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PROJEITO DE PESQUISA I

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Autoras: Profa. Silmara Cristina Ramos Quintana
 Profa. Carla da Silva
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudela Nanias
 Profa. Maria Francisca S. Vignoli
Projetos de Pesquisa em 
Contextos Específicos
Professoras conteudistas: Silmara Cristina Ramos Quintana/Carla da Silva
Silmara Cristina Ramos Quintana
Mestrado em Adolescentes em Conflito com a Lei pela Universidade Bandeirantes de São Paulo – Uniban (2010). Especialização em 
Psiquiatria e Psicologia de Adolescentes pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (1989), Orientação e Encaminhamento ao Mundo do 
Trabalho pelo Centro Brasileiro para Infância e Juventude – CBIA (1994) e Psicodrama Pedagógico pela Animus (1997). Assistente social graduada 
pela Faculdade de Serviço Social de Araraquara (1983). Atua desde 2001 como assistente social no Centro de Orientação ao Adolescente de 
Campinas – Comec. Docente e coordenadora do curso de Serviço Social no Centro Universitário Amparense – Unifia. Coordenadora do curso de 
pós‑graduação em Gestão de Políticas Públicas e professora‑adjunta do curso de graduação em Serviço Social da Universidade Paulista – UNIP 
Interativa, campus Cidade Universitária. Auxiliar de coordenação e docente do curso de Serviço Social da UNIP – campus Swift/Campinas.
Partindo de sua vinculação à Unip, enquanto coordenadora do Curso de pós‑graduação, emergiu a oportunidade de seu atrelamento 
também ao curso de graduação de Serviço Social nas modalidades SEI e SEPI, prestadas pela Unip Interativa, ministrando aulas de diversas 
disciplinas nessa modalidade de ensino. O vínculo com essa universidade também lhe possibilitou a elaboração de livros‑textos, inclusive este.
Carla da Silva
Mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC‑SP (2011). Especialização/aprimoramento 
em Serviço Social, Saúde e Violência Urbana pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (2007). Graduação em Serviço 
Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas –PUC Campinas (2005). Curso de extensão universitária em Psicoterapia 
Analítica de Grupo, Casal e Família pela Sociedade de Psicoterapia Analítica de Grupo de Campinas – Spag, (2005). Pesquisadora 
do Projeto Unicamp – SOS Ação Mulher e Família, financiado pelo CNPq (2008‑2010).
Assistente social com experiência no atendimento direto e indireto a pacientes e familiares vítimas de violência urbana no 
Hospital de Clinicas – HC da Unicamp (2005‑2006). Atuou em instituição de acolhimento na Casa da Criança e do Adolescente de 
Valinhos (2007‑2009). Participou da equipe interdisciplinar da ONG SOS Ação Mulher e Família, no atendimento direto a mulheres 
vítimas de violência doméstica e respectivas famílias (2008‑2012). Assistente social do Centro de Referência e Apoio à Vítima – CRAVI/
Campinas, Programa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo (2012). Ministra aulas na pós‑graduação 
em Psicopedagogia Clínica e Institucional do Centro Universitário Amparense – Unifia (desde 2010). Exerceu a docência na Faculdade 
de Serviço Social do Instituto Superior de Ciências Aplicadas – Isca – Limeira (2011‑2013).
Atualmente exerce a docência na Faculdade de Serviço Social do Centro Universitário Amparense – Unifia e na Universidade 
Paulista – UNIP, campus Swift/Campinas, além de atuar como pesquisadora nas áreas de gênero e violência doméstica e urbana. 
Trabalha também como assistente social do Centro Corsini, em nível ambulatorial, no atendimento e na prevenção de DST/AIDS.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Q7p Quintana, Silmara Cristina Ramos.
Projetos de pesquisa em contextos específicos / Silmara Cristina 
Ramos Quintana, Carla da Silva. ‑ São Paulo: Editora Sol, 2013.
 
140 p., il.
1. Projetos de pesquisa. 2. Pré‑projeto. 3. Procedimentos. 
I. Título.
CDU 001.8
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Juliana Maria Mendes
 Luanne Batista
Sumário
Projetos de Pesquisa em Contextos Específicos
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 LEVANTAMENTO DOS TEMAS E DA LITERATURA QUE CIRCUNSCREVE O ASSUNTO 
DA PESQUISA ........................................................................................................................................................ 19
1.1 Levantamento dos temas de interesse dos alunos ................................................................. 27
1.1.1 Crianças ...................................................................................................................................................... 27
1.1.2 Adolescentes ............................................................................................................................................. 28
1.1.3 Pessoas idosas .......................................................................................................................................... 29
1.1.4 Pessoas com deficiência ....................................................................................................................... 29
1.1.5 Família ......................................................................................................................................................... 29
1.1.6 Políticas públicas sociais ...................................................................................................................... 29
1.1.7 Programas de governo .......................................................................................................................... 30
1.1.8 Políticas públicas de educação .......................................................................................................... 30
1.1.9 Políticas públicas de saúde ................................................................................................................. 31
1.1.10 Políticas públicas de assistência social ........................................................................................ 31
1.1.11 Políticas públicas de habitação ....................................................................................................... 32
1.1.12 Temas estruturantes ............................................................................................................................ 33
1.1.13 Sistema de garantia de direitos ...................................................................................................... 35
1.2 Levantamento de literatura que circunscreve o assunto de cada pesquisa................. 40
1.2.1 Escolha do tema...................................................................................................................................... 42
1.2.2 Elaboração do plano de trabalho ..................................................................................................... 43
1.2.3 Estrutura ..................................................................................................................................................... 43
2 DELIMITAçãO DO PROBLEMA E DO OBJETO DA PESQUISA ........................................................... 47
2.1 Delimitação do problema da pesquisa ........................................................................................ 47
2.2 Delimitação do objeto de pesquisa ............................................................................................... 51
3 RELEVâNCIA DA PESQUISA: SOCIAL, TéCNICA E CIENTíFICA ........................................................ 52
4 ÚLTIMAS CONSIDERAçõES PARA O PRé‑PROJETO ........................................................................... 55
4.1 Definição dos objetivos da pesquisa ............................................................................................ 55
4.2 O marco teórico conceitual da pesquisa .................................................................................... 56
4.3 Formulação de hipóteses .................................................................................................................. 60
Unidade II
5 A METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................................................ 66
5.1 Delimitação da metodologia da pesquisa .................................................................................. 66
5.2 O campo da pesquisa e o trabalho de campo .......................................................................... 72
5.3 Abordagem da pesquisa .................................................................................................................... 73
5.3.1 Pesquisa quantitativa ............................................................................................................................ 73
5.3.2 Pesquisa qualitativa ............................................................................................................................... 76
5.3.3 Comparações entre as abordagens: quantitativa e qualitativa ........................................... 80
5.4 Tipos de pesquisa .................................................................................................................................. 82
5.4.1 Pesquisa exploratória ............................................................................................................................ 82
5.4.2 Pesquisa descritiva ................................................................................................................................. 83
5.4.3 Pesquisa explicativa ............................................................................................................................... 84
6 PROCEDIMENTOS PARA A PESQUISA ...................................................................................................... 84
6.1 Pesquisa bibliográfica ......................................................................................................................... 84
6.2 Pesquisa documental .......................................................................................................................... 87
6.3 Pesquisa de laboratório ...................................................................................................................... 88
6.4 Pesquisa de levantamento ................................................................................................................ 88
6.5 Pesquisa de campo .............................................................................................................................. 90
6.6 Estudo de caso ....................................................................................................................................... 91
6.7 Pesquisa‑ação ........................................................................................................................................ 92
6.8 História de vida ..................................................................................................................................... 93
6.8.1 Biografia ..................................................................................................................................................... 94
6.8.2 Autobiografia ............................................................................................................................................ 94
6.8.3 Depoimento .............................................................................................................................................. 95
6.9 Coleta de dados .................................................................................................................................... 96
6.10 Instrumentos de coleta de dados ................................................................................................ 99
6.10.1 Questionário ........................................................................................................................................... 99
6.10.2 Entrevista ...............................................................................................................................................104
6.10.3 Observação ............................................................................................................................................105
7 ANáLISE E INTERPRETAçãO DOS DADOS ............................................................................................114
7.1 Categorias de análise ........................................................................................................................115
7.2 Preparação dos dados .......................................................................................................................116
7.3 Análise .....................................................................................................................................................117
7.4 Considerações finais ou conclusões ...........................................................................................119
8 QUALIFICAçãO DO PRé‑PROJETO DE PESQUISA ..............................................................................119
8.1 Revisão do pré‑projeto de pesquisa ...........................................................................................119
8.2 Entrega do projeto de pesquisa ....................................................................................................121
8.3 Entrega do relatório de pesquisa .................................................................................................124
7
APRESEntAção
O presente livro‑texto buscará construir com o aluno a investigação, como dimensão constitutiva 
do trabalho do assistente social – subsídio para a produção do conhecimento sobre processos sociais –, 
e como fortalecimento do objeto da ação profissional.
