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A questão da escassez e os problemas econômicos fundamentais 
Ao iniciar o estudo de Economia, temos que introduzir conceitos econômicos importantes que 
permeiam a vida de todos os indivíduos numa sociedade. Vamos supor que você decidiu se 
casar e, para tanto, resolveu comprar um apartamento e realizar o sonho de ter a casa própria. 
Para fazer essa aquisição, talvez você tenha que abrir mão de algumas coisas às quais esteja 
acostumado, a fim de economizar dinheiro. Por exemplo, deixar de viajar durante as férias, 
para usar o dinheiro no pagamento das prestações do imóvel, caso ele seja financiado. 
 
Sendo assim, é necessário que você compreenda que os recursos existentes no mundo são 
escassos e as necessidades e desejos humanos são ilimitados. Dessa forma, o indivíduo irá 
sempre deparar-se com escolhas para atender às suas necessidades da melhor maneira. 
 
Na economia, a palavra escassez está relacionada ao fato de que as pessoas possuem 
necessidades infinitas frente a recursos que são limitados. Dessa forma, as pessoas se 
ocupam de atividades produtivas para serem remuneradas e assim satisfazerem às suas 
necessidades. Primeiramente, elas procuram atender às necessidades que são primárias e 
depois, caso sobrem recursos, elas passam a buscar bens e serviços para realizar atividades 
que são mais prazerosas. Nesse caso, um recurso que é escasso e limitante é a própria renda 
obtida pelo trabalho. 
 
De acordo com KRUGMAN (2007, p. 5), "um recurso é escasso quando sua quantidade 
disponível não é suficiente para satisfazer todos os seus usos produtivos". 
 
Se formos analisar o ambiente das empresas e do setor público, as escolhas também são 
realizadas em todos os momentos, devido à indisponibilidade de recursos. 
 
Já para MÓCHON (2007, p. 1), "na vida real, estamos constantemente escolhendo. Os 
consumidores, as empresas e o setor público têm, o tempo todo, de examinar alternativas na 
hora de agir e decidir qual delas é a mais conveniente. Com efeito, todas as sociedades se 
deparam com as escolhas e, portanto, atuam no contexto da economia." 
 
O ideal é que, antes de fazer qualquer escolha, as opções sejam bem analisadas de forma a 
minimizar os erros e atender, da melhor forma, às necessidades dos indivíduos e da 
sociedade. 
 
Segundo Vasconcellos e SANDOVAL(2006): 
 
A palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Portanto, 'administração da casa', ou seja, 
através do estudo da economia, você vai entender como são distribuídos os recursos que são escassos de forma a 
atender as necessidades de cada indivíduo e da sociedade como um todo. Pode-se dizer que o objeto de estudo da 
ciência econômica é a questão da escassez, ou seja, como 'economizar' recursos. (VASCONCELLOS e SANDOVAL, 
2006, p. 3). 
TROSTER e MOCHÓN (2006, p. 5), por sua vez, definem a importância do estudo da 
economia da seguinte forma: "a economia estuda a maneira como se administram os recursos 
escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os 
membros da sociedade." 
FIGURA 1 - Recursos escassos na economia 
 
 
Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Anima, 2017. 
 
Essa charge ilustra a escassez dos bens e como o indivíduo se adapta a esse fato. Quando os 
preços dos produtos se elevam e não é possível ter renda suficiente para arcar com os novos 
preços, é necessário fazer alterações no estilo de vida para adaptar-se às novas realidades. 
 
A escassez e os problemas econômicos 
 
Tendo em vista que os recursos não estão disponíveis para todos, as sociedades se organizam 
para responder a três problemas econômicos que são essenciais: 
 
• O que e quanto produzir? A sociedade deverá decidir em que se especializar para produzir 
melhor e quanto deverá ser produzido. Ex.: O país produzirá mais soja ou mais café? 
 
• Como produzir? Obtenção de eficiência produtiva no que foi escolhido. Ex.: Qual tecnologia 
será envolvida nessa produção? 
 
• Para quem? Decisão relacionada a quem será destinada a produção. Ex.: Região nordeste ou 
sul? Mercado externo ou interno? 
 
A partir dessas decisões, haverá uma especialização da economia e os governos deverão 
buscar produzir em maior quantidade e com eficiência, aproveitando melhor os recursos que 
são escassos, relacionando-se com outros países, fazendo troca de produtos, atendendo às 
necessidades da sociedade e buscando uma melhor distribuição de renda e geração de 
riqueza entre os indivíduos. 
 
Os governos, muitas vezes, intervêm nessas decisões que podem alterar a estrutura 
econômica de um país e formar a sua economia de mercado, mas podem simplesmente deixar 
o mercado se autorregular, mediante as relações existentes entre consumidores e produtores. 
 
Conforme KRUGMAN (2007, p. 12), "para os economistas, os recursos de uma economia são 
usados eficientemente quando conseguem explorar plenamente todas as oportunidades de 
melhorar a situação de cada um, atendendo aos objetivos da sociedade". 
 
 
 
 
 
Em geral, os mercados levam à eficiência a utilização dos recursos. Vejamos um exemplo: uma 
determinada indústria automobilística vende carros que apresentam diversos problemas 
mecânicos, fazendo com que seus donos busquem oficinas para fazerem os reparos nos 
veículos. Se esse problema não for resolvido, o que acontecerá com a venda de carros dessa 
marca? Provavelmente haverá uma queda brusca, pois os futuros compradores de carro 
obterão informações quanto à qualidade dos carros, o que pode levar ao fechamento dessa 
fábrica. 
 
Por isso, podemos dizer que o próprio mercado seleciona os produtores que são mais 
eficientes e que oferecem maior bem-estar. Quando falamos de um mercado competitivo, ou 
seja, um mercado no qual existem muitos produtores, aqueles que não conseguem se 
sobressair são excluídos. 
 
Às vezes, quando o mercado não consegue ser eficiente para atender aos anseios da 
sociedade, os governos podem decidir por intervir e alterar as formas como os recursos da 
sociedade estão sendo utilizados. Por exemplo: se um shopping é construído em uma 
determinada região, gerando grandes congestionamentos no trânsito, podem ser construídos 
viadutos, ampliadas as ruas em torno, utilizadas saídas alternativas, reduzindo os 
congestionamentos e fazendo com que o trânsito flua de forma mais eficiente. 
 
 
 
É muito importante que a sociedade saiba identificar o mau funcionamento dos mercados, 
exigindo políticas públicas que sejam mais adequadas a cada situação, otimizando assim o 
bem-estar dos indivíduos. 
 
Agora é hora de praticar, realize a atividade de fixação a seguir e veja se você aprendeu o 
conteúdo. 
 
A escassez e o custo de oportunidade 
Todo ser humano se depara com escolhas no seu dia a dia. Ao entrar para a faculdade, você 
deve ter se deparado com dúvidas relacionadas ao curso escolhido. 
Será que estou fazendo uma boa escolha? Vou gostar desse curso? Vou conseguir um bom 
emprego e ser bem remunerado ao final desse curso? 
 
Esses são exemplos de dúvidas que devem ter passado pela sua cabeça e você deve estar se 
perguntando: qual é a relação que isso tem com o estudo da economia? 
 
Um problema econômico é a escassez, que pode ser de renda, de tempo, de recursos 
produtivos. E essa escassez pode ser cada vez maior se o indivíduo tiver o desejo de adquirir 
uma quantidade de bens e serviços bem maior que a disponibilidade, de acordo com 
TROSTER e MÓCHON (2006). 
 
Ao fazer uma escolha, uma renúncia necessariamente acontecerá. Voltando ao exemplo da 
faculdade, observe que os benefícios que você obterá com essa escolha são inquestionáveis, 
como o enriquecimento intelectual e melhores oportunidades de emprego. Mas quais são os 
custos relacionados a essa escolha? Você vai pensar no custo dos livros, transporte, 
alimentação, mensalidade. Entretanto não estamos falando somente desses custos. E o tempo 
que você passa em sala de aula e estudando em casa? Você poderia estar, por exemplo, 
trabalhandoou descansando nesse período. Caso houvesse a possibilidade de trabalhar no 
horário da aula, o salário que você deixaria de ganhar poderia ser considerado como um custo 
da sua educação. 
 
Na economia, esse custo é chamado de custo de oportunidade, que é definido como a 
quantidade de bens ou serviços que devem ser renunciados para a obtenção daquele 
escolhido. 
 
A figura a seguir apresenta uma decisão de escolhas: estudar mais um pouco ou parar e fazer 
um lanche. Ela não pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Se a estudante optar por 
continuar estudando, o custo de oportunidade seria deixar de fazer o lanche e dessa forma, 
continuar com fome. Caso ela opte por fazer o lanche, o custo de oportunidade seria parar de 
estudar e assim o seu tempo de estudo seria reduzido. 
FIGURA 2 - Custo de oportunidade 
 
 
Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Anima, 2017. 
 
E não somente o indivíduo, mas as empresas também se deparam com essas escolhas 
diariamente, e vão gerando custo de oportunidade. Por exemplo, ao dedicar o seu investimento 
em um determinado produto, uma empresa está abrindo mão de investir em outros que 
poderiam ser produzidos. 
 
Você já parou para pensar que o custo de oportunidade também impacta a forma como como 
aplicamos nosso dinheiro? Veja a figura a seguir. Toda vez que você for investir em algo, 
pense sobre isso. 
 
FIGURA 3 - Possibilidades de aplicação de um dinheiro poupado 
 
 
 
Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Anima, 2017. 
 
 
Os fatores de produção e a fronteira de possibilidade de produção 
 
Para atender às necessidades humanas, as empresas produzem bens e serviços e, ao fazê-lo, 
precisam dos chamados recursos ou fatores produtivos, que serão combinados ao longo do 
processo produtivo. De acordo com VICECONTI e NEVES (2005), os fatores de produção são 
classificados como: 
 
1. Terra ou recursos naturais: o que é fornecido pela natureza e utilizado na produção. 
 
2. Trabalho: o tempo e a capacidade intelectual de um indivíduo dedicado à atividade 
produtiva. 
 
3. Capital: é o chamado estoque de capital e contempla os investimentos realizados em 
edificações, maquinário e instalações necessárias à produção dos bens. 
 
