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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO GESSO RECICLADO: AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES PARA USO EM COMPONENTES Sayonara Maria de Moraes Pinheiro Campinas 2011 i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO Sayonara Maria de Moraes Pinheiro GESSO RECICLADO: AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES PARA USO EM COMPONENTES Orientadora: Prof a . Dr a . Gladis Camarini Campinas, SP 2011 Tese de Doutorado apresentada à Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Doutor em Engenharia Civil, na área de concentração de Arquitetura e Construção. ii FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP P655g Pinheiro, Sayonara Maria de Moraes Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes / Sayonara Maria de Moraes Pinheiro. --Campinas, SP: [s.n.], 2011. Orientador: Gladis Camarini. Tese de Doutorado - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. 1. Gesso. 2. Reciclagem. 3. Residuos industriais - Reciclagem. 4. Propriedades fisicas. 5. Propriedades mecânicas. I. Camarini, Gladis. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. III. Título. Título em Inglês: Recycled gypsum plaster: properties evaluation for components use Palavras-chave em Inglês: Gypsum plaster, Recycling, Industrial waste - Recycling, Physical properties, Mechanical properties Área de concentração: Arquitetura e Construção Titulação: Doutor em Engenharia Civil Banca examinadora: Moema Ribas Silva, Janaíde Cavalcante Rocha, Mauro Augusto Demarzo, Antonio Ludovico Beraldo Data da defesa: 05-12-2011 Programa de Pós Graduação: Engenharia Civil iv Dedico este trabalho aos tesouros da minha vida: meu pai, minha mãe (in memorian), meu irmão, minha cunhada e meus sobrinhos. v Agradecimentos Em primeiro lugar, ao nosso Pai Criador, que me guia desde o início da existência no caminho da evolução. A seguir, à Profᵃ. Drᵃ. Gladis Camarini, minha orientadora, amiga e companheira, que não mediu esforços para que eu alcançasse o doutoramento. Aos técnicos dos laboratórios de Estruturas e Materiais de Construção da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, Ademir, Marcelo, Rodolfo, Luciano, Marçal e Fábio, que me apoiaram desde o início do trabalho até a realização dos ensaios. E também aos alunos de PIC-Jr e Iniciação Científica. Aos meus professores e amigos anteriores ao doutorado, que me incentivaram a trilhar o misterioso universo da pesquisa: Prof a . Moema Ribas Silva, Prof. Fernando Lordêllo, Prof a . Maristela Gomes da Silva, Prof. Fernando Avancini, Prof. Luiz Herkenhoff e Prof. Walnório Graça Ferreira. Aos professores do Colegiado de Engenharia Civil da UNIVASF, que me apoiaram de forma incondicional. À UNIVASF, pela minha liberação durante estes quatro anos. Em especial ao Prof. Paulo César, ao Prof. Mário Miranda e ao Prof. Bismark. À CAPES pela bolsa de doutorado no Programa Pró-Doutoral. Ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, por ter possibilitado a realização dos ensaios de microscopia. À INGENOR, por ter proporcionado minhas visitas ao Pólo Gesseiro de Araripina. Aos amigos Antonina, Max, Adelaide, Poliana, Penha, Mara, José Fernando, André, Alexandre, e em especial Milton e Marcelo companheiros em todos os momentos, e Vanessa, que percebeu minha necessidade de ficar em um ambiente propício ao desenvolvimento de uma tese de doutorado. Aos meus amigos espirituais, Tupaíba, Rompe-Mato, Matinata, Unayara e a todos os meus guias e protetores. vi Pesquisa é Amor. Amor é entrega total. É não ser mais um, é ser dois em um. É ultrapassar a própria vida, transitória e mortal. É renunciar a si mesmo... Caboclo Aymoré vii RESUMO PINHEIRO, Sayonara Maria de Moraes. Gesso Reciclado: Avaliação de Propriedades para Uso em Componentes. Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, 2011. 352p. Tese (Doutorado). Departamento de Arquitetura e Construção, UNICAMP, 2011. A busca pela viabilidade técnica e econômica da reciclagem de resíduos na cadeia produtiva da construção civil vem atender às novas necessidades do setor de promover um crescimento econômico integrado às necessidades sociais e ambientais. O gesso é um material construtivo de ampla aplicação no setor. O processo produtivo é relativamente simples e envolve baixo custo energético em relação a outros aglomerantes. A reversibilidade de suas reações de transformação possibilita a reciclagem do material, o que aumenta a possibilidade de reintegração no processo produtivo, minimizando os impactos ambientais de produção. As indústrias produtoras de componentes de gesso, na sua maioria, são formadas por empresas de pequeno porte, onde o resíduo gerado, na maioria das vezes, é disposto de forma irregular, sem controle e estimativa de volume. Esse resíduo é considerado pelas Resoluções 307/2002 e 431/2011 do CONAMA, como resíduo de Classe “B”, resíduos recicláveis para outras destinações, sendo grande o seu potencial de reciclagem. As pesquisas científicas na área ainda são incipientes. Faz-se necessária uma investigação detalhada do resíduo e do material reciclado. Nesse sentido, o presente trabalho, por meio da adoção de um processo simples de reciclagem, composto das etapas de moagem e calcinação do resíduo de gesso de fundição, analisou as características químicas, microestruturais e as propriedades físicas e mecânicas dos gessos reciclados em ciclos consecutivos. Analisou também a influência do uso de aditivos nesses materiais. A análise dos resultados mostrou a viabilidade da reciclagem do resíduo de gesso e a necessidade de estudos mais específicos para que o gesso reciclado adquira o desempenho necessário para a aplicação no setor de componentes para a construção civil. Palavras-chave: gesso; reciclagem; microestrutura; propriedades físicas e mecânicas; construção civil. viii ABSTRACT PINHEIRO, Sayonara Maria de Moraes. Recycled Gypsum Plaster: Properties Evaluation for Using in Components. Campinas, Faculty of Civil Engineering, Architecture and Urban Design, 2011. 352p. Tese (Doutorado). Departamento de Arquitetura e Construção, UNICAMP, 2011. The search for technical and economical feasibility of waste recycling in the productive construction chain meets the new needs of the sector to promote an integrated development with economical, social and environmental needs. Gypsum plaster is a widely material used in civil construction. The productive process is relatively simple and it involves low energy costs compared to other binders. The reactions reversibility enables the recycling of the material, which increases the possibility of being reintegrated to the productive process as well as decrease environmental production impact. The gypsum components industries are formed by small companies, where the wastes are usually disposed incorrectly, without any control or estimate of volume. The waste is considered by Resolutions 307/2002 and 431/2011 from CONAMA as Class “B” which should be destined for recycling. Scientific research in this area is still incipient. It is necessary further investigations of this waste as a recycledmaterial. In this way, the current research adopted a simple recycling process which produced a recycled gypsum plaster that was analyzed by its chemical and microstructures characteristics, as well as the physical and mechanical properties. The recycled plaster was obtained from consecutive cycles. The influence of using a superplasticizer in recycled plaster has been also analyzed. The results showed the feasibility to recycling the gypsum wastes, as well as the need of specific studies in order to allow the recycled gypsum plaster achieve the necessary performance to be applied for components in construction. Keywords: gypsum plaster; recycling; microstructure; physical and mechanical properties; civil construction. ix LISTA DE FIGURAS Página Figura 2.1 Uso do gesso como material construtivo ao longo do tempo........................ 11 Figura 2.2 Pólo Gesseiro do Araripe............................................................................... 15 Figura 2.3 – Frente de lavra de gipsita no Pólo Gesseiro do Araripe.............................. 16 Figura 2.4 – Variedades de gipsita encontradas no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) cocadinha; (b) rapadura e (c) pedra Johnson................................................................. 17 Figura 2.5 – Variedades de gipsita encontradas no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) alabastro; (b) selenita e (c) anidrita................................................................................. 18 Figura 2.6 – Fluxograma do processo de produção do gesso.......................................... 21 Figura 2.7 – Atividades de preparação da matéria-prima para serem submetidas ao processo de calcinação.................................................................................................... 21 Figura 2.8 – Fluxograma do processo de produção do gesso utilizando o forno tipo Panela.............................................................................................................................. 24 Figura 2.9– Fluxograma do processo de produção do gesso utilizando o forno tipo Marmita........................................................................................................................... 25 Figura 2.10– Fluxograma do processo de produção do gesso utilizando o forno tipo Rotativo Tubular.............................................................................................................. 26 Figura 2.11 – Ilustração esquemática da calcinação do grão de gipsita.......................... 