Para tanto, abordará a pesquisa como espaço para o exercício da práxis profissional, contando com 
a articulação entre o conhecimento teórico‑metodológico e o técnico‑operativo na compreensão da 
realidade social, com vistas à produção do conhecimento científico.
Vamos pensar juntos na concepção, elaboração e realização de seu projeto de pesquisa, como 
exigência curricular para a graduação em Serviço Social, lembrando sempre que esse poderá ser o 
primeiro de muitos projetos de pesquisa na sua trajetória profissional.
Assim, por agora, teremos como objetivos: problematizar a investigação como dimensão constitutiva 
do trabalho do assistente social, como subsídio paraa produção do conhecimento sobre processos 
sociais e como reconstrução do objeto da ação profissional; fortalecer em você, aluno, uma atitude 
investigativa diante da realidade social; compreender e discutir a natureza, o método e o processo de 
construção de conhecimento, bem como o debate teórico‑metodológico na área de Serviço Social.
Esses objetivos serão alcançados a partir de uma discussão aprofundada sobre o olhar estabelecido 
pelo aluno para com a realidade social, por meio de experimentação, com a Teoria da Pesquisa Social, 
que se fortalece e instrumentaliza por meio da inclusão no estágio, espaço privilegiado de investigação 
e elaboração do conhecimento teórico, que é agregado à vivência técnico‑operativa. Nesse espaço, a 
experiência gera a análise e o confronto das teorias, estimulando a investigação, donde nasce um novo 
saber‑fazer teórico e prático. Maria Liduína Silva (2011) afirma que o pesquisador tem possibilidade 
de interpretar e transformar a realidade, estabelecendo‑se assim o método dialético.
Na lógica de se estimular a concretização da pesquisa social, em que se estabeleça a práxis 
profissional do Serviço Social, partiremos para o desenho do modelo de projeto de pesquisa, organizando 
o pensamento e delineando os caminhos a serem traçados. Para tal, cumpriremos os seguintes objetivos 
específicos: escolher e delimitar o objeto de estudo, contando com a orientação e o acompanhamento 
do professor; elaborar o pré‑projeto de pesquisa e apresentá‑lo a uma banca examinadora, com vistas a 
qualificá‑lo para desenvolver o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Se de um lado estão os métodos que nos indicam os caminhos da práxis profissional, de outro, 
simultaneamente, existe a necessidade de saber registrar os achados de pesquisa. Para ter um 
ordenamento, deveremos planejar um caminho para a pesquisa e seu registro, nascendo assim o projeto 
de pesquisa.
IntRodução
Ao longo do curso de Serviço Social, que já dura dois anos, você, aluno, teve de estabelecer critérios 
de tempo, disponibilidade emocional e aprendizado para sua formação profissional.
8
Não tem sido fácil, com certeza. Afinal, temos de fazer escolhas e, com isso, deixamos para outro 
momento atividades que nos são importantes e prazerosas.
Agora temos um novo desafio para você. Não basta desejar, “arrumar um tempinho”. Será necessário 
muito mais: chegou o tempo de intensificar essa dedicação, a fim de ter uma produção científica.
Aqui, teremos o objetivo de desconstruir o medo de escrever e buscar sua criatividade de expressar 
tudo aquilo que vem vivenciando durante as aulas, as leituras, os estudos e o estágio.
Outro desafio importante é saber que o projeto de pesquisa poderá ser elaborado com outras 
pessoas; para que isso se traduza em avanço e crescimento, você precisará identificar características 
convergentes e divergentes para os participantes se complementarem, pois vão trabalhar durante 
dois anos: juntos, iniciarão o projeto, realizarão a pesquisa e elaborarão o relatório da pesquisa – TCC 
(Trabalho de Conclusão de Curso).
Perceba que estamos falando de um tempo longo e que precisa ser planejado de forma que alinhe 
todas as demandas (pessoais, familiares, profissionais e de estudo e pesquisa).
Precisamos estar bem próximos, a fim de que, à medida que formularmos o conhecimento teórico 
sobre projetos, identifiquemos os caminhos a serem trilhados.
Expostas essas nossas demandas relacionais, vamos abordar alguns conceitos importantes para a 
nossa tarefa.
A pesquisa social tem um cunho científico, portanto gera conhecimento, ou seja, seu trabalho não 
pode ser considerado algo isolado: pelo contrário, deverá ter a função de construir conhecimento.
Assim, buscaremos na Antropologia a preocupação do Homo sapiens com o conhecimento da 
realidade (MINAYO 2008 apud VOGEL, 2011).
Minayo (2008 apud VOGEL, 2011) reporta‑se às tribos primitivas, que explicavam a vida e a morte e 
suas relações individuais e sociais com mitos.
Historicamente, tivemos as religiões como impulsionadoras da chamada moral para deliberar sobre as 
relações individuais, sociais e espirituais, impetrando poder à ordem de seus superiores, em nome do extranatural.
Simultaneamente, a filosofia teve a responsabilidade de explicar a existência individual e a coletiva, 
creditando a si todo o saber, conforme o olhar do filósofo/estudioso.
Também o artista, por meio da sua arte, seja ela escrita, plástica, musical ou interpretativa, teve o 
papel de registrar o consciente e o subconsciente das relações humanas/individuais e sociais/coletivas.
Contudo, é a ciência “não exclusiva, não conclusiva, não definitiva” (MYNAIO, 2011, p. 9) que coloca 
à prova o conhecimento passado, o presente e o futuro, com sua função investigadora, que delimita 
9
o problema, estabelece o foco de atenção, registra suas múltiplas relações e reações com seu entorno 
direto e indireto, contudo não o limita; pelo contrário, insere‑o, sempre que pertinente, em novas 
reações, a partir de novas variáveis.
Vogel (2011) lembra que “a ciência é permeada por conflitos e contradições”, sendo um dos embates 
o existente entre Ciências Sociais e Ciências Naturais. Minayo (2008 apud VOGEL, 2011) considera que, 
para alguns autores, existe uma uniformidade: eles indicam que o natural deve se equiparar ao social, 
pois somente assim poderá receber o título de ciência. Outros estudiosos, no entanto, defendem que as 
diferenças, singularidades e peculiaridades dessas áreas devem prevalecer.
O campo científico possui ao mesmo tempo dois polos: um de unidade, pois 
pode existir a semelhança em todas as atividades que partem da ideia do 
conhecimento construído por meio de conceitos; e outro de diversidade, 
pois o campo da ciência não pode ser reduzido a uma única forma de 
conhecer, mas ela contém maneiras diversas de realização (BRUYNE apud 
MINAYO, 2011, p. 10).
Vogel (2011) prossegue, afirmando que, diante de inúmeros questionamentos sobre a configuração 
das ciências sociais na lógica de conhecimento científico, Minayo propõe a ponderação sobre os 
seguintes dilemas: “[...] seguir os caminhos das ciências estabelecidas e empobrecer seu próprio objeto? 
Ou encontrar seu núcleo mais profundo, abandonando a ideia de cientificidade?” (MINAYO, 2008, p. 11 
apud VOGEL, 2011). Lembra também que, para discutir as Ciências Sociais em sua singularidade, essa 
autora utiliza cinco critérios (listados a seguir), que as diferenciam, mas que não as desvinculam dos 
princípios da cientificidade:
O primeiro é que o objeto das Ciências Sociais é histórico, ou seja, cada 
sociedade humana se constrói de maneira diferente, porém aquelas que 
vivenciam o mesmo período histórico têm traços em comum devido à 
influência das comunicações, e as sociedades presentes são marcadas pelo 
seu passado e constroem o seu futuro.
