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PLANO DE MELHORIA DA COMPETITIVIDADE ARRANJO PRODUTIVO DE LATICÍNIOS EM PERNAMBUCO JULHO 2017 Programa de Produção e Difusão de Inovações para a Competitividade de Arranjos Produtivos Locais do Estado de Pernambuco - PROAPL GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO Paulo Henrique Saraiva Câmara Governador do Estado Raul Jean Louis Henry Júnior Vice-Governador do Estado SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO – SECTI Lúcia Carvalho Pinto de Melo Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação Leonildo da Silva Sales Secretário Executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação www.secti.pe.gov.br www.facebook.com/Secti.Pernambuco/ Twitter: @sectecpe Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação - Secti Rua Vital de Oliveira, nº 32, Bairro do Recife Telefone: (81) 3183-5560 Esta publicação é uma realização da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) do Governo do Estado de Pernambuco. Todos os textos poderão ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte. Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) A773 Arranjo produtivo de laticínios em Pernambuco: plano de melhoria da competitividade / coordenação de Luciana Elizabeth da Mota Távora e Antônio Vaz de Albuquerque Cavalcanti. - Recife: SECTI/PE, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco, 2017. 179p. - il.: tab. Programa de Produção e Difusão de Inovações para a Competitividade de Arranjos Produtivos Locais do Estado de Pernambuco - PROAPL. ISBN: 978 978-85-98522-08-1 -85-98522-05-0 1 LATICÍNIOS 2 PRODUTIVIDADE I Távora, Luciana Elizabeth da Mota II Cavalcanti, Antônio Vaz de Albuquerque II SECTI/PE - Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco CDD 23th Ed. - 637.14 COORDENAÇÃO Luciana Elizabeth da Mota Távora Antônio Vaz de Albuquerque Cavalcanti 1ª Edição Recife-PE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação- SECTI 2017 PLANO DE MELHORIA DA COMPETITIVIDADE ARRANJO PRODUTIVO DE LATICÍNIOS EM PERNAMBUCO JULHO 2017 PLANO DE MELHORIA DA COMPETITIVIDADE ARRANJO PRODUTIVO DE LATICÍNIOS EM PERNAMBUCO COORDENAÇÃO GERAL Luciana Elizabeth da Mota Távora Diretora de Políticas e Articulação Antônio Vaz de Albuquerque Cavalcanti Diretor-Presidente do Instituto de Tecnologia de Pernambuco EQUIPE EXECUTORA DO PROAPL UNIDADE GESTORA DE PROJETOS (UGP) Liana de Carvalho Lira Maria Celeste de Sousa Maia Tarcilene Jacinto Freitas da Silva EQUIPE SECTI Cinthya Melo do Carmo Suêrda Willna Jácome de Santana COLABORADOR Benoit Pascal Dominique Paquereau CONSÓRCIO PLENA E TPF Elias Teixeira Pires (Coordenador geral) Aidem Gonçalves de Assis Ana Nery Cadete Carlos Antônio Landi Pereira Elias Teixeira Pires Junior Fábio Chaffin Barbosa Leonard Mendonça de Assis Pedro Correa de Araújo Junior Rogério Alves de Santana Univaldo Coelho Cardoso ÍNDICE ÍNDICE DE FIGURAS 4 ÍNDICE DE TABELAS 5 1 INTRODUÇÃO 6 2 PROGRAMA PROAPL 9 3 ABORDAGEM METODOLÓGICA 12 ABORDAGEM PARTICIPATIVA 12 REUNIÃO DE NIVELAMENTO CONCEITUAL 12 REUNIÃO DE SENSIBILIZAÇÃO 12 ENTREVISTAS ESTRUTURAS COM DIVERSOS ATORES 13 ENTREVISTAS DE PROFUNDIDADE 13 WORKSHOP DIAGNÓSTICO E CENÁRIO ESTRATÉGICO 13 Workshop diagnóstico e cenário estratégico - ITEP 13 Workshop diagnóstico e cenário estratégico – Atores 14 REUNIÕES PROGRAMADAS 15 ENFOQUE ESTRATÉGICO DO APL 15 ESTRATÉGIA ESTRUTURANTE 15 ESTRATÉGIA DE POSICIONAMENTO DE MERCADO 17 METODOLOGIA PARA INICIATIVAS VOLTADAS A GESTÃO 17 RACIONALIDADE ECONÔMICA PARA A INTERVENÇÃO 18 4 DIAGNÓSTICO 20 CARACTERIZAÇÃO DO APL 21 CARACTERIZAÇÃO GERAL 21 CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL 22 CARACTERIZAÇÃO CLIMATOLÓGICA 23 LOCALIZAÇÃO E ACESSO 23 POPULAÇÃO 25 EVOLUÇÃO DO PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB DO APL 27 CARACTERIZAÇÃO DOS ATORES 27 PRODUTOS E SERVIÇOS 29 EMPREGO 29 MAPA DO APL 29 Uso do solo das propriedades rurais destinado à pecuária leiteira 29 Produção de leite 31 Produção atual, destino e valor da produção 31 Consumidores finais 33 Fornecedores 33 Instituições 33 BASES ECONÔMICAS 33 GOVERNANÇA, GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DO APL 33 CAPACITAÇÃO E ASSESSORIA EMPRESARIAL 36 LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA 38 MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 40 PROSPECÇÃO DE MERCADO, COMERCIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO 41 TECNOLOGIA INDUSTRIAL E AGROPECUÁRIA BÁSICAS E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E ORGANIZACIONAL 44 ASPECTO DE MERCADO 48 MERCADO MUNDIAL 48 Comportamento do mercado e tendências de curto prazo 49 Projeções de longo prazo 52 MERCADO NACIONAL 54 Preços do leite e custo de produção 55 Balança comercial de lácteos 56 Tendências de curto prazo no mercado interno 60 Análise do consumo de lácteos no Brasil 63 MERCADO NO NORDESTE E APL 64 A pecuária de leite em Pernambuco e na região do APL- Laticínios 65 Caracterização dos laticínios 66 Investimentos recentes na indústria leiteira de Pernambuco 67 COMPORTAMENTO E DINÂMICA DO APL 68 ANÁLISE SWOT (FOFA) 68 Justificativa e objetivo 68 Metodologia 68 Resultados 68 ANÁLISE DA CADEIA DE VALOR DO APL 71 Aspectos conceituais 71 Conceito de cadeia de valor - nível de empresa 71 Conceito cadeia de valor setorial 72 Diretrizes para a análise da cadeia de valor do APL 72 Análise da cadeia de valor do APL 74 CASOS DE SUCESSO 76 A INDÚSTRIA DE LEITE E DERIVADOS DA NOVA ZELÂNDIA 76 Principais lições que podem ser adaptados para o APL – Caso Nova Zelândia 77 O SISTEMA AGROINDUSTRIAL DO LEITE DO SUL DO PAÍS 78 Principais lições que podem ser adaptados para o APL – Sul do País 80 QUEIJO MINAS ARTESANAL – QUEIJO DA CANASTRA 80 Queijo Minas Artesanal 80 Queijo da Canastra 82 Principais lições que podem ser adaptados para o APL – Queijo Minas Artesanal e da Canastra 83 5 ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO 85 NEGÓCIO E VISÃO DE FUTURO DO APL 86 NEGÓCIO 86 VISÃO DE FUTURO DO APL 86 PLANO DE AÇÕES 86 ABORDAGEM ESTRATÉGICA DAS AÇÕES 87 AÇÕES PROPOSTAS 87 OUTRAS AÇÕES DE APOIO 91 ORÇAMENTO 91 CRONOGRAMA FÍSICO DE EXECUÇÃO DAS AÇÕES 93 6 EQUIPE TÉCNICA 94 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95 8 ANEXOS 103 DETALHAMENTO DAS AÇÕES 103 LINHA DE APOIO: CAPACITAÇÃO E ASSESSORIA EMPRESARIAL 103 Ação: gestão empresarial 103 Ação: Gestão empresarial cooperativo – Projeto Piloto 108 LINHA DE APOIO: TECNOLOGIA INDUSTRIAL E AGROPECUÁRIA BÁSICA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E ORGANIZACIONAL 112 Ação: Inovações tecnológicas na produção de leite 113 Ação: Prospecção tecnológica internacional – suporte forrageiro 120 Ação: Viabilidade econômica do uso de volumoso em período crítico de estiagem 124 LINHA DE APOIO: MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 126 Ação: Capacitação empresarial em gestão ambiental 127 LINHA DE APOIO: PROSPECÇÃO DE MERCADO, COMERCIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO 131 Ação: Prospecção de mercado para o queijo de coalho, artesanal e pasteurizado 131 Ação: Plano de implementação da Indicação Geográfica do queijo de coalho artesanal135 Ação: Feiras e missões de negócio - Laticínios 139 LINHA DE APOIO: GOVERNANÇA, ASSOCIATIVISMO, GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DO APL 142 Ação: Modelagem da estrutura de governança, gestão e administração do APL 142 Ação: Missão técnica - França 146 Ação: Plano de comunicação e marketing do APL e seus produtos 149 Ação: Sistema de informações centralizado 153 LINHA DE APOIO: LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA 158 Ação: Criação de um entreposto comercial 158 Ação: Estruturação – Programa de incubação - UPE 162 Ação: Readequação e ampliação da plataforma da indústria- CT Laticínios 164 Ação: Readequação e ampliação - laboratório CT Laticínios 166 Ação: Readequação e ampliação LQA e LABTAM 169 Ação: Reforço eampliação da estrutura do IPA 172 Ação: Reforço e ampliação estrutura do PROGENE 174 MARCO LÓGICO 177 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 4.1 - Região do APL Laticínios. ......................................................................................... 24 Figura 4.2 - Mapa do APL- laticínios. ............................................................................................ 29 Figura 4.3 - Uso do solo dos estabelecimentos destinados à pecuária no APL. ............................ 30 Figura 4.4 - Comercialização de queijo de coalho artesanal na feira de Capoeiras – PE. ............. 43 Figura 4.5 - Venda de queijo de coalho artesanal na feira de Capoeiras – PE. Ao lado, um veículo refrigerado para transporte dos produtos até a região Metropolitana de Recife. ........................... 43 Figura 4.6 - Venda de forragem na feira livre de Capoeiras – PE. ................................................ 45 Figura 4.7 - Preço médio do leite em pó integral e preço médio dos produtos lactéos desde o início do último ano dos leilões da Fonterra, em US$/tonelada. ............................................................. 51 Figura 4.8 - Balança comercial de lácteos do País (2001-2014). .................................................. 57 Figura 4.9 - Importação e exportação de lácteos, em equivalente – leite (milhões de litros). ........ 58 Figura 4.10 - Principais destinos das exportações brasileiras de lácteos de janeiro de 2009 a junho de 2014 (milhões US$). ................................................................................................................ 