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PROCESSO DE TRABALHO NA ESF 
Beatriz Acampora e Silva de Oliveira 
AULA 1 – GESTÃO DE PESSOAS EM SAÚDE 
 
A área de gestão de pessoas é muito abrangente, mas o seu pilar mais 
importante é o foco em gente, ou seja, nas pessoas que realizam as atividades 
em uma determinada organização. Ao longo do tempo, as organizações 
passaram por diversas mudanças, assim como o modo com os colaboradores 
são tratados. 
 
Se antes as pessoas eram vistas como funcionários, subalternos, hoje são vistas 
como parceiras da organização, que atuam ativamente em prol dos objetivos 
organizacionais. O formato do trabalho mudou muito desde a Revolução 
Industrial, quando as pessoas se debruçavam sobre máquinas durante mais de 
10 horas por dia sem qualquer valorização profissional. 
 
As empresas estão cada vez mais investindo no seu maior ativo: as pessoas 
que promovem resultados e que produzem para que haja crescimento 
organizacional. 
 
Nesse sentido, é possível conceber o famoso setor de RH cada vez mais 
especializado para estratégias como recrutamento e seleção por competências, 
treinamento e desenvolvimento de pessoas, avaliação de desempenho, plano 
de cargos e salários, dentre outras. 
 
1.1 - Gestão de Pessoas em prol da melhor prestação de serviços de 
assistência em saúde 
 
Para pensarmos em gestão de pessoas na área da saúde, precisamos conceber 
as características do trabalho em saúde: trabalho sob pressão, tomada de 
decisão rápida, autonomia profissional, lidar com os processos de saúde-
doença, lidar com a morte, atenção às especificidades da sua profissão. 
 
Um gestor da área da saúde deve ter uma visão ampliada e global do macro e 
do microambiente, avaliando os eventos externos e internos que podem 
impactar no trabalho na unidade em que atua. Assim, é relevante planejar 
como oferecer os melhores recursos, para que o trabalho se efetive e o 
ambiente seja propício à produtividade plena. 
 
Criar um ambiente favorável requer avaliar as necessidades dos trabalhadores 
da saúde, bem como as vicissitudes que o trabalho demanda. Pois de nada 
adianta uma unidade de saúde ter profissionais altamente qualificados se não 
há materiais e equipamentos para a realização da tarefa a ser exercida em 
determinada unidade. 
 
Chiavenato (2006, p. 11) afirma que: “O segredo das empresas é saber agregar 
valores humanos e integrá-los em suas atividades. Buscar pessoas no mercado 
que tenham condições de ajudar a empresa a navegar pelas turbulências dessa 
nova era”. 
 
Na área da saúde, principalmente na saúde pública, esse desafio é ainda maior, 
pois é necessário que se possa manter essas pessoas em unidades de saúde, 
que muitas das vezes sequer oferecem condições dignas de trabalho. 
 
Uma gestão qualificada deve avaliar constantemente como as equipes estão 
atuando, quais as necessidades dessas equipes, como o trabalho pode ser mais 
bem desenvolvido e o que pode ser feito para que as competências individuais 
se coadunem com os objetivos organizacionais. 
 
1.2 - A importância dos objetivos organizacionais e estratégicos 
 
Toda organização tem metas. E uma unidade de saúde também deve ser 
considerada uma organização. 
 
Para compreender o que significam os objetivos organizacionais, é preciso 
primeiro entender a razão de uma empresa existir: sua missão, que implica no 
propósito básico da organização e nos valores que ela pretende agregar aos 
elementos que com ela interagem. 
 
A missão da organização liga-se diretamente aos motivos pelos quais foi criada, 
à medida que representa a sua razão se ser. 
 
Um exemplo de missão na área da saúde: "Promover o bem-estar físico, 
psíquico e social do ser humano com profissionais qualificados e tecnologia 
atualizada, buscando atingir a excelência no atendimento, ensino e pesquisa" 
(Santa Casa de São Paulo). 
 
Já a visão de uma organização deve retratar um futuro desejado, algo que se 
pretenda alcançar em um determinado período de tempo. Um exemplo de visão 
na área da saúde: "Ser reconhecida pela excelência no atendimento, ensino, 
pesquisa e gestão em saúde" (Santa Casa de São Paulo). 
 
É importante destacar também os valores organizacionais, que são os aspectos 
relacionados à ética organizacional, ao que é prioridade para a organização nas 
suas relações de todos os níveis. Continuando com o exemplo da Santa Casa de 
São Paulo1, expõem-se os seguintes valores: 
 
1 http://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/missao-visao-valores 
 
 Respeito ao ser humano; 
 Ensino e pesquisa; 
 Valorização dos colaboradores; 
 Misericórdia; 
 Atendimento humanizado; 
 Excelência profissional; 
 Responsabilidade social; 
 Voluntariado; 
 Visão integrada e realista da assistência. 
 
Os objetivos organizacionais estão intrinsecamente ligados com a missão, visão 
e valores de uma organização, na medida em que consistem em um 
direcionamento para o futuro e para o crescimento da empresa, através de 
resultados a serem alcançados em determinado tempo. 
 
Duarte (2011)2 destaca que os objetivos: 
São resultados específicos que se pretendem alcançar em um 
determinado período de tempo. Enquanto a missão define qual é o 
negócio da organização e a visão proporciona uma imagem do que a 
organização quer ser, os objetivos estabelecem resultados concretos 
que se desejam alcançar dentro de um específico prazo de tempo. 
 
Nesse sentido, os objetivos organizacionais devem ser alcançáveis, 
mensuráveis, consistentes, com foco em resultados e relacionados com um 
período de tempo. Uma boa gestão de pessoas deve conciliar as competências 
dos colaboradores para alcançar os resultados planejados estrategicamente. 
 
2 DUARTE, E. Administrar bem, lucrar sempre. In: Planejamento: a primeira função da administração 
(Parte 2). Ideagri, 2011. Disponível em: 
http://ideagri.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=357. 
 
 
1.3 - A importância da valorização dos atores envolvidos na prestação 
de assistência em saúde na ESF 
 
Algumas peculiaridades se colocam diante da gestão de pessoas em saúde: a 
complexidade e extensão das atividades das unidades de saúde, a diversidade 
da formação dos profissionais que atuam nessas unidades, alinhamento entre 
conhecimento e tecnologia necessários à prestação de serviços em saúde, 
necessidade da humanização dos espaços para diminuição do sofrimento e 
valorização da vida humana, dentre outras. 
 
O que está em jogo é o ser humano, os processos de saúde e doença que 
geralmente estão relacionados com aspectos socioculturais, valores e até 
mesmo sofrem influência da mídia. 
 
Portanto, a satisfação tanto do usuário dos serviços de saúde quanto dos 
profissionais nem sempre é fácil de ser verificada, pois existem muitos fatores 
que interferem na subjetividade à qual esta satisfação está relacionada. 
 
Atualmente muitas organizações dedicam tempo e dinheiro para proporcionar 
aos trabalhadores o ambiente mais favorável possível à produção, bem como 
um clima que facilite interações humanas em prol do melhor serviço prestado. 
 
Na área da saúde, esse ainda é um grande desafio, que depende muito de 
como o gestor utiliza e incentiva a comunicação na unidade em que atua. 
 
Quando o gestor consegue conciliar interesses, há mais chances de as pessoas 
se sentirem valorizadas e se dedicarem mesmo enfrentando dificuldades. 
 
Contudo, quando o gestor faz de conta que um problema não existe, utiliza 
uma comunicação burocratizada e hierarquizada, permite a competitividade 
desleal, desqualifica e desvaloriza o trabalhador da saúde, a tendência é que 
isto tenha um impacto direto no tipo de assistência em saúde realizada pelos 
profissionais que fazem parte de sua equipe. 
 
A esse respeito, Spiller (2009, p. 20) destaca: “(...) o maior desafio na 
prestaçãodos serviços em saúde é que ela só acontece de modo adequado 
quando há profundo interesse pelas pessoas”. 
 
Cabe ao responsável pela gestão de pessoas, e esse é um papel desempenhado 
por qualquer gestor que tenha uma equipe e não somente pelo diretor de 
Recursos Humanos, investir nos incentivos mais adequados para facilitar a 
motivação dos profissionais de saúde, na qualidade do atendimento aos 
usuários da unidade de saúde, na integração das pessoas no ambiente de 
trabalho, na comunicação assertiva e adequada aos fluxos e processos 
organizacionais, no gerenciamento de todos os setores da unidade para seu 
pleno funcionamento. 
 
Assim como escolhemos a melhor padaria para comprar o pão, a loja com a 
vendedora mais carismática e atenciosa ou o supermercado com os melhores 
preços, também selecionamos os hospitais que consideramos ter o melhor 
serviço, a clínica com atendimento de qualidade ou a pessoa que se tornou 
uma referência na Unidade de Saúde da Família. 
 
O serviço em saúde é um bem intangível, pois depende de uma ação, de um 
esforço, da qualidade do atendimento, da relação estabelecida entre 
profissional de saúde e paciente. 
 
Não é tão simples quanto comprar um produto e levar para casa. Há 
implicações singelas e frágeis, como a comunicação verbal e não verbal 
utilizada, a atenção dispensada, a necessidade do paciente e sua interpretação 
do que ocorre à sua volta, as emoções de todos os atores envolvidos, os 
recursos disponibilizados para o tratamento e muito mais. 
 