Para ajudar na decisão de que, quanto, como e para quem produzir, observando a questão da 
escassez dos recursos, utilizaremos o conceito de curva ou fronteira de possibilidade de 
produção. 
 
A curva ou fronteira de possibilidade de produção demonstrará as opções que são oferecidas à 
sociedade e a necessidade de escolha. 
 
Ao se optar por produzir um determinado bem, uma renúncia será feita (custo de 
oportunidade). De acordo com o quadro a seguir, podemos exemplificar a possibilidade de 
produção. 
 
O quadro abaixo mostra o problema do custo da operação. Veja que ao trabalhar com a 
capacidade máxima para a produção de trigo, torna-se impossível produzir algodão. A partir do 
momento que há produção de algodão, é necessário reduzir a produção de trigo. De modo que 
ao chegar no patamar de 5 unidades de algodão será inviável a produção de trigo. 
 
QUADRO 1 - Custo de operação 
 
 
Fonte: TROSTER; MÓCHON, 2002, p. 15. 
 
O gráfico a seguir mostra o dilema entre a produção de algodão e de trigo de uma outra forma. 
Veja que no ponto A nós temos a produção máxima de trigo e no ponto F a produção máxima 
de Algodão. 
 
GRÁFICO 1 - A curva ou fronteira de possibilidade de produção 
 
 
Fonte: TROSTER; MÓCHON, 2002, p. 15. 
 
A curva reflete as opções oferecidas à sociedade e as possíveis escolhas, lembrando que a 
maior produção de um bem implica na menor produção do segundo bem. 
 
Nesse exemplo, o custo de oportunidade de uma unidade de algodão é o número de unidades 
de trigo que é preciso deixar de produzir para obtê-la. 
 
A decisão de qual produto produzir é um dilema tanto das grandes empresas quanto do 
pequeno produtor rural, conforme é possível identificar na figura a seguir. 
 
FIGURA 3 - Análise do cenário econômico 
 
 
Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Anima, 2017. 
 
 
A questão da organização econômica - sistemas econômicos 
Um sistema econômico é definido como a forma política, social e econômica que uma 
sociedade está organizada. Refere-se ao sistema de organização da produção, distribuição e 
consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam (VICECONTI; NEVES, 2007) 
 
Os problemas econômicos de uma determinada sociedade podem ser resolvidos de acordo 
com a forma de organização econômica. Como você terá a oportunidade de ver nos tópicos a 
seguir, é possível identificar dois modelos de organização que se encontram em polos opostos: 
economia de mercado (ou descentralizada) e economia planificada (ou centralizada). No 
primeiro caso, teríamos uma situação em que a economia seria comandada pelo mercado, sem 
interferências governamentais. Já no segundo caso, haveria uma centralização de tudo nas 
mãos do governo. 
Funcionamento de uma economia de mercado 
De acordo com Sandoval e Vasconcellos (2011), as economias de mercado se dividem em 
dois possíveis modelos: 
 
• Sistema de concorrência pura (sem interferência governamental) 
• Sistema de concorrência mista (com interferência governamental) 
Sistema de concorrência pura 
Imagine uma situação em que o Estado não interfere em nenhum aspecto da economia, em 
que predomina a lógica do laissez-faire. Os agentes econômicos teriam condição de resolver 
os problemas econômicos fundamentais (o que, quanto e para quem produzir). 
 
Em uma economia de mercado com o sistema de concorrência pura, há, de acordo 
VICECONTI e NEVES (2005), apenas dois agentes econômicos fundamentais: as unidades 
produtivas, ou empresas, e as unidades consumidoras, ou famílias. As famílias, proprietárias 
do fator de produção Trabalho, utilizam os salários (renda originária da cessão de seu uso para 
empresas) para comprar os bens e serviços produzidos pelas empresas, a fim de satisfazerem 
suas necessidades. 
 
A figura a seguir retrata a forma de funcionamento de uma economia de mercado com apenas 
dois agentes econômicos. 
FIGURA 4 - Fluxo de bens e serviços e dos fatores produtivos de pagamento 
 
 
Fonte: TROSTER; MÓCHON, 2002, p. 46 
 
O mercado econômico funcionará somente com o funcionamento desse fluxo, ou seja, é 
essencial que haja consumo e oferta de mão de obra por parte das famílias e de produção de 
bens e serviços e pagamento dos salários por parte das empresas. 
 
Sem a interferência do governo, as imperfeições do mercado são corrigidas por uma "Mão 
Invisível", que se torna possível por meio do mecanismo de preços, que é capaz de gerar 
equilíbrio nos vários mercados (SANDOVAL e VASCONCELLOS, 2011). 
 
E como como o mecanismo de preço promove equilíbrio nos mercados? 
 
Aqui, existem duas possíveis situações, a primeira delas ocorre quando há o excesso de oferta. 
Caso o setor imobiliário tenha um excesso de oferta, significa que existirá muitas construtoras 
com imóveis parados sem sucesso em suas vendas. Dessa forma, passa a existir uma 
tendência de queda de preços para vender as unidades ociosas até que os preços estejam 
dentro de um patamar que as pessoas passem a ter condições de comprar. 
 
A segunda possibilidade é o excesso de demanda. Neste caso, haverá muitos consumidores 
interessados em produtos escassos. Assim, a tendência é se observar uma elevação dos 
preços. 
 
O sistema de concorrência pura é a base do liberalismo econômico, em que se defende o 
menor grau de intervenção estatal da economia e maior soberania ao mercado (setor privado). 
 
Dessa forma, escolas e hospitais devem ficar nas mãos de agentes privados e não da 
administração pública. De acordo com Sandoval e Vasconcellos (2011), existem diversas 
imperfeições no sistema de concorrência pura, uma vez que ele representa uma grande 
simplificação da realidade. Um dos maiores problemas é que o mercado não é capaz de 
distribuir bem arenda. 
 
A alocação de recursos também é prejudicada. O setor privado tende a investir apenas em 
setores que geram lucratividade. Isso significa que alguns serviços ou produtos essenciais para 
a população podem não ser ofertados. 
 
Dessa forma, faz sentido a atuação do governo, com o objetivo de minimizar as imperfeições 
do mercado. No Brasil, o setor de telecomunicações, hoje nas mãos da iniciativa privada, era, 
no passado, comandado pelo governo. 
 
Quando as primeiras empresas de telefonia foram fundadas no Brasil, não havia interesse de 
agentes privados em fazer os investimentos necessários, pois os retornos previstos viriam 
apenas depois de muitos anos. Portanto, a intervenção estatal em um primeiro momento era 
necessária. 
As políticas de distribuição de renda também se fazem necessárias em diversos países. O 
objetivo é tributar de quem tem mais e repassar para a camada mais pobre da população por 
meio de programas sociais. 
 
Sistema de mercado misto: papel econômico do governo 
 
É possível falar que o liberalismo econômico foi o sistema predominante entre o final do século 
XVIII até o começo do século XX. Entretanto, com a quebra da bolsa de Nova York e a grande 
depressão econômica que impactou diversos países a partir da década de 1930, foi possível 
observar as inúmeras imperfeições do sistema de concorrência pura. A partir daí, fica clara a 
necessidade de os governos atuarem na economia com o objetivo de eliminar distorções 
alocativas e distributivas, com a intenção de promover melhoria no padrão de vida da 
coletividade. 
 
Isso ocorre pelo fornecimento de serviços públicos, como iluminação, água, saneamento, pela 
atuação em formação de preços que ocorre pela fixação de salários mínimo, taxa de câmbio e 
isenção de impostos. 
 
Funcionamento de uma economia centralizada 
 
Neste sistema, o mercado perde forças e o caminho para resolução dos dilemas econômicos é 
responsabilidade de um órgão central de planejamento. A propriedade dos recursos é do 
Estado, o que inclui máquinas, edificações, terras. Aos indivíduos, resta os meios de 
sobrevivência, como roupas, carros, televisores etc. Neste caso, os preços dos bens de 
consumo são definidos pelos governos (SANDOVAL e VASCONCELLOS, 2011). 
 
Mercado dos fatores de produção e sua remuneração 
 
Neste tópico, iremos apresentar inicialmente o conceito de mercado, para em seguida 
abordarmos os fatores de produção. 
 
Definição de mercado 
 
Você sabe o que é mercado? Quando lemos essa palavra, várias ideias podem surgir na nossa 
mente. Alguns podem pensar no mercado como o local onde se faz compras, outros podem 
pensar em um espaço de negociação de produtos. Aqueles mais interessados na área de 
finanças podem pensar no mercado de capitais, em que se faz inúmeras transações de 
compras e vendas de ações. 
 
Contudo nosso objetivo aqui é apresentar o conceito de mercado com um viés econômico. 
Sendo assim, fique atento, você pode encontrar outras definições diferentes da palavra 
mercado, mas a que nós vamos utilizar é a que servirá de base para o nosso curso. 
 
Em um primeiro momento, é necessário fazer uma divisão das unidades econômicas 
individuais em dois grandes grupos: compradores e vendedores. No lado dos compradores, 
temos os consumidores (famílias), que adquirem bens e serviços das empresas. Já as 
empresas adquirem mão de obra, capital e matérias-primas necessárias para a produção de 
bens e serviços. Já no lado dos vendedores, estão as empresas, vendedoras de bens e 
serviços, os trabalhadores, que vendem seus serviços, e os proprietários de recursos, que 
arrendam suas terras para as empresas (PYNDICK e RUBINFELD, 2010) 
 
O mercado pode ser definido como "um grupo de compradores e vendedores que, por meio de 
suas reais ou potenciais interações, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de 
produtos" (PYNDICK; RUBINFELD, 2010, p. 7). 
 
Mercado de construção civil, de educação, de automóveis, de mineração. Cada um deles terá 
um grupo de compradores e vendedores que terão a possibilidade de determinar os preços dos 
produtos. 
 
Os mercados são a essência da atividade econômica. O modo como os mercados funcionam, 
o entendimento de por que determinados mercados funcionam com muitos concorrentes, 
enquanto outros tem apenas um ou dois, do nível de satisfação que os clientes teriam com o 
aumento da quantidade concorrentes e da forma de intervenção do governo para o ajuste de 
preço de determinados mercados são questões centrais a serem exploradas pela economia. 
 
