atenção à saúde de qualidade. Dotar estas unidades da infraestrutura 
necessária a este atendimento é um desafio que o Brasil - único país do mundo com 
mais de 100 milhões de habitantes com um sistema de saúde público, universal, integral 
e gratuita – está enfrentando com os investimentos do Ministério da Saúde. Essa missão 
faz parte da estratégia Saúde Mais Perto de Você, que enfrenta os entraves à expansão e 
ao desenvolvimento da Atenção Básica no País. 
Mais e Melhores Recursos: além dos recursos previstos para este ano de 2012 
serem quase 40% maiores que os previstos para o ano de 2010, o que representou o 
maior aumento de recursos repassados fundo a fundo desde a criação do PAB, a nova 
PNAB mudou o desenho do financiamento federal para a Atenção Básica, passando a 
combinar equidade e qualidade. Em relação à equidade, o PAB Fixo diferencia o valor 
per capita por município, beneficiando o município mais pobre, menor, com maior 
percentual de população pobre e extremamente pobre e com as menores densidades 
demográficas. Pelo viés da qualidade, induz a mudança de modelo por meio da 
Estratégia Saúde da Família e cria um Componente de Qualidade que avalia, valoriza e 
premia equipes e municípios, garantindo aumento do repasse de recursos em função da 
contratualização de compromissos e do alcance de resultados, a partir da referência de 
padrões de acesso e qualidade pactuados de maneira tripartite. 
Uma Atenção Básica Fortalecida e Ordenadora das Redes de Atenção: a nova 
PNAB atualizou conceitos na política e introduziu elementos ligados ao papel desejado 
da AB na ordenação das Redes de Atenção. Avançou na afirmação de uma AB 
acolhedora, resolutiva e que avança na gestão e coordenação do cuidado do usuário nas 
demais Redes de Atenção. Avançou, ainda, no reconhecimento de um leque maior de 
modelagens de equipes para as diferentes populações e realidades do Brasil. Além dos 
diversos formatos de ESF, houve a inclusão de EAB para a população de rua 
 
 
(Consultórios na Rua), ampliação do número de municípios que podem ter Núcleos de 
Apoio à Saúde da Família (NASF), simplificou e facilitou as condições para que sejam 
criadas UBS Fluviais e ESF para as Populações Ribeirinhas. 
A nova política articula a AB com importantes iniciativas do SUS, como a 
ampliação das ações intersetoriais e de promoção da saúde, com a universalização do 
Programa Saúde na Escola - e expansão dele às creches – acordo com as indústrias e 
escolas para uma alimentação mais saudável, implantação de mais de 4 mil pólos da 
Academia da Saúde até 2014. Às equipes de Atenção Básica se somam as equipes do 
Melhor em Casa para ampliar em muito o leque de ações e resolubilidade da atenção 
domiciliar. A Telessaúde, a integração dos sistemas de informação e a nova política de 
regulação apontam para a ampliação da resolubilidade da AB e para a continuidade do 
cuidado do usuário, que precisa da atenção especializada. UBS mais amplas, com 
melhores condições de atendimento e trabalho: em parceria com estados e municípios, o 
Governo Federal está investindo 3,5 bilhões de reais para modernizar e qualificar o 
atendimento à população. Serão construídas novas e mais amplas UBS, reformadas, 
ampliadas e informatizadas as já existentes. Ao todo, serão mais de 3 mil, construídas e 
mais de 20 mil reformadas, ampliadas e informatizadas. 
Estamos trabalhando para ter uma Atenção Básica à altura de responder, perto da 
casa das pessoas, à maioria das necessidades de saúde, com agilidade e qualidade e de 
modo acolhedor e humanizado. Tudo isso é fruto do empenho cotidiano e das 
conquistas de meio milhão de trabalhadores e trabalhadoras de saúde, das gestoras e 
gestores e o conjunto de atores sociais, que se dedicam e constroem diariamente uma 
Atenção Básica de qualidade para todos os cidadãos brasileiros. 
A portaria 2.488 de 21 de outubro de 2011 aprova a Política Nacional de 
Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da 
atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS). 
4.2 DISPOSIÇÕES GERAIS DA POLITICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA 
 