O fator humano é de grande relevância para a gestão de pessoas em saúde. 
Um serviço de qualidade na ESF depende da habilidade do gestor de gerenciar 
relacionamentos; de criar fluxos que favoreçam o trabalho específico de cada 
área/setor; de planejar, executar e avaliar os processos de trabalho; de investir 
em pessoas em prol de conciliar os interesses de todos os atores envolvidos 
com os objetivos da Unidade de Saúde da Família, buscando a qualidade na 
assistência em saúde. 
 
1.4 - A importância das competências requeridas para os melhores 
resultados 
 
As competências são uma combinação de conhecimentos, habilidades e 
atitudes (CHA). Individualmente uma pessoa desenvolve uma competência ao 
conhecer um determinado assunto e colocá-lo em prática, adquirindo um saber 
fazer. 
 
Existem três aspectos importantes relacionados com as competências: o saber, 
o saber fazer e o saber ser. E estes três aspectos estão diretamente 
relacionados com o CHA. 
 
Dessa forma, é possível conceber que uma competência está sempre 
relacionada a uma prática ou expertise. 
 
A competência de liderança, por exemplo, requer conhecimentos sobre gestão, 
sobre trabalhar com grupos, organizar os fluxos de trabalho, influenciar pessoas 
positivamente, comunicar assertivamente, trabalhar com prazos etc. 
 
Portanto, um líder deve reunir muitas características, e não apenas conhecer os 
conceitos sobre liderança, pois suas atitudes são pertinentes com suas 
experiências e sua vontade de desempenhar adequadamente a função de 
liderança. 
 
Na área da saúde, especificamente na ESF, faz-se necessário que cada 
profissional conheça bem seu papel dentro do processo de trabalho e possa 
desempenhá-lo da melhor maneira possível para alcançar o que a USF tem 
como objetivos, reunindo as competências técnicas (que foram aprendidas na 
sua formação e na prática profissional) e as competências comportamentais 
(aquelas requeridas para o exercício do trabalho nas relações com as pessoas e 
com a USF). 
 
São exemplos de competências comportamentais: comunicação assertiva, 
liderança, relacionamento interpessoal, trabalho em equipe, empatia, dentre 
outros. 
 
APRENDA MAIS 
 Assista ao vídeo “Impacto da gestão por competências nas empresas e 
organizações”. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=4Sfk6qpyX-g> (acesso em 5 nov. 
2015); 
 Leia o artigo PORTO, M. A. Missão e visão organizacional: orientações 
para a sua concepção. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
Disponível em: 
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_T4105.PDF> 
(acesso em 5 nov. 2015); 
 Leia o artigo BRAND, A.; TOLFO, S.; PEREIRA M.; ALMEIDA, M. Atuação 
estratégica da área de gestão de pessoas em organizações de saúde: um 
estudo à luz da percepção dos profissionais da área. Gestão & 
Regionalidade - Vol. 24 - Nº 71 - edição especial - XI Semead 2008 - 
out/2008. Disponível em: 
<http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/viewFile/94/57
> (acesso em 5 nov. 2015). 
 
https://www.youtube.com/watch?v=4Sfk6qpyX-g
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_T4105.PDF
http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/viewFile/94/57
http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/viewFile/94/57
AULA 2 – MODELOS DE GESTÃO E FORMAS DE CONTRATAÇÃO DE 
PESSOAS 
 
A gestão em saúde requer o conhecimento e expertise de muitos fatores, o que 
denota uma complexidade grande em função dos muitos setores e serviços 
envolvidos. 
 
Quanto maior a unidade de saúde, mais a gestão deve estar comprometida em 
alinhar equipes, estrutura, materiais e insumos para que tudo funcione 
perfeitamente bem. 
 
Na área da saúde, a padronização dos serviços geralmente é mais difícil, assim 
como a medição de resultados através de avaliações periódicas, uma vez que 
os serviços têm a característica da intangibilidade e, portanto, envolvem a 
subjetividade das partes envolvidas. 
 
Nas Unidades de Saúde da Família, o trabalho se dá através de profissionais de 
diferentes áreas, como médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, dentista, 
auxiliar de dentista, agentes comunitários e outros, dependendo da necessidade 
local e da gestão da ESF municipal. 
 
As demandas são variadas, como hipertensão arterial, diabetes, saúde mental, 
dores em geral, prevenção de doenças e tratamentos que requerem baixa 
complexidade tecnológica e de mão-de-obra. Os casos que precisam de um 
olhar mais especializado são encaminhados. 
 
Um dos grandes desafios da gestão de pessoas em saúde é trabalhar com 
profissionais de diferentes áreas, que requerem autonomia para o exercício de 
suas funções, e ao mesmo tempo trabalhar em equipe para o benefício dos 
pacientes e do sucesso da prestação de serviços em saúde. 
 
Cunha (2013) destaca as eras pelas quais o ambiente organizacional passou: 
 
 Era da produção em massa – 1920; 
 Era da eficiência – 1950; 
 Era da qualidade – 1970; 
 Era da competitividade – 1990. 
 
A partir do ano 2000, surgem os modelos emergentes que englobam empresas 
virtuais, gestão do conhecimento, dentre outros. No âmbito geral, passamos 
pelas eras da Revolução Industrial, da Informação e agora estamos na Era do 
Conhecimento. 
 
A globalização permite que a informação esteja disponível e acessível e que o 
conhecimento se dê mais rapidamente, a partir de um investimento e 
construção pessoal. 
 
2.1 – Gestão em saúde e os níveis de excelência na prestação de 
serviços 
 
A excelência na prestação de serviços em saúde requer o comprometimento e 
investimento ético dos profissionais, mas também exige da gestão um olhar 
atento para os pressupostos e necessidades da unidade enquanto espaço de 
convivência e de construção da assistência em saúde. 
 
Nesse sentido, alguns aspectos devem ser ressaltados: 
 
 A importância da valorização profissional com salários compatíveis com a 
função e carga horária trabalhada; 
 Remuneração estratégica, com participação nos lucros, bônus por 
produtividade e resultados, benefícios e incentivos; 
 Ambiente que valorize o respeito e a ética para a boa convivência, com 
foco nos relacionamentos interpessoais, na organização do ambiente, em 
reuniões periódicas, comunicação que integre a gestão e as equipes etc.; 
 Cultura organizacional que valorize a boa prática profissional, o acesso 
facilitado à gestão para soluções de problemas e trocasefetivas, 
comunicação horizontalizada; 
 Estrutura física limpa, organizada, com tudo o que é necessário para a 
realização do trabalho. 
 
O trabalho em USF requer o investimento na comunidade em que a unidade 
está inserida, buscando compreender as necessidades de saúde das pessoas, 
os vetores que podem ser prejudiciais e causar doenças, estratégias de 
prevenção, tratamento e de promoção de saúde. 
 
2.2 - Gestão da qualidade 
 
Qualidade é um conceito subjetivo e está relacionado à propriedade de 
qualificar algo como bom, médio, ruim etc. 
 
Na área da saúde, a qualidade tem pressupostos ainda mais estritos, uma vez 
que as pessoas que vão buscar um serviço de saúde muitas vezes estão 
fragilizadas e têm expectativas a respeito do que vão encontrar e como serão 
tratadas pelos profissionais. 
 
Cunha (2013, p. 4) destaca que: 
Avedis Donabedian publicou em 1960 os conceitos que podem ser 
considerados como a base para a avaliação moderna da qualidade de 
sistemas de saúde. É desse autor a proposta de avaliar os sistemas de 
saúde por meio da abordagem de seus três principais elementos que 
ficaram conhecidos como tríade de Donabedian: estrutura, processo e 
resultado. 
 
Donabedian contribuiu para que a qualidade fosse observada de acordo com 
determinadas dimensões, o que ficou conhecido como os sete pilares da 
qualidade em saúde: 
 
1) Eficácia - habilidade do profissional em oferecer melhorias na saúde e no 
bem-estar; 
2) Eficiência - relação entre o benefício ofertado e seu custo; 
3) Efetividade - relação entre o benefício ofertado pela assistência em 
saúde e o ideal esperado; 
4) Adequação ou otimização - ponto de equilíbrio no qual o benefício é 
maximamente potencializado em relação ao seu custo econômico; 
5) Conformidade ou aceitabilidade - adaptação da prestação de serviços de 
assistência em saúde às expectativas dos pacientes e familiares; 
6) Legitimidade - adaptação satisfatória de um serviço à comunidade, 
englobando o bem-estar e a satisfação individual e coletiva; 
7) Equidade – está relacionada à adequação e justiça na prestação dos 
serviços de saúde e benefícios para a população. 
 
Cunha (2013) destaca ainda que muitas organizações de saúde já 
compreendem a importância da gestão da qualidade e buscam melhorias 
sistemáticas em seus processos de gestão. 
 
“O Modelo de Excelência da Gestão tem como base um conjunto de conceitos e 
os fundamentos que os embasam são: liderança, estratégias e planos, clientes, 
sociedade, informações e conhecimentos, pessoas, processos e resultados” 
(CUNHA, 2013, p. 5). 
 
Esse modelo oferece uma visão sistêmica da organização, o que propicia uma 
gestão mais coerente e compatível com as exigências do mercado e com os 
objetivos organizacionais. 
 
2.3 - Redes de Atenção à Saúde – RAS 
 
Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e 
instituições, de forma democrática e participativa, em torno de causas 
afins. Estruturas flexíveis e estabelecidas horizontalmente, as 
dinâmicas de trabalho das redes supõem atuações colaborativas e se 
sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, 
caracterizando-se como um significativo recurso organizacional para a 
estruturação social (OLIVIERI, 2003; in: CUNHA, 2013, p. 6). 
 