Fatores de produção e sua remuneração 
 
De maneira geral, os economistas definem como fatores de produção o capital, a terra 
(recursos naturais) e a força de trabalho. Entretanto Moreira e Jorge (2009) destacam que nos 
dias de hoje a tecnologia e a capacidade empresarial também devem ser consideradas fatores 
de produção. 
 
• Capital 
 
O conceito clássico de capital contempla toda a infraestrutura, máquinas e ferramentas 
necessárias ao processo produtivo. Contudo nos dias de hoje é possível afirmar que o conceito 
é mais abrangente. De acordo com Moreira e Jorge (2009, p. 3), o capital é "um conjunto de 
recursos de natureza econômica, distintos e passíveis de reprodução, que possibilita a 
obtenção de um rendimento em períodos determinados." 
 
A acumulação de riquezas é que vai impulsionar a formação de capital e gerar mais riquezas. 
Quando se usa a riqueza para investir, aumenta-se a capacidade de produção, o que irá 
impactar de forma significativa o ritmo de desenvolvimento econômico dos países. 
 
• Recursos naturais 
 
Os recursos naturais, ou o fator terra, envolvem tanto os renováveis (vegetais e animais) 
quanto os não renováveis (riquezas minerais e solo). De acordo com Moreira e Jorge (2009), 
os pioneiros das análises econômicas entendiam que a riqueza seria decorrente do fator terra e 
produção agrícola, contudo, atualmente, a tecnologia traz um novo panorama. 
 
• Trabalho humano 
 
A economia depende de forma direta da qualidade do trabalho humano, pois somente as 
pessoas são capazes de desenvolver e criar novos meios de produção. 
 
• Tecnologia 
 
A tecnologia envolve instrumentos, equipamentos, métodos e outros insumos para a obtenção 
de um bem econômico. A tecnologia é na verdade o conhecimento humano aplicado ao 
processo produtivo. Os países desenvolvidos fazem investimentos em pesquisas que irão 
resultar em tecnologias de ponta. Já os países subdesenvolvidos são compradores dessas 
tecnologias. 
 
• Capacidade empresarial 
 
Este é um fator de grande relevância, tendo em vista que cabe aos empresários a capacidade 
de inovar em produtos ou processos, bem como de criar ofertas e de aproveitar oportunidades 
dentro do mercado interno e externo. Portanto, a competência de gerir as organizações é um 
fator produtivo essencial nos dias de hoje. 
 
 
 
 
Um bom indicador de inovação tecnológica é a quantidade de pedidos de patentes 
internacionais realizadas pelos países via PCT (Patent Cooperation Treaty). Os pesquisadores 
e empresas americanas fizeram 17.799 pedidos de patentes apenas no primeiro semestre de 
2016. Já o Brasil fez apenas 161 pedidos de patentes no mesmo período. 
 
Leia o texto na integra, disponível 
em: https://www.clarkemodet.com/pt_BR/actualidade/blog/2016/10/brasil-analise-numero-de-
patentes-internacionais-e-a-economia-global.html#.WXsbzojyvIU 
Fonte: ANÁLISE: número de patentes internacionais e a economia global. 07 out. 2016. In: Site 
"Clarkmodet". 
 
Além do retorno com o processo de licenciamento dos produtos, as tecnologias melhoram os 
processos produtivos e reduzem o custo de operação. Algumas fábricas estão utilizando a 
tecnologia para substituir o trabalho repetitivo de pessoas por robôs. As pessoas por sua vez 
devem ser alocadas em atividades que geram mais valor agregado. 
 
https://www.clarkemodet.com/pt_BR/actualidade/blog/2016/10/brasil-analise-numero-de-patentes-internacionais-e-a-economia-global.html#.WXsbzojyvIU
https://www.clarkemodet.com/pt_BR/actualidade/blog/2016/10/brasil-analise-numero-de-patentes-internacionais-e-a-economia-global.html#.WXsbzojyvIUVeja o exemplo da Foxconn, que é a principal fabricante do iPhone. Recentemente, ela 
substituiu 60 mil empregados por robôs. De acordo com reportagem do Estadão, a fábrica 
reduziu seu efetivo de 110.000 funcionários para 50.000. A reportagem completa está no link 
abaixo. 
 
FOXCONN troca 60 mil empregados por robôs na China. 26 maio 2016. In: Site "Estadão". 
Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,foxconn-troca-60-mil-empregados-
por-robos-na-china,10000053643 
 
Mercado de bens e serviços 
 
O mercado de bens e serviços pode ser afetado pelo tipo de mercado em que as empresas 
atuam. De acordo com Pyndick e Rubenfeld (2010), os mercados se dividem em competitivos e 
não competitivos. 
 
O mercado perfeitamente competitivo é identificado quando há muitos compradores e muitos 
vendedores, de modo que nenhuma das partes tem poder suficiente para alterar o preço dos 
produtos. Isso acontece com diversos produtos agrícolas, como o trigo e a soja. Como há 
milhares de compradores e vendedores destes produtos, nenhum grande fazendeiro, ou 
nenhum grande comprador, é capaz de impactar os preços das cotações diárias. 
Outros mercados são competitivos, mas não são perfeitos, é o que ocorre com as empresas 
aéreas brasileiras. O Brasil possui poucas empresas e uma concorrência muito forte entre elas. 
Diferente do que ocorre com os mercados não competitivos, em que um conjunto de empresas 
pode alterar o preço do produto, como ocorre no mercado mundial de petróleo, que desde a 
década de 1970 é comandado pela Opep (Organização dos países produtores de petróleo). 
Bens de capital, bens de consumo e bens intermediários 
 
Antes de abordamos os conceitos básicos sobre bens, é importante que você compreenda a 
abordagem econômica sobre necessidades humanas. 
 
Você sabia que as necessidades humanas são ilimitadas? 
 
Todos os dias você é exposto a uma enorme quantidade de anúncios dos mais diversos 
produtos. A nossa demanda de consumo, com o advento da Internet e dos e-commerce, se 
tornou infinitamente maior do que era no começo do século XX. Veja a quantidade de modelos 
de carros com os mais variados tipos adicionais que temos no mercado. 
 
Além da questão temporal mencionada anteriormente, Moreira e Jorge (2009) destacam que 
existe variação de consumo em decorrência da região geográfica. Afinal de contas, uma cidade 
como São Paulo apresenta infinitas possibilidades de consumo se comparada a uma cidade 
com trinta mil habitantes. 
 
De acordo com Moreira e Jorge (2009), as necessidades humanas podem ser divididas entre 
coletivas e individuais. Questões relacionadas à segurança, educação, saúde e saneamento 
básico são exemplos de necessidades coletivas, que podem ser satisfeitas com ações do 
Estado. 
 
Já as necessidades individuais se subdividem em duas. As absolutas, que estão relacionadas 
a demandas biológicas, como: comer, habitar, respirar, vestir etc. Já as necessidades sociais 
variam de pessoa para pessoa. Para algumas pessoas, um carro é um bem necessário, outras 
talvez prefiram o uso de uma motocicleta. O tipo de talher que se usa, o tipo leitura que se faz 
e a diversidade de dispositivos eletrônicos que as pessoas usam evidencia a grande 
variabilidade de necessidades e o seu caráter ilimitado (MOREIRA e JORGE, 2009). 
 
A forma que existe de se satisfazer às necessidades é por meio de bens. Aqui, não estamos 
falando apenas de bens que as pessoas podem comprar. Afinal de contas, os bens livres, 
como é o caso do ar, água dos mares e a luz do sol, não demandam análises econômicas. 
Entretanto a maioria das nossas necessidades só será satisfeita com bens escassos, que 
https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,foxconn-troca-60-mil-empregados-por-robos-na-china,10000053643
https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,foxconn-troca-60-mil-empregados-por-robos-na-china,10000053643
podem ser divididos em tangíveis e intangíveis. No primeiro caso, podemos pensar em bens 
que nós podemos tocar, como é o caso do celular que você usa no dia a dia. Contudo, no 
mundo digital, cada vez mais nós estamos lidando com a segunda categoria, que é o 
intangível. Os aplicativos que você utiliza no celular são um ótimo exemplo de bem intangível. 
 
 
 
Você sabe qual é o maior vendedor de música do planeta? Alguns anos atrás, nós poderíamos 
pensar no nome de uma grande rede de varejo que comercializava músicas nos tradicionais 
CD´s. Contudo hoje a Apple, por meio do iTunes, alcançou a incrível marca de dez 
bilionésimos de downloads de músicas. Veja, estamos falando de um negócio que vende bens 
intangíveis para satisfazer à necessidade das pessoas. Acesse o link abaixo para saber mais: 
 
VELOSO, Thássius. Apple chega a marca de 10 bilhões de faixas vendidas. 2010. In: Site 
"Tecnoblog". Disponível em: <https://tecnoblog.net/16504/apple-chega-a-marca-de-10-bilhoes-
de-faixas-vendidas/>. Acesso em: 25 jul. 2017. 
 
 
 
Com relação aos bens tangíveis, é possível dividi-los em três categorias: 
• Bens de consumo: trata-se de produtos que as pessoas utilizam no seu dia a dia. Aqui, existe 
uma nova divisão: bens não duráveis, quando a existência deles é muito limitada (pasta de 
dente, alimentos etc.) e bens duráveis, cuja vida útil é prolongada (automóveis, TV, geladeira, 
fogão). 
 
• Bens de capital: são os bens utilizados no processo produtivo de novos bens, como máquinas 
industriais e ferramentas. Eles também são chamados de bens de produção. 
 
• Bens intermediários: é a matéria-prima que é utilizada no processo de produção. Ou seja, são 
produtos não acabados, como cimento, aço e cal. Esse tipo de material ao ser processado se 
transforma em um bem de consumo ou de capital. 
Veja a seguir uma figura que resume a classificação de bens que acabamos de apresentar: 
FIGURA 1 - Classificação geral dos bens 
 
https://tecnoblog.net/16504/apple-chega-a-marca-de-10-bilhoes-de-faixas-vendidas/
https://tecnoblog.net/16504/apple-chega-a-marca-de-10-bilhoes-de-faixas-vendidas/
 
Fonte: MORERIA; JORGE, 2009, p. 13. 
 
