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Autora: Profa. Gislaine Stachissini Barros Governança Corporativa de TI Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Professora conteudista: Gislaine Stachissini Barros Mestre em Comunicação pela Universidade Paulista – UNIP (2014‑2015). Possui MBA em Gestão Estratégica em Tecnologia da Informação (2008) e graduada em Ciências da Computação (2003), ambas cursadas nas Faculdades Associadas de São Paulo – Fasp. Atualmente, é professora da UNIP nos cursos presenciais e ensino a distância (EaD). Tem experiência corporativa em empresas como Porto Seguro, Pão de Açúcar, TCESP, entre outras. Professora da UNIP desde 2009, ministrando aulas para graduação, gestão e EaD de Governança de TI, Planejamento Estratégico de TI, Engenharia de Software, Análise e Projeto de Sistema Orientado a Objetos, Desenvolvimento em Ambiente Web, Paradigmas de Linguagem, Lógica, Modelagem de Processos, . Também ministra treinamentos em consultorias na área de tecnologia da informação com enfoque em processos gerenciais e estratégicos. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Z13 Zacariotto, William Antonio Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William Antonio Zacariotto ‑ São Paulo: Editora Sol. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑006/11, ISSN 1517‑9230. 1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título 681.3 ? Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Fabricia Carpinelli Kleber Nascimento de Souza Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Sumário Governança de TI INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 CONCEITOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA .......................................................................................9 1.1 Abordagem teórica sistêmica .......................................................................................................... 10 1.2 Principais diretrizes e estrutura da governança corporativa ............................................. 12 1.3 Estrutura base para a governança ................................................................................................. 16 1.4 Coeficientes do desempenho organizacional ........................................................................... 19 Unidade II 2 MARCO DA GOVERNANÇA CORPORATIVA ........................................................................................... 24 2.1 Evolução da governança na estratégia empresarial .............................................................. 27 2.2 Do corporativo para a TI .................................................................................................................... 29 Unidade III 3 GOVERNANÇA DE TI ....................................................................................................................................... 39 3.1 Conceitos da governança de TI ....................................................................................................... 39 3.2 Gestão de desempenho em TI ......................................................................................................... 43 3.2.1 Como implantar uma gestão de desempenho em TI ............................................................... 45 3.3 Como implementar a Governança de TI ..................................................................................... 46 Unidade IV 4 O MODELO COBIT 5 ........................................................................................................................................ 54 4.1 Visão geral ............................................................................................................................................... 55 4.1.1 Benefícios com sua utilização ........................................................................................................... 57 4.2 Princípios do COBIT 5 ......................................................................................................................... 58 4.2.1 Atender às necessidades das partes interessadas...................................................................... 59 4.2.2 Cobrir a organização de ponta a ponta ......................................................................................... 61 4.2.3 Aplicar um modelo único integrado ............................................................................................... 63 4.2.4 Permitir uma abordagem holística .................................................................................................. 64 4.2.5 Distinguir a governança da gestão ................................................................................................. 66 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade V 5 PROCESSOS DE GOVERNANÇA E GESTÃO DE TI – COBIT 5 ............................................................ 68 5.1 Processos de governança de TI ....................................................................................................... 70 5.1.1 EDM – avaliar, dirigir e monitorar.................................................................................................... 70 5.2 Processos de Gestão de TI ................................................................................................................. 71 5.2.1 APO – alinhar, planejar e organizar ................................................................................................. 72 5.2.2 BAI – construir, adquirir e implementar ........................................................................................ 75 5.2.3 DSS – entregar, reparar e suportar .................................................................................................. 78 5.2.4 MEA – monitorar, avaliar e medir .................................................................................................... 81 Unidade VI 6 IMPLANTAÇÃO DO COBIT 5 ......................................................................................................................... 86 6.1 Premissas necessárias ......................................................................................................................... 86 6.2 Ciclo de vida ........................................................................................................................................... 91 7 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 INTRODUÇÃO O objetivo do curso é fornecer diversos conceitos sobre governança corporativa, seu funcionamento sistematizado equais as principais diretrizes que permeiam toda sua construção. Além desses pontos, também são discutidos temas sobre a estrutura base da governança e como os fatores ligados ao desempenho organizacional interferem positiva e negativamente sobre a organização. Em seus desdobramentos, a governança corporativa se depara com a governança de tecnologia de informação (TI), a qual, por sua vez, implementa os mesmos conceitos nas áreas tecnológicas da organização, porém com ênfase em qualidade, prestação de serviços e transparência. Para a governança de TI existem diversos métodos, frameworks; contudo, para este material, daremos ênfase no que está mais atual e em foco: o modelo COBIT 5. Logo no início serão tratadas as principais definições de governança corporativa, suas características, em uma abordagem que apresenta cada detalhe da construção de sua arquitetura. Além disso, são expressas as diretrizes necessárias para o desenvolvimento coerente de uma base sólida para a governança corporativa. E, fundamentalmente, os fatores do desempenho organizacional que elevam o valor de negócio da organização. A seguir, serão mostrados pontos importantes da governança corporativa, todo seu processo evolutivo e aplicações, bem como a sua evolução dentro do mercado corporativo e a sua influência sobre a criação da governança de TI. Na sequência, serão tratados os aspectos da governança de TI, seus principais conceitos, características importantes e fundamentais, e seu impacto em todas as demais áreas de negócio da organização. Também serão descritos os passos de como realizar a implementação da governança de TI em uma organização. Também será explanada a governança de TI no enfoque do framework COBIT 5, além de todos os contextos da boa governança e suas vertentes pela ótica do COBIT 5. Em continuidade ao sistema do COBIT, serão tratados todos os processos de governança e de gestão de TI utilizando o COBIT 5. Serão analisados todos os processos de governança de TI (EDM) e os de gestão (APO, BAI, DSS e MEA), apresentando e detalhando suas funções. Por fim, será apresentado como opera o processo de implantação do COBIT 5, quais as premissas necessárias para o seu correto funcionamento e como se dá o ciclo de vida, contemplando todas as fases, descrições e questionamentos pertinentes à sua utilização. Com este conteúdo você terá total condição de entender os conceitos e as ferramentas, e poder estruturar bem uma área de governança de TI de uma grande organização. 