O segundo é que o objeto das Ciências Sociais possui consciência histórica 
[...], não é apenas o investigador que tem capacidade de dar sentido ao 
seu trabalho intelectual, mas todos os seres humanos dão sentidos às suas 
ações, explicitam suas intenções [...], planejam o seu futuro, portanto o nível 
de consciência histórica das Ciências Sociais se refere ao nível de consciência 
histórica da sociedade de seu tempo.
O terceiro critério é que nas Ciências Sociais existe uma identidade entre 
sujeito e objeto, pois lida com seres humanos, que por seus traços como 
classe, faixa etária etc., se aproximam do investigador.
O quarto critério é que as Ciências Sociais são intrínseca e extrinsecamente 
ideológicas, pois não existe ciência neutra [..., mas] apresenta[m] uma 
10
visão de mundo [que] implica [...] todo o processo de conhecimento, desde 
a escolha do objeto, a aplicação e o resultado, e isso ocorre também nas 
Ciências Naturais, de forma diferente, mas que aparece quando se escolhem 
ou descartam temas, métodose técnicas.
O último critério é que o objeto das Ciências Sociais é essencialmente 
qualitativo, pois elas possuem instrumentos e teorias que permitem a 
aproximação da existência dos seres humanos em sociedade, abordando o 
conjunto das expressões humanas nas estruturas, processos, representações, 
símbolos e significados (MINAYO, 2008, p. 11 apud VOGEL, 2011).
Minayo (2008, p. 14 apud VOGEL, 2011) apresenta o
conceito da metodologia de pesquisa, afirmando que [...] a metodologia 
inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos 
de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do 
pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade) [...] 
metodologia é muito mais que técnicas, mas é a própria articulação entre a 
teoria e a realidade dos pensamentos sobre a realidade [...] Minayo (2008, p. 
15) prossegue afirmando que, com base em Lenin, para quem “o método é 
a alma da teoria”, nada substitui a criatividade do pesquisador, e que tanto 
segundo Feyerabend quanto Kuhn, o progresso da ciência ocorre de forma 
mais veemente quando as regras são violadas, e não quando são seguidas. 
Dilthey (apud MINAYO, 2008) complementa que apesar de precisarmos de 
determinados parâmetros para produzirmos conhecimento, assim sendo a 
criatividade é passa a ser considerada fundamental (apud VOGEL, 2011).
A pesquisa é uma atividade basilar da ciência, que investiga para construir a realidade. Mesmo 
sendo uma prática teórica, vinculada o pensamento à ação. Donde se tem que qualquer pesquisa deve 
ser iniciada com uma pergunta ou uma dúvida, que para ser respondida demanda articulação dos 
conhecimentos anteriores ou a criação de novos conhecimentos.
Leia a seguir várias definições de pesquisa, dadas por diversos pesquisadores e compiladas por Silva 
e Menezes (2001):
Minayo (1993, p. 23), vendo por um prisma mais filosófico, considera 
a pesquisa como: “atividade básica das ciências na sua indagação e 
descoberta da realidade. é uma atitude e uma prática teórica de constante 
busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. é 
uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, 
fazendo uma combinação particular entre teoria e dados”.
Demo (1996, p. 34) insere a pesquisa como atividade cotidiana considerando‑a 
como uma atitude, um “questionamento sistemático crítico e criativo, mais 
11
a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente 
com a realidade em sentido teórico e prático”.
Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um “processo 
formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo 
fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o 
emprego de procedimentos científicos” (apud SILVA e MENEZES, 2001, p. 19).
Nesse contexto, Minayo (2008, p. 17 apud VOGEL, 2011) apresenta a necessidade da teoria, que é
“[...] construída para explicar ou para compreender um fenômeno, um 
processo ou um conjunto de fenômenos e processos”, e que tem como 
funções esclarecer melhor o objeto de pesquisa, fornece[r] elementos 
para questionamentos e o estabelecimento de hipóteses, colabora[r] na 
organização dos dados com mais nitidez e guiar a análise [destes] (apud 
VOGEL, 2011).
Vogel (2011) considera ainda que:
A teoria pode ser o conhecimento de um determinado assunto construído 
cientificamente por outros pesquisadores e que esses subsidiam novas 
pesquisas, como por exemplo, as grandes teorias (macroteorias) que são 
[propostas] por autores de referência, sendo [...] as quatro principais [...] 
o positivismo, o marxismo, a teoria da ação, e o compreensivismo, mas 
há [outras] teorias menores, que se baseiam em alguma grande teoria e 
especificam a explicação e a interpretação de um fenômeno (VOGEL, 2011).
Entretanto, devemos considerar que surgem problemas que as teorias existentes não abrangem, 
ou não são suficientes para esclarecer. Portanto, faz‑se necessária a pesquisa exploratória, na qual é 
proposta uma nova interpretação. Nenhuma teoria, por mais bem‑formulada que seja, tem o potencial 
de explicar todos os fenômenos e processos (VOGEL, 2011).
Nesse sentido, a teoria se baseia em um conjunto de proposições, que são as hipóteses cujo 
referencial está comprovado. Quando elencadas, devem ser claras, possibilitando o fácil entendimento e 
trazendo, em sua apresentação, as relações abstratas, para que estas norteiem as questões reais.
Temos ainda os conceitos,
[...] que são os temas mais significativos num discurso científico, são eles 
que focalizam e delimitam o tema de estudo e são carregados de sentido, já 
que uma mesma palavra pode ter conceitos diferentes em teorias distintas. 
Minayo (2008) aponta quatro características do conceito que devem estar 
claras para o pesquisador: o conceito tem que ser valorativo (explicitação 
da corrente teórica onde os conceitos foram concebidos), pragmático 
12
(descrição e interpretação da realidade) e comunicativo (nítidos, inteligíveis, 
abrangente e específico ao mesmo tempo). Os três tipos de conceitos são os 
teóricos (compõem o discurso da pesquisa), de observação direta (definem 
os termos para serem trabalhados em campo ou nas análises documentais), 
e de observação indireta (relacionam o contexto da pesquisa com os 
conceitos da observação direta). A autora afirma que tanto as teorias como 
os conceitos são fundamentais para qualquer pesquisa, porém eles não 
podem ser camisas de força (VOGEL, 2011).
Para se iniciar uma pesquisa, é necessário reconhecer as correntes de pensamento existentes para 
dialogar com as suas hipóteses e estabelecer critérios para suas escolhas. Para alguns autores, como 
Minayo (2007), Demo (1996 apud SILVA e MENEZES, 2001), Severino (2007) e Gil (1997, 2002, 2008), é 
necessário reconhecer os métodos de pesquisa para poder identificar qual o mais apropriado à realidade 
que se apresenta, ou mesmo considerar o diálogo entre eles, para então iniciar o percurso da elaboração 
do conhecimento.
Esse conhecimento científico se estabelece mediante métodos, mas o que são métodos, vejamos 
alguns conceitos:
“é um esforço para atingir um fim, investigação, estudo, caminho pelo qual se chega a um determinado 
resultado” (LALANDE, 1999, p. 678).
“Método significa uma investigação que segue um modo ou uma maneira planejada e determinada 
para conhecer alguma coisa; procedimento racional para o conhecimento seguindo um percurso fixado” 
(CHAUí apud SILVA, 2011, p. 5)
[...] caminho pelo qual se atinge um objetivo;
estrada, simultaneamente, rumo, discernimento da direção; panorama que 
regula várias operações, técnicas;
via de acesso, onde se constrói o conhecimento científico;
como fazer (modo de fazer);
melhor maneira para compreender o objeto, objetivos;
uma abordagem teórico‑metodológica escolhida pelo pesquisador 
(conceitual e operacional);
escolha de instrumentos, técnicas de coletas e análise;
é um jogo de quebra‑cabeça (criação/encantamento/revelação). 
(SILVA, 2011, p. 5).
13
Assim, verificamos que, para se pensar em construção de conhecimento, precisamos identificar um 
caminho a percorrer, em que se estabeleça um ponto de partida, um como sair, como caminhar e 
como retornar. Com isso, sabemos da necessidade de ter um método para se investigarem as questões 
sociais, objeto do Serviço Social, por exemplo, a violência, a pobreza, a fome, a miséria etc.
