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585_Política e Organização da Educação Básica atualizado

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UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
NÚCLEO COMUM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICA E 
ORGANIZAÇÃO DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
NÚCLEO COMUM 
Créditos e Copyright 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui 
publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. 
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso 
oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer 
forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. 
Copyright (c) Unimes Virtual 
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TAVARES, Elisabeth dos Santos 
Políticas e Organização da Educação Básica. Elisabeth dos 
Santos Tavares. Santos: Núcleo de Educação a Distância da 
UNIMES, 2016. p. (Material Didático. Licenciatura). 
Modo de acesso: www.unimes.br 
1. Ensino a distância. 2. Licenciaturas. 3. Políticas 
Educacionais 
CDD 370 
 
http://www.unimes.br/
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
NÚCLEO COMUM 
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 
PLANO DE ENSINO 
CURSO: Licenciaturas 
COMPONENTE CURRICULAR: Política e Organização da Educação Básica 
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80h 
 
 
EMENTA 
As políticas sociais e educacionais com base nos pressupostos do Estado Moderno 
no Brasil, da Constituição Federal e da LDB, enfatizando o papel desse Estado na 
elaboração das políticas atuais. A descentralização na Educação Brasileira e sua 
organização. Estabelecimento de uma relação prática, encontrada na realidade atual 
na organização da Educação Básica, com os textos legais. 
 
OBJETIVO GERAL 
Promover condições para que o aluno aproprie-se de conhecimentos e habilidades 
para o exercício das atividades de gestão, elaboração, acompanhamento e avaliação 
de projetos, dos sistemas de ensino, escolas e outros espaços educativos. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
UNIDADE I - Relação entre Estado X Política X Planejamento X Legislação. 
Objetivo da Unidade 
Estabelecer uma reflexão crítica na relação entre Estado X Política X Planejamento X 
Legislação, iniciando-se pelo conceito de Estado. 
 
UNIDADE II - As Políticas Sociais e de Descentralização na Educação no Brasil. 
Objetivo da Unidade 
Analisar criticamente as políticas sociais e educacionais que se traduziram em planos 
e projetos governamentais, especialmente na década de 90. 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
NÚCLEO COMUM 
UNIDADE III - Constituição Federal Relevância com a Temática Educação. 
Objetivo da Unidade 
Conhecer a realidade social, econômica e política em que está inserido o processo 
educacional no Brasil a partir dos aspectos sociais, políticos e culturais que a 
configuram; 
Estabelecer uma interlocução da realidade social, da educação hoje e os referenciais 
teóricos da sociologia e das políticas educacionais. 
UNIDADE IV: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: o Texto e o 
Contexto. 
Objetivo da Unidade 
Compreender os processos de planejamento e implementação das políticas 
educacionais para a educação básica, bem como os princípios filosóficos e 
pedagógicos expressos na LDBEN e nas diretrizes curriculares nacionais de 
Educação Infantil e Ensino Fundamental; 
Desenvolver a capacidade de identificar problemas socioculturais e educacionais, 
propondo respostas às questões da democratização e qualidade do ensino. 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
Bruel, Ana Lorena de Oliveira. Políticas e legislação da educação básica no 
Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2012. 
HEIN, Ana Catarina Angeloni (org). Organização e legislação da educação-São 
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. 
SOARES, Kátia Cristina Dambiski. Marco Aurélio Silva. Sistema de 
Ensino: legislação e política educacional para a educação básica. Curitiba: 
Intersaberes 2017. Série Fundamentos da Educação. 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
ARROYO, Miguel, G e. ABRAMOWICZ, Anete (orgs). A Reconfiguração da 
Escola. Entre a negação e a afirmação de Direitos. Campinas. SP; Papirus, 2009 
(Coleção Papirus Educação) 
CAMARGO, Daiana; SANTA CLARA, Cristiane Aparecida (orgs). Educar a criança 
do século XXI: outro olhar, novas possibilidades. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 178-
197 
DEMO, P. A nova LDB: ranços e avanços. Campinas, SP: Papirus, 1997. 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
NÚCLEO COMUM 
________.Plano Nacional de Educação. Uma visão crítica. Campinas, SP; Papirus, 
2016. 
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Quem sabe faz a hora de construir o projeto 
político-pedagógico. Editora Papirus 2007. Coleção Magistério: Formação e trabalho 
Pedagógico. 
 
 
METODOLOGIA 
As aulas serão desenvolvidas por meio de recursos como: videoaulas, fóruns, 
atividades individuais, atividades em grupo. O desenvolvimento do conteúdo 
programático se dará por leitura de textos, indicação e exploração de sites, atividades 
individuais, colaborativas e reflexivas entre os alunos e os professores. 
 
 
AVALIAÇÃO 
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e 
apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma 
de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica 
e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos 
específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e Prova Presencial, de 
acordo com a Portaria de Avaliação vigente. 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
NÚCLEO COMUM 
Sumário 
 
Aula 01_O Estado: Conceito e Tendências ................................................................ 8 
Aula 02_O Estado e a Relação com as Políticas Sociais ......................................... 11 
Aula 03_Relação Estado X Política X Planejamento ................................................ 13 
Aula 04_Fatores de Influência no desenvolvimento das políticas sociais ................. 15 
Aula 05_Estado X Política X Planejamento X Legislação ......................................... 17 
Aula 06_O Ciclo de uma Política............................................................................... 19 
Resumo_Unidade I ................................................................................................... 21 
Aula 07_Planejamento .............................................................................................. 23 
Aula 08_A Política Educacional e a Escola ............................................................... 25 
Aula 09_O que é Projeto Político Pedagógico? ........................................................ 28 
Aula 10_Descentralização de Políticas Públicas....................................................... 30 
Aula 11_Descentralização de Políticas Públicas e a Educação ................................ 33 
Aula 12_Descentralização X Educação X Gestão (Parte I) ...................................... 36 
Aula 13_Descentralização X Educação X Gestão (Parte II) ..................................... 38 
Aula 14_Descentralização X Educação X Gestão (Parte III) .................................... 41 
Aula 15_Descentralização X Educação X Gestão (Parte IV) .................................... 43 
Aula 16_Descentralização X Educação X Gestão (Parte V) ..................................... 45 
Aula 17_É uma questão de competência? ................................................................ 47 
Resumo_Unidade II ..................................................................................................50 
Aula 18_Constituição da República Federativa do Brasil (Parte I) ............................ 52 
Aula 19_Constituição da República Federativa do Brasil (Parte II) ........................... 56 
Aula 20_Constituição da República Federativa do Brasil (Parte III) .......................... 60 
Aula 21_A Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
 .................................................................................................................................. 65 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
NÚCLEO COMUM 
Aula 22_Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional – Os Princípios ............... 68 
Resumo_Unidade III ................................................................................................. 72 
Aula 23_LDB - Da Organização Básica Nacional ..................................................... 73 
Aula 24_LDB – Da Organização da Educação Nacional: Dos Níveis e Modalidades de 
Educação e Ensino ................................................................................................... 76 
Aula 25_LDB – As disposições gerais para a Educação Básica ............................... 79 
Aula 26_LDB - Fins da Educação Infantil .................................................................. 84 
Aula 27_A LDB, o Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos ............... 88 
Aula 28_LDB - Os objetivos do Ensino Médio........................................................... 92 
Aula 29_Educação Profissional e Tecnológica ......................................................... 94 
Aula 30_A LDB – E a Educação Especial ................................................................. 97 
Aula 31_LDB – Dos Profissionais da Educação...................................................... 100 
Aula 32_LDB – Dos Recursos Financeiros ............................................................. 104 
 
 
 
 
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METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
8 NÚCLEO COMUM 
Aula 01_O Estado: Conceito e Tendências 
 
Em nossa primeira aula abordaremos a compreensão da concepção de Estado, 
pois o Estado está no centro do planejamento e da execução das políticas sociais 
públicas, especialmente as educacionais. Vamos buscar essa concepção! 
 A concepção de Estado apresenta uma grande concordância entre cientistas 
quanto ao seu conceito. Conforme o Dicionário do Pensamento Social do Século XX, 
de Jorge Zahar Editor, uma definição incluiria três elementos. 
1. Um estado é um conjunto de instituições, definidas pelos próprios 
agentes do Estado; 
2. Essas instituições encontram-se no centro de um território 
geograficamente limitado – a sociedade; 
3. O Estado monopoliza a criação de regras dentro do seu território – é a 
criação de uma cultura política comum partilhada por todos os cidadãos. 
Segundo o Dicionário de Política, 
“Estado contemporâneo envolve numerosos problemas, 
derivados principalmente da dificuldade de analisar 
exaustivamente as múltiplas relações que se criaram entre 
Estado e o complexo social e de captar, depois, os seus efeitos 
sobre a racionalidade interna do sistema político”. (BOBBIO et. 
Al, 1999, p.101) 
Vale ainda destacarmos outro conceito de Estado que se refere a um 
“povo social, política e juridicamente organizado, que dispondo 
de uma estrutura administrativa, de um governo próprio, tem 
soberania sobre determinado território” (KOOGAN-HOUAISS, 
1993, p. 341). 
É possível considerar o Estado como o conjunto de instituições permanentes, 
órgãos: legislativo, forças armadas, tribunais e outras, que, localizadas em nossa 
sociedade, possibilitam a ação dos governos, configurando-se assim o Estado e o 
desempenho de suas funções. 
O mesmo se dá em relação às políticas sociais. Compreendidas como de 
responsabilidade do Estado quanto a sua implementação e manutenção, referem-se 
a ações que devem determinar um padrão de proteção social, na redistribuição dos 
 
