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Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1256 Seminário de Iniciação Científica CENTRO DE NEGÓCIOS– FSG ISSN Online: 2318-8006 V. 6, N. 1 (2017) http://ojs.fsg.br/index.php/globalacademica COMPETÊNCIAS E EMPREGABILIDADE DO ADMINISTRADOR: CONCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Fabiane Luci Kunz Bertolettia, Rafael de Lucena Perinib a Acadêmica no Curso de Administração do Centro Universitário da Serra Gaúcha. b Mestre em Administração, professor do Centro de Negócios da FSG. Resumo As competências e empregabilidade dos Administradores são as qualidades que o mercado de trabalho buscam nos indivíduos. Com base no do atual cenário econômico do País, com redução significativa de postos de trabalho, o Administrador é considerado o profissional com mais empregabilidade para resolver complexas situações, tomar decisões mediante ausência de qualquer planejamento, cabendo às competências desses indivíduos o sucesso de suas carreiras. Diante disso, o presente estudo procurou buscar a relevância das competências e empregabilidade do Administrador na concepção dos alunos do curso de Administração, buscando essa percepção por meio de uma pesquisa quantitativa com aplicação de questionário, ocorrendo sua análise em forma de estatística descritiva. Os resultados encontrados na pesquisa agregam peso a formação do Administrador, considerando o fato de que os conceitos estudados no presente trabalho foram visualizados nas concepções dos alunos, por meio da análise dos dados, demonstrando que os futuros administradores possuem conhecimento da relevância das competências e empregabilidade dessa profissão. Palavras-chave: Administrador. Competências. Empregabilidade. Administração. 1 INTRODUÇÃO A Administração teve início na história do Brasil em 1850 com a Lei n° 556, cujo Imperador Pedro II, cita no artigo 88 o termo “Administradores”. Porém, a primeira Instituição de Ensino no Brasil só foi fundada em 1941, sendo em 1944, criado Decreto por Getúlio Vargas para que houvesse maior empreendedorismo na formação de indivíduos para obtenção de conhecimento e informações na área da Administração. Tais considerações são http://ojs.fsg.br/index.php/globalacademica Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1257 vistas no relatório dos “50 anos que Fizeram História” do Conselho Federal de Administração (CFA), onde também é possível observar, por meio do Censo de 2013 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC) que, num recente período, a Administração é o segundo curso com maior procura no Brasil e é o primeiro curso do País com maior número de concluintes refletindo em mais de 117 mil novos Administradores. A função do Administrador é “preocupação dominante das organizações nos dias de hoje [...], sendo preciso que os modelos de gestão facilitem o alcance de níveis elevados de eficiência, eficácia e efetividade” elucida Ferreira et al. (2009, p. 20). Com isso, o Administrador não basta apenas possuir a graduação na aérea, mas também desenvolver certas competências, sendo contínua a busca pelo conhecimento desde a sua formação inicial, adquirindo empregabilidade a todo o momento para manter-se em posição de destaque na empresa. A função do Administrador é de suma importância na empresa que, quando indivíduos de outras formações são convidados a ocuparem cargos específicos de gestão, estes, necessitam buscar conhecimento na área da Administração para melhor entendimento do amplo contexto que representa esta função e das responsabilidades que recaem sobre (CHIAVENATTO, 2003). O País passa por uma crise de deterioração dos postos de trabalho. Em recente estudo realizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que em 2016 o País encerrou o período com 12% de desocupação de postos de trabalho, o que significa que mais de 12,3 milhões de pessoas encontram-se no estado de desemprego. A exemplo disso, o mercado de trabalho busca características específicas nos indivíduos, diante das dificuldades que recaem neste momento de instabilidade da economia. As competências duráveis do Administrador são características que atendem as exigências do mercado de trabalho, bem como a sua empregabilidade, diante das inúmeras qualidades que sobressai na formação. Com base no exposto, o trabalho objetiva identificar a relevância das competências e empregabilidade do Administrador na concepção dos alunos do curso de Administração. Tal estudo é abordado considerando o atual cenário do mercado de trabalho no País, cujo Administrador possui posição de destaque frente às adversidades e estratégias que as empresas precisam formular para manterem-se firmes em suas posições. Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1258 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Competências Em meados do século XX, a teoria da Administração obteve grande destaque com Frederick Taylor, Henri Fayol e Henry Ford em meio a Revolução Industrial. Ambos, por mais diversas que fossem suas teorias e visões sobre processos, procriaram grandes ganhos a Administração. Para Taylor “a Administração tinha de aplicar métodos de pesquisa e experimento para o seu problema global, a fim de formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitissem o controle das operações fabris” (Maximiano, 2005; p. 51; apud Silva, 1987). Com base em Taylor, pode-se dizer que, controle se torna primordial para a organização a fim de solucionar problemas e alinhar processos para garantia da eficiência. Na visão de Fayol, a função administrativa era considerada a mais relevante, devido ao fato de envolver várias áreas da empresa, independente do ramo, separando as funções de cada setor e interligando a um plano de crescimento futuro com estratégia, organizando a mão de obra disponível, comandando a produtividade, homogeneizando as atividades com a coordenação dos esforços e por fim, o controle averiguando para que todos os esforços estejam direcionados para a visão da empresa. Ainda, o Administrador não apenas estabelece metas, mas encarrega-se das decisões contribuindo para que a empresa atinja os resultados propostos norteando todos os envolvidos na corporação (Maximiano, 2008). Ford, por sua vez, alavancou as teorias e práticas da administração com os princípios da produção em massa. A padronização do sistema permitiu a qualidade da produção e a visão de reduzir peças garantiu o progresso comparado a concorrência, frente a redução do tempo de produção. A separação das tarefas permitiu qualificar melhor os trabalhadores e criação de novas funções agregou para redução de tempo da execução uma vez que os trabalhadores não precisavam mais se deslocar para reabastecer as peças, mas sim, outros faziam não desperdiçando tempo e mantendo a produção, descreve Maximiano (2008). Maximiano (2011, p. 5), descreve que “o papel da Administração é assegurar a eficiência e eficácia das organizações”, em outras palavras, a Administração possibilita a organização preparar os recursos para maior produtividade e para atingimento dos objetivos. Não obstante, Chiavenato (2003), aborda funções exclusivas do Administrador: definir estratégias, efetuar diagnósticos de situações, dimensionar recursos, planejar aplicações, resolver problemas, gerar inovação e competitividade. Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1259 As competências dos Administradores não ficam restritas apenas a área administrativa ou comercial, elas são desenvolvidas em todas as áreas da corporação. Chiavenato (2014, p. 4) ratifica que “as competências – qualidade de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas – são o maior patrimônio pessoal do Administrador – seu capitalintelectual, sua maior riqueza”. Corroborando, Tosin (2015, apud FLEURY; FLUERY, 2004) aborda que as competências dos Administradores vão além de suas habilidades. Relata a autora que a competência reflete na disposição do indivíduo ser pró-ativo, ter visão para executar as demandas determinadas, visualizar dificuldades, conter conflitos e estar sempre a postos para intervir em situações que surgem de imprevisto, não tendo um planejamento ou cronograma. Com o passar dos tempos e a sequência de mudanças e alterações, a aquisição de uma nova competência, na grande maioria, torna-se a deixar outra. Contudo, para que se possa agregar novas competências sem ter que deixar outras, fica aos Administradores a obtenção de competências duráveis, isto é, as que com os passar dos tempos não tornam-se antiquadas ou arcaicas. Para tanto, a exemplificar, Chiavenato (2014), elucida que para fins de sucesso profissional, o administrador necessita formar e cultivar 4 pilares duráveis. Figura 1: Competências duráveis do Administrador Fonte: Chiavenato (2014, p. 5) No ponto de vista de Chiavenato (2014), a competência do conhecimento resume-se a atualização constante frente às constantes mudanças, ou seja, manter network sempre a fim de estar situado do que ocorre e, para que se torne durável, primordial estar conjunto com as competências: atitude e perspectiva. A perspectiva por sua vez, é tornar o conhecimento tácito em explicito, torna o Administrador apto a prever situações estando qualificado a resolvê-las de forma criativa e inovadora e ainda “dá autonomia e independência