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Vivianne Beatriz – Medicina ufal Intoxicações exógenas Intoxicação/envenenamento refere ao efeito dose-dependente que pode se desenvolver após a exposição à determinados agentes. Mais comum em crianças < 6 anos; Apenas 5% dos casos necessitam de internação hospitalar; O monóxido de carbono é o principal agente envolvido, porém tipicamente os pacientes são encontrados mortos; Principal via: VO (líquidos ou comprimidos); Reconhecimento clínico Qualquer evento agudo pode ser o sinal de uma intoxicação; Sempre tentar identificar o agente envolvido, avaliar a gravidade da situação, tempo pós exposição e prever a toxicidade. EXCITAÇÃO Estímulo ao sistema nervoso, geralmente por uso de anticolinérgicos, simpaticomiméticos, alucinógenos centrais. Crises de abstinência também geram sintomas semelhantes. GRAU 1 Ansiedade, irritabilidade, sinais vitais normais, diaforese, flushing ou palidez, midríase e hiperreflexia. GRAU 2 Agitação, pode ter confusão ou alucinação, mas consegue se comunicar ou obedecer a comandos, sinais vitais discretamente/moderadamente alterados. GRAU 3 Delírio, discurso incompreensível, hiperatividade motora descontrolada, sinais vitais moderadamente/acentuadamente alterados. GRAU 4 Coma, convulsão, PCR. DEPRESSÃO Depressão do estado mental, geralmente por uso de agentes colinérgicos, simpaticolíticos, opióides, sedativos hipnóticos, álcool. GRAU 1 Acordado, letárgico ou sonolento, mas despertável por estímulo tátil ou quando solicitado. GRAU 2 Responde à dor, mas não quando solicitado; pode vocalizar, mas não conversar; atividade motora espontânea presente; reflexos de tronco preservados. GRAU 3 Não responsivo à dor, atividade motora espontânea ausente, reflexos de tronco deprimidos, tônus motor/respiratório e temperatura reduzidos. GRAU 4 Paralisia flácida, ausência de reflexos de tronco, redução dos sinais vitais. FASES DA INTOXICAÇÃO: Pré clínica: acontece após a intoxicação e antes do aparecimento dos sintomas. O objetivo é reduzir ou evitar a toxicidade; Tóxica: período do início dos sintomas até o pico das manifestações clínicas ou laboratoriais. O objetivo é estabilizar as vias aéreas, ventilação e a circulação do paciente, administrar os antídotos indicados; Resolução: ocorre do pico dos sintomas até a recuperação completa. O objetivo é encurtar o período de duração da toxicidade. Em casos de exposição tópica, devem ser retiradas as roupas do paciente, lavagem abundante com água ou irrigação com solução salina; Em casos de intoxicação por ingestão, a administração de carvão ativado ainda é a melhor opção; Tratamento: Avaliação inicial: MOV (monitorização, oxigenação e veia); Estabilização hemodinâmica se necessário; Estabilização da via aérea se necessário; Lavagem gástrica + carvão ativado (na 1ª hora!) Antídotos XAROPE DE IPECA É PROSCRITO! Procedimentos para acelerar eliminação da droga: múltiplas doses de carvão ativado e/ou sacarídeos (manitol por exemplo) para estimular evacuação retal do conteúdo do TGI, diurese forçada e hemodiálise. LAVAGEM GÁSTRICA Consiste na infusão e posterior aspiração de soro fisiológico 0.9% através da sonda nasogástrica ou orogástrica objetivando retirar a substancia ingerida; Deve ser feita sempre na 1ª hora! Contraindicações (relativas): ingestão de corrosivos ou destilados de petróleo, crianças menores de 02 anos, vítima inconsciente ou em convulsão, vias respiratórias desprotegidas e comprometidas, hemorragia, perfuração ou cirurgia esofagogástrica recente, agitação ou recusa do paciente; SNG de GROSSO calibre com xilocaína gel, e paciente em Decúbito Lateral Esquerdo; Crianças: Sondas de 10 a 14ml/kg por infusão até volume total: escolares (4-5L), lactentes (2-3L), RN (0,5L); Adultos: Sondas de 18 à 22, fazer 250ml de SF0,9% aquecido, e aspirar em seguida, até volume total de 6 a 8L ou até aspirar soro claro. Não passar SNG nem fazer lavagem em substancias corrosivas (água sanitária, etc)! Em casos de rebaixamento: IOT e SNG em seguida! Sonda de Levinne (existe nos tamanhos 18, 20 e 22, o ideal é pegar a mais calibrosa) Medida da sonda: ponta do nariz, até orelha, e até o apêndice xifoide. CARVÃO ATIVADO Geralmente realizado após lavagem gástrica, mas pode ser feito isoladamente; Contraindicações: RN, gestantes ou pacientes muito debilitados, cirurgia abdominal recente, administração de antídotos por VO, ingestão de cáusticos ou solventes, obstrução intestinal, ingestão de substancias que não são efetivamente absorvidas pelo carvão; Realizar em até 2h de ingestão; Dose: 1g/kg de carvão + 10ml/kg de manitol (evita constipação) Mistura, e injeta pela SNG Antidepressivos e anticonvulsivantes: 0,5g/kg de 4/4h Vivianne Beatriz – Medicina ufal SINTOMATOLOGIA AGENTES Anticolinérgica Hipertermia, taquicardia, hipertensão, taquipneia, midríase, agitação, rubor facial, mucosas secas, retenção urinária, agitação psicomotora, mioclonia, convulsões, alucinações e delírios. Atropínicos Tricíclicos Anti-histamínicos Colinérgica Hipotermia, taquicardia, hipotensão, bradipneia, miose, sudorese, lacrimejamento, sialorreia intensa, broncorreia, dispneia, náusea/vômito, fibrilações e fasciculações. Organofosforados Carbamatos Nicotina Cogumelos Hipnótica-sedativa/Narcótica Hipotermia, bradicardia, hipotensão, bradipneia, miose, depressão neurológica e respiratória, hiporreflexia, edema pulmonar. Barbitúricos Benzodiazepínicos Opióides Simpaticomimética Hipertermia, hipertensão, taquicardia, hiperpneia, midríase, agitação, alucinações, paranoia, convulsões, diaforese, tremores, hiperreflexia. Cocaína Anfetamina Teofilina Cafeína Efedrina Extrapiramidal Midríase, sonolência, crise oculógira (desvio involuntário dos olhos para cima), tremores, hipertonia muscular, opistótono, trismo. Haloperidol Lítio Metoclopramida Fenotiazínicos Bromoprida Metemoglobina Cianose de pele e mucosas, de tonalidade e localização peculiar, palidez de pele e mucosas, confusão mental e depressão neurológica. Nitratos Nitritos Acetanílida Azul de metileno Dapsona Nitrofurantoína Piridina Sulfametoxazol BENZODIAZEPÍNICOS Diazepam, lorazepam, clonazepam, midazolam... Paciente chega com rebaixamento do nível de consciência; TOMAR CUIDADO COM OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA: Morre por hipóxia! Cabeça em posição que obstrua a via aérea Tratamento História: faz menos de 1h? Flumazenil: 1 ampola EV puro ou diluído. REPETIR NO MÁXIMO MAIS UMA AMPOLA! Criança é sempre por PESO! Se o paciente não começar a responder rápido, pensar que ele ingeriu outra medicação concomitante; Cuidado