31 Figura 2.12 – Morfologia característica do sulfato de cálcio di-hidratado, proveniente da hidratação do sulfato de cálcio hemi-hidratado.......................................................... 32 Figura 2.13 – Morfologia característica do sulfato de cálcio hemi-hidratado do tipo α. 33 Figura 2.14 – Morfologia característica do sulfato de cálcio hemi-hidratado do tipo β. 33 Figura 2.15 – Ilustração teórica da curva calorimétrica das pastas de gesso: (a) modelo teórico e (b) etapas da cinética das reações de hidratação.................................. 40 Figura 2.16– Comportamento da fluidez de pastas de gesso produzidas com superplastificantes à base de policarboxilato (A) e ácido sulfônico (B)......................... 44 Figura 2.17– Influência da temperatura da água de amassamento da pasta de gesso na pega do material.............................................................................................................. 46 Figura 2.18– Influência da utilização de diferentes tipos e teores de retardadores da pega em pastas de gesso: (a) ácido cítrico; (b) caseína................................................... 48 Figura 2.19– Ilustração esquemática do fenômeno da retração/expansão da pasta de gesso................................................................................................................................ 49 Figura 2.20– Morfologias obtidas por microscopia eletrônica de varredura da microestrutura: (a) gesso tipo hidratado; (b) gesso tipo hidratado........................... 51 x Figura 2.21– Imagem tri-dimensional obtida pelo µ-CT da estrutura do gesso hidratado: (a) e (c) gesso hidratado e (b) e (d) gesso hidratado ................................ 52 Figura 2.22– Morfologias da microestrutura das pastas de gesso tipo com uso de aceleradores de pega: (a) referência; (b) adição de gipsita e (c) aditivo K2SO4.............. 53 Figura 2.23– Morfologias da microestrutura das pastas de gesso tipo com uso de retardadores de pega: (a) referência; (b) ácido succínio e (c) ácido cítrico..................... 53 Figura 3.1 – Geração de resíduos durante a extração do minério de gipsita em lavras na região do Araripe: (a) frente de lavra e (b) resíduos - minério descartado e material estéril............................................................................................................................... 60 Figura 3.2 – Geração de resíduos durante a britagem do minério de gipsita junto às lavras na região do Araripe: (a) britagem do minério e (b) resíduos - material particulado....................................................................................................................... 61 Figura 3.3 – Contaminações do lençol freático (a) e degradação do ambiente (b) durante o processo de extração e beneficiamento do minério de gipsita junto às lavras na região do Araripe........................................................................................................ 61 Figura 3.4 – Geração de resíduos no processo de produção do gesso na região do Araripe (a) rebritagem e moagem; (b) resíduos gerados................................................. 62 Figura 3.5 – Geração de resíduos no processo de produção do gesso na região do Araripe (a) material particulado; (b) emissão de poluentes............................................. 63 Figura 3.6 – Geração de resíduos no processo de produção do gesso na região do Araripe (a) resíduos provenientes do acondicionamento; (b) resíduo de varrição e (c) acondicionamento dos resíduos de varrição.................................................................... 63 Figura 3.7 – Formação dos poluentes atmosféricos (a) e (b); ação dos poluentes sobre a caatinga (c) e (d) – Pólo Gesseiro do Araripe............................................................... 64 Figura 3.8 – Fluxograma do processo produtivo de componentes de gesso................... 65 Figura 3.9 – Processo de fabricação de placas de gesso para forro automatizado.......... 66 Figura 3.10 – Processo de fabricação semi-automatizado para produção de blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) misturador automático; (b) alimentador de pasta................................................................................................................................. 68 Figura 3.11 – Processo de fabricação semi-automatizado para produção de blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) remoção de pasta do alimentador e (b) remoção do excesso de pasta dos moldes........................................................................ 68 Figura 3.12 – Processo de fabricação semi-automatizado para produção de blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) endurecimento da pasta; (b) extração dos blocos; (c), (d) e (e) transporte dos blocos para a área de secagem (f) secagem dos blocos ao ar, no interior da fábrica.................................................................................. 69 Figura 3.13 – Processo de fabricação semi-automatizado para produção de blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) geração de resíduos; (b) reciclagem – tijolos de gesso........................................................................................................................... 70 Figura 3.14 – Processo de fabricação artesanal para produção de placas e blocos de gessono Pólo Gesseiro do Araripe: (a) gesso armazenado em baias; (b) gesso armazenado em bags....................................................................................................... 71 xi Figura 3.15 – Processo de fabricação artesanal, para produção de placas e blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) materiais de mistura; (b) misturadora de pasta. 71 Figura 3.16 – Processo de fabricação artesanal para produção de placas e blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) disposição dos moldes; (b) recebimento da pasta; (c) colocação do molde superior; (d) peça após a retirada parcial do molde........ 72 Figura 3.17 – Processo de fabricação artesanal para produção de placas e blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) secagem; (b) estocagem.................................... 73 Figura 3.18 – Processo de fabricação artesanal para produção de placas e blocos de gesso no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) transporte; (b) carregamento............................. 73 Figura 3.19 – Geração de resíduos no processo de fabricação artesanal de placas e blocos de gesso, no Pólo Gesseiro do Araripe, durante a etapa de preparação da pasta. 74 Figura 3.20 – Geração de resíduos no processo de fabricação artesanal de placas e blocos de gesso, no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) e (b) área de conformação; (c) e (d) área interna da fábrica e (e) e (f) área de secagem externa da fábrica............................. 75 Figura 3.21 – Resíduos de gesso depositados em áreas ilegais no Pólo Gesseiro do Araripe: (a) ao longo de estradas e (b) em encostas de mananciais de água................... 76 Figura 3.22 – Fluxograma do processo de fabricação de chapas de gesso acartonado... 77 Figura 3.23 – Geração de resíduos no processo de execução manual de revestimento com pasta de gesso: (a) durante aplicação; (b) endurecimento da pasta......................... 79 Figura 3.24 – Processo de execução manual de revestimento com pasta de gesso: (a) polvilhamento; (b) primeiro tempo de espera; (c) mistura; (d) segundo tempo de espera; (e) e (f) aplicação................................................................................................ 80 Figura 3.25 – Geração de resíduos de chapas de gesso acartonado................................ 81 Figura 3.26 – Processo de execução de alvenarias com bloco de gesso: (a) assentamento da alvenaria e (b) rejuntamento e acabamento.......................................... 82 Figura 327 – Ciclo de reciclagem do resíduo de chapas acantonadas............................ 88 Figura 3.28 – Reversibilidade das reações de transformação da gipsita em gesso......... 89 Figura 3.29 – Evolução da resistência em função do teor do resíduo de gesso presente nas pastas (a) calcinado e (b) moído................................................................................ 92 Figura 4.1 – Curva granulométrica do gesso comercial.................................................. 98 Figura 4.2 – Ilustração esquemática do programa experimental para definição dos parâmetros do processo de reciclagem........................................................................... 100 Figura 4.3 – Secagem do resíduo de gesso fragmentado................................................. 101 Figura 4.4 – Processo de moagem do resíduo: (a) fragmentação e (b) armazenamento. 102 Figura 4.5 – Processo de moagem do resíduo: (a) moagem e (b) armazenamento......... 102 Figura 4.6– Processo de calcinação: (a) distribuição (b) calcinação em estufa.............. 104 Figura 4.7 – Processo de calcinação: (a) resfriamento e (b) armazenamento................. 104 Figura 4.8 – Homogeneização em pilha.......................................................................... 105 Figura 4.9 – Homogeneização em pilha do gesso reciclado no ambiente de laboratório: (a) peneiramento e (b) formação da pilha.................................................... 105 xii Figura 4.10 – Homogeneização em pilha do gesso reciclado no ambiente de laboratório: (a) divisão das amostras e (b) armazenamento das amostras....................... 106 Figura 4.11 – Ilustração esquemática do programa experimental para avaliação do gesso reciclado................................................................................................................. 