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0788 - Teoria Polítca Contemporanea atualizado

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UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
1 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
Teoria Política 
Contemporânea 
 
SEMESTRE 3 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
2 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Créditos e Copyright 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas 
aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. 
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste 
curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em 
qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. 
Copyright (c) Unimes Virtual 
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou 
formato. 
 SANTOS, Lia Mara Dib Ferreira. 
 Teoria Política Contemporânea. 
Lia Mara Dib Ferreira Santos: Núcleo de Educação 
a Distância da UNIMES, 2015. 148p. (Material 
didático. Curso de ciências sociais). 
 Modo de acesso: www.unimes.br 
1. Ensino a distância. 2. Ciências 
Sociais. 3. Política Contemporânea. 
CDD 300 
 
http://www.unimes.br/
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
3 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
 
 
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 
PLANO DE ENSINO 
 
CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais 
COMPONENTE CURRICULAR: Teoria Política Contemporânea 
SEMESTRE: 3º 
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas 
 
EMENTA: 
 
A disciplina estuda as transformações do Estado no século XX e a política no 
capitalismo tardio, bem como o processo de constituição da organização política 
brasileira contemporânea. Discute os conceitos clássicos a partir do olhar de autores 
lidos pela teoria política contemporânea, como Hannah Arendt, Jürgen Habermas e 
AntonioGransci. Enfatiza o sentido teórico e a realidade do liberalismo político no 
capitalismo do início do século XX. Questiona a Democracia como conceito abstrato 
e discute as práticas democráticas modernas e contemporâneas. Discute a 
formação no Estado neoliberal, os interesses políticos e econômicos que configuram 
a forma do Estado contemporâneo. Apresenta o WelfareState e suas crises. Introduz 
a história política do Brasil republicano. 
 
OBJETIVO GERAL: 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
4 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Estudar as principais transformações do Estado no século XX e apresentar alguns 
dos autores que inspiram interpretações sobre esse contexto. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
Unidade I - Liberalismo / Estado Nação e Democracia 
Retoma conceitos do liberalismo clássico para compreensão dos conceitos de 
Nação e de Democracia Moderna. Discute a formação histórica do sujeito de direitos 
(Razão moderna e lei) 
Objetivos da Unidade 
Diferenciar e relacionar historicamente liberalismo de política econômica. Enfatizar o 
sentido teórico e a realidade do liberalismo político no capitalismo do início do século 
XX. Questionar a democracia como conceito abstrato. 
 
Unidade II -A formação das elites econômicas, a questão do poder, a crise do 
Estado e da Democracia Moderna 
A formação das elites econômicas propriamente capitalistas. A questão do poder e 
do Estado no mundo global direcionado pelo neoliberalismo. 
Objetivos da unidade 
Formar um quadro histórico político da Construção do hoje chamado Estado 
neoliberal. Relacionar interesses e exigências econômicas do grande capital às 
possibilidades de negociações do Estado Contemporâneo. Introduzir discussões a 
respeito da crise de identidade no mundo contemporâneo. 
 
Unidade III - Estado e sociedade civil brasileira I 
História política do Brasil Republicano I: da República Velha ao AI5 
Objetivos da unidade 
Refletir sobre o Estado e a sociedade civil brasileira. Possibilitar a compreensão 
desta relação a partir de elementos constituintes das dificuldades de construção da 
nossa sociedade civil diante um Estado autoritário. 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
5 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Unidade IV - Estado e sociedade civil brasileira II 
História política do Brasil Republicano: da ditadura militar ao processo de 
democratização da sociedade brasileira. 
Objetivos da Unidade 
Posicionar o aluno na condição contemporânea do Estado e da sociedade civil 
brasileira. Possibilitar a compreensão desta condição a partir de elementos 
constituintes da formação de nossa sociedade civil. e das dificuldades de 
manutenção dado a exposição do país aos interesses das grandes corporações 
internacionais. 
 
Unidade V - Século XX (universalidade histórica) x Século XXI (incerteza) 
Finalização do contexto histórico e político nacional e arcabouço teórico para pensar 
questões políticas contemporâneas. 
Objetivos da Unidade 
Fornecer um quadro das propostas universais de sociedade e homem surgidas e 
implantadas no século XX, refletindo para a condição do homem no mundo global 
direcionado pelo neoliberalismo. Pensar a Democracia como um valor 
historicamente circunscrito. Discutir algumas questões políticas contemporâneas a 
partir de um arcabouço teórico específico. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
UNIDADE I: Retoma conceitos do liberalismo clássico para compreensão dos 
conceitos de Nação e de Democracia Moderna. Discute a formação histórica do 
sujeito de direitos (Razão moderna e lei) 
 
UNIDADE II: A formação das elites econômicas propriamente capitalistas. A questão 
do poder e do Estado no mundo global direcionado pelo neoliberalismo. 
 
UNIDADE III: História política do Brasil Republicano I: da República Velha ao AI5 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
6 CIÊNCIAS SOCIAIS 
UNIDADE IV: História política do Brasil Republicano: da ditadura militar ao processo 
de democratização da sociedade brasileira. 
UNIDADE V: Finalização do contexto histórico e político nacional e arcabouço 
teórico para pensar questões políticas contemporâneas. 
 
Bibliografia Básica 
 
BOBBIO, Norberto. Ensaios sobre Gramsci e o conceito de sociedade civil. São 
Paulo, Paz e Terra, 1999 
HABERMAS, Jürgen. Agir comunicativo e razão descentralizada. Rio de Janeiro, 
Tempo Brasileiro, 2002 
ARENDT, Hannah. A condição Humana. São Paulo, Forense Universitária, 2010 
 
Bibliografia Complementar 
BERMAN, Marshall. Tudo que é Sólido desmancha no ar, São Paulo: Companhia de 
Bolso, 2007. 
BOBBIO, Noberto. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Editora Brasiliense 1988. 
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10 edição - Rio de Janeiro, 
DP&A, 2005. 
IANNI, Otávio. Teorias da globalização. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2000. 
MOTA, Carlos Guilherme. Ideologia da cultura brasileira (1933-1974). São Paulo. 
Editora 34, 2008. 
 
METODOLOGIA: 
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio 
de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e 
atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de 
textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, 
envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo 
ensino/aprendizagem. 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
7 CIÊNCIAS SOCIAIS 
AVALIAÇÃO: 
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e 
apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como 
forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados tanto na 
parte teórica como na prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades 
em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e 
Prova Presencial, de acordocom a Portaria de Avaliação vigente. A Avaliação 
Presencial, está prevista para ser realizada nos polos de apoio presencial, no 
entanto, poderá ser realizada em home seguindo as orientações das autoridades da 
área da saúde e da educação e considerando a Pandemia COVID 19. 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
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Núcleo de Educação a Distância 
8 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Sumário 
Aula 01 _ A construção do Estado Nacional ...................................................................10 
Aula 05 _O Estado ampliado e uma nova noção de sociedade civil ............................23 
Aula 06_ A democracia dos modernos e a expansão do Estado ..................................26 
Aula 07_ Welfare States - formação e crise ....................................................................29 
Resumo_Unidade I ............................................................................................................33 
Aula 08_Da Antiga a nova ordem Global – I ...................................................................34 
Aula 09_Da Antiga a nova ordem Global – Il ..................................................................38 
Aula 10_Neoliberalismo e Estado mínimo .......................................................................42 
Aula 11_Globalização, crise do Estado nação e a vigência dos blocos econômicos .45 
Aula 12_Habermas e Hannah Arendt: o poder consensual – I .....................................49 
Aula 13_ Habermas e Hannah Arendt: o poder consensual – Il ...................................52 
Resumo_Unidade II ...........................................................................................................55 
Aula 14_ Identidade e as novas tendências democráticas ............................................56 
Aula 15_Da Herança monárquica à república velha (1889 – 1930) .............................59 
Aula 16_Primeira República .............................................................................................63 
Aula 17_O fim da 1º República e a Revolução de 1930 ................................................66 
Aula 18_ De 1930 a 1937 – A consolidação do Estado Nacional .................................70 
Aula 19_ O Estado Novo ...................................................................................................74 
Aula 20_ De 1945 a 1963 – Movimentos Sociais e Sindicais ........................................78 
Aula 21_O ano de 1963, o AI – 5 e a ditadura militar .....................................................82 
Resumo_Unidade III ..........................................................................................................85 
Aula 22_De 1968 a 1974 - A ditadura militar e os embates civis ..................................86 
Aula 23_ De 1974 a 1985 - A reorganização da sociedade civil ...................................89 
Aula 24_De 1985 a 2005 - O período da democratização política – I ..........................92 
Aula 25_ De 1985 a 2005 - O período da democratização política – II ........................97 
Aula 26_De 1985 a 2005 - O período da democratização política – III ......................101 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
9 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Resumo_Unidade IV .......................................................................................................106 
Aula 27_ Breves considerações sobre a sociedade civil e a política brasileira .........108 
Aula 28_O Fenômeno Totalitário no século XX ............................................................113 
Aula 29_A identidade na condição do homem contemporâneo ..................................117 
Aula 30_ Foucault - O poder disciplinar e a compreensão da condição identitária ...120 
Aula 31_ Fundamentalismo, etnias e novas nações ....................................................124 
Aula 32_PALAVER (buscar e encontrar juntos uma linha comum em relação a um 
problema que exija escolhas inovadoras) ..................................................................................127 
Resumo _ Unidade V ......................................................................................................130 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
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SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
10 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 01_A construção do Estado Nacional 
 
