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Escola de Frankfurt e a Crítica à Razão

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1
Filosofia Contemporânea 
– Escola de Frankfurt
Aula 
17 5
Filosofia
 Origem da Escola de 
Frankfurt
Fundado em 1924, o Instituto de Pesquisas Sociais 
de Frankfurt teve na revista de mesmo nome seu canal 
de expressão mais importante. Com a ascensão dos 
nazistas ao poder na Alemanha em 1933, o Instituto, 
cuja maior parte dos membros era de origem judaica, 
transfere-se para Genebra, depois para Paris e, finalmen-
te, para Nova York. Nesta cidade a revista passou a ser 
publicada com o título de Estudos de Filosofia e Ciências 
Sociais. Com a vitória dos aliados na Segunda Guerra 
Mundial, os principais diretores da revista puderam 
regressar à Alemanha e reorganizar o Instituto em 1950. 
Um de seus mais brilhantes membros, no entanto, su-
cumbe ao horror da guerra: Walter Benjamin se suicida 
ao não conseguir fugir do nazismo. Desenvolveram o 
que se denominou de Teoria crítica e buscaram refletir 
o pensamento marxista à luz dos acontecimentos das 
primeiras décadas do século XX. 
 As guerras e o repensar 
sobre a razão
A Primeira Guerra Mundial, a crise do capitalismo 
liberal e a ascensão dos fascismos, particularmente o 
nazismo na Alemanha, causaram um forte abalo na 
perspectiva da razão iluminista e na ideia de progres-
so. O que estava acontecendo era, ao contrário, uma 
barbárie das ações e das convicções. A Primeira Guerra 
deixou um saldo de 10 milhões de mortos e 20 milhões 
de feridos, além de terras e economias arrasadas. A 
Crise de 1929 pôs por terra o mito do crescimento da 
produção associado ao desenvolvimento tecnológico. 
Os fascismos demoliram os conceitos de democracia 
e mesmo de indivíduo, tão duramente construídos ao 
longo de séculos, desde a ágora grega. E agora, o que 
fazer? Pensar, pensar tudo de novo.
 Caricaturas de Félix Weil, Walter Benjamin, Horkheimer e Adorno
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) Autores
Adorno, Horkheimer, Marcuse e Walter Benjamin 
foram alguns dos pensadores que tentaram, por meio 
de uma reflexão partindo da razão iluminista, descobrir 
como e por qual motivos os europeus acabaram che-
gando ao ponto no qual estavam. Para eles, a lógica da 
 Crise de 1929, Oklahoma, Estados Unidos
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2 Extensivo Terceirão
política, da ciência e da economia, bem como a lógica 
da história, que registra todos esses acontecimentos, 
da filosofia do século XIX e do começo do século XX, é 
a mesma lógica, mecânica, fixada no princípio da iden-
tidade e da causalidade. Ou seja, uma lógica ou razão 
tradicional em linha reta, absoluta, sem alternativas que 
não sejam imediatamente denominadas de “irracionais”. 
Assim, essa razão tradicional, partindo de uma ideia de 
que com a união dos esforços visando a um fim comum 
seria possível superar as dificuldades e alcançar um 
objetivo melhor do que o anterior, transformando a 
sociedade desigual e autoritária em igual e livre, tudo o 
que acabou conseguindo alcançar foi o totalitarismo do 
nazismo e do stalinismo! Essa visão, que Marcuse cha-
mará de unidimensional, estaria, segundo os autores, 
na raiz dos problemas que o século XX conheceu.
E a solução? Resgatar uma razão não marcada pelas 
amarras da continuidade necessária, repensar uma his-
tória libertada do tempo em linha reta que só conseguia 
repetir as catástrofes, como uma reedição do mesmo 
drama, mas com uma repaginação mais “atualizada”. 
E, principalmente, resgatar o diferente, romper com a 
identidade que anula qualquer oposição, qualquer ma-
tiz, transformando tudo em projeto comum, encarnado 
em um poder que fala por todos e defende o “melhor” 
de todos e só conseguindo ser, em última instância, 
totalitário e aniquilador de qualquer oposição. A paz, 
nessa perspectiva, é a destruição dos desviantes e não um 
acordo de concessões mútuas e respeitos pela diferença. 
A paz é o holocausto da Alemanha nazista e os gullags na 
União Soviética stalinista, além de tantas e tantas prisões 
e porões de torturas das ditaduras latino-americanas.
Os pensadores da Escola de Frankfurt, ao debruçarem-
-se sobre o pensamento que proporcionou, na visão deles, 
as catástrofes do século XX, percebem matrizes platônicas 
no pensamento dialético contemporâneo. Na obra 
Dialética negativa, Adorno afirma que a ideia de essência 
de Platão, em oposição ao mundo das aparências, está 
presente tanto na dialética hegeliana quanto na marxista 
e essas correntes filosóficas não desejam mais do que 
realizar a ideia de um mundo perfeito e idêntico na Terra, 
como o mundo imutável e eterno pensado por Platão.
 Theodor Adorno, 1960
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A tendência a criar conceitos para ancorar nossas ações 
e identidades para traduzir nossas posturas contribui para 
tirar da ação humana sua singularidade. Assim, somos 
“um povo”, pertencemos “a uma nação”, temos sentimen-
to pela “nossa pátria”, etc., e nosso comportamento acaba 
sempre sendo associado a este conceito. Quando, na Copa 
do Mundo realizada no Brasil, em 2014, vaiamos, é porque 
somos impatrióticos; quando reclamamos da realização 
do evento, não contribuímos para a “nossa imagem lá fora”, 
como se fosse possível essa identidade tão reducionista. 
Por isso, afirmam os pensadores da Escola de Frankfurt, o 
uso desses jargões, “povo, pátria, nação” tem um caráter 
totalizante e sempre usado para se referir a uma oposição 
a alguma coisa: “nossa nação contra, nosso povo contra, 
nossa pátria contra”. É o discurso da guerra, da torcida, do 
partidarismo. É o discurso da violência. E também aqui, 
as matizes são eliminadas. Em um discurso de violência, 
totalizante, as opções são sempre dicotômicas: Ame-o ou 
deixe-o! Viver ou morrer pela pátria! Os que não aderem 
são os inimigos, os que titubeiam são os fracos, os que 
discutem, reagem, são traidores. A visão totalizante busca 
amparo na Ciência Natural e Jurídica e fala em “lei”. E 
para aqueles que atentam contra a lei, a visão totalizante 
resgata a ideia do “julgamento e condenação, detecção e 
desinfecção”. No nazismo, os judeus eram chamados de 
vírus que punham em risco a saúde do corpo do Estado. O 
que aconteceu com eles, a História já contou...
Sociedade administrada
Para os pensadores da Escola de Frankfurt, o sucesso 
dessa filosofia da identidade suprimiu o sujeito histórico, 
integrando-o a uma sociedade totalmente administra-
da. E isso não vale somente para os Estados totalitários, 
como foram a Alemanha nazista e a União Soviética 
stalinista. Vale para toda sociedade industrializada, na 
qual a figura do sujeito singular tornou-se o consumidor, 
o cliente, o cidadão submetido a leis e regras cuja alter-
nativa ao conformismo é sempre a exclusão e a condição 
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Aula 17
3Filosofia 5
de pária. Em sua obra Mínima Moralia, afirma Adorno, 
em tom lúgubre: A ideia de que o indivíduo está sendo 
destruído é por demais otimista.
Um exemplo marcante destacado por Adorno, 
Horkheimer, Benjamin e Marcuse da destruição do indi-
víduo é o que eles denominaram de indústria cultural 
ou sociedade unidimensional. Para eles, a economia 
moderna, a administração moderna e o Estado moder-
no reduziram todas as pessoas a uma relação de troca, 
liquefazendo as singularidades e colocando os ideias do 
Iluminismo de liberdade e igualdade em um horizonte 
teórico e distante. Essa perda de um contraponto em-
purra a sociedade unidimensional para um nível sempre 
mais denso de si mesma, sem a possibilidade de uma 
antítese que a recoloque no centro. Se só o indivíduo 
consciente de sua condição pode insurgir-se contra 
ela, na medida em que todos perdem a identidade de 
portadores de uma vontade autônoma, a autonomia 
deixa de ser uma possibilidade real, tornando-se apenas 
uma expressão grafada em livros de História. A luta por 
igualdade, que pautou a formação dos Estados contem-
porâneos, acabou criando um homem unidimensional. 
Agora, o que estáem questão para os pensadores da 
Escola de Frankfurt é a luta pela diferença: tudo o que 
pode ser comparado, pode ser trocado, tem um preço; o 
que não pode ser trocado, não tem preço, mas dignida-
de: o homem.
Reconstruir a noção de indivíduo como um ser 
singular, dissociado das categorizações e submissões 
a modelos totalizantes de pátria, nação e Estado é a 
crítica que compõe a base do pensamento da Escola de 
Frankfurt. E, para isso, eles defendem a revalorização de 
toda e qualquer prática, comportamento ou elemento 
singularizante e mobilizador do indivíduo, em uma 
sociedade que nos empurra para o conformismo e 
para a obediência. Daí as temáticas desses autores 
versarem, entre outras coisas, por temas aparentemente 
irrelevantes, mas exatamente por serem considerados 
assim pela “opinião geral”, tremendamente importantes 
como catalisadores de um olhar de resgate do singular: 
o amor, a memória, a experiência, o brincar, o flaneur, as 
coleções, a música, a poesia, a arte, etc.
Walter Benjamin nos dá um exemplo muito interes-
sante desse olhar singularizante e re-humanizador do 
mundo, no seu texto O colecionador. Para Benjamin, o 
colecionador arranca os objetos do falso contexto para 
inseri-los dentro de uma nova ordem comandada pelos 
interesses de cada presente, assim como o catador que 
se volta para o esquecido e considerado inútil, dando ao 
que foi “jogado fora” uma dignidade nova e, ao mesmo 
tempo, revelando o que é a própria História, um discurso 
de barbárie no qual o sistema de consumo mercantil 
transforma tudo em ruínas e pó.
