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RESUMO - DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

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DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Aula 1
Didática: Arte de ensinar
Exige deles as estratégias necessárias para obter diferentes obras-primas.
Em 1980, as camadas populares não permaneciam nas escolas públicas brasileiras; por isso, os estudiosos passaram a discutir a formação de uma consciência crítica nos professores do Brasil para que seu ensino pudesse atender aos interesses das classes mais baixas.
Obra A pedagogia dos conflitos sociais , Oder José dos Santos. Base teórica feita em 2006 sobre uma pedagogia de sistematização coletiva do conhecimento.
O principal objetivo é a ação prática, material e social que determina o processo de ensino, alterando a forma de um professor agir, pensar e sentir a situação escolar.
Para ensinar bem, precisa refletir sobre o assunto e vivenciar.
Houve alterações em Organização das escolas, cursos de formação de professores, produções acadêmicas e práticas pedagógicas.
(1985-1988) Dimensão política do ato pedagógico:
Professores desejam participar ativamente do processo de aprendizagem, colocando-se em posição ativa. Isso tem um caráter eminentemente político.
(1989-1993) Organização do trabalho na escola:
Os professores alteraram as relações sociais estabelecidas, não pode ser mais o controlador, o especialista passa a produzir trabalhos coletivos com os professores. Criando novos caminhos para o saber.
(1994-2000) Produção e sistematização coletiva de conhecimento:
O aluno não é uma folha de papel em branco, sem nada escrito: ele representa um livro iniciado que, mesmo não estando finalizado, terá continuidade na sua história – e suas experiencias serão considerados nesse processo de escrita.
(desde 2001) Aprender a aprender:
O educando precisa ser estimulado a buscar o conhecimento por conta própria, aprendendo a construí-lo.
AULA 2
A didática tem a finalidade de estabelecer métodos e técnicas para o ensino.
Quem é o professor?
Perguntar quem é o professor demonstra uma busca pela identidade docente, algo por si só bastante complexo. A identidade é construída a partir da história de vida de cada um: experiências, valores, saberes etc. Portanto, a de um professor está associada a seu modo de ser e agir, estando vinculada ao seu conhecimento, às suas inquietações e às escolhas feitas no ato de ensinar.
O papel do professor mudou, migrando da perspectiva de um mero tecnólogo para a de um agente social. A quem interessa um tecnólogo que apenas reproduz conhecimentos? Questões do tipo ainda são importantes atualmente; por isso, elas devem compor o presente da vida profissional dedicada ao magistério e nortear o futuro de suas práticas pedagógicas.
Sua formação como agente social pauta-se em uma educação crítica e emancipadora. Ele deve ser um questionador diante da sociedade, formando cidadãos críticos para que haja uma transformação do meio social em que eles estão inseridos.
A escola não está alheia a tudo que acontece na sociedade. A escola não é considerada um espaço atrativo para os alunos, pois sua metodologia não acompanha a evolução dos tempos, tornando-se algo desinteressante e desestimulante para eles. O próprio ritmo intenso da contemporaneidade determina que as mudanças registradas a cada geração serão cada vez maiores.
Por isso, uma didática que já serviu no passado não é tão efetiva ou interessante para as pessoas que vivem na sociedade pós-moderna. Pesquisadores estudam o comportamento desta geração de estudantes para oferecer aos jovens algo que se torne prazeroso e não maçante, como é visto o próprio ensino formal.
Em tempos de inclusão, lutas de minorias e valorização cultural, a escola recebe uma diversidade de alunos, cada um com a sua característica. É preciso entender que todos têm direito à educação, proporcionando-lhes um ambiente acolhedor e de aprendizagem.
Uma educação inclusiva contempla alunos com deficiência, transtornos ou altas habilidades, inserindo-os na rede regular de ensino e possibilitando-lhes o desenvolvimento pleno de suas habilidades
Alunos com deficiência podem usufruir de uma escola que atenda às suas necessidades educativas, enquanto as demais crianças têm a oportunidade de conviver com essas diferenças de forma natural, criando empatia e respeito.
AULA 3
Currículo
Arroyo (2013, p. 13) afirma que um currículo “é o núcleo e o espaço central mais estruturante da função da escola”.  Por esse motivo, ele é considerado um território em disputa, já que se trata do componente da educação mais: Rodeado, Institucionalizado, Politizado e Renovado.