Nesta primeira aula iremos retomar alguns conceitos da política clássica, com 
os quais - após uma revisão histórica social - iniciaremos uma viagem ao mundo 
contemporâneo. 
A formação do Estado Moderno e posteriormente do Estado Nação está 
conectada ao desenvolvimento da economia capitalista, por isso, não poderemos 
iniciar a discussão, sem entender o que significa historicamente o Estado Moderno e 
os direitos que lhe acompanham, bem como, os atores destes direitos. 
O Estado moderno nasce da destruição das sociedades feudais e da 
construção progressiva de unidades territoriais administradas, quer por uma 
monarquia, quer mais tarde por representações republicanas. Em ambos os casos, 
uma carta magna, algo que estabelecesse direitos e deveres era produzido a fim de 
estabelecer regras de convívio social. Todos os Estados possuem, hoje, essas 
normas, que, embora genéricas criam um cenário possível de ordenação social. 
Pois bem, cabe-nos neste momento ter claro que as definições destas regras 
e até antes, desta estrutura social é dada não por todos como se estivéssemos 
numa democracia direta, mas por alguns que recebem o direito e o dever de falar 
por todos (parlamentares). 
Como estes atingem tal grau de responsabilidade e dever? Quem são o que 
fizeram para tal? É necessário situar histórica e politicamente cada unidade territorial 
e respectivo corpo social bem como circunscrevê-los no âmbito mais geral das 
relações com os demais Estados também em formação. 
Lembremos que a destruição progressiva do sistema feudal implicou 
gradativamente um maior intercâmbio não só econômico, mas também sócio cultural 
capaz de impulsionar uma nova mentalidade e novas práticas de convívio social. 
Dentre estas práticas estabelece-se cada vez e de uma forma mais sólida a 
ideia de um LIBERALIAMO ECONÔMICO, de uma prática na qual os produtores 
individuais do que quer que seja pudessem trocar seus produtos da melhor forma 
que lhes aprouvessem. 
Neste momento, o Estado então Moderno, torna-se Nacional, o que significa 
que deveria além de organizar o convívio social, regrar a forma pela qual a 
 
 
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SANTOS 
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11 CIÊNCIAS SOCIAIS 
economia dentro de seu território deveria ocorrer, garantindo a LIVRE concorrência, 
impedindo tanto quanto possível que interesses econômicos externos interviessem 
em suas trocas. 
Estabelece-se uma ECONOMIA POLÍTICA, na qual o Estado, através de seu 
corpo político, cria regras para a LIVRE CONCORRÊNCIA de agentes privados, 
para tanto se defende a propriedade privada dos meios de produção e a ideia a de 
uma solidariedade territorial (nacional). 
Deixemos claro: Liberalismo econômico implica: Liberdade de mercado, 
inclusive de vender e comprar mão de obra. Igualdade de oportunidades diante do 
mercado e das trocas nacionais torna-se o discurso para a possível construção de 
um estado Nacional Sólido. 
No entanto, a sociedade já estava dividida entre os possuidores dos meios de 
produção e de um capital advindo da acumulação primitiva - Lembrem-se do 
processo de colonização das Américas e da acumulação de capitais que permitiu à 
Inglaterra realizar a Revolução Industrial –1750, modelo exportado 
progressivamente para todas as nações do planeta. - e os possuidores de mão de 
obra. Desta forma o discurso e Projeto Nacional sobre um território e benefícios 
comuns sobrepunham-se à existência de duas classes de cidadãos - possuidores de 
meios de produção e fornecedores de mão de obra. 
Progressivamente, uma massatrabalhadora cresce em todos os estados-
nações a fim de dar conta da produção em demanda. Estas passam a se organizar e 
a reivindicar direitos. E assim, como veremos mais à frente, surgem os direitos 
trabalhistas e sociais, já em meados do século XÏX. 
O Estado de forma geral amplia as normas coletivamente de forma que: 
 
“O Estado existe em todas as comunidades em que a proteção dos 
membros e a proteção de normas comuns são funções de um sistema de 
normas diferenciados. As comunidades nas quais as normas não são 
impostas pela ação coletiva, confiando-se a proteção dos indivíduos as 
famílias, a outros grupos, ou talvez mesmo a lideres que não possuem 
autoridade definida, não são Estados.” 
Ginsberg. Sociolgy. London, Oxford Univ.Press,1934 p 147-8 in 
dicionário de sociologia, 2ºedição: Fundação Getúlio Vargas, 1987 
 
 
 
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METROPOLITANA DE 
SANTOS 
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12 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Enquanto o Estado Moderno Liberal pode ser entendido como: o local da 
vontade geral, da discussão de todos e da exposição de razões para dadas ações 
na busca da harmonia social, sociologicamente, dado a composição dos agentes é o 
espaço de definição de práticas e defesa de interesses de uma classe. 
O Estado Liberal nasce no contexto da consolidação dos Estados Nacionais, 
ou seja dos Estados regidos por normas coletivas amplas e comuns a todos os 
cidadãos. O princípio normatizador deste Estado tende a ser a liberdade, o uso e a 
posse individual de bens e capacidades pessoais. 
Se associarmos o Estado em seu sentido geral, a concepção liberal deste, 
com o surgimento da nacionalidade, poderemos, neste momento indicar a nação 
como: “Um processo social permanente e conflitivo, com o qual se edifica e se 
aprofunda a identidade de um povo” Vannucchi (1999, p.45 ) 
Pensando as definições acima podemos perceber a necessidade de um 
aparato político que garanta um amalgama social de convivência pacífica entre os 
membros de uma mesma comunidade, no caso, nacional. 
Percebemos também, e isso será aprofundado em aulas subsequentes, que 
esse amalgama não é construído de forma tranquila entre os atores sociais 
envolvidos no processo de construção de um Estado quer seja este, Clássico como, 
por exemplo, Portugal, França Inglaterra - na qual os interesses econômicos 
estiveram ligados a constituição de reinados e ou estabelecimento de leis e 
regulamentações sociais, inclusive com a eliminação de monarquias constitucionais 
– ou um Estado nascido no processo de colonização como o Brasil e os EUA, por 
exemplo. 
O Estado-Nação formou-se do decorrer da história do mundo capitalista, 
levado pelas forças sociais envolvidas no processo. De quer forma os 
interesses de classe estiveram envolvidos na questão nacional? Quem ou que 
grupo social representava o povo da nação brasileira no início do século XX? 
Quais as consequências desta representação? 
 
 
 
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METROPOLITANA DE 
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13 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 02_A identidade nacional 
 
Conforme iniciamos reflexão na primeira aula, a nação não é algo fixo, 
fechado em si, mas uma construção coletiva envolvendo lutas e resistências, tanto 
mais complexas quanto mais forem os grupos e situações em posições antagônicas 
no que se refere a construção de uma sociedade comum. 
Para entendermos a problemática que permeia a questão da identidade 
nacional, e, portanto da nacionalidade teremos que compreender as possíveis 
representações conceituais do termo Nação e o que de fato ela foi desde sua 
criação e fortalecimento pelo ideário do Liberalismo. 
Dentro da visão liberal, a Nação estaria ligada à ideia de unidade e de bem 
comum, o que implicaria a homogeneização das condições de existência. No 
entanto essa unidade é requerida a partir de um grau variado de diferenciações 
tanto de poder como de prestígio, ambos, sobretudo pós século XIX, acariciados 
pelo poder econômico sustentado até início do século XX pelo laissezfaire (a mão 
invisível que regula o mercado) e pelo liberalismo econômico. 
Esses dois pólos, o ideário do coletivo e a realidade da diferença em si, não 
consistiria ainda um problema para a resolução de um identidade nacional uma vez 
que esta é fruto de um história comum que pode ser vivenciada por diferentes atores 
em diferentes condições . 
A questão se torna relevante quanto situamos os atores em seus respectivos 
papéis na história a eles comum e percebemos que estes se produzem e se refletem 
de formas não só diferenciadas mas sobretudo desiguais éessa desigualdade de 
condições que dificulta, ou antes impossibilita a construção do bem comum e 
de uma identidade nacional. 
Ás diferenças reais fundadas numa distribuição desigual de trabalhos, 
saberes riqueza e poder impedem que dados atores participem do que foi 
determinado pelo grupo hegemônico em iguais condições de decisão. Muitas vezes 
até a compreensão desta forma de participação é prejudicada impedindo mesmo a 
percepção destes como também verdadeiros atores sociais. 
 