ao Administrador, que Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1260 não precisa perguntar para o chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades” (CHIAVENATO, 2014, p. 5). Em sequência, Chiavenato (2014) trata a competência durável do julgamento como ponto de equilíbrio, cujo Administrador necessita saber julgar as situações com visão crítica, definindo prioridades com clareza. Por fim, a atitude reflete diretamente na forma de se portar, de não enxergar os problemas como corriqueiros, de motivar e do poder de convencimento. Tal competência “transforma o Administrador em um agente de mudança nas empresas e nas organizações, e não simplesmente um agente de conservação e manutenção do status quo” (2014, p. 5). Antes mesmo do desenvolvimento das competências duráveis, o Administrador passa pela graduação, que consiste na formação preliminar de seu conhecimento e competências para que se obtenha o maior grau de segurança frente ao mercado de trabalho. Como resume Moran (2013, p. 40) “a educação é um processo em que reunimos o maior número de certezas para lidar com as incertezas”, isto é, o conhecimento torna-se algo próprio do indivíduo lhe fornecendo subsídios para as adversidades diárias. A educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado. O conhecimento é causa de erros e ilusões. Devemos destacar, em qualquer sistema educacional, as grandes interrogações sobre nossas possibilidades de conhecer, o conhecimento permanece como uma aventura para a qual a educação deve fornecer o apoio indispensável (MORIN, 2002, p. 19). Partindo deste pressuposto, a obtenção de conhecimento do Administrador pode ser pela própria experiência prática e ao mesmo tempo pelos métodos científicos, sendo estas as principais fontes de conhecimento consideradas por Maximiano (2011). O autor retrata que a experiência prática pode ser considerada aquela cujo Administrador agrega ao longo dos anos, por meio de transmissões de conhecimentos com outros indivíduos, experiências cotidianas e pela própria capacidade natural. Por outro lado, o método científico produz conhecimento específico a necessidade da organização diante de aplicação de métodos com o auxílio da ciência. Para Carvalho (2012, p. 10), o conhecimento é de suma importância para as corporações pelo fato da incessante busca pelo novo. O autor relata que as mudanças geradas pelo conhecimento são tão expressivas que “pode transformar nossa visão sobre a realidade tanto quanto pode transformar nossa visão sobre ele mesmo, dependendo do contexto em que estamos inseridos, das escolhas que fazermos e das informações que temos à mão”. Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1261 2.2 Empregabilidade O Brasil possui 167, 1 milhões de habitantes, sendo 102,6 milhões considerados na força do trabalho, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (PNAD), realizada pelo IBGE trimestralmente. Porém, a deterioração dos postos de trabalho vem em crescente ascensão atingindo seu ápice em 2016, encerrando o período com 12% de desocupação, o que significa que mais de 12,3 milhões de pessoas encontram-se desempregadas. As desocupações dos postos de trabalho são consideradas a maior dos últimos 5 anos, quando o País atingia a marca de 7,6 milhões de desempregados em 2012, o que representa 61,7% a menos de demissões comparado com 2016, conforme aponta o gráfico. Gráfico 1: Pessoas de 14 anos ou mais de idade, desocupadas Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (PNAD) (2016) Ainda com base nos dados da pesquisa do IBGE, o estado do Rio Grande do Sul encerrou mais de 1,2 milhões de postos de trabalho em 2016 representando 24,5% frente aos 29,4 milhões de habitantes no estado. Conforme aponta pesquisa realizada pelo Jornal Pioneiro em abril/2017, Caxias do Sul é considerada a segunda maior cidade do estado com população estimada em 2016 de 479.236 e, fechou mais de 4.8 mil postos no mercado de trabalho em 2016, sendo mais de 80% destas vagas em apenas 2 segmentos econômicos: Indústria e Serviços. 