Para entender melhor, precisamos reconhecer que a investigação científica depende de um “conjunto 
de procedimentos intelectuais e técnicos” para que seus objetivos sejam atingidos: são os métodos 
científicos, “conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. é a 
linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa” (GIL, 1999, p. 26 apud SILVA e MENEZES, 2001).
Os métodos que fornecemas bases lógicas da investigação são: dedutivo, indutivo, 
hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Para facilitar o entendimento, vamos descrevê‑los 
no quadro 1, a seguir:
Quadro 1 – Métodos de investigação
Método Propositores Compreensão
Dedutivo
Racionalistas: 
Descartes, Spinoza e 
Leibniz
Só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. 
O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o 
conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia 
de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral 
para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, 
construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar 
uma terceira logicamente derivada das duas primeiras, a 
que se denomina conclusão.
Indutivo Empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume
Considera que o conhecimento é fundamentado 
na experiência, não levando em conta princípios 
preestabelecidos. No raciocínio indutivo, a generalização 
deriva de observações de casos da realidade concreta. 
As constatações particulares levam à elaboração de 
generalizações.
Hipotético‑dedutivo Popper
Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado 
assunto são insuficientes para a explicação de um 
fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as 
dificuldades expressas no problema, são formuladas 
conjeturas ou hipóteses.
Dialético Hegel, Marx
As contradições se transcendem, dando origem a novas 
contradições que passam a requerer solução. é um método 
de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. 
Considera que os fatos não podem ser levados em conta 
fora de um contexto social, político, econômico etc.
Fenomenológico Husserl
Não é dedutivo nem indutivo. Preocupa‑se com a descrição 
direta da experiência tal como é. A realidade é construída 
socialmente e entendida como o compreendido, o 
interpretado, o comunicado. Portanto, não é única: existirão 
tantas realidades quantas forem as suas interpretações 
e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente 
importante no processo de construção do conhecimento.
Compreensivista Max Weber
A análise deveria se dar por meio da compreensão do 
sentido existente na ação social dos indivíduos movida por 
valores, e não por determinantes econômicos ou pela força 
da sociedade sobre o indivíduo.
Adaptado de: Gil (1999, p. 26 apud SILVA e MENEZES, 2001).
14
Das hipóteses formuladas, deduzem‑se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear 
significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se 
procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético‑dedutivo procuram‑se evidências 
empíricas para derrubá‑la (GIL, 1999, p. 11‑5 apud SILVA e MENEZES, 2001).
 Saiba mais
Há diversos sites com informações importantes sobre a vida dos 
pensadores que propuseram os métodos de investigação. Para saber mais 
sobre cada um, acesse: <www.filosofia.com.br/>.
Entretanto, uma pesquisa não se limita ao método: envolve também sua natureza, que pode ser:
Básica/Pura: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço 
da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses 
universais.
Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à 
solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais (GIL, 
2008, 26‑7).
Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pode ser:
Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa 
traduzir em números opiniões e informações para classificá‑las e analisá‑las. 
Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, 
mediana, desvio‑padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão etc.).
Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo 
real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo 
e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A 
interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no 
processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas 
estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o 
pesquisador é o instrumento‑chave. é descritiva. Os pesquisadores tendem a 
analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos 
principais de abordagem (MYNAIO, 2007, p. 26).
Do ponto de vista de seus objetivos (GIL, 2008) pode ser:
Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com 
vistas a torná‑lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento 
15
bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com 
o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. 
Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.
Descritiva: visa descrever as características de determinada população ou 
fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso 
de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação 
sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.
Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contribuem 
para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade 
porque explica a razão, o “porquê” das coisas. Quando realizada nas Ciências 
Naturais, requer o uso do método experimental, e nas Ciências Sociais requer 
o uso do método observacional. Assume, em geral, as formas de Pesquisa 
Experimental e Pesquisa Expost‑Facto (GIL, 2008, p. 27‑8).
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos (SEVERINO, 2007), pode ser:
Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, 
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente 
com material disponibilizado na Internet.
Documental: quando elaborada a partir de materiais que não receberam 
tratamento analítico.
Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam‑se 
as variáveis que seriam capazes de influenciá‑lo, definem‑se as formas de 
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das 
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos 
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
Expost-Facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos.
Pesquisa-Ação: quando concebida e realizada em estreita associação com 
uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e 
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos 
de modo cooperativo ou participativo.
Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre 
pesquisadores e membros das situações investigadas (SEVERINO, 2007, p. 120‑4).
16
 observação
Uma pesquisa que requeira participação do pesquisador merece atenção 
redobrada, para que os dados sejam fidedignos e tenham credibilidade 
científica. Corre‑se o risco de comprometer os resultados, portanto é 
necessário ter clareza de que, mesmo com lisura e ética, o processo contará 
com essa participação, que nunca será neutra.
Retomando, não podemos acreditar que uma pesquisa seja a finalização de um saber. Pelo contrário: 
no campo da pesquisa social, ela poderá indicar novos caminhos de intervenção, considerando 
que, em Ciências Sociais, o movimento é constante, cíclico e espiral, demandando continuidade na 
investigação. Contudo, somente a partir do reconhecimento das histórias de vida e, simultaneamente, 
das histórias sociais é que teremos a identificação do lócus da política que agrega ou desagrega as 
relações sociais.
Assim, estabelecemos aqui as dimensões da profissão de assistente social para os conhecimentos 
fundantes (econômico‑sociais, políticos e ideoculturais) e interventivos. Em relação a esse tema, Guerra(1998) esclarece:
O que chamamos de dicotomia teoria/prática, em muitos casos, tem sido 
resultado do desprezo pela teoria, por parte dos praticistas, e do descaso pela 
intervenção sobre variáveis empíricas que produz uma alteração no contexto 
social, por parte dos teoricistas, o que conduz à ruptura da unidade (que não 
significa identidade) teoria/prática que se materializa na práxis, enquanto 
ação consciente, transformadora e autotransformadora. O menosprezo 
por um dos polos da relação leva, de um lado, à aceitação, em última 
instância, do papel determinante da teoria em detrimento das atividades 
prático‑materiais, ou o seu inverso: a prévia determinação de instrumentos 
e técnicas a serem utilizados na intervenção e, consequentemente, a pauta 
do “como fazer” (GUERRA, 1998, p. 6).
 Lembrete
Dicotomia mostra uma situação com dois pontos de vista alternativos, 
que nem sempre são excludentes, podendo ser complementares.
Assim, estabelece‑se o compromisso com o Projeto ético‑Político (PEP) do Serviço Social. Conforme 
afirma Guerra (1998), é necessário haver
[...] reflexão sobre a existência ou não de novos processos de produção do 
conhecimento. Como afirmamos, a produção do conhecimento está assentada 
17
em pressupostos teórico‑metodológicos, na base dos quais localizam‑se princípios 
e fundamentos filosóficos e ético‑políticos. Em outras palavras, em determinadas 
concepções de Razão e de História. Esta relação entre teorias sociais e referências 
filosóficas é uma relação necessária e se expressa em várias dimensões, sendo o 
método a dimensão mais determinante desta relação (GUERRA, 1998 p. 9).
Entretanto, considerando que para sistematizar conhecimento é necessário método, o qual 
estabelece organicidade entre os fundamentos filosóficos e os pressupostos ético‑políticos para a 
análise dos objetos sociais, ao olharmos para métodos ou matrizes clássicos, não conseguimos enxergar 
possibilidade de diálogo, tendo em vista que:
[...] o método estabelece uma determinada relação, necessária e constituinte, 
entre sujeito e objeto do conhecimento, podemos considerar que há entre 
eles três tipos de relação: a que atribui a prioridade do objeto sobre o 
sujeito (positivismo), a que prioriza o sujeito sobre o objeto (historicismo ou 
método compreensivo) e a que propõe a necessária autoimplicação entre 
sujeito e objeto (marxismo). Ainda que os objetos sociais, os fenômenos, 
processos e práticas sociais se modifiquem, os métodos de conhecimento 
sobre o social permanecem vinculados a uma das três formas de relação 
sujeito‑objeto mencionadas. Estas três grandes matrizes metodológicas 
do nosso tempo possuem seus matizes (pense‑se nas diferenças entre o 
estrutural‑funcionalismo de Parsons e o historicismo‑relativismo de Karl 
Manheimm, em que pese ambas permanecerem no nível da imediaticidade 
dos fenômenos sociais) e desdobram‑se em teorias setoriais (recorde‑se das 
teorias da ação social) (GUERRA, 2010 p. 11).