59 Figura 4.11 - Principais produtos lácteos exportados pelo Brasil de janeiro 2009 a junho 2014 (milhões US$). .............................................................................................................................. 59 Figura 4.12 - Produção de leite sob inspeção no Brasil (bilhões de litros). .................................... 61 Figura 4.13 - Evolução da produção e dos preços pagos aos produtores no Brasil (1975/2016). . 62 Figura 4.14 - Cadeia de valor em nível de empresa. ..................................................................... 71 Figura 4.15 - Diagrama cadeia de valor da APL de Laticínios. ...................................................... 74 file:///J:/PROJETOS/ITEP%20-%20PMC/PMC-%20REVISADOS/PMC%20LATICIÍNIOS%20-%20PRELIMINAR%203/PMC-%20LATICÍNIOS-VF.docx%23_Toc491341441 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 4.1 - Relação dos municípios do APL por Região de Desenvolvimento. ........................... 22 Tabela 4.2 - Distâncias entre Garanhuns e cidades do APL. ........................................................ 25 Tabela 4.3 - Populacional total, urbana e rural das cidades do APL - Anos 2000, 2010 e 2016. ... 26 Tabela 4.4 - Evolução do PIB dos municípios do APL nos anos de 2000 e 2014 (em mil reais). .. 27 Tabela 4.5 - Dados de produção de leite - região do APL. ............................................................ 31 Tabela 4.6 - Produtos, valor da produção e consumo de leite - APL Laticínios – 2016. ............... 32 Tabela 4.7 - Destino dos produtos lácteos das indústrias de laticínios do APL. ............................ 32 Tabela 4.8 - Sistemas de controle das empresas. ......................................................................... 37 Tabela 4.9 - Destino da venda dos produtos lácteos do APL. ....................................................... 42 Tabela 4.10 - Canais de venda dos produtos lácteos do APL. ...................................................... 42 Tabela 4.11 - Produção de leite nos países maiores produtores do mundo (em mil toneladas). ... 48 Tabela 4.12 - Taxa de autossuficiência de consumo de lácteos nas grandes regiões do globo. ... 49 Tabela 4.13 - Preço do leite em países produtores. ...................................................................... 49 Tabela 4.14 - Produção de leite fluido, em milhões de toneladas. ................................................. 50 Tabela 4.15 - Comportamento da produção e da produtividade de leite nas grandes regiões do País e nos estados maiores produtores (2013-2015). ................................................................... 55 Tabela 4.16 - Simulação de excedentes exportáveis em 2024 (em milhões de litros). .................. 58 Tabela 4.17 - Produção de leite nas três RDs abrangidas pelo APL de Laticínios de Pernambuco, segundo dados da ADAGRO (2016) e do IBGE (2015)................................................................. 65 Tabela 4.18 - Resultado da análise SWOT – APL Laticínios. ........................................................ 69 Tabela 5.1 - Objetivo de ações descritas por linha de apoio - APL Laticínios. ............................... 89 Tabela 5.2 - Orçamento estimado para execução das ações PMC – Laticínios. ........................... 92 Tabela 5.3 - Cronograma de execução das ações do PMC- Laticínios. ........................................ 93 6 1 INTRODUÇÃO O Estado de Pernambuco, via Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) junto com o ITEP vem implementando o Programa de Produção e Difusão de Inovações para a Competitividade de Arranjos Produtivos Locais do Estado de Pernambuco (ProAPL). O objetivo do Programa é aumentar a competitividade e produtividade das empresas que integram os Arranjos Produtivos Locais do Estado de Pernambuco, por meio do desenvolvimento de um modelo ambiental e socialmente sustentável, que promova ações para capitalizar as economias de aglomeração territorial e setorial, superar falhas de mercado que persistem na área de desenvolvimento empresarial e internacionalização, e fomentar uma maior capacidade de inovação. Realizado via contrato de gestão entre o ITEP e a SECTI, o ProAPL é uma articulação público-privada financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com o SEBRAE-PE e o Sistema FIEPE. Entende-se por APL, aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas. O programa prevê aporte de recursos da ordem de 16,7 milhões de dólares em três anos e em seis linhas de apoio financiadas, além de viabilizar a gestão e a avaliação do Programa. Atualmente, o Programa trabalha com foco nos Arranjos Produtivos Locais de Confecção, no Agreste Central e Setentrional; Gesso, na região do Araripe; Laticínios, no Agreste Central e Meridional e Vitivinicultura, no Sertão do São Francisco. O programa interage com os Centros Tecnológicos, que produzem conhecimento e tecnologia em atendimento às demandas dos APL. Os objetivos específicos do Programa são: Oferecer ferramentas inovadoras voltadas para a melhoria da competitividade dos APLs de Confecções, Laticínios, Gesso e Vinho, Uva e Derivados. Estabelecer convergência das ações e programas, coordenando investimentos entre os setores público e privado na área de APL, para fomentar a articulação das entidades federais, estaduais e locais promotoras de APLs e elaborar, em conjunto com as empresas e instituições dos APLs, os respectivos Planos de Melhoria de Competitividade (PMCs). Identificar e tratar os principais gargalos que comprometem a competitividade das empresas participantes dos APLs atendidos pelo Programa através da implementação das atividades propostas nos PMCs nas seguintes áreas de apoio: governança, gestão e administração do APL; meio-ambiente e desenvolvimento social; tecnologia industrial e agropecuária básica e inovação tecnológica e organizacional; capacitação e assessoria empresarial; logística; prospecção de mercado, comercialização e exportações. Fortalecer a inserção competitiva dessas empresas nos mercados-alvos, compreendendo o mercado local e a inserção nos mercados internacionais. Promover consenso em matéria depolíticas públicas de desenvolvimento; Desenvolver e implantar um Sistema de Monitoramento, Avaliação e Identificação das Lições Aprendidas, que permita fazer uma avaliação e difusão dos resultados e dos 7 impactos do Programa e retroalimentar o desenho das políticas públicas de apoio ao desenvolvimento de APLs. Faz parte do ProAPL o desenvolvimento para cada APL do seu Plano de Melhoria de Competitividade (PMC), com definição de ações, que serão implantadas no segmento do Programa. Em janeiro de 2017, via um processo de seleção de consultores baseada na qualidade das propostas, o Consórcio constituído das empresas Plena Consultoria e Projetos LTDA e TPF Engenharia LTDA foi selecionado para elaborar os PMCs dos APLs de Vitivinicultura e Laticínios. Este documento trata do PMC do APL de Laticínios do ProAPL nos municípios compreendidos por Águas Belas, Arcoverde, Bom Conselho, Buíque, Capoeiras, Garanhuns, Iatí, Itaíba, Pedra, Pesqueira, São Bento da Una e Venturosa. O APL Laticínios tem na sua produção de lácteos mais de 20 itens. Eles vão do leite pasteurizado, queijo de coalho, queijo mussarela, bebidas lácteas, iogurte, manteiga, queijos finos dentre outros produtos. O queijo de coalho é o produto “carro chefe” do APL. No APL Laticínios segundo a ADAGRO, estão registradas, em abril/2017, 47 empresas de laticínios caracterizadas da seguinte forma: Queijaria artesanal (33); Fábrica de laticínios (6); Usina de beneficiamento (5) e Laticínios sifados (3). Em 2016, estavam em operação 46 empresas e apenas 1(uma) de usina de beneficiamento não estava operando. Além do parque de laticínios registrados na ADAGRO, existem os laticínios não registrados (queijaria informal), e os “queijeiros¨, que produzem na própria propriedade. Não existe estatística sobre esse grupo. Estima-se que 52% do leite produzido na região, em 2016, foi beneficiado sob essa condição. O produto é comercializado de forma clandestina dentro e até fora do Estado de Pernambuco. Não existe, entretanto, estatística formada com relação a quantificação deste tipo de beneficiamento no Estado a não ser dados estimativos, mas sem consenso das instituições públicas. O valor total da produção dos produtos lácteos do APL, considerando preços recebidos pelos empresários, foi estimado em US$ 163,7 milhões no ano de 2016, sendo que o queijo coalho representa 47% desse valor. Para a realização do trabalho, o Consórcio utilizou uma metodologia participativa que buscou construir todas as etapas do PMC, com a participação dos diversos atores envolvidos no APL, empresários, dirigentes e técnicos do IPA, ADAGRO, ITEP, SECTI, SDEC, SEBRAE e outras entidades parceiras. O PMC deve ser visto como uma ferramenta catalisadora para o APL. As suas ações devem ser vistas como demonstrativas e devem ser continuadas após período do Programa, com os ajustes necessários, para que se possa ter o resultado mais amplo que se espera de competitividade e sustentabilidade a médio e longo prazo. 