Buscar

filosofia und4 tp5

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 4: Tópico 5
A questão política na contemporaneidade: liberdade, democracia e os novos aprisionamentos dos corpos e das subjetividades
O posicionamento da Filosofia diante da questão social e, especificamente, diante da questão política, fecha a modernidade com grande influência na construção do que é a política, do que é o poder e o que é o Estado.
Embora o seu caráter fortemente liberal-burguês tenha sido questionado pelas propostas socialistas, das quais o marxismo é a mais ampla e contundente, a sua racionalidade, isto é, a forma como o uso da razão humana se instaurou nesse processo, com grande influência positivista, pelo desenvolvimento da ciência e das novas manifestações da racionalidade científica, começa a ser contestada.
Construindo novas formas de ver o mundo e o homem no centro desse movimento cultural contínuo, prevalecendo categorias e/ou concepções puramente iluministas advindas da tradição do racionalismo moderno de base cartesiana, as ações político-culturais se transformam em possíveis situações de destruição da própria humanidade.
Certamente com inspiração de correntes filosóficas que começam a tecer uma dura crítica a esse racionalismo moderno, como, por exemplo, o anticulturalismo de Nietzsche e posteriormente existencialismo de Sartre, todos certamente tocados pelos reflexos do anti-humanismo que a nova época incorporava, a partir das chamadas contradições do progresso científico:
O homem que é capaz de produzir coisas maravilhosas com o uso da razão em função de realizar a satisfação de suas necessidades imediatas de existência, não consegue, com essa faculdade (a razão), conviver socialmente, perdendo-se em relações de exploração do homem por aquilo que ele mesmo produz, sejam os bens de consumo, sejam as construções da política nos jogos do poder.
A história infelizmente confirma essa cruel realidade: o imperialismo, as duas guerras mundiais, as revoluções dos totalitarismos políticos por toda a Europa, o uso da tecnologia para a disputa da corrida armamentista, bem como as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
A Filosofia contemporânea está situada nesse pano de fundo cultural, e como a própria exposição acima supõe, inicia suas análises justamente a partir da desconfiança desse iluminismo enquanto movimento filosófico gerador de bases ideológicas que procedem desde a Revolução Francesa na constituição e exercício do poder na sociedade.
Vários pensadores da Filosofia contemporânea se interessam por temas que acreditavam estar na base de todas essas heranças culturais: a questão da razão, a crítica do iluminismo, as novas concepções de entendimento e instauração do poder político, o uso da inteligência humana no controle da sociedade e das individualidades, a produção cultural em função da produção econômica, o controle do poder, etc.
Horkheimer: a crítica da razão instrumental e política
Max Horkheimer, em sua obra Dialética do esclarecimento, produzida juntamente com Theodor Adorno (1903-1969), procura mostrar por que a humanidade, ao invés de entrar em um estado verdadeiramente humano, pelas novas conquistas da ciência moderna, aprofundou-se em um novo gênero de barbárie (Horkheimer; Adorno, 1966, p. 6). Mostra também como a racionalidade iluminista se torna certa lógica do domínio e barbárie, como por meio da invenção da bomba atômica, com a manipulação e reificação (coisificação-instrumentalização) do homem pela sociedade industrial burguesa avançada (Horkheimer; Adorno, 1966, p. 73).
No contexto do pensamento desses dois autores, o termo iluminismo não é entendido somente como o movimento filosófico do século XVIII, mas no sentido amplo do seu pensamento, como fruto do esforço do homem, na história, para garantir sua autoconservação diante do medo mítico de perder, além de sua sobrevivência, o próprio eu, a subjetividade. Isso está na base da sociedade ocidental, e o iluminismo passa a ser entendido como o movimento real da sociedade burguesa (Horkheimer; Adorno, 1966, p. 6).
O iluminismo é um bem enquanto liberta o mundo da magia através da ciência.
Assim como os mitos são separados da realidade como forças que as dominam, o iluminismo, através da razão científica, separa o homem (sujeito do conhecimento) da realidade (natureza) para dominá-la.
Assim como o mito queria realizar o domínio pela magia, o iluminismo o quer fazer agora pela razão científica. Mas a natureza se vinga do iluminismo, como antes fez com a magia.
O iluminismo então termina por reificar o pensamento, e a expulsão do pensamento pela lógica ratifica a coisificação (instrumentalização) do próprio homem na fábrica e no escritório, no sistema econômico geral, em que uma minoria comanda o processo de autoconservação, que ideologicamente não é mais do indivíduo, mas do todo, do sistema (Horkheimer; Adorno, 1966, p. 39-40).
Esse posicionamento de Horkheimer tem fundamento de análise cultural: do Renascimento até hoje (mais durante o iluminismo), a razão objetiva (que busca o conhecimento essencial das coisas) foi suplantada e largamente reduzida pela razão subjetiva (instrumental). Isto por exigência de uma racionalidade que queria livrar a razão da escravidão da religião e da metafísica, mas a vitória burguesa trouxe outro tipo de escravidão, numa cultura antropocêntrica e, portanto, leiga; escravidão intelectual e social.