É decisivo na arte de colecionar que o objeto 
seja desligado de todas as suas funções primiti-
vas, a fim de travar a relação mais íntima que se 
pode imaginar com aquilo que lhe é semelhante. 
Esta relação é diametralmente oposta à utilidade 
e situa-se sob a categoria singular da completude. 
O que é esta “completude”? É uma grandiosa ten-
tativa de superar o caráter totalmente irracional 
de sua mera existência através da integração em 
um sistema histórico novo, criado especialmen-
te para este fim: a coleção. E para o verdadeiro 
colecionador, cada uma das coisas torna-se nes-
te sistema uma enciclopédia de toda a ciência da 
época, da paisagem, da indústria, do proprietário 
do qual provém.
(Benjamin)
O passado como tarefa de 
colecionador
Uma outra imagem 
poderosa apresentada por 
Walter Benjamin como 
crítico da sociedade admi-
nistrada é a que se traduz 
na frase: escovar a História 
a contrapelo. Contra a visão 
totalizante da História, da 
noção de progresso e da 
lógica dos vencedores como 
um processo “natural”, Ben-
jamin lembra os mortos que 
deixaram para nós a tarefa 
de resgatar suas vozes. Assim 
como tudo o que ficou pelo caminho e que tem história, 
nossa experiência com o mundo não pode ser apenas 
a que se coaduna com as regras estabelecidas por um 
sistema desumanizador. Há mais do que os achados 
em uma escavação, afirma ele. Há toda a terra revolvida 
e aquilo que é deixado de lado, marcas de vivências e 
experiências ricas e desafiadoras.
Para Benjamin, quem melhor expressa esse olhar 
rico sobre as coisas, olhar ainda não treinado para o 
“útil” e para o “efetivo”, são as crianças. Na obra Infância 
em Berlim por volta de 1900, o filósofo alemão busca 
resgatar lugares e entornos pelo olhar das crianças, 
antes do “aprendizado” da vida adulta. Um olhar infantil 
que é atraído pelo que se encontra às margens, pelo 
que tem “estatuto impreciso”, pelo que é fascinante pelo 
seu mistério e não pela sua função, pelo que ganha 
dimensão de mundo para elas, alimentada pela fantasia 
e imaginação e não pela mera repetição das práticas 
voltadas para fins. Como afirma o próprio autor:
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 Walter Benjamin, 1928
4 Extensivo Terceirão
As crianças são inclinadas de modo especial a procu-
rar todo e qualquer lugar de trabalho onde visivelmente 
transcorre a atividade sobre as coisas. Sentem-se irresisti-
velmente atraídas pelo resíduo que surge na construção, 
no trabalho de jardinagem ou doméstico, na costura ou 
na marcenaria. Em produtos residuais reconhecem o 
rosto que o mundo das coisas volta exatamente para 
elas, e para elas unicamente. Neles, elas menos imitam 
as obras dos adultos do que põem materiais de espécie 
muito diferente, através daquilo que com eles aprontam 
no brinquedo, em uma nova, brusca relação entre si.
No fragmento “Criança desordeira” Benjamin fala da 
criança como produtora de cultura e colecionadora:
Cada pedra que ela encontra, cada flor colhida e 
cada borboleta capturada já é para ela princípio de uma 
coleção, e tudo que ela possui, em geral, constitui para 
ela uma coleção única. Nela essa paixão mostra sua ver-
dadeira face, o rigoroso olhar índio, que, nos antiquários, 
pesquisadores, bibliômanos, só continua ainda a arder 
turvado e maníaco. Mal entra na vida ela é caçador. Caça 
os espíritos cujo rastro fareja nas coisas; entre espíritos 
e coisas ela gasta anos, nos quais seu campo de visão 
permanece livre de seres humanos. (…) Seus sonhos de 
nômade são horas na floresta do sonho. De lá ela arrasta 
a presa para casa, para limpá-la, fixá-la, desenfeitiçá-la. 
Suas gavetas têm de tornar-se casa de armas e zooló-
gico, museu criminal e cripta. “Arrumar” seria aniquilar.
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Da mesma forma, o passado é algo que precisa ser 
resgatado do conjunto de resíduos em que se transfor-
mou o fluxo contínuo e ininterrupto de nossas vidas. E 
é necessário, para isso, o escavador, alguém capaz de 
realizar esse paciente trabalho de devolver os sentidos 
das coisas e não apenas organizar as coisas em face 
dos sentidos que queremos delas no presente. No seu 
último texto antes de se suicidar, em 1940, As Teses 
Sobre o conceito de história, Benjamin afirma: “A história 
universal não tem armação teórica. Seu procedimento é 
aditivo. Ela utiliza a massa dos fatos para com ele preen-
cher o tempo homogêneo e vazio” E opõe essa prática à 
ideia de escovar a História a contrapelo, escapando “do 
ritmo mais ou menos rápido com que homens e épocas 
avançam no caminho do progresso” e construindo o 
passado a partir de um diálogo do presente, como um 
encontro entre um acontecido cheio de possibilidades 
não germinadas e um acontecendo que não precisa, 
necessariamente, ser a herança de uma linha de fatos, 
mas que pode ser o resgate desses passados não ger-
minados.
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Marcuse e a Revolução 
dos costumes
A reflexão da e a partir da perspectiva marxista foi a 
referência básica do pensamento da Escola de Frankfurt, 
embora nem todos os pensadores tenham mantido o 
mesmo grau de aproximação e fidelidade às ideias de 
Marx. Outras referências filosóficas, como Kant e o seu 
conceito de indivíduo, ou não filosóficas, como o mes-
sianismo judaico no conceito de História em Benjamin, 
são marcantes. Em Marcuse, autor de Eros e a Civilização, 
o pensamento de Freud é um destaque. Assim como em 
Freud, Marcuse afirma que a repressão é o “caminho” 
para o desenvolvimento da civilização. No entanto, fiel 
à linhagem marxista, Marcuse rejeita o caráter perma-
nente da repressão proposta por Freud e afirma que por 
meio do desenvolvimento de uma consciência crítica, 
os homens podem se livrar das formas de alienação e 
repressão a que estão submetidos e que impedem a 
realização de seus desejos e prazeres. O Estado, a tec-
nologia, a repressão dos costumes e alienação são, para 
ele, os “inimigos” a serem combatidos.
Aula 17
5Filosofia 5
E quem combateria o mundo administrado, a indústria cultural, a sociedade de mas-
sas, alienadora? Os proletários, como afirmava Marx? Para Marcuse, o combate seria feito 
por meio daqueles “rejeitados” pelo sistema, os outsiders, os miseráveis, os despossuídos.
Essas ideias tiveram um grande impacto no Ocidente nos anos 60, com a chamada 
contracultura, o movimento hippie e todosos que se opunham ao imperialismo, aos 
Estados totalitários – como os jovens latino-americanos – e às guerras, como a do Vietnã. 
Marcuse, com a morte de Benjamin, tornou-se o mais radical dos pensadores de Frankfurt 
e inspirador de toda uma geração que vislumbrou, nos anos 60, uma possibilidade de 
“fazer História com as próprias mãos”.
E hoje, qual a atualidade do pensamento dos frankfurtianos? O que você acha?
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 Marcuse, 1955
Testes
Assimilação
17.01. (UNIOESTE – PR) – O ensaio “Indústria Cultural: o esclarecimento como 
mistificação das massas”, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, publicado 
originalmente em 1947, é considerado um dos textos essenciais do século XX 
que explicam o fenômeno da cultura de massa e da indústria do entretenimento. 
É uma das várias contribuições para o pensamento contemporâneo do Instituto 
de Pesquisa Social fundado na década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Um 
ponto decisivo para a compreensão do conceito de “Indústria Cultural” é a questão 
da autonomia do artista em relação ao mercado.
Assim, sobre o conceito de “Indústria Cultural” é correto afirmar: 
a) A arte não se confunde com mercadoria, e não necessita da mídia e nem de 
campanhas publicitárias para ser divulgada para o público. 
b) Não há uniformização artística, pois toda cultura de massa se caracteriza por 
criações complexas e diversidade cultural. 
c) A cultura é independente em relação aos mecanismos de reprodução material 
da sociedade. 
d) A obra de arte se identifica com a lógica de reprodução cultural e econômica 
da sociedade. 
e) Um pressuposto básico é que a arte nunca se transforma em artigo de consumo. 
17.02. (ENEM) – Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da 
democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma 
fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar 
e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica 
da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. 
Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção 
econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o 
que é sempre a mesma coisa.
ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, 
é um(a) 
a) legado social. 
c) produto da moralidade. 
e) ilusão da contemporaneidade. 
b) patrimônio político. 
d) conquista da humanidade. 
17.03. (UEM – PR) – No livro Dialé-
tica do Esclarecimento, os filósofos 
alemães, da Escola de Frankfurt, 
T. Adorno e M. Horkheimer, cunha-
ram a expressão “indústria cultural” 
para caracterizar a transformação 
das expressões artísticas a partir do 
surgimento da sociedade industrial 
capitalista.
Sobre a indústria cultural, é correto 
afirmar que 
01) os meios de comunicação surgi-
dos com o desenvolvimento tec-
nológico, como o rádio e o cine-
ma, contribuíram para a criação 
de um mercado consumidor dos 
objetos artísticos. 
02) a reprodução técnica das obras 
de arte tem como finalidade úni-
ca promover o acesso universal e 
democrático aos bens culturais. 