O que há na área da saúde é uma fragmentação desse processo de rede, uma 
vez que as características atuais do sistema revelam uma polarização entre as 
unidades de saúde, com descontinuidade do cuidado, falta de comunicação 
entre os setores e unidades, apresentando dificuldades nas atuações 
colaborativas em função da sobrecarga de trabalho e da falta de recursos para 
a execução da assistência em saúde. 
 
O conceito de Rede de Atenção à Saúde (RAS) busca solucionar essas 
fragmentações, através da apreensão das necessidades dos usuários e da 
unidade em função da rede. 
 
“As RAS são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes 
densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, 
logístico e de gestão, buscam a integralidade do cuidado” (Ministério da Saúde, 
2010). 
 
As funções da atenção básica nas Redes de Atenção à Saúde são: ser base para 
descentralização e participação no cuidado; ser resolutiva, identificando riscos, 
demandas e necessidades em saúde, com intervenções efetivas e promovendo 
autonomia; coordenar o cuidado através da gestão de projetos singulares, 
atuando como centro de comunicação e encaminhamentos, funcionando como 
a base das redes; ordenar as redes, organizando as estratégias dos serviços de 
saúde a serem prestados a partir das necessidades de saúde da população sob 
sua responsabilidade. 
 
Para que o sistema de saúde seja mais eficiente, as unidades de saúde devem 
se comunicar e ser organizadas em redes, fazendo com que o usuário do 
sistema tenha suas necessidades atendidas. 
 
 
2.4 - Gestão Estratégica 
 
A gestão estratégica é composta por etapas que englobam o comprometimento 
de todos os atores envolvidos na organização em prol da solução de problemas 
e do cumprimento de metas. 
 
Cunha (2013, p. 10) ressalta que: 
 
 “A gestão estratégica é um processo sistemático, planejado, 
gerenciado, executado e acompanhado sob liderança da alta 
administração da instituição, envolvendo e comprometendo todos os 
gerentes e responsáveis e colaboradores da instituição.” 
 
As pessoas devem estar comprometidas com os resultados e ser parte ativa dos 
fluxos e processos que a organização demanda, para que o sucesso dos 
serviços prestados se efetive. 
 
Pedroso (2010; in: Cunha 2013) destaca seis etapas no processo de gestão 
estratégica: 
 
1) Análise – envolve avaliação dos ambientes interno e externo, influência 
dos stakeholders (atores que se relacionam com a organização) e a 
intenção da organização; 
2) Formulação das opções de estratégias; 
3) Implantação – execução da estratégia; 
4) Controle – monitoramento do desempenho estratégico através de 
indicadores; 
5) Retroalimentação – avaliação da necessidade de adaptações das 
estratégias implementadas; 
6) Aprendizagem – envolve o aprendizado organizacional em relação à 
gestão estratégica. 
 
 
 
2.5 - Gestão Participativa 
 
A gestão participativa ou cogestão envolve a participação mais ampliada dos 
indivíduos que atuam em uma organização. Desta forma, há uma integração 
maior entre as áreas de planejamento, execução, gestão e avaliação. 
 
O HumanizaSUS surge na intenção de integrar os atores da saúde em um 
processo de cogestão, em que todos são responsáveis pela qualidade dos 
serviços prestados, através da corresponsabilidade e de vínculos solidários em 
uma participação coletiva do fazer saúde. 
 
2.5 - Formas de contratação para o trabalho na ESF 
 
As formas de ingresso para atuação profissional na ESF, de acordo com uma 
pesquisa nacional realizada em 2009 pela Universidade Federal de Minas 
Gerais, são as seguintes: 
 
 Concurso público – processo seletivo para um cargo público efetivo; 
 Contratação direta – realizada pela administração pública municipal; 
 Contratação indireta - realizada através de organizações intermediárias – 
agentes privados sem fins lucrativos. 
 
Para a aquisição de profissionais de nível superior, a contratação direta e o 
concurso público têm sido as formas mais utilizadas. 
 
APRENDA MAIS 
 Leia o artigo CUNHA, I.; BARRETO, M; TAMADA, R. Modelos de Gestão 
em saúde: novas tendências, responsabilidades e desafios. X Convibra – 
Administração, 2013. Disponível em: 
<http://www.convibra.com.br/artigo.asp?ev=71&id=7937> (acesso em 
5 nov. 2015); 
http://www.convibra.com.br/artigo.asp?ev=71&id=7937
 Veja o vídeo Rede de Atenção à Saúde. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=OTT6x9QOllY> (acesso em 5 nov. 
2015). 
 
AULA 3 - TRABALHO EM EQUIPE NA ESF 
 
A articulação dos saberes é essencial para que se transcenda uma hegemonia 
de umadeterminada prática profissional. O trabalho na ESF requer 
especificidades comuns a todos profissionais, além das particularidades de cada 
área de atuação. 
 
Cutolo (2009, p. 80) destaca, em suas reflexões sobre o tema, que não se pode 
continuar praticando “um modelo de atenção fragmentado e centrado na 
doença, perdendo a noção do que seria uma abordagem integral do usuário.” 
 
O desafio para os profissionais que atuam na ESF é uma prática de exercício 
diária de trabalhar com outros profissionais, em troca de saberes que tenham 
como foco o complexo saúde/ doença/ cuidado. 
 
É preciso quebrar paradigmas e enfrentar o modelo tradicional, que enxerga o 
ser humano em partes, criando um afastamento dos profissionais de saúde, 
que apenas pegam para si a responsabilidade que acreditam que lhe cabem, 
sem um olhar integralizado e totalizador da pessoa em sofrimento. 
 
O trabalho em equipe requer, então, uma prática transversal, ou seja, que 
corte diagonalmente todas as áreas, que dê voz ao indivíduo que procura 
auxílio na ESF e também a todos os profissionais que fazem parte da equipe. As 
especificidades do trabalho se manterão; contudo, serão ampliadas em função 
da articulação e integração dos saberes em prol de resultados mais eficazes. 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=OTT6x9QOllY
3.1 - A importância do trabalho interdisciplinar 
 
O trabalho em equipe na área da saúde se sustenta no pilar do relacionamento 
interpessoal entre os membros da equipe e suas singularidades, gestores e 
todos aqueles que de alguma forma utilizam os serviços da Estratégia de Saúde 
da Família. 
 
Trabalhar em equipe implica atuar em prol de objetivos comuns, e não apenas 
compartilhar um espaço. 
 
Hoje o que há em grande número na saúde brasileira é a atuação 
multidisciplinar, na qual as pessoas têm objetivos comuns, mas não 
necessariamente efetivam trocas entre si em prol de resultados mais efetivos 
para os pacientes. 
 
Dessa forma, concebe-se o trabalho interdisciplinar o melhor para a área da 
saúde e também o mais desafiador, pois os profissionais se reúnem com seus 
saberes, dúvidas, angústias e diferenças para dialogar sobre os casos mais 
complexos da unidade. 
 
A importância do trabalho em equipe na ESF (Estratégia Saúde da 
Família) é ressaltada, principalmente, pelo aspecto de integralidade 
nos cuidados de saúde. [...] O trabalho em equipe tem como objetivo 
a obtenção de impactos sobre os diferentes fatores que interferem no 
processo saúde-doença. A ação interdisciplinar pressupõe a 
possibilidade da prática de um profissional se reconstruir na prática do 
outro, ambos sendo transformados para a intervenção na realidade 
em que estão inseridos (ARAUJO, 2007, p. 456) 
 
O trabalho em equipe contribui para a valorização dos membros da equipe e 
para a prestação de serviços na atenção básica, evitando a fragmentação do 
cuidado e respaldando a integralidade em saúde. 
 
Assim, através da soma de olhares dos diversos profissionais que formam as 
equipes interdisciplinares, facilita-se a abordagem integral dos indivíduos/ 
famílias. 
 
Para que a prática interdisciplinar se efetive em toda a estrutura da ESF no 
Brasil, é preciso que haja capacitação constante visando estratégias de 
relacionamento, de integração, de compreensão dos processos de saúde-
doença regionalizados, de práticas comuns ao exercício profissional e da 
valorização do ser humano em primeiro lugar. 
 
Um trabalho que pressupõe o cuidado na atenção básica, com foco em 
prevenção de doenças e promoção de saúde, que esteja sob a ótica dos 
princípios do SUS e na base de todo o processo da saúde pública, deve se 
reinventar constantemente para caminhar junto com a comunidade em prol de 
minimizar os agravos em saúde. 
 
3.2 - O foco em comunicação 
 
A comunicação é uma das competências mais importantes para o trabalho em 
equipe, pois é através dela que as trocas se efetivam. Tudo é comunicação e 
não é possível, mesmo em silêncio, não comunicar algo. Estamos o tempo todo 
revelando algo, seja através da linguagem verbal ou da linguagem não verbal. 
 
O trabalho em equipe requer do participante a vontade de fazer parte, a 
compreensão dos benefícios para a equipe e pacientes/ familiares, a noção de 
que nenhuma profissão é mais importante que a outra, pois todos têm a 
contribuir na atuação da ESF e uma pessoa não consegue fazer tudo sozinha. 
 
Minicucci (2009) destaca que “quando duas pessoas têm os mesmos interesses, 
há um ponto em comum”. Podemos inferir que na saúde, esse ponto em 
comum é a qualidade da prestação da assistência e do cuidado. 
 
Por isso os relacionamentos interpessoais devem ser os melhores possíveis 
entre todos os atores envolvidos. A confiança é a base para o estabelecimento 
do vínculo entre o a ESF e a comunidade, e essa confiança passa pela 
comunicação atenta e com foco na relação que propicia reflexão, mudança e 
melhores práticas. 
 