Estado Nação, Cultura e Identidade 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
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14 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Em alguns momentos da história do Brasil, por exemplo, Canudos, entre 
outros, percebemos nitidamente um grupo social resistente ao poder de Estado, 
resistência que nasce de uma interpretação diferente de um mesmo conjunto de 
símbolos. (situação histórica vivida pelos atores socais). 
Em poucas palavras: Nacionalidade seria: A história comum sentida no 
concreto (diferente e desigual) da vida cotidiana pelos homens envolvidos numa 
mesma conjuntura político econômica. 
Portanto, nacionalidade não é: 
 
“(...)meramente aquilo que a cédula de identidade ou passaporte 
indicam: simples ligação jurídica, que se pode até perder, conforme o 
próprio direito constitucional ... Não se define também como qualidade física 
ou psíquica, recebida naturalmente, como o sexo. Nem é uma estrutura que 
paira por aí, na sociedade, e que se impõe, como o nome a cada recém –
nascido dentro dela...” Vannucchi ( 1999, p. 41-42) 
 
E ainda segundo Bauer, a Nação é: 
 
“... o conjunto de homens unidos numa comunidade de caráter á 
base de uma comunidade de destinos... A nação é a comunidade de 
destinos dos homens envolvidos em sua forma organizativa (Estado). Essa 
comunidade de destinos implica uma histórica comum marcada pelas 
condições em que os homens produzem os meios para suas vidas e 
distribuem os produtos de seu trabalho”. Bauer, Otto in PINSKY, Jaime, 
organizador ;(1980, p.99) 
 
As marcas indicadoras da nacionalidade estariam assim no chamado 
enraizamento cultural, pois o meio social e as condições específicas em que as 
pessoas vivem estão relacionadas com o modo como elas percebem a si mesmas. 
No entanto, esse sentir-se não está isolado de ações estatais e ou de grupos sociais 
diversos, de forma que a identidade de uma nação se constrói diariamente na 
constante resistência da incorporação e da criação do novo e assim da 
transformação. 
O enraizamento tem sido um dos impulsos mais vigorosos para dinamizar os 
sonhos de um grupo social quando este tem acesso ao poder decisório. 
 
 
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SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
15 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
“... Para a compreensão do que seja nacionalidade, será necessário 
designa-la como um processo social permanente e conflitivo, com o qual se 
edifica e se aprofunda a identidade de um povo. “Vannucchi (1999, p 44) 
 
Pois a busca do bem comum (destino) é conflituosa dado existirem 
interesses não só diferentes, mas antagônicos entre os grupos sociais que 
compõem a comunidade. 
A Nação é historicamente formada e esta formação contém 
necessariamente, traços culturais dos povos e grupos étnicos que constroem juntos 
o cotidiano de suas vidas regradas pelas normas de um EstadoComum. 
A composição deste Estado, bem como suas ações,refletem o jogo de forças 
que se estabelecesse na vida social bem como as possibilidades de fazer-se 
diariamente a nação em questão. 
Como o jogo de forças é desigual, no que se refere ao prestígio, e poder. 
Alguns setores da mesma comunidade possuem menos poder representativo o que 
leva a menos poder decisório. 
O Estado desta forma passa a legitimamente defender interesses privados 
em nome do todo. Já que todo o seu discurso é sempre em prol do bem comum. 
(discutiremos este aspecto na próxima aula). 
Reflita: Quem define o bem comum? Qual a Relação entre Estado e 
Bem Comum? Quem faz ou cria a identidade nacional? 
 
 
 
 
 
 
 
 
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16 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 03 _ Indivíduo ou coletividade 
 
A Revolução Francesa buscou equacionar os valores universais – Liberdade, 
Igualdade e Fraternidade em práticas políticas que visavam transformar os 
privilégios, direitos e deveres desiguais, relativos aos estamentos, em direitos iguais 
para todos os cidadãos de uma mesma Nação. 
Desta forma o Estado passou a representar os interesses coletivos de todos 
os cidadãos, os quais através do voto universal passam a escolher seus 
representantes. Estes no discurso da razão buscam o equilíbrio dos diferentes 
interesses, e tentam equacionar LEIS visando garantir o Bem Comum. 
A igualdade diante da lei, portanto era o fundamento de toda igualdade, 
ficando o jogo social condicionado àquelas regras. Ou seja, passou-se de uma 
sociedade estratificada em estamentos (direitos e deveres diferenciados) para uma 
outra estratificação, a de classes sociais. (igualdade diante da lei) 
 
“A estratificação social em classes é típica das sociedades 
secularizadas urbano-industriais do presente 
(...) afirma o direito de todos os indivíduos de usufruírem de todas 
as vantagens econômicas e sociais em geral que a sociedade pode 
oferecer, de acordo com os méritos de cada um e independentemente de 
sua condição social de nascimento...” Sebastião Vila Nova (2002, p.160) 
 
Em sentido histórico podemos enfatizar aqui a concretização de um valor 
tipicamente burguês, pois nascido das e nas transformações das revoluções 
modernas (revolução francesa e industrial) 
Como estudamos nas aulas anteriores equacionar o bem comum numa 
sociedade desigual implica escolhas políticas que envolvem interesses de grupos e 
classes. Nesta sociedade cujo valor supremo é o indivíduo, e o Estado o regulador 
deste valor é a individualidade e os méritos individuais que serão garantidos nas leis 
constitucionais, desta forma a livre empresa crescerá livre de orientações estatais, 
em regra, o que levará a médio prazo ao surgimento de graves questões sociais 
(conforme estudaremos mais a frente) 
 
 
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17 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Seguiremos agora, de forma sucinta a trilha de Enrico Chiavacci, para 
discutirmos o que propriamente podemos entender como BEM COMUM. 
 
A) O Modelo da convivência Conflituosa: 
O autor acima comentando Locke considera que se partirmos da ideia do 
Estado como tutor dos direitos, o Estado teria o dever de garantir a liberdade dos 
indivíduos no que se refere à vida e a propriedade no quadro de uma convivência 
estruturada. 
O bem comum consiste neste caso, então, no máximo de garantia da 
liberdade do indivíduo. Assim bem comum não significa que todos estejam 
relativamente bem, mas que ninguém seja impedido na busca do próprio bem. 
Isso possui em contraposição a ideia de que se alguém não consegue por si, 
conseguir um mínimo de bem estar material e espiritual só pode ser ajudado pela 
liberalidade voluntária (nunca obrigatória do outro) seja pública ou particular. Nesse 
sentido as taxas, os impostos para a cooperação de ajuda coletiva são sempre 
considerados um abuso, um cerceamento da liberdade e violação da propriedade 
alheia, e para tanto devem sempre ser reduzidas ao mínimo indispensável para não 
violar os espaços de liberdade do indivíduo no uso livre da própria riqueza. 
Dentro deste contesto a LIBERDADE é defendida e com ela negligenciado o 
principio da IGUALDADE entre todos os homens, já proclamada pela revolução 
Francesa em 1789, e pelos direitos do homem. Vale apenas deixar indicado, para 
futuras observações que esses valores estão bem próximos, se não são os mesmos, 
conforme teremos oportunidade de refletirmos mais a frente, do atual 
NEOLIBERALISMO. 
Para melhor entendermos esses valores vale a citação: 
 
“... O Cidadão de um Estado é habituado a buscar do próprio bem: o 
outro, o concidadão não interessa em suas exigências fundamentais. A 
obediência as leis não é exigida pela necessidade dos bens de todos, mas 
pela necessidade de salvaguardar aquele mínimo de paz social que 
permita, da melhor maneira, ir ao encalço dos próprios interesses” 
CHIAVACCI (2001, p. 40) 
O Estado dentro deste contexto procura limitar a aspereza dos 
conflitos entre interesses discordantes 
 
 
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18 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
B) O Estado como um corpo social: Uma vida humana digna para todos 
Nesta concepção cada indivíduo está interessado e preocupado com as 
condições de vida dos concidadãos. Aqui a tarefa da autoridade consiste em 
organizar e administrar as práticas referentes à comunidade de maneira que todos 
os indivíduos sejam postos em condições de viver uma vida humanamente digna de 
maneira compatível com os recursos disponíveis na comunidade “é necessário, com 
certeza garantir os direitos fundamentais de liberdade, mas é igualmente necessário 
garantir os direitos econômico-sociais. 
“Fundamentais...” CHIAVACCI (2001, p. 42) 
Na prática, os direitos econômicos sociais, aparecem oficialmente na historia 
após a II guerra Mundial, juntamente com a ONU (1945) e algumas de suas 
formulações. 
Isso implicará um novo momento e uma nova forma de se discutir (e se levar 
historicamente em prática, através de atuações estatais) o lema da modernidade: 
Liberdade/ Igualdade e Fraternidade. . 
De tal forma que podemos afirmar que o projeto de MODERNIDADE está 
inacabado. O homem ainda não se libertou do julgo da servidão. Ainda que esta 
servidão hoje tenha traços mais atraentes para uma parcela da população 
Faça agora uma pequena pausa e: 
A partir da discussão acima reflita sobre a afirmação que se segue: 
Alimento, Moradia, Instrução, saúde, trabalho são direitos tão 
importantes quanto os de liberdade. Ao contrário, Sem eles os próprios direito 
de liberdade se tornariam vãos. 
Com a revolução Francesa e seus valores o homem libertou-se da dominação 
pessoal, mas limitou sua liberdade à igualdade diante de leis de mercado e ou leis 
garantidas por um Estado que prioriza as capacidades individuais. 
Desta forma a luta pela fraternidade acabou sendo sugada pelo mérito 
individual, esquecendo-se que este tem uma forte contribuição das possibilidades 
materiais de existência, que são sempre e necessariamente sociais. 
 
