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Unidade 4:Tópico 2
O pensamento político moderno
Como foi afirmada anteriormente, a forma de governo que predominou no pensamento grego foi a aristocracia (governo dos melhores), redundando quase sempre, para não dizer sempre, na oligarquia (governo da elite social, dos ricos proprietários de terras). Sua realização como constituição do Estado se estabeleceu na constituição do Estado monárquico, que se firmará durante a fase histórica de domínio de Roma no Ocidente, evoluindo para a forma de império e atravessando todo o contexto histórico da Idade Média.
Nessa época, o modelo monárquico, aristocrático e oligárquico permanecerá, embora com tempero da questão religiosa pela forte presença do cristianismo e da Igreja como instituição religiosa predominante na sociedade de então. Mesmo não tendo desembocado em uma forma de Estado teocrático, o poder na Idade Média se sustentou a partir de um teocentrismo em que a nobreza governava de forma aristocrática e oligárquica e a monarquia estava muito ligada à Igreja, na liderança praticamente divina da figura do papa.
Filosoficamente, a Idade Média não apresenta grande contribuição na conceituação de política ou na visão social do exercício do poder.
Santo Agostinho (século IV d.C.), na sua civitas dei e civitas unomini (Cidade de Deus, Cidade dos homens), diz que os homens, de forma idealista, devem administrar a sociedade tendo por modelo da inspiração divina; remetendo o pensamento político à visão platônica, estudada anteriormente. São Tomás de Aquino (século XIII d.C.) desenvolve toda a sua visão de mundo e de homem, e nela a visão política, a partir do pensamento aristotélico.
Durante a Idade Média, a visão do poder político está assentada na visão da origem divina do poder, em que a influência da cultura judaica através da Bíblia se faz presente (Chauí, 1997, p. 387). No período medieval, permanece a ideia da origem natural do Estado, a partir da condição humana como criação divina, origem natural já defendida por Aristóteles (Mondin, 1980, p. 117), diríamos que misturada com a origem divina, na referência bíblica e na visão de mundo platônica.
A determinação de uma verdade que teleologicamente projeta um fim que deve ser perseguido em busca da perfeição e que orienta todo processo da busca da realização humana (e nela a política), como em Aristóteles, é defendida na posse da justiça como virtude fundamental que deve ser possuída pelo governante.
SAIBA MAIS!
Teleologia é um termo criado na modernidade para designar a ciência que estuda a finalidade das coisas, constituindo, assim, seu sentido. Um exemplo disso: na filosofia de Tomás de Aquino, a finalidade de sua investigação é, dentre outras coisas, comprovar a existência de Deus, sendo este o fim último, o objetivo ou escopo de suas pesquisas.
Antecedendo à evolução do conceito de política, denotando as novas formas de ação política dos tempos modernos, Nicolau Maquiavel (1469-157), em pleno Renascimento, mostrando, em sua obra O príncipe, que a questão política, livre das determinações filosóficas e religiosas, gerida pelos princípios da ética e da moral, deve ser tratada em perspectivas distintas daquela da política, uma vez que, na verdade, o que interessa para o governante é a sua manutenção no poder; caso necessário ele irá infringir princípios éticos e/ou religiosos sem o menor escrúpulo.
Na cultura ocidental, pela primeira vez a política é investigada, por Maquiavel, em sua concreta realidade – por isso fala-se em realismo político nesse pensador, entendendo por isso a necessidade de se entender a política tal com ela efetivamente é, sem idealismo e/ou sonhos, isto é, de entender a política como ela poderia ser. Efetivamente, a política é um campo onde os jogadores (os políticos) atuam buscando prevalecer sobre os demais, agindo, para isso, de meios que não são éticos, em muitos os casos.
O livro da filosofia. (trad. Douglas Kim). São Paulo: Globo, 2011, p. 104)
"Pela primeira vez, por Maquiavel, a política é estabelecida sem preconceitos na sua lógica interna, fora, pois, de qualquer preocupação de ordem moral e teológica" (Mondin, 1980, p. 122).
Fonte: http://bit.ly/1FW5sW7
Após Maquiavel, os pensadores se dividem. Alguns se negam a seguir esse novo conceito de política, como Campanella e Vico, que tentam manter a política sob a dependência da moral, e outros, como Spinoza e Hobbes, que procuram ver, de acordo com a tendência da análise da política nos tempos modernos, a política na nova tendência maquiaveliana, buscando reforçar a total autonomia da política em relação à moral e à religião (Mondin, 1980, p. 122).
A partir desse momento, a prática política vai justificar-se por si mesma, a partir de sua especialização; atualmente se pensa até em ciência política, de sua otimização como dimensão humana a ser desenvolvida, claro que com o uso da inteligência humana, com o uso da razão, essa mesma razão que será “a grande estrela” de todo o pensamento moderno até seu esplendor no iluminismo, gerador da base ideológica da Revolução Francesa (1789) e a criação do Estado moderno, no contexto do interesse burguês pela destituição do poder, da nova nobreza do absolutismo.