Atualmente, a comunicação assertiva tem espaço nas organizações, pois ela 
facilita trocas e possibilita reflexões de forma positiva. 
 
Nesse estilo de comunicação, o emissor busca passar a mensagem de forma 
clara e consciente dos impactos que ela pode causar, evitando, desta forma, 
minimizar o desconforto e desviando-se de mensagens negativas ou agressivas. 
 
O receptor tende a acolher melhor a mensagem quando não tem necessidade 
de se defender e a troca ocorre mais naturalmente. 
 
Outra questão muito difundida é a inteligência emocional. Atuar com pessoas 
diferentes, de personalidades distintas, valores e crenças diversas requer a 
habilidade da empatia, ou seja, de se colocar no lugar do outro. 
 
Em vez de olhar as situações como ameaças, enxergá-las como oportunidades 
de crescimento. Lidar com o diferente é necessário no trabalho em equipe, e 
faz-se relevante saber distinguir o pessoal do profissional. 
 
Saber falar, posicionar-se de forma assertiva, nesse sentido, pode ser algo 
transformador e possibilitador de trocas que promovam crescimento para todos 
e melhores resultados na atenção e cuidado em saúde. 
 
O objetivo é integrar áreas técnicas e profissionais que se alinhem em prol da 
comunidade, suas questões relacionadas ao processo saúde e doença, 
promovendo mudanças. 
 
A Saúde da Família requer a construção de um projeto assistencial 
comum com complementaridade dos trabalhos especializados, em que 
os agentes envolvidos estabeleçam interação entre si e com os 
usuários. O trabalho em equipe pressupõe, portanto, uma relação 
recíproca de comunicação e interação. A comunicação em busca de 
consenso entre os profissionais traduz-se em qualidade na atenção 
integral às necessidades de saúde da clientela. (ARAUJO, 2007, p. 
460). 
 
Esse consenso nem sempre é fácil de ser conquistado, mas possível de ser 
dialogado. Não se pode perder de vista o objetivo principal do trabalho na ESF: 
as necessidades de saúde da comunidade na qual está inserida e a busca por 
uma reestruturação nos cuidados em saúde que se aproxime do diálogo, com 
foco na visão integral do ser humano, que permita uma ação conjunta, e não 
fragmentada. 
 
APRENDA MAIS 
 Leia o artigo ARAÚJO, M.; ROCHA, P. Trabalho em equipe: um desafio 
para a consolidação da estratégia de saúde da família. Ciência & Saúde 
Coletiva 12 (2), 455 – 464, 2007. Disponível em: 
<http://www.scielosp.org/pdf/csc/v12n2/a22v12n2.pdf> (acesso em 6 
nov. 2015); 
 Veja o vídeo Processo de Trabalho da Equipe de Saúde da Família. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rdNGkY5WXTI> 
(acesso em 6 nov. 2015). 
 
AULA 4 - HUMANIZAÇÃO E GESTÃO PARTICIPATIVA NA SAÚDE 
 
A humanização requer um novo olhar sobre os processos de assistência em 
saúde, com comprometimento de profissionais, gestores, pacientes e familiares. 
PEREIRA (2009) destaca que: 
 
“No campo das políticas públicas de saúde, ‘humanização’ diz respeito à 
transformaçãodos modelos de atenção e de gestão nos serviços e sistemas de 
saúde, indicando a necessária construção de novas relações entre usuários e 
trabalhadores e destes entre si”. 
 
http://www.scielosp.org/pdf/csc/v12n2/a22v12n2.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=rdNGkY5WXTI
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/hum.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html
Essas novas relações implicam em vários aspectos que incluem uma 
comunicação mais eficaz, uma integração do cuidado, uma responsabilização de 
funções, tarefas e atividades. 
 
A qualidade do atendimento em saúde está diretamente relacionada com a 
cultura organizacional da unidade, o ambiente e as condições de trabalho, além 
de um modelo de gestão que possibilite ações coletivas e inovadoras que 
facilitem melhores resultados. 
 
Priorizando a indissociabilidade entre gestão e atenção em saúde, o Ministério 
da Saúde cria em 2003 a PNH – Política Nacional de Humanização. Com a 
proposta voltada para a cogestão, a PNH destaca a relevância da integração 
entre todos os que de alguma forma se relacionam com os serviços de saúde. 
 
4.1 - A importância da humanização em saúde 
 
Um dos princípios relevantes da humanização em saúde é a transversalidade, 
que tem como base uma comunicação mais eficaz que perpasse todos os 
grupos: unidades de saúde, gestores, profissionais, pacientes etc. 
 
A comunicação deve ser priorizada em cada equipe de saúde e para além dela, 
buscando sempre o foco na qualidade do atendimento e nas necessidades de 
saúde dos pacientes e da comunidade. 
 
Transformar práticas de saúde exige mudanças no processo de 
construção dos sujeitos dessas práticas. Somente com trabalhadores e 
usuários protagonistas e corresponsáveis é possível efetivar a aposta 
que o SUS faz na universalidade do acesso, na integralidade do 
cuidado e na equidade das ofertas em saúde (PEREIRA, 2009). 
 
Lança-se um novo olhar sobre o atendimento e todos passam a ser 
corresponsáveis pelo pleno funcionamento da unidade de saúde, incluindo a 
interface entre as unidades em função da qualidade dos serviços prestados. 
 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/uni.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/equsau.html
A saúde deve ser pensada a partir da implicação e do comprometimento nos 
processos que a determinam, valorizando a subjetividade e a ação que possam 
transformá-la e redirecioná-la. 
 
Pereira (2009) destaca que a humanização incita um processo de reinvenção da 
humanidade, no qual é preciso pensar novas formas de fazer saúde. O ser 
humano fica, portanto, no centro da discussão da humanização, uma vez que a 
saúde é efetivada por pessoas: por elas e para elas. 
 
A humanização visa potencializar a capacidade humana para a autonomia, 
termo que indica um processo de descoberta de suas próprias capacidades de 
autogerenciamento na vida. 
 
Não é possível pensar em saúde pública, principalmente com as diretrizes da 
Estratégia da Saúde da Família, sem implicar a autonomia, já que são os 
sujeitos que se direcionam por suas próprias vidas. 
 
Assim como o Estado tem responsabilidades em relação aos serviços ofertados, 
o indivíduo também deve assumir a responsabilidade por comportamentos que 
impactam diretamente nos processos de saúde e doença. 
 
É no encontro com as diversidades e necessidades que a assistência em saúde 
se realiza, e a humanização deve ser um elo entre sujeitos e processos, em 
função de uma melhor qualidade do cuidado. 
 
4.2 - Os preceitos do HumanizaSUS 
 
A humanização em saúde se depara com o enfrentamento de determinados 
problemas relacionados à forma como os serviços de saúde são prestados e às 
relações humanas neles implicados. 
 
A problemática adjetivada como desumanização, conceito síntese que 
revela a percepção da população e de trabalhadores da saúde frente a 
problemas como as filas, a insensibilidade dos trabalhadores frente ao 
sofrimento das pessoas, os tratamentos desrespeitosos, o isolamento 
das pessoas de suas redes sociofamiliares nos procedimentos, 
consultas e internações, as práticas de gestão autoritária, as 
deficiências nas condições concretas de trabalho, incluindo a 
degradação nos ambientes e das relações de trabalho etc. derivam de 
condições precárias da organização de processos de trabalho, na 
perspectiva da PNH (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). 
 
Assim, humanizar não requer somente novas práticas profissionais, mas 
também uma reestruturação do sistema de saúde que precisa ser efetivo e de 
qualidade tanto para o trabalhador da saúde quanto para o usuário do sistema. 
 
A Política Nacional de Humanização possui três princípios básicos: 
 
1) Transversalidade – valorização da comunicação intra e intergrupos, 
desterritorialização do poder, permeabilização das fronteiras de saber, 
profundas alterações nos modos de relação entre os sujeitos; 
2) Indissociabilidade entre atenção e gestão – integralidade do cuidado e 
do trabalho, produção de saúde, visão interligada dos modos de gerir e 
de cuidar com o trabalho; 
3) Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos 
coletivos – o trabalho como campo social e de produção de si e do 
mundo, valorização da autonomia dos sujeitos envolvidos. 
 
A Política Nacional de Humanização tem como método a tríplice inclusão: 
 De diferentes sujeitos - produtores de autonomia; 
 Dos analisadores sociais - “inclusão dos fenômenos que desestabilizam 
os modelos tradicionais de atenção e de gestão, acolhendo e 
potencializando os processos de mudança” (BRASIL, 2010); 
 Do coletivo – movimento social organizado. 
 
São diretrizes da PNH: Clínica Ampliada - Cogestão - Acolhimento - Valorização 
do trabalho e do trabalhador - Defesa dos Direitos do Usuário - Fomento das 
grupalidades, coletivos e redes - Construção da memória do SUS que dá certo. 
 
4.3 - Gestão participativa em saúde 
 
A gestão participativa em saúde é preconizada pela Lei 8.142/1990, que dispõe 
acerca da participação popular através dos Conselhos de Saúde, que são 
compostos por trabalhadores e gestores da saúde (50%) e usuários do sistema 
(50%). 
 
“Contudo, a participação social não pode se restringir às instâncias 
formalizadas” (BRASIL, 2009). 
 
Na área da saúde, é essencial que haja uma gestão compartilhada que envolva 
gestores, profissionais da saúde, usuários do sistema e familiares de forma 
democrática. 
 
Para isso, faz-se necessária uma alteração nos processos de definição e 
contextualização de tarefas e nas responsabilidades que os trabalhadores da 
saúde assumem. 
 
