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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 
 
 
A leitura faz o homem completo; a conversa torna-o ágil 
e a escrita deixa-o preciso. (Francis Bacon) 
 
 
Professora 
MARIA DE FÁTIMA ROCHA MEDINA 
 
2020
 
 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 2 
 
PLANO DE ENSINO 
EMENTA 
 
Linguagem, língua e fala. Funções da linguagem. Oralidade, escrita e variação 
linguística. Leitura e estratégias de leitura. Escrita e estratégias de escrita. 
Paragrafação. Coesão e coerência textuais. Paráfrase. Argumentação e persuasão. 
Particularidades léxicas e gramaticais. 
 
COMPETÊNCIAS 
 
Esta disciplina contribui para o desenvolvimento das seguintes competências: 
 
1. usar a língua em suas manifestações orais e escritas, 
em suas dimensões receptivas e produtivas, 
em diferentes situações ou contextos, 
com diversos interlocutores ou públicos, 
como meio de organização cognitiva da realidade, 
constituição de significados e 
realização de práticas sociais. 
 
2. ser ético e comprometido com a disciplina. 
 
HABILIDADES 
 
1. Conceituar leitura de estudo e aplicar estratégias para ler com competência. 
2. Identificar tipos e gêneros textuais em textos verbais e não verbais, além de compreendê-
los e interpretá-los de forma adequada. 
3. Identificar e explicar relações de intertextualidade em textos lidos. 
4. Ler, compreender e debater textos, criticamente, sobre a importância da arte/cultura para o 
ser humano, além de produzir textos a respeito desse assunto. 
5. Entender as modalidades da língua - oral e escrita - ao reconhecer peculiaridades de cada 
uma em distintos textos que circulam na sociedade. 
6. Conceituar linguagem, língua e fala. 
7. Reconhecer algumas variedades linguísticas ao ler diferentes textos e aplicar a variante 
culta nas produções textuais. 
8. Apresentar-se oralmente, com desenvoltura e de maneira adequada, em debates e 
apresentações em sala de aula, como também no projeto interdisciplinar Palco Expresso. 
9. Escrever/refazer paráfrase de forma adequada ao compreender o texto original e reorganizá-
lo de maneira coerente e coesa. 
10. Elaborar/refazer parágrafo padrão ao defender e sistematizar argumentos/informações em 
estrutura textual corretamente definida e clara. 
 
CONTEÚDOS 
 
1. Leitura de estudo 
 1.1 Conceito 
 1.2 Tipos textuais: argumentativo, descritivo, expositivo, injuntivo e narrativo 
 1.3 Gêneros textuais: conto, charge, tirinha, artigo científico, artigo de opinião, reportagem, 
texto didático, etc. 
 1.4 Estratégias de leitura: 
1.4.1 analisar, sintetizar, interpretar, compreender 
1.4.2 identificação de tese, argumentos, contra-argumentos, ponto de vista do autor 
1.4.3 identificação do tópico frasal 
1.4.4 elaboração de esquemas 
1.4.5 relação entre textos: intertextualidade 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 3 
 
1.4.6 seleção e esquematização de informações primárias 
1.4.7 relação entre texto e realidade: contexto textual (interpretação) 
 
2. Linguagem, língua materna e fala 
 2.1 Conceitos 
 2.2 Variação linguística – utilização da norma culta 
 2.3 Modalidades da língua: oral e escrita (e suas peculiaridades) 
 
3. Estratégias de escrita 
 3.1 Recriação textual: paráfrase (citação indireta) 
 3.2 Escrita de parágrafo com suas partes constituintes: sistematização de argumentos 
 3.3 Produção escrita de distintos gêneros (crônicas, paródia, rap, cordel, poema, etc) 
 3.5 Refacção de textos 
 3.6 Particularidades gramaticais (norma culta) 
 
Texto: 
A arte e a humanização do homem, de Rose Meri Trojan. 
 
METODOLOGIA 
 
De acordo com o Projeto Didático Institucional do Ceulp (PDI, 2011, p. 13) “o aluno deve 
ser sujeito de seu processo de aprendizagem”. É por meio das disciplinas que a autonomia se 
consolida. Por isso, nesta disciplina, será necessário o envolvimento do acadêmico em 
atividades de leitura e compreensão de textos (verbais e não verbais) e da produção/refacção 
textual oral e escrita de distintos gêneros textuais. 
Por meio de atividades de leitura e produção de textos orais e escritos (impressos e 
online), em sala e extraclasse, o acadêmico deverá desenvolver a consciência de que a 
sistematização do texto escrito é distinta do texto oral. Nas aulas, o momento de escrita 
(paráfrase, parágrafo, entre outros) será precedido pela leitura e discussão (oralidade) de textos 
de distintos tipos e gêneros textuais. O objetivo é que o aluno desenvolva a compreensão ao 
identificar particularidades e inferências importantes de cada texto, como tema, relações 
intertextuais, argumentos e contexto, além de atribuir sentido ao que lê, de forma crítica e clara. 
Serão priorizados textos que abordam sobre direitos humanos. 
As aulas presenciais serão realizadas a partir de exposições dialogadas e de técnicas 
que favoreçam o debate tais como peritos e interrogadores, GV-GO, Phillips 66, discussão 
circular, batata quente e seminário a fim de que o aluno argumente, além de relacionar 
repertórios e experiências pessoais com novos conteúdos. Relevante, também, será a resolução 
e correção de exercícios para a prática da compreensão e produção/refacção textuais com a 
orientação da docente. Quanto às variantes linguísticas, além de identificá-las, o aluno deverá 
utilizar a variante culta de maneira adequada, sobretudo em textos escritos. 
Serão usados recursos materiais como: quadro branco, datashow, vídeos, livros, textos 
impressos e online, como também ferramentas da mídia digital (Conecta). O estudante terá 
oportunidade de participar do Palco 2020: projeto interdisciplinar que integra as disciplinas 
institucionais Comunicação e Expressão, Sociedade e Contemporaneidade e Cultura Religiosa. 
As web atividades da disciplina, além de outros exercícios e textos, serão disponibilizadas no 
Conecta, plataforma da instituição, para reforçar o estudo e a aprendizagem. 
 
AVALIAÇÃO 
 
O acadêmico será avaliado de forma diagnóstica, formativa e somatória, conforme 
preconizam os princípios pedagógicos da instituição, de forma contínua durante o semestre, por 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 4 
 
meio da prática de atividades de compreensão e produção de textos orais e escritos. Será 
avaliado também quanto ao envolvimento, responsabilidade e pontualidade. Além de duas 
provas, G1 e G2, de acordo com o calendário acadêmico. 
Ao apresentar trabalhos individuais e em grupos, orais e por escrito, o aluno deve 
demonstrar conhecimento, coerência e consciência crítica sobre o conteúdo abordado. A 
produção escrita que não for inédita e pessoal será desconsiderada, seja ela realizada em sala 
ou em ambiente virtual. 
Aparelho celular poderá ser utilizado, durante a aula, exclusivamente para consulta a (ou 
produção de) material específico da disciplina. Quanto aos textos e referências bibliográficas, 
são disponibilizados no Conecta e nas principais fotocopiadoras do campus. 
 
Notas da avaliação somatória 
 
G1 
1) Elaboração escrita de paráfrase (diagnóstico): valor – 1,0 
2) Elaboração escrita de paráfrase: valor – 1,5 
3) Texto “A arte e a humanização do homem”. 
3.1 Seminário. Valor: 0,5 
3.2 Elaboração de textos de distintos gêneros acerca da arte e humanização do ser 
humano (rap, poema, cordel, paródia, dança, etc): valor: 1,0 
4) Prova de acordo com o calendário acadêmico: valor - 6,0 
 
G2 
1) Esquematização de texto: 0,5 
2) Mesa redonda sobre variantes linguísticas: valor - 0,5 
3) Debate a partir do curta-metragem “Vida Maria” - 0,5 
4) Reescrita de texto (oralidade/escrita): valor – 1,0 
5) Elaboração de parágrafo: valor – 1,5 
6) Prova de acordo com o calendário acadêmico: valor - 6,0 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ABREU, A. S. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 13. ed. São Paulo: Ateliê 
Editorial, 2011. 
FAULSTICH, E. L. de. Como ler, entender e redigir um texto. 27. ed. Petrópolis: Vozes,2014. E-
book. Disponível em: 
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Como%2520escrever%2520textos&searchpage=1&filtro=todos
&from=busca&page=1&section=0#/edicao/49224. Acesso em: 12 jan. 2019. 
FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. G. É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro. 2. ed. 
São Paulo: Contexto, 2009. E-book. Disponível em: 
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Como%2520facilitar%2520a%2520leitura&searchpage=1&filtro
=todos&from=busca&page=5&section=0#/edicao/1261. Acesso em: 15 jan. 2019. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 7. ed., reimpr. Rio de 
Janeiro: Lexikon, 2017. E-book. Disponível em: 
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=gram%25C3%25A1tica&searchpage=1&filtro=todos&from=bus
ca&page=3&section=0#/edicao/130295. Acesso em 10 jan. 2019. 
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. São Paulo: Ática, 
2007. E-book. Disponível em: 
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Para%2520entender%2520o%2520texto%3A%2520leitura%25
20e%2520reda%25C3%25A7%25C3%25A3o&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=3&se
ction=0#/edicao/2101. Acesso em: 10 jan. 2019. 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 5 
 
HARTMANN, S. H. de G.; SANTAROSA, S. D. Práticas de leitura para o letramento no ensino 
superior. Curitiba: Intersaberes, 2012. (Série Língua Portuguesa em Foco). E-book. Disponível em: 
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Pr%25C3%25A1tica%2520de%2520texto%3A%2520para%25
20estudantes%2520universit%25C3%25A1rios&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=5&s
ection=0#/edicao/6086. Acesso em: 10 jan. 2019. 
KOCH, I. V. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2010. E-book. Disponível em: 
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Como%2520escrever%2520textos&searchpage=1&filtro=todos
&from=busca&page=5&section=0#/edicao/35566. Acesso em: 10 jan. 2019. 
LEITE, M. Q. Preconceito e intolerância na linguagem. São Paulo: Contexto, 2008. Ebook. 
Disponível em: 
https://bv4.digitalpages.com.br/?term=Preconceito%2520e%2520intoler%25C3%25A2ncia%2520na
%2520linguagem&searchpage=1&filtro=todos&from=busca#/edicao/1262. Acesso em: 15 jan. 2019. 
 
1. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ORAL 
Aspectos que serão avaliados desde o primeiro ao último dia: 
1. informações precisas do texto proposto 
2. ideias claras, coerentes e com senso crítico 
3. volume e entonação de voz adequados 
4. sinalização com a mão antes de falar 
5. respeito às ideias dos colegas 
6. uso da norma culta da língua de acordo com a oralidade. 
 
2. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ESCRITA 
Os textos escritos serão avaliados a partir dos critérios expostos a seguir. 
2.1 Quanto à estrutura, o texto: (valor: 30%) 
� Apresenta características do tipo e gênero textuais solicitados, de forma que é possível 
identificá-los? 
� Apresenta as ideias centrais (tese e argumentos) quando o texto é argumentativo? 
� Apresenta título criativo? 
2.2 Quanto aos aspectos de coesão, coerência, clareza e criticidade, o texto: (valor: 30%) 
� Apresenta uso adequado de anafóricos, de elementos coesivos e de articuladores? 
� Apresenta as informações necessárias no texto produzido? 
� Apresenta o assunto de maneira original, clara, crítica, criativa e progressiva? 
2.3 Quanto a aspectos gramaticais, o texto: (valor: 25%) 
� Está adequado quanto à ortografia? 
� Está adequado quanto à acentuação gráfica? 
� Está adequado quanto à concordância? 
� Está adequado quanto à pontuação? 
� Está adequado quanto à sintaxe? 
� Está adequado quanto ao uso de letras minúsculas e maiúsculas? 
2.4 Quanto a aspectos estéticos, o texto: (valor: 15%) 
� Apresenta letra legível (quando manuscrito)? 
 
A leitura faz o homem completo; a conversa torna-o ágil e a escrita deixa-o 
preciso. (Francis Bacon) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 6 
 
Cronograma – turma 7004 Terça-feira 
 
DATA 
 
 
TEMA 
PROCEDIMENTO 
METODOLÓGICO 
 
04/02/20 Gerenciamento de relações: apresentação e entrosamento - conversa 
a partir de objetos artísticos. Diagnóstico a partir do conto “A infinita 
fiandeira”, de Mia Couto. Exercícios orais e escritos de compreensão 
e interpretação textuais. 
Interação com a turma. 
Compreensão e 
socialização de textos. 
Correção. 
11/02/20 Apresentação do plano de ensino e do cronograma. Código verbal e 
não verbal. Estratégia de leitura de estudo. Leitura = Iv + InV. 
Identificação de tópico frasal. 
Exposição dialogada. 
Exercícios e correção 
18/02/20 Retomada da aula anterior. Estratégias de leitura: tema e argumentos. 
Paráfrase. Releitura do texto “A infinita fiandeira”, de Mia Couto. 
Paráfrase escrita. 
Exposição dialogada. 
Releitura, comentários. 
Paráfrase: v. 1,0 
03/03/20 Devolução de paráfrase corrigida. 
Estratégia de leitura de estudo: analisar, sintetizar, interpretar e 
compreender. Compreensão e debate do texto Felicidade clandestina, 
de Clarice Lispector. Paráfrase escrita. 
 
Exposição dialogada. 
Paráfrase. 1,5 
10/03/20 Devolução de paráfrase corrigida. 
Texto “A arte e a humanização do homem”. Expor de forma crítica e 
relacioná-lo com os textos lidos anteriormente. 
Sorteio e 
Seminário: v.0,5 
17/03/20 Produção de textos de distintos gêneros: paródia, rap, cordel, outros, 
sobre a importância da arte para o ser humano e para o país. 
Elaboração de textos 
em grupos. v. 1,0 
24/03/19 Avaliação G1 Prova escrita. V: 6,0 
28/03/19 1ª. web atividade: compreensão textual e conteúdos do 1º. bimestre. Acesso interno: 
Conecta 
31/03/20 Devolução das avaliações: correções e comentários. Revisão do plano 
de ensino. Estratégia de leitura: intertextualidade. Exercício. 
Correção de provas. 
Plano de ensino. 
Exposição dialogada. 
07/04/20 Estratégia de leitura: sublinhar e esquematizar. 
Ler, compreender e esquematizar o texto “Para acabar com o 
preconceito racial no Brasil”, de Gislene Ramos 
Exposição dialogada. 
Leitura do texto e trabalho 
em grupo. V. 0,5 
14/04/20 Devolução do esquema. 
Linguagem, Língua, fala e variações linguísticas. 
 
Sorteio 
Mesa redonda. V. 0,5 
28/04/20 Leitura, compreensão e exercícios do texto “O melhor amigo”, de 
Fernando Sabino. Exercícios e correção. 
Leitura, compreensão 
de texto e exercícios. 
05/05/20 Distinção entre fala e escrita. 
 
Exposição dialogada. 
“Minijúri”. 
 Participação no projeto Palco. Apresentações 
artísticas 
09/05/20 2ª. web atividade: compreensão textual e conteúdos do 2º. bimestre. Acesso interno: 
Conecta 
12/05/20 Linguagem, língua, fala e variações linguísticas: exercícios e correção. 
Reescrita de texto (da oralidade para a escrita) 
 
Exercícios, 
comentários. Trabalho 
em dupla. V.1,0 
19/05/19 Devolução de texto escrito. Leitura, discussão e compreensão do curta-
metragem: Vida Maria. 
Peritos e 
interrogadores. V. 0,5 
26/05/19 Parágrafo padrão: conceito, tipos de introdução, tipos de 
desenvolvimento e de conclusão. Esquema prévio. 
Exposição dialogada. 
Apresentação grupos. 
02/06/20 Parágrafo padrão: atividades, correção e elaboração de parágrafo. 
 
Correção de exercícios 
e texto escrito. V. 1,5 
09/06/20 Avaliação G2 Prova escrita V: 6,0 
16/06/20 Devolução de provas e revisão do conteúdo. Aula expositivo-
dialogada. Revisão 
23/06/20 Substituição de grau Prova escrita: V. 10,0 
 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 7 
 
 
Cronograma – turmas 7003 e 7005 Quarta-feira 
 
DATA 
 
 
TEMA 
PROCEDIMENTO 
METODOLÓGICO 
 
05/02/20 Gerenciamento de relações: apresentação e entrosamento - conversa 
a partir de objetos artísticos. Diagnóstico a partir do conto “A infinita 
fiandeira”, de Mia Couto. Exercícios orais e escritos de compreensão 
e interpretação textuais. 
Interação com a turma. 
Compreensão e 
socialização de textos. 
Correção. 
12/02/20 Apresentação do plano de ensino e do cronograma. Código verbale 
não verbal. Estratégia de leitura de estudo. Leitura = Iv + InV. 
Identificação de tópico frasal. 
Exposição dialogada. 
Exercícios e correção 
19/02/20 Retomada da aula anterior. Estratégias de leitura: tema e argumentos. 
Paráfrase. Releitura do texto “A infinita fiandeira”, de Mia Couto. 
Paráfrase escrita. 
Exposição dialogada. 
Releitura, comentários. 
Paráfrase: v. 1,0 
04/03/20 Devolução de paráfrase corrigida. 
Estratégia de leitura de estudo: analisar, sintetizar, interpretar e 
compreender. Compreensão e debate do texto Felicidade clandestina, 
de Clarice Lispector. Paráfrase escrita. 
 
Exposição dialogada. 
Paráfrase. 1,5 
11/03/20 Devolução de paráfrase corrigida. 
Texto “A arte e a humanização do homem”. Expor de forma crítica e 
relacioná-lo com os textos lidos anteriormente. 
Sorteio e 
Seminário: v.0,5 
18/03/20 Produção de textos de distintos gêneros: paródia, rap, cordel, outros, 
sobre a importância da arte para o ser humano e para o país. 
Elaboração de textos 
em grupo. v. 1,0 
25/03/19 Avaliação G1 Prova escrita. V: 6,0 
28/03/19 1ª. web atividade: compreensão textual e conteúdos do 1º. bimestre. Acesso interno: 
Conecta 
01/04/20 Devolução das avaliações: correções e comentários. Revisão do plano 
de ensino. Estratégia de leitura: intertextualidade. Exercício. 
Correção de provas. 
Rever plano de ensino. 
Exposição dialogada. 
08/04/20 Estratégia de leitura: sublinhar e esquematizar. 
Ler, compreender e esquematizar o texto “Para acabar com o 
preconceito racial no Brasil”, de Gislene Ramos 
Exposição dialogada. 
Leitura do texto e trabalho 
em grupo. V. 0,5 
15/04/20 Devolução do esquema. 
Linguagem, Língua, fala e variações linguísticas. 
 
Sorteio 
Mesa redonda. V. 0,5 
22/04/20 Linguagem, língua, fala e variações linguísticas: exercícios e correção. 
Distinção entre fala e escrita. 
 
Exercícios, 
comentários. 
 “Minijúri”. 
29/04/20 Leitura, compreensão e exercícios do texto “O melhor amigo”, de 
Fernando Sabino. Exercícios e correção. 
Leitura, compreensão 
de texto e exercícios. 
06/05/20 Distinção entre fala e escrita. 
Reescrita de texto (da oralidade para a escrita) 
 
Exposição dialogada. 
V.1,0 
 Participação no projeto Palco. Apresentações 
artísticas 
09/05/20 2ª. web atividade: compreensão textual e conteúdos do 2º. bimestre. Acesso interno: 
Conecta 
13/05/19 Devolução de texto escrito. Leitura, discussão e compreensão do curta-
metragem: Vida Maria. 
Peritos e 
interrogadores. V. 0,5 
27/05/19 Parágrafo padrão: conceito, tipos de introdução, tipos de 
desenvolvimento e de conclusão. Esquema prévio. 
Exposição dialogada. 
Apresentação grupos. 
03/06/20 Parágrafo padrão: atividades, correção e elaboração de parágrafo. 
 
Correção de exercícios 
e texto escrito. V. 1,5 
10/06/20 Avaliação G2 Prova escrita V: 6,0 
17/06/20 Devolução de provas e revisão do conteúdo. Aula expositivo-
dialogada. Revisão 
24/06/20 Substituição de grau Prova escrita: V. 10,0 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 8 
 
Primeira aula - Atividade diagnóstica 
A infinita fiandeira 
 
Autor: Mia Couto (do livro O Fio das Missangas) 
 
A aranha, aquela aranha, era tão única: não parava de fazer teias! Fazia-as de todos os 
tamanhos e formas. Havia, contudo, um senão: ela fazia-as, mas não lhes dava utilidade. O 
bicho repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas obras. Ao fio e ao cabo, ela já 
amealhava uma porção de teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs. 
E dia e noite: dos seus palpos primavam obras, com belezas de cacimbo gotejando, 
rendas e rendilhados. Tudo sem fim nem finalidade. Todo o bom aracnídeo sabe que a teia 
cumpre as fatais funções: lençol de núpcias, armadilha de caçador. Todos sabem, menos a 
nossa aranhinha, em suas distraiçoeiras funções. 
Para a mãe-aranha aquilo não passava de mau senso. Para que tanto labor se depois 
não se dava a indevida aplicação? Mas a jovem aranhiça não fazia ouvidos. E alfaiatava, 
alfinetava, cegava os nós. Tecia e retecia o fio, entrelaçava e reentrelaçava mais e mais teia. 
Sem nunca fazer morada em nenhuma. Recusava a utilitária vocação da sua espécie. 
– Não faço teias por instinto. 
– Então, faz por quê? 
– Faço por arte. 
Benzia-se a mãe, rezava o pai. Mas nem com preces. A filha saiu pelo mundo em ofício 
de infinita teceloa. E em cantos e recantos deixava a sua marca, o engenho da sua seda. Os 
pais, após concertação, a mandaram chamar. A mãe: 
– Minha filha, quando é que assentas as patas na parede? 
E o pai: 
– Já eu me vejo em palpos de mim… 
Em choro múltiplo, a mãe limpou as lágrimas dos muitos olhos enquanto disse: 
– Estamos recebendo queixas do aranhal. 
– O que é que dizem, mãe? 
– Dizem que isso só pode ser doença apanhada de outras criaturas. 
Até que se decidiram: a jovem aranha tinha que ser reconduzida aos seus mandos 
genéticos. Aquele devaneio seria causado por falta de namorado. A moça seria até virgem, não 
tendo nunca digerido um machito. E organizaram um amoroso encontro. 
– Vai ver que custa menos que engolir mosca – disse a mãe. 
E aconteceu. Contudo, ao invés de devorar o singelo namorador, a aranha namorou e 
ficou enamorada. Os dois deram-se os apêndices e dançaram ao som de uma brisa que fazia 
vibrar a teia. Ou seria a teia que fabricava a brisa? 
A aranhiça levou o namorado a visitar a sua coleção de teias, ele que escolhesse uma, 
ficaria prova de seu amor. 
A família desiludida consultou o Deus dos bichos, para reclamar da fabricação daquele 
espécime. 
Uma aranha assim, com mania de gente? Na sua alta teia, o Deus dos bichos quis 
saber o que poderia fazer. Pediram que ela transitasse para humana. E assim sucedeu: num 
golpe divino, a aranha foi convertida em pessoa. Quando ela, já transfigurada, se apresentou no 
mundo dos humanos logo lhe exigiram a imediata identificação. Quem era, o que fazia? 
– Faço arte. 
– Arte? 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 9 
 
E os humanos se entreolharam, intrigados. Desconheciam o que fosse arte. Em que 
consistia? Até que um, mais-velho, se lembrou. Que houvera um tempo, em tempos de que já se 
perdera memória, em que alguns se ocupavam de tais improdutivos afazeres. Felizmente, isso 
tinha acabado, e os poucos que teimavam em criar esses pouco rentáveis produtos – chamados 
de obras de arte – tinham sido geneticamente transmutados em bichos. Não se lembrava bem 
em que bichos. Aranhas, ao que parece. 
 
Questão 1: 
O texto pertence ao gênero textual: 
a) reportagem, uma vez que é um conteúdo jornalístico, baseado no testemunho direto dos 
fatos e situações explicadas, numa perspectiva atual. 
b) notícia, pois relata o que aconteceu com uma aranhiça e sua família. 
c) crônica, pois narra um episódio do cotidiano que pode ocorrer na vida de qualquer 
bichinho. 
d) conto, pois conta uma história de ficção sobre a uma pequena aranha com talento 
especial. 
e) artigo de opinião, pois apresenta estranheza da família animal e dos humanos em 
relação a alguém que trabalha sempre, mas de maneira improdutiva. 
 
Questão 2: 
Mia Couto, autor moçambicano, escreveu em tipo textual: 
a) expositivo 
b) descritivo 
c) injuntivo 
d) narrativo 
e) argumentativo 
Justificar, se necessário: 
 
Questão 3: 
Sobre o texto de Mia Couto, avalie as afirmações a seguir. 
I) O texto de Mia Couto está escrito nos códigos verbal e não verbal. 
II) Ao escrever, o autor faz escolhas de palavras e entonações para expressar o que 
pretende. Por exemplo, o autor utilizou neologismos para enfatizar aspectos relevantes. 
III) O texto, organizado em discurso direto e indireto, foi escrito, predominantemente, na 
variante culta. 
IV) No excerto “e os humanos se entreolharam, intrigados”, evidencia que as ações não 
podem ser transcritas integralmente para a escrita. Isso mostra que escrever é diferente 
de falar. 
V) O texto sugere que a arte, atualmente, temsido muito valorizada pelo Brasil, diferente do 
que ocorre com os humanos encarados pela aranhiça. 
 
Estão corretas as afirmativas 
a) I e V, apenas. 
b) I, II, IV e V apenas. 
c) II, III e IV apenas. 
d) I, II, III e IV apenas. 
e) I, II, III, IV e V. 
 
Questão 4: 
Qual é o tema ou conflito principal do texto? Qual é o seu ponto de vista a respeito? Apresente 
dois argumentos para defender ou rejeitá-lo. 
 
Questão 5: 
Expor, descrever e/ou narrar (oralmente) o texto de Mia Couto de maneira pessoal (parafraseá-
lo). 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 10 
 
CAPÍTULO 1: ESTRATÉGIAS DE LEITURA 
Já é coisa sabida que o mais importante não são as 
informações em si, mas o ato de transformá-las em 
conhecimento. As informações são os tijolos e o 
conhecimento é o edifício que construímos com eles. 
(Antônio Suárez Abreu) 
 
Introdução 
Neste capítulo, discutiremos sobre o ato de ler. Veremos aspectos relacionados 
à compreensão e à interpretação da leitura, aos posicionamentos do leitor diante dos 
textos e às estratégias que podemos utilizar nessa tarefa. É preciso perceber que a 
leitura é indispensável para nossa formação. Ela deve fazer parte de nossa rotina, 
principalmente quando nos propomos a frequentar um curso superior. 
 