Nesta unidade de ensino, apresentamos diversos conceitos relevantes para a economia. É 
importante que você saiba todos eles para conseguir caminhar bem no nosso curso. Portanto, 
caso você ainda tenha dúvidas, não deixe de refazer as atividades de fixação, ler novamente o 
conteúdo e assistir às videoaulas. 
 
Funcionamento do fluxo circular de renda 
Você já deve ter percebido que algumas das metas da ciência econômica são: garantir a 
produção e a distribuição de mercadorias, bem como a distribuição da renda gerada pela 
atividade econômica. Um dos modelos básicos para traduzir essa informação é o fluxo circular 
de renda. Esse fluxo é construído considerando uma versão simplificada do funcionamento de 
uma economia de mercado (capitalista). Ela considera que existem dois agentes principais na 
economia: empresas e famílias. 
 
É importante destacar que, de acordo com MANKIW (2001), para que possamos compreender 
se a aplicação de um modelo é pertinente, é preciso compreender, de uma forma genérica, 
como a economia está organizada e como seus participantes (famílias e empresas) se 
relacionam. 
 
No sistema capitalista, o modelo do fluxo circular de renda é construído para esse sistema 
econômico. Esses agentes aparecem duas vezes no jogo de sua reprodução material e 
desempenham dois papéis distintos. Em um determinado momento, são produtores, em outro, 
surgem como consumidores daquilo que foi produzido. 
 
Como produtores, os membros da sociedade se organizam em conjuntos aos quais se dá o 
nome de unidades produtivas ou empresas. Na condição de consumidores, eles são membros 
de conjuntos de outra natureza, aos quais denominamos famílias. Na teoria econômica, a 
denominação famílias se refere aos proprietários dos recursos produtivos, ou seja, os recursos 
naturais. O capital e a mão de obra pertencem a esse agente da economia. 
 
Sendo assim, é importante destacar que as empresas produzem bens e serviços usando vários 
insumos, taiscomo trabalho, terra e capital (prédios e máquinas). Os insumos são chamados 
de fatores de produção. Já as famílias são proprietárias dos fatores de produção e consomem 
os bens e serviços (MANKIW, 2001). 
 
Isso significa que, além de desempenhar o papel de consumidores, as famílias detêm também 
a condição de proprietárias dos recursos produtivos. É nessa condição que elas garantem seu 
acesso aos bens e serviços produzidos pelas empresas. O fluxo circular de renda pode ser 
simplificado, como apresentado na figura a seguir. 
FIGURA 1 - Fluxo circular de renda 
 
 
Fonte: MANKIW, 2001, p. 23. Adaptado. 
 
De acordo com Mankiw (2001), é possível identificar dois tipos de mercados decorrentes do 
relacionamento entre empresas e famílias. O primeiro deles é o mercado de bens e serviços, 
no qual as famílias compram o que as empresas produzem. O segundo mercado é o de fatores 
de produção, neste, as famílias são vendedoras dos insumos necessários para produção (mão 
de obra, terra e capital) e as empresas, portanto, se tornam compradoras. 
 
 
 
 
 
Imagine que você queria tomar um café e comer um pão de queijo na hora do seu intervalo de 
trabalho. Você como agente econômico que representa as famílias tem R$10,00 (dez reais) 
guardados na carteira. Dessa forma, você escolhe uma padaria e faz o lanche do jeito que 
você queria. 
 
Ao tirar a nota de R$10,00 e pagar pelo seu pão de queijo e café, o dinheiro não ficará muito 
tempo parado, pois será utilizado para pagar fatores de produção, como aluguel da loja e 
salário dos funcionários. Isso significa que, de alguma forma, o dinheiro que você gastou no 
seu lanche vai para a renda de alguma família e obviamente irá retornar para a carteira de 
alguém. Dessa forma, é possível visualizarmos o fluxo circular de renda. 
 
Após conhecer os conceitos sobre o modelo de fluxo circular de renda, talvez você tenha 
observado que ele possui algumas imperfeições por não retratar fielmente a nossa realidade, 
isso de fato acontece. No exemplo que acabamos de apresentar, não mencionamos que parte 
do dinheiro que você usou no seu lanche será destinada ao governo para pagamento de 
impostos. Além disso, não mencionamos nesse tópico nenhum impacto do comércio 
internacional sobre a economia. Entretanto de acordo com Mankiw (2001, p. 24), "esses 
pormenores não são cruciais para o entendimento básico da forma de organização da 
economia". 
 
Sendo assim, é valido utilizar o modelo de diagrama que apresentamos anteriormente, uma 
vez que ele é simples e nos permite compreender como as peças principais da economia estão 
conectadas. 
 
 
 
Fluxo real da economia 
 
O fluxo real ocorre quando as famílias transferem para as empresas os seus fatores de 
produção. Isso acontece, por exemplo, quando nós estamos trabalhando dentro das empresas. 
A partir daí, as empresas processam os fatores de produção e geram bens e serviços, que são 
transferidos para as famílias. A figura a seguir demonstra de forma clara tudo isso. 
 
FIGURA 2 - Fluxo circular de renda - lado real 
 
 
Fonte: Acervo Institucional. 
 
Fluxo monetário 
 
Para cada movimento do lado real do fluxo, temos uma contrapartida monetária, ou seja, o 
fluxo circular de renda - lado monetário. Neste fluxo, nós visualizamos as empresas 
remunerando as famílias pelos fatores de produção. As empresas, por exemplo, pagam os 
salários dos seus funcionários. Já as famílias remuneram as empresas pelos produtos e 
serviços adquiridos. 
 
A figura a seguir expõe o fluxo monetário. 
 
FIGURA 3 - A economia - atividade como sistema isolado 
 
 
 
Fonte: CAVALCANTI, 2010, p. 4. (Adaptado). 
 
 
 
 
 
As famílias cedem às empresas os fatores de produção de que são proprietárias e, em troca, 
recebem das empresas uma renda, ou seja, uma remuneração sob a forma de dinheiro. 
Assim: 
 
1. As empresas combinam esses favores num processo denominado processo de produção e 
obtêm, como resultado, um conjunto de bens e serviços. 
 
 
2. Com a renda recebida em troca da utilização da produção dos fatores de que são 
proprietárias, as famílias compram das empresas os bens e serviços produzidos por essas 
empresas. 
 
 
3. As famílias consomem os bens de serviços. A renda é a denominação para a remuneração 
paga pelas empresas às famílias pelo uso dos fatores de produção. Ela pode ser classificada 
em três grandes categorias, conforme a seguir. 
 
• os salários, que são a remuneração do fator de produção trabalho; nesta categoria são 
incluídas também as comissões, os honorários de profissionais liberais, os ordenados dos 
executivos, enfim todas as remunerações relativas ao trabalho, mesmo que não-assalariado. 
 
• os juros e lucros, que são a remuneração do fator de produção capital: observe que o lucro 
das empresas, mesmo que não distribuído, é considerado renda dos sócios ou acionistas da 
empresa pois, em última análise, pertence a eles. 
 
• os aluguéis, que são a remuneração dos proprietários dos recursos naturais e de bens de 
capital arrendados a terceiros. (VICECONTI; NEVES, 2013, p. 6). 
 
Sendo assim, é possível concluir que a resposta ao problema econômico para quem produzir 
dependerá da quantidade de cada recurso de produção utilizado e da distribuição de cada um 
deles para a efetivação da produção, ou seja, da produtividade. Em países de produtividade 
mais baixa, a maioria dos trabalhadores terá salários baixos e um grupo restrito, mais 
qualificado, terá maiores rendimentos. 
 
 
 
Produtividade é a relação entre a quantidade produzida e o número de trabalhadores 
necessários para essa produção. Países desenvolvidos têm produtividade alta, pois têm 
tecnologia, propiciando maior quantidade produzida por trabalhador. Em países em que a mão 
de obra não é qualificada, os trabalhadores são muitos e o capital é escasso, os salários serão 
baixos, embora juros e lucros sejam elevados. Os trabalhadores qualificados terão salários 
mais elevados. 
 
Governo e o setor externo: vazamentos e injeções de renda 
Já falamos anteriormente que o modelo de fluxo circular de renda é uma simplificação da 
realidade. Neste tópico, serão apresentados novos elementos que contribuem para a 
explicação do ambiente econômico com a inserção do governo e do mercado externo. 
 
O que aconteceria se acrescentássemos o governo ao fluxo circular que apresentamos 
anteriormente? 
 
Talvez a primeira coisa que venha a sua mente seja o pagamento de tributos, isso de fato 
acontece, e quando o governo faz o recolhimento de um imposto, ele está provocando 
vazamento da renda. Afinal de contas, esse dinheiro está deixando de circular livremente 
dentro da economia. 
 
O que nós não podemos nos esquecer é de que o governo utiliza os recursos oriundos do 
pagamento de impostos para a criação e manutenção de serviços públicos. Portanto, os 
vazamentos também se fazem necessários. 
 
Além disso, o governo também atua gerando injeção de renda na economia, veja a quantidade 
de compras realizadas pela administração pública no país. Também podemos pensar no 
pagamento de salários de servidores públicos e pagamentos de aposentadorias. Tudo isso 
movimenta de forma direta a economia. 
 
 
 
Veja por exemplo a reportagem da Carta Capital, que fala sobre um Decreto da Prefeitura de 
São Paulo, no qual as compras até R$80.000,00 devem ser realizadas exclusivamente junto a 
pequenas empresas. A expectativa da prefeitura era fomentar a economia fora e dentro da 
cidade e fortalecer esse tipo de empreendimento. 
 
COMPRAS até R$ 80 mil serão feitas pela prefeitura com microempresas. 12 out. 2015. In: Site 
"Carta Capital". Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/economia/compras-ate-r-80-
mil-serao-feitas-pela-prefeitura-de-sp-com-micro-empresas-3984.html>. Acesso em: 26 jul. 
2017. 
 
