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O que é etnocentrismo? ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo? 5ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988. 115p Everardo Pereira Guimarães Rocha, nascido no dia 1 de outubro de 1951 no Rio de Janeiro, é atualmente Professor de pós graduação em Comunicação no Departamento de Comunicação Social na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é ainda, mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ (1979); mestre em Antropologia pelo Museu Nacional da UFRJ (1982); doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro (1989), e graduado em Comunicação Social pela PUC-Rio (1975). Com suas pesquisas e escritos na área de antropologia e consumo, contribui para o entendimento e reflexão acerca do consumismo na nossa sociedade. Possui ainda, obras voltadas à antropologia social e da cultura brasileira em livros como O que é Etnocentrismo? Jogo de Espelhos, e O que é Mito. O presente trabalho se trata da resenha da obra O que é etnocentrismo, por Everardo P. Guimarães Rocha. Se trata de um livro que traz discussões sobre a perspectiva relativizadora, constituinte do pensamento antropológico, oposto ao etnocentrismo. O livro usa de histórias e, também faz referências aos autores que surgiram com o passar do tempo. Está organizado em 5 capítulos que mostram de maneira cronológica os vários caminhos que a antropologia abriu para que se chegasse ao conceito de relativização, sendo eles: Pensando em partir; Primeiros movimentos; O passaporte; Voando alto e A volta por cima. Os quais serão resumidos a seguir: Pensando em partir O primeiro capítulo do livro aborda logo de início, as características do etnocentrismo por meio de expressões como “o grupo do eu” e “o grupo do outro”, para explicar como o etnocentrismo, mesmo inserido em várias culturas, acaba por classificar o “diferente” como inferior ou menos evoluído. Apresenta também o conceito de Relativização, que é “quando compreendemos o outro nos seus próprios valores e não nos nossos” (ROCHA, 1988, P.22). O autor também conta uma história que ajuda a entender melhor o etnocentrismo e introduz a temática indígena, que é um dos principais pontos citados neste capítulo, onde ele mostra como é apresentada de forma errônea a descrição dos índios em livros escolares e as consequências de tal fato, uma vez que formam cidadãos com percepções totalmente distorcidas da realidade indígena. Primeiros movimentos Seguindo com as explicações antropológicas sobre as sociedades do “eu” e do “outro”, o etnocentrismo é abordado, agora, durante o início do século XVI na Europa. O choque cultural ocorrido em tal época a partir das navegações em busca do Novo Mundo, produziram uma nova perspectiva antropológica de se pensar sobre o diferente: O Evolucionismo, que busca classificar as sociedades humanas em mais, ou menos evoluídas. Tal conceito, embora ainda sendo uma versão melhorada do etnocentrismo, passava ainda por um problema: A escolha de um medidor, um parâmetro ou ponto que será usado como comparação. Por fim, é ressaltado que o Evolucionismo embora sendo uma vestimenta do Etnocentrismo, se propõe a tentar entender o outro, o que já mostra indícios de relativização. O passaporte O terceiro capítulo do livro nos apresenta os trabalhos do alemão Franz Boas no estudo das culturas e da História no século XX. A partir de seus estudos sobre os variados conceitos de cultura, pode se compreender que não uma História única, linear. Apresenta também, Casa Grande & Senzala, escrito por Gilberto Freyre, que foi um dos alunos de Franz. É exposto também as escolas que surgiram após todo o resultado Antropológico cultural que Franz Boas produziu, são elas: escola personalidade e cultura, com os expoentes Ruth Benedict e Margareth Mead, que faziam diálogos entre a Antropologia e Psicologia; o grupo cultura e linguagem, que busca estudar as influências da linguística nas culturas; e a escola cultura e ambiente, que usava os estudava os impactos ecológicos na formação cultural de um povo. Voando alto No penúltimo capítulo do livro, é apresentado ao leitor os estudos de Radcliffe-Brown sobre as maneiras de se estudar a cultura e história, discordando das formas como o Evolucionismo e o Difusionismo enxergavam e estudavam as sociedades do passado e atuais. Radcliffe-Brown apresenta a diacronia e sincronia como mais eficazes ao se analisar os contextos históricos - culturais. É abordado também, os fatos sociais teorizados por Émile Durkheim, que contribuiu amplamente com estudos humanos ao defender que o indivíduo sofre coerção externa, que os fatos sociais existem independentemente da vontade individual na sociedade. No final, Everardo cita a obra Os Argonautas do Pacífico Ocidental de Malinowski, como sendo uma grande referência na busca pela compreensão do “outro” e seus costumes. A volta por cima Com uma síntese realizada a partir dos expostos anteriores, e uma apresentação do Antropólogo Claude Lévi-Strauss — onde é citada algumas de suas obras e também seu pensamento quanto aos “índios dos trópicos e seus semelhantes pelo mundo afora” ao se referir aos autores pioneiros da Antropologia, e ao dizer que destes “outros”, gostaria de ser, entre nós, “discípulo” e “testemunha” (ROCHA, 1988, P. 87) — o autor inicia o último capítulo trazendo à memória temas já abordados anteriormente no livro. Reforçando também a forma como o conceito de História passou de uma visão linear e única, para uma totalmente relativa. É citado novamente de forma breve Durkheim, Radcliffe-Brown e Malinowski, para exemplificar e expor as transformações que levaram a Antropologia marcada pelo etnocentrismo, ao conceito relativizador.