"A crise atual da razão consiste fundamentalmente no fato de que, a um certo ponto, o pensamento tornou-se incapaz de conceber tal objetividade (sistemas filosóficos metafísicos) e começou a negá-la afirmando que se trata de uma ilusão" (Horkheimer, 1962, p. 15).
"Os iluministas atacaram a religião em nome da razão; mas definitivamente mataram não a Igreja, mas sim a metafísica e o conceito objetivo da razão, da qual as suas ideias mesmas traziam força" (Horkheimer, 1962, p. 28).
Segue daí a emergência da razão subjetiva, que se preocupa só com a relação entre meios e fins, não interessando que os escopos sejam racionais em si. Vê só se esses escopos respondem aos interesses de autoconservação do sujeito. Com isso, a razão se formalizou e por isso a verdade absoluta passa a não mais existir, e o pensamento pode servir para qualquer escopo, bom ou mau (Horkheimer, 1962, p. 17). As funções que eram desenvolvidas pela razão objetiva (razão metafísica) agora são desenvolvidas pelos mecanismos de reificação (coisificação) do homem dentro do aparelho econômico.
Assim, o homem é usurpado dos seus mais profundos valores e a sociedade apresenta a contradição que se mostra no indivíduo que possui todos os meios materiais para ser feliz, mas é profundamente infeliz (Morra, 1973, p. 18-22). A sociedade que o homem cria se torna inimiga do próprio homem e faz os homens inimigos entre si.
Adorno e a indústria cultural
No contexto histórico-filosófico cultural, situa-se o pensamento de Theodor Wiesengrund Adorno, que comungou com Horkheimer as análises e posicionamentos filosóficos aqui explanados. No contexto da crítica da racionalidade científica, a reificação do homem passa pela instrumentalização da razão. Adorno estende sua análise para a sociedade justamente naquilo que se refere às relações de produção, que para o marxismo conduzia o homem socialmente, como também para as relações de domínio ou poder com as quais uma minoria social privilegiada, herdeira da condição de poder da burguesia, se impõe aos demais.
Adorno cunhou a expressão "indústria cultural" para mostrar como aqueles que têm mais poder na sociedade conseguem isso através do uso de uma técnica que é extrínseca ao sentido do que é produzido, que é reforçada pela produção em série e diferencia-se da verdadeira técnica do artista, com o exercício do qual o artista manipula a matéria de sua obra, ao mesmo tempo que envolve a expressão essencial de sua verdade (Adorno, 1983).
Com isso, a racionalidade da técnica identifica-se com a racionalidade do próprio domínio que é arquitetado por aqueles que detêm o poder na sociedade. Os meios de comunicação, a mídia e a informática, que não eram tão desenvolvidosno tempo vivido por Adorno, se tornam meios de domínio social. "Enquanto negócio, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais" (Adorno, 1983, XII).
Fonte: http://bit.ly/1Bt8Hst
INDÚSTRIA CULTURAL OU CULTURA DE MASSA 
Adorno teve o cuidado de diferenciar a expressão “indústria cultural” da expressão “cultura de massa”, pois indústria cultural não significa a classificação da arte como nascendo espontaneamente das massas, popular, mas, sim, o uso da tecnologia a serviço da dominação, pois ela, “ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, mas em larga medida determina o próprio consumo” (Adorno, 1983, XII-XIII).
Além do mais, a indústria cultural, aliando-se à ideologia capitalista dominante, reforça-a e "impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente" (Adorno, 1983, XIII). Nesse sentido, Adorno mostra como as pessoas são socialmente manipuladas através veiculação da propaganda e do marketing, que encontram condições socioeconômicas propícias para a sustentação de seu domínio.
É a mecanização do ser humano, que é manipulado não somente dentro das relações de produção, de trabalho, mas até nos seus particulares momentos de busca de lazer e realização existencial, passando por sua sexualidade. Praticamente o ser humano passa a obedecer a comandos que lhe são impostos como condição de sobrevivência.
Alargando essa visão para a questão sociopolítica, pode-se perceber, na contemporaneidade, o uso maciço dos meios de comunicação não só no sentido do consumismo como também como meio de, através da ideologia dominante do contexto da globalização, conduzir a massa, as pessoas em geral, nos interesses do poder constituído, que hoje não é mais entendido na personalização de uma forma da natureza, de um princípio religioso ou na liderança isolada de um grande homem, mas como um conjunto de forças sistêmicas que conduz a todos.
Foucault: política e poder
Evoluindo da visão crítica da sociedade da Escola de Frankfurt, Michel Foucault desenvolveu uma visão de política na sociedade a partir de uma nova concepção do que é o poder. Como Horkheimer e Adorno, Foucault aderiu a crítica ao iluminismo, principalmente pelo fato de poder identificar na sociedade uma estreita relação entre saber e poder, saber que reflete, no contexto cultural do Ocidente, a grande força da razão na linha da dominação. Mas Foucault não permanece na concepção do Estado iluminista concretizado no poder do absolutismo após a Revolução Francesa e presente na concepção marxista, como uma máquina centralizada de exercício do poder.