9 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI Unidade I 1 CONCEITOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA A governança corporativa tem papel fundamental nas organizações, uma vez que ela é responsável pelo relacionamento entre os acionistas e a alta administração da empresa. Com base neste gerenciamento, busca‑se o aumento do valor de mercado para determinada organização. A estrutura da governança corporativa é composta de três pilares fundamentais: acionistas, conselho administrativo e diretoria executiva, com cada um deles exercendo papéis distintos, porém que se complementam e garantem a eficiência da governança. Trataremos de cada um deles com mais profundidade nos próximos tópicos. Para o bom funcionamento desta tríade, faz se necessário o estabelecimento de regras e institucionalização dos poderes a serem exercidos pelo conselho administrativo. A governança corporativa tem como alvo o incremento de valor de mercado das organizações. Para isso, ela se apoia em um conjunto de regras, diretrizes, procedimentos e tarefas que são estabelecidos pelos acionistas para serem desempenhados pela alta direção da organização. Companhias com padrões técnicos e fatores éticos bem definidos e estruturados têm maior valor no mercado corporativo. É importante ressaltar que, para uma boa governança, a separação das gestões operacional, corporativa e estratégica se faz necessária para que os seus monitoramentos sejam direcionados, avaliados e ajustados na sua especificidade. Por exemplo: a gestão operacional não cria valores significativos, porém se sua coordenação não for apropriada, direcionada à qualidade e estruturada em padrões predefinidos, ela apresentará impactos negativos no valor de mercado da organização como um todo. Vale analisar que se uma empresa não produz o esperado, não faz qualidade, nem nos formatos predefinidos, isto gera produtos/serviços de baixo valor no que se referem à qualidade, prazos e padrões. Empresas que não separam devidamente as funções operacionais das funções estratégicas, de um modo geral, tendem à depreciação de seu valor de mercado por não centrar suas atividades nos focos estratégicos, não desenvolver projetos adequados que promovam a alavancagem do valor – projetos que tenham taxas internas de retorno superior aos respectivos custos de capital (RODRIGUES; MENDES, 2004, p. 113). Para uma governança corporativa competitiva, é necessário o estabelecimento de sistemas eficientes de monitoramento e um conselho administrativo correto, coerente, estruturado e transparente. Para uma maior assimilação deste modelo, vamos começar a pensar em uma empresa do ramo financeiro, que possui vários investidores e que eles esperam ao final de cada mês um retorno ainda mais positivo de seu investimento. Neste primeiro passo, apenas imagine esse cenário com as informações básicas que já foram discutidas. Posteriormente iremos consolidar essa estrutura. 10 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade I 1.1 Abordagem teórica sistêmica A governança corporativa tem por finalidade otimizar a performance e manter o valor da organização. Para que isso ocorra, é necessária a definição de um conjunto de práticas bem estruturadas, visando ajustar as atividades diárias para que gerem desempenho, qualidade e transparência em todas as funções corporativas. No mercado há diversas definições para governança corporativa, porém todas elas combinam em um único objetivo: garantir valor à organização. Adicionalmente, a sua estrutura é composta de conceitos, práticas, modelos e princípios. O funcionamento da governança corporativa não opera somente com ações internas, ou melhor, por interferência interna, comporta interferências de fatores externos da sociedade na qual a organização está inserida. Neste ponto, a governança trabalha em parceria com outras instâncias organizacionais, são elas: • Sociedade: são as ações atribuídas à sociedade na qual a organização está inserida, como políticas regionais ou leis ambientais que a instituição deve cumprir. • Conselho de acionistas: tem poder de decisão sobre fatores relacionados ao objeto social da organização, bem como as resoluções referentes ao seu crescimento e desenvolvimento. Segue as normas que constam no estatuto da empresa. • Conselho fiscal: responsável por fiscalizar e zelar pelo cumprimento dos deveres legais, estatutários e atos administrativos da organização. • Conselho de administração: representa os acionistas em algumas decisões, responsável por realizar comitês, ouvidoria, auditoria interna, define perfil de riscos, estratégias e políticas corporativas. Este tópico será aprofundado mais à frente. • Estatuto fiscal: onde constam todas as práticas e políticas ficais referentes ao ramo de atividade da organização. • Ambiente de governança: conjunto que envolve estratégias corporativas e de desempenho, pessoas e suas metas, estrutura organizacional, processos organizacionais e seu monitoramento, auditorias, políticas e todo o processo de controle. • Diretoria executiva: composta de comitês, secretarias de gestão. Contemplando toda esta estrutura, ou área parceira, é necessária uma forma de trabalho para que elas interajam de forma harmoniosa, trazendo valor agregado para a organização. Para que isso ocorra, são obrigatórias a utilização ou a execução de características fundamentais: os 8 Ps.11 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI Neste âmbito conceitual, temos os 8 Ps da governança, que são características fundamentais que precisam ser tratadas. São eles: Propriedade, Princípios, Propósitos, Papéis, Poder, Práticas, Pessoas e Perpetuidade. • Propriedade: define a categoria na qual a empresa se enquadra; familiar, estatal, anônima, se é de capital aberto ou fechado. Estes são fatores importantes para se direcionar corretamente o foco da governança. • Princípios: possui o legado ético, além da formalização do código de conduta da organização. Também são representados aqui os valores universais da governança: fairness (senso de justiça), disclosure (transparência quanto aos resultados), accountability (prestação de contas com responsabilidade) e compliance (marcos regulatórios e conformidade com instituições legais). • Propósitos: é o alinhamento administrativo entre missão e visão da organização, visando buscar um melhor retorno do investimento dos acionistas (stakeholders). • Papéis: apresenta a definição dos papéis com clareza, quem faz o que, desde os acionistas, conselheiros, gestores até a diretoria executiva. • Poder: definição da estrutura organizacional, com posições de poder claramente definidas, transparentes e aceitas pela diretoria e pelos stakeholders. Planejamento das futuras sucessões administrativas. Implantação de lideranças fortes e estruturadas. • Práticas: fluidez na comunicação interna e externa da organização, além da gestão de conflitos de interesses entre todos os envolvidos dentro da instituição. • Pessoas: cuida da gestão dos recursos humanos, programas de premiação, processos de sucessão de cargos, garantindo um clima organizacional equilibrado e coeso. • Perpetuidade: manter a vivacidade da empresa, melhorando sempre o ciclo de vida de projetos e estruturas de direcionamento estratégico, objetivo maior de todas as organizações, a continuidade dos negócios. A estrutura da governança corporativa é composta de forma complexa, contemplando diversos fatores, como os já citados 8 Ps e as instâncias. Somando‑se a estes aspectos, temos os mecanismos internos e externos que fazem parte desta engrenagem chamada governança. Visando à eficiência da estrutura, a combinação entre mecanismos internos e externos propicia um equilíbrio na tomada de decisão que tem como consequência o aumento do valor do negócio para os investidores. Pertence ao grupo de mecanismos internos o conselho administrativo, que representa os interesses de longo prazo da organização, sempre aspirando às decisões assertivas para o negócio. Este conselho deve ser ativo, íntegro, estruturado e totalmente independente. Compliance e controles internos ratificam os procedimentos internos em conformidade com leis, normas, políticas da sociedade. A estrutura de capital pertence aos mecanismos internos e tenciona toda a estrutura financeira da organização, relação de nível de endividamento, alocação de capital e a escolha do projeto a ser executado em determinado momento. 12 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade I Fatores como competição de mercado e fiscalização dos agentes de mercado são responsabilidades dos mecanismos externos. Exemplo de aplicação Com base em tudo o que você leu até esse ponto, comece a pensar qual será a responsabilidade dos grupos apresentados. 1.2 Principais diretrizes e estrutura da governança corporativa Para o bom funcionamento desta tríade (conselho administrativo, diretoria executiva e acionistas), faz‑se necessário o estabelecimento de regras e institucionalização dos poderes a serem exercidos pelo conselho de administração, diretoria, acionistas, órgãos fiscalizadores e de conduta. Comitê de auditoria Acionistas Diretoria executiva Conselho administrativo Conselho fiscal Auditoria independente Auditoria interna Compliance Orgãos de fiscalização e controle Conduta e conflitos de interesses Figura 1 – Estrutura do sistema de governança corporativa Seguindo este modelo da tríade básica da governança, é necessário colocar em prática alguns princípios elementares da governança corporativa, tais como: responsabilidade corporativa, transparência, prestação de contas e isonomia entre sócios e stakeholders. São estes princípios que asseguram uma atmosfera de confiança e credibilidade à organização, tanto internamente quanto na sua visão externa. É baseada nesta credibilidade que as ações ganham valor e confiança no mercado de terceiros. O primeiro princípio é a responsabilidade corporativa, que visa gerar exequibilidade econômica e financeira na organização, além de buscar reduzir os efeitos negativos da participação ou não de terceiras nas negociações da empresa. Este modelo de responsabilidade pode ser aplicado em qualquer tipo de linha de capital financeiro, manufaturado a empresas de foco social ou ambiental. O retorno consegue ser obtido conforme o plano definido, que pode ser curto, médio e longo prazo. 