 
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9 NÚCLEO COMUM 
benefícios sociais, visando à diminuição das desigualdades estruturais produzidas 
pelo desenvolvimento social e econômico. 
Geradas a partir de um processo de tomada de decisão que envolve não só os 
órgãos públicos, mas diferentes organismos e agentes da sociedade relacionada à 
política implementada, não se constituem, portanto em políticas estatais, mas sim em 
políticas públicas. Têm suas raízes nos movimentos populares do século XIX, 
especialmente em razão dos conflitos surgidos entre capital e trabalho, quando das 
primeiras revoluções industriais. 
Temas como saúde, educação, habitação, previdência têm assumido a 
vanguarda na discussão das políticas sociais. 
Intrínsecas relações estão estabelecidas entre Estado, políticas públicas e 
governos; logo visões diferentes de Estado, sociedade, políticas sociais e 
consequentemente políticas educacionais geram projetos diferentes de intervenção, 
deixando-se, portanto, de lado o que possa parecer neutralidade. Há ainda a 
considerar o momento histórico e político em que ocorrem essas relações. 
Ainda que possamos correr riscos ao definir o Estado e suas funções de modo 
tão sintético o que nos interessa neste momento é fazer uma reflexão que nos 
possibilite compreender o porquê desse Estado, no Brasil, estar se apresentando 
como gerador de um “déficit” de cidadania do nível em que nos encontramos, o porquê 
da erosão dos parcos direitos sociais, o porquê da educação tão sucateada. 
 Ensaiando algumas respostas: É sob as transformações do cenário mundial 
que se abre o espaço para um novo estágio de globalização do capitalismo e, 
consequentemente, a expansão do mercado mundial, propiciando um novo regime de 
acumulação. 
A consolidação das políticas neoliberais tem como marco o Consenso de 
Washington (1989), cujas orientações passaram a nortear as políticas do Fundo 
Monetário Internacional e do Banco Mundial na concessão dos empréstimos aos 
países necessitados de recursos, políticas essas que têm nos ajustes estruturais, 
entre outras questões, a redefinição do papel do Estado. 
No Brasil, o ajuste estrutural tem se definido como um conjunto de programas 
e políticas orientadas e introduzidas por essas e outras organizações financeiras. 
 
 
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10 NÚCLEO COMUM 
O que tem se apresentado como “reforma” do Estado, através da política 
econômica "ainda" em curso e dos programas de ajuste estrutural que se seguem, 
tem se referido a uma redução unilateral da intervenção estatal nos setores de 
produção e também dos serviços sociais. O problema básico da sociedade brasileira, 
as desigualdades estruturais e a exclusão social econômica e política dos segmentos 
pobres da população não tem sido amenizado com as reformas realizadas e em 
curso. 
O texto aponta que há uma orientação internacional, por meio da política 
econômica "ainda" em curso e dos programas de ajuste estrutural que seguem, para 
a reforma do Estado. Afirma-se que essa reforma tem se referido a uma redução 
unilateral da intervenção estatal nos setores de produção e também dos serviços 
sociais. 
Para refletir: Como você percebe a reforma do Estado no Brasil? Os serviços 
sociais estão sendo ampliados? Como se deram as privatizações? No que nos 
auxiliaram as privatizações efetuadas? 
 
 
 
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11 NÚCLEO COMUM 
Aula 02_O Estado e a Relação com as Políticas Sociais 
 
Na aula anterior vimos, que o que se tem apresentado como “reforma” 
do Estado, por meio da política econômica em curso, tem se referido a uma redução 
unilateral da intervenção estatal nos setores de produção e serviços sociais. 
Sabemos que o problema básico da sociedade brasileira - as desigualdades 
estruturais e a exclusãosocial econômica e política dos segmentos pobres da 
população não tem sido amenizado com as reformas realizadas e em curso. 
As desigualdades sociais e econômicas estruturais têm prolongado 
dependências que oferecem possibilidades de manipulação e abuso de poder por 
parte das elites dominantes e que representam, para os pobres, impossibilidade de 
acesso aos serviços públicos na satisfação de suas necessidades. 
É a crise do Estado-nação. O Estado, entendido como a organização política 
que, a partir de um determinado momento histórico, conquista, afirma e mantém a 
soberania sobre um determinado território, aí exercendo, entre outras, as funções de 
regulação, coerção e controle social, tem essas funções mutáveis e com 
configurações específicas ao funcionamento, expansão e consolidação do sistema 
econômico capitalista. 
Com relação à nação, definida apenas como o conjunto de cidadãos do Estado 
no início da democratização do próprio Estado, sofreu uma lenta evolução antes de 
coincidir com o seu significado mais atual, quando a "nação" ou o "povo" passaram a 
ser concebidos por meio de critérios históricos e étnicos. 
No entanto, em geral, os Estados-nação têm desempenhado um papel 
bastante ambíguo. Enquanto externamente têm sido os propagadores da diversidade 
cultural, da autenticidade da cultura nacional, internamente têm produzido a 
homogeneização e a uniformidade, esmagando a rica variedade de culturas locais 
existentes no território nacional, por meio do poder da polícia, do direito, do sistema 
educacional ou dos meios de comunicação social, e a maior parte das vezes por todos 
eles em conjunto. 
Nesta "crise ideológica construída", os Estados nacionais não são afetados 
igualmente e nem todos cumprem os mesmos papéis no processo da economia 
globalizada. Enquanto uns podem se beneficiar, outros não; porém, são cada vez mais 
distantes as possibilidades da resistência à globalização econômica, política e cultural 
 
 
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METROPOLITANA DE 
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Núcleo de Educação a Distância 
12 NÚCLEO COMUM 
quando se pensa neste mesmo Estado como principal ou único mobilizador nacional 
de ações que se contraponham a esta economia. 
 Nesse contexto, os desafios que se impõem às políticas sociais são 
complexos. Os desafios nos remetem para a necessidade de se inscreverem na 
agenda política os processos e as consequências da reconfiguração e ressignificação 
das cidadanias, se considerarmos as manifestações presentes, cada vez 
mais heterogêneas e plurais de identidades, em sociedades e regiões multiculturais. 
 É interessante formarmos um glossário para a nossa disciplina e isto é muito 
fácil. 
O que é um glossário? Está definido como “vocabulário ou livro em que se 
explicam palavras de significação obscura ou dicionário de termos técnicos, 
científicos, poéticos” pelo Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque 
de Holanda Ferreira. No nosso caso, talvez o significado mais adequado seja um 
pequeno dicionário de termos técnicos e científicos. Vamos começar? Não se acanhe, 
faça seu glossário em uma pasta no computador ou no final do seu caderno. Vamos 
a um exemplo: 
Heterogêneas = de outro gênero, de diferente natureza (Novo Dicionário da Língua 
Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira). 
É importante citarmos a fonte, para que, em caso de dúvida, todos possam 
consultar também. 
 
 
 
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13 NÚCLEO COMUM 
Aula 03_Relação Estado X Política X Planejamento 
 
Já estamos compreendendo um pouco mais as relações entre o Estado e as 
políticas sociais. Vamos continuar? 
As ações de governo podem ser entendidas como formas de intervenção do 
Estado; logo pressupõem que, ao pensarmos nessas ações, podemos afirmar que 
elas fazem parte de um grande planejamento. Esse planejamento não pode ser 
considerado como qualquer planejamento, mas como um planejamento coerente com 
o projeto político representativo desse governo. 
Isto nos permite compreender uma relação nem sempre clara para a maioria 
dos educadores. Uma relação que evidencia a influência da opção política dos 
governos sobre o planejamento e, consequentemente, sobre suas ações. 
É interessante lembramos que um governo representa as forças hegemônicas 
de uma dada sociedade, num dado momento histórico, e que essas forças têm, ainda 
que não evidente, um projeto político a concretizar. 
Pensando em educação, podemos afirmar que as ações que vivenciamos na 
escola estão influenciadas por essa política e esse planejamento. Assim, 
“o planejamento educacional constitui uma forma de intervenção 
do Estado em educação, que se relaciona, de diferentes 
maneiras, historicamente condicionadas, com outras formas de 
intervenção do Estado em educação (legislação e educação 
pública) visando à implantação de uma determinada política 
educacional do Estado, estabelecida com a finalidade de levar o 
sistema educacional a cumprir as ações que lhe são atribuídas 
enquanto instrumento desse mesmo Estado”. (Horta, 1991, 
p.195). 
 É importante destacarmos que o Estado tem no seu interior diferentes forças 
representativas da sociedade civil (sociedade política), o que nos faz também 
compreender que no seu interior se trave um jogo político. Vale ressaltar que a 
sociedade civil (fora do Estado) tem formas de atuação que podem representar forças 
dependendo de articulação. 
Embora tenhamos afirmado que as ações de governo podem ser entendidas 
como formas de intervenção do Estado e que elas fazem parte de um grande 
 