04) a indústria cultural transforma 
em bens de consumo tanto as 
artes populares, próprias da cul-
tura de massa, quanto as artes 
eruditas, voltadas para um públi-
co educado e restrito. 
08) as produções artísticas perdem 
seu caráter crítico, à medida que 
são submetidas ao domínio eco-
nômico das regras do mercado. 
16) a massificação das expressões 
artísticas promove a difusão da 
cultura, resultando em um pa-
drão de gosto “médio”, comum a 
todo o público. 
6 Extensivo Terceirão
17.04. (ENEM) – 
TEXTO I
A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do 
passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez 
maiores fracassos
Não importa contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então.
MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. 
São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).
TEXTO II
O fetichismo na música e a regressão da audição
Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a 
seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje 
num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-
-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento 
serve ainda como entretenimento? Ao invés de entre-
ter, parece que tal música contribui ainda mais para o 
emudecimento dos homens, para a morte da linguagem 
como expressão, para a incapacidade de comunicação.
ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
A aproximação entre a letra da canção e a crítica de Adorno 
indica o(a) 
a) lado efêmero e restritivo da indústria cultural. 
b) baixa renovação da indústria de entretenimento. 
c) influência da música americana na cultura brasileira. 
d) fusão entre elementos da indústria cultural e da cultura 
popular. 
e) declínio da forma musical em prol de outros meios de 
entretenimento. 
Aperfeiçoamento
17.05. (UNESP – SP) – Concentração e controle, em nossa 
cultura, escondem-se em sua própria manifestação. Se 
não fossem camuflados, provocariam resistências. Por 
isso, precisa ser mantida a ilusão e, em certa medida, até 
a realidade de uma realização individual. Por pseudoin-
dividuação entendemos o envolvimento da cultura de 
massas com uma aparência de livre-escolha. A padro-
nização musical mantém os indivíduos enquadrados, 
por assim dizer, escutando por eles. A pseudoindividu-
ação, por sua vez, os mantém enquadrados, fazendo-os 
esquecer que o que eles escutam já é sempre escutado 
por eles, “pré-digerido”. 
Theodor Adorno. “Sobre música popular”. In: Gabriel Cohn (org.). Theodor Adorno, 
1986. Adaptado.
Em termos filosóficos, a pseudoindividuação é um conceito 
a) identificado com a autonomia do sujeito na relação com 
a indústria cultural. 
b) que identifica o caráter aristocrático da cultura musical 
na sociedade de massas. 
c) que expressa o controle disfarçado dos consumidores no 
campo da cultura. 
d) aplicável somente a indivíduos governados por regimes 
políticos totalitários. 
e) relacionado à autonomia estética dos produtores musicais 
na relação com o mercado. 
17.06. (UNESP – SP) – Não somente os tipos das canções de 
sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como 
invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo 
só varia na aparência. O fracasso temporário do herói, 
que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa 
palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, 
são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem 
empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente 
definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde 
o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é 
recompensado, e, ao escutar a música ligeira, o ouvido 
treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros com-
passos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-
-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número 
médio de palavras é algo em que não se pode mexer. Sua 
produção é administrada por especialistas, e sua pequena 
diversidade permite reparti-las facilmente no escritório.
Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. “A indústria cultural como mistificação das 
massas”. In: Dialética do esclarecimento, 1947. Adaptado.
O tema abordado pelo texto refere-se 
a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções 
culturais de massa. 
b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comu-
nicação de massa. 
c) ao monopólio da informação e da cultura por ministérios 
estatais. 
d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na 
sociedade de consumo. 
e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio 
de entretenimento. 
17.07. (UEM – PR) – Utilizando o conceito de indústria cultu-
ral, os filósofos Adornoe Horkheimer criticaram os meios de 
comunicação de massa, como a televisão, o rádio, o cinema e 
os jornais, afirmando que produzem e vendem mercadorias 
culturais sem qualidade com os objetivos de obter lucro e de 
fazer propaganda da forma de vida capitalista e desumanizada.
Tendo em vista essa concepção, é correto afirmar que 
01) os meios de comunicação contribuem para a conscien-
tização política e o senso crítico dos cidadãos. 
02) a televisão é um meio completamente inofensivo, já 
que os espectadores podem mudar de canal. 
04) é necessária uma crítica severa aos conteúdos divulga-
dos pelos meios de comunicação, visando à libertação 
dos seres humanos da influência da indústria cultural. 
08) através de programas de entretenimento a indústria cul-
tural contribui para a qualidade de vida dos indivíduos. 
16) os meios de comunicação contribuem para o confor-
mismo dos espectadores, que tendem a se tornar pas-
sivos diante do mundo. 
Aula 17
7Filosofia 5
17.08. (UEGO) – Leia a letra da música a seguir. 
A melhor banda de todos os 
tempos da última semana
Quinze minutos de fama
Mais uns pros comerciais
Quinze minutos de fama
Depois descanse em paz
O gênio da última hora
É o idiota do ano seguinte
O último novo-rico
É o mais novo pedinte
A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do 
passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez 
maiores fracassos
Não importa a contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada a que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então
As músicas mais pedidas
Os discos que vendem mais
As novidades antigas
Nas páginas dos jornais
Um idiota em inglês
Se é idiota, é bem menos que nós
Um idiota em inglês
É bem melhor que eu e vocês
A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucesso do 
passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez 
maiores fracassos
Não importa a contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada a que você não se acostume
Cala a boca e aumenta o volume então
Os bons meninos de hoje
Eram os rebeldes da outra estação
O ilustre desconhecido
É o novo ídolo do próximo verão.
TITÃS. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/titas/40320>. 
Acesso em: 21 mar. 2019. 
A mensagem transmitida pela música aponta para um dos 
temas fundamentais da sociologia, que foi desenvolvido 
por vários pensadores, entre eles Theodor Adorno e Max 
Horkheimer. Nesse sentido, a mensagem remete 
a) ao caráter passageiro dos produtos culturais elaborados 
pela indústria cultural. 
b) à globalização do gosto musical a partir da populariza-
ção da televisão nos anos 1970. 
c) à influência da língua inglesa nas composições musicais 
dos artistas brasileiros. 
d) à modernização da produção musical a partir da rees-
truturação produtiva. 
e) ao caráter competitivo das relações sociais na sociedade 
moderna. 
17.09. (UFPA) – “Adorno e Horkheimer (os primeiros, 
na década de 1940, a utilizar a expressão “indústria 
cultural” tal como hoje a entendemos) acreditam que 
esta indústria desempenha as mesmas funções de um 
estado fascista (...) na medida em que o indivíduo é 
levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a tota-
lidade do meio social circundante, transformando-se 
em mero joguete e em simples produto alimentador 
do sistema que o envolve.”
COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, Editora Brasiliense, 1987, 
p. 33. Texto adaptado.
Adorno e Horkeimer consideram que a indústria cultural e o 
Estado fascista têm funções similares, pois em ambos ocorre 
a) um processo de democratização da cultura ao colocá-la ao 
alcance das massas o que possibilita sua conscientização. 
b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de julgar 
o valor das obras artísticas e bens culturais, assim como 
de conviver em harmonia com seus semelhantes. 
c) o aprimoramento do gosto estético por meio da indús-
tria do entretenimento, em detrimento da capacidade 
de reflexão. 
d) um processo de alienação do homem, que leva o indi-
víduo a perder ou a não formar uma imagem de si e da 
sociedade em que vive. 
e) o aprimoramento da formação cultural do indivíduo e 
a melhoria do seu convívio social pela inculcação de 
valores, de atitudes conformistas e pela eliminação do 
debate, na medida em que este produz divergências no 
âmbito da sociedade. 
17.10. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir.
O modo de comportamento perceptivo, através 
do qual se prepara o esquecer e o rápido recordar da 
música de massas, é a desconcentração. Se os produ-
tos normalizados e irremediavelmente semelhantes 
entre si, exceto certas particularidades surpreenden-
tes, não permitem uma audição concentrada, sem 
se tornarem insuportáveis para os ouvintes, estes, 
por sua vez, já não são absolutamente capazes de 
uma audição concentrada. Não conseguem manter 
a tensão de uma concentração atenta, e por isso se 
entregam resignadamente àquilo que acontece e flui 
acima deles, e com o qual fazem amizade somente 
porque já o ouvem sem atenção excessiva.
ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. 
Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.
8 Extensivo Terceirão
As redes sociais têm divulgado músicas de fácil memorização 
e com forte apelo à cultura de massa. A respeito do tema da 
regressão da audição na Indústria Cultural e da relação entre 
arte e sociedade em Adorno, assinale a alternativa correta. 
a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de 
uma concentração atenta relaciona-se ao fato de que a 
música tornou-se um produto de consumo, encobrindo 
seu poder crítico. 
b) A música representa um domínio particular, quase autô-
nomo, das produções sociais, pois se baseia no livre jogo 
da imaginação, o que impossibilita estabelecer um vínculo 
entre arte e sociedade. 
c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de mani-
festar criticamente conteúdos racionais expressos no modo 
típico do comportamento perceptivo inato às massas. 
d) A tensão resultante da concentração requerida para a 
apreciação da música é uma exigência extramusical, 
pois nossa sensibilidade é naturalmente mais próxima 
da desconcentração. 
e) Audição concentrada significa a capacidade de apreender e 
de repetir os elementos que constituem a música, sendo a 
facilidade da repetição o que concede poder crítico à música. 
Aprofundamento
17.11. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir.
As reações mais íntimas das pessoas estão tão com-
pletamente reificadas para elas próprias que a ideia de 
algo peculiar a elas só perdura na mais extrema abs-
tração: personality significa para elas pouco mais que 
possuir dentes deslumbrantemente brancos e estar li-
vres do suor nas axilas e das emoções. Eis aí o triunfo 
da publicidade na indústria cultural.