 
 
 
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19 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 04_Antonio Gramsci e o conceito de hegemonia 
 
Para compreendermos as ideias políticas de Gramsci, temos de nos reportar 
a algumas posições e categorias explicativas presentes no pensamento de Karl 
Marx. Sobretudo o conceito de Estado e Ideologia e, nos situarmos nas condições 
histórico-sociais diversas em que ambos pensadores viveram. 
Marx em meados do século XIX vivia em uma época conturbada em que os 
ganhos sociais da Revolução Francesa ainda não se faziam sentir á classe 
trabalhadora, mas nítido já estava à situação de constante crescimento e 
concentração de capitais em grupos econômicos muitas vezes já protegidos por 
políticas de Estado. 
Já AntônioGramsci, pensador italiano vivendo no segundo quartel do século 
XX presenciava a concentração acelerada de capitais, mas já vislumbrava algumas 
negociações políticas da classe trabalhadora, através de organizações e partidos 
operários, de forma que permitiu a ele equacionar categorias de análise sócio 
política que, partindo das teorias de Marx, foram revisadas e revisitadas à luz de 
novos acontecimentos históricos. 
Breves definições marxistas: 
Estado - Na visão clássica marxista o Estado não e o local da razão edo 
consenso, produzido através do diálogo e da razão entre os membros 
representativos de uma comunidade, como visto na posição clássica do liberalismo 
político, mas ao contrário é sempre local de dominação de uma classe sobre a 
outra. 
É, portanto local de violência que se expressa através de leis que acabam por 
defender interesses particulares em nome do bem comum. 
A possibilidade da defesa destes interesses particulares advém do fato dos 
pressupostos necessários para a ocupação do “Lócus” representativo 
– posses e o cultivo da razão – excluindo assim camponeses, artesões e 
proletariado nascente do espaço de decisão política. 
Ideologia - Para compreendermos o complexo conceito de ideologia, temos 
que nos remeter, ainda que brevemente, a compreensão do que seria a realidade 
para o materialismo histórico (dialético). 
 
 
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20 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Neste fica patente que o que é considerado existente (realidade) depende de 
quem observa, do que é observado e de como é observado. Ou seja, a realidade 
externa independentemente de sua existência precisa de alguém que a reconheça. 
No entanto para que haja esse reconhecimento é necessário que de fato 
(materialmente, independentemente da vontade dos homens) a coisa exista. 
O homem, com o seu Olhar (sua necessidade), seleciona algo existente e dá 
concretude a este, criando mitos, teorias, ciência, leis política... em suma, criando a 
cultura, o mundo espiritual, com o qual constrói a realidade material. ( casas, 
fábricas etc...) 
Em poucas palavras a observação, seleção e ação sobre a matéria 
existente criam um mundo que serve de suporte á novas materializações. 
No entanto em uma sociedade desigual essas observações, seleções e ações 
por serem antagônicas deveriam disputar lugar e ações no campo de negociações 
políticas. No entanto, na percepção marxista, isso não ocorre. Por quê? Vejamos: 
1º O Estado não permite a entrada em suas discussões daqueles não 
possuidores dos bens materiais e culturais 
2º Numa sociedade dividida os detentores do saber e do poder, possuem 
meios, como a imprensa e a própria lógica discursiva para convencer os desiguais 
das verdades que lhes são próprias. 
Pensemos a realidade do trabalho: 
Para quem ele é gratificante? Para todos ou para os que conseguem usufruir 
benefícios a partir dele? 
Àqueles que sem usufruir benefícios do trabalho, o entendem como fatigante, 
obtém da sociedade - em geral - o título de: vagabundos, preguiçosos, incapazes, 
até o limite de fato se verem como tais, e repetirem para si e para outros na mesma 
situação essa ideia Por que isso? A resposta marxista seria: Por que essa ideia é 
uma ideologia. 
Ideologia 
Esta implica não simplesmente uma concepção sobre algo. Mas uma idéia 
que se tem de algo, que é verdadeiro para parte de uma comunidade, mas que não 
é o todo da verdade, e ainda não é sequer a verdade parcial do grupo que julga ter a 
verdade. Pois não faz parte da realidade de outros grupos e da realidade do todo 
 
 
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conjuntamente. É uma verdade parcial e de outros. Que diferentes grupos aceitam 
como sua, pois aqueles lhes inculcaram seus valores transformados em verdades. 
Essas “meias verdades (que nunca serão verdades, pois na possibilidade do 
contato com a outra metade, se desfazem) têm o poder de direcionar sentimentos, 
ações e práticas da outra metade. É esse processo de disfarce do real inconsciente 
que Marx denomina de IDEOLOGIA. 
Ainda vale um lembrete, essas meias verdades, nem para si são verdadeiras, 
pois só o são na negação da possibilidade desta verdade a outra metade (pois a 
outra metade é a classe trabalhadora - que na explanação sobre o nascimento e 
desenvolvimento do capitalismo na linha teórica marxista- é a causa do trabalho 
gratificante dos detentores dos meios de produção. 
Revisões Gramscianas 
a) Estado Ampliado 
Para Gramsci O Estado não é só o local de dominação de uma classe sobre 
todas as outras, mas é um Estado composto de sociedade política e sociedade civil, 
segundo a fórmula: 
Estado = Sociedade Política + Sociedade Civil 
 A sociedade política aqui seria constituída de todo o aparato repressivo 
(Polícia, Exercito,) domínio da violência que se exerce sobre aqueles que estão 
contrários as posições dominantes. Sua função seria próxima do Estado no sentido 
de Marx. Este seria o local de COERÇÃO. 
 A sociedade civil seria constituída por diversos e divergentes grupos que 
teriam acesso a discussão parlamentar, representantes, portanto de valores e 
interesse por vezes antagônicos. Este seria o local de busca de CONSENSO. 
O Estado assim definido torna-se local de diálogo, próximo da teoria Liberal; 
com a diferença do fato concreto de que os grupos sociais se representam através 
dos PARTIDOS POLÍTICOS, que para assim serem chamados devem de fato 
representar interesses específicos. 
Os Atores sociais destes novos organismos seriam os Chamados – 
INTELECTUAIS ORGÂNICOS- por estarem ligados a uma causa comum a um 
grupo. Desta forma organizados os valores e interesses, a luta de classes (como 
 
 
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veremos na próxima aula) se daria no terreno do político, em uma sociedade que 
possuísse uma sociedade civil sólida. 
b) Sociedade Civil 
Sociedade Civil Sólida - é constituída segundo Gramsci, de organizações e de 
Partidos Políticos com definições claras em torno de ideias, valores, e projetos 
políticos. Em Nações cuja Sociedade civil está assim desenvolvida, o Estado tende a 
ser o Ampliado. E A DEMOCRACIA, torna-se possível. 
Sociedade Civil Gelatinosa _ Ë Típica de Nações com pouca tradição 
Democrática e cujos grupos sociais são coibidos de manifestar-se e ou possuem 
pouca expressividade. Nestas nações, (O Estado no sentido Marxista seria o 
predominante). 
 
 
 
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23 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 05 _O Estado ampliado e uma nova noção de sociedade civil 
 
Para pensarmos o Conceito de Democracia no mundo contemporâneo, neste 
momento, utilizaremos a ideia de hegemonia presente no pensamento de Antônio 
Gramsci, relacionando-o ao conceito de ideologia de Marx 
•Hegemonia e Contra hegemonia – Intelectual Orgânico (Partido) 
A hegemonia implica uma visão de mundo. Não é simplesmente uma verdade 
parcial incapaz de agir no todo verdadeiramente, mas é sim uma percepção 
particular de algo comum. Esse particular implica uma vivência, uma relação de vida 
com a realidade em questão, donde os valores insurgentes tomam caráter de 
realidades intrínsecas ao agente, motivando-os ao agir; isso daria força as 
organizações, reivindicações e lutas de grupos divergentes. 
Desta forma a luta política seria travada no terreno do debate público com o 
ardor dos valores e verdades envolvidas na discussão. Esse diálogo seria resolvido 
no consenso e não na coerção. A ideia seria um grande debate onde cada parte 
tenderia a convencer o outro da sua verdade. O grupo hegemônico seria aquele que 
conseguisse maior apoio para implantar o seu programa de ação política. Para tanto 
este teria necessariamente que abrir-se progressivamente para novos valores.Foi assim com a história do avanço das conquistas dos trabalhadores na 
sociedade capitalista. Os grupos hegemônicos dos detentores de capital tiveram 
progressivamente até 1980 (quando do avanço do neoliberalismo) que avançar suas 
propostas econômicas em direção às políticas sociais, pois sofriam os embates de 
diferentes manifestações e Partidos voltados à SOCIAL DEMOCRACIA. 
A contra hegemonia, sempre presente, seria a baliza limite entre a hegemonia 
dos liberais e àquela dos assim chamados socialistas. Entre uma e outra os avanços 
e conquistas sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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24 CIÊNCIAS SOCIAIS 
... Partido e hegemonia ocupam um lugar central na concepção 
gramsciana de sociedade e da luta política: eles são dois elementos da 
sociedade civil, seja enquanto esta se opõe como momento superestrutural 
à estrutura, seja enquanto se opõe como momento positivo da 
superestrutura á estrutura, seja enquanto se opõe com momento positivo da 
superestrutura ao seu momento negativo, o Estado-força. Partido e 
Hegemonia – em unidade com o tema dos intelectuais, que, de resto, liga-
se a ambos, são com se sabe, dois temas fundamentais dos Cadernos em 
Gramsci. ” 
Norberto Bobbio (1982, p. 44) 
 