 
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14 NÚCLEO COMUM 
planejamento coerente com o projeto político representativo desse governo, nem 
sempre o que se propaga é o que está sendo efetivamente concretizado, ou seja, nem 
sempre as intenções formais expressas nos planos de governo são coerentes com a 
sua forma de atuar e com os princípios e meios firmados nos discursos oficiais. 
Distintos fatores podem influenciar o desenvolvimento das políticas sociais. 
Esses fatores diversos merecem uma análise até mesmo para estabelecermos uma 
relação com a realidade que se vive no Brasil. 
Assim como outras políticas sociais, a educação é influenciada pela opção 
política de um governo, e a execução de seu planejamento é decorrente dessa 
política. Como processo, no seu desenvolvimento pode se travar um jogo político entre 
forças representativas da sociedade e ainda poderá sofrer influência de fatores que a 
façam se distanciar de seus princípios e meios propostos e propagados. 
 Referência Bibliográfica 
HORTA, José Silvério Bahia. Planejamento educacional. In: MENDES, 
Durmeval (coord.) Filosofia da educação no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 1991. 
 
 
 
 
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15 NÚCLEO COMUM 
Aula 04_Fatores de Influência no desenvolvimento das políticas sociais 
 
Como vimos na aula anterior, fatores distintos têm influenciado o 
desenvolvimento das políticas sociais. Podemos, segundo (Arretche 2001), assim 
enumerá-los: 
1. o distanciamento dos programas em relação a seus objetivos iniciais, em 
decorrência, geralmente, de distorções na sua implementação pela 
forma como os benefícios são apropriados pela população; 
2. a baixa cobertura dos programas; 
3. a escassez e/ou má utilização de seus recursos financeiros; 
4. a má qualidade dos serviços prestados; 
5. o grau de privatização dos programas e 
6. a implementação de modo que privilegie interesses de grupos privados 
em detrimento do grupo supostamente beneficiário da política. 
 Ainda, segundo a autora, outros fatores também influenciam no 
desenvolvimento das políticas sociais, dentre eles: 
 a subordinação dos programas à política econômica e a outros objetivos 
externos como rentabilidade e lucro; 
 a baixa participação dosbeneficiários, reais ou potenciais, nas diferentes 
fases dos programas, aí incluída a inexistência de canais institucionais 
pelos quais a população possa se expressar, encaminhar sugestões e 
demandas ou influir no processo de decisão ou implementação; 
 a centralização, tanto na formulação, implementação e na organização 
administrativa ou em outros aspectos relacionados ao programa, quanto 
ao processo político com repercussões diretas sobre estes e 
 o uso político e/ou clientelista dos programas, para fins eleitorais e/ou de 
apoio político. 
A autora considera ainda que a falta de integração entre as agências 
institucionais na implementação dos programas, fator que diz respeito 
especificamente ao funcionamento dos programas sociais, aparece com alta 
incidência nos estudos realizados sobre avaliação de políticas públicas sociais no 
Brasil. 
 
 
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16 NÚCLEO COMUM 
Uma reflexão a respeito da influência dos fatores acima expostos sobre as 
políticas sociais talvez permita a identificação de problemas vividos na nossa 
sociedade e bem próximo, na nossa cidade. Faça a sua reflexão! E, se possível, 
socialize estas informações. É um exercício de cidadania. 
LEMBRETE: 
Vamos continuar alimentado nosso glossário! Quais são as novas palavras que 
vamos acrescentar? 
 
 
 
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17 NÚCLEO COMUM 
Aula 05_Estado X Política X Planejamento X Legislação 
 
Vimos nas aulas anteriores como podemos conceituar o Estado e a relação que 
se estabelece entre esse Estado, a Política e o Planejamento. Vimos também como 
fatores distintos podem influenciar o desenvolvimento das políticas sociais. Vamos 
avançar mais, vamos identificar que além dessas relações outra se estabelece com a 
legislação. 
Como isso acontece? Vamos recordar que no Brasil, temos três poderes 
constituídos: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Cada um 
desses poderes tem competências e atribuições específicas que se integram visando 
à garantia da nossa democracia e dos direitos de todos os cidadãos, conforme previsto 
na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas dos 
municípios. 
A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro 
de 1988, em seu preâmbulo, declara que os nossos representantes, os deputados 
federais e os senadores eleitos, em Assembleia Nacional Constituinte, portanto uma 
assembleia específica para a elaboração da constituição, reuniram-se para, 
“instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a 
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna, internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias”. 
O preâmbulo e o texto da nossa constituição refletem claramente o contexto 
histórico que se vivia na época, quase de euforia pelo término da ditadura e pelo 
retorno do regime democrático. Portanto, há uma relação entre legislação e o contexto 
histórico, contexto este que envolve a política e também o planejamento como vimos 
anteriormente. 
A legislação apresenta um sentido prospectivo, representa um projeto que se 
deseja. Contudo, nem sempre ela garante a mudança pretendida. No Brasil há uma 
tendência em se atribuir um valor extremado à legislação. 
 
 
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Núcleo de Educação a Distância 
18 NÚCLEO COMUM 
Por outro lado, não podemos deixar de analisar uma outra questão que envolve 
a legislação. Se já compreendemos que ela reflete um dado momento histórico, ela 
poderá servir para regulamentar uma determinada política e servir a determinadas 
forças. 
No caso da Educação Brasileira, podemos afirmar que a legislação educacional 
tem refletido uma concepção de reforma do Estado, por meio da redefinição das 
responsabilidades das instâncias governamentais, seja ela federal, estadual ou 
municipal, sob o discurso oficial da descentralização administrativa e 
financeira. Embora tenhamos traçado relações que permeiam o Estado, a Política, o 
Planejamento e a Legislação, podemos afirmar que esta não é uma regra que não 
permita exceções. Dependendo das circunstâncias, da realidade e dos diferentes 
momentos históricos, essa relação pode-se se dar não na ordem que estabelecemos, 
mas diferentemente, as interfaces que se estabelecem apontam a necessidade da 
ocorrência de um movimento dialético. 
Não há neutralidade quando tratamos de educação. Educação é sempre 
um ato político, como afirmou Paulo Freire. 
Reflexão: Diante das questões aqui apresentadas, como me posiciono? 
 
 
 
 
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19 NÚCLEO COMUM 
Aula 06_O Ciclo de uma Política 
 
Já sabemos que uma política é o que se pretende realizar por meio das ações 
governamentais. Diferentes momentos estão contidos em uma política ou nas 
políticas. São o que vamos denominar estágios, etapas, fase ou ciclos e que 
pressupõem algumas questões. 
Os estágios: 
 Organização da agenda 
 Formulação 
 Implementação 
 Avaliação 
 Término 
Na organização da agenda, questões se tornam parte da agenda pública, as 
quais são consideradas pela agência administrativa e pelo corpo legislativo. 
Na formulação, o problema ou problemas são discutidos e definidos, e uma 
decisão é tomada, decisão essa que passa a agregar apoios ou oposições, e uma 
abordagem é adotada para solucioná-los. 
Na implementação da política, são criados programas, aspectos da política são 
modificados para dar atendimento às necessidades, aos recursos necessários e às 
exigências almejadas pelos implementadores. Há uma transferência da decisão 
tomada e da ação para a agência administrativa responsável pela implementação. 
As ações desenvolvidas pela agência administrativa são avaliadas, e o impacto 
da política e os processos pelos quais ela está sendo implementada são considerados 
na avaliação. 
Vários são os fatores que levam à descontinuidade de uma política, ou seja, a 
seu término. Podemos considerar como fatores determinantes a perda do apoio 
político, a ausência de resultados alcançados, o descumprimento de metas, o custo 
considerado alto, a falta de recursos e outros. 
Esta elaboração dos estágios de uma política, no entanto, não ocorre de modo 
linear como pode parecer à primeira leitura. No concreto, em situação real eles se 
mesclam e até se sobrepõem e podem ocorrer em sequência diversa da aqui 
apresentada, o que quer dizer que o processo é dinâmico, incorpora atores, contextos, 
 
 
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20 NÚCLEO COMUM 
realidades e ainda pode, por interesse dos formuladores, serem reformulados em 
razão de conflitos e tensões que desencadeia. 
No entanto, o conhecimento destes estágios intrínsecos à política nos permite 
uma visão de todo o processo, distinguindo como a política vem sendo “feita” e não 
apenas como uma determinação. 
Se já sabemos que uma política é o que se pretende realizar, por meio das 
ações governamentais, a análise de políticas, desde que registrada cientificamente, 
aponta para a oportunidade do aprimoramento dessa mesma política por meio de 
tomada de decisões, influenciando assim a “política no futuro”. Há uma outra questão, 
a do envolvimento dos cidadãos na política, da participação na política que permeia a 
complexidade do assunto. 
Na tentativa de ampliarmos nossa compreensão em relação à política, seus 
estágios e seu aprimoramento, propomos uma reflexão. 
Cada um de nós, pensando em Educação, pode identificar a política que 
vem sendo proposta para a nossa cidade? 
Em caso afirmativo, qual é ela? Elavem sendo implementada? 
Vem alcançando resultados positivos? Quais? 
O que você entende que deveria estar proposto na sua cidade? 
 