Constantemente em avaliação, um currículo enfatiza a centralidade política nacional e internacional. Afinal, ele não se restringe a uma mera disputa da comunidade escolar. Arroyo diz: "Primeiro: O campo do conhecimento se tornou mais dinâmico, mais complexo e mais disputado. Não estamos apenas em uma cultuada sociedade do conhecimento, mas em uma acirrada disputa pelo conhecimento, pela ciência e tecnologia... O campo do conhecimento e da ciência repolitizado.
Segundo: A produção e apropriação do conhecimento sempre entrou nas disputas das relações sociais e políticas de dominação-subordinação."
Os próprios profissionais devem debater sobre o currículo.
O terceiro indicador apresentado por Arroyo (2013, p. 15) é “a estreita relação entre currículo e trabalho docente”. Entre suas funções, destacam-se as seguintes: Controlar o trabalho do professor, formar profissionais que sigam o currículo estabelecido e avaliar a aplicação dele no processo de ensino-aprendizagem.
O quarto indicador, por sua vez, mostra que “essas centralidades históricas do currículo vêm tornando-o um território que concentra as disputas políticas: da sociedade, do Estado e de suas instituições, como também de suas políticas e diretrizes”.
Formação do currículo
Existe um modelo a ser seguido, uma orientação instituída. Porém, o professor deve ser reinventar trabalha com projetos, contemplando sua realidade mais de perto e estabelecendo outro currículo de forma prática.
Buscando autonomia para desenvolver uma proposta que realmente atenda à realidade escolar.
Portanto, os educadores e os educandos devem ser protagonistas da formação do currículo.
O aluno possui sua história e carências que lhe são próprias; por conta disso, ele precisa ser contemplado como um ser humano – e não como um consumidor. Essa disputa territorial que envolve o currículo torna-o, muitas vezes, engessado, funcionando como um item a ser apenas reproduzido.
Organização do currículo
Segundo Silva (2010, p. 21), a palavra curriculum está ligada a organização e método, só passando a ser usada “em países europeus como França, Alemanha, Espanha, Portugal muito recentemente, sob influência da literatura educacional americana”.
Silva (2010) salienta que as teorias tradicionais estão voltadas para o intelecto e o conhecimento, valorizando um conteúdo muitas vezes descontextualizado. Afinal, o ensino acaba sendo algo autoritário, pois inibe a participação do aluno em detrimento da disciplina.
CENTRALIZADOR: O modelo educacional é centrado no professor, que domina os conteúdos e repassa seu conhecimento. Sua preocupação é apenas com o resultado, não com os processos de aprendizagem. Na teoria tradicional, o aluno é visto como um sujeito passivo, recebendo conhecimentos por meio dos conteúdos ministrados pelo professor, que é o detentor do saber e realiza avaliações meramente quantitativas. A função da escola é e realizar a preparação moral e intelectual dos indivíduos.
INTERATIVO: Seus conteúdos estão relacionados à realidade social; por isso, a avaliação é uma forma de obter informações sobre o desenvolvimento da prática pedagógica, tornando possível reformular e intervir nos próprios processos de aprendizagem. Nesta proposta, o aluno é um sujeito ativo e tem uma relação interativa com o professor.
DISCURSIVO: Já a teoria pós-crítica está inserida no contexto da pós-modernidade. Por não ser unificada, ela abrange diversos campos políticos, estéticos e epistemológicos, representando um conjunto variado de perspectivas ao privilegiar o hibridismo culturale de estilos de vida. Além disso, ela evoca a ideia de mudança de paradigma, superando verdades absolutas e desconstruindo os conceitos binários apresentados pelas teorias tradicionais. Segundo Silva (2010), na teoria pós-crítica, o currículo é pautado pelo discurso, pois a realidade está baseada nas representações discursivas.
Território em disputa:
Apesar de muito importante nos processos educacionais, o currículo é um território de disputa e relação de poder. Ele reproduz o modelo social de acordo com a classe dominante; por isso, os profissionais da educação se posicionam contra propostas curriculares hegemônicas que estejam distantes da realidade. O currículo foi apresentado como um território em disputa, pois ele não se limita à organização de conteúdo para estudo nem deve servir a outros interesses como um instrumento de dominação, promovendo uma desigualdade.