108 Figura 4.12 – Ilustração esquemática dos ciclos de reciclagem...................................... 109 Figura 4.13 – Ilustração esquemática do uso de superplastificante em gesso reciclado. 110 Figura 4.14 – Equipamento utilizado para medir oespalhamento das pastas por meio do ensaio do mini-slump................................................................................................. 115 Figura 4.15– Ensaio do mini-slump: (a) posicionado do molde tronco-cônico e (b) espalhamento da pasta..................................................................................................... 115 Figura 4.16 – Ilustração esquemática do calorímetro pseudo-adiabático........................ 117 Figura 4.17 – Ilustração esquemática do Permeâmetro................................................... 118 Figura 4.18 – Preparo das amostras para ensaio de permeabilidade ao ar...................... 119 Figura 4.19 – Dispositivo para o ensaio de tração na flexão........................................... 120 Figura 5.1 – Curva granulométrica do resíduo de gesso comercial................................ 126 Figura 5.2 – Curvas do tempo de pega das pastas de gesso comercial e de gessos reciclados à temperatura de 120 ºC................................................................................. 128 Figura 5.3 – Curvas do tempo de pega das pastas de gessos reciclados à temperatura de 150 ºC e de gessos reciclados à temperatura de 200 ºC.............................................. 129 Figura 5.4 – Comportamento da resistência das pastas de gesso reciclado à compressão axial, aos 7 dias de idade em função do tempo de calcinação..................... 131 Figura 5.5 – Difratograma do GC.................................................................................... 134 Figura 5.6 – Curvas das análises térmicas, TGA e DTGA, do GC................................. 135 Figura 5.7 – Micrografias do GC nas ampliaçãos de 1.000x e 2.500x............................ 136 Figura 5.8 – Curvas do tempo de pega das pastas de GC07 e GC08.............................. 137 Figura 5.9 – Dados das curvas de elevação da temperatura das pastas GC07 e GC08... 138 Figura 5.10 – Permeabilidade ao ar média (mm 2 ) – GC07 e GC08................................ 140 Figura 5.11 – Dureza superficial média (MPa) – GC07 e GC08.................................... 141 Figura 5.12 – Resistência à compressão axial média (MPa) – GC07 e GC08................ 142 Figura 5.13 – Resistência à tração na flexão média (MPa) – GC07 e GC08.................. 143 Figura 5.14 – Micrografias típicas das pastas de (a) GC07 e (b) GC08, ampliação 1000x............................................................................................................................... 144 Figura 5.15 – Micrografias típicas das pastas de (a) GC07 e (b) GC08, ampliação 2000x............................................................................................................................... 144 Figura 5.16 – Morfologia típica das pastas de gesso tipo β – CaSO4.2H2O observadas no MEV por: (a) Lewry e Williamson (1994b); (b) Singh e Middendorf (2007)........... 145 Figura 5.17 – Diagrama obtido por EDS das pastas GC07 e GC08................................ 146 Figura 5.18 – Curva Granulométrica do GC e do GR1C................................................ 148 xiii Figura 5.19 – Difratograma do GC e do GR................................................................... 150 Figura 5.20 – Curvas das análises térmicas, TGA e DTGA, do GC e do GR1C............ 151Figura 5.21 – Micrografias do GC nas ampliações de 1.000x e 2.500x.......................... 152 Figura 5.22 – Micrografias do GR1C nas ampliações de 1.000x e 3.000x..................... 153 Figura 5.23 – Curvas do tempo de pega das pastas de GC07 e GR1C07........................ 154 Figura 5.24 – Curvas de elevação da temperatura das pastas de GC07 e GR1C07........ 155 Figura 5.25 – Evolução da permeabilidade ao ar, no tempo, das pastas de GC07 e GR1C............................................................................................................................... 157 Figura 5.26 – Evolução da dureza superficial no tempo das pastas de GC07 e GR1C07........................................................................................................................... 158 Figura 5.27 – Evolução da resistência à compressão axial no tempo das pastas de GC07 e GR1C07.............................................................................................................. 159 Figura 5.28 – Evolução da resistência à tração na flexão, no tempo, das pastas de GC07 e GR1C07.............................................................................................................. 160 Figura 5.29 – Micrografias típicas das pastas de (a) GC07 e (b) GR1C07, ampliação 1000x............................................................................................................................... 162 Figura 5.30 – Micrografias típicas das pastas de (a) GC07 e (b) GR1C07, ampliação 2000x............................................................................................................................... 162 Figura 5.31 – Micrografias típicas das pastas de (a) GC07 e (b) GR1C07, ampliação 4000x............................................................................................................................... 163 Figura 5.32 – Diagrama obtido por EDS da pasta de GR1C07....................................... 163 Figura 5.33 – Morfologia das pastas de gesso tipo β (a) e gesso tipo β com adição de grãos de gipsita– CaSO4.2H2O........................................................................................ 164 Figura 5.34 – Curva Granulométrica do GC, do GR1C e do GR3C............................... 166 Figura 5.35 – Difratogramas dos GC, GR1C e GR3C.................................................... 168 Figura 5.36 – Curvas das análises térmicas, TGA e DTGA, do GR3C.......................... 169 Figura 5.37 – Micrografias do GR3C nas ampliações de 1.000x e 2.500x..................... 171 Figura 5.38 – Curvas do tempo de pega das pastas de GC07, GR1C07 e GR3C07....... 172 Figura 5.39 – Curvas de elevação de temperatura das pastas de GC07, GR1C07 e GR3C............................................................................................................................... 173 Figura 5.40 – Evolução da permeabilidade ao ar, no tempo, das pastas de GC07, GR1C07 e GR31C07....................................................................................................... 176 Figura 5.41 – Evolução da dureza superficial no tempo das pastas de GC07, GR1C07 e GR3C07........................................................................................................................ 177 Figura 5.42 – Evolução da resistência à compressão axial no tempo das pastas de GC07, GR1C07 e GR3C07............................................................................................. 178 Figura 5.43 – Evolução da resistência à tração na flexão, no tempo, das pastas de GC07, GR1C07 e GR3C07............................................................................................. 179 Figura 5.44 – Micrografias típicas das pastas de (a) GR1C07 e (b) GR3C07, xiv ampliação 1000x.............................................................................................................. 180 Figura 5.45 – Micrografias típicas das pastas de (a) GR1C07 e (b) GR3C07, ampliação 2000x.............................................................................................................. 181 Figura 5.46 – Micrografias típicas das pastas de (a) GR1C07 e (b) GR3C07, ampliação 4000x.............................................................................................................. 181 Figura 5.47 – Diagrama obtido por EDS da pasta de GR3C07....................................... 181 Figura 5.48 – Curva Granulométrica do GC e do GR5C................................................ 183 Figura 5.49 – Difratograma do GR5C............................................................................. 185 Figura 5.50 – Curvas das análises térmicas, TGA e DTGA, do GR5C.......................... 186 Figura 5.51 – Micrografias do GR5C nas ampliações de 1.000x e 2.500x..................... 187 Figura 5.52 – Curvas do tempo de pega das pastas de GC08 e GR5C08........................ 188 Figura 5.53 – Curvas de elevação de temperatura das pastas de GC08 e GR5C08........ 189 Figura 5.54 – Evolução da permeabilidade ao ar, no tempo, das pastas de GC08 e GR5C08........................................................................................................................... 192 Figura 5.55 – Evolução da dureza superficial no tempo das pastas de GC08 e GR5C08........................................................................................................................... 193 Figura 5.56 – Evolução da resistência à compressão axial no tempo das pastas de GC08 e GR5C08.............................................................................................................. 194 Figura 5.57 – Evolução da resistência à tração na flexão, no tempo, das pastas de GC08 e GR5C08.............................................................................................................. 