1.1 Noções preliminares 
A leitura auxilia no aprendizado logo nos primeiros anos de nossas vidas. Ela 
está presente no constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que 
nos rodeiam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a 
realidade ficcional com a que vivemos. Enfim, em todos esses casos, estamos, de 
certa forma, lendo. Por meio da leitura, temos a oportunidade de ampliar e aprofundar 
nossos conhecimentos, pois os textos formam uma fonte inesgotável de informações. 
Para que a leitura seja eficiente, eficaz e proveitosa e para que tenhamos 
compreensão adequada e assimilação do conteúdo, a atenção no que estamos lendo é 
essencial, caso contrário a leitura se torna superficial e sem aproveitamento para a 
construção do conhecimento. O processo de compreensão de textos não é uma tarefa 
simples, visto que depende de conhecimentos linguísticos, conhecimento prévio a 
respeito do assunto do texto, conhecimento geral a respeito do mundo, motivação e 
interesse na leitura, entre outros. É sobre isso que conversaremos na seção a seguir. 
 
1.2 O que é leitura? 
Segundo Fulgêncio e Liberato (2007), leitura não é uma atividade meramente 
visual. O acesso à informação visual (IV), isto é, à informação captada pelos olhos, é 
obviamente necessário, mas não suficiente. Podemos enxergar perfeitamente um texto 
e, ainda assim, não conseguir lê-lo por estar escrito em uma língua que não 
conhecemos. Portanto, o conhecimento da língua é imprescindível para a leitura. Ele 
Comunicação e Expressão 
 
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faz parte do conhecimento que temos estocado na memória, ao qual damos o nome de 
conhecimento prévio ou informação não visual (InV). 
Além do conhecimento da língua, outros tipos de InV são igualmente 
importantes na leitura. Um deles é o conhecimento sobre o assunto de que trata o 
texto. É possível que um leitor não consiga ler um texto que, embora escrito em uma 
língua que ele domina, trate de um assunto sobre o qual ele não tem informações. 
Também nesse caso diríamos que lhe falta InV adequada (FULGÊNCIO; LIBERATO, 
2007). 
Outro fator que contribui com o ato de ler é todo e qualquer outro conhecimento 
que temos e que compõe a nossa teoria de mundo. Isso inclui tudo o que sabemos, 
desde as coisas mais simples, como a de que “macacos comem bananas”, até 
relações mais complexas que podemos perceber entre objetos e acontecimentos do 
mundo. Todo esse conhecimento está, de alguma forma, armazenado em nossa 
memória, juntamente com o conhecimento da linguagem, e é utilizado no processo da 
leitura, permitindo dar sentido àquilo que a visão capta (FULGÊNCIO; LIBERATO, 
2007). 
Portanto, para o processamento textual, ativamos quatro grandes conjuntos de 
conhecimento: 
• o conhecimento linguístico (o lexical e o gramatical); 
• o conhecimento de mundo (que inclui os esquemas, os cenários, os protótipos 
ou os modelos de eventos e episódios em vigor nos grupos a que pertencemos); 
• o conhecimento referente a modelos globais de texto (que inclui as 
regularidades de construção dos tipos e gêneros textuais); 
• o conhecimento sociointeracional, ou o conhecimento sobre as ações 
verbais (que inclui o saber acerca da realização social das ações verbais ou de 
como as pessoas devem se comportar/interagir em diferentes situações sociais). 
 
• Vamos testar esses quatro conjuntos de conhecimento a partir da charge de 
Rodrigo? 
 
Comunicação e Expressão 
 
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Resumidamente, podemos afirmar que leitura é o resultado da interação entre o 
que o leitor já sabe e o que ele retira do texto. Em outras palavras, a leitura é o 
resultado da interação entre IV e InV. Portanto a atividade pode ser representada pela 
seguinte fórmula: 
LER = IV + InV 
 
1.3 Aprendizado da leitura 
A partir da definição que vimos sobre leitura, podemos dizer que é possível 
ensinar alguém a ler? Os pesquisadores afirmam que se aprende a ler, lendo. Dizem 
que, para ser um leitor competente, é necessário ler muito. É lendo muito que 
adquirimos a experiência para fazer leitura fluente e selecionar as informações mais 
importantes do texto (FULGÊNCIO; LIBERATO, 2007). 
 
1.4 O que é leitura de estudo? 
Castello-Pereira (2003, p. 55) destaca que a leitura de estudo 
 
[...] é a leitura em que se faz uma interlocução com o texto [...], é a leitura que 
tem a finalidade de retirar tudo o que dele se possa extrair. Ou seja, é a leitura 
em que se busca não uma informação pontual, mas perceber como o texto se 
organiza, o que discute e como discute. É a leitura do estudo e do trabalho. A 
leitura necessária no dia a dia de quem exerce uma atividade intelectual, 
necessária aos estudantes de um modo geral, mas ESPECIALMENTE 
NECESSÁRIA AOS ALUNOS UNIVERSITÁRIOS (grifo nosso). 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 13 
 
Para estudar um determinado texto, devemos fazê-lo como um todo até adquirir 
uma visão global, para que possamos dominar e entender a mensagem que o autor 
pretendia relatar quando escreveu. Os textos de estudos requerem reflexão por 
aqueles que os estudam e, portanto, exige um método de abordagem. Devemos 
compreender, analisar, interpretar e, para isso, temos de criar condições capazes de 
permitir a compreensão, a análise, a síntese e a interpretação de seu conteúdo. 
Analisar: decompor um texto completo em suas partes para melhor estudá-las. 
 Sintetizar: reconstituir o texto decomposto pela análise. 
 Compreender: identificar e/ou reconhecer as inferências e no/do texto. 
 Interpretar: ter posição própria a respeito das ideias enunciadas no texto, isto 
é, dialogar com o autor. 
 
Precisamos, mais detalhadamente, verificar como se pode estudar um texto. 
Conforme Geraldi (1984), para avaliar se o texto foi compreendido de forma adequada, 
é preciso responder às seguintes questões básicas: 
 
• Qual é a questão de que o texto trata (ou qual é a tese defendida)? Ao tentar 
responder a essa pergunta, o leitor será obrigado a distinguir as questões 
secundárias da principal, isto é, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. 
Quando o leitor não sabe dizer o tema do texto ou sabe apenas de maneira 
genérica e confusa, é sinal de que ele precisa ler com mais atenção ou não tem 
repertório suficiente para compreender o que está diante de seus olhos. 
 
• Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão? Disseminados 
pelo texto, aparecem vários indicadores da opinião de quem escreve. Por isso, 
uma leituracompetente não terá dificuldade em identificá-la. Não saber 
responder a essa questão é um sintoma de leitura desatenta e dispersiva. Quais 
são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinião exposta? 
Deve-se entender por argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para 
convencer o leitor de que está falando a verdade. É preciso identificar, também, 
os contra-argumentos expostos em teses contrárias. Na verdade, compreender 
um texto significa acompanhar com atenção o percurso argumentatório 
apresentado pelo autor. 
 
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O linguista sugere ainda que é necessário identificar a veracidade e validade 
dos argumentos apresentados. Para tanto, é importante observar a “costura” do texto, 
isto é, como ocorre a passagem de um parágrafo para outro e como, no interior do 
parágrafo, se passa de uma afirmação para outra. Pode-se ainda analisar os objetivos 
do autor. 
Outra dica interessante para localizar a informação principal de um 
parágrafo é identificar o tópico frasal. Mas o que é um tópico frasal? Tópico frasal é a 
introdução do tema, é a ideia-chave do parágrafo. É (são) a(s) frase(s) que traduz(em), 
de maneira geral e sucinta, a ideia núcleo do parágrafo. Sua função é delimitar o tema 
e fixar os objetivos da redação. Ele introduz o assunto e o aspecto desse assunto, a 
ideia central com o potencial de gerar outros períodos, chamados de ideias 
secundárias. O tópico frasal serve para orientar o restante do parágrafo. Segundo 
Faulstich (2001), em geral, o tópico frasal está na primeira frase do parágrafo – ideia 
genérica –, seguido de períodos que o desenvolvem – ideias secundárias. Observe o 
exemplo a seguir. 
 
1. Como é o ser negro que aprendi na escola? Lembro do retrato de um homem amarrado 
e a calça abaixada, apanhando num tronco. Essa era uma imagem que aparecia 
repetidamente nos livros escolares. Por que mostravam sempre a mesma figura negra 
totalmente dominada? Nunca aparecia de outra forma. Era um retrato congelado. Existem 
muitas outras histórias construídas pelos negros, mas, como elas não aparecem nunca, 
na prática são invisíveis: é como se nem existissem. E nas historinhas infantis, então? O 
único personagem de que me lembro é o Gato Félix, que é um gato preto. Nunca 
encontrei personagens negros fazendo papel principal num enredo de amor ou uma 
aventura. Nas poucas histórias em que eles ganham destaque, são pobres e tristes, na 
melhor das hipóteses. E na televisão, nos cartazes do shopping, nas revistas, a regra é 
esta: quando aparece a imagem de uma pessoa bem-sucedida, bonita, charmosa e 
competente, essa pessoa não é negra... (H.P. Lima. Histórias da preta. São Paulo: Companhias das 
letrinhas, 1998) 
Há parágrafos em que se particularizam as ideias no início do parágrafo, para, 
ao seu final, lançar a ideia principal genérica, como no exemplo exposto na sequência. 
 
2. O povo não tinha liberdade para decidir sobre o que seria melhor para si, sobre a 
própria vida. Sua liberdade de manifestação do pensamento foi cerceada por medidas 
de repressão, as leis foram-lhe impostas por uma minoria opressora, ficou à mercê de 
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governantes ditadores. Essa foi a situação do povo brasileiro durante o período de 
ditadura militar. 
Também há parágrafos em que a ideia principal é implícita ou diluída. Nesse 
caso, após uma leitura atenta do parágrafo, temos de construir a ideia principal, que 
não estaria expressa claramente. Examine o seguinte exemplo. 
 
3. Na Idade Média, as aulas da Universidade de Paris começavam às cinco horas da 
manhã. As primeiras atividades constavam de palestras ordinárias; eram as mais 
importantes palestras do dia. Após várias palestras regulares, havia pequeno lanche; 
depois, os estudantes assistiam a leituras extraordinárias, dadas à tarde pelos 
professores menos importantes, os quais geralmente tinham de 14 a 15 anos. O 
estudante gastava 10 ou 12 horas diárias com os professores, assistindo às aulas até à 
tardinha, quando ocorriam eventos esportivos. Depois dos esportes, o dia escolar 
prosseguia: existiam, ainda, as tarefas de copiar, recopiar e memorizar notas, até a luz 
permitir. Havia pouco intervalo no calendário escolar; as férias do Natal eram de 
aproximadamente três semanas, e as férias de verão, apenas de um mês. (Figueredo) 
 
A ideia principal parcial implícita: “o dia escolar medieval exigia muita 
dedicação”. Detalhamento dessa ideia: 
• palestras comuns das cinco horas até o lanche; 
• palestras extraordinárias após o lanche; 
• eventos esportivos à tardinha; e 
• tediosas tarefas até o cair da tarde. 
Com base no esquema das ideias do parágrafo, podemos formular a ideia 
principal: a rotina escolar exaustiva da Universidade de Paris, durante a Idade Média. A 
ideia principal está implícita no parágrafo, basta para tal que façamos um esquema das 
ideias desenvolvidas. 
 
Atividades 
Leia com atenção os parágrafos e grife seus tópicos frasais. Se estiverem implícitos, 
elabore um tópico frasal a partir das informações expostas no parágrafo. 
 
a) A multitarefa não é a bala de prata que parece ser. O cérebro humano não foi feito para o 
processamento paralelo de tarefas com demandas cognitivas similares, de modo que aquilo 
que parece ser multitarefa, de fato, implica comutação rápida entre tarefas. Estudos 
comprovam que a multitarefa é perniciosa tanto para a exatidão quanto para a eficiência e 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 16 
 
pode prejudicar a aprendizagem e a rememoração. Embora seja possível melhorar as 
habilidades multitarefa com o tempo, há ainda um limite superior instalado no cérebro. Contudo 
a multitarefa também pode ser encarada como uma estratégia para enfrentar os estímulos 
múltiplos e competitivos e pode trazer certos ganhos em criatividade, pensamento lateral e 
produtividade em grupo. De modo inverso, alguns pesquisadores sugerem que é importante 
desacelerar de vez em quando e até mesmo desligar nossos fluxos de comunicação digital, 
abrindo espaço para modos mais focados, mais compassados de ler, escrever, pensar e 
aprender. (Dudeney, Gavin. Letramentos digitais. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: 
Parábola editorial, 2016) 
 
b) A Suécia é um primor no que diz respeito à igualdade entre os sexos no trabalho e na vida 
pública. No Parlamento, 45% das cadeiras são ocupadas por mulheres, o maior índice 
internacional de participação feminina e quase o triplo da média europeia. Por consenso entre 
os partidos políticos, elas também estão no comando de metade dos ministérios. Um terço dos 
cargos de confiança no governo é reservado para as mulheres. Em nenhum outro lugar da 
Europa é maior a presença feminina no mercado de trabalho e tão alta a média salarial, 
comparada com a masculina, como na Suécia. Dentro de casa, infelizmente, a história é outra. 
A violência contra a mulher – incluindo aí espancamento doméstico, relações sexuais forçadas 
e constrangimento psicológico – é também uma das maiores da Europa. Nos últimos quinze 
anos, o número oficial de casos de violência contra mulheres na Suécia aumentou 40%. Em 
2003, de acordo com um relatório da Anistia Internacional, 50% das agressões que chegaram 
ao conhecimento da polícia se referiam a surras aplicadas por marido, namorado e toda sorte 
de ex. Quatro em cada dez suecas, em algum momento da vida, já foram agredidas por 
homens. É o dobro da média europeia e um índice encontrado com maior facilidade em países 
menos desenvolvidos, como o Brasil. Na Europa, só em Portugal as mulheres são mais 
espancadas que as suecas. De acordo com estatísticas, metade das portuguesas já foi surrada 
pelo menos uma vez na vida. Na Holanda essa proporção é de 20% e na Espanha, de 11%. 
Na Inglaterra, onde a orientação policialé tratar com rigor os suspeitos de espancamento 
doméstico, o índice de violência no lar caiu 50% desde o início dos anos 90 (Veja, ed. 1902, 27 
abr. 2005, p. 70). 
 
A partir dos exemplos analisados e das atividades, você deve ter notado que 
não há uma regra para identificação do tópico frasal. O importante é que você leia e 
analise o parágrafo com atenção, verifique em torno de que período(s) as informações 
são desenvolvidas. 
Comunicação e Expressão 
 
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Na leitura de estudo, precisamos ficar atentos também na intertextualidade, 
assunto do próximo tópico. 
 
1.5 Intertextualidade 
 É o diálogo entre textos. Ocorre quando um texto retoma uma parte ou a 
totalidade de outro texto – o texto fonte. Geralmente, os textos fontes são aqueles 
considerados fundamentais em uma determinada cultura e que faça parte do repertório 
dos leitores. Segundo Ingedore e Marina, “em nossas práticas comunicativas, 
recorremos a textos que se cruzam e se entrecruzam em novas e variadas 
combinações. Intertextualidade é o nome que se dá a essa relação entre textos. No 
diálogo que estabelecemos entre textos, revelamos as leituras que fazemos, os filmes 
a que assistimos, as músicas que ouvimos, as conversas que temos na família, na 
escola, no trabalho, no barzinho, nas mídias sociais; a forma como explicamos o 
mundo, o que nele acontece e como nos posicionamos em relação a isso tudo”. 
(Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias. In: Escrever e argumentar. São Paulo: 
Contexto, 2016). 
Há diversas formas de fazer intertextualidade. 
 
Exemplo 1: 
 (...) 
Euclides da Cunha, no livro Os sertões afirma que “o nordestino é antes de tudo, um 
forte” e é verdade. Enfrenta todo tipo de dificuldade e ainda assim consegue vencer, sorrir pra 
vida e ser um povo extremamente amável e hospitaleiro. Ninguém é culpado de ter nascido 
em determinada região e viver por lá. O nordeste é rico, culturalmente falando, e sua 
economia cresce a cada ano que passa, e em todas as áreas há personalidades conhecidas 
nacionalmente; isso é fato! (Antônio Edelgardo Pereira da Silva em: Preconceito contra 
nordestinos mostra um Brasil que não é cordial) 
 
 Nesse exemplo, que é o trecho de um artigo de opinião, a intertextualidade se 
constitui como valioso recurso argumentativo na defesa do ponto de vista do autor. Ao 
criticar xenofobia contra nordestino, ele evoca Euclides da Cunha o qual afirmou que o 
nordestino é forte na obra Os sertões, que tem reconhecimento mundial. 
 
 
Exemplo 2: 
 
Comunicação e Expressão 
 
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É preciso ser saudável 
 
A peça publicitária “Horta de Elite”, que promove a rede de lojas Hortifruti, estabelece 
clara relação intertextual com o filme brasileiro de grande sucesso “Tropa de Elite” ao destacar 
o tomate como produto de qualidade. 
Isso é percebido, inicialmente, pelo próprio nome da propaganda, que substitui “Tropa” 
do título do filme, por “Horta”. Além disso, a peça enfatiza a superioridade da marca e seus 
produtos ao caracterizá-los de “elite”. Ou seja, o tomate, produto em destaque, é o melhor. É 
de qualidade assim como o grupo do Bope é também o mais preparado para atuar. 
No design do título é possível perceber que a letra “O” representa um prato com facas 
cruzadas e um garfo na vertical, que remete à ação de desfrutar um produto gastronômico. 
Isso se assemelha ao símbolo do filme, o qual apresenta uma caveira com pistolas cruzadas e 
uma faca cravada por cima que remete à ação de combate ao crime. 
Outra ligação evidente está na utilização do famoso bordão “pede pra sair”: no grupo, o 
policial que não for destemido e forte, deve deixar o Bope. Já na peça publicitária, a ideia é 
que, se o produto não for da Hortifruti, o cliente não deve confiar. Inclusive porque a marca 
demonstra respeito ao aspecto ecológico de produção, evidenciado na frase “Aqui a natureza é 
a estrela”. 
Por fim, no que diz respeito à imagem, o quepe policial com o logotipo da marca e a 
haste do fruto mostram que o tomate é a estrela da Hortifruti. Esses aspectos fazem clara 
referência ao Capitão Nascimento, o personagem principal (estrela) do filme. 
Conclui-se que, ao utilizar intertextualidade, a propaganda ficou divertida e agradável 
aos olhos dos consumidores os quais possivelmente sentem prazer e confiança em adquirir 
produtos da Hortifruti. Texto de J.A.P. (com complementação) 
 
 
 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 19 
 
Exemplo 3: 
“(...) 
Quando eu era criança, ouvi contar muitas vezes a história de João e Maria, dois 
irmãos filhos de pobres lenhadores, em cuja casa a fome chegou a um ponto em que, 
não havendo mais comida nenhuma, foram levados pelo pai ao bosque, e ali 
abandonados. Não creio que os 7 milhões de crianças brasileiras abandonadas 
conheçam a história de João e Maria. Se conhecessem talvez nem vissem a 
semelhança. Pois João e Maria tinham uma casa de verdade, um casal de pais, roupas 
e sapatos. João e Maria tinham começado a vida como meninos de família, e pelas 
mãos do pai foram levados ao abandono. (Marina Colasanti em: De quem são os 
meninos de rua?) 
 Nesse exemplo 3, a cronista Marina Colasanti compara as crianças 
abandonadas nas ruas das cidades brasileiras aos personagens do conto de fadas, 
João e Maria, que foram deixados na floresta pelos pais. 
 
Atividades 
Questão 1: 
Sobre leitura de estudo marque apenas a alternativa INCORRETA 
a) Deve-se entender por argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o 
leitor de que está falando a verdade. 
b) Para ler com competência, o leitor ativa quatro grandes conjuntos de conhecimento: 
linguístico, de mundo, conhecimento referente a modelos globais de texto e o 
conhecimento sociointeracional, ou o conhecimento sobre as ações verbais. 
c) Analisar é decompor um texto completo em suas partes para melhor estudá-las. Já 
interpretar é ter posição própria a respeito das ideias enunciadas no texto, isto é, dialogar 
com o autor. 
d) Tópico frasal é a introdução do tema, é a ideia-chave do parágrafo. Sua função é 
delimitar o tema e fixar os objetivos da redação. O tópico frasal aparece sempre no início 
do parágrafo. 
e) Se a técnica de sublinhar encontrar as ideias que nortearam o desenvolvimento do texto, 
por isso ela monitora a compreensão do leitor e permite que ele faça um mapeamento do 
texto, o esquema é uma forma de reorganizar um texto em tópicos sequenciais ou arranjo 
de um modo espacial específico para permitir a visualização global e rápida. 
 
Questão 2: 
 
A Lei 10.639/2003 determina que, no currículo oficial da rede de ensino do Brasil, seja incluído “o 
estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra 
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo 
negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil”. 
 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 20 
 
 
Disponível em:https://arquivopublicors.files.wordpress.com/2013/08/2013-08-14-xaxado-a-cedraz.jpg. 
Acesso: 30/03/17 
 
A respeito da lei que visa à educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade 
multicultural e pluriétnica, rumo à construção de nação democrática, avalie as afirmações a 
seguir. 
I. O modo como muitos professores concebem o cotidiano escolar, cuja preocupação maior 
é aprender o conteúdo. As relações interpessoais nele estabelecidas dificultam a 
percepção dos conflitos étnicos e, inclusive, a realização de um trabalho sistemático que 
propicie a convivência multiétnica, já que para muitos docentes esses problemas 
inexistem. 
II. A tirinha de Antônio Cedraz mostra como os autores dos livros didáticos têm contribuído 
com a concretização da lei 10.639, uma vez que eles estãoatentos à diversidade 
multicultural e pluriétnica da sociedade brasileira. Assim, tais escritores contribuem para a 
formação de uma nação sem preconceitos e intolerâncias. 
III. Em 14 anos da lei 10.639, é possível observar que ainda impera com força a ideologia de 
intolerância aos negros implantada na sociedade brasileira cuja história de quase 400 
anos de escravidão foi forjada em relação direta com o preconceito e a discriminação 
racista. 
 
É correto o que se afirma em 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) I e III, apenas. 
e) I, II e III. 
 
Questão 3: 
Sobre a intertextualidade, assinale a alternativa incorreta. 
a) A intertextualidade implícita não se encontra na superfície textual, visto que não fornece 
para o leitor elementos que possam ser imediatamente relacionados com algum outro tipo 
de texto-fonte. 
b) Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, pois é normal que durante o processo 
da escrita aconteçam relações dialógicas entre o que estamos escrevendo e outros textos 
previamente lidos por nós. 
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c) A intertextualidade sempre acontece de maneira proposital. É um recurso que deve ser 
evitado, pois privilegia o plágio dos textos-fonte em detrimento de elementos que confiram 
originalidade à escrita. 
d) Na intertextualidade explícita, ficam claras as fontes nas quais o texto baseou-se e 
acontece, obrigatoriamente, de maneira intencional. Pode ser encontrada em textos do tipo 
resumo, resenhas, citações e traduções. 
e) A epígrafe, ao representar um pensamento ou reflexão filosófica, é uma forma de 
intertextualidade. 
 
Disponível em: http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-redacao/exercicios-
sobre-intertextualidade-explicita-implicita.htm (com modificações). Acesso em 25 de jan.2018. 
 
Questão 4: 
a) Explique como ocorre a intertextualidade nas tirinhas de Maurício de Sousa em relação 
ao texto Mito da caverna, de Platão. 
 
 
 
Comentário sobre o mito da caverna 
O Mito da Caverna é um dos textos filosóficos mais debatidos e conhecidos pela 
humanidade, servindo de base para explicar o conceito do senso comum em oposição ao que 
seria a definição do senso crítico. 
De acordo com a história formulada por Platão, existia um grupo de pessoas que viviam 
numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando-os a 
fixarem-se unicamente para a parede que ficava no fundo da caverna. Atrás dessas pessoas 
existia uma fogueira e outros indivíduos que transportavam ao redor da luz do fogo imagens de 
objetos e seres, que tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, onde os 
prisioneiros ficavam observando. Como estavam presos, os prisioneiros podiam enxergar 
apenas as sombras das imagens, julgando serem aquelas projeções a realidade. 
Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna conseguiu se libertar das correntes e 
saiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustou 
o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna. No entanto, com o tempo, ele acabou 
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por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis voltar para a 
caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações e experiências que 
existiam no mundo exterior. As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram 
naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias 
atraíssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o fugitivo. 
 
Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem, 
enquanto as correntes significam a ignorância que prende os povos, que pode ser representada 
pelas crenças, culturas e outras informações de senso comum que são absorvidas ao longo da 
vida. As pessoas ficam presas às ideias pré-estabelecidas e não buscam sentido racional para 
determinadas coisas. Elas evitam a “dificuldade” do pensar e refletir, preferindo contentar-se 
apenas com as informações que lhe foram oferecidas por outras pessoas. O indivíduo que 
consegue se “libertar-se das correntes” e vivenciar o mundo exterior é aquele que vai além do 
pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade. 
 
Disponível em: https://www.significados.com.br/mito-da-caverna/. Acesso em 08 de fev. 2019. 
 
1.6 Leitura de estudo 
Segundo Brito (apud CASTELLO-PEREIRA, 2003), para estudar um texto 
podemos usar algumas estratégias, como sublinhar, fazer anotações de margem no 
texto, realizar marcas diversas que orientam a leitura, elaborar fichamento, resumo, 
esquema. Examinaremos alguns desses recursos mais detalhadamente. 
 
1.6.1 A técnica de sublinhar 
Ao sublinhar um texto, considere o que Castello-Pereira (2003, p. 57-58) 
evidencia em relação a essa estratégia de estudo: 
Sublinhar um texto é destacar as ideias principais, para tanto é importante 
ter a percepção do conteúdo do texto. “Sua finalidade é destacar elementos 
que servirão de orientação para consulta futura; por isso, tem de ser objetivo e 
restringir a palavras ou frases” (BRITO, 2001). Como é necessário encontrar 
as ideias que nortearam o desenvolvimento do texto, é uma estratégia que 
monitora a compreensão. Permite que se faça um mapeamento do texto, 
destacando partes ou subdivisões, tese, principais argumentos, 
contraposições, definições etc. Para isso, é importante perceber como o autor 
desenvolveu o texto. Essa marcação, além de ajudar na compreensão do 
texto, auxilia na concentração na hora da leitura, pois, com um objetivo, uma 
tarefa a realizar, uma ação concreta, se tem mais facilidade de fixar a atenção 
na leitura e na compreensão das ideias. Além disso, possibilita voltar ao texto 
lido, num outro momento, quando for necessário buscar uma ideia para 
fundamentar uma posição ou relembrar o lido ou, por qualquer outro motivo, 
fazer uma retomada do texto (grifos nossos). 
 