A cogestão é um modo de administrar que inclui o pensar e o fazer 
coletivo, sendo, portanto, uma diretriz ético-política que visa 
democratizar as relações no campo da saúde (BRASIL, 2009, p. 10). 
 
 
A cogestão deve ser uma prática, e não simples teoria. Para que ela se efetive, 
é preciso haver uma corresponsabilidade de todos os envolvidos, cada 
assumindo para si a participação concreta no cotidiano da assistência em 
saúde. 
 
Nesse sentido, a gestão participativa e a cogestão têm como base o trabalho 
em equipe, a comunicação transversal, análises e construções coletivas do 
cuidado em saúde. O processo se dá em espaços de diálogos, de conciliação de 
interesses e de gestão dos conflitos. 
 
O trabalho em saúde precisa ser dotado de sentido para quem o realiza e por 
isso precisa ser coerente e respaldado, além de possibilitar a autonomia de 
planejamento e execução. 
 
APRENDA MAIS 
 Leia mais sobre o conceito de humanização em PEREIRA, E. ; BARROS, 
R. Dicionário da Educação profissional em Saúde – 
Humanização. Disponível em: 
<http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/hum.html> (acesso em 
6 nov. 2015); 
 Veja o vídeo sobre diretrizes para a reorganização dotrabalho em saúde 
– HumanizaSUS. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=t40gHKgS76I> (acesso em 6 nov. 
2015). 
 
AULA 5 – ÉTICA NA SAÚDE E BIOÉTICA 
 
As relações humanas exigem delimitações do agir em função do sentido da 
vida, do que é estabelecido como correto ou não fazer em relação ao outro. 
 
Os estudos da ética e da bioética se contextualizam em torno do que uma 
sociedade considera certo ou errado no modo como as pessoas se comportam. 
 
Em saúde, o comportamento humano pode impactar diretamente na vida, seja 
através de uma omissão – uma ação que deveria ser realizada, mas não é ou 
até mesmo de uma ação que não deveria ser praticada, mas que se concretiza 
por motivos que a legislação não permite. 
 
Ao pensarmos no trabalho em saúde, devemos voltar nosso olhar para as 
práticas que estão relacionadas à assistência em saúde e que, portanto, estão 
relacionadas com a vida e a morte. 
 
Quando se afirma que um profissional de saúde deve se comportar de forma 
ética, muitas implicações precisam ser avaliadas: não basta apenas seguir o 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/hum.html
https://www.youtube.com/watch?v=t40gHKgS76I
código de ética profissional, é preciso saber se relacionar com as pessoas; 
apreendê-las como sujeitos de direitos; priorizar a autonomia de cada 
indivíduo; desenvolver empatia para se colocar no lugar do outro e aceitar uma 
decisão tomada; atuar de forma a ter um olhar integrado das pessoas, evitando 
a fragmentação do cuidado. 
 
5.1 - Conceitos de ética 
 
Para que haja uma convivência harmônica entre os homens e o bem-estar 
social, a ética foi estabelecida na Filosofia. O objetivo era estudar e analisar os 
valores que tornam um comportamento passível em uma determinada 
sociedade ou cultura. 
 
A afirmação mais comum sobre o tema é que a ética está relacionada aos 
valores para o bem comum. 
 
Dessa forma, a máxima “faça com o outro aquilo que você gostaria que 
fizessem com você” cabe muito bem, afinal, é preciso respeitar o espaço de 
atuação de cada indivíduo, principalmente quando o trabalho se dá em equipe. 
 
A ética e a autonomia estão intrinsecamente ligadas, pois é preciso avaliar as 
consequências das atitudes, o impacto de um comportamento para si e para o 
mundo. 
 
Assim, um profissional de saúde deve refletir sobre sua atuação de forma a 
prestar a melhor assistência em saúde possível e contribuir para que o impacto 
do seu trabalho seja muito positivo para si mesmo, para a equipe na qual atua, 
pacientes e familiares. 
 
Gallo (2012) ressalta que a ética se debruça sobre as ações humanas e seus 
fundamentos. O autor lembra o filósofo grego Aristóteles, já no século IV a.C., 
que afirmava que todo conhecimento e todo trabalho visa algum bem. 
 
O bem é a finalidade de toda ação. A busca do bem é o que difere a 
ação humana da de todos os outros animais. Ele perguntou: Qual é o 
mais alto de todos os bens que se podem alcançar pela ação? E como 
resposta encontrou: a felicidade. [...] A finalidade da vida é ser feliz. 
Identifica-se o bem viver e o bem agir com o ser feliz. (GALLO, 2012, 
p. 54) 
 
Contudo, nem sempre a relação entre os seres humanos é de respeito e 
envolve fazer o bem. 
 
Um exemplo disso é o que aconteceu na II Guerra Mundial, quando muitos 
foram capturados, levados para campos de concentração e usados contra sua 
vontade em pesquisas que mutilavam e até levavam à morte. 
 
Aqueles que de alguma forma participaram destas atrocidades foram julgados 
no que ficou conhecido como Tribunal de Nuremberg, e deste julgamento se 
originou o Código de Nuremberg, que visa estipular regras para pesquisas com 
seres humanos e evitar novos prejuízos à vida humana. 
 
5.2 - Os limites das relações profissionais – paciente – equipe 
 
A ética na saúde envolve muitos fatores que se relacionam com a conduta 
profissional e seus possíveis impactos. Goldim (2006) destaca que, para além 
dos princípios da ética e da bioética, um profissional de saúde deve estar atento 
às seguintes condutas: 
 
 Ser tolerante – implica em ser compreensivo e flexível, uma vez que a 
área da saúde requer lidar com pessoas, que por si só já são diferentes, 
têm expectativas a respeito do atendimento em uma unidade de saúde e 
têm reações distintas; 
 Ser solidário – a solidariedade é a base para que o profissional de saúde 
aja de forma deliberada e desapegada em prol dos pacientes, familiares, 
outros profissionais e com todos com quem se relaciona; 
 Ser responsável – a responsabilidade relaciona-se com a liberdade de 
ação e suas consequências. Um profissional de saúde deve assumir suas 
ações e as consequências correspondentes, respondendo pelos próprios 
atos. 
 
Além disso, Goldim (2006) também ressalta que as relações em saúde devem 
ser as melhores possíveis, mas na prática existem conflitos que precisam ser 
solucionados em prol dos resultados desejados. O autor fala sobre três modos 
de relação profissional em saúde: 
 
1) Objetificação do outro – o outro é visto como objeto; 
2) Compreensão precipitada do outro – o outro é compreendido 
como uma pessoa, mas de acordo com uma interpretação pessoal 
do profissional; 
3) Abertura para o outro – suspendem-se os preconceitos, crenças e 
interpretações pessoais para genuinamente escutar e 
compreender o outro do ponto de vista dele. 
 
As relações entre profissional, paciente e equipe podem ser mais salutares se 
estas considerações forem levadas a sério. 
 
5.3 – Princípios bioéticos e as discussões atuais sobre pesquisas em 
saúde 
 
A bioética, ou ética da vida, surge em cima dessas discussões. Junqueira (2010) 
afirma que a bioética nasce em torno da década de 1970, tendo como maior 
preocupação a preservação da vida humana diante dos avanços tecnológicos. 
 
Era preciso estabelecer limites, pois a tecnologia não pode se sobrepor ao 
homem. 
 
Van Potter, considerado o pai da bioética, buscava uma ponte ente os avanços 
científicos – tão importantes para a sociedade – e os progressos da vida 
humana e dos seres vivos. 
 
É dele uma importante frase: “Nem tudo que é cientificamente possível é 
eticamente aceitável”. O valor da vida humana deve ser colocado sempre em 
primeiro lugar. 
 
Os princípios da bioética que se destacam são: 
 
 Beneficência / não maleficência – beneficência significa fazer o bem; não 
maleficência implica em não fazer o mal. Um profissional de saúde deve 
ver o paciente em sua totalidade, respeitar sua autonomia e buscar o 
melhor tratamento para sua recuperação; 
 Autonomia – as pessoas têm liberdade para decidir sobre suas vidas, e o 
profissional de saúde deve respeitar isso; 
 Justiça – refere-se à igualdade de tratamento, justa distribuição de 
verbas pelo Estado; equidade — dar a cada pessoa o que lhe é devido 
segundo suas necessidades. 
 
Atualmente a preservação da vida é um tema muito discutido. Se uma pessoa 
está respirando por aparelhos e tem poucas chances de sobrevivência, é 
correto desligá-los? Se uma mulher engravida e não tem condições de cuidar do 
bebê, é correto recorrer ao aborto? 
 
Até que ponto é correto se submeter a pesquisas experimentais sem validação 
das autoridades em casos de doenças terminais? 
 
Essas e outras perguntas são questões que a bioética busca discutir em função 
dos avanços tecnológicos, sociais e das necessidades humanas. Temas como 
aborto, eutanásia, transplantes de órgãos, reprodução assistida e outros são 
constantemente discutidos em sociedade. 
 
A ética envolvida nesses assuntos está justamente na preservação da vida 
humana, quando ela se inicia e quando termina. 
 
A eutanásia consiste na antecipação da morte por um profissional de saúde e 
no Brasil é considerada crime. O aborto implica na retirada do feto antes do 
pleno desenvolvimento e no Brasil é legalizado apenas em casos de estupro, 
risco de vida materno e fetos anencéfalos.Os transplantes de órgãos têm legislação própria, que legitima a doação em 
vida de órgãos para parentes até 4º grau e após a morte, quando constatada a 
morte encefálica e com consentimento familiar. A reprodução assistida conta 
com resoluções do CFM para definir o que é permitido ou não nas técnicas 
disponíveis. 
 