7 .6 0 2 7 .2 8 7 6 .8 5 6 6 .6 5 3 7 .7 5 5 7 .2 7 1 6 .7 9 6 6 .0 5 2 7 .0 4 9 6 .7 6 7 6 .7 0 5 6 .4 5 2 7 .9 3 4 8 .3 5 4 8 .9 7 9 9 .0 7 3 1 1 .0 8 9 1 1 .5 8 6 1 2 .0 2 2 1 2 .3 4 2 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 ja n -f e v -m a r a b r- m a i- ju n ju l- a g o -s e t o u t- n o v -d e z ja n -f e v -m a r a b r- m a i- ju n ju l- a g o -s e t o u t- n o v -d e z ja n -f e v -m a r a b r- m a i- ju n ju l- a g o -s e t o u t- n o v -d e z ja n -f e v -m a r a b r- m a i- ju n ju l- a g o -s e t o u t- n o v -d e z ja n -f e v -m a r a b r- m a i- ju n ju l- a g o -s e t o u t- n o v -d e z 2012 2013 2014 2015 2016 Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1262 Gráfico 2: Evolução do Desemprego por atividade econômica Fonte: Jornal Pioneiro (2017). No entendimento de Singer (2012, p. 119), “o aumento do desemprego e a deterioração das relações contratuais de trabalho desequilibraram a correlação de forças a favor do capital e debilitaram as classes que tem interesse em acelerar o crescimento da economia”. Ainda conforme o autor, dentre os inúmeros fatores agravantes do desemprego, ainda é necessário concorrer com a evolução da tecnologia que, substitui os postos de trabalho por “robôs, computador e a comunicação por satélite” (SINGER, 2012, p.118). O atual status de desemprego obriga ao mercado de trabalho introduzir na sociedade as suas carências e exigências, o que de certa forma torna-se bom para os que atualmente encontram-se empregados, possibilitando assim a busca por novos conhecimentos e informações. A empregabilidade cada vez mais deve estar sendo desenvolvida para contemplar o mercado de trabalho que é palco do dinamismo e da competitividade, cujo meio encontra-se caracterizado pela adaptação de novas formas de trabalho, absorção de competências e de constantes mudanças (BARDUCH et al., 2010). A empregabilidade por sua vez, pode ser considerada aquilo que o indivíduo possui de qualificação para estar inserido no mercadode trabalho, ou seja, “a capacidade do indivíduo de conseguir novas oportunidades de emprego, manter-se empregado e também de conseguir promoções, por meio de seus conhecimentos, habilidades e atitudes, definem Barduch et al. (2010, p. 35). Não obstante, Minarelli (2010), defini a empregabilidade como a forma do indivíduo estar no mercado de trabalho, possuir conhecimento técnico e intelectual para que possa rapidamente ter resoluções dos múltiplos problemas cada vez mais atípicos. Levando a empregabilidade a outro patamar, no Ensino Superior é considerada “a probabilidade do graduando apresentar atributos que os empregadores antecipam como necessários para o futuro funcionamento efetivo de sua organização” traduz Morosini (2001, Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1263 p. 92 apud HARVEY, 1999, p. 11). Para a autora, não trata-se apenas do fato de conseguir uma fonte de renda, mas sim, da forma de se desenvolver a análise critica no trabalho de aperfeiçoamento continuo, isto é, a foco deve estar nos alunos para que se transformem em profissionais altamente críticos. A empregabilidade é vista por muitos autores como uma forma de não estagnar no caminho, a forma do indivíduo buscar constante aperfeiçoamento, de não deixar as situações cotidianas dominarem seu intelecto, mas sim, de fazer a busca incessante por novos conhecimentos. No ponto de vista de Morosini (2001, p. 92), para ver a empregabilidade na graduação, primeiro é necessário entender que o graduando pode ocupar qualquer emprego, refletindo nas diversidades de trabalhos, isto é, a “empregabilidade transfere-se para atributos do graduando mais do que para as notas das disciplinas da graduação”. Medeiros (2005, p. 30), por sua vez, cita qualidades estimadas no mercado de trabalho, como por exemplo, “criatividade e inovação, disposição para trabalhar em equipe, conhecimento, liderança, educação continuada, habilidade para lidar com ambiguidade e incerteza e disposição para correr riscos”. Tais qualidades, ou características, que o mercado busca num profissional estão de acordo com a formação de Administrador, cujo mundo corporativo torna a criar infinitas variedades de transformações, sendo o Administrador o ponto chave para as resoluções das complexas tarefas (CHIAVENATO, 2003). Por fim, Chiavenato (2003, p. 15) descreve a importância da Administração na sociedade, “ela não é um fim em si mesma, mas um meio de fazer com que as coisas sejam realizadas da melhor forma, com o menor custo e com a maior eficiência e eficácia”, isto é, um Administrador pode ser considerado o profissional que mais possui empregabilidade para atender as exigências do mercado de trabalho. 