A autora destaca que, ao estudar um texto, devemos sublinhar apenas as 
ideias principais (apenas palavras-chave ou frases). A finalidade dessa estratégia é: 
• orientar uma consulta futura; 
• mapear as informações principais do texto (tese, principais argumentos, 
contraposições, definições etc.); 
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• ajudar na compreensão do texto e na concentração. 
Sugerimos que, ao utilizar a técnica de sublinhar, realize os seguintes passos: 
• leia integralmente o texto, para ver do que trata e como o conteúdo é 
apresentado; 
esclareça dúvidas de vocabulário e termos técnicos; 
• releia o texto para identificação das ideias principais; 
• grife, em cada parágrafo, as palavras que contêm a ideia-núcleo e os detalhes 
importantes; 
• assinale com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais 
importantes; 
• assinale, à margem do texto, com um ponto de interrogação ou outro sinal, os 
casos de discordâncias, as passagens obscuras, os argumentos discutíveis; 
• leia o que foi grifado para verificar se há sentido; 
• reconstrua o texto, tomando as palavras grifadas como base. 
Ao estudar um texto, sublinhe apenas o estritamente necessário, evite o 
acúmulo de anotações que, em vez de facilitar o trabalho, poderá dificultar e gerar 
confusão. 
 
Atividade 
Leia com atenção o texto, analise-o e grife as informações principais. 
As reuniões periódicas de avaliação do progresso são instrumento fundamental de 
planejamento e controle da equipe. Como o próprio nome sugere, o objetivo é avaliar o 
andamento de uma atividade ou projeto, ou mesmo o estado geral das tarefas de uma equipe, 
sob o ponto de vista técnico e administrativo, e tomar as decisões necessárias a seu controle. 
Uma reunião destas também serve para reavaliar em que pé estão as decisões tomadas na 
reunião anterior, e pode começarcom uma apresentação feita pelo líder, sobre a situação 
geral das coisas. Em seguida, cada um dos membros pode fazer um relato das atividades sob 
sua responsabilidade. Depois disso, repete-se o processo para o período que vai até a reunião 
seguinte, especificando-se então quais são os planos e medidas corretivas a ser postas em 
prática nesse período. Dada essa sua característica de estar orientada para uma finalidade 
muito particular, uma reunião desse tipo tende a ser, quando bem administrada, extremamente 
objetiva e de curta duração. (Maximiano, 1986, p. 60) 
 
Você deve ter notado que sublinhamos apenas palavras-chave ou parte de 
frases e o que está grifado faz sentido, já que podemos reconstruir o texto tomando 
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os trechos grifados como base. Releia o que está grifado para verificar se realmente 
as informações destacadas fazem sentido e se sintetizam as ideias que embasam o 
texto. As informações sublinhadas servem para mapearmos as informações principais 
do texto e, consequentemente, fazermos uma consulta futura sem a necessidade de 
reler o texto todo. Portanto, pratique essa estratégia e verá que ela é bastante útil 
ao seu estudo. 
Até aqui você deve ter percebido que fazer leitura de estudo é bastante 
diferente de ler um romance, uma revista ou um jornal, já que estudar um texto é 
bem mais trabalhoso. Mas é assim que conseguiremos memorizar os conteúdos e 
ampliar nosso conhecimento na área em que estamos nos especializando. 
 
1.6.2 Elaboração de esquemas 
Ao elaborar um esquema, lembre-se das seguintes palavras de Castello Pereira 
(2003, p. 58): 
O esquema “é uma forma de reorganizar um texto em tópicos sequenciais ou 
arranjo de um modo espacial específico para permitir a visualização global e 
rápida” (BRITO, 2001). É uma atividade que pode ajudar na seleção e na 
organização das informações mais importantes. “O esquema é um texto que 
corresponde, grosso modo, a uma radiografia do texto, pois nele aparece 
apenas o ‘esqueleto’, ou seja, as ‘palavras-chave’, sem necessidade de 
apresentar frases redigidas”. Utilizam-se normalmente de colchetes, chaves, 
setas e outros símbolos (ANDRADE, 1997) que possam ajudar na organização 
e visualização das ideias. É um texto que auxilia na leitura, fundamental para 
desenvolver a capacidade de usar a escrita para intervenção social, estudo e 
trabalho (grifos nossos). 
 
 A autora expõe que, na elaboração do esquema, devemos selecionar e 
organizar as informações mais importantes, apenas palavras-chave (“esqueleto” do 
texto) para que, ao final, tenhamos a visualização global e rápida, a radiografiado texto. 
Para isso, podemos usar chaves, flechas, retângulos, subdivisão numérica, como 
podemos visualizar na sequência. 
 
Esquema: chaves 
 
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Esquema: retângulos 
 
 
 
Esquema: flechas 
 
 
Esquema: retângulos 
 
 
 
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Esquema: subdivisão numérica 
 
 
Segundo Galliano (1989), o esquema deve ser disposto em uma sequência 
lógica que ordene claramente as principais partes do conteúdo do texto e que, 
mediante divisões e subdivisões, represente sua hierarquia. Assim, para a elaboração 
do esquema, é necessário compreender bem as relações existentes entre as diversas 
partes do texto, captar os conteúdos principais e refletir melhor sobre o texto. Depois 
de elaborado, o esquema possibilita uma rápida recordação da leitura em consultas 
futuras. 
 
Ler o texto seguinte para esquematização. 
 
Para acabar com o preconceito racial no Brasil 
 
Autora: Gislene Ramos 
 
Um dos conceitos mais importantes no combate ao racismo brasileiro é entender 
como ele é estrutural na nossa sociedade, uma vez que é construído por relações de 
poder e opressão. Inúmeras são as pesquisas e estudos sobre o assunto que, apesar 
de complexo, é essencial. 
(...) 
Para esclarecer de forma simples, vamos comparar o racismo a um gigante 
edifício que precisa vir abaixo. Para destruí-lo, será preciso conhecer as estruturas que 
formam a construção e atingir as suas bases de forma simultânea. Lá no alto, na 
cobertura do prédio, junto das antenas parabólicas, estão as constantes e corriqueiras 
manifestações de discriminação de raça. Aqueles casos de ofensas e injúria racial, que 
têm grande repercussão nas redes sociais, com hashtags 
tipo #SomosTodosMaju ou #SomosTodosTaísAraújo. 
É comum essas manifestações gerarem intensa comoção e manifestações de 
apoio. Passado algum tempo, porém, logo são esquecidas. Podemos compreendê-las 
como estruturas mais superficiais do racismo. Também no alto do edifício, estão as 
situações constrangedoras sofridas por pessoas negras, como abordagens de policiais, 
restrição em portas de agências bancárias, olhares tortos nas ruas ou mesmo aquela 
segurada de bolsa na calçada. 
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Logo abaixo da cobertura, nos andares mais altos, estaria o sistema judiciário, 
com casos de prisões de homens negros e pobres sem prerrogativas ou provas 
consistentes, como o caso do jovem Rafael Braga, preso durante as manifestações de 
2013 por portar uma garrafa de detergente, visto como potencial criminoso. Na mesma 
altura estão as taxas de desemprego ou subemprego da população negra. Elas são 
somadas aos que estão em situação de vulnerabilidade nas ruas e vítimas do vício de 
drogas que, de acordo com o pensamento eugenista e higienista, são vistos como 
criminosos. Um exemplo recente é o caso na Cracolândia, em que a prefeitura de São 
Paulo autorizou a invasão no local, sob o uso da violência, com o intuito de desocupar a 
área. 
Mais próximo do térreo, nos andares mais baixos, estão as instituições de ensino 
e a precariedade. Apesar da implementação da Lei 10.639, que determina a 
obrigatoriedade dos estudos da História da África e dos africanos, a dificuldade de 
aplicabilidade das práticas pedagógicas relacionadas às questões raciais ainda é uma 
realidade. Na mesma altura estão as universidades públicas e a concentração de 
produção de conhecimento nos estudantes e pesquisadores não-negros. Aqui também 
estão as faculdades que não implementam medidas reparadoras, a exemplo da 
Universidade de São Paulo, que aderiu tardiamente ao sistema de cotas de negros e 
indígenas. 
E nos andares térreos, encontramos estruturas do Estado, organizações 
legislativas cuja maioria é composta por homens brancos e pouco representam a 
diversidade étnica da sociedade. Por fim, em sua base, estão as relações econômicas 
do país, sob o sistema capitalista, juntamente com o modo de produção neoliberal. O 
fato é que essas práticas não estão isoladas. Apesar de estarem em andares diferentes, 
todas mantêm entre si diversas ligações e interdependências. Isso nos leva a 
compreender que o racismo estrutural é um conjunto de sistemas interligados e que se 
retroalimentam. Da mesma forma, as práticas mais superficiais não são menos 
importantes. Elas apenas revelam um dos tantos aspectos do racismo enquanto sistema 
de opressão. 
Portanto, para enfrentar e demolir tais estruturas, é preciso não somente avançar 
sobre a base, mas em pontos específicos, estratégicos e de forma sincronizada. Isso 
significa que as práticas de enfrentamento precisam estar alinhadas na perspectiva da 
compreensão do racismo enquanto sistema estrutural e estruturante das relações 
socioculturais. Sendo mais translúcida: a proposta para o enfrentamento é atingir as 
suas bases de forma estratégica e sincronizada, como numa demolição com o uso de 
bombas em pontos específicos da construção. O que seriam essas bombas? Seriam 
bombas em forma de disputa de narrativas nos espaços políticos, por meio de grupos de 
militância, agrupamentos quilombolas, organizações não-governamentais,associação 
de moradores, juventude organizada, grupos artísticos, mídia especializada, ativistas e 
influenciadores digitais. Afinal, todos carregam responsabilidades na abordagem e na 
disseminação do entendimento do racismo estrutural. E se o racismo é um grande 
prédio a ser demolido, será necessária a força de todos para a implosão. 
 
Disponível em: https://www.vice.com/pt_br/article/pa5geg/o-racismo-estrutural-e-um-grande-predio-a-ser-
implodido. Acesso em 15 de fev. 2019. (com adaptações) 
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Questão 2: 
Ler com atenção o texto de Gislene Ramos, sublinhar as informações principais e depois 
esquematizá-las. 
 
1.6.3 Como parafrasear textos 
Paráfrase é a representação de um texto ou fragmento de texto com outra forma 
e (hipoteticamente) o mesmo sentido básico. Consiste no desenvolvimento explicativo 
(ou interpretativo) de um texto do qual é necessário compreensão adequada. 
Corresponde a uma espécie de tradução dentro da própria língua, em que se diz, de 
maneira mais clara, num texto B, o que contém um texto A (GARCIA, 2006). Na 
paráfrase, ocorre transformação da parte formal do texto, vocabulário e estrutura da 
frase sem, no entanto, haver modificações das ideias ou acréscimo de informações. 
Vale ressaltar que comentário sobre o tema abordado no texto não é paráfrase. 
O que há em comum entre resumo, resenha e paráfrase? De forma breve, há 
algumas semelhanças entre esses três gêneros. Primeiro aspecto comum: resumo, 
resenha e paráfrase são recriações textuais, ou seja, são elaborados a partir de um 
texto alheio o qual é preciso ser compreendido de forma clara e objetiva, por isso exige 
leitura atenta e adequada. Segundo: para elaboração dos três é necessário, 
inicialmente, identificar tema, argumentos, contra-argumentos, ponto de vista do autor 
e outros elementos mais relevantes do texto alheio. E terceira semelhança: o autor do 
resumo, resenha ou paráfrase deve reorganizar as informações/argumentos, sem 
alterar o sentido, em novo texto, adequadamente articulado, coeso, coerente e de 
forma clara. Como peculiaridade, a paráfrase permite explicação para maior clareza 
do texto parafraseado. Já a resenha crítica permite julgamento pessoal do conteúdo, 
enquanto o resumo é a base para os dois. 
Atenção! Nossas paráfrases devem ser escritas em terceira pessoa, uma vez 
que parafraseamos texto de um/a determinado/a autor/a. Além disso, na introdução 
devem aparecer o nome do/a autor/a, o título e o tema do texto. E devem ser evitadas 
transcrições de trechos. O nome do autor deve ser retomado ao longo do texto 
parafraseado. 
 
Leia com atenção o texto exposto a seguir. 
 
 
 
 
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O homem nu 
Autor: Fernando Sabino 
 
Ao acordar, disse para a mulher: 
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com 
a conta, na certa. 
Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum. 
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher. 
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as 
minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, 
para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago. 
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas 
a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a 
ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou 
com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho 
deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia 
aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com 
estrondo, impulsionada pelo vento. 
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando 
ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, 
mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com 
o nó dos dedos: 
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa. 
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro. Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta 
do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da 
televisão! 
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e 
voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de 
pão: 
— Maria, por favor! Sou eu! 
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos 
lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, 
embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se 
aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o 
tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais 
um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão. 
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer. 
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado. 
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, 
podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado 
cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de 
Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror! 
— Isso é que não — repetiu, furioso. 
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a 
parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. 
Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o 
elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? 
Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o 
elevador subir. O elevador subiu. 
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma 
cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si. 
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o 
embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho: 
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu... 
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito: 
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— Valha-me Deus! O padeiro está nu! E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha: 
— Tem um homem pelado aqui na porta! 
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava: 
— É um tarado! 
— Olha, que horror! 
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha! 
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como 
um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos 
depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta. 
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir. 
Não era: era o cobrador da televisão. 
 
Disponível em:<http://www.releituras.com/fsabino_homemnu.asp>. Acesso em 08 de mar. 2018 
 
.Sugestão de paráfrase 
 
Enfrentar o problema é a melhor solução1 
 
Fernando Sabino, na crônica, O homem nu, conta de maneira bem-humorada sobre 
um homem que passou por apuros por não ter dinheiro em casa para pagar a prestação da TV2. 
O devedor3 falou para Maria, a esposa dele, que não tinha dinheiro nenhum em mãos 
para pagar ao cobrador que logo iria aparecer. Então combinaram que, quando o sujeito da 
conta chegasse, ambos iriam fingir não ter ninguém em casa. No entanto nadasaiu como 
planejado. 
Enquanto a mulher estava no banheiro, o marido aproveitou para preparar o café e 
apanhar o pão, deixado pelo padeiro, do lado de fora. O homem estava despido, pois pretendia 
tomar banho logo após a esposa. Então, quando se apossou do embrulho do pão e percebeu 
que atrás de si a porta havia sido fechada pelo vento, ele desesperou-se. 
O homem, nu, batia na porta e chamava pela mulher, porém ela pensava que fosse o 
cobrador, por isso preferia ficar em silêncio. Passados uns minutos, os moradores começavam a 
se movimentar pelo condomínio, utilizando o elevador e a escada. O homem nu, com receio de 
ser visto, fez malabarismos para se esconder tanto das pessoas que passavam quanto do 
cobrador, que a qualquer momento poderia aparecer. Mais uma vez chamou Maria e, na 
sequência, ouviu uma porta se abrir atrás de si: era a vizinha já de idade avançada. 
Evidentemente, a velhinha fez escândalo ao se deparar com o sujeito sem roupas. Nesse 
momento, todos foram conferir o que acontecia no local, inclusive a esposa dele. 
 Depois de passar por tantos constrangimentos e, finalmente, conseguir vestir uma roupa, 
o infeliz, já dentro de casa, ouviu alguém bater à porta. Pensou que fosse um policial para 
verificar o que ali havia acontecido. Porém, para sua surpresa, era o cobrador. 
 O texto apresenta um pequeno problema corriqueiro que poderia ser evitado a partir de 
organização e controle do consumidor, mas resultou numa tremenda confusão. E ainda, apesar 
de todo o esforço para não ser cobrado, o homem teve que enfrentar sua responsabilidade de 
pagar, na data prevista, o que devia. 
 
Ler o texto Felicidade clandestina, de Clarice Lispector. 
 
 
 
 
 
1
 Título pessoal. 
2
 Introdução com nome do autor, título e tema do texto. 
3
 Início do desenvolvimento da paráfrase. Manter 3ª. pessoa. 
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Felicidade Clandestina 
 
Autora: Clarice Lispector 
 
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. 
Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse 
enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer 
criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. 
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um 
livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era 
de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás 
escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”. 
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com 
barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, 
esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na 
minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a 
implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. 
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. 
Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. 
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, 
dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua 
casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. 
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu 
nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. 
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como 
eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que 
havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. 
Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu 
recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de 
Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias 
seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei 
pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. 
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era 
tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o 
coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu 
voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia 
seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. 
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, 
enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me 
escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como 
se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. 
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela 
dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o 
emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob 
os meus olhos espantados. 
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a 
sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela 
menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, 
entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato 
de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme 
surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! 
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a 
descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de 
perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das 
ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai 
eduar
Realce
eduar
Realce
eduar
Realce
eduar
Realce
eduar
Realce
eduar
Realce
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emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser. 
”Entendem? Valia mais do que me dar o livro: pelo tempo que eu quisesse ” é tudo o que uma 
pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. 
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. 
Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando 
bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. 
Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu 
coração pensativo. 
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto 
de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela 
casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, 
achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa 
clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que 
eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma 
rainha delicada. 
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, 
em êxtase puríssimo. 
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. 
 
Questão 5: 
Elabore criativa paráfrase do texto Felicidade clandestina, de Clarice Lispector. Antes de 
escrever, tenha paciência para compreendero texto, identificar tema e argumentos e planejar o 
modo como reorganizar as ideias mais relevantes (e explicá-las, quando necessário). O texto 
deve ter estrutura completa e título. 
 
Neste capítulo, você viu que a leitura é algo imprescindível ao universitário que 
precisa ler muitos textos. Para fazer leitura de estudo, podemos utilizar algumas 
estratégias, como localizar tema e argumentos do texto, identificar o tópico frasal de 
um parágrafo, sublinhar, esquematizar e parafrasear as informações principais. Essas 
estratégias nos auxiliam nos estudos, pois são práticas de compreensão mais profunda 
dos textos. Portanto, é importante praticá-las a fim de que você se torne um leitor 
eficiente (lembre-se de que só aprendemos a ler lendo!). Bons estudos! 
 
Referências 
ABREU, Antônio Suárez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 6. ed. São 
Paulo: Ateliê Editorial, 2003. 
CASTELLO-PEREIRA, Leda Tessari. Leitura de estudo. Campinas: Alínea, 2003. 
DUDENEY, Gavin; HOCKLY, Nicky e PEGRUM, Mark. Letramentos digitais. Trad. Marcos 
Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2016. 
FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: Vozes, 2001. 
FULGÊNCIO, Lúcia; LIBERATO, Yara. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto, 2000. 
GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 
1989. 
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 
2016. 
 
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CAPÍTULO 2: SOBRE ARTE E O SER HUMANO 
 
Ler o texto de Rose Meri Trojan, identificar o ponto de vista da autora e os argumentos 
mais importantes que ela apresenta para defendê-lo. E preparar-se para o seminário 
onde você poderá expor o conteúdo, caso seja sorteado. 
 
A ARTE E A HUMANIZAÇÃO DO HOMEM: AFINAL DE CONTAS, PARA QUE SERVE A 
ARTE? 
 
Autora: Rose Meri Trojan4 
 
 Esta questão tem ocupado por décadas os educadores da área de Educação Artística 
(particularmente a partir dos anos 80, no processo de revisão dos currículos escolares), com o 
objetivo de justificar a importância desta disciplina na escola básica. 
Contudo, estes esforços não têm convencido a maioria dos professores e alunos, a 
começar pela prática pedagógica que se desenvolve, mantendo a impressão de inutilidade, de 
perda de tempo, de "coisa supérflua". Que importância tem ficar desenhando, fazendo cartões 
para o dia das mães, ou bandeirinhas para as festas de São João? Devia é ter mais tempo para 
a leitura, a escrita, o cálculo... Esta posição é assumida até mesmo pelos dirigentes, quando, por 
exemplo, na ocasião da revisão do Núcleo Comum dos Currículos, em 1986, Secretários de 
Educação de todo o país propuseram a exclusão da Educação Artística. 
Esta situação nos remete novamente à questão colocada no início do texto e que parece 
não ter sido respondida satisfatoriamente. Afinal de contas, para que serve a arte? Para que 
serve a música, o teatro, a dança, as artes plásticas, o cinema? A resposta mais comum diz 
respeito ao prazer, ao lazer, ao deleite do espírito, e tem reforçado a idéia de "coisa supérflua", 
de luxo, de ocupação ociosa para quem tem tempo (e dinheiro) para freqüentar teatros, cinemas 
e galerias. Para a grande maioria, que não consegue nem ao menos o seu sustento básico, não 
é importante. 
Só reconhecem a importância da arte os artistas e educadores da área, que enfatizam 
seu papel no desenvolvimento da famigerada criatividade, da expressão das emoções, das 
habilidades sensíveis e que chegam até ao limite de propor a arte como fundamento para a 
aprendizagem de todo e qualquer conhecimento. 
De certa forma, esta defesa acaba reforçando a idéia do supérfluo. Que importância tem 
conhecer Mozart ou Leonardo da Vinci, ser sensível e criativo, para o mundo do trabalho, na 
época dos computadores e satélites? Ou, que importância tem a música erudita, o balé clássico 
ou a pintura cubista, para uma multidão de analfabetos? Cultura inútil! 
No entanto, a arte sobrevive - inutilmente ou não, todo mundo ouve música, dança, 
assiste a filmes e se preocupa em pendurar nem que seja a gravura de um calendário na parede 
(não estamos aqui afirmando que tudo é arte ou nos propondo a um julgamento de valor 
estético, mas destacando a evidência da necessidade de contato das pessoas com objetos ou 
atividades cujo sentido é predominantemente artístico). 
Do Renascimento até hoje, artistas são consagrados e se transformam em ídolos. Os 
meios de comunicação de massa reservam um espaço significativo para as manifestações 
artísticas. Por quê? Para quê? Por mais que se imponha como atividade dispensável, a 
produção artística não se justifica somente como luxo e decoração para as elites. Prova disso 
são o rádio e a televisão que, através da veiculação de música, novelas e filmes, ocupam a 
maior parte das horas de lazer da classe trabalhadora. 
 