Os assuntos são polêmicos, mas a discussão em sociedade deve continuar para 
que as melhores práticas se efetivem. 
 
Para todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil, a Resolução 466 
de 2012 dispõe sobre normas reguladoras, determinando, dentre outros 
tópicos, que: todas as pesquisas que envolvam pessoas devem ter o 
consentimento livre e esclarecido, ou seja, a aceitação do participante da 
pesquisa; o princípio da beneficência deve ser respeitado e toda pesquisa 
precisa ter um benefício; as pesquisas devem ser éticas, e isto implica no 
respeito à dignidade e autonomia do participante e seu desejo em continuar ou 
não participando delas; os riscos e benefícios devem ser bem avaliados de 
forma que os riscos nunca se sobreponham aos benefícios. 
 
APRENDA MAIS 
 Leia o artigo GOLDIM, J. Bioética: origens e complexidade. Rev HCPA 
2006;26(2):86-92. Disponível em: 
<http://www.ufrgs.br/bioetica/complex.pdf> (acesso em 6 nov. 2015); 
http://www.ufrgs.br/bioetica/complex.pdf
 Veja o vídeo Bioética para profissionais de saúde. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=qpg5wQSPbNw> (acesso em 6 
nov. 2015). 
 
AULA 6 - PMAQ - PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E 
DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA/ SEGURANÇA E PREVENÇÃO DE 
EVENTOS ADVERSOS 
 
A qualidade dos serviços prestados na atenção básica, incluindo o trabalho da 
ESF, vem ganhando estratégias que reforçam a necessidade de investimentos 
para que mudanças sejam efetivadas em prol de melhores resultados para a 
população, e isto implica no envolvimento de profissionais, gestores e 
comunidade. 
 
6.1 - PMAQ - Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da 
Qualidade da Atenção Básica 
 
Nos últimos dez anos, a atenção básica teve avanços muito positivos com 
aumento da cobertura da rede, expansão e consolidação no Brasil. Alguns 
dados são significativos (BRASIL, 2013): 
 
 Cobertura com ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde a 
mais de 100 milhões de brasileiros; 
 38 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS); 
 Mais de 600 mil profissionais atuando em todos os municípios do país. 
 
A atenção básica encontra-se na centralidade da agenda do Governo Federal, 
Estadual e Municipal, e cinco esforços se deram neste sentido (BRASIL, 2013, 
p. 5): 
 
1. A afirmação da AB como porta de entrada preferencial do sistema e 
coordenadora do cuidado prestado na rede de serviços; 
2. O aumento expressivo do financiamento e investimento por parte 
do Ministério da Saúde e a mudança de seu formato instituindo um 
componente de equidade, de indução de modelo, de qualidade e de 
infraestrutura e modernização; 
https://www.youtube.com/watch?v=qpg5wQSPbNw
3. A ampliação do leque do que é compreendido como Estratégia de 
Saúde da Família, permitindo que a estratégia possa retomar o seu 
crescimento e a expansão, adequando-se à diversidade nacional e 
adaptando-se a singularidades de grupos e populações específicas e 
vulneráveis; 
4. Importante investimento em infraestrutura, informatização e 
unificação e modernização dos sistemas de informação; 
5. A criação de uma mobilização de gestores, trabalhadores e 
usuários, nas três esferas de governo em processo pela ampliação do 
acesso e da qualidade da atenção à saúde que envolve participação 
voluntária, contratualização, autoavaliação, avaliação, educação 
permanente, apoio institucional, monitoramento e certificação. 
 
O PMAQ — Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da 
Atenção Básica — foi instituído pela Portaria nº 1.654, de 19 de julho de 2011 e 
é um produto deste contexto relatado, visando à ampliação do acesso e 
melhoria da qualidade da atenção básica, tendo como principal referência a 
ESF. 
 
O PMAQ visa garantir um padrão de qualidade que permita uma maior 
transparência e efetividade das ações governamentais com foco na atenção 
básica. 
 
O PMAQ tem alguns objetivos que considera relevantes, e dentre eles 
destacam-se (Brasil, 2013): 
 
 Ampliar a cobertura da atenção básica; 
 Investir nas condições de saúde da população; 
 Implementar estratégias de facilitação do acesso e melhoria da 
qualidade dos serviços; 
 Promover a qualidade e inovação na gestão da AB, fortalecendo os 
processos de autoavaliação, monitoramento e avaliação, apoio 
institucional e educação permanente; 
 Promover a transparência dos processos de gestão, a participação e 
controle social e a responsabilidade sanitária dos profissionais e gestores 
de saúde com a melhoria das condições de saúde e satisfação dos 
usuários. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1654_19_07_2011.html
 
Os desafios para que os objetivos do programa se efetivem são muitos e 
precisam ser superados. 
 
Algumas das dificuldades encontradas são: rede física precária, com situação 
inadequada de muitas unidades básicas de saúde; dificuldades com 
acolhimento por parte das UBS; insatisfação dos profissionais com o trabalho 
em função de instalações ou condições inadequadas; dificuldade dos 
profissionais com o trabalho em equipe, integração e cumprimento de metas 
orientadas para resultados; comprometimento da continuidade do cuidado em 
função da rotatividade dos profissionais; dificuldades com processos de gestão; 
sobrecarga de trabalho das equipes e baixa resolutividade das ações. 
 
Tendo essas questões como prioridade, o Ministério da Saúde estruturou o 
trabalho do PMAQ em sete diretrizes que devem servir de suporte para as 
ações: 
 
1) Definir um parâmetro mínimo de comparação entre as equipes 
diante da regionalização; 
2) Investir na melhora progressiva dos padrões e indicadores de 
acesso e de qualidade que envolvam o processo de trabalho, a 
gestão e os resultados alcançados; 
3) Transparência, com acompanhamento pela sociedade dos 
resultados e das ações; 
4) Investimento na mudança de cultura de gestão da atenção básica, 
com envolvimento, mobilização e responsabilização da gestão nas 
três esferas de governo, equipes e usuários. 
5) Pactuação em prol de resultados, com negociações para a gestão 
dos recursos; 
6) Efetivar mudanças no modelo de atenção em prol da satisfação 
dos usuários, com educação continuada dos trabalhadores e 
orientação dos serviços em função das necessidades das pessoas; 
7) Adesão ao programa, por parte das equipes e gestores, com 
caráter voluntário, pois o sucesso de sua implantação depende da 
proatividade de todos os envolvidos. 
 
Para que essas diretrizes se cumpram, o PMAQ está organizado em quatro 
fases: 
 
1) Adesão e Contratualização/ Recontratualização – Sendo a adesão a 
indicação, pelos gestores municipais, do quantitativo de equipes de 
atenção básica que participarão do ciclo do programa, e a 
contratualização/ recontratualização a pactuação entre as equipes e o 
Governo Municipal e deste com outras esferas de governo; 
2) Desenvolvimento – “ações que serão empreendidas pelas equipes, 
gestões municipais e estaduais e pelo Ministério da Saúde, com o intuito 
de promover os movimentos de mudança da gestão, do cuidado e da 
gestão do cuidado que produzirão a melhoria do acesso e da qualidade 
da atenção básica” (BRASIL, 2013, p. 20); 
3) Avaliação Externa – acontece em pareceria com Instituições de Ensino 
e/ou Pesquisa (IEP) de todo o país. Nesta etapa, um grupo de 
avaliadores da qualidade irá aplicar instrumentos para a verificação de 
padrões de acesso e qualidade alcançados pelas equipes e pela gestão. 
Uma certificação é gerada após esta etapa, dependendo dos resultados; 
4) Recontratualização – “Após a certificação da equipe de atenção básica e 
com base na avaliaçãode desempenho de cada equipe, uma nova 
contratualização de indicadores e compromissos deverá ser realizada, 
completando o ciclo de qualidade previsto pelo programa” (BRASIL, 
2013, p. 37). 
 
Vimos então que o PMAQ tem como base indicadores que permitem a avaliação 
da qualidade das ações realizadas na atenção básica, incluindo a ESF. Esses 
indicadores norteiam o que está sendo realizado e podem apontar o que 
precisa ser melhorado. 
 
6.2 - Segurança e prevenção de eventos adversos 
 
O trabalho em saúde, como qualquer outro, pode oferecer riscos à saúde do 
trabalhador, mesmo que em menor escala. Por isso, é relevante que se invista 
em segurança no trabalho, prevenindo eventos que possam causar danos à 
saúde. 
 
A segurança no trabalho está relacionada com o conjunto de normas e 
procedimentos específicos que buscam garantir a integridade física e mental do 
trabalhador, levando em consideração os riscos relacionados ao ambiente de 
trabalho e às tarefas exercidas no cargo. 
 
Alguns objetivos precisam ser considerados, tais como: conservação da saúde, 
eliminar possíveis causas das doenças relacionadas ao exercício da profissão, 
prevenir agravos de doenças e lesões, controle do ambiente de trabalho em 
prol do aumento da produtividade e melhores resultados. 
 
Para o controle e prevenção de eventos adversos, bem como a segurança e 
higiene no trabalho, alguns aspectos precisam ser considerados como 
relevantes nas organizações, dentre elas, as de saúde: a importância de 
exames admissionais; possuir primeiros socorros; realizar registros médicos; 
efetivar controle de áreas insalubres; realizar exames periódicos; dedicar 
atenção às doenças ocupacionais. 
 