Pesquisa científica é a concretização de uma investigação planejada, desenvolvida a partir de normas 
consagradas pela metodologia científica.
Metodologia científica é entendida como conjunto de etapas ordenadamente dispostas que você, 
pesquisador, precisa vencer na investigação de um fenômeno. Compreende a escolha do tema, o 
planejamento da investigação, o desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação de dados, a 
análise dos resultados, a elaboração das conclusões e a divulgação de resultados.
Os tipos de pesquisa apresentados nas diversas classificações não são estanques. Uma mesma 
pesquisa pode estar, ao mesmo tempo, enquadrada em várias classificações, desde que obedeça aos 
requisitos inerentes a cada tipo.
Realizar uma pesquisa com rigor científico pressupõe que você escolha um tema e defina um 
problema para ser investigado, elabore um plano de trabalho e, após a execução operacional desse plano, 
escreva um relatório final e este seja apresentado de forma planejada, ordenada, lógica e conclusiva.
Assim, a partir de agora, vamos esquematizar um tema, para juntos trabalharmos nas etapas 
metodológicas da pesquisa social, concretizando‑a com a elaboração do projeto de pesquisa.
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Vamos contar com o seu comprometimento ético‑político, teórico‑metodológico e técnico‑operativo, 
que vem permeando sua formação acadêmica, acrescido de muita criatividade em todas as etapas, 
desde a elaboração do projeto de pesquisa, passando pela construção teórica do tema, pela pesquisa de 
campo e pela análise dos dados, até chegar ao relatório.
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Projetos de Pesquisa em Contextos esPeCífiCos
Unidade I
Construção do pré‑projeto de pesquisa em Serviço Social
1 LEvAntAmEnto doS tEmAS E dA LItERAtuRA QuE CIRCunSCREvE o 
ASSunto dA PESQuISA
Precisamos deixar claro que o ato de pesquisar não se limita a este momento da graduação em Serviço 
Social ou de qualquer outra graduação. Pesquisar é investigar, inquirir, buscar, reconhecer, olhar, escutar, 
aprofundar a realidade social e, consequentemente, as relações entre os sujeitos, reconhecendo a singularidade 
dos indivíduos no tecido social e suas relações interpessoais e sociais, no momento atual e na sua história de 
vida permeada e inserida em sua referência histórica, cultural, econômica e política, individual e coletivamente.
Com esse olhar singular, devemos estar inseridos no campo profissional. Nesse momento, você 
vivencia o estágio curricular, deparando‑se com a realidade social, mas, muitas vezes, sente dificuldade 
de identificar em que aspectos a ética, a política, a teoria e a metodologia podem ser inseridas.
Essa dúvida não é apenas sua, mas também da maioria dos graduandos e – podemos dizer – de 
alguns profissionais. Tal sensação é o que Guerra (2010) conceitua como dicotomia teoria/prática e 
não pode ser desconsiderada; pelo contrário, precisamos enfrentá‑la para consolidarmos efetivamente 
nossa profissão e o compromisso com o Projeto ético‑Político de Serviço Social.
Assim, retomamos a demanda pelo reconhecimento da realidade social, que se dá, pedagogicamente, 
em quatro momentos:
• experimentar o espaço profissional, ou seja, entrar e atuar no campo profissional com todo o 
referencial técnico‑operativo;
• identificar as relações de força entre os sujeitos sociais e as instituições de poder (Estado e demais 
instituições), com seu referencial ético‑político, procurando ler e refletir sobre essas relações;
• investigar as formas de exclusão geradas nos chamados processos de inclusão, escutando o que 
reverbera dessa relação de forças nos sujeitos sociais e em sua relação social, política, cultural e 
econômica, balizando‑se por seu referencial teórico‑metodológico;
• a partir da investigação e de sua análise, percorrer as novas possibilidades de conhecimento, 
intervindo na realidade e oferecendo espaço de empoderamento dos sujeitos sociais para traçarem 
novos caminhos, sendo esse o momento de deparar‑se com sua práxis profissional, que, conforme 
indica o Projeto ético‑Político, utilizará instrumentos e técnicas para desvelar e transformar o 
projeto societário vigente.
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Usando técnicas de articulação e mediação, nasce o Projeto de Intervenção Profissional, 
não voltado para um fazer por si só, como profissionais fazedores e cumpridores de demandas 
burocráticas e mantenedoras do projeto societário de poder, mas para a busca incessante de desafios, 
na lógica da hegemonia de um projeto profissional que possibilite a libertação dos indivíduos eda 
coletividade.
Escrever ou ler isso parece muito fácil, mas sabemos que não é, pois nessa perspectiva encaramos 
os conflitos e as contradições de nossa atuação. Contudo, temos de ser honestos e reconhecer que 
a simples e complexa ação de viver nos remete ao contraditório, e a vivência profissional nos 
instiga a romper com a hegemonia do poder institucional, articulando e potencializando novas 
formas de relação.
Para tal, não podemos nos tornar simples executores de projetos político‑partidários, apresentados 
como políticas públicas, mas estabelecidos por um Estado que os utiliza como questionadores e 
investigadores destas.
Assim, diante dos instrumentos, das técnicas e das estratégias do Serviço Social, precisamos manter 
uma postura crítica, ética e política, não aceitando a manipulação que nos é imposta a todo tempo. A 
respeito disso, Guerra (2010) aponta:
[...] implica na aceitação passiva de informações que nos chegam pelo cotidiano, 
pela necessidade de sobrevivência, de reprodução da existência. A este nível do 
conhecimento chamaremos de entendimento. O entendimento se localiza ao 
nível dos fenômenos, da epiderme do real. é um processo de reconhecimento 
que se traduz em imagens que são representações mais ou menos vividas da 
aparência do real, que nos permite identificarmos as coisas pela sua aparência, 
de modo imediato. Ele possibilita distinguir as coisas, determiná‑las, compará‑las, 
classificá‑las a partir da sua imagem, da aparência, da forma. Para tanto, os sujeitos 
acionam o nível do intelecto. Assim, “o entendimento é posto como um modo 
operativo da razão, que não critica os conteúdos dos materiais sobre que incide” 
(NETTO, 1994, p. 29). Nesse nível predomina a racionalidade formal‑abstrata. Esta, 
porque realiza suas operações de análise e síntese sobre as bases da positividade do 
mundo, “esgota‑se e reduz a racionalidade aos comportamentos manipuladores 
do sujeito em face do mundo objetivo” (NETTO, idem, ibidem) (GUERRA, 2010, p. 2).
Diante das demandas impostas pelo social, na qualidade de profissionais, urge avançarmos em nossos 
conhecimentos, encarando as contradições e buscando soluções, como nos inspira Guerra (2010):
O conhecimento resultante dos procedimentos da razão dialética vai além 
da apreensão da imediaticidade da vida cotidiana. Ele busca captar a 
processualidade contraditória de seus objetos e visa à refiguração, ao nível 
do pensamento, do seu movimento. O conhecimento se organiza mediante 
conceitos. Estes são sínteses mentais dos nossos esforços em compreender 
o real e de nos comportarmos adequadamente frente a ele. Os conceitos 
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nos permitem compreender a lógica de constituição dos processos sociais. 
Daí que o conhecimento não é apenas um dado imediato da sociedade, já 
que nela imperam modos de pensar próprios à manutenção e reprodução 
ideológica dessa ordem social (GUERRA, 2010, p. 3).
 Lembrete
O que é imediaticidade na prática profissional do assistente social?
Buscar a resolução de uma situação‑problema sem uma prévia análise 
crítica, identificando que o fazer profissional só é competente quando 
busca a resolutividade prontamente.