3 METODOLOGIA O presente trabalho buscou analisar a relevância de competências e empregabilidade do Administrador na concepção dos alunos do curso de Administração. O estudo foi realizado devido ao atual cenário do mercado de trabalho no País. Prodanov e Freitas (2013) relacionam a pesquisa científica como uma procura de informações de maneira racional, sistemática e planejada, com a finalidade de obter conhecimento e respostas sobre uma hipótese levantada mediante a aplicação de métodos científicos. Com o intuito de alcançar o objetivo do estudo, o método realizado foi o da pesquisa descritiva, levando em consideração a possibilidade de “levantar opiniões, atitudes e crenças Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1264 de uma população” (GIL, 2010, p. 28), observando e registrando a análise dos fatos sem manipulá-los. O procedimento survey, ou levantamento, foi aplicado por se caracterizar pela interrogação das pessoas com finalidade de conhecer seus comportamentos, possibilitando coletar informações para conclusão do problema estudo. (GIL, 2007). Ainda, a pesquisa quantitativa foi utilizada pelo fato de possibilitar a busca por evidências conclusivas sobre os fatos, o que garante uma grande margem de amostragem pela facilidade da análise dos dados seres estatísticos, define Rodrigues (2015). Não obstante, Prodanov e Freitas (2013) apontam que tal abordagem tem como característica a relação causa-efeito entre os fenômenos com precisão, evitando contradições na interpretação. Aplicou-se o método quantitativo por meio de questionário com questões fechadas, pois possibilitou ao pesquisado responder as questões de forma fixa (BARROS, LEHFELD, 2007). Ainda, a estrutura do questionário foi o modelo da escala de likert tradicional de 5 pontos o que auxiliou no momento da análise dos dados devido ao fato da escala favorecer a soma dos resultados, de acordo com Cooper e Schindler (2011). Na busca pela concepção dos alunos do curso de Administração, em amostra aleatória, os questionários foram enviados junto a 648 indivíduos, estudantes de uma renomada Instituição de Ensino Superior que possui o curso de Graduação em Administração. Nesta fase da pesquisa, utilizou-se do recurso tecnológico de questionário Google Forms, possibilitando atingir rapidamente os alunos, cujos dados coletados ligeiramente processados após salvamento das respostas. O questionário foi enviado por e-mail, permitindo também o processamento dos dados coletados de forma uniforme. Salienta-se neste ponto que, o questionário foi criado e redigido pelo autor do presente artigo, passando por validação de superiores. Com intuito de identificar a concepção dos alunos do curso de Administração, quanto à relevância de competências e empregabilidade do Administrador, optou-se pelo método estatístico descritivo para a análise dos dados que, conforme GIL (2008, p. 17) “este método se fundamenta na aplicação da teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação”. Ainda, esse método permite a descrição e resumo das informações levantadas com menção as variáveis de descrição estatística, isto é, refere-se ao resumo da coleta (PEREIRA, 2014). A análise dos dados representou a concepção de 120 alunos, dentro de uma população de 900 graduandos, cujo erro amostral perfez 7% e o nível de confiança de 90%, evidenciou o cálculo amostral. Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1265 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Este tópico do estudo expõe os dados coletados de acordo com os questionários aplicados junto aos alunos do curso de Administração da Instituição de Ensino Superior escolhida. Neste item, a análise dos dados encontra-se fracionada em duas frentes. Considerando que o questionário foi aplicado com intuito de analisar a relevância das competências e empregabilidade do Administrador, na primeira frente descreve-se a concepção diante das competências, seguindo na segunda frente com a concepção da empregabilidade. Cabe salientar que as respostas foram de escalas de 1 a 5, sendo 1 pouco relevante e 5 muito relevante. 4.1 Competências na concepção dos alunos do Curso de Administração Diante das respostas obtidas perante aos alunos do curso de Administração, no que concerne a concepção da relevância das competências do Administrador, é possível correlacionar nitidamente a teoria citada no presente trabalho com o conhecimento prático dos alunos. Fragmentando um pouco as competências duráveis, os alunos depararam-se com questões sobre poder de convencimento, que em suma é a competência de julgamento, e perspectiva do Administrador. Os alunos trataram a competência de julgamento, que se refere em específico o poder de convencimento, como indiferente para o Administrador o que representa 28,9% das opiniões, sendo a perceptiva muito relevante no ponto de vista deles, refletindo em 67,2% das respostas. É sabido que, tanto as competências duráveis especificamente levantadas no questionário, como as demais, são relevantes para o Administrador. Cabe frisar novamente que, conforme Tosin (2015, apud FLEURY; FLUERY, 2004), a competência refletena disposição do indivíduo ser pró-ativo, ter visão para executar as demandas determinadas, visualizar dificuldades e conter conflitos, e estar sempre a postos para intervir em situações que surgem de imprevisto, não tendo um planejamento ou cronograma. Pode ocorrer que para alguns alunos isso ainda não esteja tão nítido. A opinião de indiferença que prevaleceu sobre a competência durável de julgamento pode ser justificada pelo fato de que ainda alguns respondentes estarem cursando a Graduação, permitindo em tempo o amadurecimento do entendimento sobre as competências duráveis na carreira. Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1266 Ao serem instigados a responderem a questão de que “competências dos Administradores ficam restritas apenas a área administrativa”, propositalmente contrariando o que Chiavenato (2014) acentua, cujas competências dos Administradores não ficam restritas apenas a área administrativa ou comercial, elas são desenvolvidas em todas as áreas da corporação, os alunos mostram maior entendimento, não concordando com a questão levantada, representando 52,6% das respostas como pouca relevância em suas concepções. Invertendo a questão, chega-se a conclusão de que os alunos concordam em 52,6% com o entendimento de Chiavenato (2014), não ficando as competências do Administrador restritas apenas a área administrativa. Quando instigados a responderam sobre a relevância de habilidade em comparação as competências, a questão obteve 54,8% de indiferença. Esse impacto de indiferença pode ser discutido pelo fato de ambas as qualidades não ficarem muito claras para muito dos alunos na prática. Frisa-se neste ponto que as competências do Administrador vão além de suas habilidades (TOSIN, 2015, apud FLEURY; FLUERY, 2004) e, a aplicação da questão de forma contrária ao entendimento do autor, foi justamente para instigar a visão analítica dos alunos e tentar ao máximo obter a concepção sobre a alegação. Contudo, por não terem certeza e clareza sobre os fatos, chega-se a conclusão de que existe uma distorção de entendimento das competências do Administrador ou até mesmo, ausência de entendimento. Quando abordado sobre competências e sucesso, a concepção foi de muita relevância, representando 67,8% de adesão. Neste ponto, é perceptível que os futuros Administradores possuem visão sobre suas futuras responsabilidades e qualidades, cabendo unicamente a eles o sucesso da carreira, o que vai ao encontro de Chiavenato (2014, p. 4) quando aborda que “as competências – qualidade de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas – são o maior patrimônio pessoal do administrador – seu capital intelectual, sua maior riqueza”. 4.2 Empregabilidade na concepção dos alunos do Curso de Administração Empregabilidade e o mercado de trabalho. Os alunos compreendem 48,3% de extrema relevância que a empregabilidade é uma forma de não estagnar no caminho, a forma do indivíduo buscar constante aperfeiçoamento, de não deixar as situações cotidianas dominarem seu intelecto, mas sim, de fazer a busca incessante por novos conhecimentos. Empregabilidade e a graduação. Trabalhando a questão, a situação exposta foi de que a graduação permitiria criar mais empregabilidade e, com 73,7% de concepção nesta questão, Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1267 apontam extrema relevância. A graduação por sua vez, permite não só criar empregabilidade, mas também aperfeiçoar as já existentes nos indivíduos. A ratificação da relevância neste ponto, permite analisar que a concepção esta de acordo com a prática, e isso encontra-se esclarecido nos alunos, pois a graduação possui papel importante tanto na formação pessoal como profissional e, é possível certificar essa relevância com Morosini (2001, p. 92 apud HARVEY, 1999, p. 11), quando aborda a empregabilidade no ensino superior como “a probabilidade do graduando apresentar atributos que os empregadores antecipam como necessários para o futuro funcionamento efetivo de sua organização”. Quando levantada a questão de empregabilidade e o curso de Administração, considerando o atual cenário e de que os Administradores estão preparados para lidar com adversidades e situações não planejadas, se comparadas a outras graduações (CHIAVENATO, 2014), a concepção dos alunos agrega peso a esta questão, sendo finalizada com 43% de muita relevância. A graduação em Administração permite visão global sobre as mais diversas áreas de uma corporação, não se restringindo apenas a um conceito ou foco de gestão, o que agrega empregabilidade para o futuro Administrador. O atual cenário econômico do País, com o avanço negativo de desemprego, atinge a todas as áreas de formação, porém a empregabilidade contida, ou até mesmo gerada, num