 
 
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21 NÚCLEO COMUM 
Resumo_Unidade I 
 
Nesta unidade entendemos a concepção de Estado, definindo seu papel na 
execução das políticas sociais públicas entendendo por quais razões o estado 
implantou “reformas”, afastando-se de programas econômicos e, voltando-se a 
questões sociais e quais foram os fatores relevantes nesta tomada de decisão. 
Recordamos que o Brasil possui três poderes constituídos, o Executivo, 
Legislativo e Judiciário. Eles possuem atribuições específicas que se integram, 
garantindo assim a democracia e direito de todos, conforme previsto na Constituição 
Federal, Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios. 
Ao relacionar política e educação, podemos afirmar que “Educação é sempre 
um ato político” (PAULO FREIRE), uma vez que está vinculada a legislações e em 
diferentes momentos históricos. 
Política é o que se pretende realizar por meio de ações governamentais. Estas 
ações passam por diferentes estágios. São eles: organização de agenda, formulação, 
implementação, avaliação e término. 
Assim como as relações e ações que se estabelecem no Estado demandam de 
Planejamento, podemos dizer que planejar está próximo ao nosso cotidiano. 
Entendemos o que envolve a ação de planejar que está presente na Educação 
com ênfase no Planejamento Participativo. 
Chegamos ao capítulo Política Educacional da Escola que se define pelo 
Projeto Político Pedagógico que acaba por estar vinculado a forças hegemônicas da 
sociedade, que expressa o projeto político de um governo. 
Analisamos a descentralização de políticas públicas e sob qual discurso ela foi 
implantada e define o que é o Projeto Político Pedagógico, qual o caminho de sua 
construção para transformação da realidade. 
 Referências Bibliográficas 
ARRETCHE, Marta. Estado Federativo e Políticas Sociais: Determinantes 
da Descentralização. Rio de Janeiro: Revan; são Paulo: FAPESP, 2000. 
HORTA, José Silvério Bahia. Planejamento educacional. In: MENDES, 
Durmeval (coord.) Filosofia da Educação no Brasil. Rio de Janeiro. Civilização 
Brasileira, 1991. 
 
 
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22 NÚCLEO COMUM 
SILVA, Tomaz Tadeu da. A “nova” direita e as transformações na 
pedagogia, In: GENTILI, Pablo A. A.; Silva, Tomaz Tadeu da (org) [e outras] 
Neoliberalismo, qualidade total e educação: visões críticas. 9° ed. Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2001. 
VASCONCELLOS, Celso dos santos. Planejamento: Projeto de Ensino-
aprendizagem e projeto político pedagógico – elementos metodológicos para 
elaboração e realização. São Paulo. Libertad, 1999. 
 
 
 
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23 NÚCLEO COMUM 
Aula 07_Planejamento 
 
Compreendendo as relações que se estabelecem entre o Estado, a Política, a 
Legislação e o Planejamento, podemos afirmar que a ideia de Planejamento é muito 
próxima do nosso cotidiano. Logo percebemos que planejar é uma atividade humana, 
prescinde de pessoa humana ou pessoas humanas. 
 E o que mais envolve a ação de planejar? 
Envolve um agir racional, uma organização das ações que pretendemos 
executar com vistas a alcançar determinado fim, a preparação de um conjunto de 
decisões que orientam o nosso agir. 
Vimos em aulas anteriores que o Planejamento é um procedimento por meio 
do qual se assegura coerência dos processos decisórios em relação às ações 
desenvolvidas para se alcançar o sucesso de um projeto político. 
Assim, podemos afirmar que como a política, o planejamento apresenta de 
forma explícita ou não, um caráter ideológico. Como uma atividade própria de 
governo, indissociável da política, é fruto de uma complexa relação que se estabelece 
entre a sociedade civil e a sociedade política. Essa não neutralidade destaca a 
superação do entendimento de que o Planejamento possa ser um instrumento 
burocrático, ainda que muitos assim o entendam. 
Logo, se apresentado com um caráter ideológico, vamos entender que há 
perspectivas diversas do Planejamento, ou seja, ele pode possibilitar transformações 
sociais ou a conservação, conforme as forças que o conduzem. 
Se realizarmos uma retrospectiva histórica, talvez possamos considerar que a 
atividade de planejar seja tão antiga quanto a existência do homem. 
Conforme Vasconcelos (1999) é no “mundo da produção”, com o fenômeno da 
Revolução Industrial e com o surgimento da Administração no fim do século XIX, que 
a sistematização do planejamento ganhou força, passando, posteriormente, a fazer 
parte da organização de outras áreas como a educacional. 
Em Taylor (1856-1915), vamos deparar com a preconização da necessidade 
da separação entre o planejar e o executar, numa distinta e radical visão entre a 
concepção e a realização, o que muito influenciou o encaminhamento do 
planejamento como uma atividade tecnocrática, em que o poder de decisão e controle 
se concentra nos técnicos ou políticos ou ainda nos especialistas e não nos agentes 
 
 
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24 NÚCLEO COMUM 
que o executam. Essa influência permaneceu por muito tempo e impregnou não só as 
políticas sócias como também a educação. 
Diferentes linhas de planejamento foram se estabelecendo com a evolução do 
processo histórico. Na atualidade, especialmente no campo da educação, podemos 
destacar o Planejamento Participativo como uma tendência e expressão da 
resistência de educadores que se colocaram resistentes à separação anteriormente 
exposta.No Planejamento Participativo, estão valorizadas “a construção, a 
participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência crítica a 
partir da reflexão sobre a prática de mudança”. (Vasconcellos, 1999, p. ). Há um 
rompimento com outras formas de planejar, e o planejamento se torna um instrumento 
da possibilidade da interferência na realidade, para transformá-la. 
A ênfase no Planejamento Participativo revela um ressignificar de uma prática 
ainda presente na educação. Remete-nos a acreditar na possibilidade de mudança da 
realidade, querer mudar algo, a vislumbrarmos a possibilidade da realização de uma 
determinada ação que dá sentido ao nosso fazer. 
Referência Bibliográfica: 
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de ensino-
aprendizagem e projeto político pedagógico – elementos metodológicos para 
elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 1999. 
 
 
 
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25 NÚCLEO COMUM 
Aula 08_A Política Educacional e a Escola 
 
É na década de 1990 que as políticas educacionais passaram a colocar a escola 
como um dos focos de seus objetivos. O debate sobre a escola emerge 
considerando sob a reflexão de dois fatores: que função social tem a escola? E a 
importância do projeto político-pedagógico da escola? 
Já na segunda década dos anos dois mil, após significativa discussão, é efetivada a 
Base Nacional Comum Curricular prevista no artigo 210 da Constituição Federal e 
também na LDBEM, em seu artigo 26. Como resultado desse processo de diálogo e 
participação, em 2017, é instituída pelo Conselho Nacional de Educação a Base 
Nacional Comum Curricular voltada para a Educação Infantil e Ensino 
Fundamental, por meio da Res. CNE/CP nº 2/2017. Já a discussão do Ensino 
Médio continuou em processo organizado, com os educadores participando 
em comitês de debates, culminando com o documento homologado pelo MEC 
em dezembro de 2018. 
 
FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 
 
 A preocupação com a questão do “ensinar” na escola já vem de algum tempo. No 
entanto, nas duas décadas passadas, especialmente, foram incorporados novos 
referenciais a esses estudos inicias, e outros fatores passarama ser considerados 
como determinantes para o sucesso da escola. 
Especialmente a partir da democratização do acesso, ou seja, quando a massa da 
população passa a frequentar a escola, essa escola se depara com crianças de 
diferentes classes sociais, raça e gênero que até então não se encontravam dentro 
dela. 
É a partir daí que, considerando os resultados do trabalho da escola, as reflexões se 
ampliam e passamos a nos preocupar com a exclusão de crianças pela escola, que 
função tem o currículo - conservadora ou emancipadora, como a organização, a 
cultura e a gestão da escola podem promover também a inclusão ou exclusão das 
crianças. Assim, entendemos que, na realidade, a escola não tem uma única função 
social, mas diversas funções sociais e das mais complexas. 
Ainda podemos afirmar que o conjunto de profissionais que integram a escola têm 
suas próprias culturas, seus valores e que, por não poderem se dividir em partes, 
como pessoas, carregam para o interior da escola os seus valores. Enquanto 
mediadores do processo educacional, agentes, atores têm suas práticas impregnadas 
dessa pessoa humana que são. Daí a importância e a relevância do projeto político-
pedagógico da escola. 
 