Neste texto o termo hegemonia mais do que indicar uma direção política 
estaria indicando uma direção cultural, de forma que podemos afirmar que há no 
pensamento político de Gramsci um significado mais completo do termo revolução, 
implicando esta a questão de valores, de modos de vida. Portanto seria uma 
revolução para além do termo estrito do político, seriauma revolução cultural. 
Gramsci propõe dois temas para o estudo do partido moderno: 
•Formação da vontade coletiva, implicando a direção política. 
•Reforma intelectual e moral, que implica a direção cultural. 
É importante salientar o que Gramsci entende por direção cultural: 
 
“a introdução de uma reforma no sentido forte que esse termo possui 
quando é referido a uma transformação dos costumes e da 
cultura” .Norberto Bobbio (1982, p.47) 
 
MARX- Luta de Classes 
Democracia /Socialismo e Comunismo 
Dentro da lógica MARXISTA a democracia dos liberais seria um conceito 
vazio de conteúdo dado que lhe faltam as condições reais da vida dosindivíduos em 
comunidade. 
A razão abstrata do discurso entre os iguais elimina os diferentes da 
participação da produção coletiva dos bens e serviços e desta forma a única saída 
não é o parlamento, mas a luta externa a ele, muitas vezes violenta. 
Desta luta, uma vez assumido o poder, a classe operária, tomaria a 
organização, a tecnologia e a ciência produzida pelo mundo capitalista e a 
 
 
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25 CIÊNCIAS SOCIAIS 
reordenaria sob outros valores – os comunais, donde a necessidade de uma re 
(educação). Nisto se consistiria a chamada ditadura do proletariado ou Socialismo, o 
qual de forma concreta nunca existiu. (O termo socialismo inclusive é oriundo do 
usufruto coletivo dos bens) Consiste basicamente em fornecer condições para a 
autogestão das fábricas equipamentos e processos de produção em geral, o que 
necessariamente implicaria a autogestão da vida pessoal voltada ao Bem Comum. 
Essa fase de consciência posterior ao socialismo é o chamado COMUNIS-
MO. Que jamais existiu enquanto prática concreta. Esse comunismo é a verdadeira 
Democracia no pensamento Político de Karl Marx 
Gramsci - Democracia 
Das sínteses acima podemos perceber que a Democracia é um conceito que 
necessita da história para se concretizar e que esta como diria Marx “é feita pelos 
homens, mas não como estes querem” para a realização desta história movimentos, 
lutas e reivindicações se cruzam de diferentes formas em diferentes circunstâncias e 
regiões do globo, dando o tom próprio de cada Nação que busca a Democracia. 
A partir do século XX e, sobretudo depois do pós-guerra e das experiências 
totalitárias (Nazismo, Fascismo e Socialismo Real) a Democracia é defendida como 
um valor UNI-VERSAL, mas para tanto é necessário não perder de vista o Bem 
Comum. 
 
 
 
 
 
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Aula 06_ A democracia dos modernos e a expansão do Estado 
 
Como teoria do Estado, o liberalismo, nos lembra Norberto Bobbio, é 
moderno; enquanto a democracia, como forma de governo é antiga. Mas de 
qualquer forma seja a antiga (democracia direta) seja a Moderna (democracia 
representativa) o princípio de SOBERANIA Popular é base de sua realização sob 
diferentes modalidades e diferentes formas de exercício. 
O liberalismo político tem na Democracia Moderna uma forma de fazer do 
Estado (Liberal) um agente distribuidor de poder político entre a maior parte dos 
cidadãos - a partir de regras definidas internamente não se reportando ás questões 
éticas da igualdade entre os membros da mesma comunidade. 
Liberdade e igualdade são valores antitéticos, pois a realização de um limita 
necessariamente a expansão do outro. 
 
Libertarísmo (liberalismo econômico) e Igualitarismo fundam suas 
raízes em concepções do homem e da sociedade profundamente diversas: 
Individualista, conflitualista e pluralista, a liberal; totalizantes, harmônica e 
monista a igualitária - Norberto Bobbio (1988, p.39) 
 
A expansão da personalidade individual mesmo em detrimento de outras 
personalidades (mais fracas e menos dotadas) é o fim principal de toda forma de 
convivência social, e o Estado deveria, para os liberais, facilitar essa expansão 
através de sua mínima ação para a sobrevivência da comunidade. 
No entanto um Estado que se diz social tem como princípio primeiro o 
desenvolvimento da comunidade em seu conjunto, priorizando a igualdade ainda 
que às custas da diminuição das esferas de liberdade dos singulares. 
A única forma de igualdade que é compatível com a liberdade presente na 
doutrina liberal é a da IGUALDADE NA LIBERDADE da qual se depreende a 
IGUALDADE diante da lei, e a IGUALDADE dos Direitos Fundamentais enumerados 
em uma constituição. 
São tidos como fundamentais os direitos que devem ser gozados por todos os 
cidadãos sem discriminações derivadas da classe social, do sexo, da religião, da 
raça, direitos diante dos quais todos os cidadãos são iguais. 
 
 
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Se a concepção liberal da Democracia moderna delineou claramente os 
direitos do homem, desempenhando uma função histórica de grande importância, 
possui dois grandes limites: 
1º Os direitos limitam-se a uma constituição e estão neles assegurados 
apenas seus cidadãos, ou seja: É no limite do território nacional, que uma dada 
pessoa tem seus direitos fundamentais assegurados. “Os não cidadãos não podem 
reivindicar direito algum e, teoricamente, nem receber qualquer proteção jurídica” 
Chiavacci (2001 p 68). 
2º Os direitos são protestativos. Direito de dispor de si mesmo, como melhor 
lhe aprouver na medida de sua capacidade. 
Esses limites começam a ser trabalhados e alargados no pós-guerra, 
sobretudo com a atuação do chamado WelfareStates. 
DEMOCRACIA E BEM COMUM, uma “DEMOCRACIA AMPLIADA” 
Seguindo o pensamento de Enrico Chiavacci, pensar a evolução do ideal 
democrático é partir da ideia de que: 
• O povo não é a soma de indivíduos isolados, cada um a perseguir seu 
interesse particular, mas uma comunidade que zela por seus próprios interesses 
Para pensar: 
Discutindo as possibilidades de um ideal democrático mais amplo a partir da 
constatação de que: 
 As sociedades contemporâneas encontram dificuldades para o 
alargamento da prática deste ideal democrático. 
 Há o aumento significativo da pobreza e dos excluídos de forma 
geral nas mais diferentes nações do planeta, dificultando a estes a 
participaçãomais efetiva nas decisões políticas. 
Essa condição implica desigualdade de conhecimento, poder e prestígio 
existente na mesma e em diferentes comunidades, o que revela no primeiro caso um 
descaso para ao chamado bem comum (ainda que se tenha ampliado o número e a 
possibilidades de eleitores no planeta) e no segundo uma despreocupação com a 
dignidade de todos os homens. 
Uma democracia voltada para o Bem comum implica necessariamente: 
a) A negação de todo e qualquer poder autoritário. 
 
 
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28 CIÊNCIAS SOCIAIS 
A Constituição é a lei fundamental de uma Nação. Ela contém princípios 
gerais que advém e orientam o corpo social. Os três poderes (Legislativo. Executivo 
e Judiciário) atuam separadamente de forma autônoma sempre respeitando a 
constituição (e, isto é Democracia) a fim de evitar a concentração do poder e 
decisões arbitrárias garantindo, assim o poder do corpo social, representado de 
forma genérica na constituição. 
Assim como veremos na unidade 4, O fascismo, nazismo e socialismo real 
longe, muito longe estavam da Democracia no seu sentido amplo. 
b) Uma preocupação com os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa 
humana. Preocupar-se com a dignidade da pessoa humana implica em não colocar 
o Bem Comum de qualquer Nação que seja à frente das exigências fundamentais da 
vida humana (e quiçá... do planeta). Sendo assim necessário harmonizar as 
escolhas políticas de uma nação a outros povos e países. 
 