4
 Professora do Departamento de Planejamento e Administração Escolar da Universidade Federal do 
Paraná 
 
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A resposta mais comum diz
respeito ao prazer, ao lazer, ao deleite do espírito, e tem reforçado a idéia de "coisa supérflua",
de luxo, de ocupação ociosa para quem tem tempo (e dinheiro) para freqüentar teatros, cinemas
e galerias. Para a grande maioria, que não consegue nem ao menos o seu sustento básico, não
é importante.
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inutilmente ou não, todo mundo ouve música, dança,
assiste a filmes e se preocupa em pendurar nem que seja a gravura de um calendário na parede
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Prova disso
são o rádio e a televisão que, através da veiculação de música, novelas e filmes, ocupam a
maior parte das horas de lazer da classe trabalhadora.
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Então, para que serve a arte? Se todas as respostas ainda não convenceram, a prática 
teima em contradizer o mito da inutilidade. O problema que se coloca então é o de encontrar a 
resposta certa. É preciso fazer uma limpeza no terreno da arte, no processo histórico de sua 
construção, na obra enquanto mercadoria, no consumo privado, nos desvios provocados pelo 
modo de produção de nossa sociedade e pelos valores (ou anti-valores) que produziu e produz. 
Se o valor da obra de arte se coloca por um lado nos domínios do prazer e da beleza, por 
outro não escapa da mercantilização. A possibilidade de acesso ao prazer e à beleza está presa 
à condição de pagar pelo seu preço. Isto significa que, do mesmo modo que o consumo de 
produtos que atendem às necessidades básicas de sobrevivência (como alimentação, saúde, 
habitação...), os produtos da arte se apresentam como mercadorias. 
Assim, não há possibilidade de escolha entre "o pão de cada dia" e o mais belo 
espetáculo artístico para a maioria daqueles que, tendo garantida sua subsistência, têm 
recursos "sobrando" para investir no deleite do espírito. Está dada a sentença! E agora? 
Voltamos ao começo: todas as aparências reforçam o papel secundário da arte, mas ainda não 
dão conta de explicar sua existência. Precisamos mergulhar nestas aparências que se 
manifestam na vida real dos homens, no seu cotidiano, para encontrar respostas mais 
convincentes que possam mostrar ou quem sabe até ampliar a importância da arte na existência 
humana. 
O que acontece às pessoas quando entram em contato com alguma forma de 
manifestação artística? A beleza de um quadro, de uma música, de um filme, nos comove - nos 
faz rir, chorar, pensar... Por quê? 
A história que se passa no filme não tem nada a ver com a nossa história, nem com o 
nosso tempo, nem com as atividades que desenvolvemos, mas pode nos comover até às 
lágrimas. Por quê? Talvez a resposta seja a de que comove porque é humana. Por que é 
humana? Porque mostra a vida dos homens que ontem, hoje e amanhã, são homens - que 
pensam, agem, trabalham, se relacionam,são felizes e sofrem. É isto que permite que uma 
peça de Sheakespeare tenha validade hoje, quando seu tempo não mais existe. Ou que um 
filme de ficção futurista mostre fatos que se relacionam com o mundo de agora. 
Aqui se põe outro mistério, a ser desvendado: este caráter universal humano que se 
manifesta numa obra particular. A obra se manifesta historicamente, numa determinada época, 
de acordo com os seus costumes, com as suas possibilidades, condicionada pelo 
desenvolvimento científico e tecnológico do seu tempo, mas pode ultrapassá-lo e permanecer. 
A Quinta Sinfonia de Beethoven ainda é atual porque revela sentimentos humanos que 
ainda nos perturbam enquanto humanidade. Os ritmos sertanejos tocam as pessoas que vivem 
nas cidades, o rock alcança as mais remotas regiões rurais. As emoções revelam a luta dos 
homens pela superação de sua sobrevivência e conquista da felicidade - ah! o reino da 
liberdade. 
O avanço tecnológico dos meios de comunicação e, contraditoriamente, a necessidade 
crescente de expansão do mercado capitalista, promovem a universalização da cultura artística, 
ao mesmo tempo em que reduzem a possibilidade de acesso aos seus produtos. A condição 
para concretizar o caráter universal da arte está, ao mesmo tempo, dada e negada. 
Contudo, esta universalidade não se descola da obra de arte, que se põe como síntese 
de toda a potencialidade humana - a possibilidade de ser inteiro, perfeito, capaz de realizar tudo. 
É a história do final feliz, todos querem um final feliz na vida e na arte, ou na arte e na vida... 
Por outro lado, revela também a importância dos homens diante do mundo, as limitações, 
os fracassos, as negações... Leva a refletir, a compreender a realidade humana na sua 
totalidade. 
A beleza e a feiúra do mundo, a realidade e o sonho, fazem parte da arte. A obra 
artística, enquanto objeto produzido pelo homem, revela o próprio homem - quem ele é e o que 
pretende ser, aquilo que faz e o que pretende fazer, aquilo de que gosta e o que lhe desgosta, o 
que lhe dá prazer e o que causa dor. O subjetivo torna-se objeto e o objeto remete ao sujeito. 
Todo produto da atividade humana revela o seu criador: o homem. Desde as máquinas e 
as construções arquitetônicas mais sofisticadas, às elaborações artesanais mais simples como 
um agasalho de tricot ou um "pão feito em casa". Esta capacidade de humanizar tudo o que 
toca, criando formas cada vez mais avançadas de atender às suas necessidades, tem como 
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resultado, além da finalidade utilitária do produto, a satisfação da realização, da conquista sobre 
o que já era dado. A conquista do objeto útil gera a criação da beleza: não é só uma máquina 
mas é uma forma bela, não é só uma construção mas é uma bela casa, não é só um agasalho 
mas é uma bela blusa, não é só um pão mas é o pão que eu fiz. É uma beleza! 
Esta possibilidade de realização e conquista da beleza se descola do objeto útil (que nos 
leva, por exemplo, a escolher os utensílios domésticos e as nossas roupas pela sua beleza), e 
leva à produção de objetos que se diferenciam dos demais por ultrapassar os limites da utilidade 
imediata e ter como função específica a manifestação do próprio homem, de sua potencialidade. 
Esta qualidade da criação humana permite, então, quando esgotado o valor utilitário de 
um objeto, a permanência do seu valor estético. O que nos leva a admirar aquilo que chamamos 
hoje de antigüidades - uma velha máquina de costura, um lampião a gás, ou uma pirâmide do 
Egito. 
A obra de arte, portanto, é o sujeito objetivado, é a revelação do homem e da sua 
capacidade de criação. E, por isso, é assimilada subjetivamente - através da emoção, da 
reflexão, do pensamento. 
Então, por que as pessoas se comovem, se emocionam, mas não se dão conta de sua 
relação pessoal com a obra e com a humanidade através dela? 
A hipótese mais coerente aponta para a polarização entre razão e emoção. Como se a 
pessoa humana fosse dividida em compartimentos - uma parte pensa, outra se emociona, uma 
trabalha e outra descansa. 
Esta polarização entre razão e emoção se desenvolve no processo de consolidação do 
modo de produção capitalista, onde o trabalho não deixa espaço para sentimentalismos, onde a 
qualidade e a quantidade dos produtos está acima da possibilidade de realização humana e do 
prazer que dela decorre. 
Primeiro, relaciona-se com a visão lógico-formal de certo e errado, verdade e engano: se 
está certo, não pode estar errado e vice-versa. Desse modo, a razão tem fundamento na 
verdade, na ciência, no controle consciente da ação. E, se assim é, razão é oposta à emoção, 
pois esta escapa ao controle, é espontânea, instável, irracional. 
Em segundo lugar, esta oposição se faz pela separação entre trabalho e lazer. O 
trabalho é coisa séria, racional, controlada, penosa, enquanto o lazer é fútil, emocional, solto, 
prazeroso. 
Mas, onde fica o limite entre razão e emoção? Se a racionalidade é condição para a 
construção da ciência e da verdade, não é o único fator que as determina - a verdade é histórica 
e se transforma à medida que o conhecimento científico avança e ultrapassa limites, a verdade 
de ontem já não tem validade hoje. A emoção não dispensa a razão, nem sempre é 
descontrolada e espontânea - mas leva o homem a agir, acompanha sua realização e pode 
contribuir para explicá-lo. 
Se razão e emoção não são, por certo, sinônimos, nem por isso se excluem, nem por 
isso se contrapõem. Razão e emoção são qualidades humanas, que se dão no pensamento e se 
concretizam em ações, ao mesmo tempo e de diferentes maneiras. Cabe explicar como se dão, 
historicamente, as manifestações racionais e emocionais dos homens e encontrar suas 
relações. Talvez seja esta uma das respostas que procuramos para recompor o ser humano 
enquanto uma totalidade indivisível, plena, omnilateral. 
Desta forma, poderemos fazer uma análise concreta da dicotomia entre o prazer e o não-
prazer, entre o lazer e o trabalho, ou seja, entre a arte e o trabalho. Mas se a atividade artística é 
considerada como não-trabalho, como ocupação para as horas de lazer, nem por isso deixou de 
se submeter às leis da produção geral - transformou-se, como os demais produtos, em 
mercadoria. 
E assim, transformando-se em mercadoria, tornou-se objeto supérfluo, luxo para aqueles 
que podem dispor de recursos que ultrapassam os limites das necessidades básicas de 
sobrevivência. Por um lado, o acesso à arte consagrada e valorizada socialmente ficou restrito a 
um público seleto. E, por outro, passou a agregar valor aos objetos úteis (como, por exemplo, os 
móveis domésticos e as roupas) através do refinamento estético e do embelezamento das 
formas, tornando-os também objetos de luxo. 
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Se analisarmos historicamente o nascimento da arte (ou daquilo que hoje chamamos de 
arte), constatamos que esta surge no próprio objeto útil através da decoração dos utensílios e 
das ferramentas. São inúmeros os exemplares de cerâmica, artefatos de pedra ou de osso que 
apresentam pinturas e gravações. E é justamente ultrapassando o valor de uso do objeto e 
acrescentando a ele o valor estético (enquanto valor humano, beleza e significado) que se torna 
possível ao homem produzir objetos que explicitem especificamente este sentido, 
independentemente de sua utilidade prática, imediata. É o que podemos perceber nas pinturas 
das cavernas, nas estatuetas de terracota e depois nos murais, quadros, filmes etc... 
Esta produção que tem origem no objeto útil e que dele se descola, a ele retorna à 
medida que se desenvolve o processo de divisão e complexificação do trabalho. À medida que 
todo consumo se torna privado e que todo produto se torna mercadoria, o objeto artístico tem 
que se submeter à lógica do capital. Não existem mais mecenas e protetores das artes, não 
existemmais "artistas oficiais" patrocinados pelos monarcas, não há condições para que os 
homens trabalhem para obter seu sustento e se ocupem ao mesmo tempo com a arte... 
Assim, os artistas tornam-se trabalhadores, profissionais da área, que precisam 
comercializar seus produtos. É deste modo que uma atividade por princípio não-produtiva se 
insere no mercado, ou seja, torna-se trabalho produtivo e passa a gerar riqueza. Os teatros e 
cinemas são espaços fechados para que se possa "pagar a entrada", as pinturas são 
quadros/objetos que se pode vender, as músicas são gravadas em discos, as poesias impressas 
em livros, e assim por diante... 
Neste sistema, o que era incompatível passa a ser compatível e impõe a solução de um 
problema: como definir o valor de uma obra de arte? O valor de um produto do trabalho se 
define pelo seu custo de produção (matéria-prima, insumos, tempo de trabalho necessário etc.). 
Ora, partindo do valor estético do objeto (que teria como função expressar o homem e a sua 
humanidade) não se pode estabelecer o valor de troca de uma poesia considerando o tempo 
que o poeta dispôs para compô-la, ou de uma pintura considerando o custo da tela e das tintas, 
pois a essência desta produção não é material: são as palavras, as imagens, os sons que 
utilizam de algum "suporte" para tornar objetiva a compreensão que estabelecem com os outros, 
com a natureza, com o trabalho... e consigo mesmos. 
Desse modo, são criados artificialmente critérios que possibilitam a produção, 
distribuição e consumo dos objetos artísticos. E podemos afirmar que são artificiais, porque não 
é difícil perceber a diferença entre o consumo e a propriedade privada dos objetos úteis e dos 
artísticos. O alimento, o vestuário, os utensílios pessoais, são consumidos pessoalmente. A 
música que eu ouço, o quadro que eu vejo, a peça teatral a que eu assisto, pode ser ouvida, 
visto e assistida por milhares de pessoas sem que se "desgastem" e sem que se "reduza" o seu 
valor ou durabilidade. 
É preciso, pois, analisar "a solução" que se encontrou para o "problema" de valor de 
mercado da obra de arte. Precisamos desmontar estes critérios, que hoje temos como naturais, 
tais como a criatividade e a originalidade, e os confrontarmos com as formas de satisfação 
estética presentes nas atividades cotidianas dos homens no mundo moderno. E preciso 
desmascarar o fetiche desta mercadoria. O que é criação, e o que não é? O que é original, e o 
que não é? E que fatores permitem dar mais valor ao objeto mais criativo e original? E, ainda, 
qual é a razão objetiva que nos permite afirmar que são estes os critérios efetivamente 
artísticos? 
A atividade humana é essencialmente criadora - resulta da ação intencional do homem 
para transformação da realidade, para responder de forma cada vez mais satisfatória às suas 
necessidades básicas de sobrevivência e a tantas outras que são criadas no seu processo de 
humanização. A criatividade está presente no trabalho material e não-material, na atividade 
produtiva e não-produtiva, à medida em que acrescenta transformações/inovações nos objetos, 
a fim de que estes cumpram melhor a sua finalidade. Mas o que permite valorizar um objeto em 
relação a este critério não é especificamente seu grau de inovação, mas sua relação com a 
finalidade pretendida. Desse modo, a criatividade considerada em si mesma não tem sentido, é 
vazia, destituída de significado,... supérflua. 
Talvez seja esta a razão que torna o produto artístico inútil e supérfluo - desligar o valor 
da criação de sua finalidade não tem sentido! Por outro lado, a originalidade está intimamente 
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ligada à criatividade - todo objeto original é produto da criação, da inovação - o que nos leva ao 
mesmo beco sem saída. O original só tem sentido quando satisfaz uma necessidade. Mas o 
sentido de original, hoje, nos remete a outro significado, o de exclusivo, único, irrepetível. Este 
sentido se relaciona à propriedade privada de algo que é único no mundo: um quadro de Van 
Gogh, um manuscrito do século XVIII... ou um vestido assinado por Saint-Laurent! 
A mercantilização da obra de arte subverte então a sua finalidade. A propriedade privada 
se opõe ao caráter universal da arte; aquilo que tem a função de comunicar através de imagens 
e sons a percepção do homem sobre a realidade e sobre si mesmo é incompatível com a 
restrição do consumo individual e privado. Para cumprir sua função humanizadora e satisfazer a 
necessidade de prazer estético, a obra de arte precisa ser compartilhada, difundida, acrescida 
de muitos olhares e significados. 
Este processo de mercantilização, tendo em vista a estrutura de nossa sociedade 
dividida em classes, traz outras implicações. O mercado artístico não sobrevive apenas da 
comercialização dirigida às elites: pela própria essência do capitalismo, precisa se expandir, 
atingir sempre um maior público consumidor. Se partirmos do pressuposto de que a atividade 
artística responde a uma necessidade humana, queremos crer que esta não é privilégio das 
elites possuidoras - o privilégio está no acesso, na possibilidade de consumo privado - e que, 
portanto, existe um mercado disponível, mas que não dispõe de condições materiais para 
usufruir do luxo de uma obra original. Desse modo, passamos a ter vários "tipos" de arte: arte 
erudita, arte popular, arte de massas... 
Por um lado, a impossibilidade de acesso aos instrumentos e técnicas mais refinadas 
leva as classes subalternas a produzirem artisticamente de forma menos elaborada. E, por 
outro, esta mesma impossibilidade determina a "necessidade" de produzir objetos mais 
"baratos", para que possam ser consumidos por um público maior. Desse modo, temos os 
artistas populares, os artesãos (que nem sequer merecem a denominação de artistas) e a 
produção em série que, de um modo ou de outro, satisfazem a necessidade de acesso à arte 
daqueles que não podem pagar ou que podem pagar menos. 
Se não pudermos pagar pela apresentação de uma orquestra ou grupo teatral, ouvimos 
um programa de rádio ou assistimos a uma novela na televisão. Se não podemos compor uma 
sinfonia, temos uma modinha de viola; se não temos ópera, temos carnaval, e assim por diante. 
Tal como os demais produtos, os artísticos são hierarquizados na sua produção e valorização de 
acordo com o "público" (classe social) a que se destina. 
Contudo, ao discriminar o processo de produção e distribuição da arte através de 
critérios arbitrários, o sistema capitalista prejudica, de modo implacável, a todos os produtores e 
consumidores, indistintamente. Ao definir o valor de troca destes produtos, apoiado nos critérios 
da criatividade e originalidade descolados de sua finalidade, retira o conteúdo da obra e reduz a 
capacidade de sua compreensão e, conseqüentemente, distorce o prazer estético. 
De um lado, os consumidores da elite têm o prazer do acesso aos produtos mais 
refinados e a propriedade privada de originais, e a grande massa tem o prazer de ter contato 
com os artistas famosos que aparecem na televisão, numa apresentação de auditório ou em 
revistas especializadas. E à grande maioria, aqui independentemente da origem de classe, é 
negada a possibilidade de compreender de modo mais humano, com maior profundidade, o 
conteúdo da obra de arte. 
De outro lado, os produtores/artistas (também classificados pela sua origem de classe ou 
pelo público a que se destinam) também sofrem os efeitos deste sistema. Ou produzem de 
forma menos elaborada por falta de condições técnicas e materiais (a chamada arte popular) ou 
produzem diferenciadamente para os diferentes públicos (como, por exemplo, atores que se 
apresentam no teatro e na televisão). 
Aqui, nos deparamos com outros problemas que merecem maior aprofundamento: tanto 
produtores quanto consumidores têm acesso diferenciado ao conhecimento técnico necessário 
para a produção de várias formas de representaçãoartística; tanto uns quanto outros sofrem 
influência da mídia e do mercado na formação do gosto estético; uns e outros, inocentemente ou 
não, contribuem (especialmente através dos meios de comunicação de massa) para consolidar 
a hegemonia necessária para a manutenção do modo de produção capitalista. 
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Cada uma destas questões merece um estudo à parte, como também produz reflexos na 
realidade humano-social em geral e na produção, distribuição e consumo da arte em particular. 
Esta problemática nos remete à preocupação enunciada no início do texto: a função da arte na 
sociedade e na escola. Eis que não se pode resolver o problema da Educação Artística na 
escola sem recuperar a função da arte para o homem. 
Assim, se não podemos prescindir do prazer estético, é indispensável tornar claro o 
porquê - esta difusa, inexplicável sensação de que arte é supérfluo, é luxo, mas é algo de que 
não podemos abrir mão. Por quê? 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
CANCLINI, Néstor García. A socialização da arte: teoria e prática na América Latina. São Paulo: 
Cultrix, 1984. 
KOPNIN, P. V. A dialética como lógica e teoria do conhecimento. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 1978. 
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. 
LEFEBVRE, Henri. Lógica formal, lógica dialética. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
1991. 
LUKÁCS, Georg. Introdução a uma estética marxista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
1978. 
MARX, Karl. Manuscritos econômico-fdosóficos e outros textos escolhidos. 4. ed. São Paulo: 
Nova Cultural, 1987. 
SANCHES VÁSQUEZ, Adolfo. As idéias estéticas de Marx. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1978. 
 
Educ. rev. no.12, Curitiba Jan./Dez. 1996. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script 
=sci_arttext&pid=S0104-40601996000100007. Acesso em: 02 fev. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 3: FALA E ESCRITA 
 
Introdução 
Neste capítulo, analisaremos as diferenças entre as duas modalidades da língua 
– fala e escrita. 
 
3.1 Diferenças entre fala e escrita 
A fala e a escrita são as duas modalidades da língua. Veremos algumas 
diferenças nas condições de produção de um texto oral e de um texto escrito e as 
distinções entre essas duas modalidades. De acordo com Fávero, Andrade e Aquino 
(2000), podemos distinguir a modalidade oral e a escrita por meio do que é exposto no 
quadro 1. 
 
Quadro 1 – Condições de produção (em geral)* 
 Fala Escrita 
Interação 
Ocorre face a face. Ocorre a distância (espaço-
temporal). 
Planejamento 
É simultâneo ou quase simultâneo à 
produção. 
É anterior à produção. 
Criação 
É coletiva: administrada passo a 
passo. 
É individual. 
Revisão 
Não há possibilidade de 
apagamento. 
Há possibilidade de revisão. 
Consultas 
Não há condições de consulta a 
outros textos. 
A consulta é livre. 
Reformulação 
Pode ser promovida tanto pelo 
falante como pelo interlocutor. 
É promovida apenas pelo escritor. 
Reações do 
interlocutor 
O acesso é imediato. Não há possibilidade de acesso 
imediato. 
Processamento 
do texto 
Pode redirecionar o texto, a partir 
das reações do interlocutor. 
Pode processar o texto a partir das 
possíveis reações do leitor. 
Processo de 
criação 
Mostra todo processo. Tende a esconder processo de 
criação, mostrando apenas o 
resultado. 
*É preciso ficar atento às modificações constantes de produção textual promovidas pelas ferramentas 
digitais. 
 
Além dessas diferenças, destacamos as que estão expostas no quadro 2. 
Analise-o com atenção. 
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Quadro 2 – Distinções específicas entre fala e escrita 
Fala Escrita 
Ampla variedade (variações linguísticas) Modalidade única (língua padrão) 
Elementos extralinguísticos Sinais gráficos 
Prosódia e entonação Sinais gráficos 
Frases mais curtas Frases mais longas 
Redundância, repetições, reduplicações Concisão 
Flutuação quanto à temática Rigidez de tema 
Presença do interlocutor Ausência de interlocutor 
Aprendizagem “natural” Aprendizagem “artificial” 
E mais: hesitações, marcas 
interacionais, palavras abreviadas ou 
sobrepostas 
Variante culta / norma padrão 
 
Essas diferenças são meramente ilustrativas, já que tanto o texto oral quanto o 
texto escrito têm níveis de formalidade e de informalidade que variam de acordo com o 
contexto em que foram produzidos (interlocutor, intenção, objetivo etc.). 
 
Conversação espontânea 
“Eh... eu vou falar sobre a minha família... sobre os meus pais... o que eu acho deles... como 
eles me tratam... bem... eu tenho uma família... pequena... ela é composta pelo meu pai... pela 
minha mãe... pelo meu irmão... eu tenho um irmão pequeno de... dez anos... eh... o meu irmão 
não influencia em nada... minha mãe é uma pessoa super legal... sabe?” 
 
Nesse texto, percebemos hesitações (eh..., de...) e marcas interacionais 
(sabe?). 
 
Ao eliminar as marcas estritamente interacionais, hesitações e partes de palavras, 
além de eliminar as pausas, representadas por três pontos (...) e inserir a pontuação. 
E, por último, retirar as repetições, reduplicações e redundâncias, o texto fica da 
seguinte forma: 
 
“Vou falar de minha família e de como meus familiares me tratam. Minha 
família é pequena – meu pai, minha mãe e um irmão pequeno de 10 anos, que 
não influencia em nada. Minha mãe é legal”. 
 
(Disponível em: <http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem10pdf 
/sm10ss 02 _09.pdf>. Acesso em: 8 fev. 2015.) 
 
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Atividades 
Questão 1: 
Identifique com O as características que se referem à oralidade e E as que se referem 
à escrita. 
a) É mais abrangente. Mesmo as pessoas não alfabetizadas, mas que conheçam o 
código, são capazes de se comunicar, fazendo uso dessa modalidade. 
b) Há possibilidade de correção e apagamento. 
c) É mais prestigiada socialmente. 
d) O emissor pode perceber a reação do receptor, pois estão face a face. 
e) A presença de pausas é constante, ora vazias, ora preenchidas por expressões 
como “hã”, “hum”, entre outras. 
 f) Usa pontuação para representar, de alguma forma, a entonação e o ritmo da 
modalidade oral. 
 
Leia o segmento. 
Bom1... o...2 eu tenho impressão que o rádio provocou uma revolução... no país na 
medida que::3 .. ah4... principalmente o rádio de pilha, né?5 quer dizer o rádio de pilha6 
representou a quebra de um isolamento do homem do campo principalmente quer 
dizer então7 o homem do campo que nunca teria condição de ouvir:: falar:: de outras 
coisa..8. de outros lugar... de outras pessoas, entende?9 Através do rádio de pilha ele 
pôde se ligar ao resto10 do mundo (...). (Fragmento de texto do NURC/SP – D2 255 
[diálogos entre dois informantes], 116-117). 
 
Questão 2: 
Identifique os elementos da oralidade que aparecem no texto acima. 
 
Texto para a questão 3: 
 
 
VAGUIDÃO ESPECÍFICA 
Autor: Millôr Fernandes. In: Trinta anos de mim mesmo 
 
 “As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica” (Richard Gehman) 
 
- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte. 
- Junto com as outras? 
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer qualquer 
coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia. 
- Sim senhora. Olha, o homem está aí. 
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- Aquele de quando choveu? 
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo. 
- Que é que você disse a ele? 
- Eu disse para ele continuar. 
- Ele já começou? 
- Acho que já. Eu disse que podia principiarpor onde quisesse. 
- É bom? 
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz. 
- Você trouxe tudo pra cima? 
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou 
para deixar até a véspera. 
- Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. 
- É melhor senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite. 
- Está bem, vou ver como. 
 
Questão 3: 
É verdade que, quando as pessoas são próximas e se conhecem muito bem, não são 
necessárias muitas palavras para elas se entenderem, como ocorre no texto de Millôr. Mas em 
relação à escrita, é distinto. 
 
-Refaça, criativamente, a crônica humorística, de forma que as informações apareçam 
claramente no diálogo entre as duas falantes. 
 
Referências 
DELL’ ISOLA, Regina Lúcia Péret. Retextualização de gêneros escritos. Rio de 
Janeiro: Lucerna, 2007. 
FÁVERO, L. L; ANDRADE, M. L. C. V. O.; AQUINO, Z. G. O. Oralidade e escrita: 
perspectiva para o ensino de língua materna. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000. 
GLOSSÁRIO CEALE. Retextualização. Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/ 
app/webroot/glossarioceale/verbetes/retextualizacao>. Acesso em: 16 fev. 2016. 
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: 
Cortez, 2004. 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 4: LÍNGUA, LINGUAGEM, FALA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
 
As formas discriminadas têm um uso muito mais 
frequente do que se pensa, inclusive na fala e na escrita 
das pessoas que discriminam a língua dos outros [...]. Se 
é essa a realidade, a disposição para apontar erros na 
fala de outros não tem propósito edificante de corrigi-los; 
é antes uma forma de excluir o outro e de reforçar uma 
desigualdade percebida. (Ilari e Basso) 
Introdução 
A língua não é imutável e homogênea. Ela está em constantes modificações. 
O nosso português originou-se do latim vulgar, que, por sua vez, veio de outra 
língua. Os estudiosos afirmam que as variações de qualquer língua não são 
aleatórias, pois há alguma razão para que elas ocorram. Dificilmente dois falantes 
se expressam do mesmo modo, assim como um único falante raramente se 
expressa da mesma maneira. Por exemplo, um falante pode dizer chegamos como 
[chegãmus], e outro como [chegãmu], um mesmo falante pode utilizar essas duas 
formas em situações diferentes. 
Há vários fatores que contribuem para a variação linguística. Entre elas, estão 
a identidade do emissor e do receptor e condições sociais de produção. Em 
relação ao primeiro fator, pertencem as variantes geográficas e socioculturais (nível 
social, grau de escolaridade, idade, sexo, profissão). Em relação ao segundo, 
pertencem as variantes de registro ou estilísticas, que se referem à adequação da 
linguagem à finalidade específica da interação verbal, ou seja, adequar a linguagem 
à situação e à identidade do receptor. É sobre língua, linguagem, fala e variações 
linguísticas que conversaremos neste capítulo. 
 
4.1 O que é língua, linguagem e fala? 
 Começaremos este capítulo com algumas definições de língua elaboradas por 
alguns linguistas brasileiros renomados. Você verá que grande parte deles sente 
dificuldade em defini-la, não por falta de conhecimento, mas por causa da 
complexidade. Vamos às definições. 
 
4.1.1 Língua 
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 Fiorin (2003, p. 72) assevera que não se satisfaz com definições da língua 
que a veem 
[...] como instrumento de comunicação, ou como um sistema ordenado com 
vistas à expressão do pensamento, nada disso. 
[...] a linguagem humana é a condensação de todas as experiências 
históricas de uma dada comunidade, é nesse sentido que nós temos que 
ver a língua. [...] o aspecto mais relevante a verificar é que a língua é, de 
certa forma, a condensação de um homem historicamente situado (grifo 
nosso). 
 
 Marcuschi (2003, p. 132) acredita que 
[...] a língua deve ser entendida principalmente como uma atividade e não 
um sistema ou forma. Ela é um domínio público de construção simbólica 
e interativa do mundo, ou seja, uma “atividade constitutiva” [...]. Língua é 
mais do que um conjunto de elementos sistemáticos para dizer o mundo. 
[...] Língua se manifesta como uma atividade social e histórica desenvolvida 
interativamente pelos indivíduos com alguma finalidade cognitiva, para dar a 
entender ou para construir algum sentido. [...] língua é atividade 
sociointerativa (grifo do autor). 
 
E de acordo com Geraldi (2003, p. 78) 
[...] a língua é o produto de trabalho social e histórico de uma 
comunidade. É uma sistematização sempre em aberto. [...] É o produto de 
um trabalho do qual ela mesma é instrumento. [...] a língua, enquanto esse 
produto de trabalho social, enquanto fenômeno sociológico e histórico, 
está sendo sempre retomada pela comunidade de falantes. E ao retomar, 
retoma aquilo que está estabilizado e que se desestabiliza na concretude do 
discurso, nos processos interativos de uso dessa língua (grifo nosso). 
 
Você deve ter observado que os pesquisadores acreditam que a língua é um 
fenômeno social e histórico. Isso significa que não podemos vê-la simplesmente 
como uma forma de comunicação ou de expressão do pensamento. A língua é uma 
atividade sociointerativa, pois por meio dela os sujeitos agem uns sobre os outros e 
realizam suas práticas sociais. 
E então qual a diferença entre língua e linguagem? 
 