Construção na educação brasileira:
O currículo brasileiro tem uma influência americana que já foi analisada em vários estudos, diversas reformas com tendências progressistas foram organizadas no Brasil na tentativa de implementar o ideário da Escola Nova, que também foi chamada de Escola Ativa ou Progressista. Surgido no fim do século XIX, este movimento tinha o intuito de renovar o ensino.	
Ao lado da tradição clássica e do tecnicismo, essa tendência instituiu a base teórica dos primeiros cursos com currículo. Segundo Moreira (2011), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Pabae foram as primeiras organizações encarregadas de preparar os especialistas em currículo no Brasil. A preparação dos especialistas no assunto buscava controlar a elaboração e a implementação de currículos, harmonizando-os em relação aos contextos socioeconômico e político do país.
As teorias tradicionais têm o foco voltado para a concepção pedagógica de ensino e aprendizagem. Valorizam um conteúdo muitas vezes descontextualizado e um ensino autoritário que preza pela disciplina, inibindo a participação do aluno. Seu modelo educacional é centrado no professor, não se preocupando com os processos de aprendizagem, e sim com o resultado. As críticas valem-se dos conceitos de ideologia e poder, mudando a maneira de ver a educação. A escola é um espaço socializador de conhecimentos e saberes, e seus conteúdos estão relacionados à realidade social. A avaliação, por sua vez, tem o objetivo de reformular e intervir nos processos de aprendizagem. Afinal, o aluno é um sujeito ativo que interage com o professor. Já as pós-críticas alteram essa concepção novamente, enfatizando o discurso e trazendo novas concepções em relação ao currículo. Elas privilegiam o hibridismo cultural e o de estilos de vida, desconstruindo os conceitos binários das teorias tradicionais. O currículo passa a pautado pelo discurso.
AULA 4
Apresentação
Afinal, enfatizar apenas uma cultura em uma sociedade multicultural é promover o distanciamento dos grupos. Conviver com o outro gera crescimento para todos que vivenciam essa coexistência cultural. Dessa forma, reconheceremos a diversidade, refletindo sobre um currículo que contemple as diferenças no meio escolar. Para isso, conheceremos o contexto da escola e o seu público.
Estruturas de poder no ensino
Em 1997, o MEC publicou os Parâmetros Curriculares Nacionais, demonstrando sua preocupação com as diferenças culturais existentes na escola.
Comentário
Com o passar dos tempos, criou-se uma escola para eles distinta da destinada à elite, mas, com a evolução da indústria, surgiu a necessidade de uma mão de obra especializada. Assim, a escola passou a ser um espaço comum. Mesmo que os mais pobres tenham acesso à escola, a desigualdade ainda se perpetua. A escola é uma instituição da sociedade.
Michaliszyn considera que «a escola reproduz os interesses e os valores da sociedade. » Por isso, Michaliszyn ressalta que «desejamos uma escola comprometida com a mudança social e a transformação de estruturas sociais injustas e desumanas em modelos em que a igualdade e a justiça social se façam presentes. » Almejando uma escola comprometida com as diferenças, as mudanças e a transformação de estruturas injustas, poderemos oferecer a todos os educandos as mesmas oportunidades. A nossa sociedade é plural, bela e rica – e essa riqueza precisa ser respeitada e divulgada, desconstruindo, assim, um preconceito já enraizado por séculos. Os conhecimentos e as vivências das crianças menos favorecidas não são considerados, assim como a sua cultura. Todos precisam se encaixar em um padrão: aqueles que não se adequam ao modelo ficam à margem. Neste grupo, são enquadrados não apenas os pobres e as minorias, mas as pessoas com deficiência, que, em muitos casos, costumavam ter o direito à educação negado.
Pluralismo cultural
O conceito de pluralismo é aplicado em vários setores da sociedade, mostrando, assim, a coexistência das diferenças. Ao olhar para a nossa história, percebemos essa situação em muitos momentos. Na sociedade atual, é possível detectar a falta de tolerância em diferentes âmbitos. O nosso egoísmo, em muitas ocasiões, não nos permite enxergar a beleza da pluralidade social.
Com tantos pensamentos diferentes, acabamos vivenciando culturas distintas. Para Freitas, «a cultura pode ser entendida como o conjunto de valores, regras e princípios, o jeito de ser, o modo de vida de um povo». O homem é tanto um produtor da cultura quanto é produzido por ela, a partir do nascimento, ele é inserido em um grupo social no qual irá:
1- Aprender uma língua, 2- estabelecer a comunicação, 3- participar de uma cultura.