Além do governo, não podemos nos esquecer do setor externo. Atualmente, vivemos em uma 
economia altamente globalizada. Os processos de importaçãoe exportação estão se tornando 
cada dia mais simples. Mas de que forma será que isso impacta o fluxo circular de renda? 
 
As importações caracterizam vazamento de renda, tendo em vista que quando um cidadão 
residente no Brasil adquire um produto de outro país, ele está destinando uma parcela da 
renda gerada internamente para um produtor de outro país. Já o processo de exportação é 
capaz de gerar o efeito inverso, que é a injeção de renda na economia. 
 
 
 
 
 
A notícia publicada no Portal Brasil destaca o elevado nível de investimento no Brasil, mesmo 
com avaliações negativas das agências internacionais sobre o risco de se investir no Brasil. A 
previsão de injeção de renda para 2016 era de US$ 60 bilhões. Acesse o link a seguir para 
saber mais. 
 
ECONOMIA ganha força com investimento estrangeiro, exportações e inflação menor. 21 mar. 
2016. In: Site "Portal Brasil". Disponível em: <https://www.brasil.gov.br/economia-e-
emprego/2016/03/economia-ganha-forca-com-inflacao-menor-investimento-estrangeiro-e-
exportacoes>. Acesso em: 26 jul. 2017. 
 
Conceito de curva de possibilidade de produção 
Antes de abordarmos a curva de possibilidade de produção, que também pode ser chamada de 
fronteira de possibilidade de produção, é importante que você conheça alguns conceitos 
básicos da Economia, pois isso te ajudará a compreender o que vem pela frente. 
 
De acordo com Rosseti (2016), a Economia possui duas questões que são fundamentais. A 
primeira delas se refere a forma como os recursos são utilizados. A busca é por produzir cada 
vez mais com a menor quantidade de recursos, afinal de contas, eles são escassos. Isso 
caracteriza a eficiência produtiva. Já a segunda questão está relacionada com a forma que 
os recursos serão alocados. Como os recursos são finitos, é necessário decidir como eles 
serão utilizados. A otimização das escolhas leva à eficácia alocativa. 
 
 
 
Para que você possa compreender este conceito, imagine a situação do Sr. Mário, dono de 
uma pequena padaria. Esse tipo de comércio é considerado uma empresa, portanto, um 
agente econômico. Sendo assim, ele deve se preocupar em como produzir os pães gastando o 
mínimo de matéria-prima possível. Além disso, ele deve se preocupar com outros tipos de 
gastos, como pagamento de matéria-prima e pessoal. Dessa forma, ele estaria buscando a 
eficiência produtiva. Contudo o tempo todo ele deverá tomar decisões que podem afetar a sua 
produtividade, por exemplo: qual a quantidade de pães de sal, doce e integrais ele deve 
produzir? A padaria também deve fazer roscas e bolos? Essas são questões importante, pois 
se conseguir tomar a decisão certa, o Sr. Mário irá alcançar a eficácia alocativa. 
https://www.cartacapital.com.br/economia/compras-ate-r-80-mil-serao-feitas-pela-prefeitura-de-sp-com-micro-empresas-3984.html
https://www.cartacapital.com.br/economia/compras-ate-r-80-mil-serao-feitas-pela-prefeitura-de-sp-com-micro-empresas-3984.html
https://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/03/economia-ganha-forca-com-inflacao-menor-investimento-estrangeiro-e-exportacoes
https://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/03/economia-ganha-forca-com-inflacao-menor-investimento-estrangeiro-e-exportacoes
https://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/03/economia-ganha-forca-com-inflacao-menor-investimento-estrangeiro-e-exportacoes
 
As questões apresentadas por Rosseti (2016) estão baseadas em duas realidades que são 
antagônicas. A primeira delas é o fato de os recursos serem escassos. Toda empresa tem um 
limitado número de funcionários, de máquinas e de matérias-primas. Isso também acontece 
com as famílias. Pense no seu caso, você pode ser um empreendedor, um servidor público ou 
atuar no setor privado. Seja lá qual for a sua área de atuação profissional, você terá uma renda 
que limitará os seus gastos e que obrigará você e a sua família a fazer escolhas. 
 
Embora os recursos sejam escassos, os desejos e as aspirações das pessoas são ilimitados. 
Você já parou para pensar que até alguns anos atrás as pessoas compravam discos de vinil 
para escutar música? Após algum tempo, essa tecnologia foi substituída pelos CD's. Com o 
advento da Internet, muitas pessoas passaram a comprar faixas de músicas pela Apple Store 
ou a pagar um valor mensal para escutar músicas pelo aplicativo Spotify em notebooks, 
celulares e tablets. 
 
 
 
A questão dos desejos ilimitados pode ser demonstrada pelas mais diversas transformações 
econômicas e sociais ocorridas nos últimos anos. O carro, por exemplo, durante boa parte do 
século XX, era considerado inacessível para muitos brasileiros. Contudo, de acordo com dados 
do Observatório das Metrópoles, o número de veículos automotores aumentou 10 vezes mais 
do que o aumento da sua população. Só na última década, são 138,6% de veículos a mais nas 
ruas de todo país. O grande problema é que as ruas e avenidas têm um limite, uma vez que 
são recursos escassos. Como gerar um equilíbrio entre o desejo de ter um carro próprio 
(ilimitado) e o limitado espaço público para trafegar com eles? 
 
Para saber mais, acesse o link abaixo: 
CRISE de mobilidade urbana: Brasil atinge marca de 50 milhões de automóveis. In: Site 
"Observatório das metrópoles". Disponível em: 
<https://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1
772:crise-de-mobilidade-urbana-brasil-atinge-marca-de-50-milhoes-de-
automoveis&catid=34:artigos&Itemid=124#>. Acesso em: 03 ago. 2017. 
 
 
Além disso, é importante destacar que o emprego eficiente dos recursos tem por objetivo 
alcançar uma situação de pleno emprego dos fatores de produção. Isso implica uma redução 
de 100% de disfunções como subemprego ou emprego involuntário, com o máximo 
aproveitamento dos recursos empregados, afinal de contas, a ineficiência gera desperdícios 
que são socialmente injustificáveis. Sendo necessária, portanto, a realização de escolhas que 
sejam compatíveis com os desejos da sociedade e que influenciam "o que" e "quanto" produzir 
(ROSSETI, 2016). 
 
Um conceito importante que apareceu nesta unidade de ensino é o de pleno emprego, que de 
acordo com Rosseti (2016): 
 
(...) abrange todos os recursos de produção, não apenas o trabalho. Pressupõe, assim, manter ocupada a totalidade da 
população economicamente mobilizável, utilizar plenamente os bens de capital disponíveis e operar o processo 
produtivo segundo os melhores padrões tecnológicos conhecidos (ROSSETI, 2016, p. 197). 
 
Agora que você aprendeu estes conceitos introdutórios, é importante que você saiba que a 
teoria econômica apresenta um modelo de análise que possibilita ao setor público e privado 
entenderem quais são suas possibilidades de produção, considerando os recursos produtivos 
que possuem, ou seja, máquinas e infraestrutura existentes, o número de trabalhadores que 
essa estrutura pode utilizar e o capital que possuem para que a produção se efetive. 
 
Sejam quais forem as combinações praticadas e por mais eficiente que seja a economia como um todo, há sempre 
limites para as possibilidades efetivas de produção. A razão é a limitação de recursos. Como eles são escassos, nunca 
https://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1772:crise-de-mobilidade-urbana-brasil-atinge-marca-de-50-milhoes-de-automoveis&catid=34:artigos&Itemid=124
https://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1772:crise-de-mobilidade-urbana-brasil-atinge-marca-de-50-milhoes-de-automoveis&catid=34:artigos&Itemid=124
https://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1772:crise-de-mobilidade-urbana-brasil-atinge-marca-de-50-milhoes-de-automoveis&catid=34:artigos&Itemid=124
é possível produzir quantidades infinitas de bens e serviços. As fronteiras de produção definem os limites máximos. As 
possibilidades são limitadas (ROSSETI, 2016, p.197). 
 
Esse instrumento é a fronteira de possibilidade de produção ou curva de possibilidade de 
produção(CPP), que expressa a capacidade máxima de produção da sociedade ou empresa, 
supondo pleno emprego dos recursos produtivos ou fatores de produção em um dado 
momento do tempo (VICECONTI e NEVES, 2007). 
 
 
 
A expressão "dado momento de tempo" é para designar o nível tecnológico considerado 
constante. Se a tecnologia mudar (inovação ou novo modo de produzir), nova CPP é 
construída. 
 
Isso porque a escassez de recursos impõe um limite à capacidade produtiva de uma 
sociedade, que terá que fazer escolhas entre as opções de produção. 
 
De acordo com Vasconcellos e Garcia (2011, p. 10) a fronteira, ou curva, de possibilidade de 
produção é "um conceito eminentemente teórico, que permite ilustrar como a limitação de 
recursos leva à necessidade de a sociedade fazer opções ou escolhas entre alternativas de 
produção." 
 
Além disso, é importante destacar que tendo em vista que uma das hipóteses básicas do 
modelo é o pleno emprego dos recursos, a curva é uma fronteira da produção, algo impossível 
de ser ultrapassado. A possibilidade que existe, com os recursos disponíveis operando com o 
máximo de eficiência, é escolher algum ponto da curva, conforme você terá a oportunidade de 
ver nos exemplos. 
 
Vamos expor essa questão com um exemplo. Suponha que a economia de um país só produza 
máquinas (bens de capital) e alimentos (bens de consumo). O quadro 1 apresenta as 
alternativas de produção possíveis entre máquinas e alimentos. Todos os recursos produtivos 
disponíveis (recursos naturais, mão de obra e capital) são utilizados e o nível tecnológico não 
muda. Perceba que na alternativa de produção A, todos os recursos produtivos são utilizados 
na produção de máquinas, não existindo produção de alimentos. Na medida em que 
aumentamos a produção de alimentos, diminuímos a produção de máquinas (alternativas B, C 
e D). Já na alternativa E, todos os recursos produtivos foram utilizados na produção de 
alimentos, não ocorrendo produção de máquinas. 
QUADRO 1 - Alternativa de produção 
 
 
Fonte: VICECONTI; NEVES, 2007, p. 3. (Adaptado). 
 