4.1.2 Linguagem 
Para Matos (2003), a linguagem é um sistema cognitivo e por meio dele 
podemos adquirir línguas, ou seja, a língua seria uma manifestação particular da 
linguagem. Marcuschi (2003, p. 133) acrescenta que a linguagem é uma faculdade 
da espécie humana, e a língua é “uma das formas de se organizar, efetivar, 
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concretizar essa faculdade humana, assumindo histórica, social e culturalmente uma 
determinada maneira de ser”. 
Fiorin (2003, p. 72) contribui para a definição de linguagem ao afirmar que “a 
língua é uma maneira particular pela qual a linguagem se apresenta. A linguagem 
humana é essa faculdade de poder construir mundos. [...] E a língua é uma forma 
particular dessa faculdade de criar mundos”. Ataliba de Castilho (2003, p. 53) 
concorda com os autores citados ao afirmar que a “linguagem encerra um 
entendimento mais amplo do que língua. A língua é só de natureza verbal e a 
linguagem não, é o conjunto de todos os sinais que o ser humano foi criando”. 
 Então a língua é uma das manifestações possíveis da linguagem e ambas se 
realizam nas práticas sociais pelos sujeitos. 
 
4.1.3 Fala 
Recorremos à teoria de Saussure para definir o que é fala. O autor assevera 
que 
[...] o estudo da linguagem comporta duas partes: uma essencial tem por 
objeto o estudo da língua, que é social em sua essência e independe do 
indivíduo; a outra, secundária, tem por objeto a parte individual da língua, 
isto é, a fala,e compreende a fonética: ela é psicofisiológica (SAUSSURE 
apud DUBOIS et al., 2004, p. 261). 
 
Como você já tinha visto antes, a língua é produto social. Já a fala é 
individual, particularizada, meio pelo qual a língua se realiza por determinado sujeito. 
Chegamos, nesse ponto dos estudos, à seguinte conclusão: língua é o que 
permite a comunicação em determinada comunidade linguística, em determinado 
grupo social. Diferencia-se da fala porque, enquanto a língua é um conjunto de 
potencialidades da fala, a fala é um ato de concretização da língua. Então o que 
diferencia fala de língua é que a língua é sistemática, tem certa regularidade e é 
falada por uma determinada comunidade; já a fala é parcialmente sistemática, pois é 
variável e realizada individualmente. 
 
Recapitulando: a linguagem é uma característica humana universal; enquanto a 
língua é a linguagem particularde uma comunidade, um grupo, um povo; já a fala é 
a realização concreta da língua feita por um indivíduo. 
 
E a língua é utilizada pelos falantes da mesma forma? Esse é o próximo 
assunto: a variação dialetal do português no Brasil. 
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4.2 Variação dialetal 
Qualquer língua, falada por qualquer comunidade, exibe sempre variação. 
Pode-se afirmar mesmo que nenhuma língua se apresenta como entidade 
homogênea. Isso significa dizer que qualquer língua é representada por um conjunto 
de variedades. Concretamente, o que chamamos de “língua portuguesa” engloba os 
diferentes modos de falar utilizados pelo conjunto de seus falantes no Brasil, em 
Portugal, em Angola, em Moçambique, em Cabo Verde, em Timor etc. 
Língua e variação são inseparáveis, e essa diversidade da língua não deve 
ser encarada como um problema, mas como uma qualidade constitutiva do 
fenômeno linguístico. Os falantes adquirem as variedades linguísticas próprias de 
sua região, de sua classe social, de seu grau de escolaridade, de sua profissão etc. 
 Ilari e Basso (2006) questionam o fato de muitos escritores e estudiosos 
afirmarem que a língua portuguesa é uniforme. Os autores argumentam que essa 
afirmação é um mito, pois esconde em si um nacionalismo exacerbado, uma visão 
limitada do uso da língua e uma negação da variação, como se os falantes não se 
adaptassem aos contextos de produção de textos orais e escritos. Seguindo essa 
linha de raciocínio, Bagno (2007, p. 40) acrescenta que, para a sociolinguística, a 
variação é “estruturada, organizada, condicionada por vários fatores”. 
 Concordamos com os autores citados quando afirmam que a uniformidade da 
língua é um mito e que a variedade não é caótica. Procuraremos mostrar isso a você 
discorrendo sobre as variações através do tempo, geográficas, sociais, decorrentes 
dos modos de comunicação. Começaremos pelas variações promovidas pelo tempo. 
 
4.2.1 Variação através do tempo 
 As variações que ocorrem na língua através do tempo podem ser externas e 
internas. A variação externa pode ser descrita como a que ocorre em razão das 
funções sociais da língua e em sua relação com a comunidade linguística. Como 
exemplo, podemos citar a evolução do latim para a língua portuguesa. A variação 
interna se relaciona ao léxico e à gramática: mudanças que ocorrem na fonologia, 
na morfologia e na sintaxe (ILARI; BASSO, 2006). Por exemplo, na época do 
descobrimento do Brasil, escrevia-se “dereito”, “frecha”, “escuitar”, “deseja de 
comprar” (presença da preposição “de”), “esta gente padecem” (verbo no plural com 
o sujeito no singular) (ALKMIN, 2003). Hoje não escrevemos mais assim! 
 
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 Mas atenção: Ilari e Basso (2006) asseveram que podemos pensar que a 
variação através do tempo só ocorra em períodos muito distantes, de século em 
século, o que não é verdade. Os autores afirmam que podemos fazer comparação 
diacrônica da língua até mesmo no intervalo de geração para geração. É o caso das 
gírias, que podem não fazer sentido para determinados indivíduos de uma geração e 
ser bastante conhecidas por indivíduos de outra geração. Você sabe o que é “levar 
uma tábua”? E “cair a ficha”? “Ela é um pão”? Pergunte aos seus pais... 
 O importante é que você saiba que, “[...] na língua que falamos hoje, 
convivem palavras e construções que remontam a épocas diferentes” (ILARI; 
BASSO, 2006, p. 153). Assim, alguns optam, conscientemente ou não, por 
construções e léxico mais antigo, mesmo que isso represente um distanciamento em 
relação à língua falada hoje. Mas, como os autores afirmam, “independentemente 
disso tudo, a língua muda” (ILARI; BASSO, 2006, p. 154). 
 
4.2.2 Variação na dimensão do espaço 
 Segundo Preti (2000), essas variedades são responsáveis pelos 
regionalismos, provenientes de dialetos ou falares locais. Compreendem-se as 
diferenças que uma mesma língua pode apresentar na dimensão espacial. 
Normalmente, essa variação nos leva a comparar o português do Brasil com o de 
Portugal. Vejamos alguns exemplos entre o português europeu e o português do 
Brasil. 
 
Quadro 1 – Exemplos de termos do português europeu e do Brasil 
Português do Brasil Português Europeu Português do Brasil Português Europeu 
Fila Bicha Carteira de 
Identidade 
Bilhete de Identidade 
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Cafezinho Bica / Biquinha Favela Bairro de Lata 
Restaurante Casa de Pasto Suco Sumo 
Aeromoça Hospedeira de Bordo Torcida Claque 
 
 O Brasil, por ser um país bastante extenso e com regiões com culturas e 
condições sociais distintas, apresenta muitas variações linguísticas. Outro aspecto 
que devemos levar em consideração é o fato de existir uma intensa migração interna 
no país, o que resulta em “variedades linguísticas de procedências diferentes, entre 
as quais criam diferenças de status e prestígio” (ILARI; BASSO, 2006, p. 161). Assim 
fica difícil separarmos, com precisão, o que é variação na dimensão do espaço e o 
que é variação a partir de fatores sociais. 
 
 Como exemplos de variação na dimensão do espaço, podemos citar (entre 
tantos outros existentes) os relativos ao léxico, à ordem fonológica e à 
morfossintática. Na fonologia, podemos observar as mudanças que ocorreram na 
pronúncia de algumas palavras, como nas vogais médias (“e”, “o”) pretônicas. No 
Nordeste, elas têm pronúncias abertas ([mƐladƱ]), enquanto que, no Sudeste, são 
fechadas ([meladƱ]). Na morfologia, citamos como exemplo os vocábulos mexerica, 
tangerina, mimosa, bergamota, cujo uso varia conforme a região em que vive o 
falante. Na sintaxe, notamos a preferência pela posposição verbal da negação, 
como “tem não”, no Nordeste, enquanto que, no Sudeste, se usa “não tem” ou "não 
tem, não” (ALKMIN, 2003). E na sua região como vocês falam? 
Uma observação importante feita por Ilari e Basso (2006) diz respeito à falta 
de delimitação geográfica das variações na dimensão do espaço. Segundo os 
autores, seria necessário um trabalho conjunto de pesquisadores e de dialetólogos 
para que as variações pudessem ser localizadas com precisão. 
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4.2.3 Variação entre os estratos da população 
Essas variedades estão condicionadas à identidade dos falantes, bem como 
à organização sociocultural da comunidade de fala. Classe social, grau de 
escolaridade, idade, sexo são alguns desses fatores. É conhecida também como o 
tipo de variação que é percebida quando se comparam diferentes estratos sociais de 
um grupo linguístico. 
 
 Vários estudiosos procuram descrever a variedade subpadrão do português 
falado pelos mais pobres (consequentemente, menos escolarizados), entre eles 
Castilho (apud ILARI; BASSO, 2006). O estudioso cita como principais 
características da variedade subpadrão fatores relacionados à pronúncia, ao léxico e 
à construção dos enunciados. Citamos, por exemplo, a troca do [l] pelo [r] em 
encontros consonantais, como em “brusa”, “grobo” ou a tripla negação, como em “eu 
nem não gosto”, usadas por falantes situados abaixo na escala social (ALKMIN, 
2003). 
Apesar de essa variedade falada poder soar “estranha” aos nossos ouvidos, o 
que importa é sabermos que, quando entramos em contato com qualquer variedade 
subpadrão, “[...] estamos diante de um outro código, e não de erros devidos às 
limitações mentais dos indivíduos que o empregam”. 
Você deve saber que há maneiras diversas de dizer a mesma coisa, e que 
cada variedade deve ser adequada ao momento da comunicação, ao contexto da 
prática social. 
No quadro 2, apresentamos, a partir de Preti (2000), algumas diferenças da 
estrutura morfossintática entre as variantes culta e popular. 
Quadro 2 - Diferenças entre a variante cultae a popular 
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 Variante culta Variante popular 
Indicação precisa das marcas de gênero, 
número e pessoa (Ex.: Os meninos 
compraram dois pães.) 
Economia nas marcas de gênero, número e 
pessoa (Ex.: Os menino comprou dois pão). 
Maior utilização da voz passiva (Ex.: Foi 
atropelada por um carro.) 
 
Maior emprego da voz ativa, em lugar da passiva 
(Ex.: Um carro pegou ela). 
Organização gramatical cuidada da frase. 
 
Simplificação gramatical da frase, emprego de 
bordões do tipo então, aí etc. 
Variedade da construção da frase (Vi-o, 
encontrei-a etc.). 
 
Emprego dos pronomes pessoais reto como 
objetos (Ex.: Vi ele, encontrei ela etc.). 
 
4.2.4 Variação dos modos de comunicação (fala/escrita) 
A oralidade sempre foi vista como algo que ocorria separadamente da escrita, 
e esta sempre gozou de um status mais elevado em relação àquela. Mas é 
necessário compreendermos que as duas se complementam, relacionando-se de 
forma recíproca, ora a fala transformando a escrita, ora a escrita transformando a 
fala. 
 
Veremos, de forma mais detalhada, as diferenças dessas duas modalidades 
no capítulo 6. 
Qualquer falante sabe que, conforme o gênero que utilizamos (determinado 
pelo contexto, interlocutor, finalidade etc.), elegemos uma variedade linguística que 
seja adequada a ele. Assim também fazemos com os meios pelos quais os textos 
são distribuídos. Por exemplo, se publicarmos uma descoberta científica em um 
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jornal, utilizaremos uma variante diversa daquela que utilizaríamos se publicássemos 
a mesma descoberta em uma revista científica. E em um e-mail encaminhado a um 
amigo, você escreveria seus textos de que forma? Utilizaria a mesma estrutura e 
vocabulário que utiliza quando faz um requerimento na Universidade? Ilari e Basso 
(2006, p. 187) acrescentam que 
[...] todos esses gêneros, além de ter marcas exteriores próprias, e de 
obedecer a convenções interpretativas próprias, fazem também um uso 
muito particular da língua, chegando às vezes a desenvolver uma sublíngua 
exclusiva. A sublíngua de um gênero caracteriza-se normalmente não só 
pela frequência maior de certas palavras [...], mas pode ser marcada 
também pela alta frequência de construções gramaticais que não seriam 
comuns em outros gêneros. 
 
Podemos perceber o que os autores afirmam quando entramos em contato 
com gêneros que não fazem parte do nosso dia a dia, como, por exemplo, um 
boletim de ocorrência policial. Com certeza, estranharíamos a estrutura e o 
vocabulário normalmente utilizados nesse gênero. Isso estuda a variação exposta a 
seguir. 
 
4.2.5 Variação relacionada ao contexto, à estilística ou aos registros 
Nesse tipo de variação, os falantes diversificam sua fala e usam estilos 
distintos considerando as circunstâncias, o contexto social das interações verbais. 
Como exemplo, podemos citar a conversa entre amigos, uma palestra em uma 
Universidade, ou ainda quando escrevemos um bilhete à/o esposa/o ou ao chefe. 
 
Preti (2000) também denomina essa variação como estilística, no sentido 
de que o falante, conforme a situação, escolhe um estilo que julga mais conveniente 
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para expressar o seu pensamento. Nesse sentido, ele trabalha com os termos níveis 
de fala ou registros. Por exemplo, você não falará Meu chapa, vai ficar alugando 
esse telefone até quando? em um jantar com pessoas estranhas ou pouco 
familiares. Utilizará por favor, poderia me passar o açúcar. Meu chapa, vai ficar 
alugando o açucareiro até quando? você poderá usar em uma mesa de bar, por 
exemplo, em que se compartilha com pessoas do círculo íntimo. 
No quadro 3, apresentamos os níveis de registros do uso da língua. 
 
Quadro 3 – Níveis de registros do uso da língua 
NÍVEIS DE USO DA 
LÍNGUA 
(REGISTROS) 
FORMAL 
Situações de formalidade 
Predomínio da variante culta 
Comportamento linguístico mais refletido, mais tenso 
Vocabulário técnico 
 COMUM 
COLOQUIAL 
Situações familiares ou de menor formalidade 
Predomínio da variantepopular 
Comportamento linguístico mais distenso 
Linguagem afetiva, expressões obscenas 
Fonte: Preti (2000) 
Portanto, não podemos usar o mesmo tipo de variante todas as situações 
comunicativas. Há situações formais que requerem o uso da língua culta, um uso 
mais cuidadoso da língua, como, por exemplo, no ambiente de nosso trabalho, na 
apresentação de um trabalho na Universidade, na participação do fórum de 
discussão. Nesses casos, não podemos empregar a mesma varianteusada em casa, 
com os nossos amigos. Em textos escritos formais, devemos ficar mais atentos para 
não utilizarmos expressões da oralidade e nem o internetês. 
 
4.3 Língua urbana de prestígio 
Essa variedade, também conhecida como língua padrão, segue as regras da 
gramática normativa e é tida como parâmetro para as outras variedades. Porém, 
para alguns autores, como Silva (1997, p. 14), além da norma dessa variedade 
linguística, existem também as normas normais ou sociais. Essas são normas que 
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definem grupos sociais de uma determinada sociedade. Em geral, distinguem-se em 
normas sem prestígio social e em normas de prestígio social. 
 
Apesar de ser a variedade dialetal de prestígio social, a norma padrão não 
apresenta características superiores a outra qualquer, ainda que tenha sido eleita 
como o padrão de linguagem correta. Essa eleição deve-se à necessidade de 
uniformização de uma língua na qual serão registrados os documentos e os fatos da 
sociedade. 
 
Fique atento! 
O nível de prestígio social é a língua culta e, se não quisermos ser 
discriminados por grupos que a praticam, devemos conhecê-la e utilizá-la em 
situações comunicativas formais. 
 
Para encerrarmos este capítulo, convém lembrar que todas as variações aqui 
citadas estão presentes, juntas, nos textos e podem ser aplicadas a qualquer 
produção da fala ou da escrita. O que é preciso entender é que, para cada situação 
da prática social, existe uma forma de falar considerada mais adequada. E nenhuma 
é superior à outra, porque todas as variantes constituem e tornam a nossa língua 
materna viva. 
 
 
 
 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 54 
 
Atividades 
Questão 1: 
Analise com atenção as imagens retiradas do Google Imagens e identifique as variantes 
linguísticas. 
a) 
b) 
c) 
d) 
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e) 
 
Questão 2: 
A partir das variações linguísticas e das situações comunicativas, analise os itens a seguir. 
I) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que fala com seu amigo. 
II) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” – alguém comenta em 
uma reunião de trabalho. 
III) “Venho manifestar meu interesse em participar de sua festa no sábado próximo” – alguém 
que escreve uma mensagem no WhatsApp a seu amigo. 
IV) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – um repórter comenta o acidente ao 
vivo em um canal de TV em rede nacional. 
V) “Na semana passada, os magistrados do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro passaram a 
receber mais um injustificável benefício – ou, para usar a expressão do desembargador Luiz 
Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente da corte, um simples ‘estímulo’” – um colunista 
escreve em artigo de opinião de um jornal de circulação nacional. 
Em quais itens não ocorre adequação da linguagem à situação comunicativa? 
a) Apenas em I e III. 
b) Apenas em I e II. 
c) Apenas em III e IV. 
d) Apenas em I, III e IV. 
e) Apenas em I e IV. 
 
Questão 3: 
Identifiqueem que variante linguística está escrito cada fragmento a seguir: 
 
a) “O ativista atropelado não pensou em parar de usar a bicicleta como meio de transporte. 
Os cuidados com a segurança redobraram, assim como aumentou a preocupação 
ao sair de casa e pedalar nas ruas”. 
 
b) “ontem de noite eu vinha vindo do colégio o trânsito estava tudo parado ali na altura do 
Limoeiro um monte de viatura da polícia sirene ligada uma confusão danada e eu 
sozinha morrendo de medo sei lá a gente não dá conta do que passa pela cabeça 
nessa hora aí”. 
 
 
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c) “Administração pública é um conceito da área do direito que descreve o conjunto de 
agentes, serviços e órgãos instituídos pelo Estado com o objetivo de fazer a gestão de 
certas áreas de uma sociedade, como Educação, Saúde, Cultura, etc”. 
 
d) “Kd vc k naum dexo coments no meo flog pra eu fla ctg?” 
 
e) “Eu di um beijo nela 
 E chamei pra passear 
 A gente fomos no shopping 
 Pra mó de a gente lanchar”. 
 
Questão 4: 
Analise o uso das variantes que você faz no dia a dia, especifique-as e comente em que 
situações comunicativas as utiliza. 
 
 
Analise a situação apontada nas imagens a seguir para responder à questão 5 
. 
Questão 5: 
Podemos afirmar que houve adequação da linguagem na situação comunicativa 
apresentada na imagem? Explique. 
 
Referências 
ANTUNES, Irandé. Gramática contextualizada: limpando “o pó das ideias simples”. 
São Paulo: Parábola Editorial, 2014. 
ALKMIM, T. M. Sociolinguística. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução 
à linguística 1. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. 
São Paulo: Parábola, 2007. 
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FÁVERO, L. L; ANDRADE, M. L. C. V. O.; AQUINO, Z. G. O. Oralidade e escrita: 
perspectiva para o ensino de língua materna. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000. 
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos a língua que 
falamos. São Paulo: Contexto, 2006. 
PRETI, D. Sociolinguística:os níveis de fala: um estudo sociolinguístico do diálogo na 
Literatura Brasileira. 9. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000. 
SILVA, R. V. M. Contradições no ensino de português: a língua que se fala na língua 
que se ensina. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1997. 
 
 
 
Vida Maria é um projeto de animação premiado no “3º Prêmio Ceará de 
Cinema e Vídeo”, realizado pelo Governo do Estado do Ceará, em 2006. 
 
Ficha técnica 
Gênero: Animação (curta-metragem) 
Direção: Márcio Ramos 
Ano: 2006 
Duração: 9 min 
Produção: Joelma Ramos, Márcio Ramos 
Coprodução: Trio Filmes, VIACG 
Roteiro e edição: Márcio Ramos 
Vozes: Márcio Ramos 
 
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 CAPÍTULO 5: O PARÁGRAFO E A PRODUÇÃO TEXTUAL 
Escrever é uma atividade complexa, resultado de uma boa 
alfabetização, hábito de leitura, formação intelectual, 
acesso a boas fontes de informação e muita, muita prática. 
(Dad Squarisi e Arlete Salvador) 
 
Introdução 
A sociedade contemporânea exige pessoas que escrevam bem. Comunicamo-
nos por e-mail e nas redes sociais. No nosso trabalho, fazemos ofícios, relatórios, 
memorandos ou qualquer outro tipo de documentos. Nessas situações, é necessário 
ser claro, conciso, coerente, usar a coesão, estar atento à correção gramatical e à 
unidade temática e apresentar argumentos adequados para ser convincente. Esses 
são fatores responsáveis pela qualidade, estudados no capítulo anterior. 
Sabemos que produzir um texto de qualidade não é fácil. Nem por isso devemos 
desanimar. Precisamos treinar muito para conseguirmos aperfeiçoar nossa escrita. Por 
isso, neste capítulo, daremos continuidade à produção textual. Veremos o que é 
parágrafo, analisaremos sua estrutura e examinaremos formas de elaborar o tópico 
frasal, o desenvolvimento e a conclusão, que lhe ajudarão na produção de seus textos. 
É importante ter esses conhecimentos, mas o primordial é conhecer o assunto sobre o 
que escreverá. Portanto, mantenha-se informado lendo bons livros, jornais e revistas e 
praticando o que verá neste capítulo. 
 
6.1 Parágrafo: conceituação 
Garcia (2000, p. 203) define o parágrafo como “uma unidade de composição, 
constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve ou se explana 
determinada ideia central, a que geralmente se agregam outras, secundárias, mas 
intimamente relacionadas pelo sentido". Portanto, um parágrafo bem elaborado não é 
apenas a exposição de uma ou várias informações, mas, além de apresentar a 
informação, é preciso desenvolvê-la. 
O conceito exposto se aplica ao chamado parágrafo padrão, que é constituído 
de três partes essenciais: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão. No entanto 
há diferentes formas de construção do parágrafo, dependendo da natureza do assunto, 
do gênero da composição, do objetivo do autor e do tipo de leitor a quem se destina o 
texto escrito. 
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Depois de analisarmos o conceito de parágrafo, é interessante conhecermos a 
sua estrutura detalhadamente, a fim de organizá-lo. 
 
6.2 Parágrafo: redação 
Neste item, explicitaremos cada uma das partes do parágrafo padrão, como se 
dá sua redação e suas formas diversas de construção. Fique atento! 
 
6.2.1 A formulação do tópico frasal 
Como já estudamos no capítulo 2, o tópico frasal traduz, de maneira geral e 
sucinta, a ideia-núcleo do parágrafo. Ele introduz o assunto e o aspecto desse 
assunto, a ideia central com o potencial de gerar outros períodos, chamados de ideias 
secundárias. Serve para orientar o desenvolvimento do parágrafo. Assim, o tópico 
frasal garante que você não se afaste do objetivo estabelecido e mantenha a coerência 
do texto. 
Passemos ao estudo das principais formas de elaborar o tópico frasal do 
parágrafo, a partir do que é exposto por Abreu (2004) e Viana (2000). 
 
• Declaração inicial: você inicia o parágrafo com uma declaração sucinta na qual 
apresenta o assunto e seu aspecto que serão desenvolvidos no parágrafo, como 
podemos observar no exemplo a seguir. 
A remuneração dos executivos de finanças que trabalham em São Paulo está entre as 
maiores do mundo. O salário médio anual desses profissionais é de 545.000 reais, sem 
contar o bônus. Os brasileiros só perdem para seus pares em Nova York, que recebem 
640.000 reais, e para os de Londres, que ganham 590.000 reais. Os brasileiros ficam na frente 
dos chineses, dos espanhóis e dos franceses. Os dados vêm de uma pesquisa divulgada no 
mês passado pela Robert Walters, consultoria inglesa de recrutamento executivo, que analisou 
informações de 53 empresas em 24 países (VOCÊ S/A, ed. 179, abr. 2013, p. 46). 
 
Você deve ter notado que o autor apresentou uma declaração sucinta no tópico 
frasal (em negrito) e depois a desenvolveu em outros enunciados (ideias secundárias 
que são o desenvolvimento da informação exposta no tópico frasal). 
 
• Definição: você abre o parágrafo com uma definição. É o que podemos notar no 
parágrafo a seguir, em que o autor define a expressão “céu de brigadeiro”. 
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“Céu de brigadeiro” é uma gíria carioca que foi popularizada pelos locutores de rádio. 
Ela é dita quando alguém pretende descrever um dia em que tudo parece conspirar a 
favor ou mesmo para dizer que o dia está bonito. Surgiu entre as décadas de 1940 e 1950. 
Na época, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil, responsável por boa parte do tráfego aéreo. 
Brigadeiro é o posto máximo da Aeronáutica. E é um oficial que só comanda um avião quando 
o céu está limpo, sem nuvens. Por isso, ao dizer que o céu estava “de brigadeiro”, a intençãoera reforçar que não havia problemas à vista. (Aventuras na História, n. 48, ago. 2007, p. 19). 
 
• Divisão: o tópico frasal é apresentado sob a forma de divisão ou discriminação 
das ideias que serão desenvolvidas no parágrafo. Essa forma é apresentada no 
exemplo a seguir, em que o autor menciona que o tiro de escopeta no 
sindicalista Chico Mendes “fez surgir dois mitos”, apresenta-os e os explana no 
desenvolvimento. 
 
O tiro de escopeta que cravou 42 grãos de chumbo no peito do sindicalista Chico 
Mendes poucos dias antes do Natal de 1988 tirou-lhe a vida e fez surgir dois mitos. O 
primeiro conferiu ao seringueiro uma aura heroica, de mártir das matas de Xapuri, no Acre. O 
segundo se refere à nova ideologia que se propagou a partir das causas defendidas por Chico 
Mendes. Para ele, o modo de vida extrativista seria capaz de proporcionar um sustento digno 
aos povos da floresta sem prejuízo ambiental, desde que amparado pelo governo. Ou seja, em 
vez de derrubar a mata para dar lugar à agropecuária, a população local poderia viver da coleta 
de seivas e frutos e da venda da madeira de árvores mais velhas. [...] (Veja, n. 8, 20 fev. 2013, 
p. 107). 
 