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Trad. Guido Antonio 
de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 138.
A respeito da relação entre Indústria Cultural, esvaziamento 
do sentido da experiência e superficialização da personali-
dade, assinale a alternativa correta. 
a) A abstração a respeito da própria personalidade é uma 
capacidade por meio da qual o sentido da experiência, 
esvaziado pela Indústria Cultural, pode ser reconfigurado 
e ressignificado. 
b) A superficialização da personalidade e o esvaziamento 
do sentido da experiência são efeitos secundários da In-
dústria Cultural, decorrentes dos exageros da publicidade. 
c) A superficialização da personalidade resulta da ação por 
meio da qual a Indústria Cultural esvazia o sentido da 
experiência ao concebê-la como um sistema de coisas. 
d) O esvaziamento do sentido da experiência criado pela 
Indústria Cultural atesta a superficialidade inerente à 
personalidade na medida em que ela é uma abstração. 
e) O poder de reificação exercido pela Indústria Cultural sobre 
apersonalidade consiste em criar um equilíbrio entre sen-
sibilidade (emoções) e pensamento (máxima abstração). 
17.12. (UEM – PR) – “As ideias de ordem que ela [indústria 
cultural] inculca são sempre as do status quo. Elas são aceitas 
sem objeção, sem análise, renunciando à dialética, mesmo 
quando não pertencem substancialmente a nenhum daque-
les que estão sob sua influência. O imperativo categórico da 
indústria cultural, diversamente do de Kant, nada tem em 
comum com a liberdade.”
ADORNO, T. W. A indústria cultural. In: COSTA, C. Sociologia – Introdução à ciência 
da sociedade. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 2010, p. 349.
Sobre a indústria cultural e o excerto citado, assinale o que 
for correto. 
01) O resultado da indústria cultural é emancipador, pois 
coloca em evidência, por meio da razão esclarecida, as 
estruturas de dominação e alienação da sociedade. 
02) A indústria cultural reflete a manipulação da imagem 
proveniente da técnica. Ao identificar ser e aparência, 
o recurso à imagem revolucionou a cultura no fim do 
século XX. 
04) Ao reagir contra o domínio dos meios de comunicação de 
massa, Adorno põe em questão o mecanismo de produ-
ção e divulgação da informação, que é responsável, em 
larga medida, pela manipulação do campo simbólico. 
08) São decorrentes da indústria cultural a padronização do 
gosto popular, a estratificação de culturas dominantes 
sobre culturas não dominantes e a produção de uma 
sociedade de consumo. 
16) O alvo das críticas de Adorno à indústria cultural é a 
sociedade unidimensional, em que a imaginação, os 
desejos e os projetos subjetivos não são críticos, mas 
unívocos. 
17.13. (UEM – PR) – “Desde sempre, o Iluminismo, no 
sentido mais abrangente de um pensar que faz progres-
sos, perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e 
de fazer dele senhores. Mas, completamente iluminada, 
a Terra resplandece sob o signo do infortúnio triunfal. 
O programa do Iluminismo era o de livrar o mundo do 
feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular 
a ilusão, por meio do saber.” 
HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de iluminismo. In: COTRIM, G. Fundamentos 
da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 166.
Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos sobre o 
Iluminismo, assinale o que for correto. 
01) A palavra medo, no texto, diz respeito ao desconhecido. 
02) A razão esclarecida depende de Deus, entidade trans-
cendente que banha a Terra de luz resplandecente. 
04) Pertence ao projeto iluminista a célebre afirmação de 
Immanuel Kant: “Ousai saber. Tenha a coragem de ser-
vir-se da própria razão”. 
08) Constituem uma ameaça ao Iluminismo o inatismo, o 
misticismo e toda forma de pensamento dogmatica-
mente estabelecido. 
16) O pensamento ilustrado acreditava na autonomia da 
razão, segundo a qual o homem atingiria maioridade. 
Aula 17
9Filosofia 5
17.14. (UEM – PR) – “A exigência de que Auschwitz 
[campo de concentração nazista na Segunda Guerra] 
não se repita é a primeira de todas para a educação. [...] 
Mesmo assim é preciso tentar, inclusive porque tanto a 
estrutura básica da sociedade como os seus membros, 
responsáveis por termos chegado onde estamos, não 
mudaram nesses vinte anos [1940-1965]. Milhões de 
pessoas inocentes – e só o simples fato de citar números 
já é humanamente indigno, quanto mais discutir quan-
tidades – foram assassinadas de uma maneira planejada. 
Isto não pode ser minimizado por nenhuma pessoa viva 
como sendo um fenômeno superficial, como sendo 
uma aberração no curso da história, que não importa, 
em face da tendência dominante do progresso, do es-
clarecimento, do humanismo supostamente crescente. 
O simples fato de ter ocorrido já constitui por si só 
expressão de uma tendência social imperativa.”
ADORNO, T. Educação após Auschwitz. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e 
história da filosofia. São Paulo: ed. Moderna, 2012, p. 243.
A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
01) Os campos de concentração mostraram ao mundo a 
que ponto pode chegar a banalização da vida humana, 
quando execuções em massa de seres humanos são 
planejadas. 
02) O fato de tratar as mortes apenas do ponto de vista 
numérico é desumano, porque mesmo que fosse uma 
única morte injusta, isto já seria trágico. 
04) Para o filósofo, um dos problemas dos campos de con-
centração nazista foi o alto número de execuções de 
seres humanos, excessivo para os padrões estatísticos 
daquele contexto histórico. 
08) O texto chama a atenção para o fato de que muitas 
pessoas morreram de modo planejado pela sociedade, 
ou seja, o massacre de pessoas revela a falta de huma-
nidade por parte dos executores dessa ação. 
16) Para o filósofo, um dos problemas que levaram ao ab-
surdo dos extermínios nos campos de concentração 
nazistas foi a falta de preocupação com a vida humana 
em nome da valorização da ciência e do progresso. 
17.15. (UEM – PR) – Sobre o conceito de indústria cultural, 
assinale o que for correto. 
01) O termo indústria cultural foi proposto por Theodor 
Adorno para explicar a produção seriada e tecnológica 
de bens simbólicos na sociedade capitalista. 
02) A indústria cultural, segundo pesquisadores da Escola 
de Frankfurt, conduz ao enriquecimento de um grupo 
específico de empresários capitalistas e também satis-
faz o desejo de controle e poder da elite dominante. 
04) Para Theodor Adorno, a produção simbólica da indús-
tria cultural não possibilitaria a reflexão do público, de-
finido como impotente e passivo. 
08) Walter Benjamin, apesar de crítico da indústria cultural, 
reconhecia que a tecnologia aplicada aos bens simbóli-
cos tem um efeito democratizador da informação. 
16) Walter Benjamin afirma que a arte erudita não foi afe-
tada pelo desenvolvimento tecnológico da indústria 
cultural, pois continuou sendo irreprodutível. 
17.16. (UEM – PR) – Assinale o que for correto. 
01) Para Adorno, a indústria cultural resulta da submissão da 
produção artística aos interesses do mercado. 
02) Para a maioria dos estudiosos da área, o termo estética 
refere-se ao tipo de conhecimento que é captado pelos 
sentidos. 
04) Grande parte dos filósofos da escola de Frankfurt consi-
dera a cultura de massa e a cultura popular como fenô-
menos equivalentes. 
08) Baumgarten relacionou o conceito de estética a uma 
teoria do belo e a suas manifestações por meio da arte. 
16) O conceito de estética das vanguardas artísticas do iní-
cio do século XX está relacionado à racionalidade que 
se manifesta na arte. 
17.17. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir.
O programa do esclarecimento era o desencanta-
mento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e 
substituir a imaginação pelo saber. [..] O mito conver-
te-se em esclarecimento, e a natureza em mera objeti-
vidade. O preço que os homens pagam pelo aumento 
de poder é a alienação daquilo sobre o que exercem 
o poder. [...]
Quanto mais a maquinaria do pensamento subju-
ga o que existe, tanto mais cegamente ela se contenta 
com essa reprodução. Desse modo, o esclarecimento 
regride à mitologia da qual jamais soube escapar.
ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Trad. 
Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.17; 21; 34.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a crítica à 
racionalidade instrumental e a relação entre mito e esclareci-
mento em Adorno e Horkheimer, assinale a alternativa correta. 
a) O mito revela uma constituição irracional, na medida em 
que lhe é impossível apresentar uma explicação convin-
cente sobre o seu modo próprio de ser. 
b) A regressão do esclarecimento à mitologia revela um 
processo estratégico da razão, com o objetivo de ampliar 
e intensificar seus poderes explicativos. 
c) A explicação da natureza, instaurada pela racionalidade ins-
trumental, pressupõe uma compreensão holística, em que 
as partes são incorporadas, na sua especificidade, ao todo. 
d) O esclarecimento implica a libertação humana da 
submissão à natureza, atestada pelo poder racionalde 
diagnosticar, prever e corrigir as limitações naturais. 
e) O esclarecimento se caracteriza por uma explicação ba-
seada no cálculo, do que resulta uma compreensão da 
natureza como algo a ser conhecido e dominado.
17.18. (UEM – PR) – Considerando seus conhecimentos 
sobre o tema indústria cultural e consumo de massa, assinale 
o que for correto. 
01) O processo de urbanização na Europa, vivenciado a 
partir de meados do século XVIII, promove a emer-
gência de um moderno estilo de vida, ligado tanto às 
transformações na vida material quanto à expressão de 
novas sensibilidades e subjetividades. 
10 Extensivo Terceirão
02) A estetização da vida cotidiana, decorrente do surgi-
mento de um modo de vida moderno, pode ser per-
cebida pela significativa importância que o design e a 
moda ocupam no desenvolvimento capitalista. 