O gráfico a seguir indica as alternativas de produção para máquinas e alimentos, de acordo 
com os dados do quadro 1. Ao ligar os pontos que indicam as alternativas A, B, C, D e E, 
desenhamos a curva de possibilidade de produção (CPP). 
 
GRÁFICO 1 - Alternativas de produção para máquinas e alimentos - CPP 
 
 
 
Fonte: VICECONTI; NEVES, 2007, p. 6. (Adaptado). 
 
Ao longo da curva, ou seja, em qualquer ponto situado na curva, essa economia estará 
operando em pleno emprego, ou seja, utilizando todos os recursos produtivos disponíveis. Veja 
os pontos A, B, C, D e E. 
 
GRÁFICO 2 - Alternativas de produção para máquinas e alimentos: pontos A, B, C, D, E 
 
 
 
Fonte: VICECONTI; NEVES, 2007, p. 7. (Adaptado). 
 
Nos pontos internos à curva, temos os fatores de produção subutilizados. Ocorre, portanto, 
ociosidade dos recursos produtivos. Observe o ponto Y como exemplo. Nesse caso, a 
quantidade de alimentos produzida é de 30 toneladas e a de máquinas é de 10 mil máquinas. 
Essa combinação de produção (10,30) não utiliza todos os recursos produtivos existentes. Isso 
significa que, no caso da alternativa Y de produção, teremos recursos naturais, mão de obra e 
capital sobrando na economia ou estamos tendo ociosidade. 
 
GRÁFICO 3 - Alternativas de produção para máquinas e alimentos - ponto Y 
 
 
 
Fonte: VICECONTI; NEVES, 2007, p. 8. (Adaptado). 
 
Já nos pontos externos à curva, a capacidade de produção potencial ou pleno emprego dessa 
economia é ultrapassada. Dessa forma, não é uma produção possível. 
 
No gráfico 4, podemos identificar o ponto Z, como exemplo, que indica uma alternativa de 
produção inalcançável. 
 
GRÁFICO 4 - Alternativas de produção para máquinas e alimentos - ponto Z 
 
 
Fonte: VICECONTI; NEVES, 2007, p. 9. (Adaptado). 
 
A curva de possibilidades de produção tem aspecto côncavo porque acréscimos iguais na 
produção dos alimentos, por exemplo, implicam decréscimos cada vez maiores na produção de 
máquinas, como destacamos anteriormente. 
 
Portanto, os custos de oportunidade são crescentes. A cada acréscimo na produção de 
alimentos, precisa-se abrir mão de maiores quantidades de máquinas. Perceba que, no nosso 
exemplo, no nível de produção B, deixou-se de produzir 5 mil máquinas para produzir 30 
toneladas de alimentos. 
 
GRÁFICO 5 - Alternativas de produção para máquinas e alimentos - ponto B 
 
 
Fonte: VICECONTI; NEVES, 2007, p. 10. (Adaptado). 
 
No nível de produção C, deixou-se de produzir mais de 5 mil máquinas para um acréscimo de 
17,5 toneladas de alimentos. 
 
GRÁFICO 6 - Alternativas de produção para máquinas e alimentos - ponto C 
 
 
Fonte: VICECONTI; NEVES, 2007, p. 9. (Adaptado). 
 
Veja que a mesma quantidade de máquinas deixou de ser produzida para um acréscimo menor 
na produção de alimentos. Continuando a observar os dados, percebe-se que esse acréscimo 
na produção de alimentos é cada vez menor. Podemos concluir que os rendimentos decrescem 
ou que o custo de oportunidade é crescente. 
 
Custo de oportunidade 
 
No tópico anterior, foram apresentadas diversas alternativas para explicar como funciona a 
curva (fronteira) de oportunidade de produção. Em todas as situações apresentadas, há custo 
de oportunidade. 
 
De acordo com Vasconcellos e Garcia (2011, p. 11), o custo de oportunidade é o valor 
econômico da melhor alternativa sacrificada ao se optar pela produção de um bem ou serviço. 
 
Com base na decisão entre a produção de máquinas ou de alimentos, o custo de oportunidade 
se refere à quantidade de máquinas que se deixa de produzir por causa dos alimentos ou à 
quantidade de alimentos que se deixa de produzir em virtude das máquinas. 
 
Com este conceito econômico, busca-se evidenciar que na economia tudo tem um custo ou, 
como costumava dizer Milton Friedman, prêmio Nobel da Economia vinculado a Universidade 
de Chicago: "não existe almoço grátis". 
 
É importante deixar claro que o custo de oportunidade ocorre com as decisões de todos os 
agentes econômicos. Imagine, por exemplo, que uma família tome a decisão de comprar uma 
bela casa de campo. Tendo em vista esta aquisição, é bem provável que o gasto com viagens 
seja reduzido até que a casa seja completamente quitada. Neste caso, a opção viagens foi 
sacrificada em virtude da aquisição da casa de campo. Isso vai acontecer com todos os tipos 
de famílias, sejam elas possuidoras de grandes patrimônios ou não (ROSSETTI, 2016). 
 
O mesmo acontece dentro do setor público. A definição do custo de oportunidade é bem 
evidente neste caso. Estados, municípios e governo federal elaboram todos os anos a Lei 
Orçamentária Anual (LOA), na qual são previstas receitas e estimadas despesas. O poder 
executivo, com aprovação do legislativo, deve fazer escolhas de gastos. Para o orçamento 
fechar dentro da arrecadação, existem muitos custos de oportunidade. A construção de uma 
ponte em determinado município que irá implicar grande crescimento para uma determinada 
região pode impedir o aumento do número dos postos de saúde. Neste exemplo, o custo de 
oportunidade é a não construção de postos de saúde. 
 
Deslocamento da curva de possibilidade de produção 
O deslocamento da curva de possiblidade de produção pode ocorrer tanto positivamente 
quanto negativamente. No primeiro caso, ele pode decorrer em virtude de grandes avanços 
tecnológicos que permitem elevar o nível de produção de forma exponencial. As inovações 
podem ser de equipamentos de produtos. 
 
 
 
Veja no texto abaixo que uma tecnologia na área da agricultura pode provocar um grande 
aumento nas safras de diversos produtos. 
 
CRISTALDO, Heloisa. Tecnologia da Embrapa quer integrar pecuária e lavoura. 19 jun. 2016. 
In: Site "Agência Brasil". Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-
inovacao/noticia/2016-06/tecnologia-da-embrapa-quer-integrar-pecuaria-e-lavoura>.Acesso 
em: 03 ago. 2017. 
 
 
Além disso, o deslocamento da curva pode ser provocado pelo aumento dos contingentes 
demográficos economicamente mobilizáveis, ou seja, pelo número de pessoas que estejam 
aptas ao trabalho. Não resta dúvida que mão de obra é um recurso importante para o aumento 
de produção. Contudo, conforme Rossetti (2016), é imprescindível que haja um aumento da 
qualificação para que as pessoas consigam produzir mais e, a partir daí, deslocar a curva 
positivamente. 
 
O deslocamento negativo também é uma possibilidade. Epidemias, pestes e guerras reduziram 
de forma significativa o número da população ativa, o que acabou provocando um 
deslocamento da curva para baixo. 
 
Veja a representação gráfica do deslocamento da curva de demanda no gráfico a seguir. 
GRÁFICO 7 - Deslocamentos das fronteiras de produção: aumentos ou reduções 
dependem da dotação e da qualificação dos recursos de produção 
 
 
Fonte: ROSSETTI, 2016, p. 206. 
 
Lei dos rendimentos decrescentes 
 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-06/tecnologia-da-embrapa-quer-integrar-pecuaria-e-lavoura
https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-06/tecnologia-da-embrapa-quer-integrar-pecuaria-e-lavoura
A lei dos rendimentos decrescentes é um fenômeno econômico que ocorre quando em um 
processo produtivo, apenas um dos fatores de produção é aumentado, mantendo-se os demais 
fixos. Em um primeiro momento, haverá um aumento marginal da produção, contudo o que se 
observa depois de algum tempo é a queda da produtividade podendo, inclusive, torná-la nula. 
 
Dada como inalterada a capacidade tecnológica de uma economia, as modificações positivas 
no suprimento de um ou mais recursos físicos de produção poderão provocar expansão de sua 
capacidade final de produção. Todavia, na hipótese de se registrar a fixidez de um ou mais 
recursos, os aumentos na capacidade serão menos que proporcionais, tornando-se 
decrescentes ou mesmo nulos a partir de certo ponto (ROSSETTI, 2016, p. 209). 
 
Para você compreender exatamente como isso funciona, veja o gráfico a seguir. Ele demonstra 
o que acontece quando um fator de produção é adicionado e os demais continuam constantes. 
Em um primeiro período, há o deslocamento da curva para a direita. Como tivemos a 
oportunidade de estudar anteriormente, trata-se de um deslocamento positivo. À medida que é 
adicionado mais recursos, os deslocamentos são cada vez menores, com uma tendência a se 
tornarem nulos. 
 
GRÁFICO 8 - Lei dos decrescentes 
 
 
Fonte: ROSSETTI, 2016, p. 209. 
 
Imagine, por exemplo, que uma empresa, com o objetivo de expandir suas atividades, contrate 
mais funcionários, mas não altere os demais recursos, como espaços físicos, maquinários, 
computadores. Uma primeira leva de funcionários certamente deslocaria a curva positivamente, 
contudo a partir do momento que forem realizados mais aporte de pessoas, com os demais 
fatores constantes, a produtividade deixaria de aumentar. 
 
Veja como uma teoria como essa pode ser capaz de alertar gestores para o seu processo de 
tomada de decisão. A vinda de médicos cubanos para o Brasil pode gerar impactos 
importantes para a população e aumentar a capacidade do serviço de saúde pública. Contudo 
são necessárias melhorias em estruturas nos demais fatores de produção, caso contrário será 
possível visualizarmos a lei de decrescentes neste caso. 
 