• Alusão histórica: você introduz o parágrafo mencionando um fato ou um 
período histórico, como podemos observar no parágrafo a seguir, em que o 
autor faz referência ao primeiro século da era cristã. 
 
Ao longo do primeiro século da era crista, pelo menos dez pessoas diferentes se 
declararam "messias". A expressão “messias” significa "o consagrado" e remete à profecia de 
um descendente do rei judeu Davi que iria reconstruir Israel em toda a sua força. É por isso que 
os Evangelhos dizem que Jesus nasceu em Belém, a terra de origem do rei mítico, enquanto 
os historiadores acreditam que ele veio ao mundo em Nazaré, na época um pequeno vilarejo 
de apenas 500 habitantes. (Aventuras na História, ed. 101, dez. 2011, p. 30 (adaptado)). 
 
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• Pergunta: o parágrafo é iniciado com uma interrogação. A pergunta deve ser 
respondida ou esclarecida no desenvolvimento, como podemos notar no 
exemplo a seguir, em que o autor esclarece no desenvolvimento o que 
questionou no tópico frasal. 
 
Quem disse que o cérebro não precisa de boa alimentação? Assim como, para manter o 
corpo em forma, seguimos uma alimentação balanceada, o cérebro também pede alimentos 
pouco calóricos, muitas frutas, verduras, vegetais e peixes. Afinal, os antioxidantes, além de 
contribuírem para uma aparência mais jovem, ajudam o cérebro a se rejuvenescer. (Língua 
Portuguesa, ed. 34, jan. 2012, p. 18). 
 
• Citação: consiste em mencionar trecho de algum autor, livro, revista, dados de 
pesquisa etc. A citação pode ser: direta (quando citamos as palavras ditas ou 
escritas por alguém, por isso devemos usar as aspas); ou indireta (quando 
reproduzimos com nossas palavras o que o autor disse ou escreveu). Observe, 
no parágrafo a seguir, um exemplo de tópico frasal com citação indireta, que 
expõe o posicionamento da crítica em relação ao jazz. 
 
O jazz estagnou, mudou-se e não deixou endereço conhecido, morreu para nunca mais 
voltar. Esse costuma ser o tom da crítica mais ranheta e nostálgica, que há muito acusa 
a falta de inovação do gênero musical americano. Existe aí uma parcela de razão: desde 
que o trompetista Miles Davis aproximou os improvisos do jazz à pulsação do rock em Bitches 
Brew, de 1970, não apareceram mais novas receitas nem ideias para fusões tão instigantes. 
Mas isso não significa que os jazzistas tenham perdido toda a capacidade de se renovar. 
Basicamente, eles hoje utilizam a régua e o compasso – no caso, os ritmos – da tradição para 
fazer figuras geométricas diferentes. [...]. (Veja, n. 23, 6 jun. 2012, p. 174). 
 
Você pode perceber, nos exemplos expostos, que as sentenças iniciais 
introduziram o assunto, que é a ideia central. A partir dessa ideia, surgiram outros 
períodos que orientaram o desenvolvimento do restante do parágrafo. 
Depois de aprendermos como podemos iniciar a elaboração de um parágrafo, 
examinaremos as formas para construir seu desenvolvimento. 
 
6.2.2 O desenvolvimento do parágrafo 
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Nessa etapa de redação do parágrafo, você passa a expandir as ideias 
indicadas no tópico frasal. Para isso, em primeiro lugar, deve selecionar aspectos ou 
detalhes particulares que desenvolvam o tópico frasal e, após, ordená-los, ou seja, 
construir um plano de desenvolvimento que servirá como forma de controle. Isso 
evitará a inclusão de aspectos ou detalhes desnecessários ou incoerentes com o 
objetivo fixado. 
Veremos as formas de construir o desenvolvimento do parágrafo a partir do que 
é exposto por Garcia (2000). 
• Ordenação por enumeração: consiste em enumerar diferentes situações ou 
características de um fato expresso de modo genérico no tópico frasal. 
Organiza-se, frequentemente, por meio de certos articuladores que têm a função 
de marcar a ordem, segundo a qual os detalhes do fato são apresentados. 
Alguns desses articuladores são: primeiro, segundo, em primeiro lugar, em 
segundo lugar, inicialmente, após, a seguir, depois, em seguida, mais adiante, 
por fim, ainda, além, também etc. Analisemos o desenvolvimento por 
enumeração no seguinte parágrafo. 
 
Há três motivos prováveis para o comportamento ofensivo ou falta da boa educação em 
discussões sobre temas polêmicos nas redes sociais. O primeiro é que o contato a distância, 
pela internet, não dispõe dos elementos que provocam empatia com o interlocutor, como o 
olhar, a expressão corporal e o tom de voz, e que servem de freio às ofensas. Quando se está 
frente a frente com alguém, até a disposição para tocar em temas sensíveis diminui. O 
segundo motivo é que as redes sociais colocam na mesma sala virtual amigos próximos e 
meros conhecidos. Nas relações do mundo real, as pessoas se afastam naturalmente de 
amigos com os quais deixaram de ter afinidade por alguma razão – seja por terem adotado 
estilos de vida diferentes, seja pelas posições políticas. As redes sociais, grosso modo, nos 
fazem essa distinção e muitas vezes obrigam o dono do perfil a ler as opiniões desbaratadas 
publicadas por "amigos" com os quais mantém apenas uma relação superficial. Terceiro, as 
redes on-line incentivam os membros a expor seu lado militante. O mural (onde as mensagens 
são publicadas) do Facebook, por exemplo, é, como o próprio nome sugere, um ótimo lugar 
para "colar" cartazes e "estender" bandeiras ideológicas virtuais. Ali se faz proselitismo de 
vegetarianismo, de crenças religiosas, de posições políticas e de outras causas. Como não há 
botão de "Não Curtir" no Facebook, resta discordar por meio de um comentário ou se calar. 
(Veja, n. 6, 8 fev. 2012, p. 86-87). 
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O parágrafo em análise exemplifica a ordenação por enumeração, em que o 
autor aponta os três prováveis motivos que levam as pessoas a serem ofensivas e sem 
educação nas discussões de temas polêmicos em redes sociais. 
 
• Ordenação por causa-consequência: consiste em indicar a(s) causa(s) do fato 
apresentado e o(s) resultado(s) ou efeito(s) produzido(s). A relação causa-
consequência, estabelecida entre períodos de um mesmo parágrafo, ou é evi-
denciada por expressões (articuladores) que a introduzem ou é percebida 
semanticamente, ou seja, por meio da interpretação das ideias relacionadas. 
São expressões indicadoras de causa: porque, já que, visto que, uma vez 
que, pois, a razão disso, a causa disso, devido a, por motivo de, em virtude de, 
graças a etc.; de consequência: tão que, tal que, tanto que, tamanho que, de 
forma que, de maneira que, de modo que, em consequência, como resultado, 
por isso, em vista disso etc. 
Analisemos de que forma a ordenaçãopor causa é trabalhada no 
parágrafo a seguir. 
 
Por que o transporte ferroviário é tão precário no Brasil? O país se afastou dos trilhos nos anos 
1950, com plano de crescimento rápido do presidente Juscelino Kubitschek, que priorizou 
rodovias. A construção de ferrovias era lenta para fazer o Brasil crescer “50 anos em cinco”, 
como ele queria. [...] Além disso, o lobby das rodovias foi forte. Desde a era JK, os 
investimentos e subsídios no setor são grandes, não só para abrir montadoras. Outro 
responsável foi o café, em baixa nos anos 1930. Ele era transportado, principalmente por trens, 
então, várias empresas férreas faliram com a falta de trabalho. Em 1957, o governo estatizou 
as companhias ferroviárias. Desde então, o foco é o transporte de carga. Por isso, em 2012, os 
trens carregam só 3% dos passageiros do País (isso porque incluímos o metrô na conta). Mas, 
na próxima década, o cenário deve mudar. (Superinteressante, ed. 315, fev. 2013, p. 24). 
 
O autor expõe as causas de o transporte ferroviário ser tão precário no 
Brasil: plano de crescimento rápido do presidente JK, que priorizou rodovias devido à 
construção de ferrovias ser muito lenta; investimentos e subsídios altos tanto para abrir 
estradas como para atrair montadoras; falência de empresas férreas devido à baixa do 
café, transportado principalmente por trens; estatização das companhias ferroviárias 
com o foco no transporte de carga. Você deve ter notado também que, para expor as 
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causas, o autor utilizou a enumeração: “além disso” e “outro responsável” (releia o texto 
e verifique com mais nitidez esse detalhe). 
• Ordenação por comparação ou confronto - semelhança ou contraste: 
consiste em estabelecer um confronto de ideias, seres, coisas, fatos ou 
fenômenos, mostrando seus pontos comuns (semelhanças) ou seus contrastes 
(diferenças). Evidenciam-se expressões articulatórias como: assim como... 
também, tanto como... tanto quanto, além de... também, não só... (como) 
também, de igual modo, em ambos os casos, de um lado... de outro lado, por 
um lado... por outro lado, se por um lado... por outro lado, (para) uns... (para) 
outros, este... aquele, ao contrário..., em oposição..., enquanto..., já..., ao passo 
que..., mas..., porém etc. Observe o texto a seguir. 
 
Se há opinião unânime sobre Sigmund Freud, é a de que mudou nossa maneira de 
compreender a cultura, o outro e a nós mesmos. Mas as divergências em torno de sua pessoa 
e de sua obra são imensas. Para alguns, Freud foi um gênio, um herói que desbravou as 
profundezas do inconsciente e expôs à posteridade sua vida pessoal em um grau 
desconhecido até então, por amor à ciência [...]. Para outros, não foi mais do que uno 
charlatão, um covarde que abandona a verdade por medo da opinião pública, um homem que 
enxergava o sexual em todas as coisas, alguém que perseguia os discípulos dissidentes, que 
não media os meios para impor suas ideias. (Freud: a exploração do inconsciente. História do 
Pensamento, Fasc. 54, p. 641.) 
 
Esse parágrafo exemplifica a comparação por contraste, visto que apresenta 
opiniões divergentes em relação a Freud (gênio x charlatão). 
 
• Ordenação por tempo e/ou espaço: algumas vezes, ao elaborarmos um texto, 
surge a necessidade de organizarmos os fatos, as ideias pelo critério tempo e/ou 
espaço. As indicações de espaço são necessárias sempre que for conveniente 
mostrar o lugar em que aconteceram os fatos referidos. Já a ordenação temporal 
exprime a ordem segundo a qual o redator teve a percepção ou o conhecimento 
de algo acontecido. Pode ocorrer o emprego simultâneo dos critérios de 
ordenação de ideias por tempo e espaço. 
Examinemos as expressões indicativas dessas formas de ordenação: 
tempo: agora, já, ainda, antes, depois, em seguida, breve, logo que, finalmente, 
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frequentemente, após, antes de, à medida que, à proporção que, enquanto, 
sempre que, assim que, ultimamente, presentemente, no século tal, muitos anos 
atrás, naquele tempo etc.; espaço: longe de, perto de, em frente de, atrás de, 
diante de, detrás de, abaixo de, dentro de, fora de, aí, ali, cá, além, à direita, à 
esquerda, no país tal, no local tal etc. 
 No parágrafo a seguir, observe, a partir dos termos destacados, que o 
desenvolvimento se dá por meio de indicação de tempo e de espaço. 
 
Nos anos 80, o imenso progresso social e econômico da Coreia do Sul chamou a atenção do 
mundo. O país tornou-se o mais vistoso dos tigres asiáticos. Nessa mesma década, a menos 
de 200 quilômetros de distância, o Japão, que emergira como a grande potência asiática do 
pós-guerra, chegando ao posto de segunda maior economia do mundo, começava a declinar. 
O modelo exportador japonês criou enorme riqueza e elevou o padrão de vida dos japoneses a 
níveis extraordinários, mas a excessiva valorização cambial evoluiu para uma bolha 
especulativa que se materializou principalmente nos salários e no ramo imobiliário. No começo 
dos anos 90, o terreno do Palácio Imperial em Tóquio custava em dólares mais do que todos 
os imóveis da Califórnia. Secretárias japonesas ofereciam lances maiores do que executivos 
americanos por casas luxuosas no Havaí. Em 1992, a bolha estourou. A economia japonesa 
estagnou e, desde então, vem se arrastando com índices mínimos de crescimento. A crise 
mundial de 2007e 2008 reduziu as exportações. Um de cada três dekasseguis, brasileiros que 
foram para a terra dos avós em busca de uma vida melhor, voltou ao Brasil. No mesmo ano 
(2011) em que um terremoto seguido de tsunami quase provocou uma tragédia nuclear em 
Fukushima, o Japão perdeu o posto de segunda maior economia para a China. (Veja, n. 22, 
30 maio 2012, p. 106). 
 
• Ordenação por definição: de todas as formas de ordenação, essa é a mais 
abstrata, pois revela os atributos essenciais de um objeto, sentimentos, 
expressões por meio de sua definição. É muito utilizada em textos técnicos ou 
científicos. Nessa forma de ordenação, é frequente o emprego do verbo ser ou 
de verbos como chamar-se, denominar-se, considerar-se, tratar-se de. 
Analisemos de que maneira a ordenação de desenvolvimento por definição é 
utilizada no parágrafo a seguir. 
 
A expressão “não ter papas na língua” é uma mistura de espanhol com português. Ela tem 
origem no termo estrangeiro “no tiene pepiras en Ia lengua” - em português, "não tem pevides 
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na língua". Pevides são pequenos tumores que revestem a língua de algumas aves, 
obstruindo-lhes o cacarejo. A doença dificulta a ingestão de água e de alimentos, podendo até 
matar. No singular, pevide é ainda um distúrbio da fala - o paciente apresenta dificuldade e até 
mesmo incapacidade de pronunciar alguns fonemas. Portanto, quando fulano não tem as tais 
pepitas - que, no aumentativo em espanhol, viram as papas da expressão - na língua, significa 
que ele fala muito, à vontade e sem obstáculos. (Aventuras na História, ed. 48, ago. 2007, p. 
19). 
A ordenação do desenvolvimento por definição foi usada para explicar o 
significado da expressão “não ter papas na língua”. 
 
• Ordenação por exemplificação: consiste em elucidar um conceito ou justificar 
uma afirmação por meio de exemplos ilustrativos. O exemplo estabelece um elo, 
uma ponte entre o conceito ou a afirmativa e o leitor, principalmente quando se 
trata de algo muito abstrato. O parágrafo seguinte usa a exemplificação para 
justificar a afirmação feita no tópico frasal. 
Os visionários que tentaram levar desenvolvimento econômico e progresso social à Amazônia 
brasileira raramente foram bem-sucedidos. Em 1928, o americano que popularizou o 
automóvel, Henry Ford, fundou nas margens do Rio Tapajós, no Pará, a cidade de Fordlândia. 
O magnata queriaplantar 2 milhões de seringueiras para criar um polo de produção de 
borracha. Seu objetivo era ficar independente dos fornecedores ingleses, que detinham o 
monopólio do produto. O investimento de dezenas de milhões de dólares seria depois custeado 
pela borracha, pela madeira e pelos minerais extraídos da região. A cidade, erguida ao estilo 
americano e com casas de madeira, chegou a ter 25 000 habitantes, 5 000 deles empregados 
na iniciativa. Havia esgoto, luz elétrica, cinema, campo de golfe e um dos hospitais mais 
avançados do Brasil. Em 1936, Ford fundou outro povoado, Belterra, também próximo do 
Tapajós. O projeto fracassou. As árvores foram destruídas por pragas desconhecidas, que não 
existiam na Malásia nem na Indonésia. Ford investiu quase 300 milhões, em valores atuais, em 
sua empreitada tropical. Os 31 000 habitantes que vivem em Aveiro, onde ficava Fordlândia e 
Belterra, hoje se dedicam à agricultura e à pecuária. (Veja, n. 8, 20 fev. 2013, p. 109). 
 
Você deve ter notado que o desenvolvimento exemplifica o que é exposto no 
tópico frasal. O autor menciona o projeto visionário de Henry Ford nas margens do Rio 
Tapajós, no Pará, que, apesar de arrojado, fracassou devido às pragas desconhecidas 
que atacaram os pés de seringueiras. 
 
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• Argumento de autoridade: consiste em apresentar, no desenvolvimento, dados 
colhidos da realidade, citações de autoridades (principais autores sobre o 
assunto do qual faremos a exposição), exemplos e ilustrações, argumentos de 
valor universal (os irrefutáveis) (VIANA, 2000). Utilizando essas estratégias, 
nossos argumentos se tornam mais fortes, têm mais poder de convencimento. 
Analise o parágrafo a seguir. 
 
A grande maioria dos abusadores são pedófilos – ou, segundo o manual da psiquiatria, 
portadores de transtorno parafílico – que agem em casa, de forma dissimulada, sem apelar 
para atos violentos como espancamentos. Esse agressor, muitas vezes, é tímido, solitário e 
não tem comportamento criminoso. Inepto na relação com pessoas da sua idade, ele deseja a 
criança de forma patológica, compulsiva, agravada pela sensação de poder do homem adulto 
diante da criança pequena. Quando sai do plano da fantasia para a realidade, o que nem 
sempre acontece, tem consciência do caráter nocivo de seus atos, mas é incapaz de se 
controlar. Suas ações são planejadas, e o agressor se convence de que a criança também 
deseja o que está acontecendo e, sendo assim, ele não está fazendo nada de errado. “São 
pessoas com predileção por praticar atos sexuais com crianças, mas podem levar uma vida 
paralela aparentemente comum”, explica Antônio de Pádua Serafim, coordenador do 
Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense da Universidade de São Paulo (USP). 
Contribui para a impunidade reinante, além do silêncio da vítima, a dificuldade de estabelecer 
um perfil do agressor – os registros mostram que o abuso sexual pode acontecer em 
qualquer família, independentemente de sua situação econômica. Alerta Rosana Morgado, 
professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro: 
“Dissociar o fenômeno da pobreza é fundamental para desconstruir o mito de que ele não 
ocorre nos lares mais abastados”. (Veja, n. 22, 30 maio 2012, p. 92-94). 
 
No parágrafo ilustrativo, há argumento de autoridade, pois o autor utiliza o 
manual da psiquiatria para afirmar que “a grande maioria dos abusadores são 
pedófilos”; expõe a opinião de Antônio de Pádua Serafim, coordenador do 
Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense da Universidade de São Paulo 
(USP),e de Rosana Morgado, professora da Escola de Serviço Social da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro para fortalecer a argumentação, afinal quem 
opina tem conhecimento sobre o assunto. 
 
• Dados estatísticos: os dados estatísticos são mais esclarecedores e 
convincentes do que qualquer outra estratégia de argumento. Salientamos que 
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esse tipo de argumentação requer conhecimento para não se incorrer em erros 
grosseiros. Observe, no exemplo, o efeito dos dados estatísticos no 
desenvolvimento do texto. 
 
Quantificar um crime sobre o qual paira o segredo é tarefa dificílima. As estatísticas são 
sempre menores que a realidade, e só muito raramente o silêncio é sacudido por uma 
constatação de abuso em massa – como, por exemplo, a da comissão holandesa que, em 
dezembro do ano passado, encerrou uma investigação que concluiu que entre 10.000 e 20.000 
crianças sofreram abuso sexual de 800 padres e funcionários ligados à Igreja Católica da 
Holanda entre 1945 e 1981. Guardadas as devidas reservas, portanto, calcula-se que por volta 
de 20% das meninas e dos meninos sofram abuso sexual no mundo. No Brasil, quase 65% 
das crianças agredidas são meninas, a maioria com idade entre 6 e 10 anos. Os números 
rompem definitivamente o mito de que o agressor é alguém de fora: 97% são conhecidos da 
família – 38% o próprio pai; 29% o padrasto; e os demais irmão, avô, tio, primo, 
professor ou amigo da família. A proporção entre sexos pode ser muito diferente, porque 
abusos de meninos (como o que o novelista Aguinaldo Silva relata) ocupam um canto ainda 
mais obscuro desse poço de horrores, visto que as evidências inexistem e eles falam menos 
ainda. Também o submundo das mulheres que abusam é quase inexplorado. (Veja, n. 22, 30 
maio 2012, p. 91-92). 
 
Você deve ter observado que, em alguns parágrafos, predomina mais de uma 
forma de ordenação de desenvolvimento. Isso é bastante comum nos bons tempos, em 
que o autor opta por mais de uma forma para melhor desenvolver o seu texto. 
E, para finalizarmos o estudo sobre paragrafação, vamos analisar como 
podemos proceder na elaboração da conclusão. 
 
6.2.3 A elaboração da conclusão 
A transição entre o desenvolvimento e a conclusão do parágrafo é feita, 
geralmente, por meio de articuladores que indicam a relação que desejamos 
estabelecer, tais como: assim, logo, dessa forma, então, portanto etc. Algumas 
vezes, no entanto, o nexo não vem explicitado, pois se caracteriza por uma apreciação 
do autor e não por uma implicação direta a partir das ideias desenvolvidas. 
Para concluir um parágrafo, podemos optar por uma das formas mencionadas a 
seguir. 
• Retomada do objetivo: na formulação da conclusão, podemos retomar o 
objetivo expresso na introdução, recapitulando o conjunto de detalhes ou 
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aspectos particulares que fazem parte do desenvolvimento. Em outras palavras, 
reorganizamos resumidamente os diversos aspectos expostos que fechem o 
texto. Essas características podem ser observadas no parágrafo a seguir. 
 
A dedicação trouxe recompensa porque, quando se pratica muito alguma coisa, ela fica 
gravada num tipo especial de memória: a memória não declarativa, que faz parte do 
inconsciente e registra ações e movimentos do corpo. É ela que permite que o violinista 
consiga tocar bem. Se dependesse apenas do consciente, ele não daria conta de todos os 
procedimentos envolvidos na tarefa (ler a partitura, equilibrar o instrumento no ombro, 
posicionar os dedos, mover o arco, respirar e, ainda por cima, tocar de maneira natural e 
relaxada). E ninguém conseguiria aprender a falar fluentemente um segundo idioma. Em 
suma: a chave para ensinar uma nova habilidade ao próprio inconsciente é treinar, 
treinar e treinar. É um processo bem demorado. Mas já existe gente tentando deixá-lo 
mais rápido. (Superinteressante, n. 315, fev. 2013, p. 43-44). 
 
• Apresentação de consequências, implicações: apresenta, de modo conciso, 
consequências, implicações daquilo que foi expresso na introdução e no 
desenvolvimento. Observe essa forma no parágrafo seguinte. 
 
Em 1992, o poder público removeu grande parte das pessoasque viviam nos morros da 
Providência, Santo Antônio e Gávea-Leblon. No fim dos anos 20, o francês Alfred Agache 
propôs um projeto urbanístico para o Rio. Nele não havia espaço para as favelas, consideradas 
um problema “sob o ponto de vista da ordem social, da segurança, da higiene, sem falar de 
estética”. A impressão se manteve na década seguinte. Em 1937, o Código de Obras da cidade 
citou as favelas como “aberração urbana” e propôs sua eliminação, proibindo a construção de 
novos barracos. Mais que isso, o Código proibia melhorias nos morros já ocupados. Portanto, 
em vez de encarar a questão das favelas, mais uma vez os governantes resolviam 
apenas tentar fazer com que elas desaparecessem. (Aventuras na História, n. 48, ago. 
2007, p. 49). 
 
• Sugestão de uma perspectiva de solução: principalmente se o tema for 
polêmico, podemos sugerir uma possível solução para o problema exposto no 
parágrafo. É o que podemos notar no parágrafo a seguir. 
 
A fiscalização do governo é falha. Nem todos os tipos de eletrodomésticos passam por 
certificação do Inmetro, que tem uma lista limitada de produtos que precisam passar por esse 
processo. Os produtos que ficam de fora da lista não são certificados nem fiscalizados. E 
mesmo nos aparelhos certificados, muitas das fiscalizações só são feitas após denúncias de 
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irregularidades. Sem esquecer que, quando o Inmetro decide testar se os aparelhos estão 
seguindo as normas técnicas, ele pede aos fabricantes que mandem amostras de seus 
produtos para análise. Tal prática permite que os fabricantes escolham os produtos que serão 
testados, o que pode ocultar ou maquiar resultados. O ideal seria que os testes do governo 
fossem anônimos e aleatórios, como os realizados pela Pro Teste. (Pro Teste, n. 63, out. 
2007, p. 14). 
Os parágrafos analisados que têm as três partes essenciais à sua redação, ou 
seja, tópico frasal, desenvolvimento e conclusão, são parágrafos padrões. 
Registrarmos que existem parágrafos que apresentam apenas tópico frasal e 
desenvolvimento, desenvolvimento e conclusão ou somente desenvolvimento, isso 
quando inseridos em um texto. São os chamados parágrafos em aberto. 
 Portanto, neste capítulo, você pôde observar que há várias formas de se 
construir um parágrafo. Para que você produza textos com qualidade, é necessário que 
tenha conhecimento sobre o assunto e que pratique bastante o que aprendeu aqui. 
 
Atividades 
Questão 1: 
Analise as afirmações a seguir considerando a teoria que estudamos a respeito do parágrafo. 
I. Todo parágrafo tem introdução, desenvolvimento e conclusão. 
II. A ideia central do parágrafo é enunciada por meio do período denominado tópico frasal. 
III. O tópico frasal contribui para que o escritor não se afaste do objetivo estabelecido. 
IV. O desenvolvimento corresponde a uma ampliação do tópico frasal, com apresentação de 
ideias secundárias que o fundamentam ou esclarecem. 
V. Na conclusão, podemos retomar o objetivo expresso na frase núcleo. 
 
São verdadeiras apenas as afirmativas 
a) I, II e III. 
b) II, III, IV e V. 
c) II e III. 
d) I, II, III e IV. 
 