195 Figura 5.58 – Micrografias típicas das pastas de GC08 (a) e GR5C08, ampliação 500x................................................................................................................................. 196 Figura 5.59 – Micrografias típicas das pastas de GC08 (a) e GR5C08 (b), ampliação 2000x............................................................................................................................... 196 Figura 5.60 – Micrografias típicas das pastas de e GR5C08, ampliação 4000x............. 197 Figura 5.61 – Diagrama obtido por EDS da pasta de GR5CG08.................................... 197 Figura 5.62 – Espalhamento médio das pastas de GC07, GR1C07-1,0%G; GR1C07- 1,5%G GR1C07-1,75%G, GR1C07-2,0%G e GR1C07-2,2%G..................................... 199 Figura 5.63 – Evolução da dureza superficial das pastas de gesso reciclado em função do teor de superplastificante, nas idades de 1 e 7 dias.................................................... 201 Figura 5.64 – Evolução da resistência à compressão axial das pastas de gesso reciclado em função do teor de superplastificante nas idades de 1 e 7 dias.................... 203 Figura 5.65 – Curvas do tempo de pega das pastas de GC07 e GR1C07........................ 205 Figura 5.66 – Curvas de elevação de temperatura das pastas de GR1C07 e GR1C07- 1,5%G.............................................................................................................................. 206 Figura 5.67 – Evolução da permeabilidade ao ar, no tempo, das pastas de GR1C07 e GR1C07-1,5%G.............................................................................................................. 208 Figura 5.68 – Evolução da dureza superficial no tempo das pastas de GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G............................................................................................................ 209 Figura 5.69 – Evolução da resistência à compressão axial, no tempo, das pastas de GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G.................................................................................210 Figura 5.70 – Evolução da resistência à tração na flexão, no tempo, das pastas de xv GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G................................................................................. 211 Figura 5.71 – Micrografias das pastas de GR1C07 (a) e GR1C07-1,5%G, ampliação 2.000x.............................................................................................................................. 213 Figura 5.72 – Micrografias das pastas de GR1C07 (a) e GR1C07-1,5%G, ampliação 5.000x.............................................................................................................................. 213 Figura 5.73 – Diagrama obtido por EDS da pasta de GR1CG07-1,5%G....................... 213 Figura 5.74 – Morfologia dos cristais de di-hidrato, quando adicionado ácido carboxílico (a) 0,2% ácido cítrico - Sing e Middendorf (2007) e (b) 0,1% ácido cítrico - Song et al. (2010).......................................................................................................... 214 xvi LISTA DE QUADROS Página Quadro 2.1 – Influência das impurezas presentes no minério de gipsita nas propriedades do gesso..................................................................................................... 19 Quadro 2.2 – Composição química teórica das espécies químicas do gesso.................. 21 Quadro 3.1 Geração de resíduos na extração de gipsita e fabricação de gesso e componentes, no Brasil................................................................................................... 83 Quadro 3.2 Geração de resíduos na aplicação do material e de componentes de gesso durante as atividades de construção, no Brasil................................................................ 84 Quadro 3.3 Estimativas do consumo de gesso e geração de resíduos por setor produtivo......................................................................................................................... 85 Quadro 4.1 – Denominação dos materiais reciclados gerado na definição do processo de reciclagem.................................................................................................................. 103 Quadro 4.2 – Composição das pastas de referência........................................................ 111 Quadro 4.3 – Composição das pastas de gesso reciclado utilizadas nos ciclos consecutivos de reciclagem............................................................................................. 112 Quadro 4.4 – Composição das pastas de gesso reciclado utilizados no estudo do uso de superplastificante........................................................................................................ 112 xvii LISTA DE TABELAS Página Tabela 2.1 – Produção nacional de gipsita durante o ano de 2009.................................. 15 Tabela 2.2 – Consumo setorial nacional da produção de gipsita durante o ano de 2009................................................................................................................................. 16 Tabela 2.3 – Análise química de gipsitas brasileiras...................................................... 20 Tabela 2.4 – Exigências físicas e mecânicas do gesso para construção.......................... 36 Tabela 2.5 – Exigências físicas do gesso para construção.............................................. 36 Tabela 2.6 – Exigências químicas do gesso para construção.......................................... 36 Tabela 2.7 – Análise química de gessos de construção brasileiros................................. 37 Tabela 2.8 – Composição percentual de gessos de construção brasileiros..................... 37 Tabela 2.9 – Efeito da adição de grãos de gipsita em pastas de gesso (160<φ<400 m).................................................................................................................................. 47 Tabela 2.10 – Características Técnicas das Placass de Gesso......................................... 56 Tabela 3.1 Volume de resíduos de gesso gerados durante as atividades de construção e demolição no Brasil...................................................................................................... 78 Tabela 4.1 – Características químicas do gesso comercial............................................. 98 Tabela 4.2 – Granulometria do gesso comercial – percentuais de massa retida ............ 98 Tabela 4.3 – Propriedades físicas do gesso comercial.................................................... 99 Tabela 4.4 – Propriedades e consumo de energia do gesso reciclado nas condições definidas no processo de reciclagem............................................................................... 108 Tabela 5.1 – Granulometria do resíduo de gesso comercial – percentuais de massa retida.............................................................................................................................. 126 Tabela 5.2 – Propriedades físicas do RGC em pó – valores médios............................... 127 Tabela 5.3 – Tempo de pega para as pastas de gesso comercial e gessos reciclados com relação água/gesso de 0,7, em massa....................................................................... 129 Tabela 5.4 – Resistência à compressão axial, aos 7 dias de idade, para as pastas de gesso comercial e gesso reciclado................................................................................... 131 Tabela 5.5 – Consumo energético para a produção dos gessos reciclados..................... 132 Tabela 5.6 – Perdas de massa registradas nos acidentes térmicos das curvas TGA/DTGA do GC......................................................................................................... 134 Tabela 5.7 – Teores de di-hidratos e hemi-hidratos presentes no GC............................. 134 Tabela 5.8 – Tempo de pega para as pastas GC07 e GC08............................................ 137 xviii Tabela 5.9 – Elevação da temperatura das pastas GC07 e GC08.................................... 138 Tabela 5.10 – Permeabilidade ao ar média (mm 2 ) – GC07 e GC08................................ 140 Tabela 5.11 – Dureza superficial média (MPa) – GC07 e GC08.................................... 141 Tabela 5.12 – Resistência à compressão axial média (MPa) – GC07 e GC08................ 142 Tabela 5.13 – Resistência à tração na flexão média (MPa) – GC07 e GC08.................. 143 Tabela 5.14 – Percentuais de massa retidas nas peneiras do ensaio granulométrico - do GC e do GR1C, em pó – valores médios.................................................................... 147 Tabela 5.15 - Propriedades físicas do GC e do GR1C, em pó – valores médios............ 148 Tabela 5.16 – Características químicas do GC e GR1C.................................................. 149 Tabela 5.17 – Perdas de massa registradas nas curvas TGA/DTGA do GC e do GR1C............................................................................................................................... 150 Tabela 5.18 – Teores de di-hidratos e hemi-hidratos presentes no GC e no GR1C........ 150 Tabelas 6.19 – Tempo de pega para as pastas GC07 e GR1C07.................................... 154 Tabela 5.20 – Elevação da temperatura das pastas GC07 e GR1C07............................. 155 Tabela 5.21 – Permeabilidade ao ar média (mm 2 ) – GC07 e GR1C07........................... 158 Tabela 5.22 – Dureza superficial média (MPa) – GC07, e GR1C07.............................. 159 Tabela 5.23 – Resistência à compressão axial média (MPa) – GC07 e GR1C07........... 160 Tabela 5.24 – Resistência à tração na flexão média (MPa) – GC07 e GR1C07............. 161 Tabela 5.25 - Percentuais de massa retida nas peneiras do ensaio granulométrico - do GC, do GR1C, e do GR3C em pó – valores médios....................................................... 