04) Para o pensador alemão Walter Benjamin, a experiência 
da vida urbana e da modernidade não podia ser en-
contrada nas formas de consumo e de entretenimento 
modernas. Segundo sua teoria, a produção de gostos e 
de estilos de vida decorria da alienação do desenvolvi-
mento capitalista e da bestificação das massas. 
08) Para os teóricos Theodor Adorno e Max Horkheimer, o 
surgimento de meios tecnológicos de produção da cul-
tura promoveu a democratização do conhecimento e 
o esclarecimento político das massas, potencializando 
os processos de resistência à dominação presentes no 
mundo capitalista. 
16) O esporte é uma manifestação característica dos gostos 
e dos estilos de vida surgidos com a modernidade. Em 
seus estudos, o sociólogo Norbert Elias o considerou 
uma das expressões de civilidade típicas dos processos 
de contenção das emoções e dos sentimentos coleti-
vos que marcaram as formações dos estados nacionais. 
Desafio
17.19. (UEM – PR) – Os filósofos Theodor W. Adorno (1903-
1969) e Max Horkheimer (1895-1973), no ensaio intitulado 
“A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das 
massas”, publicado em 1947, argumentaram que uma das 
características mais marcantes das sociedades capitalistas foi 
a transformação das manifestações culturais em mercadorias 
da indústria cultural, cujos conteúdos são padronizados com 
o intuito de valorizar o consumo passivo e prazeroso desses 
produtos culturais, ao mesmo tempo em que atrofiam a ima-
ginação, o pensamento crítico e reflexivo dos consumidores.
De acordo com o ponto de vista dos autores, é correto afirmar: 
01) As manifestações culturais da indústria cultural não 
contribuem para a formação de consciências críticas 
quanto aos problemas das sociedades capitalistas. 
02) A indústria cultural produz no consumidor uma per-
cepção abrangente e crítica através dos bens culturais 
que lança no mercado. 
04) Os produtos da indústria cultural, como o cinema, a 
música e a literatura de autoajuda, por exemplo, apre-
sentam conteúdos com mensagens padronizadas. 
08) Ao invés de contribuir para o esclarecimento, a indús-
tria cultural gera uma consciência mistificadora nos 
indivíduos. 
16) A produção cultural deixa de ser livremente produzida 
pelos criadores e passa a sujeitar-se aos interesses do 
mercado e ao controle dos proprietários da indústria de 
entretenimento e de seus representantes. 
17.20. (UEM – PR) – “Tanto técnica quanto economi-
camente, a publicidade e a indústria cultural se con-
fundem. Tanto lá como cá, a mesma coisa aparece em 
inúmeros lugares, e a repetição mecânica do mesmo 
produto cultural já é a repetição do mesmo slogan 
propagandístico.” 
ADORNO, T. e HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. 
Rio de Janeiro: Zahar, 1985, p. 153. 
Considerando a citação e a perspectiva de Adorno e Horkhei-
mer sobre o processo de industrialização da cultura, assinale 
o que for correto: 
01) O conceito de indústria cultural, formulado por Adorno 
e Horkheimer, se refere ao processo de expansão das 
relações mercantis sobre as mais diversas formas de 
produção dos bens culturais. 
02) Como observam Adorno e Horkheimer, o progresso da 
publicidade ajuda as pessoas a se informarem sobre os 
melhores produtos culturais e a escolherem livremente 
o que querem comprar. 
04) Para Adorno e Horkheimer, o desenvolvimento da in-
dústria cultural fez com que os valores culturais pas-
sassem a ser gerados pelo mercado e pelas técnicas 
publicitárias. 
08) Segundo Adorno e Horkheimer, o único ramo da indús-
tria cultural que não se corrompeu com a lógica capi-
talista de produção foi o jornalismo, pois não há como 
manipular uma notícia. 
16) O conceito de indústria cultural define, para Adorno e 
Horkheimer, o conjunto de práticas capitalistas de pro-
dução e consumo que se expressam no modo como as 
pessoas se relacionam com a cultura. 
Gabarito
17.01. d
17.02. e
17.03. 29 (01 + 04 + 08 + 16)
17.04. a
17.05. c
17.06. e
17.07. 20 (04 + 16)
17.08. a
17.09. d
17.10. a
17.11. c
17.12. 30 (02 + 04 + 08 + 16)
17.13. 29 (01 + 04 + 08 + 16)
17.14. 27 (01 + 02 + 08 + 16)
17.15. 15 (01 + 02 + 04 + 08)
17.16. 11 (01 + 02 + 08)
17.17. e
17.18. 19 (01 + 02 + 16)
17.19. 29 (01 + 04 + 08 + 16)
17.20. 21 (01 + 04 + 16)
11Filosofia 5
Aula 18
Existencialismo
5
Filosofia
Introdução
O existencialismo é o resultado da contribuição de muitos pensadores. Destoando de uma razão que busca de-
monstrar coisas verdadeiras, o existencialismo pretende descrever, em suas escolhas diárias, cotidianas, o ser humano 
concreto. Nesse sentido opõe-se ao racionalismo de Hegel, (tudo o que é real é racional), que ignora todos os aspectos 
que da existência humana e escapam da explicação puramente racional. O Existencialismo se levanta contra a ideia de 
que razão pode dar conta dos problemas fundamentais da vida. 
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Sören Kierkegaard
Na distante Dinamarca, na primeira metade do século XIX, um jovem pensador, 
atormentado pela religião e pelos dramas familiares, registrou em suas obras as 
primeiras ideias do que viria a ser chamado de Existencialismo. Sören Kierkegaard 
(1813-1855) vai refletir sobre a irredutibilidade da existência humana e sobre a 
responsabilidade de nossos atos, o livre-arbítrio, a busca insubstituível pelo sentido 
da vida, que não está fora de nós, mas que é resultado de nossa decisão em agir, 
em dar “um salto”. Diz Kierkegaard: “Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. 
Não ousar é perder-se.”
Sobre a diferença da sua busca filosófica em relação ao pensamento racionalista 
hegeliano que fazia sucesso na época: “Trata-se de encontrar uma verdade que seja 
verdade para mim, de encontrar uma ideia pela qual eu possa viver e morrer. E que 
utilidade teria para mim encontrar uma verdade chamada verdade objetiva, per-
correr os sistemas dos filósofos, e poder, quando exigido, fazer um resumo destes?”
Kierkegaard foi um precursor ao destacar a importância do homem em si, e não 
como peça de um macrossistema especulativo como racionalismo cartesiano ou o 
idealismo hegeliano. Para ele, é a experiência que ordena nossas idéias, e não o contrário. Assim, na fase juvenil do ho-
mem predomina o valor estético (o culto da beleza e da sensualidade); no período adulto, o valor ético (a consciência 
da prática do bem); na maturidade, o valor religioso (a resignação à vontade de Deus).
 Sören Kierkegaard (1813-1855)
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12 Extensivo Terceirão
Nós queremos, precisamente, constituir o hino humano 
como um conjunto de valores distintos do reino material.
Sartre busca, com a sua filosofia, reabilitar o homem 
em sua diferença, criticando e refutando as teorias que 
se opõem à nossa liberdade, que é indissociável da 
nossa escolha e que, por isso, implica em uma responsa-
bilidade permanente e angustiante. 
Para Sartre, é nossa consciência que faz nascer o 
mundo e é ela que faz emergirem realidades no tempo e 
no espaço. Nosso pensamento recompõeo mundo à sua 
maneira. A percepção das coisas e das outras pessoas é 
singular. Assim, estar consciente é estar presente em um 
mundo singular. 
Como podemos nos definir? Como um sujeito pen-
sante, ostentando perpetuamente uma inconsistência 
de ser. Ou seja, somos seres livres. Não há um modelo 
preestabelecido a partir do qual os seres são criados. 
Somos seres que nos definimos à partir de nossas ações. 
Somos responsáveis por quem somos, já que somos nós 
que escolhemos, porque somos livres. Condenados à 
nossa liberdade. 
Como diz o filósofo francês: o que significa, aqui, que 
a existência precede a essência? Significa que o homem 
existe primeiro, se encontra, surge no mundo, e se define 
em seguida. Se o homem, na concepção do existencia-
lismo, não é definível, é porque ele não é, inicialmente, 
nada. Ele apenas será alguma coisa posteriormente, e 
será aquilo que ele se tornar.
E em algum momento estaremos satisfeitos? Realiza-
dos? Para Sartre, nunca estaremos em perfeita equação 
conosco próprios. Nunca seremos felizes. Sempre haverá 
um vazio, uma fonte de insatisfação: O desejo é falta de 
ser, acha-se impregnado em seu ser mais íntimo pelo ser 
que deseja. A realidade humana é perpétuo transcender 
para uma coincidência consigo mesma que jamais se dá.
Para Sartre somos assim um eterno projeto. Estamos 
sempre “em situação”. Somos livres e nos definimos por 
nossos atos, sem destinos, fados, maktubs. 
Muitas vezes, porém, não suportamos esse “peso” 
da liberdade é procuramos um amparo, uma espécie de 
muleta para justificar nossa falta de determinação. É o 
que Sartre chamou de má-fé, que ocorre quando a pes-
soa nega sua liberdade absoluta preferindo comportar-
-se como um objeto, como coisa. Assim, afirmamos que 
as coisas não são o resultado de nossas escolhas, mas da 
sociedade, são biologicamente determinadas, frutos de 
traumas do passado, são dirigidas pelos astros. E muitas 
vezes ainda os homens enredam as mulheres, as crian-
ças, outros homens nessa “crença”, negando a liberdade 
e odiando quem se ajusta às suas próprias escolhas e 
sobrevive à angústia que delas resulta. 
Martin Heidegger
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 Filósofo Martin Heidegger.