Nesse ponto, se torna mais acessível a compreensão da ideia de política a partir da expressão "contrato social". A política não é mais entendida como surgida de modo espontâneo, a partir do que é a natureza do próprio homem, mas sim que surge a partir de um consentimento entre os homens, que fazem um acordo entre si, convencionando uma forma de relação e organização de convivência social, tendo em vista interesses comuns a todos. Hobbes, Locke e Rousseau são os grandes pensadores dessa nova realidade política.
Naturalmente, essa novidade não é somente de cunho filosófico. O contexto histórico do mundo moderno contribuiu fortemente para que os ideais políticos se transformassem dentro das novas condições de produção da riqueza. O feudalismo agora dá lugar ao mercantilismo, e a nova classe que começa a se impor em função da posse do poder é a burguesia, em lugar da nobreza, que, em primeiro lugar, fora substituída por uma nova nobreza atrelada ao nascimento das monarquias nacionais, evoluindo para o absolutismo, e que, mais tarde, seria destituída do poder pelos ideais políticos da Revolução Francesa e o nascimento do Estado Novo.
Fonte: http://bit.ly/1S8CsTy
Assim como Rousseau e Locke, Thomas Hobbes (1588-1679) parte, na construção de sua visão política, da concepção da análise da origem do Estado, isto é, do surgimento da organização e constituição do poder.
Nas visões filosóficas anteriores, concebia-se a origem do Estado a partir do que é a própria natureza do homem ou a partir de uma gênese divina. Para Hobbes, não é da natureza humana* que os Estados surgem. Por sinal, diríamos com ele que a natureza humana é problemática e perigosa. O ser humano não é sociável naturalmente. Nos primórdios de sua existência e na condição humana de ser até hoje, os homens são compelidos espontaneamente aos caos. Cada um busca subjetivamente a satisfação de suas necessidades e é capaz até de destruir o outro em função disso. O egoísmo – e não a necessidade altruísta da vida em comum – constitui o fundamento da natureza humana (Prélot, 1979, p. 277).
Daí a famosa expressão de Hobbes sobre o ser humano:
homo homini lupus (O homem é o lobo do homem) e a não menos famosa bellum omnium contra omnes (as disputas geram guerra de todos contra todos) (Aranha; Martins, 1986, p. 241).
Como explica a filosofia, Hobbes chega a isso por uma constatação do que é a existência do homem em grupo (aqui não cabe o termo sociedade), o que até hoje parece ser muito evidente. Essa situação de luta constante gera medo e insegurança, e o mesmo homem que de modo egoísta é capaz de destruir o outro para satisfazer a sua necessidade agora é capaz de se unir aos demais e fazer "um contrato", delegando a algum o poder soberano sobre todos em função da segurança e da satisfação de necessidades de cada um.
Hobbes, para representar essa nova realidade de visão política,usa a figura bíblica do Leviatã, o mostro marinho que defende os peixes menores dos maiores e domina a todos. A figura do Leviatã leva à reflexão e à consciência do que é o Estado moderno no contexto histórico do Absolutismo. Na nova visão política, a concepção do poder muda. Não é mais a lei natural** que o justifica e legitima. O poder agora passa a ser legitimado na lei, fruto do contrato social. A constituição do poder pelo homem, pela sociedade, “sai do estado de natureza, passando do status naturalis [estado natural] ao status civilis [estado civil]” (Prélot, 1979, 277). O poder também sai da esfera sagrada e se instala na esfera profana.
Fonte: http://bit.ly/1S8CsTy
	*natureza humana:
A noção de natureza humana ou estado de natureza é uma hipótese que, em Hobbes, corresponde a um estado no qual os seres humanos viveriam sem nenhum tipo de regra, antes de se organizarem em sociedade.
É importante se atentar ao termo, já que este aparecerá em mais autores da modernidade, contudo com um sentido bem distinto, em alguns casos, deste apresentado por Hobbes.
**LEI NATURAL
Segundo Hobbes, entende-se por Lei natural "(...) uma lei de natureza é um preceito ou regra geral, estabelecida pela razão, mediante o qual se proíbe a um homem fazer tudo o que possa destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para preservá-los ou omitir aquilo que se pense poder contribuir melhor para preservá-la".
HOBBES, Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 134 (Coleção Os Pensadores).
Em grande divergências com o pensamento de Hobbes, John Locke (1632-1704) contribui para firmar a nova visão política na cultura moderna e para acentuar seu caráter liberal, que triunfará na história pelo predomínio da burguesia na conquista do poder no mundo ocidental.
SAIBA MAIS
Para entender melhor os preceitos do Liberalismo econômico, leia sobre o tema no site: http://www.usp.br
Como Hobbes, Locke também parte da concepção de que a origem do Estado não está na natureza do homem, mas sim no contrato social que é realizado pelos homens para poderem viver melhor socialmente.
A natureza humana, para Locke, não é aquela egoísta e agressiva proclamada por Hobbes. As pessoas, a partir de sua natureza humana, são livres e independentes. Como as pessoas têm livre arbítrio, isto é, são juízes em causa própria, podem incorrer em atitudes de parcialidade de paixão e se agredirem pela disputa de propriedade. Isso leva os homens a delegar a alguém o poder para que possam conviver socialmente e ter segurança na posse daquilo que é seu.