Ler o parágrafo seguinte para responder à questão 2: 
 
No ambiente de trabalho, o uso inadequado de celulares está se tornando um problema 
para várias indústrias. De acordo com o Departamento de Assistência Sindical (DAS) da Fiep, 
há inclusive sindicatos que já buscam meios de coibir o mau uso desses aparelhos. “Algumas 
entidades relatam problemas de redução na produtividade. Elas também temem que o seu uso 
indiscriminado cause acidentes de trabalho como consequência da falta de atenção provocada 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 71 
 
pelo telefone”, conta Juliana Raschke Dias Bacarin, integrante do DAS. O Brasil conta com 
uma média de 1,3 celulares por habitante, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações 
(Anatel). Nesse contexto, especialmente os jovens fazem uso constante dos smarthphones: 
aparelhos que oferecem recursos de computador e acesso à internet. “Estar online é um hábito 
para esse público. Eles dispõem de aplicativos como Facebook, WhatsApp, Viber, Twitter e 
trocam mensagens por SMS. Essa é uma nova geração de trabalhadores e as empresas terão 
que achar um modo de lidar com isso”, observa Luciano Nadolny, psicólogo e consultor de 
Segurança e Saúde no Trabalho (SST) do Sesi. Para conter abusos, especialistas sugerem a 
criação de regras internas e a conscientização constante dos trabalhadores. 
(Disponível em: <http://www.fiepr.org.br/boletimsindical/sindemcap/News18801content253371 
.shtml>. Acesso em: 25 fev. 2016) 
 
Questão 2: 
Em relação ao parágrafo que você leu, faça o que se pede: 
a) identifique a estrutura (tópico frasal, desenvolvimento e conclusão); 
b) especifique o assunto, a delimitação e o tipo de ordenação do desenvolvimento. 
 
Questão 3: 
 
- Elabore um parágrafo padrão do tipo argumentativo em que você aponte o foco da charge e 
apresente dois argumentos a respeito do conflito que ela sugere. Lembre-se de que o 
parágrafo padrão contém tópico frasal, desenvolvimento e conclusão. Analise de que forma 
construirá cada um desses elementos. 
 
Questão 4: 
Em relação aos parágrafos a seguir, faça o que se pede: 
a) identificar a estrutura de cada um (tópico frasal, desenvolvimento e conclusão); 
b) especificar o assunto e a delimitação (tema). 
c) reconhecer o tipo de ordenação do desenvolvimento. 
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4.1 Ainda ignoramos a influência que terá, a longo prazo, uma longevidade sobre o estado de 
saúde e o modo de vida dos idosos. Nesse aspecto as opiniões dos autores divergem. Para 
alguns, as pessoas idosas gozarão de boa saúde até os 85 anos, após o que o funcionamento 
de seu organismo se deteriorará rapidamente. Nessa perspectiva, a morte resultará do 
envelhecimento e não de doenças crônicas. Outros, ao contrário, preveem uma lenta 
deterioração do funcionamento orgânico acompanhado da incapacidade, e, por conseguinte, 
de um número elevado de doenças crônicas. Portanto, consideram essencial que a Medicina 
se dedique a melhorar esta última fase da vida. Por último, outros sustentam que graças à 
extensão da "segunda idade", pode-se prever um prolongamento da vida em melhores 
condições. Estudos demonstram que, hoje, as pessoas de 75 anos possuem melhor saúde que 
as da mesma idade há 10 anos. Essa evolução é consequência de medidas preventivas 
adotadas contra doenças mais frequentes da velhice. (BEREGI, Edith. O Correio, Unesco) 
 
4.2 O abismo em termos de desenvolvimento econômico que separa os Estados Unidos do 
Brasil é mínimo quando o assunto é inclusão social da população negra. Em ambos os países, 
o racismo ainda é um fator de risco seja no acesso à educação de qualidade, ao trabalho e 
remuneração e mesmo no atendimento no sistema de saúde. O último relatório da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), "A Hora da Igualdade no Trabalho", divulgado no dia 12 de 
maio, mostra que apesar de avanços em alguns indicadores sociais, no Brasil, a situação de 
desemprego persiste na população negra: a renda mensal de um trabalhador negro é 50% 
inferior a do branco. Nos EUA, para cada dólar pago a um branco, um negro recebe o 
equivalente a 40% desse valor. De acordo com os Indicadores Socioeconômicos do Censo 
norte-americano sobre a década passada, 10% da população branca vivia na pobreza, contra 
29,5% da negra. Os dados são do sociólogo e professor David Willians, do Institute for Social 
Research da Universidade de Michigan (EUA), anunciados durante palestra realizada na 
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, nesta semana. O foco de trabalho 
de Willians é nas causas sociais que implicam diretamente na saúde da população negra nos 
EUA.Segundo ele, o racismo não está apenas nos setores educacionais e no mercado de 
trabalho. "O número de mortes em consequência de doenças consideradas mais incidentes na 
população, como problemas cardíacos, câncer e diabetes é maior entre os negros. Em muitos 
casos, isso se deve a diferença racial que existe desde o momento do diagnóstico até a 
qualidade do tratamento oferecido", explica. (Portal Aprendiz - 14.05.03) 
 
4.3 Todos sabem que, no Brasil, há muito tempo, observa-se um grande número de grupos 
migratórios, os quais, provenientes do campo, deslocam-se em direção às grandes cidades à 
procura de melhores condições de vida. Esse êxodo ocorre por inúmeros problemas que 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 73 
 
dificultam a permanência do homem no campo, como por exemplo, os fatores climáticos, a má 
distribuição de terras e também a falta de incentivo à atividade agrária por parte do governo. 
Esses fatores contribuíram para o aumento considerável do fluxo para as cidades industriais, 
capitais ou grandes centros financeiros. Em consequência, vê-se a chegada de enorme 
contingente de trabalhadores rurais ao meio urbano. As cidades estão despreparadas para 
absorver os migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho dignos. Cresce, 
assim, o número de pessoas que vivem à margem dos benefícios oferecidos por uma 
metrópole. Por falta de opção, eles instalam-se em zonas periféricas o que ocasiona a 
proliferação de favelas. Por isso o êxodo rural agrava os problemas do campo e das próprias 
cidades. (Adaptado do livro Técnicas Básicas de Redação, Ed. Scipione) 
Texto para responder à questão 5: 
 
O Brasil foi a última nação do mundo ocidental a abolir o trabalho escravo de forma oficial, 
o que ocorreu no final do século XIX. No entanto, em termos práticos, esse problema continua a 
existir nos dias atuais. Informações recentes estimam a ocorrência de 200 mil trabalhadores no 
país vivendo em regime de escravidão, segundo dados do Índice de Escravidão Global, elaborado 
por Organizações Não Governamentais (ONGs) ligadas à Organização Internacional do Trabalho 
(OIT). Primeiramente, é importante o estabelecimento da definição do que seja considerado, 
propriamente, o regime de escravidão. Segundo a OIT, é considerado escravo todo o regime de 
trabalho degradante que prive o trabalhador de sua liberdade. Isso ocorre no Brasil, em maior 
parte, em espaços rurais distantes de centros urbanizados e rotas de transporte para fuga, onde 
os trabalhadores são geralmente coagidos a continuarem laborando sob a alegação da existência 
de dívidas com fazendeiros. Mas esse tipo de ocorrência nem sempre ocorre dessa forma e 
também não é algo exclusivo do meio agrário. Em setembro de 2013, por exemplo, o Ministério do 
Trabalho e Emprego (MTE) denunciou a existência de trabalhadores em regime de escravidão nas 
obras de ampliação do Aeroporto de Guarulhos, no estado de São Paulo. Em termos práticos, é 
possível afirmar que o trabalho escravo nunca foi abolido totalmente no território nacional. No 
entanto, apenas em 1995, o governo reconheceu oficialmente perante a OIT a existência desse 
tipo de problema no país, embora este tenha sido um dos primeiros no mundo a realizar esse tipo 
de pronunciamento. Atualmente, apesar da grande quantidade de trabalhadores escravizados no 
país, o Brasil é considerado internacionalmente um dos países mais avançados em esforços 
governamentais e não governamentais para acabar com esse problema. O escravismo é 
considerado internacionalmente uma violação grave aos direitos humanos, no sentido de explorar 
e privar o ser humano do exercício de sua liberdade. 
 
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/brasil/trabalho-escravo-no-brasil-atual.htm>. Acesso em 19 de mai. 
2018 
 
Questão 5: 
Em relação ao parágrafo da questão 5, use V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. 
Depois, assinale a opção correta. 
 
 
I. O texto trata sobre trabalho escravo que persiste unicamente na área rural do Brasil. 
II. O tópico frasal é do tipo alusão histórica e é constituído pelos dois primeiros períodos. 
III. O parágrafo é padrão, pois apresenta uma ideia-núcleo, também apresenta ideias 
secundárias as quais esclarecem a primeira e, finalmente, a conclui com retomada do 
tema. 
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IV. A partir de 1995, após o governo reconhecer oficialmente perante a Organização 
Internacional do Trabalho a existência de trabalhadores escravizados no país, o problema 
foi extinto na área urbana, graças ao trabalho realizado pelo MTE. 
V. Os argumentos foram retirados de fontes seguras, por isso o texto tem credibilidade e não 
pode ser considerado como notícia falsa ou fake new. 
VI. Uma das diferenças entre um texto coerente e um amontoado de frases soltas é o caráter 
reiterativo ou voltas a segmentos que já apareceram, por meio de elementos coesivos 
referenciais. No entanto as repetições que ocorrem nesse texto tornam-no confuso e 
pouco coerente. 
VII. No excerto “segundo a OIT, é considerado escravo todo o regime de trabalho degradante 
que prive o trabalhador de sua liberdade. Isso ocorre no Brasil, em maior parte, em 
espaços rurais distantes de centros urbanizados e rotas de transporte para fuga”, o 
primeiro termo destacado é elemento coesivo e pode ser substituído por “conforme”; e o 
segundo é elemento coesivo que retoma o que foi dito na afirmação anterior. 
 
a) F, V, F, V, V, F, V 
b) V, F, V, V, F, V, F 
c) F, V, F, F, V, F, V 
d) V, V, V, F, F, V, F 
e) F, V, V, F, V, F, V 
 
Questão 6: 
 
Analise, com atenção, a construção do parágrafo e elabore uma conclusão. 
 
O mercado editorial brasileiro cresceu de 2012 para 2013. Entretanto, o aumento foi de livros 
didáticos vendidos para o governo, usados em escolas públicas. Se é um indicador que a 
escola, em tese, cumpre seu papel de estimular a leitura, por outro lado escancara que 56% 
dos brasileiros nunca compraram um livro. Mais: 85% não compraram nem edições impressas, 
digitais, cópias e apostilas nos três meses anteriores à pesquisa. Crianças e adolescentes têm 
acesso por meio de doações. Fora desse cenário, a venda ainda não decolou. (Disponível em: 
<http://contaumahistoria.com.br/?cat=12>. Acesso em: 25 fev. 2016.) 
 
 
Referências 
ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004. 
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 25. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. 
VIANA, A. C. (Coord.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: 
Scipione, 2000. 
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ANEXOS 
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CAPÍTULO 7: PRODUÇÃO TEXTUAL: GÊNERO E TIPOLOGIA 
Cada vez mais, evidencia-se a necessidade de novos estudos sobre 
diferentes gêneros textuais que desenvolvam instrumentais teóricos e 
práticos para demonstrar que, através de textos orais e escritos, 
criamos representações que refletem, constroem e/ou desafiam 
nossos conhecimentos e crenças, e cooperam para o estabelecimento 
de relações sociais identitárias. 
(José Luiz Meurer) 
 
Introdução 
Marcuschi (2002) acredita que o conhecimento dos gêneros textuais que fazem parte das 
interações sociais diárias favoreça tanto a leitura como a compreensão de textos. O autor considera 
que, 
Tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou noutro gênero 
textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros textuais é importante 
tanto para a produção como para a compreensão. Em certo sentido, é esta ideia básica 
que se acha no centro dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), quando sugerem 
que o trabalho com o texto deve ser feito na base dos gêneros, sejam eles orais ou 
escritos (MARCUSCHI, 2002, p. 32-33). 
 
Os gêneros textuais são grandes aliados para várias atividades: leitura crítica,produção 
textual significativa, desenvolvimento da oralidade, conscientização de que a leitura e a escrita estão 
presentes em tudo que fazemos etc. Por isso, conheceremos as características do que se chama 
gênero textual e qual a diferença entre os gêneros e os tipos textuais. 
 
7.1 Gênero textual 
Vamos começar procurando entender o que é gênero textual. Baltar (2004, p. 46-47) nos 
ensina que 
Gêneros textuais são unidades triádicas relativamente estáveis, passíveis de serem 
divididas para fim de análise em unidade composicional, unidade temática e estilo, 
disponíveis num inventário de textos, criado historicamente pela prática social, com 
ocorrência nos mais variados ambientes discursivos, que os usuários de uma língua 
natural atualizam quando participam de uma atividade de linguagem, de acordo com o 
efeito de sentido que querem provocar nos seus interlocutores (grifos nossos). 
 
O autor define gênero textual como unidade triádica por ser formado de três elementos: 
• unidade composicional: relaciona-se à maneira como o gênero está estruturado. Por 
exemplo, o bilhete prevê um formato que é diferente de uma carta. As formas precisam 
levar em conta o autor e os demais participantes da situação de interação; 
• unidade temática: relaciona-se ao tema da interação, ou seja, o tema determina qual gênero 
será utilizado na interação comunicativa; 
• estilo: são as marcas linguísticas que configuram a seleção de recursos léxicos, 
fraseológicos e gramaticais da língua. O estilo tem ligação com o tema e com a forma 
composicional. 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 77 
 
Por que a crônica é um exemplo de gênero textual? Vejamos algumas de suas 
características que a diferenciam de outros gêneros textuais. 
• Trata de temas do cotidiano. 
• Explora o assunto de forma crítica, reflexiva, filosófica, cômica e/ou irônica. 
• É escrita em prosa e organizada em parágrafos. 
• É publicada, normalmente, em jornais, livros e revistas, podendo também integrar uma 
coletânea. 
 De acordo com Candido (1992, p. 22), a crônica estética, “[...] participa de uma língua 
geral lírica, irônica, casual, ora precisa e ora vaga, amparada por um diálogo rápido e certeiro, 
ou por uma espécie de monólogo comunicativo”. 
Essas características diferenciam a crônica de um conto, de um romance, de uma fábula ou 
de um apólogo. Marcuschi (2002, p. 29) expõe que os gêneros podem ser caracterizados conforme 
a atividade sociodiscursiva a que servem. Quando dominamos um gênero, dominamos “uma forma 
de realizar linguisticamente objetivos específicos em situações sociais e particulares”. Por isso, a 
importância do estudo de gêneros diversificados, pois ficamos em contato com variadas formas de 
interação social, nas mais diversas práticas cotidianas de comunicação. 
Quanto à classificação dos gêneros textuais, podemos dizer que é impossível fazer um 
inventário fechado e fixo, pois os gêneros surgem conforme a necessidade das práticas sociais. 
Como exemplo, temos os e-mails. Há quanto tempo esse gênero surgiu? Qual era o gênero que o 
substituía em muitas situações? Ele surgiu há pouco tempo e derivou de cartas comuns. 
 
 
 
Por exemplo, as cartas ainda resistem, mas foram substituídas em muitas situações da prática 
social pelos e-mails. Assim, a classificação dos gêneros, como um inventário fechado, fixo, é 
impossível. Vejamos alguns exemplos de gêneros: carta, bilhete, receita, bula de remédio, 
telefonema, sermão, horóscopo, lista de compras, resenha, resumo, cardápio, romance, piada, 
conferência, artigo de opinião, reportagem, notícia, anúncio publicitário, bate-papo por computador, 
outdoor, edital de concurso, entrevista etc. Nossa lista seria infinita... 
Aqui trataremos de dois gêneros: e-mail e fórum de discussão. 
 
7.1.1 E-mail 
O e-mail é uma mensagem eletrônica produzida pela pessoa que a transmite e pelo(s) 
receptor(es) que é(são) o(s) destinatário(s) da mensagem. O envio e a entrega de mensagens são 
mediados por um ou mais provedores de internet, e seu tráfego é determinado pela rede mundial de 
computadores. 
Paiva (2004, s/p) destaca que o e-mailé 
Mas preste atenção! Muitas vezes, quando surge um novo gênero textual, 
isso não quer dizer que outro tenha de desaparecer! 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 78 
 
[...] um gênero eletrônico escrito, com características típicas de memorando, bilhete, 
carta, conversa face a face e telefônica, cuja representação adquire ora a forma de 
monólogo ora de diálogo. [Distingue-se] de outros tipos de mensagens devido a 
características bastante peculiares de seu meio de transmissão, em especial a 
velocidade e a assincronia na comunicação entre usuários de computadores. Os 
seguintes aspectos – autor, leitor, comunidade discursiva, tecnologia, contexto, texto, 
organização retórica, léxico, sinais não verbais (emoticons ou smileys), e normas de 
interação – ganham características especiais quando se trata desse gênero. 
 
Segundo a autora, o e-mail agregou características de outros gêneros textuais: do 
memorando, “toma de empréstimo semelhanças de forma que é automaticamente gerada pelo 
software”; do bilhete, pega “a informalidade e a predominância de um ou poucos tópicos”; da carta, 
usa “fórmulas de aberturas e fechamentos”; da conversa face a face, encontramos “a semelhança 
com a tomada de turno”; da interação telefônica, temos “a possibilidade de colocar em contato 
pessoas que se encontram geograficamente distantes”; dos gêneros orais, “herda a rapidez, a 
objetividade e a possibilidade de se estabelecer um ‘diálogo’” (PAIVA, 2004, s/p). 
O e-mail é um dos gêneros textuais mais produzidos em todo o mundo, devido à rapidez e à 
praticidade desse meio eletrônico. Para que as pessoas possam se entender bem dentro desse 
novo contexto, criou-se a padronização do texto nele desenvolvido: a Netiqueta, que é um conjunto 
de regras que deve ser considerado no uso da internet. 
A partir de uma pesquisa, Paiva (2004) sintetiza algumas normas para que a interação por e-
mail seja bem sucedida. Vejamos. 
• Evite escrever a mensagem inteira em caixa alta, pois elas indicam que você está gritando 
ou enfatizando algum termo ou expressão. 
• Especifique o assunto da mensagem no assunto/subject, isso ajuda o destinatário a 
selecionar as mensagens que quer ler. 
• Seja claro, breve e objetivo, isso significa dizer que deve evitar erros gramaticais e 
mensagens muito extensas. 
• Não mande e-mails que não foram solicitados: correntes, avisos de vírus, propagandas etc., 
pois geram trafego inútil na rede e podem irritar o interlocutor. 
• Não adicione telefones pessoais nem endereços nas assinaturas em e-mails. 
• Evite flames (brigas) nem envie ou responda a material provocativo, como ofender, xingar ou 
gritar com alguém, ao contrário, seja conservador com o que escreve e liberal com o que 
recebe. 
• Apague as linhas da mensagem recebida ao responder a um e-mail, deixando somente as 
partes essenciais da mensagem referenciada. 
• Antes de fazer alguma pergunta ou enviar alguma mensagem para a lista, observe a 
discussão para não enviar mensagens que nada acrescentam ao tema da lista. 
• Não mande arquivos anexados para uma lista de discussão, ou quando o destinatário não o 
solicitou. 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 79 
 
• Evite cross-posting, mensagens enviadas para diversas listas, pois a maioria delas não 
aceita esse tipo de ação. 
• Mande respostas individuais diretamente para o destinatário e não para a lista inteira. 
• Então, ao usar o e-mail para se comunicar, considere essas regras. 
 
7.1.2 Fórum de discussão 
O fórum de discussão eletrônico é uma reedição do fórum oral utilizado para expor opiniões, 
debater e discutir problemáticas antes do surgimento da internet (XAVIER; SANTOS, 2005). 
Paiva eRodrigues Jr. (2004, p. 171) caracterizam o fórum de discussão como “um espaço 
virtual que reúne as opiniões de uma comunidade discursiva”, caracterizado especialmente por seu 
caráter dialógico e interativo, já que várias pessoas discutem um tema. 
Reis e Souza (2010) expõem que o fórum é um gênero textual on-line e apresenta 
características próprias, como marcas de discussões assíncronas e linguagem adequada para 
internet – frases curtas e marcas da oralidade. Também há um moderador que é responsável pelas 
mensagens postadas, publicando-as ou não, conforme relevância e adequação com a discussão. 
Os autores destacam que o fórum é marcado pela discussão assíncrona. Mas o que é uma 
discussão assíncrona? Vieira e Anjos (2009, s/p) salientam que, “Nesse tipo de discussão, os 
interlocutores não precisam estar “presentes”, ou melhor, conectados ao mesmo tempo. As 
mensagens ficam armazenadas e podem ser lidas a qualquer momento”. No caso dos fóruns 
educacionais, os interlocutores são professores, tutores e alunos, e os temas são pré-definidos em 
função dos programas de ensino, das disciplinas e dos planos de curso. 
Além das características já expostas, segundo Vieira e Anjos (2009), o fórum eletrônico pode 
ser caracterizado: 
• pelo espaço de debate de temas ou questões polêmicas: exposição de opiniões, com 
apresentação de argumentos e contra-argumentos; 
• pela dinâmica variável: pode ser público ou fechado; mediado ou não; pode referir-se a 
temas específicos ou ser livre para que os usuários definam os temas; 
• por ser organizado por mensagens ou tópicos, que podem ser comentados ou respondidos, 
e por esses comentários ou respostas também poderem ser comentados ou respondidos. 
Vieira e Anjos (2009, s/d) nos dão algumas dicas para usarmos adequadamente o fórum de 
discussão. Vejamos. 
• Como as mensagens são públicas, não usar termos chulos, palavrões ou expressões rudes, 
evitar abreviações e expressões usadas em mensagens instantâneas. 
• Participar frequentemente para interagir com os demais participantes, “pois, embora o fórum 
seja uma ferramenta assíncrona, se o tempo decorrido entre a mensagem original e a 
resposta for muito grande, a resposta pode não ser mais importante ou os demais 
participantes podem não ter mais interesse nela”. 
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• Não é conveniente responder a uma mensagem criando uma nova mensagem, mas 
comentando-a diretamente no tópico já criado. 
• Seguir as regras de Netiqueta (não escrever com letras maiúsculas e nem usar o negrito). 
• Ler as várias mensagens dos membros do fórum para saber como eles interagem e do que o 
fórum trata. 
Portanto, ao participar dos fóruns no Conecta, considere essas dicas. 
 
7.2 Tipologia textual 
Para Marcuschi (2002), usamos a expressão tipo textual para textos em que examinamos 
sua natureza linguística, ou seja, o léxico, a sintaxe, os tempos verbais, as relações lógicas etc. Os 
tipos textuais mais utilizados, conforme Werlich (apud MARCUSCHI, 2002), são as bases 
temáticas descritiva, narrativa, expositiva, argumentativa e injuntiva, assunto que examinaremos na 
sequência. 
 
7.2.1 Descrição 
Utilizamos essa tipologia para caracterizar algo ou alguém. Isso é possível por meio do uso 
dos cinco sentidos (olfato, tato, audição, paladar e visão) e de sensações psicológicas. 
Primeiramente, quando descrevemos, devemos fazer um levantamento sensorial (BARBOSA, 2002). 
Os sentidos são explorados em sua totalidade, pois assim conseguimos transmitir para o interlocutor 
o máximo de informações para que ele possa “criar” o objeto em questão. 
Podemos fazer descrição objetiva (sem interferência de julgamento), ou subjetiva (como eu 
penso que é, minha opinião sobre o objeto). Também temos a descrição física (o que eu vejo) e a 
psicológica (julgamento de valor sobre o outro). 
Um fator interessante na descrição é a determinação do ponto de vista: de onde você está 
analisando o objeto? Qual seu lugar na observação? Por exemplo: você está ao lado do objeto? De 
frente para ele? Isso é importante para que o interlocutor tenha mais informações na reconstrução 
da coisa em análise. Leia o texto que exemplifica essa tipologia. 
 
Da janela de seu quarto podia ver o mar. Estava calmo e, por isso, parecia até mais azul. A maresia 
inundava seu cantinho de descanso e arrepiava seu corpo... estava muito frio, ela sentia, mas não 
queria fechar a entrada daquela sensação boa. Ao norte, a ilha a que mais gostava de ir, era só um 
pedacinho de terra iluminado pelos últimos raios solares do final daquela tarde; estava longe... 
longe! Não sabia como agradecer a Deus, morava em um paraíso! (Descrição – Brasil Escola. 
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/descricao.htm>. Acesso em: 11 dez. 2013) 
 
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Observamos que essa é uma descrição em que prevalece a subjetividade. O autor descreveu 
os sentimentos que a paisagem causava nele, e não seu aspecto físico. 
Na descrição, são bastante comuns os verbos de estado, como ser, estar, ficar, parecer 
(“Estava calmo e, por isso, parecia até mais azul.”, “estava muito frio”). A descrição é utilizada 
normalmente como base para outras tipologias, como a narração e a exposição. 
 
7.2.2 Narração 
Podemos considerar a narração como relato de fatos ocorridos. Abreu (2004) considera que 
a base da tipologia narrativa dramática está nos plots (unidade dramática que se compõe de uma 
situação, uma complicação e uma solução). 
Além da formulação dos plots, devemos atentar para a fórmula de Oswald de Andrade (apud 
BARBOSA, 2002), em relação a notícias. 
 
 
 
 
Com essa fórmula, é mais fácil identificarmos a estrutura da narração e seus componentes. 
Mas quem narra um fato? Conforme a intenção do autor, ele escolherá um tipo de narrador, 
que pode ser narrador-personagem (primeira pessoa), narrador-observador (terceira pessoa) ou 
narrador-onisciente (terceira pessoa). Quando temos um narrador-personagem, quem narra está 
inserido na história, podendo ser um personagem principal ou secundário. O narrador-
observadornãointerfere nos fatos narrados, pois sóexpõeo que vê .Já o narrador-onisciente, 
apesar de não ser um personagem, é um “sabedor de tudo” (BARBOSA, 2002, p. 71), ou seja, sabe 
até mesmo o que os personagens pensam. 
Analisemos o exemplo. 
 
A ação de vândalos na madrugada deste sábado, 30, provocou transtorno a moradores de algumas 
quadras da região Sul de Palmas. Eles retiraram o lixo que estava nas lixeiras das residências e 
jogaram pelas ruas das quadras. O fato foi registrado nas quadras 704 Sul, 804 Sul, 904 Sul e 1004 
Sul. A empresa responsável pela limpeza urbana de Palmas destinou uma equipe para fazer toda a 
limpeza no local (adaptado – Conexão Tocantins. Disponível em: 
<http://conexaoto.com.br/2013/11/30/acao-de-vandalos-causa-transtornos-a-moradores-da-regiao-
sul>. Acesso em: 11 dez. 2013). 
 