Cabe, portanto, ao profissional estar atento ao movimento societário imposto e desvelá‑lo, fazendo 
o mesmo com seu papel como profissional e sujeito desse tecido social, pois exercemos dupla função: 
somos trabalhadores e profissionais, inseridos na mesma textura manipulada historicamente pela classe 
dominante, conforme nos apontam Marx e Engels (1989 apud GUERRA, 2010, p. 4):
[...] diferentemente do conhecimento sobre a natureza, o conhecimento do 
social encontra‑se intrinsecamente relacionado com o para que, com as 
finalidades, com a postura teleológica do sujeito, com valores e pressupostos 
ético‑políticos e ideoculturais, donde a verdade é auferida não em termos 
de experimentação e controle, ou mesmo de adequação do objeto ao 
pensamento e vice‑versa, mas pela prática sócio‑histórica de homens reais 
e concretos.
Diante disso, como agir?
Verifica‑se que a atuação profissional demanda não só reconhecimento do compromisso ético‑político 
e ideocultural, mas também a imersão de cada pessoa e, consequentemente, de cada profissional nesse 
compromisso, o que fará toda a diferença no enfrentamento ou na manutenção do projeto societário vigente.
 Saiba mais
Para uma maior compreensão do termo ideocultural, leia:
ALECRIM, L. Expressão ideocultural de uma independência manipulada: 
Abraham Lincoln, o caçador de vampiros. Correio da cidadania, São Paulo, 
set. 2012. Disponível em: <http://www.correiocidadania.com.br/index.
php?option=com_content&view=article&id=7650:cultura210912&catid
=29:cultura&Itemid=61>. Acesso em: 10 fev. 2013.
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Antes de iniciar sua pesquisa, sugerimos também assistir ao filme que 
segue, com esse mesmo olhar crítico do assistente social autor da matéria 
indicada:
ABRAHAM Lincoln: caçador de vampiros. Direção: Timur Bekmambetov. 
EUA, 2012. 105 minutos.
Caso seja necessário, quando em campo profissional, recomenda‑se ter na pesquisa social um 
instrumento permanente, que inclua, em seu rol de instrumentos, técnicas e estratégias, a serem inseridas 
no cotidiano, não como manutenção da hegemonia do poder, mas como instrumento de libertação do 
ranço da culpabilização do sujeito pela sua realidade social.
Trata‑se de um novo caminho, que desmistifica a culpabilização, aberto pelo da responsabilização, 
não do sujeito, mas do Estado, como instituição de poder e mediador da corrupção e da desvalorização 
do povo. Encontramos, historicamente, um Estado que valoriza a economia e o capital, fortalecendo a 
hegemonia dominante, em detrimento da equidade dos cidadãos.
Utilizamos, assim, a pesquisa social como:
Investigação e interpretação da realidade, é um trabalho de desvendamento 
do real que exige, fundamentalmente, a intervenção da Razão na organização 
dos princípios explicativos, na articulação dos conceitos.
Daí que, à existência de diversos princípios teóricos explicativos, nem todos 
operam com uma razão inclusiva, crítica e dialética capaz de captar a 
estrutura, a forma de ser da realidade social. Aqueles que não apreendem a 
realidade social como uma totalidade social em movimento não dão conta 
da articulação e complementaridade entre subjetividade e objetividade, 
entre ser e consciência, entre teoria e prática.
Mas a necessidade de os homens deterem o conhecimento, o mais 
correto possível, sobre a realidade na qual irão atuar coexiste com 
a necessidade do mundo burguês de revestir os processos sociais 
de uma falsa objetividade, coisificar as relações sociais, regular 
juridicamente os conflitos sociais, justificar a práxis, tornando‑a 
natural, aceitável, desejável.
A prática profissional do assistente social, respeitadas as devidas 
singularidades, também exige o conhecimento da situação, do cotidiano 
da sua prática, dos meios e condições de realização, das possibilidades que 
a realidade contém e das tendências e contratendências que suas ações 
poderão desencadear (GUERRA 2010, p. 4).
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Temos o compromisso pessoal e profissional de levar, para a nossa prática diária, esse conceito, não 
limitando a pesquisa social somente à utilização na academia, ou a uma exigência da graduação. Se 
assim a entendermos, estaremos restringindo nosso olhar e nosso saber fazer. Em vez disso, precisamos 
ter a pesquisa socialcomo um instrumento cotidiano que nos impulsiona a desmistificar e desvendar a 
manipulação do projeto societário hegemônico.
Nesse sentido, ainda temos de avançar nesses nossos questionamentos, pois quando nos deparamos 
com o ritual da prática, muitas vezes, tendemos a valorizar a rotina e até a acreditar que estamos 
cumprindo com os compromissos, contudo precisamos identificar se essa rotina não nos impele à 
manutenção da hipocrisia de um fazer aparente, em detrimento de um fazer que liberta sujeitos e 
transforma a realidade social.
Leia a seguir o que Guerra (2010) diz sobre esse assunto.
O Serviço Social, configurado na sociedade burguesa como um trabalho, como um 
ramo específico da divisão social e técnica do trabalho, como um tipo de especialização 
do trabalho coletivo (cf. IAMAMOTO, 1992), como uma atividade profissional, não se 
constitui – sequer pode ter esta pretensão – numa ciência ou num ramo de saber 
científico. Se isso é verdade, a profissão tem que se reconhecer numa determinada 
realidade sócio‑histórica, construída pela práxis das classes sociais, as quais reformulam 
as necessidades sociais e as transformam em demandas para a profissão. Se a sua 
legitimidade é produto das formas de objetivação das classes sociais, se a sua lógica de 
constituição e seus objetos de intervenção vinculam‑se a uma determinada realidade 
histórico‑social, seu substrato material é a realidade social, é a cotidianeidade de 
determinados segmentos da população; seus objetos são definidos pelas condições de 
vida desses mesmos segmentos, sua instrumentalidade encontra‑se na manipulação 
de variáveis que possibilitem a alteração – ainda que temporária – do contexto social 
(NETTO, 1989), e por tudo isso tem de se referenciar pela e na realidade social. Partindo 
desta configuração sobre a natureza do Serviço Social é que podemos considerar sua 
vinculação orgânica com a realidade social, esta composta por elementos materiais 
e espirituais. A realidade social, constituída num campo de forças contraditórias que 
contempla um conjunto de determinações objetivas, moventes e movidas, só pode ser 
apreendida a partir das formas mais complexas e gerais postas no modo de aparecer 
dos fatos, fenômenos, processos e práticas sociais, estes, como formas necessárias de 
determinados conteúdos. Mas a compreensão da realidade supõe partir da superação 
da imediaticidade, da mera aparência, por meio de procedimentos que neguem a mera 
objetividade, o dado imediato, a aparência e resgatem os conteúdos concretos que os 
fenômenos, processos e práticas sociais portam. Há que se enfatizar que numa sociedade 
de classes há o predomínio da racionalidade formal‑abstrata sobre a razão, da imagem 
sobre o conceito, do abstrato sobre o concreto, de procedimentos quantificáveis, do 
cálculo racional, de ações manipulatórias, da sociabilidade reificada e generalizada, 
pela extensão da racionalidade instrumental da relação homem‑natureza para todas 
as dimensões da vida social, o que condiciona, em ampla medida, a elaboração 
teórico‑filosófica. Com isso pretende‑se afirmar que os procedimentos da intelecção, 
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a racionalidade formal‑abstrata, que exerce hegemonia na ordem burguesa, opera de 
maneira a obstaculizar a reflexão da razão.
Fonte: Guerra (2010, p. 5‑6).
Isso nos encaminha para retomar o que foi apresentado anteriormente, no que concerne às 
metodologias para a pesquisa científica, e esclarece que, na intervenção do profissional de Serviço 
Social, nada pode estar restrito a um único olhar ou conceito, limitando a leitura crítica. Devemos 
abrir a metodologia para as “múltiplas determinações” (MARX, 1989 apud GUERRA, 2010), a fim de 
entendermos as singularidades num universo totalitário.
No entanto, de qual método estamos falando?
Esse método deve ter subjacente uma racionalidade que permita alcançar 
o concreto como síntese de múltiplas determinações (cf. MARX, [1989]), 
captar as relações sociais de maneira articulada, seus nexos e mediações, 
numa perspectiva de totalidade, para o que tem que ser histórico, 
dialético, inclusivo e crítico.