Nesta unidade de ensino, apresentamos conceitos relevantes da economia. É importante que 
você saiba que tudo que falamos por aqui é útil para o dia a dia de qualquer profissional que 
atue dentro do setor público e privado. A curva (fronteira) de possibilidade de produção aponta 
a existência de um limite máximo que as empresas, governo ou países têm condição de 
produzir. Tendo em vista que os recursos são escassos, é necessária uma atuação com 
eficácia na alocação de recursos. Isso implica de forma inexorável o custo de oportunidade. 
 
Você também teve a oportunidade de aprender que a curva de possibilidade de produção pode 
ser deslocada tanto de forma positiva como de forma negativa e de ver um tópico com o 
conceito de lei de decrescentes. 
 
Mercado em concorrência perfeita 
 
A estrutura de mercado mais analisada e difundida pelos manuais de economia que expressam 
as ideias da principal corrente de pensamento econômico, a abordagem neoclássica, é 
chamada de "concorrência perfeita ou pura". 
 
Essa estrutura parte da hipótese da existência de empresários racionais produzindo bens com 
o emprego do melhor processo de produção disponível, ou seja, aquele que proporciona a 
maior eficiência técnica e o menor custo. Dessa forma, é coerente com o objetivo último da 
empresa capitalista, o de maximização do lucro no curto prazo. 
 
A razão de a maximização de lucros de curto prazo ser o objetivo principal de empresas 
capitalistas deve-se ao fato de o lucro ser a parcela do valor gerado que se transforma em 
renda do proprietário do negócio. Logo, quanto maior for o lucro no curto prazo, maior será a 
renda pessoal disponível do empresário-produtor, que poderá assegurar melhor padrão de vida 
para si e sua família (MANKIW, 2005). 
 
Tal visão de empresa remete-nos, de imediato, à imagem da pequena empresa familiar, criada 
e administrada por um único proprietário. Uma empresa fadada a encerrar suas atividades 
quando ocorrer o afastamento de seu dono. 
 
Nessa circunstância, não é desprovida de sentido a ideia de o empresário desejar garantir uma 
vida melhor, a partir da obtenção da maior renda possível, ciente da curta duração de sua vida 
útil profissional. 
 
Para alcançar seu objetivo de máximo lucro, a teoria argumenta que ele deveria produzir e 
oferecer uma dada quantidade de bens definida pelo emprego de uma regra que o leva a 
comparar o custo de cada unidade adicional produzida, chamado de custo marginal (CMg), 
com o ganho que poderia advir da venda dessa mesma unidade, denominada receita marginal 
(RMg). Enquanto o resultado auferido com a venda for superior ao seu custo, o produtor deverá 
produzir a unidade, já que estará ampliando seu lucro. 
 
À medida que aumenta sua produção, em função da técnica, o empresário começa a 
experimentar uma elevação de seu custo marginal. Isso se explica pelo fato de, não podendo 
expandir rapidamente sua capacidade produtiva, qualquer aumento de produção se dará pela 
contratação de mais trabalhadores, mesmo que isso signifique que o equipamento estará 
sendo usado em condições adversas, sem seguir as recomendações de uso. Fazendo suas 
máquinas operarem em condições inadequadas, seu custo marginal deverá se elevar. 
 
Devido ao seu pequeno porte, e sem condições de impor seu preço ao mercado, para não 
perder vendas, o produtor deverá continuar produzindo até que a última unidade a ser gerada 
permita que ele obtenha um acréscimo de receita exatamente suficiente para cobrir o 
acréscimo de custo que experimentou pela produção da unidade extra. Ou seja, até que sua 
receita marginal (acréscimo de receita pela venda de uma unidade a mais) seja igual ao seu 
custo marginal (acréscimo do custo pela produção da unidade extra): RMg = CMg. 
 
Quanto à incapacidade de o produtor alterar seu preço, temendo perder vendas, isso se explica 
pelo fato de o produtor ser considerado um agente tomador de preços. Ou seja, ele deve 
aceitar e trabalhar com o nível de preços atribuído pelo mercado. 
 
Para entender essa ideia, você deve se lembrar de que é no mercado que se encontram 
produtores e consumidores. Nessa interação, os compradores desejam adquirir o bem 
pagando por ele o menor preço, de forma que lhes sobrem recursos para comprar bens de 
outras espécies, permitindo-lhes uma maior satisfação. 
 
No entanto, deparam-se, do outro lado do balcão, com os produtores, cujo interesse é 
exatamente o oposto do deles: o de vender o bem pelo maior preço possível. No processo de 
barganha, como garantia de que conseguirão o bem, os consumidoresadmitirão pagar um 
pouco mais do que estavam dispostos inicialmente, ao passo que os produtores aceitarão 
receber um pouco menos, para não correrem o risco de perder a venda. 
 
Dessa forma, não há um lado capaz de impor sua vontade ao outro. Nem os produtores serão, 
individualmente, capazes de impor o preço que desejam, nem os consumidores o farão. O 
preço acaba sendo determinado pelas forças impessoais de mercado, chamadas de forças 
cegas, que atuam no livre jogo de mercado, representadas pelas curvas de demanda 
(expressão do comportamento do consumidor) e pelas curvas de oferta (que ilustram o 
comportamento dos produtores). 
 
Fechado o negócio, indicando que ambos os lados ficaram satisfeitos com o acordo, diz-se que 
se chegou a um ponto de equilíbrio, no qual o preço satisfaz a ambos os participantes, pelo 
fato de ter sido acordado entre comprador e vendedor. Generalizando, nesse ponto, todas as 
quantidades ofertadas serão vendidas, razão pela qual o produtor fica satisfeito. Por outro lado, 
os compradores encontrarão e comprarão exatamente a quantidade que desejavam, ou seja, 
ninguém deixará de ter o bem. 
 
Dada essa situação de equilíbrio, de mútua satisfação, a teoria diz que é esse o preço que o 
bem terá no mercado, ou seja, um preço que nasce da negociação no mercado. E mais: esse 
preço é o que deverá prevalecer em qualquer negociação que se efetivar daí em diante. Na 
hipótese de um produtor muito ganancioso desejar incrementar seus ganhos, elevando o 
preço, apenas aqueles consumidores comodistas, que não se dispuserem a fazer uma 
pesquisa pelas outras lojas, serão vítimas do ganancioso. Os demais, informados do preço do 
produto em outros locais, irão se recusar a pagar um valor mais elevado. 
 
Impossibilitado de vender a quantidade que desejava, o produtor formará estoques - situação 
que significa que não irá recuperar o dinheiro gasto para bancar os custos de produção. Do 
mesmo modo que, ao subir o preço, ele sabe que perderá vendas, também não irá reduzi-lo 
para não ter que receber lucros menores que os de seus concorrentes que estiverem 
praticando o preço de equilíbrio. 
 
O que é concorrência perfeita e qual o seu significado 
 
Mas o que vem a ser a estrutura de concorrência perfeita? Como podemos defini-la e 
caracterizá-la? E o que falar sobre seu funcionamento conforme a nossa realidade? 
 
Concorrência perfeita é uma estrutura de mercado considerada ideal, no sentido de ter 
validade apenas no mundo das ideias, ou seja, não é encontrada na prática. Trata-se de um 
fruto do intelecto humano, possuindo caráter abstrato e teórico. Apesar dessa caracterização, é 
a estrutura mais difundida, ocupando a maior parte dos textos dos manuais de Economia, 
sendo a base para vários modelos empregados, a fim de explicar o funcionamento dos 
mercados, inclusive em outras áreas de interesse. 
 
Várias são as razões para tal importância. Uma delas é de caráter político, alegando que, ao 
criar uma explicação do preço a partir das forças do mercado, não reconhecendo o poder do 
empresário em definir o preço de seu bem, disfarça-se esse poder e ajuda-se a manter 
o status quo. Dessa forma, isentando o empresário de qualquer responsabilidade quanto ao 
que produzir, em quais condições e a qual preço, ajuda-se a manter intactas as estruturas 
econômicas e políticas que definem o poder em nossa sociedade. 
 
Para outros, a estrutura, por sua característica teórica dedutiva, induz à melhoria da forma de 
pensar, servindo como ferramenta para aprimorar a capacidade intelectual daqueles que a 
utilizam. 
 
Outra linha de analistas adota a estrutura como o pano de fundo ideal contra o qual se deve 
opor a realidade econômica, permitindo a identificação de desvios e a análise de medidas 
capazes de serem utilizadas para intervir na realidade, levando-a, cada vez mais, a aproximar-
se das hipóteses do modelo. 
 
Nesse grupo, podem ser inseridos aqueles que acreditam na possibilidade de órgãos de defesa 
da concorrência ou órgãos como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), do 
Ministério da Justiça, atuarem regulamentando os mercados, com o fim de impedir ou criar 
obstáculos ao exercício do poder de mercado por parte das grandes ou mais poderosas 
organizações. 
 
Você já ouviu falar sobre alguma ação levada a julgamento no nível do CADE? O que você 
sabe sobre a fusão da Colgate com a Kolynos, que determinou que a marca Kolynos ficasse 
fora de mercado por alguns anos? E quanto à fusão da Lacta com a Garoto, visando impedir a 
criação de uma empresa de grande porte, capaz de sozinha dominar e impor sua vontade ao 
mercado? Há ainda o caso da compra da Sadia pela Perdigão e o da criação da Ambev, que 
teve uma grande repercussão na mídia. 
 
Estruturas de mercado e as características da estrutura da concorrência 
perfeita 
 
Diferentes bens e serviços são trocados em distintos mercados. A observação do 
funcionamento desses mercados revela que existem características próprias em cada um 
deles, o que distingue o comportamento de seus integrantes. Melhor dizendo, ao observar os 
distintos mercados, pode-se verificar que algumas características ou dimensões gerais, 
comuns a todos eles, não são preenchidas da mesma forma, mas variam conforme cada tipo 
de negócio. 
 
Estudar as estruturas de mercado é definir essa lista de dimensões ou características, 
verificando como cada um atende ou preenche a uma ou outra dessas condições. 
 