A escola é um espaço em que é possível contemplar as diferenças. É nela que as crianças têm a oportunidade de conviver com o outro, com o diferente, aprendendo o respeito e a tolerância.
Considerações Finais
O intercâmbio cultural enriquece os povos, pois lhes possibilita conviver com as diferenças do outro, propiciando empatia e gerando respeito. Você futuramente irá se deparar com a diversidade cultural na escola. elaborando um currículo e estratégias de ensino que contemplem suas singularidades. As pessoas surdas possuem uma língua e uma cultura que devem ser difundidas, possibilitando um intercâmbio cultural entre elas e os outros. A escola é um espaço em que é possível contemplar as diferenças. É nela que as crianças têm a oportunidade de conviver com o outro, com o diferente, aprendendo o respeito e a tolerância.
AULA 5
Educação de surdos
Um dos fatores primordiais da didática é o planejamento, o professor prepara suas aulas, define os objetivos e a metodologia que será empregada e faz uma avaliação para saber se a meta foi alcançada, se houve aprendizagem.
Conhecer a realidade dos alunos é fundamental para que a aula obtenha o êxito esperado, ou seja, alcance os objetivos traçados. Os alunos fazem parte de uma comunidade social, estão inseridos em um contexto, conhecer a realidade do educando é fundamental para o educador, isso influencia em suas escolhas didáticas.
Devemos considerar que os surdos não representam um grupo homogêneo. Há diferenças entre eles, tanto é que Perlin (1998) apresentou sete tipos diferentes de identidades surdas possíveis. Assim podemos compreender que há uma diversidade em meio às pessoas surdas, mas uma característica que podemos considerar comum entre esses grupos é a visualidade. Todos possuem ausência de audição e seu aprendizado deve acontecer de forma visual.
(História da educação dos surdos na aula 5)
Filosofias educacionais no Brasil. 
(Método Oral, Comunicação total e Bilinguismo)
Essas filosofias educacionais também se fazem presentes no Brasil, pois o INES, Instituto Nacional de Educação de Surdos, seguiu as mesmas tendências. Inicialmente, a língua de sinais era livremente usada na educação dos alunos surdos, mas, com o movimento mundial a favor do Oralismo, o Instituto também seguiu essa orientação, proibindo a comunicação por meio dos sinais. 
Na década de 70, a Comunicação Total chegou ao Brasil, em um processo bimodal, que utilizava a língua oral e os sinais, com intuitode diminuir as barreiras comunicativas. Essa filosofia visa criar recursos para facilitar a comunicação, não considerando o fato de a língua de sinais ser uma língua natural.
Esse processo foi importante para introduzir o Bilinguismo, que ganhou força com as pesquisas sobre a Língua de Sinais Brasileira, na década de 80. Na filosofia educacional Bilíngue, a língua de sinais é vista como língua natural, deve ser adquirida como primeira língua, e a língua oficial do país, como segunda. No caso do Brasil, a Libras é a primeira língua e o Português, a segunda.
Educação bilíngue e inclusão
Após o período de exclusão, segregação e integração, vivemos o tempo da inclusão. A política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva garante o acesso de todos os alunos à escola regular, mesmo aqueles que possuem alguma deficiência, evitando assim qualquer discriminação.
Falar em inclusão de surdos sem considerar sua diferença cultural e linguística é promover mais uma vez a exclusão no ambiente escolar. Os surdos têm o direito à uma educação bilíngue e a escola inclusiva, na maioria das vezes, não propicia isso. Muitas vezes, a escola inclusiva isola os sujeitos surdos, em vez de agrupá-los para seu desenvolvimento linguístico, possibilitando apenas a integração. Pensar em escola inclusiva para surdos é prezar uma escola bilíngue, onde a Libras é a língua de instrução e o Português, a segunda língua.
AULA 6
Uma escola inclusiva para os surdos tem que ser uma escola bilíngue. A comunidade surda reivindicou e conquistou esse direito no Plano Nacional de Educação, em 2014. Uma escola inclusiva nem sempre é uma escola bilíngue, mas uma escola bilíngue é inclusiva. A educação de surdos tem uma particularidade que a diferencia da educação especial de um modo geral, pois estamos nos atendo a um grupo linguístico e cultural. Se a língua natural dos surdos, a Libras, não for incluída no ambiente escolar, a inclusão não acontece. A Libras não é apenas uma ferramenta educacional, é uma língua e os usuários desta língua precisam se desenvolver linguisticamente para que aprendam os conteúdos escolares.