8 O PMC prevê a implementação de 20 ações nas linhas de apoio do ProAPL: capacitação e assessoria empresarial; tecnologia industrial básica e inovação tecnológica e organizacional; meio ambiente e desenvolvimento social; logística; comercialização, prospecção de mercado e exportações, e governança, gestão e administração do APL. Estão previstos 24 meses para a sua execução. O PMC está orçado em R$ 15,7milhões. Este documento além desse capítulo contém os seguintes capítulos: CAPÍTULO 2 – PROGRAMA PROAPL – que trata da caracterização do Programa de Produção e Difusão de Inovações para a Competitividade de Arranjos Produtivos Locais (APL) do Estado de Pernambuco CAPÍTULO 3 – ABORDAGEM METODOLÓGICA – que trata da abordagem participativa, enfoque estratégico para o desenvolvimento do APL, metodologia para iniciativas voltadas à gestão e racionalidade econômica para a intervenção. CAPÍTULO 4 – DIAGNÓSTICO – que trata da caracterização do APL, resumo de mercados e tendências nacional e mundial, bases econômicas do APL, comportamento e dinâmica do APL e casos de sucesso do setor. CAPÍTULO 5 – ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO – que trata do negócio e visão de futuro do APL e plano de ações. CAPÍTULO 6 – EQUIPE TÉCNICA – que faz a citação da equipe técnica que participou da elaboração do PMC. CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - que faz a citação de toda a bibliografia utilizada na preparação do PMC. CAPÍTULO 8 – ANEXOS - onde se encontra a descrição de cada ação proposta (incluindo justificativa, estratégia de implementação, cronograma físico e financeiro, metas e indicadores) e o Marco Lógico do PMC. 9 2 PROGRAMA PROAPL O ProAPL, Programa de Produção e Difusão de Inovações para a Competitividade de Arranjos Produtivos Locais (APL) do Estado de Pernambuco tem como objetivo aumentar a competitividade e produtividade das empresas que integram os Arranjos Produtivos Locais do Estado de Pernambuco, através do desenvolvimento de um modelo ambiental e socialmente sustentável de articulação público-privada estadual, que promova ações para capitalizar as economias de aglomeração territorial e setorial, superar falhas de mercado que persistem na área de desenvolvimento empresarial e internacionalização, e fomentar uma maior capacidade de inovação. Tem como objetivos específicos: I. Oferecer ferramentas inovadoras voltadas para a melhoria da competitividade, em princípio, dos APLs Confecções, Laticínios, Gesso e Vitivinicultura. II. Estabelecer convergência das ações e programas, coordenando investimentos entre os setores público e privado na área de APL, para fomentar a articulação das entidades federais, estaduais e locais promotoras de APLs e elaborar, em conjunto com as empresas e instituições dos APLs, os Planos de Melhoria de Competitividade (PMCs) para os APLs. III. Identificar e tratar os principais gargalos que comprometem a competitividade das empresas participantes dos APLs atendidos pelo Programa através da implementação das atividades propostas nos PMCs dos APLs das seguintes áreas de apoio: governança, gestão e administração do APL; meio-ambiente e desenvolvimento social; tecnologia industrial básica e inovação tecnológica e organizacional; capacitação e assessoria empresarial; logística; prospecção de mercado, comercialização e exportações. IV. Fortalecer a inserção competitiva dessas empresas nos mercados-alvos, compreendendo o mercado local e a inserção nos mercados internacionais. V. Promover consenso em matéria de políticas públicas de desenvolvimento, e VI. Desenvolver e implantar um Sistema de Monitoramento, Avaliação e Identificação das Lições Aprendidas, que permita fazer uma avaliação e difusão dos resultados e dos impactos do Programa e retroalimentar o desenho das políticas públicas de apoio ao desenvolvimento de APLs. O Programa é composto por 4 (quatro) componentes, assim definidos: a) COMPONENTE 1 - DESENVOLVIMENTO DE MODELO PÚBLICO-PRIVADO DE APOIO À MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DE APLS Através deste componente se financiará a articulação das ações das distintas entidades promotoras dos APLs através das entidades de governança local (EGLs) e a preparação, em conjunto com as empresas e instituições relacionadas, dos Planos de Melhoria da Competitividade (PMCs) dos APLs de Produção Cultural, Tecnologia da Informação e Comunicação, Confecções, Laticínios, Gesso e Vitivinicultura. Será financiado, também, o diagnóstico e Plano de Ação Comum ao conjunto dos 4 (quatro) APLs integrantes do Programa, bem como a execução do diagnóstico de uso da Tecnologia da Informação e 10 Comunicação – TIC nesse conjunto de APLs. Serão ainda financiadas a realização de estudos de indicadores econômicos, oficinas, sondagens e consultorias necessárias para completar os PMCs dos APLs de Gesso (Região do Araripe)e Confecções (Região do Agreste Pernambucano) e a preparação dos PMCs dos 2 APLs restantes. b) COMPONENTE 2 – IMPLEMENTAÇÃO DE PLANOS DE MELHORIA DE COMPETITIVIDADE DE APLS Este componente financiará a implementação e o desenvolvimento das ações priorizadas nos Planos de Melhoria da Competitividade – PMCs dos 4 (quatro) APLs integrantes do Programa, bem como a realização das ações estratégicas de melhorias comuns ao conjunto dos APLs definidas no componente 1. Serão financiados projetos estruturadores, qualificadores, cooperativos e experimentais nos campos de: (i) governança, gestão e administração a nível do APL; (ii) capacitação e assessoria empresarial; (iii) tecnologia industrial básica (TIB) e inovação tecnológica e organizacional; (iv) meio ambiente e desenvolvimento social; (v) logística; e (vi) comercialização, prospecção de mercado e exportações. Inicialmente, o Programa apoiará a implementação das atividades propostas nos PMCs preparados para os APLs iniciais de Gesso e Confecções. Posteriormente, serão co-financiadas as atividades constantes nos PMCs dos outros 2(dois) APLs. c) COMPONENTE 3 – IMPLEMENTAÇÃO DE APLICAÇÕES ESTRATÉGICAS DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) PARA APLS Este componente, de caráter transversal, promoverá mecanismos para favorecer a incorporação de TICs na gestão dos projetos de cada APL, e para facilitar o seu uso na melhoria dos produtos, processos e serviços das empresas e organizações participantes dos APLs selecionados, incluindo o cumprimento da legislação socioambiental e a implantação de tecnologias mais limpas nas empresas. As intervenções serão baseadas em um diagnóstico da situação e necessidades dos APLs com relação às TICs, de acordo com o conteúdo dos respectivos PMCs, e se apoiarão na experiência e capacidades já desenvolvidas pelo Estado neste campo. As aplicações e intervenções que serão desenvolvidas através deste componente serão organizadas sob uma arquitetura única denominada Cluster Resource Planning (CRP), a qual integrará um conjunto de ferramentas de informática, que podem ser acessadas em forma massiva via Internet, orientadas à gestão do conhecimento das empresas em cada APL (informação estratégica, comercial, produtiva, operacional, e afins), à gestão e governança do Programa e dos APLs (execução e administração do Programa e gestão da governança local de cada APL), e à gestão individual das empresas (contabilidade, finanças, recursos humanos, e afins). Este componente irá financiar a modelagem, o desenvolvimento e a aquisição dos componentes do Cluster Resource Planning (CRP), bem como as atividades de implantação de módulos prioritários do CRP, incluindo capacitação, serviços e aquisições. d) COMPONENTE 4 – SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DAS LIÇÕES APRENDIDAS DO PROGRAMA Este componente financiará a implementação e funcionamento de um sistema de acompanhamento e avaliação envolvendo as diversas linhas de ação e o conjunto do Programa, incluindo aspectos de gestão e aprendizagem resultantes da aplicação das metodologias de apoio aos APLs e a divulgação das lições aprendidas. 11 O Estado de Pernambuco assinou o contrato de empréstimo nº 2147/OC-BR com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em junho/2011, e aditado em dezembro/2015, onde se propõe a utilizar parte dos recursos para efetuar pagamentos de despesas elegíveis em virtude do Programa de Produção e Difusão de Inovações para a Competitividade de 04 (quatro) Arranjos Produtivos Locais (APLs) do Estado. O Programa é uma parceria entre o BID, o Governo do Estado, que assinaram o contrato de empréstimo nº 2147/OC-BR, Sistema FIEPE e o SEBRAE-PE, assim como o envolvimento de outras instituições de CT&I. Serão aportados recursos da ordem de 16,7 milhões de dólares para a execução do Programa, distribuídos para os 4 (quatro) componentes e atividades de administração e avaliação. Do montante de recursos previstos para o Programa, 12,602 milhões de dólares serão utilizados para financiar atividades propostas nos PMCs de 4(quatro) APLs, bem como para ações estratégicas comuns aos 4(quatro) e outras ações definidas em seus Componentes. O Governo do Estado de Pernambuco, via SECTIS, definiu a Estratégia de Ciência, Tecnologia e Inovação para Pernambuco, que visa promover condições para maior competitividade pernambucana que favoreçam a transformação social, elevação da qualidade de vida e da prosperidade baseadas em conhecimento, aprendizagem e inovação. Essa estratégia foi formulada tendo como referencial um novo modelo de desenvol- vimento baseado no conhecimento, aprendizagem e inovação, e para tal orienta e promove ajustes e articula programas já em andamento, como o ProAPL. A inserção do ProAPL nas diretrizes de Ciência e Tecnologia e Inovação, se dará com a implementação de ações estratégicas e estruturantes comuns aos 4 APLs previstas no ProAPL para criar as condições de estrutura para a conectividade e interação de suas várias ações entre os diversos atores locais com o mundo do conhecimento externo à região, como: Desenvolvimento do Information Hub (infraestrutura para interação e tráfego de conteúdo). Ferramenta de TIC contemplando o BPM – Business Process Management voltado ao desenvolvimento e aceleração