 
 
Para facilitar sua compreensão, imagine que você pretende classificar os diferentes tipos de 
mercado levando em conta o número de empresas neles existente. Logo você verificará que, 
em relação à dimensão 'número de empresas', há mercados com uma única empresa 
produtora, o que é o caso da CEMIG, no fornecimento de energia, e da COPASA, no 
fornecimento de água, ambas em Minas Gerais. Temos então que colocar essa informação no 
escaninho, na ala de número de empresas. Por outro lado, ao observarmos o número de 
barzinhos da cidade, verificamos a existência de um número muito grande de 
estabelecimentos. Temos então que preencher os escaninhos de tamanho usando outro vão. 
 
Mas o número de empresas não é a única dimensão ou característica que podemos usar para 
arquivar as informações necessárias. Outra característica possível é o tamanho das empresas 
existentes no setor - que guarda forte vínculo com o número de empresas existentes, já que, 
para atender aos milhares de consumidores, um número de empresas muito elevado se faz 
necessário, caso elas sejam de pequeno porte. A importância do tamanho revela-se, inclusive, 
pela constatação de que grandes empresas, mesmo em pequena quantidade, também 
conseguem atender ao mercado consumidor. 
 
O tamanho é também importante para se estabelecer uma relação entre essa característica e o 
volume de capital da empresa. Afinal, quanto maior for o volume de capital, maior será o poder 
que a empresa detém. E o que é mais importante: pode indicar se ela tem condições de afetar 
as ações de seus concorrentes, ou seja, controlar o preço do produto do seu concorrente. 
 
Outra dimensão ou característica que ajuda a definir a estrutura de mercado é o tipo de produto 
- se o produto é homogêneo ou de um tipo exclusivo, se todos os produtores daquela espécie 
produzem um produto idêntico, nesse caso, a única diferença que o consumidor poderá 
observar entre as opções existentes é com relação ao preço. A empresa mais eficiente, que 
tem condições de produzir com o menor custo, será a que manterá um menor preço, sendo a 
da preferência dos consumidores. 
 
No caso de o produto ser diferenciado ou heterogêneo, essa diferença que ele apresenta pode 
ser importante o suficiente para que o consumidor aumente sua satisfação e atenda a seu 
desejo, admitindo pagar mais por essa maior satisfação. Quando esse for o caso, o consumidor 
não estará preocupado em comparar o preço do produto. Sendo assim, esse preço deixará de 
ser a arma principal da concorrência entre os produtores. 
 
 
 
Exemplode produto homogêneo pode ser o aço plano ou o cimento do tipo Portland. Já os 
sabonetes podem ter vários perfumes, com algum consumidor disposto a pagar mais caro por 
um sabonete com odor de rosas; os carros podem ter vários modelos; os sapatos podem ser 
direcionados às mulheres ou aos homens, serem sociais ou esportivos etc. 
 
Uma terceira característica é a facilidade de acesso ao mercado ou a existência de barreiras no 
mercado - se a entrada de novas empresas é difícil ou impedida, o número delas fica reduzido, 
o que levará provavelmente essas empresas a assumir um tamanho maior. 
 
A liberdade de entrar ou de sair do mercado, a que chamamos de livre mobilidade, é outra 
característica importante a ser observada. Há setores que necessitam de tanto capital para que 
uma nova empresa se estabeleça que poucos terão condições de montar uma fábrica para 
começar a produzir. É o caso do setor de produção siderúrgica. Da mesma forma, se o 
mercado for mais concentrado (com número pequeno de grandes empresas), não será apenas 
a entrada que se tornará difícil. A própria saída de uma empresa que não esteja satisfeita no 
setor será muito dificultada. 
 
Esse foi um caso muito discutido quando ocorreram algumas importantes privatizações, em 
especial a da Vale. Naquela época, muitos alegavam que poucas empresas de capital nacional 
teriam os recursos necessários para adquirir a mineradora. Daí a dificuldade de vender a 
estatal, evitando que caísse nas mãos de empresas de capital estrangeiro. 
 
As características específicas da estrutura de concorrência perfeita 
 
A estrutura de mercado da concorrência perfeita é aquela que apresenta um número muito 
grande de empresas, mas todas tão pequenas que poderiam consideradas insignificantes. Por 
tamanho de mercado, você deve entender que as parcelas de mercado às quais cada empresa 
tem a responsabilidade de atender são tão pequenas ou insignificantes que o comportamento 
de qualquer empresa será desprezível para afetar o mercado. 
 
Assim, se uma empresa fizesse o esforço descomunal de dobrar sua capacidade de produção, 
isso representaria um acréscimo de pouco menos de 1% no mercado. 
 
Por serem pequenas e em grande quantidade, apresentam uma característica atomizada para 
atender a toda a demanda. 
 
Para poder funcionar e gerar os resultados esperados, além da hipótese da existência de 
milhares (número) de pequenas empresas (tamanho), há também outras que devem ser 
atendidas. São elas: 
• Produtos homogêneos - permitir que o preço seja o único instrumento que cada produtor 
poderá usar para conquistar a preferência dos consumidores. Racional, o consumidor 
comprará o produto mais barato. A justificativa para essa condição é que, uma vez que o 
consumidor é tido como um ser racional, apenas se os produtos fossem todos exatamente 
idênticos, ele optaria pelo produto mais barato. E só nesse caso os produtores teriam a 
preocupação de precisar ser sempre mais eficientes. 
No caso de produtos com características distintas, aquele que tivesse mais características e, 
por esse motivo, atendesse a uma variedade maior de necessidades, poderia ter um preço 
muito superior a outro produto mais simples. 
 
Vale assinalar que, ao analisar o preço de produtos nos mercados sujeitos à estrutura da 
concorrência perfeita, não se leva em consideração os chamados custos de transporte, como 
se tais custos não tornassem os produtos mais difíceis de serem acessados e adquiridos pelos 
consumidores. 
 
E é justamente essa questão da distância, da localização, dos custos do transporte que, muitas 
vezes, explica por que os bares ou restaurantes, existentes aos milhares em nossa cidade, não 
são concorrência pura, não devendo todos trabalhar sob as hipóteses e condições dessa 
estrutura. E isso vale para qualquer atividade que envolva um tipo de diferença a que o 
consumidor dê importância, relativa ao produto que esteja desejando adquirir. Por exemplo, o 
dono mais simpático de um bar, uma cerveja mais gelada, um estabelecimento mais próximo 
de sua casa. 
• Livre mobilidade - não há impedimentos de qualquer ordem à entrada de novos produtores, o 
que assegura a grande quantidade de empresas no ramo. A entrada também não é impedida 
por exigências de capital vultoso. 
Quanto à saída, não há impedimentos para que o produtor possa vender suas instalações. Não 
há perdas importantes de recursos ao se tentar sair do setor. 
• Transparência de mercado - supõe-se que todos os agentes que participam do mercado têm 
informação plena dos produtos, capacidade de atender às necessidades, custos, preços, 
métodos de produção e fontes de suprimento de insumos. 
As consequências de tais características podem ser analisadas no curto ou no longo prazo. No 
curto, o produtor assume a condição de ser um tomador de preços. 
 
Isso significa que ele assume que não tem tamanho nem importância para impor sua vontade 
ao mercado. Dessa forma, ou trabalha ao preço vigente ou será aniquilado pela concorrência 
caso queira aumentar o seu preço. 
 
Se optar por reduzi-lo, na tentativa de roubar clientes dos concorrentes, não terá êxito. Seu 
único ganho será o de criar filas de clientes diante de sua porta. Tão logo venda todo o seu 
estoque de pequena dimensão, dado o seu pequeno tamanho, verá a fila desfazer-se e os 
clientes irem comprar o produto mais caro em outros estabelecimentos. 
 
Assim, não podendo cobrar outro preço, a curva de demanda individual por seu produto não 
poderá ter a inclinação tradicional, de relação negativa entre o preço e a quantidade. Sua curva 
de demanda será uma curva plana e paralela ao eixo horizontal, das quantidades, traçada em 
uma altura determinada pelo nível do preço de mercado. 
 
Como no momento em que tentar aumentar sua produção irão incorrer custos adicionais, 
também chamados de custos marginais, e sabendo-se que tais custos são crescentes, será 
decidido produzir até o ponto em que sua curva de Custo Marginal (CMg) interceptar sua curva 
de demanda, ou receita marginal. O gráfico a seguir ilustra essa decisão. 
Já que a curva de demanda é também a curva de receita marginal, que indica quanto o 
empresário irá obter por unidade vendida, esse valor é exatamente o preço pelo qual o bem 
será vendido. 
 
GRÁFICO 1 - Maximização de lucros de uma empresa em concorrência perfeita e 
definição da quantidade a produzir 
 
 
Fonte: LOPES; FEITOSA, 2014, p. 61. 
 
Nesse ponto, estará sendo maximizado o lucro da firma, chamado de lucro extraordinário ou 
lucro econômico puro. Como o gráfico ilustra, o montante de lucro extraordinário que recebe é 
equivalente ao retângulo, que tem como base a distância do preço p* até o ponto em que 
RMg=CMg e, como altura, a distância de p* até o CMe (que significa custo médio). 
 
Em função da existência da característica de transparência do mercado, ao gerar lucros 
extraordinários, essa informação se espalhará, atraindo outros empresários que desejarão 
entrar naquele setor. Ao investirem, estarão ampliando a capacidade de produção daquele 
bem, o que demanda certo período de tempo. 
 
Logo, a análise de novos entrantes no mercado remete-nos à análise de longo prazo, 
caracterizada pelo fato de que todos os fatores de produção podem variar sua quantidade 
desde a mão de obra até o volume de equipamentos. 
 
O longo prazo também proporciona a possibilidade de crescimento de uma firma já instalada, 
que poderá se expandir para aproveitar das economias de tamanho ou das economias de 
escala. 
 
 
 
 
 
Essas economias podem ser ilustradas por um exemplo simples: suponha que você é dono de 
uma livraria e que deve fazer encomendas para abastecer a loja para o Natal. Ela é pequena, 
com capacidade limitada de estocagem e talvez, por isso, sua carga poderá não compensar o 
custo do frete de um caminhão. Se esse for o caso, o seu gasto com o transporte será o 
equivalente ao caminhão cheio, embora a sua carga ocupe apenas uma parte da capacidade. 
Isso iria onerar muito os seus custos para oferecer

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