Percebe-se a dificuldade que a maioria dos surdos têm com a Língua Portuguesa. Na maioria das vezes o fracasso é atribuído ao aluno, à surdez, enquanto na verdade esse fracasso está nas metodologias de ensino empregadas nas escolas. Os surdos aprendem o Português como segunda língua e sua forma de aprendizado é visual, diferente dos educandos ouvintes.
Perceber a surdez como diferença possibilita ver os surdos como sujeitos linguísticos e culturais. Dessa forma, compreenderemos a importância da língua de sinais na formação desses sujeitos. Enquanto a Libras for vista apenas como ferramenta, dispensável para o Oralismo ou útil para a Comunicação Total, não nos aproximaremos da real necessidade linguística dos surdos.
Pedagogia visual
Campello (2008) aborda essa questão da visualidade dos surdos, de sua percepção visual compreendida em signos visuais. Destaca a importância da imagem, da descrição de uma imagem para a compreensão de assuntos abordados em uma língua visual. A autora nomeia como Descrição Imagética, o que outrora foi designado classificador.
Elaborar estratégias didáticas centradas no visual, com o uso da língua de sinais é um caminho que aponta para o sucesso no ensino-aprendizagem dos educandos surdos.
Para formar cidadãos conscientes de seus direitos e bilíngues de fato, as estratégias educacionais precisam vir de encontro às necessidades educativas desses sujeitos. Um destaque para a visualidade, o jeito surdo de aprender, por meio da visão. A importância da imagem no contexto educacional, desenvolvendo uma didática visual.
AULA 7
Princípios da semiótica
No dicionário, encontramos a seguinte definição: semiótica é a ciência que analisa todos os sistemas de comunicação presentes numa sociedade. Santaella (2019) ressalta que a semiótica “estuda todos os tipos de linguagens ― verbais, sonoras e visuais ―, em todas as suas variedades e em todas as suas misturas”. Esse assunto nos interessa, pois estuda todos os tipos de linguagens e todos os sistemas de comunicação. Aqui trataremos da linguagem visual.
Importa ressaltar que na Língua Portuguesa podemos diferenciar língua de linguagem. A língua corresponde ao sistema linguístico falado por um determinado povo, oral ou visual, e é estudada pela linguística. A linguagem representa todas as formas de comunicação: música, dança, arte, imagens etc., e é estudada pela semiótica.
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Cultura visual
Para falar sobre cultura visual precisamos compreender o que é abordado nesse processo cultural. A cultura está relacionada a hábitos e costumes de um povo, logo, a cultura visual se relaciona com os hábitos e costumes visuais, entendendo os aspectos visuais como fonte de transmissão cultural e de entendimento de mundo. A cultura visual se relaciona com os estudos culturais. Compreender a cultura visual e seus significados pode beneficiar a educação, promovendo um ensino pautado na visualidade. Servio (2014) traz à discussão os conceitos de visualidade e visão, proposto por Foster (1988). O visual está dividido em dois planos diferentes, mas que não atuam separadamente: “a visão ― trata da percepção como operação física, trata de seus mecanismos e dados; e visualidade trata da percepção como fato social, suas técnicas históricas e determinações discursivas”. A primeira tem como foco a parte biológica da experiência visual, corpo e psique, enquanto a segunda destaca o elemento cultural, o que é aprendido social e historicamente.
O fato é que a visão e o aprendizado por meio dela é muito maior do que apenas pelo que se ouve, isso porque estamos falando de pessoas ouvintes, que podem aprender das duas formas, usando os dois sentidos. Mesmo para as pessoas capazes de ouvir, a visão é fundamental na aprendizagem, portanto deve ser algo bem trabalhado para que o conhecimento seja construído.
A didática na educação de surdos deve estar pautada na visualidade, utilizando a língua de sinais para o aprendizado de todos os conteúdos escolares e usando recursos visuais para o ensino da segunda língua. Elaborar estratégias e materiais que contemplem a visualidade dos educandos surdos.
AULA 8
A didática e o bilinguismo
Princípio da hegemonia:
Quando se fala em didática cultural, compreende-se a importância da cultura no processo de ensino aprendizagem, valoriza-se e respeita a diversidade. Quando se apresenta uma única maneira de ensinar para todos, grupos distintos são colocados de lado, pois torna-se necessário que estes se adequem à maioria, e caso isso não aconteça, são considerados incapazes. É o princípio da hegemonia.