A consciência da morte e, portanto, da finitude da 
vida, coloca-nos diante da necessária questão sobre 
viver ou não viver uma vida autêntica. Heidegger chama 
de Dasein o “ser-aí”, aquele que existe mas, ao mesmo 
tempo, tem a consciência que pode deixar de existir, 
a qualquer momento, visto que o homem é um “ser-
-para-a-morte”. Nós não passamos de seres no mundo, 
lançados, cuja trajetória depende de nossas decisões. 
Não há um outro lugar ou tempo, não há um fim ou 
projeto a priori. A essência é a nossa própria existência, 
ligada a um mundo, a uma realidade concreta, da qual 
fazemos parte.
Heidegger, pensador alemão (1889-1976) e impor-
tante nome do existencialismo, afirma que desde que 
somos lançados no mundo, sem explicação, vivemos a 
angústia da inadequação. E é aí que escolhemos levar 
uma vida autêntica ou não. Se fugirmos desse sentimen-
to de angústia e perda, imergindo em atividades para 
camuflar o tempo e a presença da morte ou se aceita-
mos essa condição de estarmos aqui e que é a nossa 
existência que vai nos conferir a melhor ideia de quem 
somos, até que sobrevenha a morte. A escolha é nossa.
Jean-Paul Sartre 
Na sua obra “O existencialismo é um humanismo”, o 
filósofo Jean Paul Sartre, principal referência do Existen-
cialismo, afirma: O existencialismo é o único a atribuir ao 
homem, e o único que não considera um objeto. Todo 
materialismo tem como efeito tratar todos os homens, 
inclusive a si mesmos, como objetos, isto é, como um 
conjunto de reações determinadas em que em nada se 
distinguem do conjunto de qualidades e fenômenos 
que constituem uma mesa, uma cadeira ou uma pedra. 
Aula 18
13Filosofia 5
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 Em 1945, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir iniciaram um 
projeto conjunto de grande inspiração social: a revista políti-
ca e literária “Les temps modernes”.
Simone de Beauvoir
Simone inaugura uma nova forma de pensar, partin-
do do feminino, da experiência das mulheres em sua es-
pecificidade sexual (o que hoje é chamado de teoria de 
gênero). Memorialista, jornalista , romancista e filósofa, 
Simone insere nas reflexões existencialistas a condição 
histórica e cultural da mulher (francesa da metade do 
século XX). Na sua principal obra, O segundo sexo , lança 
a frase “ o que é uma mulher”.
Como afirma Djanila Ribeiro: A figura do feminino 
é discutida por meio de um sujeito que não é o que a 
representa, mas sim outro: o masculino, discurso que é 
sempre evitado no campo filosófico. Beauvouir, além de 
romper com a visão que cria uma inferioridade natural 
da mulher na história, a coloca no centro do debate e re-
aliza um estudo esmiuçado de sua situação, apontando 
para um projeto de emancipação.
Simone lembra que , dentro da perspectiva existencia-
lista, o fundamento do homem é a liberdade, mas é diferen-
te para a mulher, cujo gênero lhe é imposto, tornando-se 
uma “interioridade irredutível”, como um destino. Por isso 
Simone afirma: ninguém nasce mulher, torna-se mulher. 
O importante a destacar na reflexão da autora é que 
“sem mulher” implica, no contexto de sua época – e do 
nosso, ainda – ser inferior. Assim, a biologia – o sexo 
feminino – é uma estratégia para situar a mulher em um 
papel que é predeterminado e lhe destina uma condição 
de inferioridade, de objeto dos homens, (enredadas na 
má-fé dos homens) , de “segundo sexo”. 
A filósofa questiona: “como pode realizar-se um ser 
humano dentro da condição feminina? Que caminhos 
lhe são abertos? Como encontrar a independência no 
seio da dependência? Que circunstâncias restringem a 
liberdade da mulher , e quais ela pode superar?”
E conclui: “São essas algumas questões fundamen-
tais que desejaríamos elucidar. Isso quer dizer que, 
interessando-nos pelas oportunidades dos indivíduos, 
não as definiremos em termos de felicidade e sim em 
termos de liberdade.”
Testes
Assimilação
18.01. (UFSJ – MG) – A angústia, para Jean-Paul Sartre, é
a) tudo o que a influência de Shopenhauer determina 
em Sartre: a certeza da morte. O Homem pode ser livre 
para fazer suas escolhas, mas não tem como se livrar da 
decrepitude e do fim.
b) a nadificação de nossos projetos e a certeza de que a 
relação Homem X natureza humana é circunstancial, 
objetiva, e pode ser superada pelo simples ato de se 
fazer uma escolha.
c) a certificação de que toda a experiência humana é 
idealmente sensorial, objetivamente existencial e de-
terminante para a vida e para a morte do Homem em si 
mesmo e em sua humanidade.
d) consequência da responsabilidade que o Homem tem 
sobre aquilo que ele é, sobre a sua liberdade, sobre as 
escolhas que faz, tanto de si como do outro e da huma-
nidade, por extensão.
18.02. (ENEM) – Ninguém nasce mulher; torna-se mu-
lher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico 
define a forma que a fêmea humana assume no seio da 
sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse 
produto intermediário entre o macho e o castrado que 
qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir 
contribuiu para estruturar um movimento social que teve 
como marca
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada 
de trabalho.
c) organização de protestos púbicos para garantir a igualdade 
de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos 
homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promo-
ver ações afirmativas.
14 Extensivo Terceirão
18.03. (UFSJ – MG) – Na obra “O existencialismo é um 
humanismo”, Jean-Paul Sartre intenta
a) desenvolver a ideia de que o existencialismo é definido 
pela livre escolha e valoresinventados pelo sujeito a par-
tir dos quais ele exerce a sua natureza humana essencial.
b) mostrar o significado ético do existencialismo.
c) criticar toda a discriminação imposta pelo cristianismo, 
através do discurso, à condição de ser inexorável, carac-
terística natural dos homens.
d) delinear os aspectos da sensação e da imaginação 
humanas que só se fortalecem a partir do exercício da 
liberdade.
18.04. (UFU – MG) – Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” 
diz respeito
a) a uma criação divina, cujo agir depende de princípio 
metafísico regulador.
b) apenas à pura manutenção do ser pleno, completo, da 
totalidade no seio do que é.
c) ao nada, na medida em que ele se especifica pelo poder 
nadificador que o constitui.
d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se 
pode realizar, não se pode afirmar, porque está cheio, 
completo.
Aperfeiçoamento
18.05. (UFU – MG) – A luta das mulheres, no Brasil, por 
igualdade de condições com os homens no mercado de 
trabalho apresenta hoje os seguintes resultados:
I. crescimento da participação da mulher no mercado de 
trabalho.
II. predomínio da igualdade salarial entre homens e mulhe-
res que executam as mesmas tarefas.
III. ocupação, pela mulher, de cargos de direção nas empre-
sas em proporções iguais às do homem.
IV. qualificação profissional da mão de obra feminina em 
ritmo acelerado.
Selecione a alternativa correta.
a) I, II e III b) I e IV 
c) II, III e IV d) III e IV 
18.06. (UPE – PE) – Que representa a Filosofia? É uma das 
raras possibilidades de existência criadora. Seu dever inicial 
é tornar as coisas mais refletidas, mais profundas (Heidegger, 
Martin). 
Nessa perspectiva, é correto afirmar que a Filosofia 
a) é uma atividade de crítica e de análise dos valores de 
uma dada sociedade, na perspectiva de reorientação dos 
sentidos/significados da vida e do mundo. 
b) começa dizendo sim às crenças e aos preconceitos do 
senso comum e, portanto, começa dizendo que sabemos 
o que imaginávamos saber. 
c) não se distingue da ciência pelo modo como aborda seu 
objeto em todos os setores do conhecimento e da ação. 
d) é a impossibilidade da transcendência humana, ou seja, 
a capacidade que só o homem tem de superar a situação 
dada e não escolhida. 
e) sempre se confronta com o poder, e sua investigação 
fica alheia à ética e à política. 
18.07. (UEAP) – “A existência precede a essência”. O que 
melhor define esta frase do filósofo francês Sartre?
a) Primeiro o homem existe, depois se define.
b) O homem é o que ele concebe e não o que ele faz.
c) O homem é “em si” e não “para si”.
d) A vida de um homem está ligada a sua essência.
e) A vida humana é totalmente determinada por Deus.
18.08. (UFSJ – MG) – Para Sartre, “o Homem é livre, o Ho-
mem é liberdade”. Com relação a tal princípio, é CORRETO 
afirmar que o homem é:
a) “a expressão de que tudo é permitido por meio da liber-
dade e que provém da existência de Deus”.
b) “um animal político no sentido aristotélico e por isso 
necessita viver a liberdade política em comunidade”.
c) “um ser que depende da liberdade divina e necessita 
que o futuro esteja inscrito no céu”.
d) “condenado a ser livre, uma vez que foi lançado no 
mundo, é responsável por tudo que faz”.
18.09. (UEMA) – O tema da liberdade é discutido por 
muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul 
Sartre, particularmente, compreende a liberdade enquanto 
escolha incondicional.
Entre as afirmações abaixo, a única que está de acordo com 
essa concepção de liberdade humana é:
a) O homem primeiramente tem uma essência divinizada e 
depois uma existência manifestada na história de sua vida.
b) O homem não é mais do que aquilo que a sociedade 
faz com ele.
c) O homem primeiramente existe porque sendo cons-
ciente é um ser em si e para o outro.
d) O homem é determinado por uma essência superior, que 
é o Deus da existência, pois, primeiramente não é nada.
e) O homem primeiramente não é nada. Só depois será 
alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.