13 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI O princípio de transparência objetiva disponibiliza para os stakeholders todas as informações importantes e que sejam de seu interesse, de forma clara, rápida e direta. Dessa maneira, os envolvidos poderão tomar ações necessárias para a melhoria, ou ajustes de pontos críticos na organização. São informações como desempenho financeiro ou acompanhamento econômico da situação atual da organização que irão nortear de forma gerencial as decisões dos stakeholders, visando preservar ou aumentar o valor da organização no mercado. Prestação de contas ou accountability é um dos princípios da governança que requer muita atenção e clareza. É por intermédio dela que se explicita as contas da empresa, bem como é possível medir e visualizar as ações que estão sendo tomadas e o que se procura omitir. Ela deve ser apresentada de forma compreensível, direta, objetiva e visando demonstrar exatamente o que está ocorrendo na organização, não devendo omitir nenhum dado, por mais insignificante que possa parecer. Isonomia é uma das diretrizes que busca a justiça, ou o equilíbrio, e a imparcialidade entre as partes. Neste quesito, devem ser levados em consideração os direitos, deveres, as necessidades, interesses e as expectativas de todos os envolvidos, desde os sócios até os stakeholders. É por meio da isonomia que é dado um direcionamento justo para as ações a serem todas pela organização. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), uma governança engendrada tem por recomendação seguir cinco cartas diretrizes que expressam fatores relevantes. A seguir, serão pontuadas cada uma delas. • A primeira refere‑se à independência dos conselheiros de administração. Segundo esta carta, o não cumprimento desta diretriz pode interferir negativamente contra a organização, uma vez que haverá conflito de interesses em jogo. • A segunda trata de mecanismos de defesa à tomada total de controle. Essa diretriz tende a proteger a organização contra a dispersão acionária, busca manter o valor econômico da empresa e mitigar a pressão sobre os administradores, o que geraria uma demissão iminente. • Na terceira carta diretriz são tratados os laudos de avaliação que zelam pela qualidade nas verificações impostas, a organização, como contratação e perfil de avaliadores, e responsabilidade dos administradores. Opta‑se sempre por posição independente, sem interferências de interesses. • A quarta está ligada às partes relacionadas. Em ambientes corporativos, é constante se encontrar conflitos de interesses. O conceito desta diretriz é manter a transparência das informações e a constante divulgação, evitando que elas fiquem restritas a um pequeno grupo. • A quinta carta diretriz busca aprimorar a governança como um todo dentro daorganização, implantando boas práticas, incentivos, legislação e regulamentação. Para isso, o IBGC instaura as Sociedades de Economia Mista (SEMs) que visam fazer esse acompanhamento das vulnerabilidades. 14 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade I Serão apresentadas algumas definições da estrutura para melhor compreensão do papel de cada fator presente. Um sócio é parte integrante de uma disposição que é composta de dez fatores de igual valor. São eles: • Realização de assembleia geral e/ou reunião de sócios – trata‑se do fator máximo no qual as decisões da organização são discutidas, aprovadas ou reprovadas. • Conceito de uma ação, um voto – refere‑se à representação de voto. O sócio é representado sempre por seu voto. Em geral, nas estruturas ele tem poder político evidenciado por este voto. Pode opinar sobre fatores econômicos relativos às ações da companhia. • Mediação e arbitragem – fundamento que se refere à prevenção de modelos ágeis e eficazes na resolução de conflitos entre sócios e diretoria da organização. Estes conflitos podem gerar redução do valor da organização e sua mitigação é relevante para sua manutenção. • Estatuto/contrato social – explana sobre o contrato que complementa a legislação, direcionando o funcionamento da organização. É uma forma de contribuir na transparência ao modelo de governança implantado e transmitir confiança nas relações entre as partes interessadas. • Mecanismos de proteção (poison pills) – têm por foco prevenir a tomada de controle de uma companhia aberta em função de uma oscilação momentânea no preço das ações, podendo colocar em risco projetos de longo prazo e resultar em expropriação de valor dos sócios vigentes. Tais mecanismos buscam a melhor alternativa para a companhia e para os acionistas. • Estabelecimento de um acordo entre os sócios – tenciona as questões relativas à compra e venda de ações pelos sócios, além da preferência de aquisição das mesmas pelos demais sócios. Sempre objetiva não colocar a organização em risco negativo no mercado. • Necessidade de transferência de controle – nestas situações, as transações que resultam na alienação ou na aquisição do controle acionário geralmente são complexas e necessitam de acompanhamento jurídico e nos termos da lei. • Liquidez dos títulos – temos cenários distintos para organizações de capital aberto e para sociedades limitadas. Nas companhias de capital aberto é recomendada a promoção e preservação da liquidez dos seus títulos, buscando manter a sua circulação. Já nas organizações limitadas é relevante a criação de mecanismos de liquidez para quotistas dissidentes ou de sucessão patrimonial. • Política de dividendos – é importante haver uma política de dividendos que respeite as características econômico‑financeiras da empresa – geração de caixa e necessidade de investimentos – e que seja do conhecimento de todos os interessados, sócios e investidores. 15 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI • Programação básica – tencionando compreender corretamente o funcionamento do conselho de administração, faz‑se necessário descrever uma programação básica, com os tópicos que devem ser tratados em reuniões deliberativas. Saiba mais Um documento criado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa disponibiliza um guia contendo as melhores práticas para o bom funcionamento da Governança Corporativa. Para saber mais, acesse: INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das melhores práticas de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/userfiles/2014/files/CMPGPT.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2017. Outra forma de se visualizar este mesmo cenário que define a estrutura de poder, os processos e as práticas de governança corporativa pode ser subdividida em quatro grupos interligados: propriedade, controle, administração e auditoria e fiscalização. O controle de uma organização deve ser exercido pelos proprietários controladores, o que não inclui os minoritários e os acionistas preferenciais. A administração é gerida pelo conselho de administração e pela diretoria executiva. O ambiente de auditoria e fiscalização pode ser integrado por quatro órgãos: conselho fiscal, auditoria independente, comitê de auditoria e auditoria interna. Seu funcionamento se dá através de: • Assembleia geral – os proprietários reúnem‑se para deliberar pontos de alto impacto nos destinos da organização. Todo poder exercido na instituição que possui governança é advindo desse órgão superior. • Conselho de administração e seus comitês – com a auditoria independente, atuam como órgãos guardiões dos interesses dos proprietários. A diretoria executiva interage com o conselho de administração no exercício dos poderes e das funções a eles atribuídos. Isso engloba todas as áreas funcionais e de negócios da companhia. A governança corporativa se expressa por um sistema de relações entre pelo menos três atores, como já citado: a propriedade, o conselho de administração e a diretoria executiva. A esses três pontos podem‑se somar outros quando se admite a ativa interação com outras partes interessadas no desempenho e nos impactos da organização. 16 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade I Podemos visualizar esse modelo na figura a seguir: • Máximo retorno total dos investimentos: — Dividendos — Crescimento do valor da companhia • Capital investido • Poder e capacidade de infliência • Expectativa de resultado • Guide lines para os negócios • Proposição e formulação de estratégias e políticas • Relatórios confiáveis de desempenho • Avaliação do desempenho • Direcionamento, homologação e monitoramento das estratégias e das políticas corporativas • Representação fiduciária: — Guardião dos valores corporativos — Zelo pelos interesses dos investidoresProprietários (princípios e propósitos empresariais alinhados) Diretoria executiva (Alinhamento presidente‑gestores) Conselho de administração (Interação construtiva) Otimização de retorno total dos proprietários Figura 2 – Triangulo Básico – proprietários, conselho e diretoria 1.3 Estrutura base para a governança O objetivo primordial de uma organização é a geração de dividendos e de valor agregado à empresa e com isso criar valor à sua cadeia produtiva. O resultado deste fluxo é engendrar recursos para novos investimentos e incremento do valor ao negócio. Para obter esse retorno, são essenciais não apenas fatores financeiros, mas também coeficientes de infraestrutura organizacional bem estruturada, definida, integrada e, principalmente, que dê subsídios para atendimento da demanda da organização. Pensando por esta