Vivência hegemônica dos surdos:
Os surdos têm em sua história vivências hegemônicas, em que a cultura majoritária foi imposta, na tentativa de homogeneizar a sociedade, desconsiderando as diferenças. A didática usada no ensino dos alunos surdos era, e muitas vezes ainda é, a mesma usada para os ouvintes. Reproduz-se o modelo, com apenas algumas adaptações.
Tentativas desastrosas na educação dos surdos:
A tentativa de educar os surdos nos mesmos padrões dos ouvintes não teve resultados satisfatórios e a maioria não conseguiu aprender a segunda língua, o Português escrito. Até mesmo os conteúdos escolares ficaram aquém de sua capacidade. Por isso, precisamos refletir na importância de se estabelecer uma didática que contemple a visualidade dos educandos surdos.
Pouca produção relacionada à pedagogia visual para surdos:
É necessário ampliar as pesquisas para desenvolver uma didática cultural que se fundamente na visualidade dos sujeitos surdos. Por meio da língua de sinais, os surdos podem se desenvolver de forma plena, sendo produtivos e autossuficientes. Campello (2007) destaca a importância da língua e a necessidade da aquisição da linguagem.
Aprendizado da segunda língua.
A aquisição de uma língua natural é fundamental para a comunicação humana e por meio dela somos capazes de aprender outras línguas. Se não tivermos uma língua estruturada, o aprendizadode uma outra fica deficiente. É o que acontece muitas vezes com os surdos, o atraso na aquisição da língua de sinais prejudica o aprendizado da segunda língua, ou seja, da língua oficial do país na modalidade escrita. Adquirem a Língua de Sinais com os pais e a língua oral com os familiares ouvintes.
Por uma questão física, ou seja, por não ouvir, a exposição à língua oral não acontece, sendo que o seu aprendizado deve acontecer de forma sistemática. Há barreiras que impedem a aquisição da língua oral, mas a modalidade escrita dessa língua é possível, por se tratar de uma forma visual da língua. Ter a L1 estruturada é fundamental para o aprendizado da L2, a criança surda muitas vezes fica prejudicada por ter acesso tardio à sua língua natural, a fluência no L1 possibilita maior aprendizado da L2. Como os surdos são visuais, o aprendizado da segunda língua também deverá ser visual e a maioria dos professores estão habituados a usar os sons no processo de ensino da língua oral.
Diferente dos ouvintes que estão aprendendo a escrever sua primeira língua, os surdos estão aprendendo a escrita de uma segunda língua, portanto o ensino e a aprendizagem acontecem de forma diferente para cada grupo. Muitas vezes, de forma equivocada, pensamos que ao ensinar o Português para os surdos estamos ensinando uma língua estrangeira e isso não é verdade, pois estamos ensinando uma língua nacional. Uma língua que faz parte do dia a dia dos educandos, com muito acesso a textos escritos, por isso trata-se de ensino de segunda língua. A visualidade faz parte da cultura surda e é fundamental no aprendizado.
O bilinguismo é uma proposta de ensino defendida pela comunidade surda, pois tem como objetivo tornar acessível duas línguas no contexto escolar. Considerando para os surdos a língua de sinais como L1 e a língua portuguesa escrita como L2. Muitas vezes vemos escolas ditas bilíngues apenas no nome, mas as ações não apresentam essa proposta.
AULA 9
Libras como L1 e L2
Por séculos, foi negado aos surdos o direito de usar a língua de sinais e aprender por meio dela, estudá-la de forma sistemática estava fora de cogitação. Ao pensar no ensino de Libras como L1, é preciso considerar as diferentes identidades surdas, lembrar que os surdos não representam um grupo homogêneo. Há diferentes maneiras de aprender e diversas formas de ensinar, pois o ensino e a aprendizagem estão interligados.
Assim como as crianças ouvintes estudam a Língua portuguesa de forma sistemática, os surdos também têm o direito de estudar a Libras, conhecer sua estrutura e gramática. Mas como esse ensino acontece? Muitas vezes faltam profissionais capacitados para essa função, os cursos de formação de professores de Libras são recentes e os que estão no mercado não conseguem atender a demanda.