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA 
A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito 
individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de 
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção 
da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação 
 
 
de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das 
coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, 
democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações 
de territórios definidos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a 
dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. 
Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no 
manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu 
território, observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético 
de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos. 
É desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, 
próxima da vida das pessoas. Deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal 
porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde. Orienta-se pelos 
princípios da universalidade,da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, 
da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da 
participação social. A atenção básica considera o sujeito em sua singularidade e 
inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral. 
A Atenção Básica tem como fundamentos e diretrizes: 
I - Ter território adstrito sobre o mesmo, de forma a permitir o planejamento, a 
programação descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais 
com impacto na situação, nos condicionantes e nos determinantes da saúde das 
coletividades que constituem aquele território, sempre em consonância com o princípio 
da equidade; 
II - Possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e 
resolutivos, caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial da rede de 
atenção, acolhendo os usuários e promovendo a vinculação e corresponsabilização pela 
atenção às suas necessidades de saúde. O estabelecimento de mecanismos que 
assegurem acessibilidade e acolhimento pressupõe uma lógica de organização e 
funcionamento do serviço de saúde que parte do princípio de que a unidade de saúde 
deva receber e ouvir 
 
todas as pessoas que procuram os seus serviços, de modo universal e sem diferenciações 
excludentes. O serviço de saúde deve se organizar para assumir sua função central de 
acolher, escutar e oferecer uma resposta positiva, capaz de resolver a grande maioria 
dos problemas de saúde da população e/ou de minorar danos e sofrimentos desta, ou 
 
 
ainda se responsabilizar pela resposta, ainda que esta seja ofertada em outros pontos de 
atenção da rede. A proximidade e a capacidade de acolhimento, vinculação, 
responsabilização e resolutividade são fundamentais para a efetivação da atenção básica 
como contato e porta de entrada preferencial da rede de atenção; 
III - Adscrever os usuários e desenvolver relações de vínculo e responsabilização 
entre as equipes e a população adscrita, garantindo a continuidade das ações de saúde e 
a longitudinalidade do cuidado. A adscrição dos usuários é um processo de vinculação 
de pessoas e/ou famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser 
referência para o seu cuidado. O vínculo, por sua vez, consiste na construção de 
relações de afetividade e confiança entre o usuário e o trabalhador da saúde, permitindo 
o aprofundamento do processo de corresponsabilização pela saúde, construído ao longo 
do tempo, além de carregar, em si, um potencial terapêutico. A longitudinalidade do 
cuidado pressupõe a continuidade da relação clínica, com construção de vínculo e 
responsabilização entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo 
permanente, acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de outros elementos 
na vida dos usuários, ajustando condutas quando necessário, evitando a perda de 
referências e diminuindo os riscos de iatrogenia decorrentes do desconhecimento das 
histórias de vida e da coordenação do cuidado; 
IV - Coordenar a integralidade em seus vários aspectos, a saber: integrando as 
ações programáticas e demanda espontânea; articulando as ações de promoção à saúde, 
prevenção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e reabilitação e manejo das 
diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins e à ampliação da 
autonomia dos usuários e coletividades; trabalhando de forma multiprofissional, 
interdisciplinar e em equipe; realizando a gestão do cuidado integral do usuário e 
coordenando-o no conjunto da rede de atenção. A presença de diferentes formações 
profissionais, assim como um alto grau de articulação entre os profissionais, é essencial, 
de forma que não só as ações sejam compartilhadas, mas também tenha lugar um 
processo interdisciplinar no qual progressivamente os núcleos de competência 
profissionais específicos vão enriquecendo o campo comum de competências, 
ampliando, assim, a capacidade de 
 
cuidado de toda a equipe. Essa organização pressupõe o deslocamento do processo de 
trabalho centrado em procedimentos, profissionais para um processo centrado no 
 
 
usuário, onde o cuidado do usuário é o imperativo ético-político que organiza a 
intervenção técnico-científica; e 
V - Estimular a participação dos usuários como forma de ampliar sua autonomia 
e capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do 
território, no enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, na 
organização e orientação dos serviços de saúde a partir de lógicas mais centradas no 
usuário e no exercício do controle social. A Política Nacional de Atenção Básica 
considera os termos “atenção básica” e “Atenção Primária à Saúde”, nas atuais 
concepções, como termos equivalentes. Associa a ambos: os princípios e as diretrizes 
definidos neste documento. A Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da 
Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da atenção básica. A 
qualificação da Estratégia Saúde da Família e de outras estratégias de organização da 
atenção básica deverá seguir as diretrizes da atenção básica e do SUS, configurando um 
processo progressivo e singular que considera e inclui as especificidades locorregionais. 
 