vertente, a governança atua muito além das áreas responsáveis pelas finanças. Ela envolve todos os setores, tais como recursos humanos, logística, marketing, produção, jurídica, vendas e compras, tecnologia da informação, entre outros. Todos eles são importantes para que essa estrutura funcione adequadamente e produza resultados satisfatórios. Quanto mais integradas forem as áreas de uma organização, melhores resultados ela pode alcançar. A integração dos fatores como investimentos, custos e despesas faz‑se necessária neste modelo, visando um debate para a aprovação por prioridades, pensando sempre no bem e aumento de valor da empresa. Alguns coeficientes como qualidade do produto, inovação, eficiência na gestão, perfil dos colaboradores, entre outros, são fatores importantes para uma governança que produza resultados esperados. E como implantar esses coeficientes? De forma clara e direta. O objetivo deste ponto é discorrer sobre como eles podem influenciar de forma positiva a governança na geração de valor. Partindo da qualidade dos produtos, serviços e processos de uma organização, o primeiroquestionamento é como medir qualidade de algo? Qualidade é algo não palpável, é um paradigma, porém exequível de se medir e avaliar. Fazemos isso quando entendemos o que realmente está sendo pedido, vendido ou trabalhado, seja na entrega de um produto, na realização de um serviço ou no 17 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI detalhamento de um processo. O cliente é o termômetro para esse elemento, pois somente ele tem a percepção de valor do produto/serviço produzido. Consideremos que a qualidade esteja presente em todas as áreas da organização, em cada uma de suas rotinas e tarefas. A falta de padronização no processo de logística pode atrasar uma entrega ou fazer com que haja gastos desnecessários com deslocamentos indevidos, decorrentes da desorganização. Esse tipo de fator interfere de forma negativa no quesito qualidade da área de logística e, consequentemente, reduz o padrão de qualidade da organização como um todo. Refletir sobre a qualidade em uma organização é verificar a capacidade que ela tem de satisfazer todos os envolvidos no processo, partindo dos funcionários, passando pelos fornecedores, clientes, acionista e a comunidade na qual ela está inserida. É inescusável destacar as estratégias específicas de cada área na organização; ou seja, cada setor deve saber o seu papel, sua importância para a organização, o que as suas funções agregam e qual fator é diretamente impactado por suas atividades. Desse modo, a equipe pode medir a qualidade de suas entregas e se está agregando valor à organização ou faltando com qualidade. Algumas tarefas podem oferecer qualidade a uma organização, aumentando seu valor agregado, tais como: definir a missão da organização pode parecer ínfimo, porém é de extrema importância, e caso a empresa já o tenha definido, é importante rever. O comprometimento de todos é valoroso e esta condição deve ser trabalhada em todos os níveis, desde de os níveis estratégicos (alta direção), passando pelos gerenciais (gerentes e supervisores) e chegando ao operacional (demais funcionais da organização), visando garantir sempre o direcionamento para a qualidade na satisfação do cliente, seja ele interno ou externo. Não basta ter comprometimento se não existem pessoas capacitadas e habilitadas para a função. Elas podem estar comprometidas, porém não conseguem realizar o atendimento da solicitação com qualidade devido à falta de conhecimento e competência para tal. Esse processo deve fazer parte de um modelo maior de melhoria contínua. A disseminação do conhecimento e dos padrões de qualidade preestabelecidos é basilar para o bom funcionamento do processo; assim, se capacita e cria um cenário equilibrado, no qual todos os envolvidos têm o mesmo know‑how e podem se ajudar. Ter profissionais mais criativos, inovadores, flexíveis, adaptáveis às mudanças, íntegros e éticos, é uma exigência cada vez maior nas organizações. Os profissionais generalistas estão sendo cada vez mais importantes, pois seu perfil contempla a maioria das premissas do mercado. Ter formação adequada, participar de processos de reciclagem, aperfeiçoar habilidades e competências é considerável a um profissional inovador. Características como boa formação, ou seja, investir em conhecimento pessoal, agrega valor não apenas ao funcionário, mas à organização. Outras características que são indispensáveis: dominar no mínimo um segundo idioma, ter habilidade em tecnologia da informação e ser uma pessoa bem informada. Também é vital ter senso de equipe, iniciativa, comprometimento e gostar de desafios. 18 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade I Ponderando esses pontos, vemos que todos são indispensáveis na geração de qualidade a uma organização, com isso destaca‑se o princípio criatividade, o qual gera novas ideias e conceitos necessários para o crescimento, desenvolvimento ou manutenção de serviços e/ou produtos. Contudo, gerar ideias e não as colocar em prática de nada adianta. Para complementá‑las por meio da criatividade dos recursos, faz‑se essencial o fator inovação, que é responsável por implantar o que foi criado. Ao refletir sobre inovação, vemos que ela se trata da instituição de uma ideia, ou seja, da mudança, da ruptura de um costume ou de uma cultura. Representa uma nova forma de pensar, de entender tal cenário ou situação. Em uma organização, a inovação é fundamental para sua sobrevivência. Empresas com esse perfil possuem facilidade de comunicação, são voltadas às pesquisas, arriscam‑se a experimentar o novo e têm coesão entre seus membros. Inovação não é uma tarefa simples a ser realizada. Ela requer administradores com pensamentos diferentes, com conceitos analíticos e ao mesmo tempo intuitivos, uma visão social ou independente, de forma a ser lógico ou não. Todos são conceitos distintos e em alguns casos divergentes, porém que se complementam em determinados cenários. Uma organização inovadora e criativa deve possuir clareza, comunicação adequada, distribuição de poder harmonioso, aproveitamento dos recursos intelectuais apropriados e coesão interna entre todos os seus envolvidos. A qualidade dos serviços e/ou produtos entregues pode ser avaliada pela maneira e qualidade a qual a gestão foi implantada nas demais áreas. Garantir a eficiência na gestão da organização envolve uma série de fatores, todos eles com o mesmo grau de relevância. Como já citado, os conselhos administrativos oferecem uma estrutura organizada para a validação e o monitoramento da gestão, visando atender aos direcionamentos estratégicos da organização. É imprescindível a atuação dos executivos da organização junto aos aspectos de gerenciamento de pessoas, produção criativa, desenvolvimento de conceitos, aplicação de novas tecnologias, aconselhamento, análise qualitativa e quantitativa. Em resumo, os executivos necessitam ter o controle empresarial para uma gestão adequada. Visando buscar a eficiência na operação da organização, faz‑se necessário pensar em como ela se encontra estruturada, e caso não haja uma estruturação por processos eficiente, é recomendado que se parta deste ponto e inicie o seu desenvolvimento. A geração de valor de uma empresa no âmbito da governança corporativa exige essa estruturação, ou reestruturação, objetivando tratar falhas, ajustar processos e, acima de tudo, aumentar o valor da instituição. Essas condições interferem na maneira como a organização funciona, sua forma de trabalho, sua produção, suas políticas e seus conceitos. É vital considerar outras estruturas multifuncionais e diferentes das existentes, ter uma visão integrada das áreas e processos, gerando mais competitividade, qualidade e ganho em produtividade. É neste ponto que reside o maior desafio da gestão: realizar a integração das diversas áreas da organização, bem como de todas as pessoas envolvidas, direcionando‑as a um único objetivo comum, 19 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI isto é, o aumento de valor da organização. Considerando esses fatores como um modelo básico de estruturação organizacional, deve‑se compreender aspectos de estratégia, mercado, finanças e cultura organizacional. Assim, o ponto de partida será definir qual a estratégia; contudo, para tal ação, tem de se levar em consideração a estrutura existente, as sugestões de mudanças, os possíveis impactos que essas alterações podem causar na organização e no mercado no qual ela está inserida. Uma das formas de construir essa mudança é a elaboração de um planejamento estratégico que deve ser constituído sob a linha de atividades e processos da organização. Vale ressaltar que não existe um único modelo para a constituição de uma estrutura organizacional adequada, e sim várias maneiras de se realizar essa construção. Sendo assim, a idealização de um modelo organizacionalé construída com base em elementos pertencentes à empresa, sendo eles objetivos, metas, métricas e processos. Migrar de um modelo preexistente e enraizado demanda critérios, processos, treinamento e comunicação benfeitos. 