A área de saúde também deve se preocupar em prevenir acidentes e riscos à 
saúde, portanto, deve-se ficar atento a agentes químicos (que podem causar 
intoxicações, dermatoses, alergias etc.); influentes físicos (ruídos, temperaturas 
extremas, esforços excessivos); agentes biológicos (microrganismos, 
contaminações, contágios etc.). 
 
A Portaria nº 24 de 1994 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e 
implantação do PCMSO – Programa de Controle de Medicina e Saúde 
Ocupacional para instituições, destacando como relevantes: 
 
 O ambiente físico de trabalho – inclui iluminação, ventilação, 
temperatura, ruídos etc.; 
 O ambiente psicológico de trabalho – inclui relacionamentos 
interpessoais, motivação no trabalho, gestão participativa e democrática, 
eliminação de estresse; 
 Aplicação de princípios de ergonomia – equipamentos adequados, 
instalações ajustadas e ferramentas que reduzam o esforço físico. 
 
A segurança no trabalho e a prevenção de eventos adversos devem ter atenção 
especial por parte dos gestores e trabalhadores da saúde, para que o exercício 
da profissão possa ser o melhor possível. 
 
APRENDA MAIS 
 Leia o artigo MORAES, P.; IGUTI, A. Avaliação do desempenho do 
trabalhador como forma peculiar de prescrição do trabalho: uma análise 
do PMAQ-AB. Saúde em Debate. Rio de Janeiro, v. 37, n. 98, p. 416-
426, jul/set 2013. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v37n98/a05v37n98.pdf> (acesso em 6 
nov. 2015); 
 Veja o vídeo sobre segurança no trabalho. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=G8yrhsYH9bg> (acesso em 6 nov. 
2015). 
 
AULA 7 – QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL PARA O TRABALHO NA ESF 
 
O trabalho na ESF tem peculiaridades distintas do trabalho em outras unidades 
de saúde: 
 
“A atuação se dá junto à comunidade e tem as características de estar pautado 
na integralidade e interdisciplinaridade; continuidade do cuidado; realização da 
http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v37n98/a05v37n98.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=G8yrhsYH9bg
atenção à saúde em espaços que permitam a ação planejada, como a USF e 
outros espaços (salões comunitários, escolas, creches, praças etc); reflexão 
sobre os processos de saúde-doenças e ações educativas que possam intervir 
nestes processos; investimento na autonomia e qualidade de vida das pessoas 
e da comunidade; ações intersetoriais e integradas de projetos e redes de apoio 
social; dentre outros” (LACERDA, 2012). 
 
O profissional de saúde que atua na ESF deve ter uma formação que tenha 
como base o trabalho em equipe, o relacionamento interpessoal, o respeito à 
autonomia e à dignidade humana, a comunicação, a avaliação de riscos e 
vulnerabilidades, as intervenções necessárias ao trabalho com a comunidade. 
 
O conhecimento específico de cada profissão é relevante e deve ser valorizado, 
pois cada profissional de saúde tem um papel a ser desempenhado na ESF; 
contudo, o foco da integralidade requer ações conjuntas, trabalho em equipe, 
para que a assistência em saúde para os usuários se efetive com qualidade e 
cumprindo os objetivos propostos. 
 
7.1 - Os critérios de qualificação profissional para a atuação na ESF 
 
A equipe da ESF é composta minimamente por um médico, um enfermeiro, um 
auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitários de saúde (ACS). 
Atualmente as unidades de saúde da família contam também com um cirurgião-
dentista e um auxiliar/técnico de saúde bucal. 
 
Outros profissionais podem agregar valor à equipe se o município possuir NASF 
(Núcleo de Apoio à Saúde da Família), tais como: psicólogos, farmacêuticos, 
profissionais da educação física, nutricionistas, psiquiatras, fisioterapeutas, 
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, entre outros. 
 
O NASF tem como objetivo contribuir para a promoção da integralidade das 
ações das equipes de ESF. Seu processo de implantação deve ser efetivado 
com o objetivo de ampliar e qualificar a assistência, fortalecendo a rede de 
cuidados existente. 
 
Os profissionais de saúde do NASF devem conhecer o território e estar 
integrado às atividades da ESF. 
 
“Nesse sentido, os profissionais da ESF são a referência para a população e 
contam com o suporte dos profissionais do NASF para que haja ações 
compartilhadas, integradas, com foco no acolhimento e na proposta da atenção 
básica” (Rio Bonito, 2013). 
 
A qualificação profissional para atuação na ESF exige dos profissionais, além de 
competências técnicas e comportamentais para o exercício da função, 
habilidade em: “planejar ações, conceber a saúde como um processo de 
responsabilidade compartilhada e pautar suas ações entendendo a família como 
espaço social” (LACERDA, 2012, p. 31). 
 
Isso requer alguns critérios importantes para a efetivação do trabalho, tais 
como: competência técnica; criatividade; senso crítico; práticas de atendimento 
humanizadas e resolutivas; capacitação para atuar no planejamento e na 
avaliação das ações e na articulação intersetorial. 
As responsabilidades de cada profissional da equipe básica da ESF (PORTARIA 
Nº 2.488 de 2011) são: 
Médico – Atender a todos os integrantes de cada família. Desenvolver com os 
demais integrantes da equipe ações preventivas e de promoção da qualidade 
de vida da população; 
 
Enfermeiro – Supervisionar o trabalho do Agente Comunitário de Saúde e do 
Auxiliar de Enfermagem. Realizar consultas na unidade de saúde. Assistir 
pessoas que necessitem de cuidados de enfermagem, no domicílio; 
 
Auxiliar de enfermagem – Realizar procedimentos técnicos na unidade básica 
de saúde e no domicílio. Executar ações de orientação sanitária; 
 
Agentes comunitários - Realizar mapeamento de cada microárea. Cadastrar as 
famílias. Visitar cada domicílio pelo menos uma vez por mês. Estimular a 
comunidade para práticas que proporcionem melhores condições de saúde e de 
vida. Fazer a ligação entre as famílias e o serviço de saúde. 
 
7.2 - EPS – Educação Permanente em Saúde e os impactos na 
qualidade do trabalho 
 
A educação continuada dos profissionais de saúde é uma necessidade em todo 
o país, e não somente na atenção básica. Capacitações constantes devem ser 
realizadas para que a qualidade da prestação de serviços em saúdeseja a 
melhor possível. 
 
O trabalho na ESF, em função de ser diferenciado, exige algumas habilidades 
do profissional, como vimos nesta seção. 
 
Contudo, a formação profissional tradicional em saúde é especializada e tende a 
ver o ser humano a partir de uma fragmentação do cuidado – cada profissional 
atuando com seus conhecimentos técnicos, de forma individualizada, com o 
olhar de apenas uma parte do sujeito –, e isto é contrário à proposta de 
integralidade do cuidado em saúde, que pressupõe a articulação entre os 
profissionais e uma visão totalizadora do ser humano. 
 
A educação continuada dos profissionais que atuam na ESF deve ter parceria 
com o NASF, sempre avaliando as necessidades de cada equipe de saúde frente 
ao trabalho desenvolvido em um determinado município. 
 
A Educação Permanente em Saúde tem como elementos centrais o 
trabalho e a adscrição de clientela, o acolhimento, a visita domiciliar, 
a integralidade das práticas e a equipe multiprofissional, objetivando 
intervir sobre os determinantes do processo saúde–doença, através 
da ação multiprofissional e interdisciplinar no cotidiano das unidades 
de saúde (ARAÚJO, 1987; in: LACERDA, 2012, p. 48). 
 
A Educação Permanente em Saúde (EPS) deve estar pautada nas necessidades 
da população atendida e das equipes de trabalho (e não de necessidades 
profissionais individuais), nas trocas de saberes entre os profissionais que 
atuam na ESF em função de uma atuação interdisciplinar, mudanças nas 
estratégias da organização e no exercício do trabalho em saúde. 
 
São características centrais da EPS: 
 
 Foco central de ação constituído pela população adstrita; 
 Qualidade das intervenções de cada equipe em seu território; 
 Tem implicação direta na categoria do cuidado em saúde; 
 Abrange o contexto da mediação entre ajuda e poder de ajudar, 
destacando a questão da autonomia dos usuários; 
 Escuta ativa dos usuários e suas demandas em prol das melhores 
práticas; 
 Criação de espaços de aprendizagem constante, com foco na lógica da 
interdisciplinaridade. 
 
A qualidade do trabalho de assistência em saúde sob a lógica do cuidado tem 
impacto direto no modo de agir das pessoas e da comunidade. 
 
Quando os profissionais da ESF cumprem os objetivos propostos pelas diretrizes 
da atenção básica, o que se tem é um resultado que implica as pessoas no 
processo de saúde-doença, a partir da conquista da autonomia e da 
corresponsabilização das ações em saúde. 
 
Sendo assim, a EPS não tem o propósito apenas minimalista de melhoria 
técnica das intervenções em saúde pelos profissionais da ESF, mas de 
promover reflexões que possam ser a base para o desenvolvimento de 
habilidades que permitam que o trabalho na ESF beneficie diretamente a 
população atendida. 
 
O trabalho fica mais coeso e coerente com a proposta da atenção básica 
quando os profissionais se dedicam ao exercício profissional que tenha como 
foco a pessoa humana, as condições ambientais e socioeconômicas que 
influenciam a saúde ou a doença, buscando junto com a comunidade as 
mudanças necessárias para que se tenham resultados melhores em prol da 
qualidade de vida. 
 