“Os direitos do homem valem para todo ser humano e não só para os 
cidadãos de um único Estado, por outro, o bem comum de um Estado não 
pode impor-se sobre o Bem comum – sobre as exigências fundamentais – 
da família humana (lembremos o tema dos armamentos, o do risco 
ecológico, o da fome no mundo).” Enrico Chiavacci (1999 p. 104) 
 
 
 
 
 
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29 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 07_WelfareStates - formação e crise 
 
Embora o ideal de uma Democracia Ampliada, em pleno século XXI, esteja 
longe de se concretizar (quer pela via socialista quer pela do capital) podemos 
perceber, ao analisar o movimento político do último século, que este teve avanços e 
retrocessos em todo o século XX e, é esse processo que sucintamente será 
trabalhado nesta aula. 
Traçando uma linha histórica na questão do Estado, perceberemos que ao 
Estado Nação do liberalismo se segue o Estado do Bem Estar Social (WelfareState) 
e que este deu lugar ao Estado neoliberal em meados do século XX. 
O que seria esse e Estado do Bem Estar Social? Que relação poderíamos 
traçar entre ele e a Democracia no sentido amplo? Para que possamos investigar 
possíveis respostas é necessário melhor compreender o momento econômico e 
político de sua formação. 
O também chamado Estado Providência, nasce nos Estados Unidos, por volta 
de 1930, no momento em que: 
 Uma grande recessão econômica atinge os países ocidentais (nações onde a 
democracia se dava sob a lógica das regras do mercado livre). 
 O Bloco socialista começa formar-se sob domínio da URSS, na qual, a grande 
depressão não se faz sentir, já que possuindo uma economia planificada estava a 
salvo dos problemas causados pelo livre mercado; problemas que assolavam os 
países até então liberais. 
Os Estados Unidos como líder das nações capitalistas, necessita mostrar-se 
capaz de dar respostas políticas á crise social instalada, sobretudo o desemprego, 
abrindo assim espaço para a mudança na ordem de ação do Estado, no que diz 
respeito a questão econômica. 
Passa-se da economia política a uma política econômica propriamente 
dita (economia orientada e direcionada pelo Estado). Sempre se preocupando em 
manter os direitos de liberdade como fundamento da constituição. 
Isso significa que a economia capitalista e a livre concorrência, inclusive dos 
salários pagos aos trabalhadores no território em questão, não atuaria sem um certo 
controle e direcionamento estatal. 
 
 
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30 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Nesse momento o Estado passa a ser visto como necessário para 
regulamentar decisões econômicas, direcionando o capital de particulares e os 
rumos econômicos da nação, opondo-se assim a ideia de Estado Mínimo, presente 
no ideário do Estado Liberal. 
Esse fato, além de significar um maior controle da esfera econômica, 
significou também uma ação estatal de cunho social uma vez que parte desta 
produção livre, mas direcionada, seria taxada, através de impostos, os quais seriam 
distribuídos em diferentes áreas sociais, entre elas, sobretudo a educação, a saúde 
pública e o transporte. Sendo o sentido mais próximo do chamado Estado 
Providência. 
Portanto a política de Estado passa a atuar na área social aumentando 
consideravelmente as possibilidades de trabalho e consumo das classes 
trabalhadoras, diminuindo em grande parte situações de miséria e equacionando um 
nível de vida altamente satisfatório no que se refere, sobretudo, aos países do 
capitalismo central. 
Assim algumas nações na Europa iniciam o processo de construção de um 
Estado Social, próximo da doutrina da Social Democracia, na qual é dever do estado 
promover o bem comum. 
Na América Latina algumas iniciativas tímidas são registradas, como as 
presentes no governo Getúlio Vargas; nos EUA uma política de postos de serviços 
para os desempregados são criados e desenvolvidos pelo próprio Estado. Portanto, 
O Estado do Bem Estar Social: 
 
“Serviu como uma rede de proteção social contra os rigores e 
excessos da competição concorrencial. O consenso reinante na época 
falava da incapacidade de a política liberal dar conta das grandes questões 
sociais”. Carmo, Paulo Sérgio (1997 p.33) 
 
Contornada a situação social através das ações estatais, e de formas de 
produção (processos produtivos) pautadas pelo modelo fordista e taylorista, as 
sociedades capitalistas voltam a crescer e a produzir, permitindo aocapital 
(associado ao Estado) um longo período de reprodução ampliada e investimento 
pesado no avanço tecnológico. 
 
 
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31 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Porém os limites do desenvolvimento capitalista, financiados e organizados 
pelo Estado, se fazem sentir no final da década de 1960, através “da saturação dos 
mercados internos de bens de consumo duráveis, concorrência intercapitalista e 
crise fiscal e inflacionária provocando a diminuição dos investimentos.” Frigotto 
(2000 p 73), pois a partir desta década ocorre uma crescente incapacidade do 
Estado de financiar a acumulação privada e manter as políticas sociais que 
ajudavam a reproduzir a força de trabalho. 
 
“Inicia- se a crise do Estado do bem Estar social, dos sociais 
democratas e “principia-se a defesa à volta das leis naturais do mercado 
mediante as políticas neoliberais, que postulam o Estado mínimo, fim da 
estabilidade no emprego e corte abrupto das despesas previdenciárias e 
dos gastos, em geral, com as políticas sociais. Este modelo teve nos 
governos Thatcher, na Inglaterra e Reagan, nos Estados Unidos suas 
âncoras básicas “ Frigotto (2000 p 73) 
 
A intensa acumulação tecnológica ocorrida em menos de meio século 
revolucionou a base técnica e o processo produtivo (Terceira Revolução Industrial) 
com impactos significativos sobre o trabalho humano. 
Novas demandas de qualificação humana são requeridas pela nova base 
produtiva, que induzem a força de trabalho a se adaptar constantemente às novas 
exigências técnicas. 
Ocorrem, mudanças no conteúdo, quantidade e qualidade do trabalho 
direcionado pela micro eletrônica, biotecnologia e engenharia genética. 
As dificuldades de incorporar tecnologia e conhecimento na velocidade das 
exigências das novas bases de produção e o limitado número de trabalhadoresnecessários faz com que se viva a partir da década de 80 a mais acirrada 
competição por um posto de trabalho, ampliando a desigualdade e criando a 
exclusão social. 
 
“O desemprego estrutural e subemprego resultam de um movimento 
de reorganização e regionalização do capitalismo e da estruturação de um 
novo regime de acumulação capitalista sob a égide do Fundo Monetário 
Internacional, Banco Mundial, Grupo dos sete mais 
industrializados.” Frigotto (2000 p.) 
 
 
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32 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
Inicia-se um novo governo, agora mundial, cuja diretriz e encaminhar todos os 
governos particulares a desmantelar suas máquinas de benefícios sociais. 
Está em gestão o novo modelo de Estado Mínimo, imposto para todas as 
nações que se quiserem amigas do grande capital; o Estado Neoliberal. Que tem 
nas na privatização do conhecimento e nos processos de exclusão suas principais 
características. 
 
 
 
 
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33 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Resumo_Unidade I 
O Liberalismo clássico e a Democracia Moderna. 
O conceito de sociedade civil, e hegemonia presente no pensamento de 
Antônio Gramsci. 
O relacionamento entre a história e economia com a política no que se refere 
aos valores democráticos. 
 
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Vértice, São Paulo,1989. 
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______________. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus,1992 
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da política, 11º ed. São Paulo, Paz e Terra, 2004 
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jogo, 2º ed. São Paulo: Paz e Terra, 1986 
_________________ O conceito de sociedade civil, 2ºed. Rio de Janeiro: 
Graal, 1987 
CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da sociedade, Paz e 
Terra, Rio de Janeiro, 1982. 
_____________________. O mundo fragmentado. As encruzilhadasdo 
labirinto/3, Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1987-1992. 
 
CHÂTELET, F. e KOUCHNER. As concepções políticas do século XX, 
História do pensamento político. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1983 
CHIAVACCI, Enrico. Ética Social. O que é, como se faz: São Paulo, Loyola, 
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COUTINHO Carlos Nelson. A democracia como valor universal e 
outrosensaios. 2º ed. Rio de Janeiro: editora Salamandra, 1984 
 
 
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34 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 08_Da Antiga a nova ordem Global – I 
 
A fim de entendermos melhor as possibilidades e dificuldades enfrentadas 
neste início de século, no que se refere á realização do bem comum (Democracia 
ampliada) faz-se necessário não só apresentar o cenário atual do poder no mundo 
globalizado, mas compreender o quadro histórico político de sua gestação e 
desenvolvimento, o qual se dá conjuntamente à falência da experiência do 
socialismo ( Socialismo Real) e a destruição política do WelfareStates. 
Ambas situações históricas conduzidas por homens movidos por interesse e 
ideais coletivo e particulares, acabam por defender interesses voltados para a 
centralização de capitais e decisões internacionais, dificultando, ou antes exigindo 
muita criatividade da sociedade civil (resistência), afim de que o Estado ampliado, 
possa atuar na construção da Democracia ampliada. 
A ordem política que vivenciamos hoje é chamada multipolar em 
contraposição a ordem anterior dominada pela guerra fria (1945-1989). No período 
que se sucedeu as duas grandes guerras a sociedade mundial conheceu e viveu um 
mundo dividido. Este consistia em divisão ideológica na qual havia de um lado: 
a) uma defesa da liberdade identificada com a democracia representativa, 
combatendo o imperialismo vermelho (mundo ocidental capitalista) e, de outro: 
b) uma defesa da igualdade social, combatendo pela humanidade, o 
imperialismo capitalista representado pelos EUA (O chamado socialismo real) 
Ou seja, percebemos claramente que o paradoxo LIBERDADE / IGUALDA-
DE, aqui se coloca com toda intensidade . As discussões teóricas desde o século 
XVII e as práticas políticas ( quer revolucionárias- Revolução Francesa –1789; 
Revolução Russa 1917), quer dentro da ordem ( Estado providência, Social 
Democracia ) não foram capazes de equacionar esse dilema de forma global e 
duradoura . (detalharemos essas questões na unidade 5 e 6 ) . 
As potencias ocidentais, de um lado lideradas pelos EUA e o modelo 
socialista de homem e sociedade dominado pela URSS, surgem delineados 
claramente após a II guerra mundial. 
Antes disto uma antiga ordem multipolar, organizava o poder mundial. 
 