1.4 Coeficientes do desempenho organizacional O coeficiente monitoramento de estruturas organizacionais é composto de um conjunto de conselhos que interagem entre si. Meio ambiente Partes interessadas e regulamentação Sócios Auditoria independente Conselho de administração Conselho fiscal Auditoria interna Secretária de governança Diretor presidente Diretores Auditórias Comitês Administradores Figura 3 – Estrutura do sistema de governança corporativa 20 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade I Embasado na figura anterior, serão descritas as partes envolvidas e suas principais atribuições. O conselho de administração é a área conhecida como o defensor. É ela que preza pelos princípios da organização, zela pelos valores da manutenção e atenção ao objeto social e administra o sistema de governança corporativa. O conselho é responsável por monitorar a atuação da diretoria, bem como o desempenho financeiro e operacional. Tudo o que o conselho faz é baseado em diretrizes que tutelam pela qualidade, integridade e transparência do processo de governança corporativa. Tem como responsabilidade o direcionamento estratégico, bem como sua fiscalização. As propostas traçadas contendo metas e objetivos devem ser a favor do interesse da instituição, visando preservar e valorizar o valor e a imagem da empresa. Deve‑se orientar os gestores, para que eles estejam alinhados com a estratégia e os objetivos definidos. Quem elege o conselho são os acionistas. Neste modelo, outra estrutura considerável é o conselho fiscal. Trata‑se de um órgão fiscalizador que deve ser independente de qualquer área, aspecto ou envolvidos. Deve ser independente principalmente da diretoria e do conselho de administração. Como busca contribuir para um melhor desempenho, ele se utiliza dos princípios da transparência, equidade e prestação de contas. Podemos dizer que o conselho fiscal é parte integrante do sistema de governança das organizações brasileiras, tendo como objetivos relevantes: fiscalizar o que os administradores fazem e se estão cumprindo com suas funções, responsabilidades e atividades legais. O conselho também tem poder de apresentar parecer sobre o relatório anual da administração e sobre as propostas de estrutura de capital. Também pode manifestar‑se em caso de descumprimento das orientações regulatórias e dos aspectos correlatos à proteção dos interesses da organização. Por fim, pode analisar e apresentar sua opinião em demonstrações financeiras. Outro fator importante é o comitê de auditoria, que tem por finalidade assessorar o conselho de administração. Além dessa assessoria, é fundamental a integração desse comitê com as demais áreas, bem como com a auditoria independente e os órgãos de supervisão. É importante estabelecer laços de confiança em relação à importância de sua atuação e abrir canais de comunicação para recebimento de informações, conhecimento da organização e do ambiente em que atua e encaminhamento de suas recomendações. A existência desse comitê traz a implantação das boas práticas, gerando transparência e segurança nos processos, sendo importantíssimo como apoio. Uma das principais responsabilidades do comitê de auditoria é analisar de modo bem criterioso as informações contábeis. Também deve se monitorar a qualidade das informações trimestrais, das demonstrações intermediárias e das demonstrações financeiras anuais da companhia, ou seja, uma mensuração completa no financeiro da organização. Desse modo, é primordial que a empresa tenha um processo de controle interno adequado para todas as áreas, com políticas formalizadas e bem definidas, e com base nesse processo avaliar e gerenciar as atividades da área financeira. Também é necessária a revisão da matriz de risco, do plano de auditoria, do resultado das auditorias internas e independentes e a garantia do cumprimento do código de ética e conduta. Gerenciar indivíduos não é uma tarefa fácil em nenhum cenário organizacional. Em uma visão com governança, esse cenário não será diferente, porém é importante aqui a criação de um comitê responsável somente pelas pessoas envolvidas e, assim, gerar maior segurança e confiabilidade no processo como 21 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI um todo. Nesta estrutura, o comitê de gestão de pessoas é responsável pela assessoria ao comitê de administração, propõe avaliar a contratação de sucessores no conselho e os critérios para contratação e demissão de executivos, apoiar e dar subsídios para o desenvolvimento de pessoas e competências. Também visa criar e aplicar mecanismos para incentivar a retenção de talentos e analisar os mecanismos de remuneração fixa e variável dos conselheiros, diretores e gestores. Além disso, tem a incumbência de garantir que a política de remuneração seja condizente com as melhores práticas do mercado, orientada por critérios de meritocracia e alinhada com a geração de valor. É importantíssimo que a atuação dos colaboradores siga o plano estratégico previamente definido e comunicado que deve ser desenvolvido com base na missão, visão e valores da organização. Outro princípio significativo é a implantação de políticas e programas de comprometimento com todos os colaboradores. O comitê de gestão de risco também visa assessorar os comitês de administração e de auditoria. Destina‑se a analisar, supervisionar e monitorar os assuntos relativos à gestão integrada de riscos corporativos e compliance. Tem por responsabilidade assegurar a gestão correta dos recursos, bem como proteção, valorização do patrimônio e da imagem da organização. Outrossim, esse comitê intenciona elaborar uma matriz de risco e monitorá‑la, criar planos para a mitigação e a adoção de soluções integradas de gestão de riscos e compliance, todos eles pretentendo auxiliar no objetivo de monitoramento contínuo dos riscos. Para tanto, deverá ser criado um dashboard, ou painel integrado de informações, que apresenta de modo estruturado as informações em tempo real da matriz de riscos, facilitando assim as análises. Embasado nessa estrutura de comitê, segue uma sugestão de coeficientes que devem ser analisados e debatidos para a construção de um modelo ideal para uma organização. No que se refere aos demais envolvidos, os stakeholders ou partes relacionadas, é importante, antes de dar início a todo o processo, entender cada um dos pontos citados e, assim, montar o cenário mais próximo da realidade. São eles: • conhecer o processo formal utilizado pela administração para identificar os envolvidos; • levantar e compreender as normas reguladoras e políticas da organização; • compreender o processo de atualização dos registros das transações existentes, bem como analisar os controles internos existentes; • analisar o processo de reporte ao conselho sobre as transações com partes relacionadas aprovadas durante um determinado período; • compreender os procedimentos utilizados pela administração com o objetivo de identificar transações não monetárias com partes relacionadas e avaliar sua abrangência com os principais ciclos operacionais da organização; • avaliar se as transações com partes relacionadas, divulgadas nas informações financeiras, estão completas e consistentes; 22 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade I • analisar as divulgações das informações financeiras; • visitar periodicamente as instalações da organização, a fim de conhecer melhor o cenário analisado; • reunir‑se com as áreas de negócios para aprofundar os conhecimentos sobre produtos, mercados e concorrentes; • conhecer os canaisde distribuição e as políticas comerciais; • conhecer a cadeia de suprimentos e seus fornecedores; • perscrutar com a alta direção da organização sobre a aplicação do plano estratégico; • conjecturar os relatórios de analistas sobre a organização, seus concorrentes e o setor; • analisar e avaliar as demonstrações financeiras dos concorrentes. Com base nesses fatores pode‑se trabalhar o cenário mais próximo da realidade do cliente, visando sempre à implantação da governança, conselhos e administração estruturados e transparentes. Resumo Nesta unidade refletiu‑se sobre o que é a governança corporativa, suas principais características, seus conceitos e modelos. Nela ressaltamos a necessidade de se separar as diversas gestões, tais como a operacional, a corporativa e a estratégica, pois, desse modo, o monitoramento se torna muito mais eficaz e organizado. Também foi visto que a avaliação pode ser medida com maior precisão. Com relação à abordagem sistêmica, viu‑se que o objetivo principal da governança corporativa é aperfeiçoar o desempenho das corporações e dar manutenção com relação ao valor da organização. Também se faz necessário a definição de um conjunto de práticas bem estruturadas que gerem desempenho, qualidade e transparência em todas as funções corporativas. Abordou‑se as diretrizes da boa governança e como se dá o funcionamento da tríade que contempla conselho administrativo, diretoria executiva e acionista. Foram analisadas cada uma das cartas diretrizes apresentadas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, para, dessa forma, se compreender melhor sua importância. 23 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI Tratou‑se sobre a base necessária para a construção de uma governança sólida e equilibrada, ponderando todos os fatores importantes para tal. Por fim, foi abordado o desempenho organizacional, descritos seus pontos centrais e como devem ser trabalhados em uma organização. 