 
 
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26 NÚCLEO COMUM 
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 
Esse projeto político pedagógico, construído em bases sólidas, vai expressar os 
fundamentos éticos e políticos do nosso fazer, ou seja, que homem queremos formar 
e para que sociedade. O que pensamos não é tão simples como pode parecer, 
considerando o conjunto de todos os atores presentes na escola. Irá além, deve 
contemplar com clareza a nossa opção epistemológica, como entendemos o processo 
do ensinar e o processo do aprender, como consideramos o professor e o aluno nesse 
processo, o que é o conhecimento e como se constrói. 
O QUE É A BNCC_ BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR? 
É um documento normativo que define o conjunto de aprendizagens essenciais que 
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da 
Educação Básica. 
Seu principal objetivo é ser a balizadora da qualidade da educação por meio de um 
estabelecimento de um patamar de aprendizagem e desenvolvimento a que todos os 
alunos têm direito. 
Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 
9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das 
Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas 
públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em 
todo o Brasil. O grande desafio é tornar a BNCC um instrumento vivo e dinâmico em 
ação nas escolas. 
 
 
 
Estes três novos focos presentes hoje na discussão sobre a escola – sua função 
social, a importância do seu projeto político-pedagógico e a articulação adequada com 
as bases de um currículo nacional, não esgotam nossa reflexão. Há uma relação direta 
entre a escola e os sistemas educacionais a que se vinculam, não há espaço para a 
concretização efetiva deste processo, se os sistemas não se democratizarem. Há uma 
relação de dupla mão, sistema de ensino e escola ou vice-versa. Os sistemas de 
 
 
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27 NÚCLEO COMUM 
ensino expressam o projeto político das forças hegemônicas da sociedade, que 
expressa o projeto político de um dado governo. 
Mais uma vez cabe a afirmação: não há espaço para a neutralidade. 
 
 
 
 
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28 NÚCLEO COMUM 
Aula 09_O que é Projeto Político Pedagógico? 
 
Nas aulas anteriores vimos que a escola tornou-se um dos focos mais 
importantes da política educacional. Nesse sentido, a função social da escola e o seu 
projeto político pedagógico são dois fatores que merecem destaque. 
Vamos refletir sobre o Projeto Político Pedagógico: 
1. O QUE É O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO? 
2. ONDE ESTÁ SITUADO O PPP? 
Podemos afirmar que o Projeto Político Pedagógico é o grande projeto de uma 
escola. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo 
de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada, que 
define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar, a partir de um 
posicionamento quanto a sua intencionalidade e de uma leitura da realidade. 
É um caminho para a construção da identidade da escola. É um instrumento 
para a transformação da realidade. 
Como processo, implica a expressão das opções da escola, de concepções 
acerca do conhecimento e o julgamento da realidade, bem como das propostas de 
ação para concretizar o que se propõe. Vai além, supõe a colocação em prática 
daquilo que foi projetado, sempre acompanhado da análise dos resultados 
alcançados. 
A DINÂMICA DA CONSTRUÇÃO DO PPP 
 
COMPETÊNCIAS EXIGIDAS PARA A CONSTRUÇÃO DO PPP 
São várias as competências exigidas na construção do PPP: 
Conceitual - saber exatamente o que é o PPP. 
Atitudinal - o desejo e a decisão de fazer o PPP (sensibilização, sem queimar 
etapas); 
Procedimental - criatividade para alcançar a participação de todos: individual 
e em grupos. 
 
 
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29 NÚCLEO COMUM 
Para tanto se exige amadurecimento democrático. 
“O planejamento, como tarefa natural ao ser humano, é o 
processo de divisar o futuro e agir no presente para construí-lo. 
Assim, planejar é organizar um conjunto de ideias que 
representem esse futuro desejado e transformar a realidade 
para que esse conjunto nela se realize no todo ou em parte”. 
(GANDIN; GANDIN, 1999, p.37). 
Como podemos perceber, embora a descrição deste modelo apresente etapas 
distintas, essa distinção se faz apenas para organizar pedagogicamente as ideias do 
todo, ou seja, apenas para mostrar a sequência em que elas devem ser apresentadas, 
pois é evidente que, para o seu SUCESSO, nenhuma etapa poderá ser 
desconsiderada em virtude da interdependência que há entre elas. 
AO TÉRMINO DA UNIDADE, VAMOS REFLETIR SOBRE ALGUMAS 
QUESTÕES: 
1. Que tipo homem e sociedade queremos ajudar a construir? 
2. O que compreendemos como valores? Quais são os nossos valores? 
3. Quais são os valores dos nossos alunos? 
4. O que representa o amor na nossa vida? Nós amamos? De que maneira? 
Podemos melhorar nosso amor? 
5. Que relações mantemos com nossos alunos? E eles conosco? Estamos 
felizes? Podemos melhorar? Como? 
6. Considerando a realidade e as nossas condições de vida e os aspectos da vida 
contemporânea, o que nos dá prazer? E o que nos causa inquietação? Por 
quê? O que podemos fazer para contribuir? 
7. Como viver nossas utopias na nossa escola? 
Referência Bibliográfica: 
GANDIN, Danilo e GANDIN, Luís Armando. Temas para um projeto político 
pedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. 
 
 
 
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30 NÚCLEO COMUM 
Aula 10_Descentralização de Políticas Públicas 
 
Nas aulas anteriores procuramos partir do macro (Estado) até chegarmos ao 
micro (escola) estabelecendo conceitos e relações que nos possibilitam compreender 
as questões do cotidiano que vivenciamos na nossa vida individual, como cidadãos e 
na nossa vida profissional, na escola. Da mesma forma, vamos iniciar a nossa 
discussão sobre a descentralização das políticas sociais, especialmente da educação. 
É sob as transformações do cenário mundial que se abre o espaço para um 
novo estágio de globalização do capitalismo e, consequentemente, a expansão do 
mercado mundial, propiciando um novo regime de acumulação. A consolidação das 
políticas neoliberais tem como marco o Consenso de Washington, cujas orientações 
passaram a nortear as políticas do Fundo Monetário Internacional e do Banco 
Mundial na concessão dos empréstimos aos países necessitados de recursos, 
conforme vimos anteriormente.No Brasil, o ajuste estrutural tem se definido como um conjunto de programas 
e políticas orientadas e introduzidas por essas e outras organizações financeiras. 
Segundo Silva (2001, p. 13-14), 
“[...] o que estamos presenciando é um processo amplo de 
redefinição global das esferas social, política e pessoal, no qual 
complexos e eficazes mecanismos de significação e 
representação são utilizados para criar e recriar um clima 
favorável à visão social e política liberal. O que está em jogo não 
é apenas uma reestruturação neoliberal das esferas econômica, 
social e política, mas uma reelaboração e redefinição das 
próprias formas de representação e significação social. O projeto 
neoconservador e neoliberal envolve, centralmente, a criação de 
um espaço em que se torne possível pensar o econômico, o 
político e o social fora das categorias que justificam o arranjo 
social capitalista. Nesse espaço hegemônico, visões alternativas 
e contrapostas à liberal/capitalista são reprimidas a ponto de 
desaparecerem da imaginação e do pensamento até mesmo 
daqueles grupos mais vitimizados pelo presente sistema [...]” 
 
 
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31 NÚCLEO COMUM 
Neste cenário, as políticas públicas de descentralização emergem como 
estratégias de consenso. Mas embora tais políticas no discurso oficial sejam 
apresentadas como um programa de solução de problemas, indicando as vias de ação 
e os recursos disponíveis, as políticas de descentralização têm revelado também os 
confrontos e as contradições culturais que se traduzem a partir da própria concepção 
de descentralização, no desenvolvimento e no acompanhamento das ações 
deflagradas. 
O Brasil, segundo Arretche (2000), no início dos anos de 1980 viveu um 
conjunto de reformas político-institucionais, como a retomada das eleições diretas, a 
descentralização fiscal e a definição dos municípios como federativos autônomos. 
Num Estado Federativo, marcado por desigualdades regionais e fracas capacidades 
econômicas e administrativas de governos locais, o processo de reforma do Estado 
tornou-se bastante complexo. 
 
Glossário 
Consenso de Washington: Expressão que designa um conjunto de medidas 
em favor da economia de mercado com o intuito de “recuperar” economicamente a 
América Latina. Denominada de neoliberais, essas medidas pregam a redução da 
participação do Estado na economia com a privatização de empresas públicas, ainda 
a flexibilização das leis trabalhistas, redução da carga fiscal e abertura comercial. Ao 
contrário do que se pregavam os seus elaboradores, os países que adotaram 
inocentemente o receituário do Congresso tiveram aumento do desemprego, redução 
dos salários dos trabalhadores e consequentemente, perda crescente de poder 
aquisitivo, com o agravamento da concentração de renda deixando uma enorme 
distância entre ricos e pobres, diminuição do investimento do poder público na área 
social diante da “necessidade” do controle fiscal visando o pagamento de sua dívida 
pública. O baixo crescimento econômico dos países que adotaram o modelo do 
Consenso de Washington não justifica o alto nível de sacrifício imposto às populações 
desses países. 
 