4.3 FUNÇÕES DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE 
 
Conforme normatização vigente do SUS, define a organização de Redes de 
Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuidado integral e direcionado às 
necessidades de saúde da população. As RAS constituem-se em arranjos organizativos 
formados por ações e serviços de saúde com diferentes configurações tecnológicas e 
missões assistenciais, articulados de forma complementar e com base territorial, e têm 
diversos atributos, entre eles, destaca-se: a atenção básica estruturada como primeiro 
ponto de atenção e principal porta de entrada do sistema, constituída de equipe 
multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e 
atendendo às suas necessidades de saúde. O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, 
que regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e 
ordenado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada do SUS e se 
completa na rede regionalizada e hierarquizada”. Nesse sentido, a atenção básica deve 
cumprir algumas funções para contribuir com o funcionamento das Redes de Atenção à 
Saúde, são elas: 
I - Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de saúde com o mais 
elevado grau de descentralização e capilaridade, cuja participação no cuidado se faz 
sempre necessária; 
 
 
II - Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e demandas de saúde, 
utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por 
meio de uma clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções 
clínica e sanitariamente efetivas, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia 
dos indivíduos e grupos sociais; 
III - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projetos terapêuticos 
singulares, bem como acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de 
atenção das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de 
atenção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários por meio de uma relação 
horizontal, contínua e integrada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da 
atenção integral. Articulando também as outras estruturasdas redes de saúde e 
intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. Para isso, é necessário incorporar 
ferramentas e dispositivos de gestão do cuidado, tais como: gestão das listas de espera 
(encaminhamentos para consultas especializadas, procedimentos e exames), prontuário 
eletrônico em rede, protocolos de atenção organizados sob a lógica de linhas de 
cuidado, discussão e análise de casos traçadores, eventos-sentinela e incidentes críticos, 
entre outros. As práticas de regulação realizadas na atenção básica devem ser 
articuladas com os processos regulatórios realizados em outros espaços da rede, de 
modo a permitir, ao mesmo tempo, a qualidade da microrregulação realizada pelos 
profissionais da atenção básica e o acesso a outros pontos de atenção nas condições e no 
tempo adequado, com equidade; e 
IV - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob 
sua responsabilidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção, 
contribuindo para que a programação dos serviços de saúde parta das necessidades de 
saúde dos usuários. 
 
UNIDADE 5 – NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF 
 
5.1 INTRODUÇÃO DO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAM 
 
Uma Rede de Atenção à Saúde (RAS) ordenada pela Atenção Básica (AB) tende 
a ser mais resolutiva e equitativa. Os princípios e as diretrizes estabelecidos para este 
 
 
 
espaço de atenção – porta de entrada preferencial e porta aberta, adscrição de clientela, 
territorialização, trabalho em equipe, coordenação e longitudinalidade do cuidado, entre 
outros –, quando efetivamente incorporados, contribuem fortemente para que as ações 
estejam em consonância com os problemas e as necessidades de saúde dos indivíduos e 
grupos sociais de dado território. 
Apesar dos resultados positivos, inclusive com reconhecimento internacional 
(OPAS, 2011), a expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF) trouxe consigo 
inúmeros desafios. Entre eles, destaca-se o processo em curso de redefinição e 
qualificação da atenção básica na ordenação das redes de atenção e na sua capacidade 
efetiva de gestão do cuidado, por meio do aumento do escopo das ações, da ampliação 
de formatos de equipes, de ações que auxiliem na expansão da resolutividade e da 
articulação e suporte com/de outros pontos de atenção da RAS. 
Considerando que as necessidades em saúde de uma população são dinâmicas, 
as políticas públicas da área precisam se organizar para responder a elas. No Brasil, o 
perfil epidemiológico atual é definido como tripla carga de doenças, ou seja, marcada 
pela coexistência das doenças infecciosas e parasitárias, das doenças e agravos crônicos 
não transmissíveis e das causas externas. Parte desse perfil decorre da transição 
demográfica, com acelerado envelhecimento da população (LIMA-COSTA apud 
ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003). 
Essa realidade é complexa e aponta que a AB precisa avançar na definição de 
formatos organizativos e de dinâmicas de funcionamento mais efetivos. Isso inclui o 
adensamento de tecnologias do cuidado, a ampliação das ações e a articulação de 
profissionais e especialidades que possam apoiar, matricialmente, as equipes de AB no 
cuidado à população nos territórios. 
Uma recente pesquisa (GÉRVAS; FERNÁNDEZ, 2011) sobre a atenção básica 
no Brasil identificou que há, de modo geral, persistência de uma “visão vertical” de 
programas e protocolos que compartimentam a prática clínica, repercutindo um modelo 
rígido e fragmentado na área. Além disso, destaca que há também ênfase na “visão 
preventiva” que ocasiona o escasso desenvolvimento da atividade clínica nas práticas de 
saúde. 
Aliados a essa questão da cultura institucional de “verticalização” aparecem 
outros fatores que interferem na qualidade do cuidado ofertado na AB. Entre eles, 
podemos apontar: a capacidade de escuta e de construção de vínculos positivos, que 
 