de empreendimentos nos APLs, apoiando-se no modelo CERNE – Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos. Elaboração de conteúdos a serem disseminados pela plataforma COAM – Cursos Online Abertos Massivos para o desenvolvimento e aceleração de empreendimentos. Construção de uma rede de transmissão de longa distância com tecnologia óptica DWDM. 12 3 ABORDAGEM METODOLÓGICA Neste capítulo descreve-se a abordagem metodológica utilizada no desenvolvimento do Plano de Melhoria da Competitividade do APL de Laticínios com a participação dos diversos atores envolvidos no APL, empresários, dirigentes e técnicos do IPA, ADAGRO, ITEP, SECTI, SDEC, SEBRAE e outras entidades parceiras. Além desse envolvimento, três diretrizes básicas foram colocadas em todas as entrevistas e reuniões de trabalho: 1) A responsabilidade pela competitividade das empresas é dos empresários (que investem, arriscam, tem experiência no negócio) e, portanto, cabe a eles a decisão das ações, a partir de uma construção dentro de um processo orientado de discussão técnica e voltado para resultados; 2) O PMC deve ser visto como uma ferramenta catalisadora para o APL. As suas ações devem ser vistas como demonstrativas e devem ser continuadas após período do Programa, com os ajustes necessários, para que se possa ter o resultado mais amplo que se espera de competitividade e sustentabilidade a médio e longo prazo. Para isso, deve-se ter um processo de sensibilização/mobilização dos empresários, apoiado pelo resultado das ações e o efeito de demonstração, conduzido pelas entidades de governança do APL; 3) O trabalho de elaboração do PMC, em todas as suas fases considerou as seis linhas de apoio do Programa. A partir das diretrizes citadas anteriormente discute-se aqui a metodologia utilizada no trabalho referenciando a Abordagem Participativa, Enfoque Estratégico do APL, Metodologia para as Ações voltadas a Gestão e Racionalidade Econômica para a Intervenção. ABORDAGEM PARTICIPATIVA Para a realização do trabalho, o Consórcio utilizou uma metodologia participativa que buscou construir o diagnóstico, visão, estratégia e iniciativas de ação em colaboração com os diversos atores envolvidos no APL. Isto não implica que o PMC reflita uma simples “carteira de demandas” do APL. Durante todo o processo, o Consórcio orientou o desenvolvimento da estratégia de diversas formas: apontando lacunas e oportunidades com base no diagnóstico e contribuição dos especialistas setoriais da equipe; apresentando uma visão para o APL validada com os empresários; e estruturandoas iniciativas de ação com base nas necessidades apontadas para o APL e com base em uma metodologia para a implementação das ações (discutida mais adiante). Portanto, durante todo o processo de construção, houve um equilíbrio e sinergia entre a contribuição dos empresários e a orientação técnica da equipe consultora e dos técnicos do ITEP, SECTIS e SDEC. A metodologia participativa foi implementada por via de várias atividades estruturadas descritas a seguir. Reunião de nivelamento conceitual Reunião de nivelamento conceitual com os técnicos do ITEP, SECTI, SDEC, quando se discutiu principais informações sobre o APL, estrutura no APL para condução dos trabalhos, sobre os Comitês Gestor, Marco lógico do Programa ProAPL, metodologia e conceitos a serem utilizados pelo Consórcio, definição de um cronograma de trabalho abordando os principais eventos. Reunião de sensibilização Reunião de sensibilização junto ao Comitê Gestor para informar e discutir sobre o entendimento do trabalho a ser realizado e sensibilizá-los a construírem juntos com o Consórcio o PMC. 13 Entrevistas estruturas com diversos atores Entrevistas estruturadas junto a diversos atores do APL previamente agendadas (SEBRAE, IPA, ADAGRO, empresários de laticínios, produtores de leite, organizações de produtores), com o objetivo de informar sobre o PMC, a sua forma de construção, e ouvir deles informações, principalmente sobre o ponto de vista qualitativo e de governança e gestão do APL, para o diagnóstico do APL. Entrevistas de profundidade O diagnóstico contará com indicadores que apresentarão a realidade do APL e servirá para definição da linha de base para que em um futuro próximo a execução do PMC possa ser avaliada e apontar a evolução das melhorias e competitividade. Para isso, foi realizada pesquisa para conhecer o perfil da região, na visão dos produtores quanto ao tipo de produção, seu mercado, forma e canais de comercialização, o custo do seu negócio, rentabilidade, o nível de risco, assistência técnica, uso do crédito rural, a forma de busca de tecnologia, inovação que podem elevar a rentabilidade das propriedades, perspectiva de expansão do negócio e ações de sustentabilidade. O levantamento de dados no APL foi realizado considerando dois públicos alvos: produtor de leite e empresários da indústria de laticínios e foi adotada a ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE como meio para este levantamento (veja detalhe da metodologia no Documento Produto 2 – APL Laticínios). Essas entrevistas foram previamente agendadas. No momento da entrevista, esclareceu-se sobre o ProAPL e PMC, a forma de construção do PMC, a importância da participação dos empresários e coletar sugestões de ações necessárias para o crescimento sustentável do APL, com base nas seis (6) linhas de apoio do Programa. Workshop diagnóstico e cenário estratégico Workshop diagnóstico e cenário estratégico - ITEP Foi realizado na sede da SECTI, para as equipes da SECTI, SDEC e ITEP, com os objetivos: a) Discussão sobre o Diagnóstico (versão preliminar), apontamento de sugestões e validação técnica para apresentação junto aos atores do APL. b) Discussão da visão estratégica aonde se quer chegar para cada APL, sob a ótica do grupo técnico ITEP/Consórcio, definindo as Macro ações estruturantes necessárias ao desenvolvimento do APL. Os tópicos apresentados foram: Desenvolvimento e sustentabilidade de APL Diagnóstico do APL Aspectos de mercado Estudos de casos de sucesso - Benkmarketing Cenário estratégico focando o negócio e visão do APL Análise FOFA e Macro ações. A apresentação aconteceu em formato de reunião com duração de 12 horas. Participaram ativamente do evento Secretária da SECTI, Presidente do ITEP, Subsecretário da 14 SDEC e suas respectivas equipes. Na reunião foram abordados os conteúdos do workshop, mediante apresentação, pela equipe do Consórcio, utilizando-se de metodologia dialogada com os participantes e com suporte visual / power point. O diagnóstico foi pré-validado pelos participantes para validação final pelo Grupo Gestor e demais representantes de cada APL. Workshop diagnóstico e cenário estratégico – Atores Foi realizado nas instalações da Unidade Acadêmica de Garanhuns, com a apresentação e coordenação da equipe do Consórcio Plena-TPF, acompanhada por representantes da SECTIS, SDEC e ITEP, com duração de 8 horas. Participaram os membros do Grupo Gestor, produtores, instituições representativas da classe, representantes de órgãos estaduais e empresários do setor. Os objetivos foram: Diagnóstico 1) Apresentação do Diagnóstico do APL, com suas potencialidades e lacunas, preparado com o viés da equipe técnica; 2) Apresentação e discussão sobre as tendências mundiais do setor incluindo aspectos de tecnologia, mercado, governança e condições socioambientais; 3) Apresentação e análise dos estudos de casos (benchmarking), casos nacionais e internacionais; 4) Construção da análise FOFA; 5) Identificação de novas lacunas e validação do Diagnóstico. Cenário estratégico 1) Discussão e validação do cenário estratégico para o desenvolvimento do APL com a definição do negócio e visão. 2) Analisar as “macro ações” propostas pela equipe técnica, discutir, e propor ajustes nas “macro ações” e/ou apontar novas “macro ações”. Os tópicos apresentados foram: Desenvolvimento e sustentabilidade de APL Diagnósticos dos APL Aspectos de mercado Estudos de casos de sucesso - Benkmarketing Cenário estratégico focando o negócio e visão do APL Construção de análise FOFA do APL e Macro ações. A metodologia básica utilizada foi a de “Word Café” apoiada por apresentações em visual em power point e intermediadas por animações participativas do grupo, realizadas durante todo o evento por especialista em comunicação social do Consórcio. Neste conjunto de métodos de socialização da informação em que envolveu os participantes, os levaram a discutir, analisar, propor ajustes a partir de um nivelamento e onde os atores passam a sugerir várias ideias, ações e processos para melhoria da competitividade e 15 sustentabilidade do APL. Todo este trabalho foi pautado em “áreas temáticas” ou “linhas de apoio” pré-definidas pelo programa ProAPL: Capacitação e assessoria empresarial; Tecnologia básica industrial e agroindustrial e inovações tecnológica e organizacional; Prospecção de Mercados, comercialização e exportação; Governança, gestão e administração; Logística e Meio ambiente e desenvolvimento social. Todas estas seis linhas foram abordadas num ambiente matricial e de transversalidade, principalmente a de Meio ambiente e Desenvolvimento social. Reuniões programadas Foram realizadas várias reuniões, com diversos atores, para complementar informações e discutir ações e estratégias com o IPA, ADAGRO e Instituto de Laticínios do Agreste. ENFOQUE ESTRATÉGICO DO APL É importante caracterizar a abordagem utilizada pelo Consórcio na definição do enfoque estratégico para o desenvolvimento do APL. Este enfoque inclui dois vetores: a estratégia estruturante e uma estratégia de posicionamento de