A maioria dos surdos tem uma aquisição tardia da Libras, por isso ficam prejudicados em seu desenvolvimento linguístico. Essa aquisição tardia ainda ocorre pelos equívocos do passado e pelos mitos criados mediante a concepção que se tem da surdez e das metodologias empregadas na educação de surdos. Em uma proposta bilíngue, os sujeitos surdos passam pela aquisição da língua de sinais de forma natural, desde que expostos a ela, passando a estudá-la de forma sistemática.
Cada indivíduo tem o direito de ser alfabetizado em sua língua materna e aprender a escrevê-la. As crianças ouvintes brasileiras adquirem a Língua portuguesa por ouvi-la, por estar em contato. Quando essas crianças vão para a escola, passam por um processo de letramento, aprendem a escrever a língua que falam e, por meio dessa língua, adquirem os conteúdos escolares e constroem seu conhecimento.
Os surdos nem sempre fazem esse percurso. Muitas vezes demoram a ser expostos à sua língua natural, atrasando a aquisição. Quando vão para a escola, ainda não possuem uma língua internalizada, salvo os que têm pais surdos e os que as famílias propiciam esse acesso desde cedo, mas representam uma minoria.
SIGNWRITING
As crianças ouvintes aprendem a escrever sua língua e as crianças surdas estudam a escrita de uma segunda língua. Por que não usar a escrita de sinais no processo de alfabetização e letramento das crianças surdas? O SignWriting é um dos sistemas de escrita da língua de sinais, criado em 1974 por Valerie Sutton. O SignWriting é usado em mais de 35 países e pode registrar qualquer língua de sinais sem passar pela língua oral. Desde seu início até hoje, a escrita de sinais evoluiu, assim como acontece com a escrita das línguas orais.
As histórias infantis são recursos visuais importantes no ensino da Libras, a criança aprende a literatura e a língua de forma lúdica e visual. O importante é que haja contato entre a criança surda e o adulto surdo para a aquisição linguística e formação da identidade.
Albres e Saruta (2012) propõem um currículo para o ensino de Libras, organizado em “três eixos de formação: 1) uso dos gêneros da linguagem face a face, 2) análise linguística das línguas de sinais e 3) aspectos sociais em uma perspectiva bilíngue”. Consideram o bilinguismo aditivo, onde as duas línguas se apresentam de forma igualitária para o desenvolvimento da criança, facilitando a aquisição da L2. Enquanto no bilinguismo subtrativo a primeira língua é desvalorizada, prejudicando o aprendizado da L2.
Libras como L2 para ouvintes.
Como vivemos em tempos de educação inclusiva, não podemos deixar de salientar a importância do ensino de Libras como segunda língua para os alunos ouvintes. Os surdos precisam conhecer sua língua, sua estrutura e gramática para então aprender a L2, no caso o Português, na modalidade escrita. Os surdos precisam aprender a Língua Portuguesa. E os ouvintes não precisam aprender Libras?
Estamos falando de inclusão e escolas bilíngues. Se a escola é bilíngue, as duas línguas devem ser oferecidas para todos os alunos. Se a escola é inclusiva, o mesmo deve acontecer. Se os alunos ouvintes não aprenderem Libras para se comunicar com os colegas surdos, teremos inclusão? É urgente substituir o discurso inclusivo por realidade.
AULA 10
Português como segunda língua.
Os surdos têm garantido por lei o direito ao aprendizado do Português como segunda língua. O Decreto 5626 de 2005 e a meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE) garantem uma educação bilíngue, sendo a Libras a primeira língua e a Língua Portuguesa, na modalidade escrita, a segunda. (BRASIL, 2014).
Os professores estão habituados a ensinar o Português como primeira língua, baseando-se nos fonemas, na oralidade, o que não torna eficaz o ensino para as crianças surdas.
Mas como se dá o processo de aquisição de L2? Quando tratamos duas modalidades linguísticas diferentes, como a língua de sinais e a língua oral, percebemos as dificuldades enfrentadas tanto pelos surdos quanto pelos ouvintes, por isso é importante saber como ocorre o aprendizado de segunda língua.
Aprendizado de segunda língua:
Distinção entre os termos aquisição e aprendizagem
Mota (2008) discorre sobre a aquisição de segunda língua. Salienta que alguns autores fazem distinção entre os termos aquisição e aprendizagem, considerando a aquisição como um processo natural e inconsciente. A língua é adquirida a partir do momento em que a criança é exposta a ela. Já a aprendizagem ocorre em um contexto instrucional, é um processo consciente de retenção de conhecimento.