Administrador favorece a sua permanência na corporação. Com isso, o atual cenário do mercado de trabalho torna-se favorável para a empregabilidade do Administrador pelo fato de que as qualidades buscadas no mercado são as mesmas contidas na sua formação (criatividade e inovação, disposição para trabalhar em equipe, conhecimento, liderança, educação continuada, habilidade para lidar com ambiguidade e incerteza e disposição para correr riscos). Mas, se tratando da concepção dos alunos do curso de Administração sobre o “favorável” momento, o entendimento não é o mesmo, recaindo em escala de indiferença a questão abordada, fechando em 36,8%. A desestabilidade causada na sociedade pela perda de postos de trabalho atinge até mesmo os que não estão empregados, e com a alegação de que o mercado é favorável à empregabilidade do Administrador, diante da dificuldade de muitos, esta questão não obteve grau satisfatório de relevância. Chiavenato (2003) fundamenta que o mundo corporativo torna a criar infinitas variedades de transformações, cujo Administrador é o ponto chave para as resoluções das complexas tarefas. Ser um profissional com função “chave” para dirimir difíceis demandas é um privilégio no mundo corporativo, e poder analisar a concepção dos alunos sobre este ponto e visualizar que possuem a clareza do peso da função do Administrador na sociedade com mais de 60% das respostas concordando com a relevância levantada pelo autor, demostra que Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1268 o conhecimento ramificado na graduação e a empregabilidade desenvolvida em cada indivíduo faz com que o mercado busque cada vez mais esse profissional. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os pioneiros das teorias da Administração abordados no estudo tornam-se a base de conhecimento para a formação do Administrador, cabendo as Instituições de Ensino Superior continuar o desenvolvimento das competências desta profissão, transmitindo conhecimento de forma, a cada vez mais criar empregabilidade na graduação. A instabilidade do País acerca da grande massa de desemprego, afeta todos os setores, cabendo aos Administradores rápidas decisões mediante pressão. Maleabilidade acaba por ser uma das qualidades mais exigidas atualmente no Administrador. As competências são de suma importância na carreira do Administrador, pois consiste na forma dos indivíduos agirem dentro e fora das corporações. As competências vão além de gerir uma empresa, elas transformam a visão da gestão, auxiliam na busca da melhor estratégia fazendo com que o Administrador tenha maior eficiência e eficácia na desenvoltura de seus trabalhos. O conceito de empregabilidade tem ligação direta com a função do Administrador e as suas responsabilidades e competências necessárias. Logo, a importância de se ter empregabilidade é consoante à importância do Administrador, pois ambas tornam-se visível na forma de conduzir a organização e atingir os resultados esperados. Administrar não se trata apenas de analisar, mas sim de vivenciar todas as áreas da organização, detornar-se presente possuindo análise crítica e visão estratégica, autocontrole e discernimento perante adversidades. A empregabilidade propriamente dita transforma as competências do Administrador em qualidades intrínsecas, em que, diante de situações inusitadas, o Administrador saberá como se portar, sendo fator determinante da direção que a corporação seguirá. Considerando o fato do estudo ser descritivo, as questões que apresentaram concepção de indiferença, como por exemplo, a de competências duráveis, competências e habilidades e mercado de trabalho favorável para o administrador, podem, em grande escala, serem indagadas em estudos futuros para melhor entendimento da concepção dos alunos. Ainda, explorar as Instituições de Ensino Superior para análise das metodologias de abordagem perante aos alunos para com o mercado de trabalho, analisar o currículo do curso para percepção da estratégia adotada para melhor desenvolvimento das competências dos Caxias do Sul – RS, de 20 a 21 de maio de 2017 1269 Administradores, isto é, como é a formação do profissional na graduação e sua criação de empregabilidade. Estes tópicos tornam-se uma nova oportunidade de estudo. 6 REFERÊNCIAS ALINE, Tatiéli Tosin. Comprador proativo – competências e habilidades inerentes ao perfil deste profissional. Santa Rosa: UNIJUÍ, 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2015. BARDUCHI, Ana Lúcia Jankovic et al. Empregabilidade: competências pessoais e profissionais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. 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