24 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade II Unidade II 2 MARCO DA GOVERNANÇA CORPORATIVA Com a evolução na forma de pensar das organizações, a governança veio como uma estratégia corporativa de melhorias, de modelo de estruturação, objetivando uma empresa mais robusta, controlada, e que obtenha ganhos significativos no mercado. Foi em meados dos anos 1950 que o pensamento estratégico começou a ser levantado e debatido. Do início até se obter conceitos mais claros, o embate durou até os anos 1990. Nesse período já se tinham prévias do que podia ser desenvolvido, porém esse pensamento nunca estará completo, pois a governança é algo dinâmico e em constante evolução. Ao refletirmos sobre esse período de sua construção, podemos destacar cinco importantes fases. Para cada uma delas foram trabalhadas alguns dos aspectos hoje presentes na governança, os quais foram analisados de forma singular de acordo com o tempo ao qual se fazia presente no debate. Nos anos 1950 deu‑se a primeira fase, que podemos intitular de escola do planejamento financeiro. Nela começa a construção dos planejamentos financeiros. Os planos eram construídos com base no orçamento anual e aprovados pela alta administração da companhia. O grande estrategista desse período era o executivo principal, pois era ele quem determinava e aprovava os números do controle financeiro. Nesta época havia apenas um estrategista, e era ele quem analisava e aprovava as metas financeiras da organização. Porém tudo era feito de modo formal, embasado no planejamento anual. Não se criavam estratégias de melhorias, e sim o cumprimento à risca do que foi definido. A segunda fase ocorreu nos anos 1960, considerada a escola do planejamento em longo prazo. Nesta fase pensava‑se em planejamento sobre histórico de dados, ou seja, era necessária uma relação de informações para, com base nelas, escrever um plano. No entanto, há uma falha nesse pensamento. Planejar sob dados existentes não é novidade, mas não aplicar melhorias durante o processo pode fazer com que o planejamento futuro tenha que primeiro corrigir falhas e depois executar o que precisa ser feito. Nessa época se trabalhava com formas simples de criação de cenários e sobre eles se aplicavam as normas de causa e efeito. Também nesse período se utilizou a curva da experiência, método interessante quando se pensando na produção em si. Neste caso, ela era utilizada de forma generalizada, não se obtendo os resultados esperados em alguns casos. Neste período, a governança passava por momentos de transição, sendo vista como fraca, uma vez que não havia forte atuação dos conselheiros. Os conselheiros não tinham conhecimento sobre os demais negócios dos acionistas; estes, por sua vez, tinham uma participação marcante dentro da organização. 25 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI A terceira fase ou a escola do planejamento estratégico se deu nos anos 1970, moldada sobre a ideia do pensamento estratégico e a coleta de dados utilizando o modelo SWOT, no qual se mede as forças e fraquezas, oportunidades e ameaças. Este modelo vem da psicologia para ajudar as pessoas a visualizarem estes pontos e trabalharem com eles. No mundo corporativo não foi diferente. Com base na análise dessas pontes, podiam traçar metas e alinhar o objetivo do negócio. Neste período, o foco estratégico predominava na tomada de decisões, os pensamentos mais fortes eram, segundo Silva: Pensamento estratégico: corresponde ao sistema de levantamento e avaliação de situações com o objetivo de conceituar a estratégia da companhia e ao qual devem subordinar‑se todas as suas decisões e operações. Segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), as dez escolas do pensamento estratégico são divididas em três naturezas básicas: Prescritiva, Descritiva e Híbrida. Análise das mudanças de ambiente: refere‑se ao estudo dos principais elementos ambientais que atingem a companhia no presente e no futuro e aos novos elementos que podem também atingi‑la no futuro. Análise de recursos e competências: está relacionada ao esforço sistemático de ampliação do conhecimento dos recursos e de competências da empresa, objetivando otimizar os insumos existentes mediante alocação eficiente e seletiva e a adoção das técnicas mais adequadas (SILVA, 2016, p. 9). Contendo os mesmos conceitos anteriores, a quarta fase aconteceu nos anos 1980 sendo denominada escola da administração estratégica. Ela veio mostrar que é possível realizar outras análises com os conceitos já existentes. Essa fase trouxe uma reformulação na forma de pensar. A escola criou uma série de novas ferramentas visando apoiar as estratégias das corporações. Neste período, a governança trouxe destaque para os acionistas, bem como a abertura de capital e fundos de investimentos. Por fim, a quinta fase da escola da gestão estratégica surgiu nos anos 1990 com uma visão menos centralizada da estratégia, além de possuir uma forma de ver o planejamento estratégico como fundamental no alcance dos objetivos. O importante é implantar um modelo que tenha gestão na totalidade da organização, que toda ela seja acompanhada, avaliada e com base nessas informações se desenvolver o planejamento estratégico a ser trabalhado. Neste período, a governança conquistou conselhos de administração mais fortes, uma melhor definição para os conselhos de auditoria. Alicerçado nesta construção da governança, faz‑se significativo definir e estruturar corretamente os conceitos de estratégia. Podemos percebê‑la como um conjunto de aptidões utilizadas para se alcançar um objetivo. A ideia vem da área militar, na qual era utilizada para se definir a estratégia de ataque em uma guerra, por exemplo, ou para se definir a estratégia de comando para uma determinada batalha. No cenário corporativo, essa palavra vem sendo aplicada constantementese analisarmos com os mesmos motivos, porém com denominações diferentes. O objetivo é o mesmo: vencer a guerra no mercado corporativo e ter os méritos para a organização. Nesse cenário de governança, pondera‑se que a estratégia na empresa visa apoiar a construção de metas a serem planejadas e alcançadas no 26 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade II futuro. Ao observamos esse modelo, é importante saber por onde se começa essa análise ou esse levantamento utilizando o SWOT (strengths, weakness, opportunities, threats) já citado. Em forças internas (strengths) são levantados os principais pontos fortes da organização, aquilo que ela tem de melhor para oferecer, suas principais forças. Podem ser considerados qualidades, virtudes, capacidade de desenvolver algum produto específico, talento dos recursos humanos da equipe, entre outros. Já em fraquezas internas (weakness) são abordados os pontos dentro da empresa que precisam ser melhorados, são as principais fraquezas, dificuldades. Incluem‑se nesse ponto falhas no processo definido, falta de espaço em determinada área, por exemplo, na produção, falta de qualificação dos profissionais envolvidos. São pontos que podem ser ajustados, porém ninguém os visualiza como defeitos ou falhas; algo com falha não pode ser considerado normal dentro do processo. Oportunidades externas (opportunities) destacam, com base nas forças já elencadas, quais oportunidades existem para que elas sejam desenvolvidas e aplicadas. Neste ponto, é importante saber que com base nas suas forças é possível se alcançar os objetivos propostos. Uma organização que define como objetivo ser a melhor em sua área de atuação pode trabalhar as forças de mercado e analisar os concorrentes para gerar oportunidade de crescimento, por exemplo. As ameaças externas (threats) dizem respeito àquelas que existem pelas fraquezas da organização que podem impedi‑la de atingir seus objetivos propostos. É recomendável, nesse ponto, embasando‑se nas fraquezas levantadas, listar uma série de ameaças possíveis. Podemos questionar por exemplo: qual pode ser a ameaça para uma organização que tem profissionais não preparados diante de uma concorrência que possui produtos melhores? Ou ainda ter produtos com menos falhas devido à capacidade mais adequada da equipe concorrente? A evolução da governança corporativa no Brasil ocorreu como em qualquer outro país. Ela foi influenciada por um grande conjunto de forças externas e internas, as quais interferem nos princípios e nas estruturas de poder das organizações e, por consequência, nos modelos por elas praticados. Essas forças são de condições dos macroambientes global e nacional, e do sistema corporativo no qual o país vive. O ambiente corporativo do Brasil foi diretamente impactado por essas mudanças que ocorreram entre os anos 1980 e 1990. Alinhando‑se a a elas, o País começou a traçar novos rumos estratégicos, visando uma inserção global, além da integração regional, da abertura da econômica, gerando o fim das reservas de mercado, do aumento nas privatizações, dos marcos regulatórios, de direção liberalizante e a desmonopolização, estendendo‑se a competição a todos os mercados. Com isso, o país teve ganhos significativos na economia e início da quebra de barreira entre os competidores mundiais. Tais mudanças foram evoluindo com o passar dos anos e em meados de 2011 as organizações brasileiras já eram equiparadas aos padrões mundiais. Em decorrência de todos esses fatores, a Bolsa de Valores de São Paulo vem como uma força externa de pressão, exigindo melhores práticas para as companhias brasileiras, bem como definindo critérios segundo os padrões de governança praticados. Foram estabelecidos quatro mercados: tradicional; 27 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI com regras de listagens definidas em lei; nível 1 de Governança Corporativa; nível 2, Novo Mercado. Os investidores institucionais também exercem influência por melhores práticas de governança, se colocando na posição de forças externas e internas. Por suas participações, têm assento nos conselhos de administração e participação em assembleias gerais. Propondo objetivos de rentabilizar suas carteiras de renda variável pressionados pelas crescentes responsabilidades atuariais, tem alterado código de melhores práticas adicionando princípios que se universalizam. 