165 Tabela 5.26 – Propriedadesfísicas do GC, GR1C e do GR3C, em pó – valores médios.............................................................................................................................. 166 Tabela 5.27 – Características químicas do GC, GR1C e GR3C..................................... 167 Tabela 5.28 – Perdas de massa registradas nos acidentes térmicos das curvas TGA/DTGA do GC, do GR1C e do GR3C..................................................................... 169 Tabelas 6.29 – Teores de di-hidratos e hemi-hidratos presentes no GC, no GR1C e no GR3C............................................................................................................................... 170 Tabela 5.30 – Tempo de pega para as pastas de GC07, GR1C07 e GR3C..................... 172 Tabela 5.31 – Elevação da temperatura das pastas GC07 e GR1C07............................. 173 Tabela 5.32 – Permeabilidade ao ar média (mm 2 ) – GC07, GR1C07 e GR3C07........... 175 Tabela 5.33 – Dureza superficial média (MPa) – GC07, GR1C07 e GR3C07............... 177 Tabela 5.34 – Resistência à compressão axial média (MPa) – GC07, GR1C07 e GR3C07........................................................................................................................... 178 Tabela 5.35 - Resistência à tração na flexão média (MPa) – GC07, GR1C07 e GR3C07........................................................................................................................... 179 Tabela 5.36 – Percentuais de massa retida nas peneiras do ensaio granulométrico - do GC e do GR5C, em pó – valores médios......................................................................... 183 xix Tabela 5.37 – Propriedades físicas do GC e do GR5C, em pó – valores médios............ 184 Tabela 5.38 – Características químicas do GC e GR5C.................................................. 184 Tabela 5.39 – Perdas de massa registradas nas curvas TGA/DTGA do GC e do GR5C 186 Tabela 5.40 – Teores de di-hidratos e hemi-hidratos presentes no GC e no GR5C........ 186 Tabela 5.41 – Tempo de pega para as pastas GC08 e GR5C.......................................... 188 Tabela 5.42 – Elevação da temperatura das pastas GC07 e GC08.................................. 190 Tabela 5.43 – Permeabilidade ao ar média (mm 2 ) – GC08 e GR5C08........................... 191 Tabela 5.44 – Dureza superficial média (MPa) – GC08 e GR5C08............................... 192 Tabela 5.45 - Resistência à compressão axial média (MPa) – GC08 e GR5C08............ 193 Tabela 5.46 – Resistência à tração na flexão média (MPa) – GC08 e GR5C08............. 194 Tabela 5.47 – Espalhamento médio das pastas de GC07, GR1C07-1,0%G; GR1C07- 1,5%G GR1C07-1,75%G, GR1C07-2,0%G e GR1C07-2,2%G..................................... 199 Tabela 5.48 – Dureza superficial média (MPa) – GC07, GR1C07-1,0%G; GR1C07- 1,5%G GR1C07-1,75%G, GR1C07-2,0%G e GR1C07-2,2%G..................................... 201 Tabela 5.49 - Resistência à compressão axial média (MPa) – GC07, GR1C07-1,0%G; GR1C07-1,5%G GR1C07-1,75%G, GR1C07-2,0%G e GR1C07-2,2%G..................... 202 Tabela 5.50 – Espalhamento das pastas de GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G............ 204 Tabela 5.51 – Tempo de pega para as pastas GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G......... 205 Tabela 5.52 – Elevação da temperatura das pastas GR1C07 e GR1C07-1,5%G............ 206 Tabela 5.53 – Permeabilidade ao ar média (mm 2 ) – GC07, GR1C07 e GR1C07- 1,5%G.............................................................................................................................. 208 Tabela 5.54 - Dureza superficial média (MPa) – GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G... 209 Tabela 5.55 – Resistência à compressão axial média (MPa) – GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G.............................................................................................................. 210 Tabela 5.56 – Resistência à tração na flexão média (MPa) – GC07, GR1C07 e GR1C07-1,5%G.............................................................................................................. 211 xx LISTA DE SIGLAS, SIMBOLOS E ABREVIATURAS Al2O3 Óxido de alumínio BPF Baixo Ponto de Fluidez CaO Óxido de cálcio – Cal livre CaSO4 Sulfato de Cálcio CaSO4·0,5H2O Sulfato de cálcio hemi-hidratado - gesso CaSO4·2H2O Sulfato de cálcio di-hidratado - Gipsita CO2 Dióxido de carbono CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente D Dureza Superficial (MPa) DRX Difração de raios-X DTGA Derivada da análise termogravimétrica Fe2O3 Óxido de Ferro GC Gesso Comercial GR Gesso reciclado GR1C Gesso reciclado de 1º ciclo GR2C Gesso reciclado de 2º ciclo GR3C Gesso reciclado de 3º ciclo GR4C Gesso reciclado de 4º ciclo GR5C Gesso reciclado de 5º ciclo H2O Água H2S Gás sulfídrico K Permeabilidade ao ar (mm²) MEV Microscópio Eletrônico de Varredura MF Módulo de Finura MgO Óxido de Magnésio Mu Massa unitária (kg/m³) NaCl Cloreto de Sódio NBR Norma Brasileira P.F. Perda de massa ao fogo φmax Diâmetro máximo Rc Resistência à compressão axial (MPa) RCC Resíduo de Construção Civil xxi Rf Resistência à Tração na Flexão (MPa) RGC Resíduo de gesso comercial S Superfície específica (m²/kg) SiO2 Dióxido de silício SO3 Trióxido de enxofre – Anidrido sulfúrico SO2 Dióxido de enxofre TGA Análise termogravimética UR Umidade relativa ρ Massa específica (kg/m³) xxii SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS ix LISTA DE QUADROS xvi LISTA DE TABELAS xvii LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS xx RESUMO vii ABSTRACT viii 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1 1.1 Aspectos da Produção e Geração de Resíduos de Gesso no Brasil...................... 2 1.2 Objetivo da Pesquisa............................................................................................ 4 1.3 Hipóteses de Trabalho.......................................................................................... 4 1.4 Contribuição para o Avanço da Tecnologia do Gesso Reciclado......................... 5 1.5 Estrutura da Pesquisa............................................................................................ 6 2. GESSO DA CONSTRUÇÃO CIVIL....................................................................... 9 2.1 Aspectos Históricos............................................................................................. 9 2.2 Gipsita : a Matéria-Prima.................................................................................... 12 2.2.1 Gipsita Natural.............................................................................................. 12 2.2.2 Gipsita Residual............................................................................................ 13 2.2.3 Reservas Brasileiras de Gipsita Natural........................................................ 14 2.2.4 A Gipsita do Pólo Gesseiro do Araripe.......................................................... 16 2.2.5 Características das Gipsitas para a Produção do Gesso................................. 18 2.3 Processo de Produção do Gesso – a Formação do Hemi-hidrato......................... 20 2.3.1 Calcinação – a Desidratação da Gipsita......................................................... 23 2.3.2 As Reações de Transformação ...................................................................... 27 2.3.3. Cinética das Reações de Desidratação.......................................................... 30 2.3.4. Microestrutura do Sistema CaSO4 – H2O..................................................... 32 2.4 Gesso para a Construção Civil.............................................................................. 34 2.5 Hidratação do Gesso............................................................................................. 37 2.5.1 Mecanismo de Hidratação do Gesso..............................................................38 2.5.2 Cinética da Hidratação................................................................................... 39 2.6 Propriedades no Estado Fresco............................................................................. 42 xxiii 2.6.1 Trabalhabilidade da Pasta de Gesso............................................................... 42 2.6.2 Pega e Endurecimento da Pasta..................................................................... 44 2.6.3 Variação Dimensional do Gesso.................................................................... 48 2.7 Propriedades no Estado Endurecido..................................................................... 50 2.7.1 Microestrutura............................................................................................... 51 2.7.2 Resistência Mecânica..................................................................................... 54 2.7.3 Outras Propriedades....................................................................................... 54 2.8 Produtos de Gesso – Aplicação na Construção.................................................... 55 2.9 Considerações do Capítulo.................................................................................. 56 3. RESÍDUO DO GESSO DE CONSTRUÇÃO.......................................................... 59 3.1 Cadeia Produtiva do Gesso e a Geração de Resíduos........................................... 59 3.1.1 Resíduos da Extração e Preparação da Matéria-Prima.................................. 60 3.1.2 Resíduos do Processo de Produção do Gesso................................................ 62 3.1.3 Resíduos do Beneficiamento de Componentes de Gesso.............................. 