A racionalidade crítico‑dialética recolhe suas categorias analíticas na própria 
realidade, percorre‑as, estabelece seus vínculos, sai em busca das mediações, 
satura seus objetos de determinações e reproduz, ao nível do pensamento, 
as múltiplas e complexas relações que se estabelecem na realidade. Nessa 
busca da totalidade, a inter‑relação entre as categorias da realidade 
dão lugar a complexos cada vez mais abrangentes. é neste sentido que a 
perspectiva da totalidade deve ser compreendida, não como um fato formal 
do pensamento, mas como modo de ser do existente (GUERRA, 2010, p. 9).
Estamos caminhando para reconhecer a pesquisa social, não apenas como um instrumento da 
pesquisa científica acadêmica, desvinculada da prática, mas como instrumento permanente, que sustenta 
uma nova práxis profissional, construída a partir da reflexão sobre as competências ético‑políticas, 
teórico‑metodológicas e técnico‑instrumentais ou operativas.
Temos de avaliar como estamos utilizando essa última competência, para que seja efetivado o 
compromisso com as classes subalternas e expropriadas de seus direitos humanos, sociais, culturais, 
econômicos e políticos.
Se muitas das requisições da profissão são de ordem instrumental (em 
nível de responder às demandas – contraditórias – do capital e do trabalho 
e em nível de operar modificações imediatas no contexto empírico), 
exigindo respostas instrumentais, o exercício profissional não se restringe 
a elas. Com isso queremos afirmar que reconhecer e atender as requisições 
técnico‑instrumentais da profissão não significa ser funcional à manutenção 
da ordem ou ao projeto burguês. Isto pode vir a ocorrer quando se reduz a 
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intervenção profissional à sua dimensão instrumental. Esta é necessária para 
garantir a eficácia e eficiência operatória da profissão. Porém, reduzir o fazer 
profissional à sua dimensão técnico‑instrumental significa tornar o Serviço 
Social meio para o alcance de qualquer finalidade. Significa também limitar 
as demandas profissionais às exigências do mercado de trabalho. é também 
equivocado pensar que para realizá‑las o profissional possa prescindir de 
referências teóricas e ético‑políticas.
Se as demandas com as quais trabalhamos são totalidades saturadas de 
determinações (econômicas, políticas, culturais, ideológicas), então elas 
exigem mais do que ações imediatas, instrumentais, manipulatórias. Elas 
implicam intervenções que emanem de escolhas, que passem pelos condutos 
da razão crítica e da vontade dos sujeitos, que se inscrevam no campo 
dos valores universais (éticos, morais e políticos). Mais ainda, ações que 
estejam conectadas a projetos profissionais aos quais subjazem referenciais 
teórico‑metodológicos e princípios ético‑políticos (GUERRA, 2010, p. 35).
Existe uma demanda por “novos instrumentos operativos, a profissão carece de uma racionalidade, 
como fundamento e expressão das teorias e práticas, capaz de iluminar as finalidades” (GUERRA, 2010 
p. 14). Ou seja, a autora nos diz que o que chamamos de instrumentos, técnicas e estratégias não 
podem ser considerados ações‑fim da profissão, mas que é necessário compreendê‑los como uma 
instrumentalidade com a qual os assistentes sociais, por meio da articulação e da mediação teórica 
voltada a fins específicos, atuam e transformam a realidade.
Segundo Iamamoto e Carvalho (2009),
[...] as bases teórico‑metodológicas são recursos essenciais que o assistente 
social aciona para exercer o seutrabalho: contribuem para iluminar a leitura 
da realidade e imprimir rumos à ação, ao mesmo tempo que a moldam. 
Assim, o conhecimento não é só um verniz que sobrepõe superficialmente 
a prática profissional, podendo ser dispensado; mas é um meio pelo qual 
é possível decifrar a realidade e clarear a condução do trabalho realizado 
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2009, p. 62‑3).
Iamamoto e Carvalho (2009) nos convidam a considerar uma razão: o referencial teórico permeia 
nossa prática com intensidade e intencionalidade para que não nos tornemos mecânicos e superficiais, 
mas estejamos abertos para identificar nosso objeto de trabalho. “O assistente social lida, no seu trabalho 
cotidiano, com situações [...] vividas por indivíduos e suas famílias, grupos e segmentos populacionais, 
que são atravessadas por determinações de classe” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009, p. 33).
Diante desse importante instrumento que é a pesquisa social, vamos a partir daqui sugerir uma 
metodologia para a elaboração do pré‑projeto de pesquisa, nesse momento, vinculada à sua prática no 
estágio e ao referencial teórico estudado durante a graduação. Teremos como base a crítica na atuação 
profissional, na lógica do respeito ao sujeito social, inserido numa realidade histórica e atual.
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Reconhecendo que a produção do conhecimento retroalimenta a atuação prática e também insere 
novas perspectivas nos referenciais teóricos, temos duas possibilidades eminentes no resultado do 
relatório da pesquisa:
• uma nova concepção de atuação profissional, a partir de um posicionamento que vence a hegemonia 
do poder e fortalece a credibilidade no potencial humano de transformar a realidade social.
• Acrescenta um novo capítulo à relação entre teoria e prática, por meio da práxis profissional, 
numa inserção dialética da leitura de realidade que redimensiona e amplia a teoria.
Assim, acreditamos que estejamos prontos para entrar no universo da pesquisa, pois revisitamos 
conceitos importantes no âmbito da metodologia científica e transcendemos a práxis profissional do 
Serviço Social. é chegado o momento de decolarmos nessa viagem… Mãos na massa… Afinal, temos uma 
descoberta a ser realizada, então precisamos fazer algumas perguntas e buscar as respostas, segundo 
Gomes (2011, p. 38‑39):
• O que é pesquisa? (definição do problema, hipóteses, base teórica e conceitual);
• Para que pesquisar? (propósitos do estudo, seus objetivos);
• Por que pesquisar? (justificativa da escolha do problema);
• Como pesquisar? (metodologia);
• Por quanto tempo pesquisar? (cronograma de execução);
• Com que recursos? (orçamento);
• A partir de quais fontes? (referências).
O que?
Como?
Por quê?
Para quê?
Onde?
Quando?
Quantos?
Quais?
Pesquisar
Figura 1 – Pesquisa: questões essenciais
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1.1 Levantamento dos temas de interesse dos alunos
Você já teve contato com fundamentos históricos, técnicos e metodológicos, políticas públicas, 
ética, Sociologia, Antropologia, Psicologia, Direito etc. Já tem uma base sólida de conhecimento 
generalista e iniciou seu contato com a prática profissional no estágio. Isso lhe garante uma vivência 
em relação ao objeto do Serviço Social, que o embasa e habilita para fazer a escolha de um tema.
Retomemos alguns dos assuntos que permeiam essa jornada.
A ciência do Serviço Social pesquisa e atua em áreas que perpassam pelas questões sociais, que 
são consequência das desigualdades provocadas pela hegemonia do sistema capitalista, excluindo do 
mercado profissional os sujeitos que não tiveram acesso às condições de qualificação, muitas vezes, pela 
ausência de políticas públicas sociais. São temas de pesquisa relacionados a essa área, entre outros:
• inclusão e exclusão social;
• trabalho;
• geração de renda;
• direitos sociais;
• direitos humanos;
• trabalho coletivo;
• políticas públicas sociais;
• expropriação do trabalho profissional;
• competências do profissional de Serviço Social;
• ética profissional.
São temas fundantes que compõem o universo teórico/prático do Serviço Social. Cada um destes 
pode constituir ou gerar o tema do pré‑projeto de pesquisa social.
Podemos ainda pensar nos segmentos sociais, tais como os apontados a seguir.
1.1.1 Crianças
Segundo a Convenção dos Direitos Humanos (ONU, 1989, p. 6) “A criança é definida como todo ser 
humano com menos de dezoito anos”.
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Figura 2 – Criança
1.1.2 Adolescentes
Eisenstein (2005, p. 6) propõe a seguinte definição de adolescência:
é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado 
pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e 
social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados 
às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência se 
inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o 
indivíduo consolida seu crescimento e sua personalidade, obtendo 
progressivamente sua independência econômica, além da integração em 
seu grupo social.
Figura 3 – Adolescentes
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1.1.3 Pessoas idosas
Segundo o artigo 1º do Estatuto do Idoso (2003), são “pessoas com idade igual ou superior a 60 
(sessenta) anos”.