2.1 Evolução da governança na estratégia empresarial Com um mercado cada dia mais exigente, as organizações sentiram a necessidade de evoluir, de se adaptar às novas vertentes da chamada governança, na qual estão contidas as áreas de planejamento e estratégia corporativa. No entanto, essa é uma visão simplista da evolução. Como ferramenta de estratégia, a governança chegou para revolucionar a maneira de se pensar em diferentes fatores e, assim, alcançar os melhores resultados. Tudo isso se deu em decorrência do crescimento do cenário econômico, das organizações e da especialização crescente de determinados setores corporativos, gerando um aumento de concorrência. Dessa forma, as empresas necessitaram parar e repensar seus modelos de trabalho e de gestão. Esse repensar pode ter ocorrido logo após um crescimento não esperado no aumento da produção ou na necessidade de alavancar novas vendas de um determinado produto. Em qualquer um desses cenários, é necessário refletir sobre processos, estratégias e modos de atender os objetivos esperados. Neste conceito de governança damos destaque para o conselho de administração, já explanado. Esse conselho estabelece uma relação entre os acionistas e os gestores da organização, tendo um papel primordial na garantia da execução dos objetivos previamente definidos pela alta direção com os acionistas. Tem como propósito resguardar o patrimônio, evitando assim as perdas de valor ou financeira, além de se propor a potencializar o retorno dos investimentos e estabelecer uma relação de aprimoramento de valores, crenças e propósitos, bem como disseminá‑los entre todos da organização. Com perfil estratégico, os conselheiros têm a responsabilidade de vigiar as ações da organização no que diz respeito, principalmente, às finanças, mas também devem fiscalizar a gestão dos diretores e acionistas da corporação. Para tal atividade, os conselheiros dispõem de mecanismos de auditoria que visam analisar controles de processos e procedimentos internos, e evidenciar possíveis riscos. No mercado corporativo de forma geral, a governança vem ganhando visibilidade, espaço e conquistando a confiança dos gestores mais conservadores. A governança vem sendo utilizada como fator de análise para o sucesso ou insucesso das organizações. Suas ações servem de base para análises de desempenho e garantia de empresa segura para se investir. Com isso, um grande número de investidores está aceitando esse mapeamento, e, como consequência, essas empresas têm maior chance de investimentos externos. Boa parcela dos investidores que procuram um bom negócio para investir o fazem por instituições que dispõem de governança corporativa, pois elas possuem diretrizes de trabalho elencadas, prestação de contas equilibradas e transparência na divulgação dos seus números no mercado. 28 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade II Segundo Andrade e Rossetti (2014, p. 115), os fatores da governança corporativa que levam ao equilíbrio de interesses dos responsáveis são: • revigorar as relações entre acionistas, conselho e direção; • gerar a criação de valor para os acionistas; • resolver conflitos. Muitas vezes os interesses, através de um bom monitoramento das transações com as partes interessadas, não estão em sintonia com o do conselho; • evitar conflitos de interesses através de um bom monitoramento das transações com as partes relacionadas; • balancear os interesses dosinvestidores com outros propósitos emergentes; • garantir que o modelo de gestão e a estratégia das organizações estejam em sintonia com os desafios do mundo dos negócios. Para se implantar uma governança estruturada e que produza bons frutos, são necessários alguns critérios, tais como: • conselheiros bem qualificados e capacitados corretamente para a função que irão exercer; • gestores interativos, participativos e que tenham uma qualificação correta para exercerem seu papel; • conselheiros devem ser eficientes e eficazes em todas as funções para as quais são designados; • profissionais íntegros e capacitados em todas as fases do processo de gestão. Com esses critérios implantados, validados e monitorados, é possível que a governança corporativa alcance coeficientes de qualidade no que tange aos fatores de fiscalização, relação entre acionistas, conselheiros e direção. Além de estabelecer um equilíbrio entre os interesses corporativos e a evolução apresentada pelo mercado, seu foco principal é a estratégica. Devido a todos esses fatores, a organização que busca direcionar seus esforços na implantação da governança corporativa tende a ter um grande diferencial no mercado, pois será uma empresa mais fiscalizada, tendo um equilíbrio maior entre os envolvidos, além de ser capaz de direcionar suas estratégicas de negócio. 29 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI 2.2 Do corporativo para a TI Com a área de negócios e TI cada vez mais integradas, visando alcançar os objetivos, obter resultados positivos e atingir um diferencial no mercado, a TI não é mais apenas um provedor de serviços, cujas despesas devem ser monitoradas com atenção e controladas, mas sim passou a atuar como uma parceira, com orçamentos voltados à estratégia do negócio e gerenciados como um investimento, objetivando sempre o ganho da organização. Ao longo desta transição, os planos de negócio das organizações ficaram gradualmente mais complexos e com mais informações, fazendo com que a TI desenvolvesse processos cada vez mais maduros, com um ciclo de vida bem definido e levando em consideração outros marcos de regulação e modelos de gerenciamento. Partindo desse pressuposto surgiu a necessidade de implementar uma governança de TI eficiente. Ela tem, por sua vez, o objetivo de transparecer o trabalho do departamento de TI, reduzir gastos, gerenciar riscos, agregar valor ao serviço e mensurar o retorno sobre o investimento em tecnologia. Devemos considerar que a eficiência é um parâmetro para identificar se foi utilizada uma quantidade correta de recursos para entregar um processo, serviço ou demanda. Um procedimento eficiente alcança seus objetivos com a quantidade mínima necessária de tempo, recurso financeiro, humanos ou outros recursos fundamentais. Desse modo também deve ser a governança de TI eficiente. Para se estabelecer essa eficiência, é necessário identificar a visão, a missão e o objetivo do negócio em que a TI estará alinhada e visualizar como está o cenário de tecnologia da organização atualmente. Diante disso, é preciso estabelecer onde a TI estará no futuro e descrever quais indicadores de desempenho que possibilitem mensurar e avaliar o progresso de desenvolvimento até alcançar o resultado desejado. Na sequência, devem‑se mapear as necessidades operacionais, financeiras e os riscos do negócio, para que, com base nessas informações, possa se estabelecer um catálogo de serviços e processos com foco na capacidade e demanda da TI e do próprio negócio. Mas para que todo esse processo seja bem‑sucedido, o projeto de governança de TI deve ser baseado no ciclo de vida de suas atividades. Também deve ser capaz de desenhar, implantar e gerir processos conforme a estratégia do negócio da organização. Outros prontos fundamentais que devem ser considerados são a avaliação e a melhoria contínua dos métodos utilizados. Nesse momento, são muitos os pontos importantes. Eles serão citados na medida em que forem necessários, bem como a definição e estruturação de ferramentas básicas para auxiliar a boa governança. Esses métodos devem estabelecer e documentar responsáveis, executores, pessoas ou funções a serem consultados e informados em determinada atividade ou processo, pois assim é possível formar um time ciente de seus deveres e envolvido em suas atividades para o sucesso do negócio. Manter a boa comunicação pode fazer a diferença em um projeto, pois garantirá que todas as partes interessadas (clientes, alta direção, TI e quaisquer envolvidos) serão comunicadas os fatores relevantes, bem como todos os seus indivíduos, de desenvolvedores a gerentes, estejam envolvidos no projeto e sabendo exatamente o que ocorre em cada uma de suas fases. 