65 3.1.4 Resíduos de Gesso na Construção e Demolição............................................ 77 3.1.5 Considerações sobre a Geração de Resíduos na Cadeia Produtiva do Gesso 83 3.2 Características e Impacto do Resíduo de Gesso................................................... 85 3.3 Viabilidades de Reciclagem do Resíduo de Gesso em sua Cadeia Produtiva...... 86 3.3.1 Reciclagem no Setor de Beneficiamento de Componentes........................... 87 3.4 Processos de Reciclagem do Resíduo de Gesso................................................... 88 3.5 Estudos sobre a Viabilidade do Gesso Reciclado – Caracterização e Propriedades............................................................................................................... 90 3.6 Considerações do Capítulo................................................................................... 94 4. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 97 4.1 Materiais............................................................................................................... 97 4.1.1 Gesso Comercial............................................................................................ 97 4.1.2 Aditivo Superplastificante............................................................................. 99 4.1.3 Água............................................................................................................... 99 4.2 Definição do Processo de Reciclagem.................................................................. 99 4.2.1 Geração do Resíduo de Gesso........................................................................ 101 4.2.2 Moagem......................................................................................................... 101 4.2.3 Calcinação...................................................................................................... 102 4.2.4 Homogeneização............................................................................................ 105 4.2.5 Avaliação do Processo de Reciclagem........................................................... 106 4.3 Ciclos Consecutivos de Reciclagem..................................................................... 108 4.4 Utilização de Aditivos Superplastificantes.......................................................... 109 xxiv 4.5 Misturas Experimentais........................................................................................ 110 4.5.1 Pastas para Produção de Resíduos................................................................. 111 4.5.2 Pastas de Referência....................................................................................... 111 4.5.3 Pastas de Gesso Reciclado............................................................................. 111 4.5.4 Moldagem e Cura dos Corpos de prova......................................................... 112 4.6 Métodos de Ensaios.............................................................................................. 113 4.6.1 Ensaios do Material em Pó............................................................................ 113 4.6.2 Ensaios nas Pastas de Gesso no Estado Fresco............................................. 114 4.6.3 Ensaios nas Pastas de Gesso no Estado Endurecido...................................... 117 4.6.4 Técnicas de Estudos Microestruturais........................................................... 121 4.7 Tratamento de Dados............................................................................................ 122 4.8 Considerações do Capítulo................................................................................... 122 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 125 5.1 Definição do Processo de Reciclagem.................................................................. 125 5.1.1 Gesso Comercial – GC................................................................................... 125 5.1.2 Resíduo de Gesso Comercial – RGC............................................................. 126 5.1.3 Obtenção do Gesso Reciclado – GR.............................................................. 127 5.1.4 Avaliação das Pastas no Estado Fresco.......................................................... 127 5.1.5 Avaliação das Pastas no Estado Endurecido................................................. 130 5.1.6 Consumo Energético..................................................................................... 132 5.2 Avaliação das Características e Propriedades do Gesso Reciclado...................... 133 5.2.1 Gesso Comercial – GC................................................................................... 133 5.2.2 Gesso de 1ᵃ Reciclagem – GR1C................................................................... 147 5.2.3 Gesso de 3ᵃ Reciclagem – GR3C................................................................... 165 5.2.4 Gesso de 5ᵃ Reciclagem – GR5C................................................................... 182 5.3 Utilização de Aditivo Superplastificante............................................................. 198 5.3.1 Definição do Teor de Aditivo........................................................................ 199 5.3.2 Propriedades do Gesso Reciclado com Superplastificante............................ 204 5.4 Considerações do Capítulo................................................................................... 215 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................... 217 6.1 Processo de Reciclagem...................................................................................... 217 6.2 Avaliação do Gesso Reciclado Submetido a Ciclos de Reciclagem Consecutivos............................................................................................................... 217 6.3 Uso do Aditivo Superplastificante........................................................................ 218 6.4 Recomendações para Trabalhos Futuros............................................................. 219 6.4.1 Quantoao Processo de Reciclagem.............................................................. 219 xxv 6.4.2 Quanto aos Ciclos de Reciclagem................................................................. 219 6.4.3 Quanto à Utilização de Aditivos Superplastificantes no Gesso Reciclado.... 220 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 221 APÊNDICE A – Quantitativo de Resíduos 235 APÊNDICE B – Tratamento Estatístico 239 APÊNDICE C – Cálculo dos Teores de Hemi-hidrato e Di-hidrato 289 APÊNDICE D – Caracterização Química 295 APÊNDICE E – Difratogramas 299 1 1 INTRODUÇÃO A necessidade de adequação da indústria da construção ao novo modelo de desenvolvimento econômico mundial, onde a busca da sustentabilidade do setor é inquestionável, exige uma análise interativa de toda sua cadeia produtiva, constituída por diferentes segmentos industriais, que fornecem os insumos necessários à construção civil. Entre eles podem ser citados os segmentos da indústria siderúrgica, da indústria cimenteira, da indústria gesseira, entre outros. Em geral, suas atividades se iniciam com a extração de recursos naturais e passam ao beneficiamento de materiais e à aplicação do material na construção propriamente dita (KURESKI, et al., 2008). O desenvolvimento sustentável da cadeia depende da sustentabilidade de cada segmento, cujos principais elementos a serem controlados, para alcançar este modelo de desenvolvimento, são: (i) a redução do uso de recursos naturais; (ii) a redução de consumo energético; (iii) a redução da geração de resíduos; (iv) a reutilização e a reciclagem, entre outros (CIB, 1999; DEGANI, 2003; JOHN, et.al.,2000). Entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva da construção civil, o segmento gesseiro apresenta um grande potencial de contribuição para a sustentabilidade da indústria da construção, devido ao baixo consumo energético do processo de produção e da viabilidade de reciclagem dos resíduos gerados ao longo de sua cadeia produtiva (JOHN; CINCOTTO, 2003, 2007). Com uma cadeia produtiva própria, o segmento gesseiro concentra suas atividades nos setores: (i) de extração mineral; (ii) calcinação - produção de gesso; (iii) produção de componentes; e (iv) aplicação na construção civil. Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 1 – Introdução 2 Entre os principais elementos impeditivos ao desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do gesso encontram-se a extração do minério de gipsita, a geração de resíduos oriundos da produção de componentes e da aplicação do material nas atividades de construção (AGUIAR, 2007). As características físico-químicas do resíduo exigem cuidados especiais na sua disposição final, devido ao seu potencial tóxico, à liberação de gases inflamáveis, ao risco de contaminação do solo e do lençol freático, bem como em razão das restrições aos percentuais de uso em agregados reciclados oriundos dos resíduos da construção civil (ARAÚJO, 2004; JOHN; CINCOTTO, 2003). Entretanto, a reversibilidade de suas reações de transformação possibilita, por meio de um processo simples de reciclagem, a inserção do resíduo nos diferentes setores da sua cadeia produtiva. A experiência internacional mostra que a reciclagem do resíduo de gesso é viável, sendo adotada nos EUA e Europa, especificamente, no setor de beneficiamento de chapas acartonadas (CAMPBELL, 2003). No Brasil, porém, ela é praticamente inexistente. Há algumas iniciativas isoladas e restritas a determinados setores e as pesquisas científicas relativas à reciclagem são incipientes. 