com abstinência! Após o paciente estar mais desperto, se faz a lavagem gástrica + carvão Cuidado com a meia vida do flumazenil: diz ser menor que a dos benzodiazepínicos, então o ideal é manter o paciente monitorizado. ORGANOFOSFORADOS Bradicardia, broncoespasmo, salivação, lacrimejamento, hipotensão, diarréia, miose: sintomas da Acetilcolina (inibição irreversível da acetilcolinesterase); Trocar as roupas do paciente; Atropina: 1-5mg Cada ampola tem 0,25mg Entra com 10 AMPOLAS EV UMA ATRÁS DA OUTRA! Para de fazer quando a mucosa secar! Máximo: até 20 ampolas Pralidoxima: 1-2g em 100ml de SF EV Manter o paciente internado por 4 dias na UTI! Monitorar mucosas e oxigênio CARBAMATOS (VENENO DE RATO/CHUMBINHO) Inibição reversível da acetilcolinesterase (dura de 12-24h): aumenta a acetilcolina; Fazer lavagem gástrica + carvão ativado SE MENOS DE 1H via SNG Atropina: 1-5mg Cada ampola tem 0,25mg Entra com 10 AMPOLAS EV UMA ATRÁS DA OUTRA! Para de fazer quando a mucosa secar! Máximo: até 20 ampolas Pralidoxima: 1-2g em 100ml de SF EV Manter o paciente internado por 1 dia pelo menos!PARACETAMOL/ACETAMINOFENO Dose tóxica: > 140mg/kg Fatores que predispõem toxicidade: idade avançada, tabagismo e alcoolismo; Manifestações clínicas: 30min-24h: náuseas, vômitos, diaforese e palidez; 24-72h: melhora dos sintomas agudos e elevação assintomática das transaminases, com prolongamento do tempo de protrombina e elevação da bilirrubina sérica 72-96h: retornam os sintomas inespecíficos do início, associados com confusão mental (encefalopatia hepática),elevação das transaminases, alargamento do TAP, hipoglicemia, acidose láctica e bilirrubina > 4mg/dl; 4 dias a 2 semanas: nos pacientes sobreviventes, os sintomas tendem a reduzir e os exames laboratoriais normalizam. 24-48h leva a uma necrose hepática maciça se ingerir paracetamol + álcool; Dor no hipocôndrio direito, icterícia, sangramentos, aumento de TGO/TGP, encefalopatia hepática; Se faz muito tempo, colocar o paciente pra transplante Se não, faz lavagem gástrica + carvão se < 1h; ANTÍDOTO: N-acetilcisteína Mecanismo de ação: promove a síntese da glutationa hepática; Dose de ataque: 140mg/kg VO Fazer 16 sachês via SNG Restaura a glutationa! Parar de fazer quando a concentração sérica de paracetamol estiver baixa (difícil monitorar), OU Dose de manutenção: 70mg/kg 4/4h 17x (3 DIAS) Esquema EV: 150mg/kg em 15-60min (ataque) e 12,5mg/kg/h por 4h e posteriormente 6,25mg/kg/h nas 16h restantes (manutenção); Efeitos adversos: náuseas, vômitos e desconforto epigástrico. Avaliar parâmetros hepáticos pois o paciente pode ir a óbito. ETANOL (ÁLCOOL) Vivianne Beatriz – Medicina ufal Como testar se o paciente tem reflexo de proteção quando está alcoolizado: jaw-thrust pra causar dor! Não é recomendado lavar e fazer carvão ativado: álcool é absorvido rápido; Paciente protege via aérea? Teste jaw-thrust. Se não, tem que intubar; Hipoglicemia? Hipotermia? Hipoglicemia: DEXTRO < 60. Realizar 5amp em bolus de glicose EV; Hipotermia: Lesões pelo corpo? HIDRATAÇÃO VIGOROSA Ringer 2.000ml aquecido + 5 ampolas de G50 (glicose) Anti-eméticos: ondasetrona, dramin (1amp), dexametasona (1amp). O PIOR É O PLASIL! 