APRENDA MAIS 
 Leia o artigo COTTA (et al.). Organização do trabalho e perfil dos 
profissionais do Programa Saúde da Família: um desafio na 
reestruturação da atenção básica em saúde. Epidemiol. Serv. 
Saúde v.15 n.3 Brasília set. 2006. Disponível em: 
<http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?pid=S1679-
49742006000300002&script=sci_arttext> (acesso em 6 nov. 2015); 
 Veja o vídeo: Processo de trabalho das equipes de saúde da família e 
planejamento em saúde. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=lEgBDJdeBMg> (acesso em 6 nov. 
2015). 
 
AULA 8 - SAÚDE DO TRABALHADOR E AGRAVOS RELACIONADOS AO 
TRABALHO NA ESF 
 
O trabalho em saúde pode ser muito desgastante, em função dos fatores 
emocionais envolvidos e do tipo de tarefa que implica em cuidar de pessoas, 
lidar com doenças, com as vicissitudes da vida e da morte. 
 
O modo como as pessoas percebem o trabalho, implicam-se nele e lidam com 
as dificuldades cotidianas tem influência nos processos de saúde e doença. O 
exercício profissional não está relacionado apenas à subsistência, mas também 
à satisfação e autorrealização. 
http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?pid=S1679-49742006000300002&script=sci_arttext
http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?pid=S1679-49742006000300002&script=sci_arttext
https://www.youtube.com/watch?v=lEgBDJdeBMg
 
Pessoas que se adaptam mais facilmente às exigências profissionais, ao tipo de 
trabalho exercido em saúde, tendem a ser mais saudáveis, pois criam 
estratégias de enfrentamento que possibilitam a satisfação e qualidade de vida 
no trabalho. 
 
8.1 – Saúde do trabalhador da ESF 
 
O trabalho na ESF requer que os profissionais de saúde sejam sujeitos de ação, 
que avaliam, planejam e executam ações voltadas para uma determinada 
comunidade. Nem sempre isso é tarefa fácil, pois depende das relações 
construídas entre a equipe e os usuários da ESF para que o cuidado em saúde 
se efetive. 
 
Alguns fatores têm se tornado gatilhos para processos de insatisfação, 
desmotivação e adoecimento, tais como: ausência de momentos de troca, de 
planejamento e pactuação; sobrecarga de trabalho; sentimento de 
desvalorização; dificuldades de relacionamento; comunicação prejudicada; 
dentre outros. 
 
O profissional que atua na ESF necessita de condições de trabalho que 
envolvem o ambiente; a estrutura física; equipamentos, insumos e produtos; 
capacitação para a tarefa; comunicação clara e eficaz; bom relacionamento 
interpessoal, gestão participativa e colaborativa, clima que propicie o desejo de 
fazer parte, de estar presente. 
 
Wurdig (2014) destaca que na área da saúde muitos são os problemas que 
afligem os profissionais, em função do tipo de trabalho executado, das 
cobranças, plantões, emoções mal elaboradas etc. 
 
Cada vez mais é essencial a avaliação e a implantação de 
procedimentos que visem à proteção do trabalhador da área da 
saúde, sob o ponto de vista psicológico. A própria natureza do 
trabalho executado faz com que tais profissionais lidem diretamente, 
por exemplo, com a vida e a morte, processo que envolve não só o 
doente, mas também a sua família. A participação de médicos, 
enfermeiros, técnicos e auxiliares neste processo e a forma como 
cada um lida com as situações que se apresentam no dia a dia reflete-
se, de forma muito contundente, na maneira de executar tarefas e 
ainda de lidar com as próprias emoções. Somam-se a isso os 
problemas relacionados a condições de trabalho oferecidas, número 
reduzido de pessoal, mau gerenciamento administrativo e jornadas 
duplas de trabalho, tão comuns nesta área (WURDIG, 2014, p. 221). 
 
Assim, na área da saúde, é comum vermos profissionais com síndrome de 
burnout, depressão, altos índices de estresse, LER/ DORT, dentre outros 
problemas que prejudicam o desempenho profissional e merecem atenção e 
investimento em um ambiente favorável ao exercício profissional e melhores 
condições de trabalho. 
 
A síndrome de burnout consiste no desgaste emocional que causa danos físicos 
e psicológicos. 
 
Envolve aspectos sociopsicológicos e se deflagra em “um conjunto de sintomas 
multidimensionais em resposta ao estresse laboral crônico, envolvendo três 
fatores principais: exaustão emocional, despersonalização e redução da 
realização pessoal” (CARVALHO-MALAGRIS, 2007; in: WURDIG, 2014, p. 223). 
 
A depressão consiste em uma doença psiquiátrica crônica, na qual a tristeza 
excessiva, o desânimo, falta de energia, baixa autoestima, dificuldades para 
lidar com a vida pessoal e profissional são as principais características. 
 
No trabalho, os fatores desencadeadores estão relacionados a longas jornadas, 
condições insalubres, estresse, assédio moral e competitividade exacerbada. 
 
O estresse é visto por diversosautores como um estado de tensão (LIMONGI 
FRANÇA, 2007). É uma reação do organismo com componentes físicos e/ou 
psicológicos, que tem como base as alterações psicofisiológicas ocorridas 
quando a pessoa se confronta com uma determinada situação. 
 
O processo de estresse se desenvolve em quatro fases: alerta, resistência, 
quase exaustão e exaustão. 
 
Outros problemas comuns relacionados ao trabalho são LER (lesão por esforço 
repetitivo)/ DORT (doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho). 
 
Essas podem ser doenças consideradas resultantes do desequilíbrio entre as 
exigências das tarefas e a mobilização das potencialidades do trabalhador para 
executá-las conforme as requisições da organização. 
 
8.2 - O papel do gestor para a qualidade do ambiente de trabalho 
 
O gestor da ESF tem um papel crucial para que os propósitos do trabalho na 
atenção básica sejam efetivados. O modo como a gestão é realizada influencia 
o ambiente de trabalho, o clima organizacional e os fluxos e processos de 
trabalho, seja positiva ou negativamente. 
 
O profissional de saúde que atua em um ambiente que tem as condições 
necessárias e favoráveis ao exercício de sua função tende a empregar esforços 
para melhores resultados, encontrando nas trocas com as pessoas pontos 
positivos e de suporte para sua atuação. 
 
Nesse sentido, é essencial que o gestor seja eficiente em cumprir as tarefas 
que o Programa Saúde da Família determina para ele, mas não efetivando 
funções de forma burocrática e, sim, criando estratégias que se coadunem com 
os princípios e norteamentos da proposta da ESF para a integralidade e o 
cuidado em saúde. 
 
Eficácia, efetividade e eficiência são importantes conceitos da área de 
gestão, planejamento e avaliação. A eficácia deve ser entendida como 
a capacidade do gestor/equipe de executar corretamente suas 
atribuições e cumprir as metas propostas. A efetividade é o alcance 
das expectativas dos usuários do serviço e a resolução das 
necessidades de saúde por ele demandadas, refletindo o impacto 
social dos serviços. E a eficiência é a utilização de todo o potencial de 
que dispõe a equipe, atingindo melhores resultados com os recursos 
(LACERDA, 2012, p. 34). 
 
Um gestor, para cumprir bem seu papel, deve reunir muitas características e 
habilidades, como liderança, boa comunicação, relacionamento interpessoal, 
administração de conflitos e negociação, além das competências técnicas 
relacionadas à função. 
 
Uma unidade de saúde que tenha como gestão um modelo verticalizado e 
autoritário, que fragmente as decisões e o cuidado na assistência, sendo 
apenas centrado no controle e cumprimento de regras, acaba por promover a 
alienação dos profissionais que nela atuam, que não se responsabilizam pelos 
objetivos das ações, o que acarreta no comprometimento dos resultados. 
 
O desafio dos gestores da saúde, principalmente na ESF, está em planejar e 
incentivar a participação e o envolvimento genuíno de todos os atores 
envolvidos, propiciando aos profissionais uma apropriação dos resultados de 
seu trabalho, modificando o processo de trabalho em saúde com foco na 
interdisciplinaridade e conduzindo as equipes para a integralidade do cuidado 
com ênfase na participação da comunidade, responsabilidade e autonomia para 
a promoção de saúde. 
 
APRENDA MAIS 
 Leia o artigo SOUZA-UVA, A.; SERRANHEIRA, F. Trabalho e Saúde/ 
Doença: o desafio sistemático da prevenção dos riscos profissionais e o 
esquecimento reiterado da promoção da saúde. Rev Bras Med Trab. 
2013; 11(1):43-9. Disponível em: 
<http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_m
edicina_do_trabalho_volume_11_n%C2%BA_1_11122013171118705547
5.pdf> (acesso em 6 nov. 2015); 
 Veja o vídeo sobre a síndrome de burnout. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=BD6ds6fyd4Y> (acesso em 6 nov. 
2015). 
 
http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_medicina_do_trabalho_volume_11_n%C2%BA_1_111220131711187055475.pdf
http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_medicina_do_trabalho_volume_11_n%C2%BA_1_111220131711187055475.pdf
http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_medicina_do_trabalho_volume_11_n%C2%BA_1_111220131711187055475.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=BD6ds6fyd4Y
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da estratégia de saúde da família. Ciência & Saúde Coletiva 12 (2), 455 – 
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<http://www.scielosp.org/pdf/csc/v12n2/a22v12n2.pdf>. Acesso em 6 nov. 
2015. 
 
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71 - edição especial - XI Semead 2008 - out/2008. Disponível em: 
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Acesso em 6 nov. 2015. 
 
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<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_textos_cartilhas_politica_
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GALLO, S. Ética e Cidadania: caminhos da filosofia. 20. ed. Campinas, SP: 
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