1.1 Aspectos da Produção e Geração de Resíduos de Gesso no Brasil O segmento gesseiro nacional encontra-se em expansão, com uma taxa de crescimento anual de 8% e expectativas de crescimento ainda maior (SINDUSGESSO, 2007). O que se deve, principalmente, à disseminação de sistemas construtivos alternativos, ao baixo custo do gesso e ao alto teor de pureza das jazidas de gipsita nacional. No Brasil, a extração do minério de gipsita é da ordem de 1,9 milhão de toneladas por ano, sendo 59% destinados à calcinação, 30% ao setor cimenteiro e 11% ao setor agrícola, sendo utilizadas, no consumo direto do gesso, para aplicação na construção, aproximadamente 1.090.000 toneladas, do minério, por ano 1 (BRASIL, 2009; MARCONDES, 2007 e RIBEIRO, 2006). 1 Ver cálculo no Apêndice A. Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 1 – Introdução 3 As atividades dos setores que compõem a cadeia se concentram no Pólo Gesseiro do Araripe, em Pernambuco, responsável por 85% da produção nacional, tendo como principais consumidores de seus produtos os estados da região sudeste (BRASIL, 2009). O Pólo Gesseiro do Araripe é constituído por 37 minas de exploração do minério, cerca de 100 calcinadoras e, aproximadamente, 300 pequenas unidades produtoras de componentes (BRASIL, 2009), a maioria com processos artesanais de produção. O volume de resíduos de gesso gerado por essas unidades produtoras é desconhecido. Entretanto, é provável que represente uma massa significativa e que proporcione uma reciclagem em nível industrial (JOHN; CINCOTTO, 2003), inclusive em outras regiões do País, onde as atividades de construção (construção e demolição) geram grande volume de resíduos de gesso, que devidamente gerenciado, pode voltar a ser integrado na cadeia produtiva. Segundo informações do Sindugesso 2 e Abragesso 3 apud Agopyan et al. (2005), as principais fontes de resíduos de gesso na construção são as atividades de revestimento (88%), as chapas de gesso acartonado (8%) e os componentes pré-moldados (4%), sendo estimada uma massa de 120 mil toneladas por ano na Grande São Paulo que, se devidamente gerenciada, poderia minimizar o consumo de gipsita em 32.700 toneladas por ano 4 . As perspectivas do Pólo Gesseiro e da região da grande São Paulo, evidenciam a necessidade de uma ação urgente no gerenciamento do resíduo gerado no segmento gesseiro, quer pelo impacto ambiental causado diretamente ou pela necessidade de adaptação do setor ao modelo de desenvolvimento sustentável. Paralelamente à elaboração de um Plano de Gerenciamento do resíduo, é necessário o desenvolvimento de pesquisas que avaliem os resíduos e o material resultante de sua reciclagem, para aplicação na própria cadeia produtiva do gesso. Esse trabalho, cujos objetivos são postos a seguir, procuram colaborar para isso. 2 SINDUSGESSO – Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de Pernambuco. 3 ABRAGESSO – Associação Brasileira dos Fabricantes de Gesso e Chapas. 4 Ver cálculo no Apêndice A. Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 1 – Introdução 4 1.2 Objetivo da Pesquisa Considerando a necessidade de analisar os resíduos gerados na cadeia produtiva do gesso e avaliar as propriedades do material reciclado para aplicação no setor de produção de componentes, este trabalho tem como objetivos: a) Objetivo Geral Avaliar e analisar as características químicas e microestruturais, e as propriedades físicas e mecânicas dos gessos reciclados, provenientes dos resíduos de gesso gerados na produção de componentes pré-moldados para a construção civil, obtidos por simulação em laboratório. b) Objetivos Específicos Os objetivos específicos do estudo, necessários para alcançar o objetivo geral são: (i) Simular, em laboratório, um processo de reciclagem constituído das etapas de moagem e calcinação do resíduo de gesso, determinando as condições ótimas para a geração de um material reciclável, com características técnicas para ser utilizado no setor de componentes. (ii) No contexto do processo de reciclagem adotado, avaliar o consumo energético desprendido paraprodução do material reciclado. (iii) Submeter o material a vários ciclos de reciclagem, para avaliar a constância de suas propriedades. 1.3 Hipóteses de Trabalho As hipóteses utilizadas neste trabalho, para serem corroboradas ou não, são as apresentadas a seguir: (i) As propriedades físicas, mecânicas e microestruturais do gesso reciclado são similares às propriedades do gesso comercial. (ii) Com o uso de um processo de reciclagem constituído de moagem e calcinação para os resíduos de gesso, com equipamentos simples, é possível obter um material reciclado com propriedades similares ao gesso comercial e apto a ser utilizado no setor de componentes. Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 1 – Introdução 5 (iii) Os gessos reciclados, gerados em vários ciclos de reciclagem, mantêm constantes suas propriedades físicas e mecânicas e suas características químicas e microestruturais. 1.4 Contribuição para o Avanço da Tecnologia do Gesso Reciclado O estudo realizado constitui os fundamentos básicos para o conhecimento das propriedades do material reciclado, contribuindo para o avanço de tecnologias relacionadas ao desenvolvimento de novos produtos, de técnicas de reciclagem e à análise da sustentabilidade do setor. a) Desenvolvimento de Novos Produtos As avaliações, com fundamentação científica, das propriedades físicas e mecânicas, e das características químicas e microestruturais do gesso reciclado permitem o desenvolvimento de novos processos para produção de componentes viáveis técnica e economicamente, para inserção no mercado da construção. b) Desenvolvimento de Processos de Reciclagem A viabilidade de utilização do gesso reciclado na indústria de componentes, incentiva a instalação de usinas de reciclagem específicas para os resíduos de gesso. Em regiões como o Pólo Gesseiro do Araripe, a implantação dessas usinas de reciclagem pode ser viabilizada em escala industrial e em regime de cooperativas. A simulação em laboratório com equipamentos simples de moagem e calcinação do resíduo, possibilita o uso do processo de reciclagem interno ao setor gerador, principalmente nas pequenas fábricas de componentes localizadas distante das unidades de reciclagem em nível industrial. c) Sustentabilidade do Setor A constância, em vários ciclos, das propriedades do gesso reciclado, permite a reutilização constante do material, quando alcançado o ciclo final de sua utilização, reduzindo o consumo da matéria-prima explorada no início da cadeia produtiva do gesso, o que, juntamente com a redução da geração de resíduos ao longo das demais atividades dos setores que compõem a Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 1 – Introdução 6 cadeia produtiva do gesso, possibilita a sustentabilidade do segmento gesseiro, dentro da nova visão de desenvolvimento econômico mundial. 1.5 Estrutura da Pesquisa O texto destinado à apresentação da pesquisa e da tese de Doutorado está estruturado em 6 capítulos. O capítulo 1, Introdução, aborda o tema a ser analisado por meio de justificativas da necessidade da pesquisa, no contexto da sustentabilidade da indústria da construção civil, apresentando os objetivos, as hipóteses de trabalho, a contribuição para o avanço científico do tema abordado e a estrutura da tese. O Capítulo 2, Gesso da Construção Civil, faz uma revisão bibliográfica sobre o processo produtivo do material, abordando a matéria-prima utilizada, o processo de obtenção do gesso, o mecanismo de hidratação, as propriedades físicas, mecânicas e microestruturais do material em pó, em pastas no estado fresco e em pastas no estado endurecido. Também avalia a influência de impurezas, aditivos e adições no desempenho do material. O capítulo 3, Resíduo do Gesso de Construção, analisa a geração do resíduo de gesso ao longo da cadeia produtiva; caracteriza a natureza do resíduo e disserta sobre o impacto ambiental do material; analisa a viabilidade de reciclagem do material por meio de um sistema de gestão com base na Produção Mais Limpa; e apresenta uma revisão bibliográfica das pesquisas desenvolvidas para a viabilidade técnica de utilização do gesso reciclado na construção. No capítulo 4, Materiais e Métodos, são apresentados a metodologia e o programa de experimentos para a reciclagem dos resíduos de gesso em estudo, com avaliação das propriedades físicas, mecânicas e microestruturais dos materiais reciclados. O Capítulo 5, Resultados e Discussão, traz os resultados da pesquisa em conformidade com o programa de experimentos, que compreende a avaliação e a análise da caracterização física, química e microestrutural do gesso comercial e dos gessos reciclados; o estudo preliminar do processo de reciclagem; o estudo do grau de reaproveitamento do gesso; e o estudo da influência do uso de aditivo superplastificante no gesso reciclado. Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 1 – Introdução 7 O Capítulo 6, Conclusão e Recomendações, relata as conclusões dos experimentos realizados e discutidos no capítulo anterior, com vista aos objetivos e às hipóteses de trabalho consideradas no capítulo 1, e sugere os estudos adicionais necessários para o preenchimento das lacunas de exploração nesta pesquisa. Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 1 – Introdução 8 9 2 GESSO DA CONSTRUÇÃO CIVIL O presente capítulo faz uma revisão bibliográfica sobre o gesso, abordando seu processo produtivo, suas características microestruturais e suas propriedades físicas e mecânicas, necessárias para o uso na construção civil. 