100mg de tiamina em ingestores crônicos OPIOIDES O paciente protege via aérea? (estímulo jaw-thrust) Hipotermia? Tratamento Naloxone 1amp (1ml) EV em bolus! Monitorizar! ÁLCALIS E ÁCIDOS Produtos de limpeza (água sanitária); Produz erosão nas vísceras Risco de perfuração de esôfago e estômago NÃO ESTIMULAR VÔMITOS OU LAVAGEM GÁSTRICA/CARVÃO Em 70% dos casos o paciente desenvolve estenose esofágica Tratamento Hidratação vigorosa (1500-2000ml de RG) Proteção gástrica (omeprazol) Metilprednisolona 1mg/kg EV 6/6h Interna na UTI e solicita avaliação da psiquiatria ANTICONVULSIVANTES Podem causar convulsões em doses altas! Carbamazepina, depakote e fenobarbital; Causa depressão do SNC; Não existem reversores! Se houver rebaixamento, intubar (proteger via aérea); Lavagem/carvão Carvão pode ser usado em múltiplas doses (0,5g/kg de 4/4h); Avaliar gasometria; Agentes dialisáveis: fenobarbital, ácido valpróico e carbamazepina. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Amitriptilina e nortriptilina; Ocorre inibição da recaptação da noradrenalina e serotonina, bloqueio dos canais de Na+ e K+ miocárdicos, bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos e colinérgicos muscarínicos; Sintomas neurológicos: sedação, crises convulsivas, coma; Sintomas cardíacos: taquicardia, hipotensão, anormalidades na condução; Anticolinérgicos: midríase, retenção urinária, boca seca, redução da motilidade intestinal; Em doses moderadas, tem ação anticolinérgica (ação de adrenalina): boca seca, confusão, midríase; Em doses grandes: depressão do SNC e arritmias cardíacas: Hipotensão arterial e alargamento do QRS Todos os pacientes com histórico de intoxicação por antidepressivos tricíclicos devem ser submetidos a um ECG na admissão hospitalar; Tratamento Lavagem gástrica; Carvão ativado em múltiplas doses (0,5g/kg de 4/4h): 1g/kg + 10ml/kg de manitol; Se arritmias: alcalinização sérica! ▪ Alcalinização aumenta a ligação do fármaco à albumina, diminuindo a quantidade disponível para ligação aos seus receptores; ▪ Preparar 850ml de SG + 150ml de bicarbonato. Fazer 300ml dessa solução, pedir gasometria, se tiver menor que 7,55, repetir mais 300ml até passar de 7,55; Crises convulsivas podem ser tratadas com benzodiazepínicos e barbitúricos; Em caso de torsades de pointes, pode ser usado sulfato de magnésio; Taquiarritmias associadas ao alargamento do QRS devem ser tratadas com lidocaína; NÃO USAR: fisostigmina, antiarrítmicos classes IA, IC e III, fenitoína, flumazenil; COCAÍNA, ECSTASY E CRACK Podem ingerir VO, inalatória, nasal, EV; Síndrome adrenérgica: FC alta, PA alta IAM Emergências hipertensivas (encefalopatia hipertensiva) Dissecção da aorta AVEh Arritmias letais Tratamento Benzodiazepínicos: diazepam meia ampola ou dilui uma ampola em 8ml de soro, e faz 5ml da solução. Espera 5min, se não melhorar, repete. Se tiver usando midazolam, fazer 2mg, e seguir reavaliando. Se o paciente tiver com dissecção de aorta, infartado, ou não responder ao benzo, fazer nitroprussiato ou nitroglicerina; Hipertermia: aquecer o paciente Hidratação vigorosa com ringer; NÃO USAR BETA BLOQUEADOR ISOLADO! Piora hipertensão. MONÓXIDO DE CARBONO Oximetria de pulso dá normal; Pacientes inconscientes (hipóxia extrema) Alteração da personalidade; Prejuízo intelectual IAM Cegueira/surdez Tratamento Oxigênio 100% por 1h IOT se necessário
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