30 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade II O que deve ser levado em consideração por parte daqueles que estão envolvidos em determinado projeto é: • No caso do cliente – é importante a correta definição dos requisitos, pois a ausência deles pode acarretar em falta de objetivo e alterações constantes no seu mapeamento, o que pode impactar a entrega da solução contratada. • Por parte da alta direção da organização – é necessário aconselhar sobre a importância do compartilhamento do conteúdo estratégico a fim de alinhar todas as áreas de negócio da organização com o setor de TI. Muitas vezes, alguns gestores acreditam que o conteúdo estratégico é sigiloso e por isso não deve ser compartilhado. Se esse pensamento não for alterado, o impacto disso ao alinhamento de TI com negócios pode ser grande, gerando perdas significativas à organização. E, por fim, a própria TI, que detém o conhecimento específico, deve transmiti‑lo de forma simplificada, clara e objetiva, visando assim facilitar o diálogo e a estruturação da área com os setores de negócio. A falta de objetividade pode dificultar o entendimento entre as partes e gerar impactos negativos. Um cenário ideal de governança de TI em uma organização deve possuir os seguintes princípios básicos: • processos bem desenhados, claros e objetivos; • papéis e funções devidamente definidos; • métricas estabelecidas com o foco na mensuração de desempenho; • levantamento dos riscos e o gerenciamento deles; • definição de plano de continuidade dos serviços de TI; • capacidade operacional e técnica para atendimento das demandas existentes e novas demandas; • sistematização de um ambiente preparado para alterações no mercado e novas tecnologias; • reuniões semanais e com participação efetiva dos membros da direção; • apontamento de novas soluções com qualidade e agilidade, visando à redução de tempo e de recursos financeiros. A tecnologia tem se mostrado cada vez mais relevante em todos os aspectos corporativos e com a governança não seria diferente. Ela vem para agregar valor e contribuir para os diversos processos da governança corporativa. Isso acontece independente do ramo de atividade no qual a organização está inserida. Se ela estiver na área de tecnologia ou telecomunicações, aparece ainda com maior destaque. A tecnologia é motivada por vários fatores, são eles: segurança da informação, dependência das outras 31 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI áreas da organização, marcos regulatórios, ambiente de negócio, prestação de serviços de TI, integração tecnológica, entre outros. Ambiente de negócio Marcos regulatórios Dependência das outras áreas da organização Integração tecnológica Segurança da informação Governança de TI Segurança da informação Figura 4 – Governança de TI e seus motivadores Ao ponderar‑se sobre cada um desses fatores, pode‑se compreender melhor o cenário da governança corporativa nos aspectos de TI. No que diz respeito à segurança da informação, fatores como invasões, acessos indevidos, compartilhamento, sãoos pontos mais relevantes. Nas organizações, é crescente a necessidade de compartilhar dados e informações entre os seus usuários, sejam eles alocados internamente, ou aqueles que ficam em locais externos a ela. Para que haja produção, é essencial o compartilhamento, porém esse deve ser realizado de forma segura e protegida, além de requerer agilidade, flexibilidade e transparência. Assim, é obrigatória a definição de políticas e controles de acesso, restrições e a aplicação direta desses conceitos. Outro ponto está ligado ao acesso à rede de internet, pois ela é parte inerente do dia a dia de uma organização e precisa ser monitorada, acompanhada e policiada. Claro que a empresa não vai ficar executando esses fatos pela rede, e sim criar e implantar mecanismos internos que a ajude nesse monitoramento. É recomendado como apoio ferramentas de rastreamento de invasões, antivírus, monitoramento de acessos indevidos, entre outras. Em algumas delas, a utilização de dispositivos externos é vedada; em outras nem tanto. Para estas, é essencial a criação de uma política específica de uso dentro da organização, com regras e punições se couber. Neste fator de dispositivos externos também se enquadram casos no qual o usuário trabalha usando um computador portátil. Nessa situação, quando o funcionário estiver conectado à rede da organização, ele deve ter uma rede robusta no que se refere à segurança das informações. 32 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 Unidade II A tecnologia se tornou item fundamental dentro de uma organização, e essa necessidade vem crescendo a passos largos diariamente. Dentro desse contexto, diversas áreas se tornam dependentes da tecnologia. Quanto maior a quantidade de atividades da empresa, maior a utilização das tecnologias, e se essas operações forem chave para a estratégia da organização, mais centrada e robusta deve ser a tecnologia. Se alicerçarmos a TI nos pilares da instituição podemos pensar nela como fatores operacionais, suporte ou manutenção, mudança e estratégia. Os fatores operacionais utilizam‑se da tecnologia, objetivando melhor o desempenho de seus processos, gerando, com isso, aumento na produtividade e qualidade na entrega. Fatores como suporte ou manutenção tencionam aperfeiçoar o desempenho local da área e aplicar mais qualidade e padronização. Já os fatores de mudança propendem identificar, reconhecer novas oportunidades e com isso lançar‑se em novos empreendimentos. É neste fator que se conquista novos horizontes e perspectivas de mercado. Para os fatores estratégicos, a TI visa transformar a organização, trazendo uma roupagem mais moderna e robusta. No aspecto marco regulatório, são representadas as restrições ao negócio, as quais seguem uma orientação internacional padronizada. Dentre elas temos a SOX, ou Lei Sarbanes‑Oxley, que determina o controle para todas as operações financeiras existentes em uma organização, visando fundamentalmente evitar fraudes e perdas financeiras. Para que os diretores, acionistas e principais interessados tenham acesso real, transparente e seguro das informações, a área de TI deve gerar subsídios e ambientes adequados para tal. A TI é responsável pelas ferramentas e a base na qual as informações financeiras e contábeis serão armazenadas e estarão à disposição quando solicitadas. Deve ter disponibilidade de acesso, emissão de relatórios e segurança adequadas. Pensando em SOX, todos os riscos dentro de TI devem ser mapeados e mitigados. Outro elemento regulatório é o Acordo de Basileia III, que obriga as instituições financeiras a desenvolverem uma metodologia de gestão de riscos operacionais e de crédito, e como a gerenciam. As TIs entram como subsídios de suporte para essa metodologia com ferramentas de monitoramento, de análise e de gestão. No caso do Acordo de Basileia, ele tem foco específico para empresas do ramo financeiro, bancos em geral. A TI é considerada por todos os usuários de uma organização uma área fundamental e de suporte a quaisquer serviços por ela prestados. É a prestação de serviços de TI que fornece subsídios para projetos das demais áreas de negócio. Também é responsável por disponibilizar aplicações, garantir a disponibilidade da infraestrutura necessária para as atividades do dia a dia, ter um respaldo rápido no atendimento de casos de incidentes ou problemas. Para que todos esses pontos sejam tratados da melhor maneira, é essencial uma imagem que seja orientada à prestação de serviços. O ambiente de negócios das organizações tem crescido no dinamismo da necessidade de serviços de TI. Com isso, no ambiente de negócios, as TIs vêm sendo direcionadas a suprirem uma intensa competição por novos produtos no mercado. Também necessitam da tecnologia devido aos concorrentes globais, diversidade de acionistas, clientes cada vez mais rigorosos e exigência de mais transparência aos negócios, dentre outros fatores. Uma organização não trabalha com plataformas isoladas, ou seja, não é viável a existência de diversos sistemas dentro de uma mesma empresa, principalmente se não houver integração entre eles. Essa falta 33 Re vi sã o: M ár ci o- D ia gr am aç ão : F ab ríc ia - 0 9/ 05 /2 01 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI de assimilação pode acarretar em diversos problemas, dentre eles: perda de informações importantes; desvio e perdas financeiras; falta de comunicação entre as áreas relacionadas a uma situação, entre outros fatores. Com vistas a solucionar esses problemas e outras possíveis falhas, a tecnologia possui uma série de ferramentas e interações tecnológicas para dar esse subsidio. As mais usuais são: • Data Warehouse (DW) – responsável pela integração entre a gestão tática e a gestão estratégica. • Business Process Management (BPM) – gerencia os mecanismos de processos de negócios, implantando fluxos que geram valor à organização. • Enterprise Resource Planning (ERP) – sistema integrado com todas as áreas da organização. Gera relatórios e integração entre todas as áreas da organização. • Customer Resource Management (CRM) – tenciona processos de gestão dos clientes, mapeamento de suas necessidades, bem como o seu gerenciamento. • Big Data (BD) – ferramenta de análise de grande volume de dados estruturados ou não, advindos de várias fontes, tencionando gerar informações úteis para a tomada de decisão de uma organização. • Manufacturing Execution System (MES) – ferramenta de gerenciamento da área fabril de uma organização, ajudando na tomada de decisão, sistema e estruturação por processos da área operacional. Além dos fatores da governança corporativa presentes em TI, é fundamental compreender sob a ótica corporativa como a governança de TI deve se posicionar, visando alcançar ganhos de valor para a organização. Considerando esses aspectos, podemos dizer que a governança de TI visa promover o alinhamento das tecnologias com as áreas de negócio, alinhando suas estratégias e objetivos nos quesitos de serviços e infraestrutura necessários para atendê‑los. Faz‑se basilar, igualmente, a implantação de mecanismos que garantam a continuidade do negócio, ou seja, é necessária, independente de qualquer problema tecnológico que exista, uma contingência para que a empresa não pare por este motivo. Neste ponto, o foco é garantir aplicações e infraestrutura ininterrupta para o negócio. Outro coeficiente imprescindível para a boa governança e TI é o alinhamento com áreas de riscos, órgãos regulatórios, compliance, normas e diretrizes da organização. Na construção desse elo entre a governança corporativa e a de TI devem ser ponderados alguns aspectos relevantes sobre o alinhamento entre as áreas. É importante levar em consideração o planejamento estratégico, pois é neste documento que contém o foco, as diretrizes e o caminho para o qual a organização deseja caminhar e alcançar. Embasado na estratégia é necessário definir, estruturar e desenhar os processos da gestão
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