2.1 Aspectos Históricos Estudos arqueológicos mostram que o gesso 1 é utilizado como material construtivo desde o período neolítico, no início do uso da pirotecnia (GOURDIN; KINGERY, 1975). Segundo Gourdin e Kingery (1975), o uso do gesso como material construtivo remonta ao ano 7000 a.C., tendo sido identificada sua presença em amostras de materiais oriundos de ruínas na Turquia (Anatólia) e na Síria, onde eram aplicados como argamassa para pisos, suporte de afrescos e fabricação de recipientes. As amostras datadas de 6000 a.C., relativas às ruínas da cidade de Jericó, em Israel, evidenciam o emprego do gesso em moldagem de recipientes e modelagens de afrescos, e a utilização em argamassas de revestimento em ruínas na Síria e na cidade de Anu, no sul do Turquestão (GOURDIN; KINGERY, 1975). Esses mesmos pesquisadores (1975) identificaram, também, a presença de gesso em material utilizado nas juntas de assentamento dos blocos das Pirâmides de Gizé, no Egito, erguida por Quéops, faraó da quarta dinastia egípcia, no ano de 2800 a.C. 1 Gesso: material construtivo obtido pela calcinação do minério de gipsita. Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 2 – Gesso da Construção Civil 10 A documentação mais antiga relacionada à atividade de extração do minério de gipsita e produção do gesso é o “Tratado da Pedra”, do filósofo Theofraste, discípulo de Platão e Aristóteles que, por volta do ano 300 a.C., relatou a existência de gesseiras na região de Chipre, Fenícia e Síria, cujo material era utilizado como argamassa e para a confecção de elementos decorativos - afrescos e estatuetas (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS, 1982; SNIP; 1982). A disseminação da utilização do gesso no Ocidente ocorreu após a invasão romana, na França, no ano 222 a.C., quando os processos construtivos com esse material passaram a ser desenvolvidos e difundidos pelos “pedreiros do gesso”. A técnica utilizada nas construções constituía na associação do gesso à madeira,sendo amplamente empregado até a época merovíngia e carolíngia nos séculos V e X. Ainda nessa época o gesso foi amplamente utilizado na região parisiense em elementos decorativos de sarcófagos (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS 1982). Durante o século X, também se pode observar a utilização do gesso como material construtivo no Vale de M’zab na África (Argélia), onde o material era empregado na construção de barragens e canais que asseguravam a irrigação das palmeiras em torno das quais eram construídas habitações em blocos de adobe unidos com gesso (PERES; BENACHOUR; SANTOS, 2001; SNIP, 1982). Em 1292, uma carta real de França mencionava a exploração de 18 jazidas de “pedra de gesso” na região parisiense, evidenciando a grande demanda, na época, desse material. A partir do século XII, no final da idade Média, o gesso foi empregado na produção de argamassas e na colocação de placas de madeira para fechamento de ambientes. Durante o Renascimento (século XIII) e o Barroco (século XVIII), foi utilizado como elemento decorativo em toda a Europa (PERES; BENACHOUR; SANTOS, 2001). A disseminação do uso do gesso na Europa, no período compreendido entre o século XII e o XVIII, é evidenciada pela presença de argamassas de gesso utilizadas em construções antigas em Portugal (SILVEIRA; VEIGA; BRITO, 2007), bem como pelo seu uso em moldes para a indústria cerâmica inglesa no ano de 1750 (GERMAN, 1977). No século XVIII o uso do gesso foi generalizado na Europa, tendo a França como pólo disseminador e a região parisiense como fonte da matéria-prima. O material passou a ser conhecido como gesso paris ou “plaster of Paris” (CINCOTTO; AGOPYAN; FLORINDO, Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 2 – Gesso da Construção Civil 11 1988a). Nessa época, cerca de 95% das novas construções parisienses aplicavam o material em painéis de madeira e argamassas (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS, 1982). Os primeiros estudos científicos relacionados ao gesso remontam ao final do século XVIII e início do século XIX, quando Lavoisier, em 1798, apresentou à Academia de Ciências Francesa o primeiro estudo sobre os fenômenos relacionados à origem da preparação do gesso. Foi seguido por Vant’Hoff e Le Chatelier (1887), que elaboraram uma explicação científica sobre a desidratação da gipsita e a hidratação do gesso (JOHN; CINCOTTO, 2007; PERES; BENACHOUR; SANTOS, 2001; SNIP, 1982). No século XX, com o desenvolvimento industrial, novas tecnologias foram agregadas à produção do gesso e proporcionaram a fabricação de um material com maior qualidade e desempenho adequado a novas aplicações, tais como: revestimento de paredes na forma de argamassa e pasta, confecção de componentes pré-moldados para forros e divisórias (blocos e painéis de gesso acartonado), e elementos decorativos (CINCOTTO; AGOPYAN; FLORINDO, 1988a). Os principais marcos da utilização do gesso como material construtivo, portanto, podem ser representados em três fases: (i) o uso tácito, que compreende o período da Antiguidade até o século XVIII; (ii) o desenvolvimento do conhecimento científico ocorrido durante os séculos XVIII e XIX e (iii) o uso do material com agregação de tecnologias disponíveis a partir do século XX (Figura 2.1). Figura 2.1 Uso do gesso como material construtivo ao longo do tempo. Fonte: GOURDIN e KINGERY (1975). Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 2 – Gesso da Construção Civil 12 Atualmente, no século XXI, satisfazendo as necessidades da construção civil em busca de materiais que empregam menor quantidade de combustível em seu processo de produção e que minimizam o uso de recursos naturais, o gesso desponta como um material com grande potencial de utilização, por possuir baixo consumo energético e grandes possibilidades de reciclagem, tornando viável sua utilização como material construtivo por um longo período de tempo, tendo em vista a quantidade de matéria-prima disponível (JOHN; CINCOTTO, 2003; 2007). 2.2 Gipsita : a Matéria-Prima A gipsita é o mineral básico da matéria-prima utilizada na obtenção do gesso. É constituída principalmente de sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4·2H2O), podendo ser oriunda de fontes naturais e de fontes residuais (JOHN; CINCOTTO, 2007). 2.2.1 Gipsita Natural A gipsita natural é oriunda de rochas sedimentares muito solúveis, denominadas “evaporitos”, constituídas mineralogicamente por cloretos e sulfatos de sódio, cálcio, magnésio e potássio (JOHN; CINCOTTO, 2007; SNIP, 1982; SUGUIO, 2003). Os evaporitos de natureza sulfática são constituídos, principalmente, por gipsita (CaSO4·2H2O) e anidrita (CaSO4) que, em geral, ocorrem de forma associada, dependendo do seu processo de formação (SUGUIO, 2003). A rocha gipsífera ou minério de gesso, como costuma ser denominada, é constituída, principalmente, pelo sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4·2H2O), apresentando como contaminantes a anidrita, a argila, o quartzo, os carbonatos de cálcio e magnésio, os cloretos e outras formas de sulfatos (BALTAR; BASTOS; LUZ, 2005). O mineral gipsita, sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4·2H2O), apresenta as seguintes características, segundo Angeleri, Cardoso e Santos (1982): (i) possui uma composição química teórica correspondente a 32,5% de CaO, 46,6% de SO3 e 20,9% de água; (ii) cristaliza-se no sistema monoclínico, com morfologia lamelar ou tabular; (iii) apresenta densidade varia de 2.300 kg/m³ a 2.370 kg/m 3 ; (iv) sua dureza oscila entre 1,5 e 2,5 na escala Möhs; (v) não se funde, se decompõe em CaO e SO3 quando aquecidos entre 900 ºC e 1200 ºC; (vi) é solúvel em ácido Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 2 – Gesso da Construção Civil 13 clorídrico e levemente solúvel em água; (vii) quando puro tem a cor branca ou incolor, podendo apresentar tonalidades de cinza, marrom, amarelo, rosa e azul, dependendo das impurezas presentes. Embora tenha ocorrência mundial, a exploração da rocha gipsífera para fins comerciais só é viável a partir da obtenção de um minério com 80% a 95% de pureza (BALTAR; BASTOS; LUZ, 2005). Durante o ano de 2009, os principais produtores mundiais de gipsita natural foram a China, com 42.000.000 t; o Irã, com 12.000.000 t; e a Espanha, com 11.500.000 t. O Brasil participou com uma produção de 2.350.000 t (BRASIL, 2011a). 2.2.2 Gipsita Residual As gipsitas residuais, gesso químico ou gesso sintético, como costumam ser denominadas, são produtos resultantes dos processos industriais da fabricação do ácido fosfórico (fosfogesso), do ácido fluorídrico (fluorogesso), do ácido bórico (borogesso) e da dessulfurização dos gases de combustão (FGD – flue gas desulfurisation ou sulfogesso) (JOHN; CINCOTTO, 2007; SNIP, 1982). A semelhança das propriedades físicas e químicas da gipsita residual com a gipsita natural, principalmente o fosfogesso e o sulfogesso, propicia a aplicação desses coprodutos em vários segmentos da construção civil e da agricultura. Na construção civil são utilizados principalmente na produção de componentes pré-moldados de gesso e na produção de cimento, enquanto na agricultura são empregados como nutrientes e corretivos de solos (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS, 1982; BALAZIK, 1996; CANUT, 2006; MANGAT; KHATIB; WRIGTH, 2006). A presença, nessas gipsitas residuais, de impurezas e contaminantes, inerentes aos processos industriais, limita seu uso a algumas aplicações. Um exemplo dessa limitação é a presença de resíduos de fósforo e radionucleídeos em fosfogesso que, embora dentro dos limites permitidos de toxicidade, exige, durante seu uso, o monitoramento do material (CANUT, 2006; BRASIL, 2009). Gesso reciclado: avaliação das propriedades para uso em componentes Capítulo 2 – Gesso da Construção Civil 14 As gipsitas residuais são fontes alternativas de matéria-prima para a produção
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