Para Mota (2008), essa distinção é questionável, pois envolve a consciência. Como é possível saber se o conhecimento ocorreu de forma consciente ou inconsciente? As duas formas podem estar ligadas e o saber ter sido construído tanto no ambiente natural quanto no formal.
Libras (L1) é assimilada no processo de aquisição
Segundo os autores que fazem essa diferenciação, a Libras, que é a L1 dos surdos, é assimilada em processo de aquisição. Daí a importância de expor as crianças surdas à língua de sinais, proporcionando o contato com surdos adultos fluentes e possibilitando sua aquisição linguística naturalmente. Não é necessário um ambiente formal de aprendizagem.
Português (L2) necessita de ambienteinstrucional e de metodologias visuais.
Já a Língua Portuguesa, por ser L2 e de modalidade diferente da L1, necessita de um ambiente instrucional e de metodologias visuais. Aprendemos uma segunda língua a partir da língua materna e os surdos aprendem o Português a partir da Libras. Ao contrário do que pensávamos no passado, a língua de sinais é essencial para o aprendizado da língua oral escrita.
Literatura infantil traduzida
Quadros e Schmiedt (2006) ressaltam a importância da literatura infantil e do relato de histórias no aprendizado do Português escrito. As produções espontâneas, muito comuns na cultura surda, e a literatura surda, com traduções de clássicos infantis, adaptações e criações, são essenciais na instrução. No processo de alfabetização, esse material é fundamental, pois “aprender a ler os sinais, dará subsídios às crianças para aprender a ler as palavras escritas na língua portuguesa”. (QUADROS & SCHMIEDT, 2006)
Novas tecnologias como auxílio de produções
Com as novas tecnologias, é possível fazer o registro das produções espontâneas dos alunos e professores, assim como o resgate de histórias passadas por gerações nas associações de surdos. Incentivar produções em Libras, estimular a leitura dos textos visuais, ampliar o conhecimento linguístico na primeira língua para que haja também aprendizado na L2. De acordo com Quadros e Schmiedt (2006): “Os alunos surdos precisam tornar-se leitores na língua de sinais para se tornarem leitores na língua portuguesa”.
Como promover o letramento das crianças surdas? Mesmo tendo como língua natural a língua de sinais, os surdos também estão em contato com a Língua Portuguesa escrita, mas esta não será adquirida naturalmente, precisa ser apendida. Os surdos têm contato com textos escritos em Português, o seu nome, o dos familiares, placas, anúncios, nomes de lojas, escolas, etc. É preciso despertar o interesse do aluno para esse aprendizado, apresentando textos que agucem sua curiosidade.
As crianças precisam se tornar produtoras e leitoras na língua de sinais. Produzir textos sinalizados, contar histórias e compreender a produção de outros por meio da literatura surda. Isso é essencial para o aprendizado de leitura e escrita da segunda língua.
Português como L2 para surdos.
Partindo do ensino de Português como L2, o estímulo à leitura é fundamental para a aquisição da escrita. Quem lê mais, escreve melhor. É essencial estimular a leitura de textos em Português e explorar a visualidade para que os conteúdos sejam assimilados. Discutir o texto em língua de sinais, conversar sobre o assunto, deixar que os alunos discorram sobre o tema, tornando interessante o aprendizado e despertando o interesse na produção da escrita.
No contexto do aluno surdo a leitura passa por diferentes níveis:
1-Concreto ― sinal: ler o sinal que refere coisas concretas, diretamente relacionadas com a criança.
2-Desenho ― sinal: ler o sinal associado com o desenho que pode representar o objeto em si ou a forma da ação representada por meio do sinal.
3-Desenho ― palavra escrita: ler a palavra representada por meio do desenho relacionada com o objeto em si ou a forma da ação representado por meio do desenho na palavra.
4-Alfabeto manual ― sinal: estabelecer a relação entre o sinal e a palavra no português soletrada por meio do alfabeto manual.
5-Alfabeto manual ― palavra escrita: associar a palavra escrita com o alfabeto manual.
6-Palavra escrita no texto: ler a palavra no texto.
Quadros e Schmiedt (2004) apresentam várias sugestões de atividades para serem usadas no ensino de Português para alunos surdos. No MEC, você encontra materiais que abordam o ensino de Língua Portuguesa para surdos, trazendo orientações nesse processo educacional.

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