mercado. A estruturante inclui iniciativas focadas principalmente no aumento da produtividade, fortalecimento da cadeia de valor e governança (colaboração entre os atores), melhorando as capacidades dinâmicas no APL, para que este possa ajustar sua estratégia de mercado de forma contínua, de acordo com as oportunidades de mercado e com as mudanças no ambiente de negócios (tendências de consumo, competição, tecnologia). A estratégia de posicionamento de mercado inclui iniciativas para ampliação de mercados. Portanto, o plano de ações inclui uma combinação de iniciativas estruturantes e iniciativas focadas no desenvolvimento de mercados específicos – que se reforçam mutuamente. Todas as ações identificadascom os empresários, analisadas, complementadas e consolidadas, estão ligadas às lacunas, à visão estratégica, e às prioridades identificadas com os empresários. As estratégias baseadas puramente em um posicionamento de mercado não têm sustentabilidade, pois muitas vezes não consideram que as empresas precisam realizar várias atividades para atender a estes mercados: estruturar suas operações, buscar novas tecnologias ou implantar novas práticas de gestão. Além do mais, um mercado que parece ser atrativo em curto prazo, na ausência de barreiras de entrada, pode-se degradar rapidamente com a entrada de outros competidores. Estratégia estruturante Essa estratégia é o ponto fundamental para a melhoria da competitividade do APL. A abordagem visa identificar como a cadeia de valor do APL deve ser reforçada visando maior produtividade, redução de custo e sustentabilidade do negócio. Entende-se que, qualquer estratégia de mercado deve estar ancorada em questões fundamentais de produtividade e tecnologia, gestão empresarial, gestão de pessoas, ações ambientais, e contar com um eficiente sistema de governança que permita um direcionamento na coordenação de ações. Na concepção do Consórcio, as empresas do APL devem estar estruturadas para atender a mercados diferentes de forma rápida e competitiva, de acordo com as oportunidades e dentro de um posicionamento de mercado coerente. Isto não implica que empresas não devam ter um direcionamento competitivo inicial (discutido mais adiante). Porém uma estruturação das empresas permite que estas atendam a mercados diferentes, diversificando suas vendas e aumentando sua sustentabilidade. Portanto, um elemento importante nessa estratégia de estruturação é a ampliação de capacidades dinâmicas nas empresas (e no APL) para que estas possam ajustar sua estratégia de mercado de forma contínua com base em novas oportunidades de negócio, informações de 16 mercado, tendências de consumo, novas tecnologias e mudanças no cenário competitivo (como novos competidores). Mudanças no ambiente de negócios também incluem fatores macroeconômicos (como o câmbio, que afeta a rentabilidade das exportações e a competição por parte de produtos importados) e aspectos regulatórios como barreiras tarifárias ou não tarifárias. Portanto, a competitividade globalizada torna o mercado muito dinâmico, por isso, as empresas devem estar preparadas para um ajuste de direcionamento continuado e não pontual. O conceito de capacidades dinâmicas é baseado na literatura recente sobre estratégia de negócios (exemplos: David Teece, Dynamic Capabilities, Tushman and Reilly, Ambidextrous Organizations, Constance Helfat (Ed.) Compilação de artigos sobre Dynamic Capabilities). Com as mudanças cada vez mais rápidas de mercado, tendências de consumo, tecnologia e competição, as estratégias de mercado têm “vida útil” mais curta e devem ser ajustadas de forma contínua, porém sem perder de vista as vantagens competitivas das empresas ou do APL. Portanto, é necessário desenvolver capacidades e processos internos nas empresas e nos APLs para a criação e atualização de estratégias. Segundo a Professora Constance Helfat, da Universidade de Dartmouth, o enfoque acadêmico atual se voltou para “dentro das empresas”, para a compreensão dos ativos e capacidades que tornam algumas empresas mais competitivas que outras, incluindo processos formais e informais para a identificação de novas oportunidades de mercado. Este mesmo conceito é estendido ao APL. As capacidades dinâmicas e a inovação também são importantes dentro do conceito de “upgrade” da cadeia de valor (veja, por exemplo, Kaplinsky e Morris, A Handbook for Value Chain Research). Kaplinsky e Morris apontam que as capacidades dinâmicas podem apoiar quatro tipos de “upgrade” da cadeia de valor: Upgrade de processos: aumento da eficiência de processos, tanto dentro das empresas como entre os “elos” da cadeia de valor (por exemplo, ajustes no processo de produção do leite). Upgrade de produtos: desenvolvimento de novos produtos ou melhoria da qualidade de produtos existentes de forma mais rápida que os competidores (ex. implantação da IG). Upgrade funcional: aumento do valor agregado mudando o “mix” de atividades realizadas dentro da empresa e terceirizadas (por exemplo, contabilidade, logística, controle de qualidade), ou adquirindo novas competências dentro da cadeia de valor (como, por exemplo, novos mercados). Upgrade para nova cadeia de valor: mudança para nova cadeia de valor (por exemplo, as empresas de Taiwan evoluíram de rádios, para calculadoras, TVs, a computadores e atualmente a produção de smartphones). Algumas iniciativas propostas nesta linha incluem: prospecção de mercado contínua, sistemas de informação de mercado para o APL, capacitações, ajustes no processo atual de produção, desenvolvimento de novas tecnologias na produção de leite, bem como outras iniciativas de fortalecimento da governança do APL, e como exemplo, a seguir são listadas algumas dessas ações. 17 Estratégia de posicionamento de mercado A Consultoria construiu com o seu conhecimento, o conhecimento do especialista setorial e a experiência dos empresários, uma orientação de posicionamento de mercado, com base em oportunidades para ampliação de mercados e na compreensão das vantagens competitivas do APL (presentes e potenciais). Para isso, é importante valorizar o conhecimento e experiência dos empresários sobre os seus negócios e mercados, principalmente as médias/grandes empresas do APL. Por isso, o foco inicial foi de conhecer os mercados consumidores de queijo coalho para ampliar a participação nesses mercados. As iniciativas verticais se baseiam no desenvolvimento de mercados específicos (que serão prospectados) ou iniciativas que visam preparar o APL para competir em certos nichos de mercado. Como mencionado acima, as estratégias verticais devem estar ancoradas em uma visão estruturante para o APL. METODOLOGIA PARA INICIATIVAS VOLTADAS A GESTÃO O plano de ação apresenta várias iniciativas voltadas à capacitação em gestão (gestão empresarial, gestão ambiental, entre outras). A importância dessas ações na sustentabilidade do APL levou o Consórcio a utilizar uma abordagem consistente para a execução futura dessas iniciativas. A metodologia se baseia fundamentalmente na sensibilização/mobilização dos empresários em cada ação, em consultorias individuais, com base nas quais serão desenvolvidas ferramentas de gestão e um documento de melhores práticas, que orientará uma segunda fase de consultoria. Portanto, foi utilizada a seguinte sequência de atividades: Sensibilização e mobilização: Muitos projetos/ações em vários APLs não apresentam os resultados esperados, quase sempre em função de um inadequado processo de conscientização e, portanto, mobilização. Prevendo essa lacuna, está se propondo um processo de sensibilização e mobilização ancorado num Plano de Comunicação específico para cada ação. Consultorias iniciais: Consultorias iniciais serão realizadas para auxiliar as empresas e, também, formar uma base de conhecimento sobre as necessidades específicas do APL: melhoria de processos de gestão, o uso de ferramentas de gestão, etc. Essa consultoria inicial facilitará e dará base real ao processo de capacitação. EXEMPLO DE AÇÕES CONTRIBUIÇÃO PARA CAPACIDADE DINÂMICA Gestão empresarial Fortalecimento do processo de planejamento estratégico de forma contínua , com avaliação de riscos, novos produtos, oscilação de mercado, perspectiva de inserção em novos mercados. Plano de gestão cooperativo - Projeto Piloto Fortalecimento do processo cooperativo, planejamento estratégico e melhora da rentabilidade. Prospecção tecnológica internacional - suporte forrageiro Inovação no processo produtivo (ajuste tecnológico no uso de forrageira), com melhoria da produtividade, reduçãode custo, criar condições para sustentação no mercado. Inovação tecnológica na produção de leite Inovação no processo produtivo , com melhoria da qualidade e produtividade, redução de custo, melhora produtos dos laticínios. Prospecção de mercado para queijo coalho, artesanal e pasteurizado Estabelecer processos contínuos de planejamento estratégico nas empresas para atuação nos mercados atuais e novos mercados. Implementação IG Estabelecer processos contínuos de qualidade nas empresas para atuação nos mercados atuais e novos mercados. Sistema de informações centralizado O sistema inclui um módulo de informação e inteligência de mercado, que deve servir como base para o monitoramento e avaliação de mercados atuais e futuros, considerando, por exemplo, as mudanças no ambiente de negócios, como novos competidores, tendência de consumo com mais exigências. Comunicação e marketing do APL Esta ação apoia a imagem e posicionamento do APL nos mercados atuais e futuros, com base em uma orientação de posicionamento de mercado. Fonte: Elaboração Consórcio