Nesse texto, há um narrador-observador (“A ação de vândalos na madrugada deste sábado, 
30, provocou transtorno [...]”) que faz um relato de fatos ocorridos. Os três Q (que, quem, quando) 
foram respondidos: que – lixos serem jogados nas ruas; quem – vândalos; quando – sábado, dia 
3 Q = que, quem, quando 
Como, onde e porque 
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Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 82 
 
30. Os outros itens também: como – retiraram o lixo que estava nas lixeiras das residências e 
jogaram pelas ruas das quadras; onde – em quadras da região Sul de Palmas; por que – 
vandalismo. 
Há enunciados indicativos de ação, por exemplo, em “Eles retiraram o lixo [...] e jogaram 
pelas ruas das quadras” e “A empresa responsável pela limpeza urbana de Palmas destinou uma 
equipe para fazer toda a limpeza no local” e os verbos estão no pretérito, características de textos 
narrativos.7.2.3 Exposição 
O tipo expositivo caracteriza-se por explanar ou explicar um assunto, um tema, uma coisa, 
uma situação ou um acontecimento, que pretendemos desenvolver ou apresentar. O objetivo dessa 
tipologia textual é informar, definir, explicar, aclarar algo sem expor opiniões particulares. Apesar 
dessa característica, é quase impossível não deixar transparecer pontos de vista em textos que 
produzimos, pois a linguagem é argumentativa. Dizemos, então, que nesse tipo há uma incidência 
reduzida da individualidade. Veja o exemplo. 
 
O significado da palavra chat vem do inglês e quer dizer “conversa”. Essa conversa acontece em 
tempo real, e, para isso, é necessário que duas ou mais pessoas estejam conectadas ao mesmo 
tempo, o que chamamos de comunicação síncrona. São muitos os sites que oferecem a opção de 
bate-papo na internet, basta escolher a sala que deseja “entrar”, salas são divididas por assuntos, 
como educação, cinema, esporte, música, sexo, entre outros. Para entrar, é necessário escolher um 
nick, uma espécie de apelido que identificará o participante durante a conversa. Algumas salas 
restringem a idade, mas não existe nenhum controle para verificar se a idade informada é realmente 
a idade de quem está acessando, facilitando que crianças e adolescentes acessem salas com 
conteúdos inadequados para sua faixa etária. (AMARAL, S. F. Internet: novos valores e novos 
comportamentos. In: SILVA, E. T. (Coord.). A leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 
2003.). 
 
Esse texto explana sobre o chat (que é outro gênero textual que surgiu com a internet),sem 
opinar sobre o tema abordado, ou seja, autor expõe o que é chat e como funciona. 
O texto expositivo pode ser utilizado como introdução de um texto argumentativo, como base 
para futuras discussões. 
 
7.2.4 Argumentação 
Em textos argumentativos, estão presentes tema, problema, hipótese, tese e argumentação. 
Para temas abrangentes, deve haver uma delimitação, ou seja, eleger um problema para se 
discorrer. Após essa etapa, levantam-se as hipóteses, as possíveis respostas ao problema inicial. 
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Quando a melhor é eleita, tem-se a tese a ser defendida, na base da qual se constrói a 
argumentação. 
Abreu (2004, p. 49) nos ensina que “a construção prévia de um esquema, levando em conta 
as partes da macroestrutura da argumentação e a execução desse esquema, levará a um grau de 
coerência textual bastante grande”. Veja um exemplo de texto argumentativo. 
 
Um jornal carioca, de grande circulação nacional, destaca em sua edição de hoje a seguinte 
manchete: “Despreparado, Rio fica refém das chuvas e terá ajuda para conter saques e arrastões”. 
A preocupação no Rio de Janeiro hoje, onde os índices de criminalidade aumentaram em todos os 
níveis, encontra na questão da segurança o grande problema do momento, a ponto da grande 
imprensa destacar a necessidade de mais ações contra a violência, ao invés de abordar o 
despreparo dos administradores da cidade por transformar o Rio num grande buraco de obras. O 
articulista do jornal Folha de São Paulo, Bernardo Mello Franco, na edição de hoje (12), destaca em 
seu artigo que “Eduardo Paes, o prefeito da vez, tem repetido a prática de antecessores: gasta muito 
com obras de maquiagem e investe pouco no combate às enchentes. No ano passado, prometeu 
acabar com as cheias na Tijuca e na Praça da Bandeira, outro problema ancestral do Rio. O sistema 
de reservatórios deveria estar pronto, mas já atrasou duas vezes. Agora, a promessa da prefeitura é 
acabar com as inundações em 2014. Alguém acredita?” 
(Jornal do Brasil, disponível em: <http://www.jb.com.br/opiniao/noticias/2013/12/12/opiniao-
arrastoes-e-saques/>. Acesso em: 12 dez. 2013). 
 
No exemplo dado, percebemos que há um tema (Rio de Janeiro), uma delimitação ou 
problema (as chuvas, os saques e os arrastões), a hipótese que se transformou em tese 
(administradores não resolvem problemas da violência que cresce na cidade e não terminam obras) 
e a construção da argumentação na defesa da ideia apresentada (necessidade de mais ações 
contra a violência, ao invés de abordarem o despreparo dos administradores da cidade por 
transformar o Rio em um grande buraco de obras). Com esse esquema, alcançamos a coerência 
textual e somos bem sucedidos na defesa de nossas ideias. 
 
4.2.5 Injunção 
A característica que distingue o tipo injunção dos outros é seu “caráter normativo, 
impositivo de mandar ou pedir” (ABREU, 2004, p. 54, grifo nosso). Há muitos gêneros textuais 
que trazem em si essa tipologia, como oração, normas, leis e manuais. Veja o exemplo. 
Ingredientes 
125 gr de manteiga 
4 unidades de ovo 
2 xícaras (chá) de açúcar 
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1 xícara (chá) de leite 
2 xícaras (chá) de farinha de trigo 
1 colher (sopa) de fermento químico em pó 
Modo de fazer 
Bata as claras em neve bem firme e reserve na geladeira. Bata as gemas com o açúcar e a 
manteiga até ficar bem branquinho. Adicione o leite aos poucos, alternando com a farinha. Continue 
batendo. Quando estiver bem misturado, pare de bater e misture a clara em neve e o fermento bem 
devagar. Coloque a massa em uma forma untada com manteiga e polvilhada com farinha de trigo. 
Asse em forno médio, pré-aquecido. (CyberCook. Disponível em: 
<http://cybercook.terra.com.br/bolo-simples-r-12-1640.html>. Acesso em: 12 dez. 2013). 
 
Nesse texto, há verbo no imperativo (“bata”) e determinações como “continue batendo”, 
característica da tipologia injuntiva. Essa estrutura evidencia o tom normativo, impositivo do texto. 
 
7.3 Tipologia X gênero 
Agora que temos a definição de gênero textual e de tipo textual, faremos a comparação entre 
eles, conforme Marcuschi (2002). 
Quadro – Comparação entre os tipos e os gêneros textuais 
 Tipos textuais Gêneros textuais 
1 Construções teóricas definidas por propriedades 
linguísticas próprias. 
Realizações linguísticas concretas definidas pela 
situação sociocomunicativa. 
2 Sequências linguísticas ou de enunciados no 
interior de gêneros. 
Textos empiricamente realizados cumprindo funções 
em situações comunicativas. 
3 Nomeação limitada determinada por aspectos: 
lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo 
verbal. 
Nomeação ilimitada determinada pelo: canal, estilo, 
conteúdo, composição e função. 
4 Designações: descrição, narração, exposição, 
argumentação, injunção. 
Exemplos de gêneros: carta, bilhete, receita, bula de 
remédio, telefonema, sermão, horóscopo, lista de 
compras, resenha, resumo, cardápio, romance, piada, 
conferência, bate-papo por computador, outdoor
edital de concurso, entrevista, reunião de condomínio, 
instruções de uso etc. 
 
Um gênero pode conter vários tipos textuais. Uma carta pessoal seria um gênero com a 
função social de mandar informações de uma pessoa distante para outra, por exemplo. Esse gênero 
poderá ter em seu conteúdo vários tipos textuais, como descrição de uma cena, narração de um 
fato, argumentação de um ponto de vista etc. A isso chamamos de heterogeneidade tipológica, ou 
seja, a presença de vários tipos textuais em um só gênero. 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 85 
 
Atente para o fato de que, para identificar o gênero, é necessário ter em mente, 
principalmente, seu propósito, pois assim terá menos chance de cometer equívocos na 
classificação. Para identificar o tipo textual, deve ver se nas sequências predomina a narração, a 
descrição, a informação, a exposição de ideias ou a injunção. 
Portanto, os gêneros textuais são instrumentos que devem ser utilizados na formação do 
cidadão de forma abrangente, pois é por meio deles que podemos fazer com que o indivíduo tenha 
contato com vários textos orais e escritos que fazem parte de seu dia a dia e, assim, inserirem-se na 
sociedadeletrada. 
Tipologia textual diz respeito ao léxico, à sintaxe, aos tempos verbais, às relações lógicas 
etc. É classificada em: descrição, narração, exposição, argumentação e injunção. Normalmente, 
utilizamos o tipo descrição quando queremos que o interlocutor consiga visualizar a coisa descrita 
por meio dos sentidos, podendo ser objetiva/subjetiva, física/psicológica. O tipo narração é usado 
para narrar um fato ocorrido e é utilizado em vários gêneros textuais, como novelas, romances, 
reportagens jornalísticas etc. A exposição é adequada para definições em que não há a opinião do 
autor. Já a argumentação é utilizada em muitas ocasiões cotidianas, tanto na oralidade quanto na 
escrita. Com esse tipo textual, expomos e defendemos pontos de vista por meio de argumentos. 
Finalmente, a injunção serve para darmos ordens e fazermos pedidos. 
Não se esqueça de que, na maioria dos gêneros textuais, há presença de variados tipos 
textuais, sobressaindo-se um ou outro. A distinção entre tipo textual (classificação limitada e definida 
por aspectos linguísticos) e gênero textual (classificação ilimitada e feita por meio da função na 
prática social) deve estar clara para compreender textos e escolher o melhor tipo de composição 
para a produção textual, conforme os objetivos estabelecidos. 
 
Referências 
ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004. 
BALTAR, M. A. Competência discursiva e gêneros textuais:uma experiência com o jornal de sala 
de aula. Caxias do Sul: EDUCS, 2004. 
BARBOSA, S. A. M. Redação: escrever é desvendar o mundo. 15. ed. Campinas: Papirus, 2002. 
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, 
A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. 
PAIVA, V. L. M. E-mail: um novo gênero textual. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Org.). 
Hipertextos e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p. 68-90. Disponível em: 
<http://www.veramenezes.com/emailgenero.htm>. Acesso em: 25 mar. 2013. 
PAIVA, V. L. M.; RODRIGUES JR., A. S. Fóruns on-line: intertextualidade e footing na construção do 
conhecimento. In: MACHADO, I. L.; MELLO, R. (Org.). Gêneros: reflexões em análise do discurso. 
Belo Horizonte: UFMG, 2004. p. 171-189. 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 86 
 
REIS, I. M.; SOUZA, L. S. V. de. Fórum como gênero discursivo na era digital: caracterização e 
problematização. In: I CIPLOM,Foz do Iguaçu, 19-22 out. 2010. Artigo. p. 1-10. Disponível em: 
<http://www.apeesp.com.br/web/ciplom/Arquivos/artigos/pdf/isabel-reis-ludmila-souza.pdf>. Acesso 
em: 25 mar. 2013. 
VIEIRA, A.; ANJOS, R. dos. Fórum: que gênero é esse? 2009. Disponível em: 
<http://escrevendo.cenpec.org.br/?option=com_content&view=article&id=164&catid=57&Itemid=161
>. Acesso em: 25 mar. 2013. 
XAVIER, A. C.; SANTOS, C. F. E-forum na internet: um gênero digital. In: ARAÚJO, J. C.; BIASI-
RODRIGUES, B. (Org.). Interação na internet: novas formas de usar a linguagem. Rio de Janeiro: 
Lucerna, 2005. p. 30-38. 
 
CONDIÇÕES DA ARGUMENTAÇÃO 
Autor: Antônio Suàrez de Abreu 
 
A primeira condição da argumentação é ter definida uma tese e saber para que tipo 
de problema essa tese é resposta. Se queremos vender um produto, nossa tese é o próprio 
produto. Mas isso não basta. É preciso saber qual a necessidade que o produto vai 
satisfazer. Um bom vendedor é alguém capaz de identificar necessidades e satisfazê-las. 
Um bom vendedor de carros saberá vender um automóvel de passeio a um cliente que se 
locomove apenas no asfalto e um utilitário àquele que tem de enfrentar estradas de terra. 
No plano das ideias, as teses são as próprias ideias, mas é preciso saber quais as 
perguntas que estão em sua origem. Se eu quero vender a ideia de que é preciso sempre 
poupar um pouco de dinheiro, eu tenho de saber que a pergunta básica é: — O que eu faço 
com o dinheiro que recebo? Muitas pessoas se queixam de que, nas reuniões da empresa, 
suas boas ideias nunca são levadas em consideração. O que essas pessoas não percebem 
é que essas ideias são respostas a perguntas que elas fizeram a si mesmas, dentro de suas 
cabeças. Ora, de nada adianta lançar uma ideia para um grupo que não conhece a 
pergunta. É preciso primeiro fazer a pergunta ao grupo. Quando todos estiverem procurando 
uma solução, aí sim, é o momento de lançar a ideia, como se lança uma semente em um 
campo previamente adubado. 
A segunda condição da argumentação é ter uma “linguagem comum” com o 
auditório. Somos nós que temos de nos adaptar às condições intelectuais e sociais daqueles 
que nos ouvem, e não o contrário. Temos de ter um especial cuidado para não usar termos 
de informática para quem não é da área de informática, ou de engenharia, para quem não é 
da área de engenharia e assim por diante. 
Durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, em 1985, Jânio Quadros 
contou com o apoio do deputado e ex-ministro Delfim Neto. Durante um comício para 
Comunicação e Expressão 
 
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moradores de um bairro de periferia, Delfim terminou sua fala dizendo: “- A grande causa do 
processo inflacionário é o déficit orçamentário”. Logo depois, Jânio chamou Delfim de lado e 
disse: “-Delfim, olhe para a cara daquele sujeito ali. O que você acha que ele entendeu do 
seu discurso? Ele não sabe o que é processo. Não sabe o que é inflacionário. Não sabe o 
que é déficit. E não tem a menor ideia do que é orçamentário. Da próxima vez, diga assim: - 
A causa da carestia é a roubalheira do governo”. 
Em um processo argumentativo, nós somos os únicos responsáveis pela clareza de 
tudo aquilo que dissermos. Se houver alguma falha de comunicação, a culpa é 
exclusivamente nossa! 
A terceira condição da argumentação é ter um contato positivo com o auditório, com 
o outro. Estamos falando outra vez de gerenciamento de relação. Nunca diga, por exemplo, 
que vai usar cinco minutos de alguém, se vai precisar de vinte minutos. É preferível, nesse 
caso, dizer que vai usar meia hora. Muitas vezes, há necessidade de respeitar hierarquias e 
agendas. Faça isso com sinceridade e bom humor. 
Outra fonte de contato positivo com o outro é saber ouvi-lo. Noventa e nove por 
cento das pessoas não sabem ouvir. A maior parte de nós tem a tendência de falar o tempo 
todo. É preciso desenvolver a capacidade da audiência empática. PATHOS, em grego, além 
de enfermidade, significa SENTIMENTO. EM, preposição, significa DENTRO DE. Ouvir com 
empatia quer dizer, pois, ouvir dentro do sentimento do outro. 
As palavras são escolhidas inconscientemente. É preciso prestar atenção a elas. É 
preciso prestar atenção também ao som da voz do outro! É por meio da voz que 
expressamos alegria, desespero, tristeza, medo ou raiva. Às vezes, a maneira como uma 
pessoa usa sua voz nos dá muito mais informações sobre ela do que o sentido lógico 
daquilo que diz. Devemos também aprender a “ouvir” com nossos olhos! A postura corporal 
do outro, suas expressões faciais, a maneira como anda, como gesticula e até mesmo a 
maneira como se veste nos dão informações preciosas. O poeta e semioticista Décio 
Pignatari costuma dizer que o homem precisa aprender a “OUVIVER”, verbo que ele 
inventou a partir de OUVIR, VER e VIVER. 
Finalmente, a quarta condição e a mais importante delas: agir de forma ética. Isso 
quer dizer que devemos argumentar com o outro, de forma honesta e transparente. Caso 
contrário, argumentação fica sendo sinônimo de manipulação. O fato de agirmos com 
honestidade nos confere uma característica importante em um processo argumentativo: a 
credibilidade. Para ter credibilidade é preciso apenas comportar-se de modo verdadeiro, 
sem medo de revelar propósitos e emoções. Assim como as pessoas possuem ”detectores 
inconscientes” de interesse sexual em relação ao sexo oposto, capazes de decodificar 
posturascorporais, expressões faciais e tom de voz, elas também possuem ”detectores de 
credibilidade” em relação ao outro. Para ter credibilidade, basta procurar a criança que 
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existe dentro de nós. As crianças não dizem aquilo em que não acreditam e não fingem o 
que não sentem. Se estão tristes, seus rostos refletem nitidamente a tristeza. Se estão 
alegres, refletem essa alegria. Ao longo da vida, nós, adultos, é que desaprendemos a 
espontaneidade, depois que outros adultos nos ensinaram a separar nossa inteligência de 
nossas emoções. 
 
(ABREU, Antônio Suàrez. Arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 6. ed. São 
Paulo: Ateliê Editorial, 2003.) 
 
Leia o texto “Igualdade só no governo”, escrito por José Barella, retirado da revista Veja, de 
2004, para responder às questões de 1 a 5. 
 
IGUALDADE SÓ NO GOVERNO 
Autor: José Eduardo Barella 
A Suécia é um primor no que diz respeito à igualdade entre os sexos no trabalho e na 
vida pública. No Parlamento, 45% das cadeiras são ocupadas por mulheres, o maior índice 
internacional de participação feminina e quase o triplo da média europeia. Por consenso entre 
os partidos políticos, elas também estão no comando de metade dos ministérios. Um terço dos 
cargos de confiança no governo é reservado para as mulheres. Em nenhum outro lugar da 
Europa é maior a presença feminina no mercado de trabalho e tão alta a média salarial, 
comparada com a masculina, como na Suécia. 
Dentro de casa, infelizmente, a história é outra. A violência contra a mulher – incluindo 
aí espancamento doméstico, relações sexuais forçadas e constrangimento psicológico – é 
também uma das maiores da Europa. Nos últimos quinze anos, o número oficial de casos de 
violência contra mulheres na Suécia aumentou 40%. Em 2003, de acordo com um relatório da 
Anistia Internacional, 50% das agressões que chegaram ao conhecimento da polícia se 
referiam a surras aplicadas por marido, namorado e toda sorte de ex. Quatro em cada dez 
suecas, em algum momento da vida, já foram agredidas por homens. É o dobro da média 
europeia e um índice encontrado com maior facilidade em países menos desenvolvidos, como 
o Brasil. Na Europa, só em Portugal as mulheres são mais espancadas que as suecas. De 
acordo com estatísticas, metade das portuguesas já foi surrada pelo menos uma vez na vida. 
Na Holanda essa proporção é de 20% e na Espanha, de 11%. Na Inglaterra, onde a orientação 
policial é tratar com rigor os suspeitos de espancamento doméstico, o índice de violência no lar 
caiu 50% desde o início dos anos 90. 
Como explicar o paradoxo de que o país europeu que melhor protege a mulher do ponto 
de vista legal seja também aquele que a trata pior dentro de casa? "Na verdade, por 
contraditório que possa parecer, uma coisa está relacionada a outra", explica Margareta 
Winberg, embaixadora da Suécia no Brasil e ex-ministra de Assuntos para a Igualdade de 
Comunicação e Expressão 
 
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Gêneros. "Os suecos batem nas mulheres para deixar claro que ainda são capazes de 
subjugá-las, apesar de ter perdido o poder sobre elas fora de casa." Talvez isso decorra do fato 
de a igualdade de direitos no trabalho ter sido imposta de cima para baixo, por meio de leis 
apresentadas no Parlamento. A legislação aprovada treze anos atrás estabelece punição 
severa para a companhia que deixar de contratar alguém só por ser mulher. As planilhas das 
empresas privadas são checadas pelo governo para ver se não há disparidade de salários 
entre homens e mulheres. "Nada disso garante às mulheres coragem para denunciar as 
agressões que sofrem dentro de casa", disse a VEJA Gerd Johnsson, diretora do projeto de 
combate à violência contra a mulher do governo da Suécia. "Algumas suportam caladas para 
preservar a imagem de pessoa forte e independente que construíram na sociedade.”(Veja, ed. 
1902, 27 abr. 2005, p. 70). 
 
1. Em relação às informações do texto, podemos afirmar que 
a) na Suécia existe igualdade entre sexo tanto no trabalho quanto em casa. 
b) quase metade das cadeiras do Parlamento sueco é ocupada por mulheres. 
c) o maior índice internacional de participação feminina em cargos públicos é quase o triplo da 
média sueca. 
d) as mulheres suecas estão em um terço dos cargos dos ministérios, um índice considerado 
baixo em relação ao restante da Europa. 
e) a média salarial é bem mais alta em outros lugares da Europa do que na Suécia. 
 
2. Em relação à violência doméstica na Europa, não podemos afirmar que 
a) a mulher sueca, dentro de casa, tem uma vida muito diferente das mulheres europeias, visto 
que recebe toda a ajuda de seu marido. 
b) a violência contra a mulher sueca, nos últimos quinze anos, diminuiu 40%. 
c) apesar de no trabalho ter se igualado ao homem, infelizmente, entre 10 mulheres suecas, 
quatro, em algum momento da vida, já foram agredidas por homens. 
d) as mulheres suecas sofrem mais com a violência doméstica do que as portuguesas. 
e) tanto em Portugal, quanto na Holanda e na Espanha, 50% das mulheres sofrem com a 
violência dentro de casa. 
 
3. Considerando o questionamento de “Como explicar o paradoxo de que o país europeu que 
melhor protege a mulher do ponto de vista legal seja também aquele que a trata pior dentro de 
casa?”, assinale a alternativa incorreta. 
a) Margareta Winberg, embaixadora da Suécia no Brasil, diz que os homens suecos são 
violentos com suas mulheres para mostrar que tem domínio sobre elas. 
b) Uma das possíveis razões para a violência sofrida pela mulher sueca é devido à imposição 
da lei em relação à igualdade de direitos no trabalho. 
c) A lei em relação à igualdade de direitos entre homem e mulher no trabalho é seguida 
rigorosamente na Suécia. 
d) O rigor das leis suecas garante às mulheres coragem para denunciar as agressões que 
sofrem de seus parceiros. 
e) Algumas mulheres suecas não denunciam a violência que sofrem dentro de casa para 
preservar a imagem de pessoa forte e independente que construíram na sociedade. 
Comunicação e Expressão 
 
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4. Observe o trecho a seguir. 
“Como explicar o paradoxo de que o país europeu que melhor protege a mulher do ponto de 
vista legal seja também aquele que a trata pior dentro de casa?” 
O que significa o termo “paradoxo” nesse contexto? 
a) Uma situação contraditória. 
b) Uma situação metafórica. 
c) Uma situação muito complexa. 
d) Uma situação indesejável. 
e) Uma situação insuportável. 
 
5. No texto “Igualdade só no governo”, predomina a 
a) narração. 
b) descrição. 
c) argumentação. 
d) narração e descrição. 
e) exposição. 
 
 
Por que o texto técnico é tão chato? 
O texto técnico geralmente é mais chato que um texto jornalístico ou que um livro de 
divulgação científica. Existem algumas boas razões para que isso ocorra. 
Em primeiro lugar, é muito difícil escrever fácil, de forma simples, sem perder a 
precisão. Assim, muitos cientistas, que são especialistas em fazer pesquisas, têm grande 
dificuldade de escrever seus relatórios em linguagem acessível. Muitos pesquisadores 
consideravam as aulas (e as regras) de português desnecessárias. Afinal, "qual a 
necessidade de um contador saber escrever? Ele precisa saber fazer os lançamentos 
contábeis, nada mais que isso". 
Uma segunda explicação possível para a nossa questão é que as pessoas que 
escrevem textos técnicos consideram que seus artigos devem ser "chatos". Muitas vezes as 
pessoas não querem que outros estudem com profundidade suas pesquisas ou relatórios, 
mas querem ser elogiados. Uma forma de fazer isso é tornar o texto hermético, ou seja, difícil 
de ser compreendido. As pessoas associam textos complicados com textos de boa qualidade, 
o que nem sempre é verdade. Em certos casos, uma forma de aprovar um texto sem muita 
dor de cabeça para o autor é torná-lo inacessível. Se eu uso ummonte de fórmulas 
quantitativas no meu texto, as chances de ele ser aceito num periódico aumenta, mas 
provavelmente a possibilidade de difusão das suas conclusões é menor. 
Mas acredito que exista outra explicação: o texto científico deve ser preciso. E fazer 
um texto preciso exige muitas vezes repetição de palavras. Veja o seguinte exemplo, muito 
comum nas dissertações, artigos e outros textos científicos: "as empresas americanas foram 
usadas como amostra na pesquisa". Que empresas são essas? No meu dicionário, América 
significa uma porção de terra que vai da Patagônia até o Alasca. Mas parece que algumas 
Comunicação e Expressão 
 
Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp 91 
 
pessoas acreditam que a América é sinônimo de "Estados Unidos". Para resolver esse 
problema, outras pessoas escrevem: "as empresas norte-americanas foram usadas como 
amostra na pesquisa". Ou seja, a pesquisa contou com empresas do Canadá, Estados Unidos 
e México. Mas não é isso que era para ser dito. A solução seria escrever: "as empresas dos 
Estados Unidos foram usadas como amostra na pesquisa" ou "as empresas estadunidenses 
foram usadas como amostra na pesquisa". Agora chegamos à precisão necessária. Mas para 
isso, o texto ficou mais chato, com certeza, pois "estadunidenses" é muito mais esnobe e 
complicado que "americanas". 
Finalmente, a linguagem científica, como qualquer outro tipo de comunicação, está 
carregada de abreviações, atalhos e termos técnicos que afastam o leitor comum. Falamos 
em "ceteribus paribus" e o entendimento é imediato para quem é da área. Escrever sobre 
impairment é natural para quem conhece, mas é "grego" para quem possui pouco 
conhecimento contábil. Para entendermos certos textos é necessário um mínimo de 
conhecimento da variante usada. 
(Disponível em: http://www.contabilidade-financeira.com/2011/01/por-que-o-texto-tecnico-e-
tao-chato.html>. Acesso em: 12 ago. 2015). 
 
6. Qual é a tipologia textual predominante no texto? Comente como o autor estruturou seu 
texto. 
7. Releia os parágrafos e identifique os tópicos frasais. 
8. A partir do que estudamos sobre a técnica de sublinhar, localize as informações principais 
do texto e grife-as, esquematize e elabore uma paráfrase.

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