 
 
considerem a singularidade de cada usuário; a resolutividade clínica; o suporte técnico-
pedagógico para os profissionais; o acesso a recursos situados fora da AB; os modos de 
organização e gestão das agendas; e o escopo de ações ofertadas na AB. 
Na perspectiva de ampliar a capacidade de resposta à maior parte dos problemas 
de saúde da população na atenção básica, o Ministério da Saúde, a partir de experiências 
municipais e de debates nacionais, criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família 
(Nasfs), por meio da Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008, republicada em 4 de 
março de 2008. Essa criação significou o início de uma política audaciosa, mas que 
ainda não contemplava grande parcela dos municípios brasileiros. Um ano depois, 
complementando as orientações inicialmente definidas, foi publicado o Caderno de 
Atenção Básica nº 27 – Diretrizes do NASF, com o objetivo de traçar diretrizes mais 
claras para os gestores e os trabalhadores. 
A fim de possibilitar que qualquer município brasileiro pudesse ser contemplado 
com tal política e, também, de incentivar o aprimoramento do trabalho dos Nasfs já 
implantados, novas regulamentações foram elaboradas. As portarias vigentes que se 
referem ao Nasf são a de nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Política 
Nacional de Atenção Básica (Pnab), e a de nº 3.124, de 28 de dezembro de 2012, que 
redefine os parâmetros de vinculação das modalidades 1 e 2, além de criar a modalidade 
3. 
A partir desta portaria, temos hoje três modalidades de Nasf financiados e 
reconhecidos formalmente pelo MS: 
 
 
 
 
 
 
5.2 CONCEITO DE NUCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA - Nasf 
 
 Conforme a Pnab (BRASIL, 2011), os Núcleos de Apoio à Saúde da Família são 
equipes multiprofissionais, compostas por profissionais de diferentes profissões ou 
especialidades, que devem atuar de maneira integrada e apoiando os profissionais das 
equipes de Saúde da Família e das equipes de Atenção Básica para populações 
específicas (Consultórios na Rua, equipes ribeirinhas e fluviais), compartilhando 
práticas e saberes em saúde com as equipes de referência apoiadas, buscando auxiliá-las 
no manejo ou resolução de problemas clínicos e sanitários, bem como agregando 
práticas, na atenção básica, que ampliem o seu escopo de ofertas. 
 O trabalho do Nasf é orientado pelo referencial teórico-metodológico do apoio 
matricial. Aplicado à AB, isso significa, em síntese, uma estratégia de organização do 
trabalho em saúde que acontece a partir da integração de equipes de Saúde da Família 
(com perfil generalista) envolvidas na atenção às situações/problemas comuns de dado 
território (também chamadas de equipes de referência para os usuários) com equipes ou 
profissionais com outros núcleos de conhecimento diferentes dos profisionais das 
equipes de AB. 
Essa integração deve se dar a partir das necessidades, das dificuldades ou dos 
limites das equipes de Atenção Básica diante das demandas e das necessidades de 
saúde, buscando, ao mesmo tempo, contribuir para o aumento da capacidade de cuidado 
das equipes apoiadas, para ampliar o escopo de ofertas (abrangência de ações) das 
Unidades Básicas de Saúde (UBS), bem como para auxiliar articulação de/com outros 
pontos de atenção da rede, quando isso for necessário, para garantir a continuidade do 
cuidado dos usuários. Esses objetivos do apoio matricial do Nasf se materializam por 
meio do compartilhamento de problemas, da troca de saberes e práticas entre os 
diversos profissionais e da articulação pactuada

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