PLENA/TPF. 18 Elaboração de ferramentas para consultorias futuras e workshops: Com base no conhecimento específico obtido nas consultorias iniciais, propõe-se um conjunto de ferramentas: manual de melhores práticas, específico para o contexto do APL, ferramentas de TI para gestão (padronizadas ou customizadas), próprias para o APL, e desenho de processos produtivos ou de gestão. As ferramentas e modelos de gestão desenvolvidos nesta atividade serão utilizadas em workshops específicos, quando se discutirá com os participantes da capacitação em gestão, a base conceitual do segmento de gestão. Consultorias individuais: Rodadas de consultorias serão realizadas individualmente junto às empresas participantes para, in loco, construir com o empresário uma estratégia específica de execução de ações do segmento de gestão, e também para avaliar e ajustar as suas ações. Workshops de melhores práticas: Na finalização do processo de capacitação, propõe- se a realização de workshops de melhores práticas, envolvendo as empresas participantes e outras convidadas, para (a) avaliar o resultado da ação, (b) disseminar a base de conhecimento desenvolvido nas atividades anteriores, e (c) iniciar um processo de sensibilização para mobilizar novos empresários a participar da capacitação. RACIONALIDADE ECONÔMICA PARA A INTERVENÇÃO O programa visa apoiar a competitividade do APL, e principalmente de suas pequenas empresas. A maioria das iniciativas visa corrigir falhas de coordenação entre as empresas, ou entre as empresas e as instituições presentes no APL. Várias iniciativas também visam alavancar economias de escala (compartilhando custos fixos). A seguir apresentamos exemplos. Algumas ações visam melhorar a integração e coordenação entre instituições de ensino/pesquisa e o APL – para transferência de tecnologia, capacitação ou outros temas. Ações de gestão empresarial e gestão ambiental, entre outras, visam dividir os custos de pesquisas de melhores práticas entre pequenas empresas. Estas pesquisas apontarão soluções que podem ser implementadas por grupos de pequenas empresas que compartilham as mesmas características. Após a definição de melhores práticas, os processos e tecnologias serão implantados por via de assessorias técnicas de 3-4 dias, no total, dentro das empresas. Normalmente as pequenas empresas não têm a consciência da importância deste tipo de assessoria técnica direta, portanto o programa também visa conscientizar as empresas sobre esta prática. O PMC também inclui ações conjuntas de marketing para o APL que requerem coordenação, como prospecção de mercado, construção e gerenciamento, e fortalecimento da marca do APL. Ações de governança do APL – como fortalecimento da EGL, Sistema de informações centralizado para o APL e Plano de Comunicação do APL – objetiva fortalecer o processo de coordenação do APL, dividindo também alguns custos fixos (por exemplo, no desenvolvimento de bancos de dados e sistemas de informação para inteligência de mercado). 19 Todas as iniciativas mencionadas acima possuem aspectos importantes de coordenação, e muitas também procuram compartilhar custos fixos entre as empresas quando existem economias de escala ou de escopo. O programa também procura conscientizar as pequenas empresas sobre melhores práticas de gestão, trazendo novas informações e conhecimentos para as empresas. Muitas vezes as pequenas empresas não utilizam ferramentas e processos de gestão por falta de conhecimento e conscientização (“falhas de informação”). O PMC promoverá esta conscientização nas pequenas empresas do APL por via de um processo que inclui um programa, mobilização, planos de comunicação, workshops e principalmente por vias das assessorias técnicas dentro das empresas (“learning by doing”). 20 4 DIAGNÓSTICO No início dos trabalhos o Consórcio realizou uma visita ao APL com o objetivo de obter uma visão geral da cadeia produtiva e subsidiar de informações para montagem da estratégia de entrevistas e coleta de dados. Paralelamente foi realizada uma revisão de documentação e bibliografia, pertinente ao APL. Como resultado foi observado: A falta de água limita a produção de forragem para o gado leiteiro, restringindo drasticamente o potencial produtivo dos animais cujo grau de sangue está entre Girolando e Holandês, sendo que em alguns rebanhos visitados observou-se a predominância de gado Holandês de boa procedência. Dentro das queijarias, muito se pode avançar nas boas práticas e na proteção do ambiente de trabalho. Existência de muitas queijarias informais. Mudar a realidade da produção é o processo de regularização destas queijarias. A lei estadual está flexibilizando esse processo com o intuito de atrair mais queijarias para a formalidade. A região produz vários produtos derivados do leite como, manteiga, queijo manteiga, iogurte e em maior quantidade o queijo de coalho artesanal que é uma tradição desta região. Processo de indicação geográfica do queijo de coalho artesanal como uma iniciativa estimuladora para melhoria da qualidade dos produtos, bem como uma diferenciação importante para os produtos regionais alcançarem novos mercados e obterem melhores preços. As informações estão descentralizadas, cada instituição/organização tem dados próprios, e que para um determinado tipo de informação, existe em várias instituições, mas com resultados divergentes. Não há dados estatísticos na região para elaboração de um diagnóstico que se aproxime da realidade do APL, como por exemplo: produtividade do rebanho, renda dos produtores, capacidade instalada dos laticínios, empregos gerados, faturamento bruto, logística de captação e recepção do leite, destinação de efluentes, nível de participação em organizações associativas, processo de certificação, entre outros. A definição de uma boa estratégia de desenvolvimento de um APL depende do conteúdo do diagnóstico, que deve focar a cadeia, desde por exemplo a produção de leite (custo, tecnologia, índices zootécnicos, etc.), a produção de derivados, do processo de comercialização (exemplo, canal de distribuição, destino), dos dispositivos para inovação, da capacidade de geração de emprego e renda, da capacidade de organização dos vários segmentos, do valor da produção, do processo de governança e gestão do APL, entre outras informações. Mas durante as entrevistas na visita inicial, leitura e análise de documentos verificou-se que muitas dessas informações não estavam disponíveis, o que poderia levar à construção de um PMC que não representasse a realidade. Diante da falta de dados consistentes e atuais sobre o APL, o Consórcio decidiu realizar um levantamento de dados com base numa metodologia estatística específica, detalhada no Produto 2 – APL – Laticínios.Com isso, passa-se ter um diagnóstico consistente e representativo da realidade, o que permite gerar informações e uma análise mais aprofundada do APL, que leve para um cenário estratégico e ações mais adequadas à melhoria da competitividade. 21 A metodologia utilizada para construção do diagnóstico, sob a coordenação de especialistas do setor, constituiu de análise de dados e informações obtidas via revisão de documentação existente sobre os setores e informações na região por meio de entrevistas com lideranças locais, produtores e empresários e instituições, utilização dos dados gerados nas entrevistas de profundidade e discutida com os diversos atores no Workshop sobre o Diagnóstico. Dessa forma, permitiu desenvolver uma análise da situação atual dos diferentes aspectos compreendidos no escopo do Arranjo Produtivo Local – APL, Laticínios do ProAPL nos municípios compreendidos por Águas Belas, Arcoverde, Bom Conselho, Buíque, Capoeiras, Garanhuns, Iatí, Itaíba, Pedra, Pesqueira, São Bento da Una e Venturosa. Os resultados do diagnóstico visam subsidiar a elaboração do Plano de Melhoria da Competitividade – PMC do setor de Laticínios, compreendido pela produção de uma variada gma de produtos lácteos. CARACTERIZAÇÃO DO APL Caracterização geral O APL Laticínios tem na sua produção de lácteos mais de 20 itens. Eles vão do leite pasteurizado, queijo de coalho, queijo mussarela, bebidas lácteas, iogurte, manteiga, queijos finos dentre outros produtos. O queijo de coalho é o produto “carro chefe” do APL. No APL Laticínios segundo a ADAGRO, estão registradas, em abril/2017, 47 empresas de laticínios caracterizadas da seguinte forma: Queijaria artesanal (33); Fábrica de laticínios (6); Usina de beneficiamento (5) e Laticínios sifados (3). Em 2016, estavam em operação 46 empresas, apenas 1(uma) de usina de beneficiamento não estava operando. Os conceitos adotados pela equipe do ITEP para cada tipo destas empresas de laticínios são enunciados a seguir: Queijaria artesanal: Sob Serviço de Inspeção Estadual (SIE) para produção de queijos artesanais (queijo de coalho artesanal com leite cru, queijo de manteiga e manteiga de garrafa). Geralmente usa leite próprio e/ou compra leite de outros produtores. Geralmente, empresas beneficiam de 1.000 a 6.000 litros de leite/dia. Fábrica de laticínios: Sob Serviço de Inspeção Estadual (SIE) para produção de produtos produzidos com leite pasteurizado (fermentados, queijos como mussarela, ricota, prato, queijo de coalho tipo pasteurizado, manteiga, doce de leite, coalhada, etc.). Geralmente, empresas beneficiam de 5.000 a 20.000 litros de leite/dia. Usina de beneficiamento: Sob Serviço de Inspeção Estadual (SIE) para produção de leite pasteurizado para consumo humano, beneficiando de 5.000 a 20.000 litros de leite/dia. Laticínio sifado. Serviço de Inspeção Federal (SIF). Produtos com leite