 
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32 NÚCLEO COMUM 
Banco Mundial: Instituição Internacional de financiamento do 
desenvolvimento social e econômico. Criado em 1944, com o objetivo de recuperar os 
países destruídos após a II Guerra Mundial, conta hoje com 183 países-membros, 
inclusive o Brasil, tendo como principal função o recolhimento de recursos junto a 
mercados financeiros internacionais para financiar os países em desenvolvimento, 
visando combater a pobreza mundial. 
FMI: Criado em 1945, objetiva a estabilidade do sistema monetário 
internacional através do equilíbrio na balança de pagamentos e nos sistemas cambiais 
dos 181 países membros, como também, a expansão do comércio e no negócio de 
capitais, chegando a promover empréstimos aos seus membros. 
 Bibliografia: 
ARRETCHE, Marta. Estado Federativo e Políticas Sociais: Determinantes da 
Descentralização. Rio de Janeiro: Revan; São Paulo: FAPESP, 2000. 
 SILVA, Tomaz Tadeu da. A “nova” direita e as transformações na pedagogia 
da política e na política da pedagogia, In: GENTILI, Pablo A. A.; SILVA, Tomaz Tadeu 
da (org.) [e outras] Neoliberalismo, qualidade total e educação: visões críticas. 9º ed. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 
 
 
 
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33 NÚCLEO COMUM 
Aula 11_Descentralização de Políticas Públicas e a Educação 
 
Vamos entender esse processo de descentralização nas políticas públicas, 
especialmente na educação! 
“O processo de descentralização das políticas sociais inicia-se, 
efetivamente, nos anos de 1990, com a transferência da função 
de gestão do governo federal para Estados e Municípios. 
“Descentralização aqui significa a institucionalização no plano 
local de condições técnicas para a implementação de tarefas de 
gestão de políticas sociais” (ARRETCHE, 2000, p.16). 
De acordo com a autora, o processo de reforma do Estado está condicionado 
à natureza das relações entre Estado e sociedade e entre os vários níveis de governo. 
Os resultados alcançados são variáveis, de acordo com a política e os locais onde 
estão sendo implementados. 
Em um processo de transferência de atribuições, a riqueza econômica, a 
capacidade fiscal e administrativa dos governos locais exercem um fator diferenciador. 
Para a implementação da descentralização, é decisiva a estratégia governamental de 
incentivo para que os governos locais queiram assumir tais atribuições. 
A adesão dos governos locais à transferência de atribuições depende 
diretamente de um cálculo no qual são considerados, de um lado, os custos e 
benefícios derivados da decisão de assumir a gestão de uma dada política e, de outro, 
os próprios recursos fiscais e administrativos com os quais cada administração conta 
para desempenhar tal tarefa (ARRETCHE, 2000, p.48). 
A transferência de atribuições, no Brasil, tem se realizado com base em uma 
barganha federativa; quando um nível de governo considera os custos políticos, 
financeiros e administrativos de uma gestão, muito elevados, procura transferi-los 
para outras administrações. 
Na Educação, os princípios de descentralização, gestão 
democrática e autonomia escolar passam a estar presentes nos debates e nas 
reflexões que buscam soluções para a situação em que se encontra a educação 
brasileira. Virou quase lugar comum sua defesa, mas na revelação do discurso 
comum, práticas com objetivos bem diferenciados têm emergido. 
 
 
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34 NÚCLEO COMUM 
Vale ressaltar ainda que essa descentralização da educação, apresentada 
como uma tendência moderna dos sistemas educativos, pouco tem a ver com as 
questões educativas propriamente ditas, conforme Krawczyk (2002), mas muito mais 
com a busca de uma governabilidade da educação pública. 
“Busca-se analisar a concepção da reforma educacional no 
marco de um novo ordenamento das relações internacionais e 
da reconfiguração do modelo de Estado provedor e regulador 
para o modelo de Estado forte e minimalista e, principalmente, 
enquanto expressão da lógica dos binômios 
globalização/comunitarismo e centralismo/localismo”. 
(KRAWCZYK, 2002, p.60). 
 De fato, o que se apresenta é uma globalização contemporânea que supõe 
uma nova ordem econômica, que invalida a necessidade de uma base territorial e de 
estratégias nacionais ante as regras dos mercados internacionais no âmbito da 
produção e que apresenta, ao mesmo tempo, a gestão local como a forma mais 
adequada para vincular os custos e vantagens dos serviços públicos e privados. 
Nessa perspectiva, a gestão educacional proposta apresenta a coexistência de 
espaçosde decisão e ação, descentralizados e privados, juntamente com outros 
espaços altamente centralizados e intervencionistas, substituindo-se então o Estado 
social pelo Estado controlador, avaliador. 
Fica claro que a reforma do Estado em andamento redefine as 
responsabilidades do próprio Estado, do mercado e da sociedade e o modelo de 
organização e gestão da educação que instaura a Reforma Educacional no Brasil, 
conforme afirma Krawczyk (2002), está definido pela descentralização em três 
dimensões que se complementam, gerando uma nova lógica de governabilidade da 
educação pública: descentralização entre diferentes instâncias de governo – 
municipalização; descentralização para a escola – autonomia escolar; e 
descentralização para o mercado – responsabilidade social. 
Referências Bibliográficas: 
ARRETCHE, Marta. Estado Federativo e Políticas Sociais: Determinantes da 
Descentralização. Rio de Janeiro: Revan; São Paulo: FAPESP, 2000. 
 
 
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35 NÚCLEO COMUM 
KRAWCZYK, Nora Rut. Em busca de uma nova governabilidade na educação. 
In: OLIVEIRA, Dalila Andrade e Maria de Fátima Felix Rosar (orgs.). Política e gestão 
da educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 
 
 
 
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36 NÚCLEO COMUM 
Aula 12_Descentralização X Educação X Gestão (Parte I) 
 
O processo de descentralização trouxe transformações na área administrativa, 
onde surgiu a gestão como um importante componente organizacional de instituições 
públicas e privadas. 
Sob o ponto de vista da gestão educacional, Casassus (1997) analisa a 
transformação institucional dos sistemas educativos na América Latina, levando em 
conta dois aspectos: 
 O primeiro está relacionado com a própria teoria, que nos permite, 
segundo o autor, gerar marcos interpretativos que ampliam nossa 
capacidade de entender o que observamos, o que está 
acontecendo. 
 O segundo, que se refere à gestão, à ideologia da gestão, ou seja, 
o conjunto de conceitos que dominam o pensamento atual. 
Conforme Casassus (1997), até meados da década de 1980 não se falava em 
gestão. Em primeiro lugar, o autor afirma que esta se achava separada em duas 
atividades conceitualmente distintas: a de planejamento e a de administração, 
apresentando assim uma distinção entre aqueles responsáveis pela elaboração dos 
planos, os que fixavam objetivos, determinavam as ações a serem executadas, e os 
que estavam encarregados de executar as ações predeterminadas. O modelo assim 
desenhado apresentava uma separação clara entre a ação de planejar da ação de 
executar. Esta separação deixou de ter validade conceitual como teoria da ação 
subjacente à qual se integram os dois processos, ou seja, o de pensar e o de executar, 
presentes na noção de gestão. 
A segunda questão destacada pelo autor refere-se à definição mesmo de 
gestão. Afirma que, numa visão clássica, a gestão implica: 
“[...] uma capacidade de gerar uma relação adequada entre a 
estrutura, a estratégia, os sistemas, o estilo, as capacidades, as 
pessoas e os objetivos superiores da organização considerada 
[...] a capacidade de articular os recursos de que se dispõe de 
maneira a alcançar o que se deseja. Numa visão que evoca o 
tema da identidade em uma organização, a gestão implica a 
geração e a manutenção de recursos e processos em uma 
 
 
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37 NÚCLEO COMUM 
organização para que ocorra aquilo que se tenha decidido que 
ocorra [...]” (CASASSUS, 1997, p.4). 
 O que se coloca em destaque é que a gestão tem a ver com os componentes 
de uma organização como arranjos institucionais, a articulação de recursos, os 
objetivos e, sobretudo, as inter-relações entre as pessoas na ação. Por esta razão, 
Casassus (1997) reitera que implícita ou explicitamente os modelos de gestão se 
fundamentam em alguma teoria da ação humana dentro das organizações e que é 
necessário esta compreensão para se entender adequadamente os processos de 
gestão. Nesta perspectiva, a ação em uma organização é uma ação deliberada e toda 
ação deliberada tem uma base cognitiva, reflete normas, estratégias e supõe o modelo 
do mundo no qual se dá. 
Por fim, em sua terceira questão, Casassus (1997, p.5) trata da vinculação do 
tema da gestão ao da aprendizagem, no qual se concebe 
 “[...] a ação da gestão como um processo de aprendizagem da 
adequada relação entre estrutura, estratégia, sistemas, estilo, 
capacidades, pessoas e objetivos superiores, tanto no interior da 
organização quanto ao entorno [...]” 
O que não pode significar uma elaboração pessoal, mas sim o que se constitui 
e se verifica na ação, num processo de aprendizagem contínuo. 
 