Figura 4 – Idosos
1.1.4 Pessoas com deficiência
São aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas 
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em 
igualdades de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2009).
1.1.5 Família
Consideramos família um grupo de pessoas que se encontram unidas, por um determinado período 
de tempo, com laços, consanguíneos ou não, de afeto, cuidado e proteção.
A família, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, é merecedora de proteção social e 
garantia de direitos, na lógica da seguridade social, portanto deve receber atenção das políticas públicas 
sociais e do profissional de Serviço Social, dentre outros. Isso evidencia que a pesquisa social com o 
tema Família é atual e necessária para o desenvolvimento e o aprimoramento da ciência que busca 
conhecimento para alcançar a equidade social.
1.1.6 Políticas públicas sociais
As políticas públicas sociais são ações da gestão pública, desenvolvidas pelo Estado ou em parceria 
com a sociedade civil, por meio de serviços, programas, projetos e transferência de renda que visam 
proporcionar aos sujeitos sociais (cidadãos) a proteção social e a garantia de direitos, para uma vida 
digna, com equidade e justiça.
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São consideradas políticas públicas sociais aquelas que asseguram à população o exercício de seus 
direitos individuais e sociais: educação, saúde, trabalho, assistência social, previdência social, justiça, 
agricultura, saneamento, habitação popular e meio ambiente.
1.1.7 Programas de governo
Um exemplo é o Programa Bolsa Família (PBF), por meio do qual se realiza
[...] transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de 
pobreza e de extrema pobreza em todo o País. O Bolsa Família integra o Plano 
Brasil Sem Miséria (BSM), que tem como foco de atuaçãoos 16 milhões de 
brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 70,00 mensais, e está 
baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços 
públicos (BRASIL, 2013b).
Figura 5 – o Programa Bolsa Família faz parte do Plano Brasil sem Miséria
1.1.8 Políticas públicas de educação
Segundo a Constituição Federal de 1988, a política pública de educação é um direito universal, ou 
seja, de todos e para todos, sem critérios de inclusão, sendo o Estado o responsável por sua implantação 
e implementação.
é por meio da educação que os sujeitos sociais garantem sua autonomia e sua independência, pois 
ela os qualifica para assumirem seu papel social com dignidade. Considerando que a leitura, a escrita 
e a interpretação dos fatos são ferramentas fundamentais para a verdadeira inclusão, essa política é 
essencial à proteção social e à garantia de direitos.
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Figura 6 – A educação é fundamental para a garantia de direitos
1.1.9 Políticas públicas de saúde
Correspondem a:
Políticas e ações do ministério para promover a saúde dos diversos segmentos 
da população brasileira. As políticas são baseadas no princípio do Sistema 
Único de Saúde de oferecer acesso integral, universal e gratuito ao sistema 
de saúde pública a todos os brasileiros, seja uma criança, uma pessoa com 
deficiência ou um trabalhador, entre outros perfis (BRASIL, 2013a).
Figura 7 – Anúncio da campanha de vacinação contra a gripe (2013)
1.1.10 Políticas públicas de assistência social
Constituem o público usuário da Política de Assistência Social 
cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade 
e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade 
de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos 
de vida; identidades estigmatizadas em termos étnico, cultural e 
sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão 
pela pobreza e/ou no acesso às demais políticas públicas; uso de 
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substâncias psicoativas; diferentes formas de violência advinda 
do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não 
inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e 
alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar 
risco pessoal e social (BRASIL, 2013c).
1.1.11 Políticas públicas de habitação
No que se refere às condições de urbanização nas cidades brasileiras, encontramos um grande 
déficit tanto de infraestrutura quanto de moradias. Isso se deve ao fato de que o processo 
de urbanização ocorre em um ritmo acelerado e desorganizado, e existe concentração de 
pessoas em regiões periféricas dos municípios, especialmente nos de médio e grande porte, 
ocasionando bolsões de miséria, frutos do êxodo rural, que se iniciou com a industrialização 
e a não ocorrência de uma reforma agrária efetiva. Além disso, temos a questão do sistema 
econômico, que impulsiona o trabalhador a assumir subempregos que nem sempre lhe garantem 
estabilidade, gerando a descontinuidade de salário. Isso sem mencionar as leis trabalhistas que 
não são cumpridas.
A situação do trabalhador assalariado com instabilidade esbarra nas condições de moradia e 
habitação, pois este não consegue se inserir na política habitacional vigente, servindo‑se de espaços 
comunitários que formam aglomerados de pessoas em situações desumanas, sem o devido investimento 
estatal para garantir a proteção social desses indivíduos.
A ausência ou ineficiência da política pública de habitação constitui, portanto, um importante 
campo de pesquisa para o Serviço Social.
Figura 8 – O Programa Minha Casa, Minha Vida é um exemplo de política pública de habitação
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1.1.12 Temas estruturantes
Existem vários temas desse tipo que podem ser trabalhados, dentre os quais destacamos:
• Violência
Para discutirmos a violência, recorremos a Chauí (1984), que define esse conceito, de forma 
ampliada:
Uma realização determinada das relações de força tanto em termos 
de classes sociais quanto em termos interpessoais. Consideramos 
haver diferença entre a relação de força e a de violência (ainda que 
esta seja uma realização particular daquela). A pura relação de força 
visa, em última instância, a aniquilar‑se como relação pela destruição 
de uma das partes. A violência, pelo contrário, visa manter a relação 
mantendo as partes presentes uma para a outra, porém uma delas 
anulada em sua diferença e submetida à vontade e à ação da outra. 
A força deseja a morte ou supressão imediata do outro. A violência 
deseja a sujeição consentida ou a supressão mediatizada pela vontade 
do outro que consente em ser suprimido pela desigualdade. Assim, a 
violência perfeita é aquela que obtém a interiorização da vontade e 
da ação alheias pela vontade e pela ação dominada, de modo a fazer 
com que a perda da autonomia não seja percebida nem reconhecida, 
mas submersa numa heteronímia que não se percebe como tal. Em 
outros termos, a violência perfeita é aquela que resulta em alienação, 
identificação da vontade e da ação de alguém com a vontade e a ação 
contrária que a dominam (CHAUí, 1984, p. 35).
Temos vários tipos de violência. Todos são demandas do Serviço Social, considerando a violação 
de direitos que tanto vitima quanto violenta os que estão expostos a essas situações.
Apresentamos alguns dos tipos de violência que emergem das ações profissionais do assistente 
social, sejam de articulação, mediação ou intervenção:
— Violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes
 Abrange todo e qualquer ato que leve à omissão ou à prática de violência por pais 
e/ou responsáveis por criança e adolescente, que cause dano físico, sexual e/ou 
psicológico. Reverbera na transgressão do dever de afeto, cuidado e proteção que o 
adulto tem para com o outro. Muitas vezes, essa prática submete a pessoa em situação 
de fragilidade ao poder do adulto, que coisifica a criança e o jovem, negando o direito 
desses cidadãos de serem tratados como sujeitos sociais em condição peculiar de 
desenvolvimento.
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— Violência de gênero
 Ação que provoca um comportamento deliberado e consciente que submete o outro à situação 
de domínio físico, psicológico e/ou sexual exercido de um sexo para outro, em que um se torna 
ativo, e o outro, passivo.
— Exploração sexual
 A exploração e o abuso sexual contra crianças e adolescentes vêm sendo estudados no Brasil 
desde 1990. Embora ainda com ações incipientes, todos os anos, em 18 de maio, militantes 
mobilizam‑se para sensibilizar a população quanto a essa situação, que perdura em nossa 
sociedade. Conceituamos o abuso e a exploração sexual contra criança e adolescente como 
uma forma hedionda de influência do poder de um dominador, que submete a criança e/ou o 
adolescente à exploração sexual para aferir recursos financeiros.
— Trabalho infantojuvenil
 Conforme estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é vedado o trabalho para 
crianças e adolescentes com até 14 anos. A partir dessa idade, somente é permitido que ocorra 
o trabalho na condição de aprendiz.
 Parte das pessoas imagina que essa legislação seja a causadora de situações de violência, em 
razão do tempo que as crianças e, especialmente, os adolescentes passam sem ter afazeres. 
Contudo, isso

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