pasteurizado. Geralmente são empresas que buscam mercado interno estadual e de outros estados (principalmente nordestino). Indústrias de mais de 50.000 litros de leite/dia. 22 Além do parque de laticínios registrados na ADAGRO, existem os laticínios não registrados (queijaria informal), e os “queijeiros¨, que produzem na própria propriedade. Não existe estatística sobre esse grupo. Estima-se que 56% do leite produzido na região, em 2016, foram beneficiados sob essa condição. O produto é comercializado de forma clandestina dentro e até fora do Estado de Pernambuco. Não existe, entretanto, nenhuma estatística formada com relação a quantificação deste tipo de beneficiamento no Estado a não ser dados estimativos, mas sem consenso das instituições públicas. Segundo os empresários, em anos de maior produção que o 2016, a percentagem de clandestinidade chega a mais de 75%. Recentemente, o Estado de Pernambuco estabeleceu legislação específica regularizando a queijaria artesanal familiar de pequeno porte, formada por pequenos produtores de queijo de coalho, geralmente de 50 a um máximo de 1000 litros de leite por dia. Esta categoria passou a ter uma qualificação Estadual destinada para agricultores familiares que, entretanto, devem possuir o DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf) e ter o registro no SIE (Serviço de Inspeção Estadual) para a produção de queijo artesanal (somente com leite próprio); ou caso utilizem leite de agricultores familiares vizinhos, os produtos devem ser pasteurizados. Essa legislação Estadual visa a facilitação da formalização destes pequenos produtores. Como essa legislação é recente, alguns produtores estão em fase de implantação, mas, ainda, não estão registrados. No tocante aos serviços e demais inputs, necessários à operação e produção das empresas de laticínios, são todos aqueles correlatos ao desenvolvimento de produtos lácteos. Caracterização territorial O Estado de Pernambuco está dividido em doze regiões de desenvolvimento. Esta divisão é baseada na Lei Estadual nº 12.427 de 25/09/2003 e são as seguintes as regiões de desenvolvimento: Metropolitana, Sertão do São Francisco, Agreste Central, Mata Sul, Agreste Meridional, Mata Norte, Sertão do Araripe, Sertão do Moxotó, Sertão de Itaparica, Agreste Setentrional, Sertão do Pajeú e Sertão Central. Os Municípios do Arranjo Produtivo Local, estão identificados nas regiões de desenvolvimento conforme tabela a seguir. Tabela 4.1 - Relação dos municípios do APL por Região de Desenvolvimento. Região de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco Águas Belas Agreste Meridional Arcoverde Sertão de Moxotó Bom Conselho Agreste Meridional Buíque Agreste Meridional Capoeiras Agreste Meridional Garanhuns Agreste Meridional Iati Agreste Meridional Itaíba Agreste Meridional Pedra Agreste Meridional Pesqueira Agreste Central São Bento do Una Agreste Central Venturosa Agreste Meridional Município Fonte: Tabela preparada pelo Consórcio Plena-TPF - Banco de dados do Estado BDE. 23 Verifica-se na tabela anterior que a maioria (9) dos municípios está localizada na região do Agreste Meridional. Dois estão na região do Agreste Central e somente um na região do Sertão de Moxotó. Caracterização climatológica As informações sobre caracterização climática do APL foram obtidas no trabalho “Variabilidade Climática na Bacia Leiteira de Pernambuco”, apresentado no XII - Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica (SBCG), por WANDERLEY, L.S.A. et al. “A região do APL apresenta um regime térmico pluviométrico, característico das áreas transitórias, entre os climas úmidos da Zona da Mata e o clima semiárido das depressões interplanálticas do interior da Região Nordeste”. Por esta razão, apresentam grande variabilidade espacial e temporal dos valores de precipitação. De maneira geral, o período chuvoso da bacia leiteira se estende de março a julho, com valor máximo médio de precipitação no mês de junho. O período seco do ano se estende entre os meses de primavera e verão, de agosto a janeiro. Os valores médios de precipitação mensal na bacia leiteira são superiores a 80 mm entre os meses de março e julho, atingindo 100 mm durante o mês de junho. Entre os meses de setembro e dezembro as médias mensais de precipitação são inferiores a 50 mm, compreendendo o período mais seco do ano. A média anual de precipitação para a região é de 772 mm, com desvio padrão de 206 mm e coeficiente de variação de 26,6%, o que sugere para a região uma expressiva variabilidade interanual dos valores médios anuais de chuva. Analisados os anos entre 1921 e 2015, observou- se uma sequência bastante irregular na distribuição dos índices ao longo do período. Revelam a ocorrência de três anos extremamente secos, quatro extremamente úmidos, treze muito secos, catorze muito úmidos, catorze moderadamente secos, nove moderadamente úmidos e trinta e oito habituais ou próximos ao normal. Portanto, trinta anos estão enquadrados na categoria secae vinte e sete nas úmidas. Isto mostra que a chuva se comporta de maneira irregular, em ciclos que intercalam anos chuvosos e outros secos. As temperaturas médias mensais têm uma amplitude anual de 4,1 °C. As maiores médias mensais ocorrem nos meses de verão, com valor máximo em dezembro e janeiro de 23,8ºC, já as menores temperaturas médias mensais ocorrem entre os meses de maio e agosto, com valor mínimo no mês de julho 19,7ºC. Os climas da área de estudo podem ser classificados, de acordo com o índice de aridez, em semiáridos, subúmidos secos, subúmidos úmidos e úmidos. Na maior parte da área do APL, predominam climas subúmido seco e subúmido úmido com índices de aridez variando entre 0,52 e 0,90. Localização e acesso A área foco do APL compreende municípios de duas regiões de desenvolvimento do Estado de Pernambuco. As regiões do Agreste Central e do Agreste meridional. O referido Programa definiu doze municípios influentes na produção de leite, laticínios e queijaria artesanal de queijo coalho. Estes municípios são: Águas Belas, Arcoverde, Bom Conselho, Buíque, Capoeiras, Garanhuns, Iati, Itaíba, Pedra, Pesqueira, São Bento do Una e Venturosa. Todos eles gravitam no entorno do município polo de Garanhuns, conforme mostra a figura a seguir. 24 Figura 4.1 - Região do APL Laticínios. 25 Recife dista a 235 km da cidade polo do APL, Garanhuns, no sentido leste oeste para o interior do Estado. O acesso, a partir de Recife no sentido Garanhuns, se dá pela BR 232, rodovia de pavimento asfaltado e em pista dupla de Recife até São Caetano por 154 km. A partir daí, segue pela via BR 423, também asfaltada, mas em pista simples por 81 km, até Garanhuns. Na tabela a seguir são indicadas as distâncias em linha reta e por via rodovia entre Garanhuns e as onze outras cidades do APL, bem como o tempo de viagem em minutos via rodoviária. Tabela 4.2 - Distâncias entre Garanhuns e cidades do APL. População A população dos municípios que integram o APL de acordo com o IBGE – Censo 2010 e estimativa de 2016 é de aproximadamente 590 mil habitantes. Garanhuns lidera com uma população de aproximadamente 138 mil pessoas. Quanto a relação população urbana/rural, Arcoverde e Garanhuns se apresentam com a maior concentração urbana, em torno de 91% e 89%, respectivamente. Os Municípios de Buíque, Capoeiras, Iatí e Itaíba apresentam a concentração da população no meio rural em mais de 50%. No todo do APL, a população urbana é de 372.597 habitantes e a rural de 180.825. A tabela a seguir discrimina a população no total por município e as respectivas populações urbana e rural, estas, referentes ao ano de 2010 em função de não disponibilidade de dados. Trecho de Tempo em Garanhuns a: Linha reta Via rodoviária minutos via rodovia Águas Belas 73 83 68 Arcoverde 81 91 83 Bom Conselho 39 49 47 Buíque 71 101 110 Capoeiras 24 33 40 Iati 43 53 47 Itaíba 102 122 102 Pedra 88 107 99 Pesqueira 64 92 83 São Bento do Una 40 56 58 Venturosa 54 59 50 Fonte: Quadro elaborado pelo Consórcio Plena-TPF. Distâncias 26 Tabela 4.3 - Populacional total, urbana e rural das cidades do APL - Anos 2000, 2010 e 2016. Analisando a tabela anterior verifica-se, também, que os municípios de Venturosa, Buíque e São Bento do Una foram os que apresentaram maior índice de crescimento no período de 2000 a 2016, ou seja, 34,21%, 29,32 e 28,42%, respectivamente. Verifica-se, também, que calculando o índice da população rural em relação a população total de cada município, chega-se ao índice médio de 43,81%. Este dado indica que os municípios do APL possuem uma população média rural significativamente maior que a população média rural do Estado de Pernambuco que é de 18,94%. Estas estatísticas populacionais levam a caracterizar o APL como dotado de forte apelo ao apoio à sua socioeconomia rural e agroindustrial. População População População % crescimento % crescimento Ocupação rural 2000 2010 2016 Est. 2000 a 2010 2000 a 2016 em % ano 2010 Total 36.641 40.235 42.831 16,89 Águas Belas Urbana 19.937 24.564 23,21 Rural 16.704 15.671 -6,18 38,95 Total 61.600 68.793 73.154 18,76 Arcoverde Urbana 55.301 62.668 13,32 Rural 6.299 6.125 -2,76 8,90 Total 42.622 45.503 47.991 12,60 Bom Conselho Urbana 25.222 29.779 18,07 Rural 17.400 15.724 -9,63 34,56 Total 44.169 52.105 57.120 29,32 Buíque Urbana 15.472 21.195 36,99 Rural 28.697 30.910 7,71 59,32 Total 19.536 19.593 19.994 2,34 Capoeiras Urbana 4.843 6.263 29,32 Rural 14.713 13.330 -9,40 68,03 Total 117.749 129.408 137.810 17,04 Garanhuns Urbana 103.435 115.356 11,53 Rural 14.314 14.052 -1,83 10,86 Total 17.691 18.360 19.056 7,72 Iati Urbana 6.608 7.718 16,80 