Para Foucault, o poder não existe como algo monolítico, centralizado inclusive na figura de um governante. O que existe são práticas ou relações de poder que se disseminam por todo o corpo social, ou seja, o poder é uma relação de forças esparsas pelo corpo social e ao mesmo tempo, talvez pudéssemos dizer, a sustentação dos resultados de poder aí gerados.
"O poder está em toda parte, não porque engloba tudo e sim porque provém de todos os lugares (...). O poder não é uma instituição nem uma estrutura, não é uma certa potência de que alguns sejam dotados: é o nome dado a uma situação estratégica complexa numa determinada sociedade" (Foucault, 1993, p. 89).
Já que o Estado não é a determinação do poder, de onde ele surge e se impõe?
No contexto do pensamento de Foucault, talvez pudéssemos entender que a origem do poder e sua imposição são anteriores e se situam por trás do que aparentemente é o seu exercício: o Estado. O poder é gerado a partir de relações nas regiões do que Foucault denominou microespaços. Em regiões específicas da convivência social – família, igrejas, escolas, hospitais, presídios, empresas – o poder se articula em relação que reproduzem o que seria o poder constituído do todo social.
Essas relações de poder atingem o indivíduo no seu corpo, isto é, na sua materialidade existencial, determinando suas manifestações comportamentais em geral, que atingem seu gestual, seu modo de se vestir, falar, de conceber e lidar com as coisas e outras pessoas, de modo que as ações humanas individualizadas passam a ser disciplinadas, reproduzindo o poder, pois na ação de todos se sustentará o Estado, cuja determinação jurídica que existe, é real e evolui historicamente, se consolidando em benefício de alguns.
A partir da análise da sua obra Microfísica do poder (1981), talvez pudéssemos caracterizar o que é o poder justamente por aquilo que normalmente não concebemos dele, a partir da compreensão iluminista e num sentido mais amplo do desenvolvimento da história do Ocidente, lembrando inclusive que esta visão foucaultiana do poder também foi desenvolvida a partir de uma análise arqueológica dessa mesma história.
Assim, o poder não é concebido como uma substância, como algo existente realmente por trás da dominação e que lhe dá sentido e força, como as ideias aristotélicas de fundamento da existência das coisas. O poder também não é entendido como algo localizado, isto é, centralizado numa estrutura de força que historicamente é concebida por nós na definição de Estado com aqueles governantes que nele exercem de forma centralizada o poder.
Diferentemente do que entendiam os marxistas, Foucault mostra que o poder também não deve ser entendido simplesmente como uma determinação econômica amparada por uma superestrutura social, pois inclusive ela necessita politicamente do convencimento de todos para a aceitação de sua ação econômica na determinação de produção e consumo.
O poder não pode ser concebido dentro de uma simples categoria de modalidade, isto é, o poder não se impõe por forças sociais de organização política e de poder, como historicamente conhecemos com os nomes de monarquia, república, império dentre outras, e sim através de forças ideológicas que surgem nessa rede do que Foucault denominou micropoderes.
Ainda mais: o poder não tem uma constituição puramente legal, em um primeiro momento: ao contrário, o poder é estratégia, não é a determinação da lei, e sim a geração de condições e relações que poderão vir a constituir as leis.
Finalmente, o poder não é pura repressão, o domínio de alguns ou de algumas instituições sobre os demais; o poder é disciplinar, isto é, ele produz um envolvimento que surge das próprias relações humanas, que são relações de poder, e socialmente se veicula e impõe através de vivências culturais, costumes, que hoje no mundo tão globalizado que Foucault não conheceu são unificadas pela indústria cultural, usando aqui um termo de Horkheimer e Adorno.
Evidentemente, além das microrrelações anteriormente apresentadas, a mídia exerce grande influência, pela propaganda, pelo marketing e pela vulgarização da arte levando praticamente a todas as pessoas, e hoje, no nível da globalização, não somente o incentivo e mais radicalmente a imposição de modos de ser onde alguns valores, aqueles valores que interessam ao poder, são apresentados de modo universal, ditando comportamentos e criando e guiando desejos que constantemente reforçam o próprio poder, impondo uma infiel condição política de organização da sociedade que reforça cada vez mais a presença do liberalismo no mundo de hoje.
Saiba Mais!
A partir da análise da obra Microfísica do poder (1981), de Michel Foucault, pode-se caracterizar o que é o poder justamente por aquilo que normalmente não concebemos dele, a partir da compreensão iluminista e num sentido mais amplo do desenvolvimento da história do Ocidente, lembrando inclusive que esta visão foucaultiana do poder também foi desenvolvida a partir de uma análise arqueológica dessa mesma história. Para saber mais sobre poder leia o livro Microfísica do Poder, de Michel Foucault.

Continue navegando