18.10. (UNICENTRO – PR) – Qual dos argumentos abaixo 
caracteriza corretamente a relação conceitual entre existen-
cialismo e liberdade, no pensamento de Jean-Paul Sartre 
(1905-1980)?
a) O existencialismo de Sartre defende o individualismo, 
isto é, cada um deve preocupar-se exclusivamente com 
a própria liberdade e ação.
b) O existencialismo de Sartre afirma que se o homem é livre, 
consequentemente não é responsável por aquilo que faz.
c) O existencialismo de Sartre afirma que “disciplina é 
liberdade”. O homem livre é aquele que recusa o indivi-
dualismo para viver o conformismo e a respeitabilidade 
da tradição.
Aula 18
15Filosofia 5
d) Sartre afirma que o homem nada mais é do que “seu 
projeto”, não havendo essência ou modelo para lhe 
orientar o caminho; está, portanto, irremediavelmente 
condenado a ser livre.
e) Sartre afirma que a liberdade só possui significado no 
pensamento, na capacidade que o homem tem de refletir 
acerca de sua existência, buscando definir a natureza e a 
essência humana.
Aprofundamento
18.11. (FCM – RS) – Em uma das obras fundantes do 
feminismo contemporâneo, O Segundo Sexo, Simone 
de Beauvoir (1949) constatava a existência de uma 
relação direta entre o controle dos recursos materiais 
pelos homens e o valor diferenciado de mulheres e ho-
mens, o prestígio social do casamento e o fato de que 
“elas ainda se encontravam em situação de vassalas” 
BEAUVOIR, 1949, p. 211. 
De lá para cá, as sociedades ocidentais que foram objeto 
de observações de Beauvoir passaram por transformações 
profundas no que diz respeito à posição social da mulher, 
EXCETO:
a) O controle dos recursos está hoje, em muitos sentidos, me-
nos restrito aos homens do que em momentos anteriores.
b) O prestígio social do casamento parece ter decrescido 
na mesma medida em que as formas assumidas pelos 
arranjos familiares se diversificam.
c) Houve transformações importantes nos valores predo-
minantes e nas expectativas sociais relativas à ideologia 
de gênero no sentido da eliminação da hierarquia entre 
mulheres e homens.
d) Uma maior profissionalização das mulheres e de seu 
acesso, também ampliado em relação ao contexto de 
meados do século XX, a posições de poder, no mundo 
do trabalho e no mundo da política.
e) O acesso facilitado a meios para o controle da natalidade, 
como a pílula anticoncepcional, os passos dados para 
a desnaturalização da dupla moral sexual e doméstica, 
vinculados ao impacto do acesso ampliado das mulheres 
ao trabalho remunerado, permitem que se reposicionem 
nas diferentes esferas da vida social.
18.12. (CPII – RJ) – Até os doze anos a menina é tão 
robusta quanto os irmãos e manifesta as mesmas 
capacidades intelectuais; não há terreno em que lhe 
seja proibido rivalizar com eles. Se, bem antes da pu-
berdade e, às vezes, mesmo desde a primeira infância, 
ela já se apresenta como sexualmente especificada, não 
é porque misteriosos instintos a destinem imediata-
mente à passividade, ao coquetismo, à maternidade: é 
porque a intervenção de outrem na vida da criança é 
quase original e desde seus primeiros anos sua vocação 
lhe é imperiosamente insuflada. 
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo (Vol. 2). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, 
p. 9-10.
Os estudos de Simone de Beauvoir (1908-1986) contribuí-
ram incontestavelmente para os debates acerca da situação 
da mulher e a luta para a igualdade de gênero. A partir do 
trecho acima, assinale a opção que melhor demonstra o 
problema apresentado pela filósofa.
a) Beauvoir afirma a distinção entre os sexos e inaugura 
o pensamento de uma feminilidade que faz parte da 
condição humana da mulher. A natureza feminina é que 
compõe seu ser enquanto mulher.
b) Beauvoir discute a consolidação da posição social da 
mulher, pois, biológica e psiquicamente, suas distinções 
se apresentam de forma clara para um tratamento dife-
renciado em relação aos homens.
c) Não há, para Beauvoir, qualidades, valores, modos de 
vida especificamente femininos.Esse é um mito inven-
tado pelos homens para prender as mulheres na sua 
condição de oprimidas.
d) A ideia de que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher” 
representa o ápice da filosofia feminista presente em O 
segundo sexo, afirmando que, por natureza, qualquer 
um pode-se tornar mulher socialmente.
18.13. (IFSC) – No artigo “Gênero e sexualidade: pedago-
gias contemporâneas”, Guacira Lopes Louro (2008) retoma 
a frase de Simone de Beauvoir “Ninguém nasce mulher: 
torna-se mulher” para introduzir as discussões sobre gênero 
e sexualidade. Ademais, menciona que, atualmente, essa 
frase poderia ser compreendida também no masculino. 
Ao fazer isso, ela evidencia seu entendimento em relação 
ao assunto.
Qual das alternativas a seguir expressa a compreensão da 
autora?
a) Tornar-se mulher ou tornar-se homem não resulta de 
um ato único, inaugural, como o nascimento. Ao invés 
disso, diz respeito a uma construção que acontece em 
meio a cultura.
b) Ao nascer, o sexo da pessoa não está definido. Em função 
disso, tornar-se mulher ou tornar-se homem resulta das 
aprendizagens que são construídas pelo indivíduo ao 
longo da vida.
c) Tornar-se mulher ou tornar-se homem é algo determi-
nado pelo sexo da pessoa.
d) Como, ao nascer, o sexo da pessoa não está definido, 
depois de uma certa idade, ela deve optar por tornar-se 
mulher ou tornar-se homem.
e) Tornar-se mulher ou tornar-se homem tem relação direta 
com a orientação sexual da pessoa.
18.14. (UNIOESTE – PR) – Martin Heidegger (1889-1976) 
afirmou: “ser homem já significa filosofar”. Sua tese é a se-
guinte: o homem se caracteriza pela distinção entre o “é” e as 
características de qualquer coisa, ou seja, de qualquer ente; 
com isso, no encontro cotidiano com os entes, antecipada-
mente (antes de encontrá-los e conhecê-los) sabemos (a) 
que eles são e (b) que eles não são o “ser”, que são diferentes 
de sua “existência”. Eis por que todos podemos, a qualquer 
16 Extensivo Terceirão
instante, nos lançar às perguntas pelo ser dos entes e pelo 
sentido do ser em geral, ou seja, às perguntas filosóficas. 
Independente de filosofarmos expressamente, as questões 
e a força para a investigação, portanto, estariam na raiz 
mesma de nosso ser, e precedem todo conhecimento e 
pensamento aplicado. De modo análogo, a primeira frase da 
Metafísica de Aristóteles afirma: “Todos os seres humanos 
tendem essencialmente ao Saber”. Essa tendência essencial 
significa que uma propensão para o Saber está presente, 
ainda que inexplorada, em todos os seres humanos. Como 
Aristóteles escolheu, para o Saber, uma palavra grega que 
se assemelha ao “Ver” imediato (eidénai), pode-se com-
preender que se trata tanto do conhecimento em geral 
quanto (e principalmente) do Saber metafísico, sobre o 
princípio essencial ou estrutura metafísica da realidade. 
Em suma, Aristóteles já estaria dizendo que ser homem 
significa filosofar.
Com base no que foi dito, marque a alternativa CORRETA. 
a) Uma contradição total reina entre as teses contempo-
râneas e gregas, em filosofia. 
b) Não tem importância central a atenção nem a interpre-
tação das formulações e termos filosóficos. 
c) Segundo Heidegger, a distinção entre o ente e o ser 
torna possível o pensamento. 
d) Aristóteles afirma a tendência essencial do ser humano 
a ficar preso ao sentido da visão, nas sombras. 
e) Heidegger e Aristóteles têm como tese que filosofar 
expressamente é um destino humano comum. 
18.15. (IFSP) – Ao defender as principais teses do Exis-
tencialismo, Jean-Paul Sartre afirma que o ser humano 
está condenado a ser livre, a fazer escolhas e, portanto, a 
construir seu próprio destino. O pressuposto básico que 
sustenta essa argumentação de Sartre é o seguinte:
a) A suposição de que o homem possui uma natureza hu-
mana, o que significa que cada homem é um exemplo 
particular de um conceito universal.
b) A compreensão de que a vida humana é finita e de que 
o homem é, sobretudo, um ente que está no mundo 
para a morte.
c) A ideia de que a existência precede a essência e, por 
isso, o ser humano não está predeterminado a nada.
d) A convicção de que o homem está desamparado e é 
impotente para mudar o seu destino individual.
e) A ideia de que toda pessoa tem um potencial a realizar, 
desde quando nasce, mas é livre para transformar ou 
não essa possibilidade em realidade.
18.16. (UNIOESTE – PR) – “Quando dizemos que o 
homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que 
cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com isso 
queremos também dizer que, ao escolher-se a si pró-
prio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não há 
de nossos atos um sequer que, ao criar o homem que 
desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem 
do homem como julgamos que deve ser. Escolher isto 
ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que 
escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o 
que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom 
para nós sem que o seja para todos. Se a existência, 
por outro lado, precede a essência e se quisermos 
existir, ao mesmo tempo em que construímos a nossa 
imagem, esta imagem é válida para todos e para a 
nossa época. Assim, a nossa responsabilidade é muito 
maior do que poderíamos supor, porque ela envolve 
toda a humanidade”.
Sartre.