 
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35 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Neste a Inglaterra a França e Alemanha conduziam as disputas internacionais 
por áreas de grande concentração de matérias primas para o exercício seguro das 
políticas de industrialização nacionais. Ë, dentro deste quadro de lutas 
intercapitalistas que as guerras mundiais ocorrem, ( a I G.M. de 1914 a 1919 e a II 
G.M. de 1939 a 1945) estando ausentes delas em quase todo o período a Rússia ( 
que lutando ao lado dos EUA e Inglaterra, no início da 1º guerra Mundial logo se 
ausenta, priorizando a situação política interna (construção do socialismo num só 
país), e posteriormente a URSS entram no final da II G.M. contra a Alemanha 
nazista, ao lado portanto das potências ocidentais. 
A Alemanha derrotada é dividida, assim como a Europa em duas zonas de 
influência ideológica, a capitalista liberal e democrática; e a socialista. 
Ocorre uma progressiva deterioração nas relações políticas e diplomáticas 
entre as potências ocidentais e a União Soviética . Em 1947, A doutrina Truman, 
colocava claramente que a política ocidental deveria conter o avanço do socialismo 
no mundo. Estava declarada a Guerra Fria. 
O plano Marshall, que financiava a reconstrução da Europa destruída em 
guerra, criavam áreas de prosperidade evitando a pobreza e a miséria, evitando que 
a desigualdade social propiciasse possibilidades de avanço do socialismo. 
Neste espírito é criada a organização dos Estados Americanos OEA, 
formando uma rede de alianças de Forças armadas dos países membros . 
No que se refere a América Latina, os EUA, através da Doutrina de 
Segurança Nacional, esteve presente, nos seus ideais políticos, com repercursão 
econômica, como veremos, no próximo módulo, pois a fim de conter o 
expansionismo soviético nesta região, os Eua influenciaram as elites dominantes 
destas Nações as quais, influenciadas pela ideologia anticomunistas criavam 
condições desfavoráveis para a atuação de ações sindicais, atos públicos, 
manifestações culturais contrárias aos interesses do grande capital. 
Os EUA desta forma apoiaram ditaduras militares implantadas na América do 
sul a partir de 1960, momento no qual também se transfere parques industriais para 
absorver mão de obra matéria prima local, Conforme estudarmos, ainda neste 
módulo. 
 
 
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A política mundial, neste contexto, se prepara para atuar na direção de uma 
economia internacional, cujo domínio se faz pela conhecimento tecnológico e pelo 
capital nele investido, o que acaba por gerar um situação de grave crise social . 
Assim após 45 anos de guerras ideológicas e reais, a ordem multipolar se 
estabelece no cenário internacional tendo nos Estados Unidos a liderança e o 
modelo de ação. Essa forma de condução econômica política leva uma massa 
considerável da populaçãoplanetária à exclusão. Isso ocorre primeiro e, sobretudo, 
entre as Nações e; depois, não com menos gravidade, nas próprias nações. Quanto 
mais periférica e centrada na economia mundial estiver a política econômica de uma 
nação mais fortemente se percebe a existência de Ilhas de Excelência nas quais 
uma pequena minoria vive e cultiva uma realidade global de benefícios e realizações 
em oposição a maioria dos concidadãos . 
Em aulas anteriores estudamos que Os Estados capitalistas viveram um 
período de recessão econômica profunda por volta de 1930, e que este foi um dos 
motivos para a invenção do Estado providência. 
Agora perceberemos mais nitidamente que a guerra ideológica travada mais 
intensamente no pós-guerra já atuava no entre guerra (1919- 1939) de tal forma que 
o fator político (mostrar a supremacia da liberdade dasdemocracias ocidentais em 
relação ao estado social totalitário) não foimenos significativo para a criação e ações 
do Estado Provedor a partir de 1930, nas Democracias Ocidentais. 
 
“Enquanto os EUA e as grandes economias capitalistas viviam a 
grande Depressão, a URSS passou incólume pela crise, o que causou 
profunda impressão nos políticos. O modelo de mercado, agora tão popular 
foi reconhecido como inadequado. Portanto a reforma do capitalismo, nos 
primeiros anos da guerra Fria, ocorreu em parte por causa dos perigos 
representados pelo comunismo ...” Carmo (1997, citando Hobsbawn.) 
 
Desta forma podemos deixar marcados que a ordem política que vivemos 
desde o final do século XX: 
 
 
 
 
 
 
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37 CIÊNCIAS SOCIAIS 
“... tem por características principais o fim da Guerra Fria, o acirramento 
da guerra Econômica entre empresas multinacionais e países, além da 
formação de grandes blocos econômicos regionais como Mercosul, Nafta e 
União Europeia” Carmo. (1997 p21) 
 
Com o agravante de que não há força alternativa (construída coletivamente) 
que possa fazer o capitalismo se transformar, ainda que obrigado em relação a um 
outro sistema. No mundo multipolar, uni direcionado politicamente, os grupos 
divergentes possuem pouco espaço, não só para agir, como para divulgar suas 
ideias, propostas e intenções. 
 
 
 
 
 
 
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Aula 09_Da Antiga a nova ordem Global – Il 
 
Como na aula anterior, continuaremos a apresentar alguns aspectos políticos 
do século XX, a fim de que possam compreender as ações do século XXI no que se 
refere á realização do bem comum (Democracia ampliada). 
Nesta aula nos deteremos à construção e falência da experiência do 
socialismo (Socialismo Real), uma vez que já estudamos o surgimento e a 
destruição política do WelfareStates, bem como o momento histórico em que essas 
duas práticas se encontraram (Guerra Fria). 
Com a Revolução Russa em 1917 iniciou-se, como já vimos uma nova forma 
de organização estatal e social que se propunha como alternativa ao capitalismo. 
Isto ocorre um pouco antes e, sobretudo após a II guerra mundial, através da 
expansão do socialismo pelas nações do globo, sobretudo às nações recentes 
(antigas colônias dos países ocidentais) e ou pobres em nível tecnológico (países da 
Europa ocidental), reduzindo o espaço intercapitalista do bloco ocidental. 
O mundo pós-guerra foi marcado pela polarização e pela guerra fria, como, já 
vimos, com a predominância de duas grandes nações ideologicamente opostas, 
EUA e URSS, as demais, inclusive as antigas potências como Inglaterra e Alemanha 
ficam sujeitas à área de influência política e, portanto econômica e cultural destas 
duas potências. 
A Europa Foi dividida em duas Grandes Zonas. Uma sob influência dos EUA 
composta por Inglaterra, França, Alemanha (então) ocidental e, outra sob influência 
da União Soviética. Nesta, nações como a então, ainda Tchecoslováquia, Alemanha 
Oriental, Iugoslávia e Polônia alinham-se a política da economia planificada, 
defendida e realizada pela URSS. 
Do lado ocidental, os EUA emergem como potência econômica, logo após a II 
guerra mundial, com investimentos e interesses comerciais em toda a parte do 
globo. As empresas multinacionais americanas começam a se expandir, 
aumentando a dependência política econômica das nações de seu bloco. 
Do lado socialista,a URSS, tornam-se rapidamente a segunda potência 
econômica do mundo através de uma economia planificada e de investimentos 
 
 
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pesados na área siderúrgica os quais alimentavam um vasto parque industrial bélico 
que propiciou a URSS disputar com os EUA áreas de influência no terceiro mundo. 
Depois de 1945, ocorreram no mundo mais de uma centena de guerras, a 
maioria destes conflitos foi travada nos países subdesenvolvidos, e, em grande parte 
manipulada em diferentes graus, pelas duas superpotências. As duas grandes 
potências nunca se enfrentaram diretamente, mas deixaram suas influências na 
ajuda militar a países que acabaram por se dividir entre eles a Coréia e o Vietnã. 
As superpotências ampliando suas respectivas zonas de influência ampliavam 
também os lucros comerciais com a venda e as experiências de seu material de 
guerra que serviam para novas e variadas criações bélicas e assim ampliavam seus 
recursos financeiros. Ao mesmo tempo em que impediam qualquer alteração do 
poderio internacional, pois além de se equilibrarem no controle mundial, cada qual 
defendia os interesses internos também militarmente e assim: 
 
“A Guerra Fria serviu também para tentar impedir o surgimento de 
modelos alternativos de sociedade, que não seguissem a risca as duas 
superpotências. Qualquer dissidência como a ocorrida em 1968 na 
Tchecoslováquia era considerada antissocialista pela Rússia, qualquer 
oposição na periferia capitalista, como no Brasil do governo João Goulart 
em 1964, era logo tachada de interferência comunista, no quintal dos 
EUA”. Carmo (1977 p.25) 
 