Para Locke, diferente de Hobbes, no estado de natureza, o homem possui direitos e deveres que lhes são dados pela lei natural. Essa lei garante a liberdade e a igualdade entre os homens. E é vontade de Deus que o homem possua ao mesmo tempo livre-arbítrio e razão; no estado de natureza, funda-se a moral de todas as ações humanas e todas as relações sociais.
Os limites do estado de natureza seriam:
O surgimento da desordem – cria-se a instituição do governo.
• Falta um juiz para julgar os conflitos;
• Falta um poder para julgar as decisões.
Por isso os homens conjuntam-se em sociedade.
Diferentemente de Hobbes, os homens não perdem a liberdade* ao delegar esse poder e podem continuar cobrando daquele que governa a permanência do bem comum. Caso isso não seja respeitado, o governo pode ser destituído.
O Estado de Locke não é o Leviatã de Hobbes, não se impõe de forma absolutista. Por isso se atribui a Locke a origem do Estado liberal. Nessa linha, Locke faz a diferença entre sociedade política e sociedade civil, entre os direitos públicos e privados regidos por leis diferentes (Aranha; Martins, 1986, p. 248).
O poder político não é mais privilégio de nascimento em determinada classe social, como era a nobreza, nem os Estados devem intervir socialmente na questão da iniciativa econômica. Devem, sim, estar presentes para garantir o direito de iniciativa de todos.
Reforçando a tese do liberalismo econômico, de grande interesse da burguesia, Locke amplia a ideia de propriedade privada, que está além da posse econômica de bens, e a reforça:
Propriedade "é tudo o que pertence a cada indivíduo, ou seja, sua vida, sua liberdade e seus bens" (Aranha; Martins, 1986, p. 249).
APROFUNDANDO
Os indivíduos devem respeitar o bem comum. Locke afirma que o fundamento da propriedade é a propriedade de si mesmo, isto é, de sua própria pessoa e do trabalho que essa pessoa realiza. No estado de natureza, o trabalho diferencia a propriedade privada da propriedade comum. O homem, por seu trabalho, aplica seu esforço sobre a natureza ou a uma parte retirada desta; ele a transforma e lhe junta seu trabalho. E como o trabalho é propriedade inegável do homem, aquilo a que ele juntou seu trabalho torna-se igualmente sua propriedade. A propriedade depende das obrigações morais do homem.
Na junção da questão da propriedade entre liberdade e bens, Locke acaba reforçando o direito ao poder para aqueles que têm a privilegiada posse dos bens, a burguesia, em detrimento daqueles que querem ser livres e não têm a posse dos bens. Por exemplo, os trabalhadores têm a posse da força de trabalho, mas não têm a posse dos bens que produzem. A classe operária está submetida à classe civil e dela não faz parte (Aranha; Martins, 1986, p. 249). Está na base da produção, mas não participa do poder na sociedade.
*LIBERDADE
O princípio de liberdade (consequentemente, igualdade) governa o estado de natureza, em que prevalece a liberdade de cada um e a conservação da humanidade. A união da liberdade individual e do respeito ao bem comum explica a origem da propriedade, e garante o equilíbrio da sociedade.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778), como Hobbes e Locke, atribui a origem do Estado não à natureza do homem, mas sim ao pacto social que este faz para tornar possível e melhor sua existência na sociedade. A concepção de natureza humana em Rousseau difere completamente da de Hobbes e, de modo menos radical, da de Locke. Para Rousseau, a natureza humana é boa. É a tese do bom selvagem. A vida de felicidade e liberdade primitiva existia quando "os indivíduos viviam isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelos gestos, o grito e o canto, numa linguagem generosa e benevolente" (Chauí, 1997, p. 399). Isso acaba quando alguém cerca um terreno e diz: "é meu".
O Estado de propriedade é que gera o Estado de natureza hobbesiano. O que é Estado de natureza em Hobbes agora passa a ser o Estado de sociedade em Rousseau. Assim como aconteceu com Hobbes, Rousseau também admite que os homens precisam fazer um contrato social para conviver da melhor maneira possível e se resguardar, enquanto indivíduo, do Estado de sociedade. "Para Rousseau, a sociedade civil é fruto de uma evolução azarada do homem" (Prélot, 1979, p. 339).
É muito expressiva a frase de Rousseau a respeito dessa afirmação:
"A natureza do homem é boa, a sociedade é que a corrompe".
O contrato social, em Rousseau, por fim, funda a soberania. As pessoas delegam a um soberano o poder sobre suas liberdades para que ele, no exercício da lei, possa controlar a convivência social em função do bem comum. Mas o delegar poder não constitui a eliminação da liberdade popular.
Pelo pacto, o homem abdica da sua liberdade, mas sendo ele próprio parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer à lei, obedece a si mesmo e, portanto, é livre: a obediência à lei que estatuiu a si mesma é liberdade (Aranha; Martins, 1986, p. 257).

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