Considerando o texto citado e o pensamento sartreano, é 
INCORRETO afirmar que
a) o valor máximo da existência humana é a liberdade, 
porque o homem é, antes de mais nada, o que tiver 
projetado ser, estando “condenado a ser livre”.
b) totalmente posto sob o domínio do que ele é, ao homem 
é atribuída a total responsabilidade pela sua existência 
e, sendo responsável por si, é também responsável por 
todos os homens.
c) o existencialismo sartreano é uma moral da ação, pois o 
homem se define pelos seus atos e atos, por excelência, 
livres, ou seja, o “homem não é nada além do conjunto 
de seus atos”.
d) o homem é um “projeto que se vive subjetivamente”, 
pois há uma natureza humana previamente dada e 
predefinida, e, portanto, no homem, a essência precede 
a existência.
e) por não haver valores preestabelecidos, o homem deve 
inventá-los através de escolhas livres, e, como escolher é 
afirmar o valor do que é escolhido, que é sempre o bem, 
é o homem que, através de suas escolhas livres, atribui 
sentido a sua existência.
18.17. (UNIOESTE – PR) – “Só pelo fato de que tenho 
consciência dos motivos que solicitam minha ação, 
esses motivos já são objetos transcendentes para mi-
nha consciência, estão fora; em vão buscaria agarrar-
-me a eles, escapo disto por minha existência mesma. 
Estou condenado a existir para sempre além de minha 
essência, além dos móveis e dos motivos de meu ato: 
estou condenado a ser livre. Isto significa que não 
se poderia encontrar para a minha liberdade outros 
limites senão ela mesma, ou, se se prefere, não somos 
livres de cessar de ser livres. ( ) O sentido profundo 
do determinismo é o de estabelecer em nós uma 
continuidade sem falha da existência em si. ( ) Mas 
em vez de ver transcendências postas e mantidas no 
seu ser por minha própria transcendência, supor-se-
-á que as encontro surgindo no mundo: elas vêm de 
Deus, da natureza, da “minha” natureza, da sociedade. 
( ) Essas tentativas abortadas para sufocar a liberda-
de – elas desmoronam quando surge, de repente, a 
angústia diante da liberdade – mostram bastante que 
a liberdade coincide no fundo com o nada que está 
no coração do homem”.
Sartre.
Aula 18
17Filosofia 5
Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas:
I. No homem, a existência precede a essência.
II. Em sua essência, o homem é um ser determinado quer 
seja, ou por Deus, ou pela natureza, ou pela sociedade.
III. Os limites da minha liberdade são estabelecidos pelos 
valores religiosos, estéticos, políticos e sociais.
IV. “O homem não está livre de ser livre”, pois não é possível 
“cessar de ser livre”.
V. A liberdade humana, em suas escolhas, se orienta por 
valores objetivos e predeterminados.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas II está correta.b) Apenas I e IV estão corretas.
c) Apenas II e IV estão corretas.
d) Apenas III e V estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
18.18. (UNIOESTE – PR) – “O que significa aqui o dizer-
-se que a existência precede a essência? Significa que 
o homem primeiramente existe, se descobre, surge no 
mundo; e que só depois se define. O homem, tal como 
o concebe o existencialista, se não é definível, é por-
que primeiramente não é nada. Só depois será alguma 
coisa e tal como a si próprio se fizer. ( ) O homem é, 
não apenas como ele se concebe, mas como ele quer 
que seja, como ele se concebe depois da existência, 
como ele se deseja após este impulso para a existência; 
o homem não é mais que o que ele faz. ( ) Assim, o 
primeiro esforço do existencialismo é o de por todo o 
homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a 
total responsabilidade de sua existência. ( ) Quando 
dizemos que o homem se escolhe a si, queremos dizer 
que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com 
isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si 
próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não 
há de nossos atos um sequer que, ao criar o homem que 
desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem 
do homem como julgamos que deve ser”.
Sartre.
Considerando a concepção existencialista de Sartre e o texto 
acima, é incorreto afirmar que
a) o homem é um projeto que se vive subjetivamente.
b) o homem é um ser totalmente responsável por sua 
existência.
c) por haver uma natureza humana determinada, no homem 
a essência precede a existência.
d) o homem é o que se lança para o futuro e que é consciente 
deste projetar-se no futuro.
e) em suas escolhas, o homem é responsável por si próprio 
e por todos os homens, porque, em seus atos, cria uma 
imagem do homem como julgamos que deve ser.
Desafio
18.19. (VUNESP – SP) – Nas minhas pesquisas, tenho 
constatado que muitas mulheres brasileiras reprodu-
zem e fortalecem, consciente ou inconscientemente, 
a lógica da dominação masculina. É verdade que o 
discurso hegemônico atual é o de libertação dos papéis 
que aprisionam a maioria das mulheres. No entanto, 
os comportamentos femininos não são tão livres 
assim; muitos valores mais tradicionais permanecem 
internalizados. Existe uma enorme distância entre o 
discurso libertário das brasileiras e seu comportamen-
to e valores conservadores.
 Não pretendo alimentar a ideia de que as mu-
lheres são as piores inimigas das mulheres, mas 
provocar uma reflexão sobre os mecanismos que fa-
zem com que a lógica da dominação masculina seja 
reproduzida também pelas mulheres. Nessa lógica, 
como argumentou Pierre Bordieu, os homens devem 
ser sempre superiores: mais velhos, mais altos, mais 
fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolariza-
dos. Essa lógica constitui as mulheres como objetos, 
e tem como efeito colocá-las em um permanente es-
tado de insegurança e dependência. Delas se espera 
que sejam submissas, contidas, discretas, apagadas, 
inferiores, invisíveis.
Em O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir escre-
veu que não definiria as mulheres em termos de feli-
cidade, e sim de liberdade. Ela acreditava que, para 
muitas, seria mais confortável suportar uma escra-
vidão cega do que trabalhar para se libertar. A filó-
sofa francesa afirmou que a liberdade é assustadora, 
e que, por isso, muitas mulheres preferem a prisão 
à sua possível libertação. No entanto, ela acreditava 
que só existiria uma saída para as mulheres: recu-
sar os limites que lhes são impostos e procurar abrir 
para si e para todas as outras o caminho da liberta-
ção.
Miriam Goldenberg, O inferno são as outras. Veja, 07.03.2018.
É correto afirmar que, do ponto de vista da filósofa Simone 
de Beauvoir,
a) embora vivendo como escravas, as mulheres se sentem 
libertas de obrigações familiares e sociais.
b) as mulheres priorizam a liberdade, que lhes garante viver 
em zona de conforto provida pelo trabalho.
c) a tendência feminina é buscar a saída de sua condição 
de escravidão num impossível sonho de liberdade.
d) a liberdade atemoriza, o que explica que muitas mulhe-
res escolham viver subjugadas.
e) a definição de liberdade feminina está atrelada ao grau 
de conformismo que o trabalho impõe.
18 Extensivo Terceirão
18.20. (UFU – MG) – Leia o excerto abaixo e assinale a 
alternativa que relaciona corretamente duas das principais 
máximas do existencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber:
“a existência precede a essência”
“estamos condenados a ser livres”
Com efeito, se a existência precede a essência, 
nada poderá jamais ser explicado por referência a 
uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não 
existe determinismo, o homem é livre, o homem é 
liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não en-
contramos já prontos, valores ou ordens que possam 
legitimar a nossa conduta. [ ] Estamos condenados a 
ser livres. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso 
expressar dizendo que o homem está condenado a ser 
livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e 
como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no 
mundo, é responsável por tudo o que faz.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 3ª. ed. S. Paulo: Nova 
Cultural, 1987.
a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade, então 
jamais o homem pode ser, em sua existência, condenado 
a ser livre, o que seria, na verdade, uma contradição.
b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da natureza 
humana que, concebida por Deus, precede necessaria-
mente a sua existência.
c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à qual 
o homem, como existência já lançada no mundo, está 
condenado, e pela qual projeta o seu ser ou a sua essência.
d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo, porque 
a existência do homem depende da essência de sua 
natureza humana, que a precede e que é a liberdade.
Gabarito
18.01. d
18.02. c
18.03. b
18.04. c
18.05. b
18.06. a
18.07. a
18.08. d
18.09. e
18.10. d
18.11. c
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19Filosofia 5
Filosofia
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Filosofia Contemporânea – Foucault
Aula 19
 O homem como objeto de 
conhecimento
Não há fundamentos metafísicos para o pensar, 
afirmava Foucault. Nossa maneira de pensar é afetada 
pela história e cada época possui o seu conjunto de 
matrizes que fundamenta o que se diz. O tempo altera 
essas matrizes e com elas o próprio pensamento. No 
entanto, essa sucessão de matrizes deixa marcas, o que 
permite um estudo, uma arqueologia desses saberes. 
Na medida em que não há uma matriz única, há a 
possibilidade de “pensar diferente”, negar o entorno que 
nos cerca e que, ao mesmo tempo, constitui nosso modo 
de pensar. Como afirma o próprio Foucault: existem mo-
mentos da vida em que a questão de saber se podemos 
pensar diferentemente do que pensamos, e perceber 
diferentemente do que vemos, é indispensável para 
continuar olhando e refletindo.
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 Michel Foucault (1926-1984)
Assim, as noções de causalidade e continuidade são 
os primeiros alvos desse pensador. O que há na socie-
dade é a construção de práticas discursivas que nos 
atravessam e nos moldam, definindo o que entendemos 
por “certo” e “errado” em um dado período histórico. E 
o que há é que, historicamente, essas práticas vão se 
modificando e, com elas, as pessoas que somos.
Um exemplo dessa abordagem está na sua primeira 
obra, História da loucura na Idade Clássica, de 1961, na 
qual Foucault mostra como foi se dando, historicamente, 
a criação do estatuto de louco e sua consequente asso-
ciação aos cuidados médicos e clínicos. Loucura essa 
que era “normal” na Idade Média e no Renascimento. 
Já Erasmo de Roterdam, no seu Elogio da Loucura (que 
estudamos) afirmava: Tudo o que os homens fazem está 
cheio de loucuras. São loucos tratando de loucos.”
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BOSCH, Hieronymus. Cristo carregando

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