No período de guerra Fria, a URSS com os meios de produção (fábricas, 
propriedades rurais e bancos) sob domínio total do Estado, atua economicamente 
através de planos de metas bem definidos, transformando-se numa economia 
centralizada, cujos planos, são elaborados, sem participação popular e ou 
interesses de grupos operários. 
Toda a organização e projeção industrial são realizadas pelos burocratas do 
partido comunista, o que confere ao socialismo real, a experiência além de totalitária 
também autoritária, pois se os fins são comuns (Bem comum); a forma de atingi-los 
impede a participação de setores amplos e variados da sociedade civil. 
Os burocratas do partido, através do Estado, decidem o que e quanto produzir 
assim como na distribuição e circulação dos produtos internos (esse e um dos 
 
 
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40 CIÊNCIAS SOCIAIS 
motivos do mercado negro e da alta corrupção na sociedade russa, durante e pós a 
vigência do domínio soviético). 
Enquanto a burocracia estatal impedia iniciativas na produção, envolvida que 
estava com o cumprimento de planos Pré estabelecidos pautados pelos setores 
petroquímico, siderúrgico e metalúrgico, seus opositores liderados pelos EUA 
desenvolviam tecnologias avançadas, como a informática, as telecomunicações, a 
biotecnologia. 
O comunismo real mostrou-se incapaz de, a partir da década de 1970, 
competir em iguais condições com a economia capitalista, agora possuidora de uma 
nova arma: as novas tecnologias. 
A Perestróica e a Glasnost 
A partir da década de 1970, externamente, a URSS, enfrentavam problemas 
para acompanhar o desenvolvimento tecnológico do ocidente, mas continuavam, 
assim como os EUA, a investirem pesadamente em pesquisas e na construção de 
cada vez mais potentes equipamentos bélicos.Essa ação ampliou os problemas internos uma vez que, cresciam as 
dificuldades para suprir a sociedade soviética de bens duráveis e algumas vezes até 
de gêneros de primeira necessidade. 
A partir da década de 1970 e progressivamente, aumenta - se a insatisfação 
interna em relação á falta de produtos básicos. Essa insatisfação é incendiada 
também pelo, acesso a algumas informações do mundo ocidental que chegam 
através dos meios mais modernos de comunicação á alguns pontos do Império 
soviético. 
 
“A explosão comunicativa das imagens televisivas e as ondas de 
rádio deram entre outros efeitos, o atestado de óbito ao comunismo. Morte 
causada mais pela carência de imagens vendedoras de ilusão do que pela 
pobreza das ideias” Carmo citando Regis Debray (1977) 
 
Assim a crise instaurada trouxe o início do o fim do socialismo real por volta 
dos anos 1980. A Perestróica (reestruturação) desenvolvida por Gorbatchov 
incentivou a modernização da economia civil, através de uma gradual introdução de 
uma economia de mercado no lugar da economia planificada e centralizada. Esse 
 
 
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41 CIÊNCIAS SOCIAIS 
processo seria acompanhado pela abertura política chamada de Glasnost 
(transparência). 
Dentro deste contexto, ocorre a queda do Muro de Berlim, e a reunificação 
das Alemanhas bem como o desmantelamento da URSS, em diversas repúblicas. 
A Rússia passa novamente a existir como nação independente; outras nações 
surgem de guerras separatistas e a China inicia suas reformas e ruma da economia 
planificada para a de mercado. 
 
 
 
 
 
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42 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 10_Neoliberalismo e Estado mínimo 
 
O neoliberalismo nasce no auge do Estado providência e do crescimento dos 
direitos sociais em várias partes do globo. Retomando os mesmos princípios do 
liberalismo clássico (defesa da liberdade, através da propriedade privada e 
responsabilidade individual), no entanto, desloca a questão da soberania nacional 
para as organizações, corporações e outras entidades de âmbito global. 
Conforme trabalhamos na aula 7, o WelfareStates (Estado providência), ao se 
converter no centro da ordem econômica e social viu-se obrigado a gastar muito 
além de um orçamento não inflacionário, sendo incapaz de continuar solucionando 
problemas gerados pela diminuição da produção e do crescimento do desemprego 
através de políticas próprias, uma vez que os gastos estatais eram maiores que a 
produção e a tecnologia avançada necessitava cada vez mais de menos 
trabalhadores. 
Uma nova crise estrutural se inicia em meados do século XX. Os países 
capitalistas liderados pelos EUA e posteriormente Inglaterra, nas décadas seguintes, 
aderem sob diferentes contornos, ao modelo neoliberal de construção social. No 
Brasil como veremos, esse modelo toma corpo com Fernando Collor de Mello, na 
Argentina temos Carlos Menen, para citarmos alguns exemplos. 
Os governos, sem recursos para investir, privatizam usinas siderúrgicas, 
estradas, ferrovias, bancos e serviços públicos, como telefonia e energia elétrica, 
alegando não ter dinheiro para investir e modernizar equipamentos e instituições. 
Deixam assim todos esses serviços e produções para empresas e corporações 
privadas nacionais ou estrangeiras. 
Desta forma os investimentos não possuem mais pátria e, o capital pode 
circular livremente por entre a soberania dos Estados. 
O neoliberalismo, forçando a abertura das economias nacionais ao mercado 
internacional desde meados da década de 1970, propunha corte das despesas 
públicas de benefícios sociais, venda de estatais, eliminação do controle de preços e 
do comércio exterior e combate a inflação. 
Possuindo, portanto uma prática econômica de (dês) proteção social do 
cidadão que “apregoava um Estado mínimo, mas forte o suficiente para conter 
 
 
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os sindicatos e os gastos sociais e para manter o controle do dinheiro 
público“ 
No entanto, a partir da década de 90 um novo desafio se coloca para o 
neoliberalismo, dado a situação de exclusão social acelerada pelo desemprego 
estrutural, bem como pelas exigências crescentes do conhecimento e do acesso às 
tecnologias. 
A (des) proteção social e a crise estrutural de desemprego criam uma grave 
crise social em todas as partes do planeta, no momento mesmo em que os 
sindicatos perdem sua força política de barganha e o Estado Nação está preso pelas 
amarras dos grandes conglomerados internacionais, dificultando ações 
parlamentares que possam inverter o processo. 
As elites nacionais se aliam de variadas formas ao interesse do capital global 
e as empresas nacionais lutam para permanecer em um mercado invadido por toda 
sorte de tecnologias e invenções científicas. 
Neste momento, surgem ideias defendidas por boa parte dos neoliberais, 
ações como: 
 As do chamado terceiro setor (Ongs). Esta, visando melhorar a qualidade de 
vida de parte da população excluída ajudaria a manter o sistema capitalista 
funcionando ainda que numa crise estrutural. 
 As correspondentes à Responsabilidade social das empresas. A par-tir de 
suas ações estas estariam sendo beneficiadas pela diminuição de impostos pagos 
ao governo, ao mesmo tempo em que produzindo seu próprio marketing, no entanto 
atuaria em esferas antes do Estado como Saúde, Lazer, Educação, Transportes 
entre outros. Diminuindo de um lado, tensões sociais e de outro a própria 
responsabilidade de Estado. 
Desta forma a coletividade defendida anteriormente pelo Estado Moderno, 
posterior Estado Nação, e depois ainda providência, passa a ser senão comandada, 
pelo menos direcionada por grupos privados, cujo interesse, no que se refere aos 
interesses do bem comum são no mínimo duvidosos. 
O Estado mínimo, mas forte do neoliberalismo avança sobre a autonomia da 
sociedade, de forma mais penetrante do que no momento do Estado Liberal. 
 
 
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As regras ainda que traçadas por interesses particulares neste, se referiam ‘a 
um espaço territorial, e à soberania do Estado nação. Agora, nessa nova fase, o 
espaço para a ação é global, e os interesses são os das grandes corporações, já 
não mais multinacionais, mas transnacionais. 
Enfim podemos deixar aqui indicado que o neoliberalismo é a política 
econômica do capitalismo tardio, que reina solitário num mundo globalizado de 
riquezas e exclusão social crescente. 
Esse modelo iniciado nos EUA, no governo Reagan, e na Inglaterra de 
Thatcher, atuou duramente contra os sindicatos, e as políticas sociais. Apesar de na 
Europa ter se iniciado de uma forma mais branda, mesmo os governos de esquerda, 
acabaram realizando boa parte das propostas neoliberal. E, após a queda do muro 
de Berlim, do comunismo real, na Europa oriental e na URSS a proposta neoliberal 
avança sobre todas as áreas do globo. 
 
 
 
 
 
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Aula 11_Globalização, crise do Estado nação e a vigência dos blocos 
econômicos 
 
A globalização não é um fenômeno recente. Segundo Otavio Ianni, a primeira 
globalização inicia-se na época das grandes navegações, nos séculos XV e XVI, e 
colocou grandes áreas do planeta em conexão com os ideais e práticas econômicas 
européias; no século XVIII, a revolução industrial cria condições para uma maior 
internacionalização dos valores e expansão dos mercados consumidores em todo o 
mundo. 
No pós-guerra com as multinacionais e, após a guerra fria, com o 
desenvolvimento acelerado das tecnologias e as transnacionais, houve 
definitivamente uma globalização mundial. Isto é, uma integração da periferia do 
sistema

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