 
 
 
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38 NÚCLEO COMUM 
Aula 13_Descentralização X Educação X Gestão (Parte II) 
 
Com os indicativos apresentados por Casassus, considerando a aula anterior, 
o autor identifica os modelos de gestão, que denomina marcos conceituais e 
ressalta que, embora se apresentem em um dado momento histórico, podem ou não 
se apresentar na sua forma pura, assim como podem ou não se mesclar. 
São identificados os modelos: 
 normativo, 
 prospectivo, 
 estratégico, 
 estratégico-situacional, 
 qualidade total, 
 reengenharia e 
 comunicacional. 
Utilizado na década de 1950, o modelo normativo, construído a partir de 
técnicas de projeção de tendências em médio prazo e sua consequente programação, 
constitui-se num esforço maior da introdução da racionalidade no exercício do governo 
em suas intenções de alcançar o futuro pelas ações do presente. É importante 
destacar aqui a visão linear de futuro, tido como único e certo em que a sociedade 
estava ausente, não se considerando as pessoas e suas interações. Foi o período no 
qual se iniciaram os planos nacionais de desenvolvimento, que tinham como 
consequência a elaboração dos planos nacionais de educação, um modelo de um alto 
nível de generalização e abstração. 
Com a constatação de que o futuro realizado não coincidia com o futuro 
previsto. Conforme a visão normativa estabelece-se nos anos 1960 a 1970, com a 
crise do petróleo, o modelo prospectivo no qual o futuro é previsível por meio da 
construção de cenários. O enfoque é o mesmo do modelo normativo, só que aplicado 
considerando-se diferentes cenários de futuro. 
Já na década de 1980, estabelece-se uma tendência que vincula planejamento 
e gestão a considerações econômicas. O modelo que se estabelece é de que são 
necessárias normas, táticas e estratégias para se chegar ao futuro desejado, normas 
que permitam relacionar a organização com o entorno. A gestão estratégica 
 
 
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39 NÚCLEO COMUM 
consiste então na capacidade de articular os recursos que possui uma 
organização, sejam eles humanos, técnicos, materiais, financeiros. 
Segundo Casassus (1997), a crise do petróleo repercutiu tardiamente na 
América Latina, transformando-se, no início dos anos de 1980, em uma crise 
estrutural, gerando uma situação social instável e sendo o tema da governabilidade 
introduzido por meio de uma visão situacional, sobre a viabilidade das políticas. 
Reconhecendo-se o antagonismo dos interesses dos atores da sociedade e do 
tema da viabilidade política, juntam-se os temas da viabilidade técnica, econômica, 
organizativa e institucional, e a gestão se apresenta como o processo de resolução 
dos problemas. A realidade adquire o caráter da situação em relação ao ator e à sua 
ação, há uma preocupação de análise e abordagem dos problemas, no caminho a 
percorrer até o futuro desejado. 
Com o início dos anos de 1990, uma nova situação se desenha, orientando-se 
o modelo para a melhoria da qualidade do processo, de acordo comas necessidades 
dos usuários dos sistemas educativos, ganhando relevância a melhoria do produto 
mediante ações direcionadas para diminuir a burocracia e custos, maior flexibilidade 
administrativa e operacional, aprendizagem contínua, aumento da produtividade, 
criatividade nos processos. Busca-se diminuir os desperdícios e melhorar os 
processos existentes numa visão do conjunto da organização. 
Casassus (1997) afirma que entre as práticas de gestão dos sistemas 
educacionais, na segunda metade dos anos de 1990, prevalece principalmente a 
perspectiva estratégica clássica combinada com a perspectiva da Qualidade Total. 
Já o modelo de reengenharia, segundo o autor, situa-se no reconhecimento de 
contextos de mudanças dentro de um marco de competência global. Nesta 
perspectiva, Casassus (1997) distingue três aspectos de mudança: 
 o primeiro prevê que as melhorias não bastam, exige-se uma mudança 
qualitativa; 
 o segundo reconhece que os usuários têm, por meio da 
descentralização, a abertura do sistema e maior poder e maior exigência 
pela qualidade da educação que desejam; 
 o terceiro aspecto se refere às mudanças, processo que também deve 
ser transformado. 
 
 
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40 NÚCLEO COMUM 
Enquanto o modelo de Qualidade Total implica melhorar o que há hoje, 
buscando diminuir desperdícios e melhorar os processos existentes, numa visão do 
conjunto da organização, a reengenharia se define como uma reconceitualização 
funcional e redesenho radical dos processos. Nesta perspectiva, o modelo de 
reengenharia visa a uma mudança radical, não se tratando de melhorar o que existe, 
mas de reconsiderar radicalmente como está concebido o processo. 
Numa visão posterior, já na segunda metade da década de 1990, a tendência 
de se olhar a organização sob o ponto de vista das redes de comunicação, faz com 
que o processo de comunicação ganhe relevância quanto à facilitação ou 
impedimento na concretização das ações planejadas. A gestão aparece como 
desenvolvimento de compromissos de ação obtidos por meio de comunicações para 
a ação; nesta perspectiva, a gestão é a capacidade de formular petições e obter 
promessas. 
 
 
 
 
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41 NÚCLEO COMUM 
Aula 14_Descentralização X Educação X Gestão (Parte III) 
 
Da análise detalhada que realiza, conforme nossas aulas anteriores, Casassus, 
o autor, elabora três conclusões: 
· a primeira é que na evolução dos modelos evidencia-se um processo que 
caminha do quantitativo para o qualitativo, no qual o gestor se transforma de analista 
para coordenador de ações; 
· a segunda é que as diferentes práticas e processos sucedem-se incorporando 
uns aos outros, ou seja, em alguma medida os novos contêm os anteriores; e 
· a terceira é a de que, neste processo de concretização, passa-se de uma 
perspectiva sistêmica abstrata para uma engenharia social, reconhecendo-se a 
existência da sociedade com seus atores sociais em tensão, ou seja, reconhece-se a 
existência da organização, a importância dos processos e, finalmente, a emergência 
da pessoa humana como o elemento chave que torna possível o funcionamento das 
organizações. 
No marco da importância das reformas educativas, a gestão do sistema e da 
escola vem se apresentando ao lado do processo de desenvolvimento da 
modernização do Estado, redesenho e introdução de maior racionalidade na gestão 
e em particular nos processos de descentralização e desconcentração em sua 
gestão. 
A redefinição das responsabilidades e atribuições dos diferentes órgãos do 
sistema educativo apontam a escola como lugar estratégico na produção de uma 
maior eficiência em sua gestão, maior qualidade e efetividade em seu trabalho. 
Enquanto na década de 1980 a preocupação se deu pela construção de 
relações sociais democráticas no interior da escola, pelo direito de participação dos 
diferentes sujeitos, na reforma há uma inversão, porque, conforme observa Krawczyk 
(2002, p.65): 
Deixa de ser expressão da demanda da comunidade educativa por maior 
autonomia escolar em busca da democratização das relações institucionais, para 
passar a ser resultado da preocupação dos órgãos centrais por redefinir quem deve 
assumir a responsabilidade da educação pública: tanto pela definição de seu 
conteúdo, como pelo seu financiamento e pelos resultados. 
 
 
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42 NÚCLEO COMUM 
Essa discussão, uma das mais relevantes da política educacional nos anos de 
1990 e hoje muito presente, deve-se, na realidade, à redefinição do Estado de Bem-
Estar Social, em consequência da política neoliberal predominante. 
Referência Bibliográfica: 
KRAWCZYK, Nora Rut. Em busca de uma nova governabilidade na educação. 
In: OLIVEIRA, Dalila Andrade e Maria de Fátima Felix Rosar (orgs.). Política e gestão 
da educação. Belo Horizonte : Autêntica, 2002. 
 
 
 
 
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43 NÚCLEO COMUM 
Aula 15_Descentralização X Educação X Gestão (Parte IV) 
 
Nós encerramos a aula anterior afirmando que a discussão sobre a redefinição 
das responsabilidades e atribuições dos diferentes órgãos do sistema educativo, que 
definem a escola como lugar estratégico na produção de uma maior eficiência em sua 
gestão, maior qualidade e efetividade em seu trabalho, é uma das mais relevantes da 
política educacional nos anos de 1990 e hoje ainda é muito presente. Deve-se, na 
realidade, à redefinição do Estado de Bem-Estar Social, em consequência da política 
neoliberal predominante. 
Outro aspecto relevante deve ser destacado. Munín (1998) nos revela que 
essas propostas surgem como uma nova forma para “melhorar a escola” por meio da 
maior “liberdade” para seus atores. 
A autora destaca que essa posse de maior liberdade é uma liberdade negativa, 
no sentido de que ela surge ao eliminar-se um dever por parte do Estado, tratando-se 
então da utilização dos recursos dos próprios atores, na ausência dos tradicionais 
recursos normativos e materiais do Estado. 
Segundo a autora, essa autonomia da escola, a descentralização dos sistemas 
educacionais, a privatização de escolas públicas, a livre escolha das escolas por parte 
da clientela correspondem na realidade às reformas do Estado Regulador para formas 
societárias, privadas de coordenação, como demonstram as reformas educacionais 
em andamento em diversos países, especialmente na América Latina. 
Da forma como têm sido apresentados, os discursos oficiais têm encontrado 
uma forte carga positiva por parte de diferentes setores da sociedade, quando trata 
da questão da autonomia, entendida como forma de expressão de êxito dos desejos 
de liberdade dos indivíduos perante o Estado. 
Porém, o que significa esta liberdade? 
“A autonomia da escola merece ser analisada fora da 
contradição proposta pelo discurso neoliberal/conservador entre 
o “controle do Estado” e a “liberdade” dos atores da escola. 
Porque, em que pese ser um tema que parece tão pedagógico, 
tal como do domínio cotidiano das escolas e dos professores, 
trata-se de um tema político” (MUNÍN, 1998, p.11). 
 