Rural 11.083 10.642 -3,98 57,96 Total 26.799 26.256 26.362 -1,63 Itaíba Urbana 8.735 9.688 10,91 Rural 18.064 16.568 -8,28 63,10 Total 20.244 20.944 22.455 10,92 Pedra Urbana 10.267 11.998 16,86 Rural 9.977 8.946 -10,33 42,71 Total 58.085 30.615 66.524 14,53 Pesqueira Urbana 49.991 45.126 -9,73 Rural 17.094 17.805 4,16 58,16 Total 45.360 53.242 58.251 28,42 São Bento do UnaUrbana 23.306 27.899 19,71 Rural 22.054 25.343 14,91 47,60 Total 13.462 16.052 18.067 34,21 Venturosa Urbana 8.050 10.343 28,48 Rural 5.412 5.709 5,49 35,57 Fonte: Tabela preparada pelo Consórcio Plena-TPF - Dados IBGE. Município População 27 Evolução do Produto Interno Bruto – PIB do APL O município de Garanhuns com relação ao seu Produto Interno Bruto – PIB destaca-se de maneira acentuada em relação aos demais onze municípios do APL. Seu PIB foi de aproximadamente 1,9 bilhões de reais em 2014 com um crescimento em relação ao ano de 2000 de 477%. Em seguida, têm-se os municípios de Arcoverde, São Bento do Una e Pesqueira na faixa de 800 a 600 mil reais em 2014. Os demais municípios ficam na faixa de 100 a 400 mil reais no mesmo ano, conforme a tabela a seguir. Tabela 4.4 - Evolução do PIB dos municípios do APL nos anos de 2000 e 2014 (em mil reais). Quanto aos índices percentuais de crescimento apresentados na tabela anterior, verifica- se pouca discrepância entre os valores, com algum destaque para os municípios de São Bento do Una 850%, Arcoverde 572% e Bom Conselho com 539%. Os dados mostram que existe uma uniformidade de crescimento entre os municípios do Arranjo Produtivo Local – APL. Esta condição indica a necessidade da generalização, entre os municípios, das muitas ações não específicas do ProAPL. Caracterização dos atores . Com relação às partes interessadas que envolvem o APL, destacam-se os seguintes atores ou Stakeholders. Estes atores são apresentados na listagem a seguir e caracterizados em classes das partes interessadas e seus respectivos atores. Associações e federações COOPAGA – Cooperativa dos Produtores Agropecuários de Garanhuns; COOPANEMA – Cooperativa Mista dos Agricultores do Vale do Ipanema; FAEPE – Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco; FIEPE – Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco; ACP – Associação Comercial de Pernambuco. Agencias e órgãos reguladores Município PIB 2000 Em mil R$ PIB 2014 Em mil R$ Crescimento % Aguas Belas 51.058267.143 423 Arcoverde 129.486 870.063 572 Bom Conselho 63.314 404.637 539 Capoeiras 55.184 318.455 477 Garanhuns 329.057 1.897.240 477 Iati 21.792 116.525 435 Itaíba 40.746 165.745 307 Pedra 29.784 150.762 406 Pesqueira 109.516 602.870 450 São Bento do Una 77.258 734.172 850 Venturosa 21.545 128.974 499 Total 928.740 5.656.586 509 Fonte: Tabela preparada pelo Consócio Plena-TPF com dados do IBGE Censo 2010. 28 APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos; ADAGRO – Agencia de Defesa Agropecuária de Pernambuco. Bancos BANCO DO BRASIL; BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Centros de pesquisa e estudos CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos; EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; IPA – Instituto Agronômico de Pernambuco. Institutos IEL/ FIEPE – Instituto Euvaldo Lodi, Núcleo Regional de Pernambuco; Centro Tecnológico Instituto de Laticínios do Agreste – CT Laticínios. Sindicatos e organizações SINDLEITE PE – Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Pernambuco; CEPLEITE – PE – Comitê Estratégico da Pecuária Leiteira do Estado de Pernambuco; CODETAM – Comissão de Desenvolvimento Territorial do Agreste Meridional; CQP – Associação de Certificação do Queijo de Coalho do Agreste de Pernambuco; ACP – Associação dos Criadores de Pernambuco; SNC – Sociedade Nordestina de Criadores; Associação dos Produtores de Leite de Pesqueira; Associação dos Produtores de Leite de São Bento do Uma. Governos municipais, estadual e federal MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia; MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; PREFEITURAS dos Municípios do APL; SECTI – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação; SDEC – Secretaria de Desenvolvimento Econômico; SARA - Secretaria da Agricultura e Reforma Agrária; SEMAS – Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade; ITEP – Instituto de Tecnologia de Pernambuco; Prorural – PE – Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural. Sistema S SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; SENAI/ FIEPE- Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; SENAR/ FAEPE – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural; SESI/ FIEPE – Serviço Social da Indústria. Instituições de ensino UFPE – Universidade Federal de Pernambuco; UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco; UAG – Unidade Acadêmica de Garanhuns – URFPE. Empresários rurais Pessoas físicas ou jurídicas, produtores rurais participantes do APL. 29 Empregados Colaboradores em cada empresa participante do APL. Fornecedores Casas de insumos agrícolas, máquinas, equipamentos, materiais de construção, serralherias, embalagens etc. participantes do APL. Comunidade do entorno Sociedade que está contida dentro/nos arredores do APL (geograficamente). Produtos e serviços O APL Laticínios tem na sua produção de lácteos mais de 20 itens. Eles vão do leite pasteurizado, queijo coalho, queijo mussarela, bebidas lácteas, manteiga, queijos finos e outros produtos. O queijo de coalho é o produto carro chefe nas queijarias e importante nas fábricas de laticínios. Envolve, também, os inputs e serviços correlatos ao bom desempenho dos produtos lácteos. Emprego A produção de produtos lácteos na região do APL, desde a produção da matéria prima leite (produção no campo) e industrialização formal e informal, constitui-se numa atividade de dinamismo da economia, estima-se que atualmente, gera cerca de 110.000 empregos de forma direta e indireta. Mapa do APL A seguir uma figura que mostra a caracterização básica do Mapa do APL. Figura 4.2 - Mapa do APL- laticínios. Uso do solo das propriedades rurais destinado à pecuária leiteira 30 A alimentação do rebanho em período de seca é uma preocupação constante dos produtores, principalmente daqueles que não se antecipam, com reserva de alimentos, a este fenômeno natural cíclico. Atualmente o agreste passa por um período anormal de estiagem de seis anos consecutivos e só ocorrido, nesta magnitude, há 60 anos atrás. A luz deste fato e neste diagnóstico, buscou-se identificar o atual uso do solo destinado a pecuária leiteira para qualificar melhor o seu impacto na pecuária leiteira do APL em termos de alimentação. Na figura a seguir apresentam-se os percentuais de uso do solo para as pastagens de capim para pisoteio, da área para plantio de palma forrageira e para cultivo de grãos e outros tipos de forragens como cana, capim para corte etc. Fonte: Pesquisa de campo – Consórcio Plena/TPF Figura 4.3 - Uso do solo dos estabelecimentos destinados à pecuária no APL. Em visita a campo, constatou-se que a área destinada a pastagens (75%) se encontra completamente dizimada, não mais produzindo alimentos a não ser em raras baixadas ainda pouco úmidas. Na área destinada a palma forrageira (20%), as plantações desta forrageira foram fortemente degradadas pela praga “Cochonilha do Carmim”. Por falta de “raquetes” (mudas) das variedades resistentes como Orelha de Elefante, Miúda e Sertânia, o plantio foi limitado, não sendo possível cultivar toda a área destinada a esta forragem nas propriedades. Os 5% restantes destinados a milho, cana etc. muito pouco está produzindo pela falta de água e umidade do solo. Da área total destinada à pecuária muito pouco restou de fonte de alimentos levando os produtores à compra de volumosos, silagem, palma, cana, milho em outras regiões e até fora do estado. Vive-se uma situação crítica, que será novamente abordada em outros itens deste diagnóstico. 75% 20% 5% Pastagens com capim de pisoteio Área destinada a cultivo de Palma Área destinada a cultivo milho, cana, capim de corte etc. 31 Produção de leite A produção de leite na região do APL, principal matéria prima, é conflitante quando se analisa os dados do IBGE e da ADAGRO. Analisando por exemplo os dados de 2015, em plena crise hídrica que a produção do APL, pelo IBGE, cresceu, enquanto era esperado que diminuísse em relação aos anos anteriores. Diante disso o Consórcio optou por trabalhar apenas com os dados da ADAGRO. Ou seja, para o ano base de 2016 a produção anual foi de 222 milhões de litros. Tabela 4.5 - Dados de produção de leite - região do APL. Produção atual, destino e valor da produção Neste subitem são apresentados: a linha dos produtos fabricados pelas indústrias de laticínios, formais e não formais, do APL, o volume e o valor da produção e o destino desta produção para os diversos mercados atendidos. 2012 2013 2014 2015 2016 Águas Belas 80.000 40.000 40.000 70.128 40.000 Arcoverde 18.000 7.000 7.000 9.653 7.000 Bom Conselho 130.000 100.000 100.000 105.168 93.000 Buíque 75.000 48.000 50.000 46.211 49.000 Capoeiras 38.000 28.000 25.000 28.557 26.000 Garanhuns 107.000 25.000 30.000 24.104 23.000 Iati 14.000 28.000 35.000 25.992 32.000 Itaíba 120.000 72.000 80.000 90.084 90.000 Pedra 100.000 70.000 80.000 83.880 70.000 Pesqueira 62.000 50.000 60.000 49.960 53.000 São Bento do Una 140.000 85.000 90.000 94.259 85.000 Venturosa 80.000 35.000 45.000 46.172 40.000 Total 964.000 588.000 642.000 674.168 608.000 Produção anual 351.860.000,00 214.620.000,00 234.330.000,00 246.071.320,00
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