 
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44 NÚCLEO COMUM 
O Estado não deixa de exercer seu controle, nem sua regulação; continua 
sendo a expressão das relações sociais assimétricas de dominação capitalista, 
exercendo o controle sobre o indivíduo segundo a concepção liberal, mas também 
como concretização das relações sociais historicamente determinadas. O Estado 
mínimo não significa necessariamente um Estado mais débil, mas, sim, reforça a ideia 
de liberdade para o indivíduo escolher e responsabilizar-se pelas suas escolhas. 
Desta forma, o Estado mínimo provoca relações de maior assimetria numa 
sociedade com fortes desigualdadessociais como a nossa. Assim, novas formas de 
controle implicam maior liberdade imposta para os indivíduos. Isto se observa pelas 
mudanças nas políticas públicas, na legislação e na própria dinâmica de poder que se 
estabelece. Evidencia-se o rebaixamento de investimentos em políticas sociais das 
quais fazem uso as camadas menos favorecidas da população e privilegiam-se, por 
meio de regulamentações, os setores mais altos. 
Merece análise ainda a ideia de liberdade proposta pelo discurso oficial ante o 
controle do Estado. A ausência do controle do Estado potencializa a dependência dos 
recursos próprios dos atores sociais e sua diferente taxação em negociações 
assimétricas; torna então a liberdade conveniente para os setores que detêm maiores 
recursos. 
Neste sentido, nas escolas autônomas, os atores sociais ficam “livres” do 
Estado e “aceitantes” e dependentes de seus próprios recursos, o que provoca 
desigualdade entre as escolas e legitimação da desigualdade. 
 
 
 
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45 NÚCLEO COMUM 
Aula 16_Descentralização X Educação X Gestão (Parte V) 
 
Ao final da aula passada discutimos a ideia crescente da liberdade individual 
frente ao controle do Estado. A diminuição da participação estatal aumenta a 
responsabilidade dos demais atores sociais pelos possíveis fracassos das ações 
empreendidas. Surgem, nesta perspectiva, duas questões centrais na construção da 
autonomia da escola: 
 A primeira, a de que o estado, ao conceder maior liberdade à escola, 
obriga seus participantes a uma maior atuação nas decisões 
pedagógicas, organizacionais e financeiras; 
 A segunda, a de que potencializa a liberdade desses atores, ao aumento 
da qualidade e de outros efeitos positivos na escola, responsabilizando-
os, portanto, pelos resultados. 
Assim, os efeitos da medida política de se introduzir liberdade no sistema 
educativo por meio da autonomia da escola têm revelado que o afastamento estatal 
não garante a autonomia. Pelo contrário, a autonomia fica condicionada ao maior ou 
menor poder de recursos dos atores das próprias escolas. 
Desta forma, a desigualdade do rendimento dos alunos e as desigualdades 
entre as escolas representam uma redistribuição regressiva do serviço educativo 
público. A legitimação da distribuição regressiva da educação, a aceitação da 
passagem da responsabilidade do Estado para os atores das escolas, traz a 
consequente responsabilização desses atores com relação aos resultados 
alcançados. 
Portanto, os atores da escola que, aparentemente, têm maior liberdade do 
Estado, estão cada vez mais dependentes de seus recursos num contexto cada vez 
mais complexo. O que provoca um consenso entre a opinião pública com relação à 
autonomia da escola é a satisfação de se verem livres da interferência do Estado, o 
que, segundo Munín (1998), os impede de imputar ao Estado os resultados 
alcançados. 
Nesse sentido, nas democracias liberais, em que se insere a área educacional, 
a autonomia da escola vem representando uma pressão: a aprovação do afastamento 
do Estado ante os direitos individuais (referentes à raça, gênero, sexualidade para 
anuir aos direitos da “maioria normal”) e a sustentação de um neoliberalismo 
 
 
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46 NÚCLEO COMUM 
globalizado produtor de maiores desigualdades econômicas e sociais com cada vez 
menor compensação do Estado. Uma armadilha da própria política neoliberal. 
 
 
 
 
 
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47 NÚCLEO COMUM 
Aula 17_É uma questão de competência? 
 
O que estamos propondo nesta aula é mais uma reflexão sobre as condições 
políticas, sociais, econômicas, culturais e educacionais em que vivemos na 
atualidade. 
Já sabemos que a consolidação das políticas em andamento não só no Brasil, 
mas mundialmente, tem como marco o Consenso de Washington (1989), cujas 
orientações passaram a nortear as políticas do Fundo Monetário Internacional e do 
Banco Mundial na concessão dos empréstimos aos países necessitados de recursos, 
políticas essas que têm ajustes estruturais, como a redefinição do papel do Estado e 
que esta tem se referido a uma redução unilateral da intervenção estatal nos setores 
de produção e também dos serviços sociais. Problemas básicos da sociedade, 
especialmente as mais pobres como a brasileira, as desigualdades estruturais e a 
exclusão social, econômica e política dos segmentos pobres da população não têm 
sido amenizadas com as reformas realizadas e em curso. 
Sabemos ainda que a transformação internacional e a evolução rápida das 
tecnologias, os novos conceitos e “modelos” de organização estão provocando o 
desaparecimento de profissões, e novas profissões estão surgindo. 
Para enfrentarmos este desafio, podemos afirmar que precisamos de muita 
competência. E, não é por acaso que tanto se fala em competência. Alguns estudiosos 
do assunto tratam a questão da competência numa relação íntima com a questão do 
mercado de trabalho. Consideramos que também esta questão deve estar pautada 
nas nossas reflexões, mas não só elas. Na realidade, precisamos ser competentes 
para sobreviver nas condições já relatadas e precisamos compreender que o 
estabelecimento de competências é parte daquele projeto político de que tanto 
falamos. 
Mas, afinal, o que é competência? 
Ainda que concordemos com a maioria dos conceitos que já estão postos, 
atrevemo-nos a dizer que competente é alguém que sabe, sabe fazer, conhece suas 
próprias crenças e valores de mundo, define o que é realmente importante e coloca 
tudo isto em movimento partindo para a ação. 
Precisamos, como professores, cada vez mais, da competência do 
conhecimento. As informações e os saberes podem ser desenvolvidos com leituras e 
 
 
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48 NÚCLEO COMUM 
os meios de socialização são fantásticos hoje e precisamos deles para trabalhar com 
nossos alunos, além de uma outra competência que é técnica, que é adquirida quanto 
mais acumularmos experiências e conhecimento. 
O potencial intelectual reúne diferentes tipos de inteligência. Entre eles, as 
capacidades de compreensão, de extrapolação, de discernimento, de concentração, 
de dedução, de lógica, de criação. 
No nosso caso específico de professor, é necessário o raciocínio verbal, 
a boa memória, a capacidade de avaliação e discernimento, a capacidade de 
síntese. Quanto mais combinamos ou associamos estas aptidões, mais aumentamos 
o nosso o potencial de competência. 
Quando falamos das grandes mudanças e da velocidade com que elas 
ocorrem, falamos de como enfrentá-las, ou seja, sabemos que o enfrentamento 
pressupõe tensão e, por essa razão, podemos afirmar que nossas inteligências afetam 
nossas emoções e nossas emoções afetam as nossas inteligências. 
Uma das soluções é a manutenção do nosso entusiasmo, da nossa 
esperança, contudo, sem euforia. 
A reflexão e conscientização que estamos sempre fazendo a respeito dos 
valores da vida e do potencial humano é parte do equilíbrio entre as questões 
materiais e os valores espirituais. Os professores e a escola assim desenhados 
conquistam com seus alunos o direito de usufruir os prazeres físicos, 
emocionais, intelectuais e espirituais. 
 De certa maneira estamos falando de competência de vida, o que representa 
um conjunto de competências. 
 
 
 
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50 NÚCLEO COMUM 
Resumo_Unidade II 
 
De que forma a descentralização das políticas públicas estão relacionadas com 
a educação? 
A reforma educacional no Brasil, iniciado nos anos de 1990 está fundamentada 
em três dimensões: municipalização, autonomia

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